RESUMO
A fim de compreender a dispersa produção da área interdisciplinar sobre a temática da tatuagem, realizamos um levantamento dos discursos de 35 artigos publicados em periódicos brasileiros da área interdisciplinar, no período compreendido entre 1990 e 2020. A partir desses artigos, elaboramos quatro eixos de análise: a tatuagem como inscrição do eu, potência criativa e emancipatória; o lado “b” da tatuagem; a interface entre saúde pública, dermatologia e tatuagem; e, por fim, a nova geração de tatuadores. Por fim, apresentamos algumas considerações no sentido de que, apreender a tatuagem como prática discursiva, abre as portas de um labirinto, cujas saídas inexistem e tampouco nos asseguram uma subjetividade contemporânea mais liberta e emancipada.
PALAVRAS-CHAVE: Tatuagem; Estado da arte; Periódicos; Interdisciplinar
ABSTRACT
To understand the dispersed interdisciplinary production on the topic of tattoos, we conducted a survey of the language of 35 articles published in Brazilian interdisciplinary journals from 1990 to 2020. From these articles, we developed four axes of analysis: tattoo as an inscription of the self, a creative and emancipatory power; the “B” side of tattoo; the interface between public health, dermatology and tattoo; and, lastly, the new generation of tattoo artists. We then present some considerations that apprehending tattoo as a discursive practice opens the doors of a labyrinth, whose exits do not exist and do not assure us a more liberated and emancipated contemporary subjectivity.
KEYWORDS: Tattooing; State of the art; Journals; Interdisciplinary
Introdução
Em outubro de 2017 foi publicada uma matéria no portal IG, na seção Economia, intitulada “Negócios: mercado de tatuagem vai além da arte e cresce durante a crise”, na qual, lemos: Ainda não existe um censo brasileiro para apontar quantas pessoas tem tatuagem no País. Mas estudo do Sebrae identificou que o setor teve crescimento de 24,1% no número de estúdios regularizados, sendo esse índice apurado entre janeiro de 2016 e de 2017. Não seriam abertos - ou regularizados - tantos negócios neste nicho em tempos de crise se não houvesse uma boa procura por esse serviço, não é mesmo?1
Em outra matéria, datada de agosto de 2020, do website hypeness (www.hypeness.com.br), “Tatuagens com temática ‘coronavírus’ ganham popularidade na quarentena”, lemos:
Que ninguém vai sair igual da quarentena do coronavírus a gente já sabe. Mas alguns vão sair mais diferentes do que outros e essas diferenças vão ser vistas na pele. Literalmente. A pandemia inspirou os amantes de tatuagens colocar mais desenhos na pele e as ilustrações vieram usando máscaras ou fazendo referências sutis a essa época tão confusa que a humanidade está vivendo.2
É notório o impacto da prática da tatuagem no tecido social dos dias atuais, especialmente como inscrição para adornar o corpo em suas fronteiras interna e externa. De um lado, os excertos das matérias suprarreferidas integram dois dos 72.200.000 resultados, datados de 8/5/2021, decorrentes da busca com a palavra-chave tatuagem no portal Google. Trata-se de um resultado nada desprezível e que diz algo do processo de subjetivação acerca daquilo que temos nos tornado, ou seja, corpos que buscam cada vez mais se adornar mediante a tatuagem. Por outro, no segmento dessa prática, proliferam-se os modelos de negócios concernentes a esse mercado, considerando que as organizações do ramo precisam continuamente forjar diferenciais inovadores e atrativos, além de protagonizar avanços tecnológicos para que consigam competir. Esses avanços não dizem respeito somente à produção de materiais como, por exemplo, ponteiras e tintas, mas constituem parte de um arco bastante amplo do mercado da tatuagem. Portanto, a competividade entre os fabricantes e o espraiamento sincrônico dessa prática entre as pessoas, acabam por demandar continuamente pesquisas, inovação e avanços na área, interessando e catapultando, especialmente, a produção acadêmico-científica acerca do impacto da tatuagem no tecido social, bem como os modos de pensar e de aplicar tatuagens nas pessoas.
Assim, a produção acadêmico-científica acerca da prática da tatuagem tem envolvido o interesse de pesquisadores das mais distintas áreas do conhecimento. Dentre um arco produtivo diverso e bastante ampliado, focamos nesse texto, a publicação de artigos nos periódicos reconhecidos e mais bem avaliados da área interdisciplinar do sistema Qualis da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Convém ressaltar que, no contexto da pós-graduação brasileira, a criação da área interdisciplinar, em fins da década de 1990, é tributária
[...] dos problemas que emergem no mundo contemporâneo, de diferentes naturezas e com variados níveis de complexidade, muitas vezes decorrentes do próprio avanço dos conhecimentos científicos e tecnológicos. A natureza complexa de tais problemas requer diálogos não só entre disciplinas próximas, dentro da mesma área do conhecimento, mas entre disciplinas de áreas de conhecimento diferentes, bem como entre saberes disciplinares e não disciplinares. (Brasil, 2019, p.8)
Como a tatuagem envolve saberes disciplinares e não disciplinares, incluindo a jurisdição em voga desse tipo de prática, elegemos essa área como arco temático no interior dos veículos editoriais. Para tanto, levamos em consideração os artigos dos estratos A1, A2 e B1, classificação de periódicos quadriênio 2013-2016, momento no qual começamos esse trabalho, objetivando averiguar aquilo que tem sido publicado sobre tatuagem. Ativemo-nos somente aos periódicos que tiveram seus acervos digitalizados. Uma outra observação importante diz respeito ao remanejamento de nosso cronograma de trabalho, efetivado levando em consideração o início da pandemia de Covid-19 no primeiro semestre de 2020, em decorrência de período sabático.3 Esse período havia sido inicialmente destinado para a busca presencial de periódicos em bibliotecas brasileiras, no entanto, a emergência de saúde pública que vivenciamos atualmente, obrigou essas instituições a suspenderem suas atividades presenciais.
O procedimento de pesquisa adotado aqui foi inspirado em Afrânio Mendes Catani, Denice Bárbara Catani e Gilson Pereira (2001) e Júlio Groppa Aquino (2016; 2018), especialmente no que se refere ao modo de selecionar os periódicos, bem como os artigos. Com isso, nossa intenção não foi de forma alguma esgotar o assunto, mas, tão somente, tentar mapear a tatuagem segundo os pesquisadores que publicam em periódicos avaliados como A1, A2 ou B1 na área interdiciplinar, conforme mencionado anteriormente.
Um mapa rizomático da tatuagem mediante os pesquisadores da área interdisciplinar
Ao selecionarmos textos que, em seus títulos, resumos ou palavras-chave, mencionaram o termo tatuagem, compilamos um conjunto de 35 artigos, distribuído em 25 periódicos. São eles: Acta Paulista de Enfermagem; Ágora; Alea: Estudos Neolatinos (online); Anais Brasileiros de Dermatologia; Antropolítica: Revista Contemporânea de Antropologia; BAR - Brazilian Administration Review; Brazilian Journal of Microbiology; Ciência & Saúde Coletiva; Comunicação, Mídia e Consumo; Estudos de Psicologia (Puccamp4); Estudos Semióticos; Galáxia (São Paulo); Horizontes Antropológicos; Linguagem em (Dis)curso; Mana (Rio de Janeiro - online); Physis; Projeto História (Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História); Psicologia & Sociedade; Psicologia Clínica; Revista Brasileira de Epidemiologia; Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia; Revista de Saúde Pública; Revista Digital do LAV; Saúde e Sociedade; e Tempo Psicanalítico.
Façamos um balanço, ainda que lacônico, dessas publicações, tomando aspectos como: o intervalo de cinco anos, os autores e autoras, bem como sua procedência institucional.
O primeiro artigo publicado, data de 1990. Depois, entre 2001 e 2005, haverá a publicação de mais três artigos. No período seguinte, entre 2006 e 2010, tivemos 11 textos. De 2011 a 2015, o período mais produtivo, foram publicados 14 textos. O último período, de 2016 a 2020, tivemos 5 textos.
Com relação aos autores, foram 94. Desses houve a repetição de 4 deles/as: Emerson Diógenes de Medeiros (com dois artigos), Valdiney Veloso Gouveia (dois), Vitor Sérgio Ferreira (dois), e Gabriela DeLuca (dois).
No que diz respeito à procedência institucional dos autores e autoras, delineou-se um conjunto de 36 instituições, localizadas em onze estados da Federação, cuja concentração ocorreu nas regiões Sul e Sudeste, principalmente nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Dentre as instituições temos: Centro Universitário do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-SP); Hospital de Doenças Tropicais de Goiânia - Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (Suds); Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo; Ministério da Saúde e Educação Médica de Teerã (Irã); Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas); Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP); Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR); Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS); Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); Secretaria da Educação do Estado de São Paulo; Secretaria Municipal de Saúde de São José dos Pinhais (SP); Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); Universidade de Estrasburgo (França); Universidade de Ciências Médicas do Curdistão; Universidade de Lisboa; Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc-RS); Universidade de São Paulo (USP); Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc); Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ); Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul); Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); Universidade Estadual de Maringá (UEM); Universidade Federal do Pará (UFPA); Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA); Universidade Federal de Goiás (UFG); Universidade Federal de Pelotas (UFPel); Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Universidade Federal de Uberlândia (UFU); Universidade Federal do Ceará (UFC); Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio); Universidade Federal do Piauí (UFPI); Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Universidade Federal Fluminense (UFF); Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS); e Vigilância Sanitária de Jacareí (SP).
Concernente às fontes bibliográficas, há dois grupos de autores e autoras citados/as. O primeiro diz respeito àquele vinculado à área médica e da saúde; o segundo refere-se às artes, à antropologia e à sociologia. Voltemo-nos para o primeiro grupo.
Os trabalhos da norte-americana Myrna L. Armstrong (professora titular aposentada da Escola de Enfermagem do Centro de Ciências da Saúde da Texas Tech University, localizada na cidade de Marble Falls) foram citados 14 vezes, sendo 10 em coautoria e 4 sozinha. Dos trabalhos em coautoria destacam-se: Motivation for tattoo removal (Motivação para remoção da tatuagem); Motivation for contemporary tattoo removal: a shift in identity (Motivação para remoção da tatuagem contemporânea: uma mudança de identidade); Tattooing in adolescents, more common than you think: The phenomenon and risks (Tatuagem em adolescentes, mais comum do que você pensa: o fenômeno e os riscos); Tattooing: another adolescent risk behavior warranting health education (Tatuagem: outro comportamento de risco do adolescente que requer educação em saúde); College students and tattoos: influence of image, identity, family, and friends (Estudantes universitários e tatuagens: influência da imagem, identidade, família e amigos); Tattooing and body piercing: Body art practices among college students (Tatuagem e piercing corporal: práticas de arte corporal entre estudantes universitários); e Correlations of religious belief and practice with college student’s tattoo-related behavior (Correlações de crenças e práticas religiosas com o comportamento dos estudantes universitários relacionado às tatuagens). Os textos, Career-oriented women with tattoos (Mulheres orientadas para a carreira com tatuagens) e Tattooing, body piercing, and permanent cosmetics: a historical and current view of state regulations, with continuing concerns (Tatuagem, piercing corporal e cosméticos permanentes: uma visão histórica e atual das regulamentações estaduais, com preocupações contínuas), foram publicados sozinha.
A próxima produção é do brasileiro Sérgio de Andrade Nishioka (professor aposentado da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia) com a canadense Theresa W. Gyorkos (cientista sênior da McGill University Health Centre (MUHC), situada em Montreal), especialmente o texto Tattoos as risk factors for transfusion-transmitted diseases (Tatuagens como fatores de risco para doenças transmitidas por transfusão), referido 3 vezes. Já Tattooing and risk for transfusion-transmitted diseases: the role of the type, number and design of the tattoos, and the conditions in which they were performed (Tatuagem e risco de doenças transmissíveis por transfusão: o papel do tipo, quantidade e desenho das tatuagens e as condições em que foram realizadas), publicado em coautoria com os também canadenses Joseph Lawrence (Clinical Epidemiology, Jewish General Hospital/McGill University), Jean-Paul Collet (University British Columbia) e John Dick Fleming MacLean, foi citado uma vez. E, por fim, Tattoos and transfusion-transmited disease risk: implications for the screening of blood donors in Brazil (Tatuagens e risco de doenças transmitidas por transfusão: implicações para o rastreamento de doadores de sangue no Brasil), em coautoria com John Dick Fleming MacLean, foi indicado 1 vez.
O segundo grupo de autores, mencionado 5 vezes, são: o jornalista e escritor Toni Marques, autor do livro O Brasil tatuado e outros mundos; e Célia Maria Antonacci Ramos, professora-pesquisadora da UDESC, sobretudo o livro Teorias da tatuagem: o corpo tatuado: uma análise da loja Stoppa Tattoo da Pedra, e o artigo “Dos grafites às tatuagens / da cidade ao corpo: o imaginário político de jovens partindo de expressões visuais desde os anos 70”. Nesse grupo há também o sociólogo português Vitor Sérgio Ferreira com os artigos “Marcas que Demarcam. Tatuagem, Body Piercing e Culturas Juvenis”; “Os ofícios de marcar o corpo: a realização profissional de um projecto identitário”; “Tatuagem, bodypiercing e a experiência da dor: emoção, ritualização e medicalização”; e “Das belas-artes à arte de tatuar: dinâmicas recentes no mundo português da tatuagem”; e o antropólogo francês Marcel Mauss, com os livros “Sociologia e Antropologia” e “As técnicas corporais: manual de etnografia”.
Com 4 citações, têm-se um resumo expandido e três artigos da antropóloga Débora Krischke Leitão, sendo um deles em coautoria com a também antropóloga Cornelia Eckert. Com o mesmo número de indicações há a tese de Andrea Barbosa Osório, intitulada “O gênero da tatuagem: continuidades e novos usos relativos à prática na cidade do Rio de Janeiro”, e o artigo de Andrea Lisset Pérez chamado “A identidade à flor da pele. Etnografia da prática da tatuagem na contemporaneidade”.
Por fim, com três citações cada, há o antropólogo francês David Le Breton, sobretudo o livro “Sinais de identidade: tatuagens, piercings e outras marcas corporais”; o sociólogo canadense Michael M. Atkinson, com duas indicações para o livro Tattooed e Sociogenesis of a Body Art e o artigo Pretty in ink: conformity, resistance, and negotiation in women’s tattooing; a antropóloga norte-americana Margo DeMello e seu livro Bodies of inscription: A cultural history of the modern tattoo community; as dermatologistas brasileiras Tatiana Sacks e Carlos Barcaui com o artigo “Laser e luz pulsada de alta energia - Indução e tratamento de reações alérgicas relacionadas a tatuagens”; e os sociólogos norte-americanos Clinton R. Sanders e D. Angus Vail com o livro Customizing the body: the art and culture of tattooing.
A partir desse apanhado geral, traremos agora os posicionamentos discursivos relativos à prática da tatuagem na atualidade, com a finalidade de apresentar um sobrevôo na produção interdisciplinar dos textos publicados nos periódicos já mencionados. Não se trata aqui de aderir a um ou outro argumento, mas tão somente apresentar a superfície discursiva desses estudos. Isso importa porque os discursos sejam eles visuais ou textuais, produzem efeitos concretos nas decisões das pessoas sobre submeter-se (ou não) a esse tipo de prática, desdobrando-se em um processo de subjetivação tatuado. Daí as subjetividades tatuadas.
O que investigaram os pesquisadores sobre a prática da tatuagem?
Dada a quantidade bastante diversa de textos da área interdisciplinar, delineamos, a partir da análise dessa massa discursiva, 4 eixos temáticos. O primeiro diz respeito aos modos de apreender a prática da tatuagem, os quais realizam-se ora por meio do acesso aos dizeres dos tatuados e tatuadores, ora via documentos, tais como, séries televisivas, redes sociais online de compartilhamento de fotografias e vídeos entre seus usuários, ora mediante acervos fotográficos de instituições públicas.
O segundo eixo temático diz respeito ao registro das percepções que se têm de pessoas tatuadas, ou seja, os preconceitos e as discriminações, o lado “B”, com esse tipo de inscrição corpórea. O terceiro pertence aos estudos na interface saúde pública, dermatologia e tatuagem, cuja produção se dá via uma mirada crítica relativa a essa prática. Por fim, o último, diz respeito aos estudos voltados para a nova geração de tatuadores das duas últimas décadas do século XXI, especialmente por diferirem dos tatuadores que os antecederam.
Convém destacar que, no interior de cada eixo temático, foram delineados outros subconjuntos de textos, especialmente no primeiro eixo, visando enfatizar desdobramentos notabilizados em cada temática abordada.
Primeiro eixo: a tatuagem como inscrição do eu, potência criativa e emancipatória
Concernente a esse eixo destacamos o primeiro conjunto de textos, de autores que abordam a tatuagem como prática importante na constituição identitária das pessoas, bem como na forja de uma nova subjetividade: a das tatuadas e dos tatuados.
Objetivando compreender a proliferação de corpos tatuados, Rodriguez e Carreteiro (2014), ancoradas na psicossociologia, entrevistaram dez pessoas na faixa etária entre 20 e 30 anos, residentes na capital do estado do Rio de Janeiro, que se prontificaram a falar sobre o significado de suas tatuagens. Para as autoras ao mesmo tempo que a tatuagem marca a pele de modo indelével, os motivos que desencadeiam a realização de uma ou várias tatuagens alteram-se, não permanecendo fixos.
Observou-se, na análise do material colhido, que as feituras de tatuagem eram em certa medida portadoras de traços biográficos do sujeito, de significados importantes, e diziam de sua história singular. As escolhas não eram gratuitas; estavam intimamente relacionadas ao momento experienciado pelo sujeito quando as fez […]. Os sentidos atribuídos às tatuagens são diversos, e nem todas as pessoas apresentam uma clareza quanto à motivação e o que desejam representar. Apesar disso, notou-se uma reivindicação de experiência tátil e sensorial das vivências. Há uma busca pela realidade corpórea dos acontecimentos. É preciso sentir literalmente na pele. (Rodriguez; Carreteiro, 2014, p.753)
A tatuagem como prática de grafar/inscrever na pele acontecimentos vividos, tomando a própria pele como tela e suporte mnemônico coletivo, diz respeito ao estudo levado a cabo por Cardoso (2018) ao explorar, apoiado na semiótica peirciana, as comics tattoos - estilo de tatuagem cujos desenhos são apropriações de imagens de personagens de histórias em quadrinhos (HQ) e desenhos animados. Valendo-se de sete entrevistas, obtidas junto a tatuadores especializados em comics tattoos e de pessoas que possuíam esse tipo de tatuagem, o autor teve como propósito compreender se havia alguma conexão entre os significados atribuídos a elas e às experiências de uso e consumo de seus portadores. Para o autor:
Quando esses signos tomam a forma de tatuagem, atuam como objetos comunicacionais que servem não só à preservação da memória individual, mas também da memória coletiva. Os discursos e narrativas que se originam dessas imagens são resultados não só das recordações de experiências vividas, mas também das lembranças relacionadas às práticas coletivas de consumo dos produtos midiáticos: assistir a desenho animado em grupo, jogar bafo com figurinhas colecionáveis, trocar revistas usadas etc. (Cardoso, 2018, p.159)
Já DeLuca et al. (2018), objetivando compreender se haveria relação entre desenhos tatuados e a escolha da profissão, lançaram mão do chamado procedimento cartográfico deleuziano/guattariano5 e entrevistaram quatro sujeitos: uma nutricionista, uma designer gráfica, uma estilista e um crítico gastronômico. Os critérios de seleção dos entrevistados foram dois: portar tatuagens alusivas ao trabalho e em partes visíveis do corpo. Dentre as conclusões das autoras destaca-se:
[…] nas histórias cartografadas, a tatuagem associada ao trabalho possibilita que o corpo contemple aquilo que o sujeito reflete, (d)enuncia, expressa, resiste, comunica, interage, conecta, conjuga e continua, numa relação do sujeito com o trabalho, consigo e com os outros [...]. A resistência, principalmente através de mudanças nas vidas contadas, lapida um personagem que transita e transforma-se, comunicando conceitos e interagindo em dado território. (DeLuca et al., 2018, p.9-10)
Ainda na esteira de um certo modo de apreender a tatuagem como inscrição do eu, mas agora sob a batuta da psicanálise freudiana e lacaniana, têm-se os trabalhos de Manso e Caldas (2013) e Macedo e Paravidini (2015). As primeiras partiram “do pressuposto de que o sujeito contemporâneo vem adotando diversas formas de escrita para encontrar, na pluralidade crescente de significantes, a especificidade de seu desejo e um sentido para seu gozo” (Manso; Caldas, 2013, p.110). Além de considerarem as tatuagens como forma de reescrita, também as perspectivaram “como maneiras possíveis e singulares de enlaçamento do sujeito ao Outro, marcando uma forma possível de estabelecimento de laço social” (ibidem, p.110). Dentre as conclusões das autoras, destacam-se:
Observamos, assim, tatuagens que encobrem quase a totalidade da superfície cutânea recobrindo-a como se fosse preciso refazer toda a extensão da pele. Podem parecer, à primeira vista, como excessos. Certamente a época favorece o consumo ao infinito. Numa análise mais detida, porém, podem ser pensadas como formas de inserção social, de construção da realidade psíquica na qual um corpo pode se inserir e transitar sem risco de se perder no Outro gozo. É o caso de um jovem que tatuou seu nome próprio em cada braço e em cada perna para que ele mesmo soubesse que aquele era seu corpo. Ou seja, para poder possuir seu corpo, reconhecê-lo, no campo difuso em que não se separa do Outro […]. (Manso; Caldas, 2013, p.123-4)
Macedo e Paravidini (2015) usaram, por sua vez, excertos extraídos da terceira temporada de um dos realities de tatuagem, a série televisiva NY Ink,6 ocorrida entre os anos de 2013 e 2014, e que fora lançada nos Estados Unidos em junho de 2011. A série se passa em um estúdio de tatuagem novaiorquino, cujos tatuadores são procurados para concretizar acontecimentos vividos mediante a realização de tatuagem. A conclusão desse estudo segue tendência semelhante destacada no trabalho anterior, a saber,
[...] a tatuagem pode, sim, vir a fazer borda a angústias inomináveis, mas pode, também, remeter a uma forma de linguagem que aponta para a subjetividade ao trabalhar a serviço de uma busca identitária […]. Mais interessante, no entanto, foi percebermos que circunscrever a tatuagem apenas nos registros Simbólico e Imaginário se mostrou insuficiente para compreender a relação do ato de tatuar-se com o eu. Há, no ato de tatuar-se, algo que transborda e que não pode ser traduzido, uma vez que se insere na lógica das formações do inconsciente e que, portanto, nos remete ao inominável do gozo, e ao Real. Desconsiderar esse aspecto da tatuagem seria ignorar sua dimensão mais rica. Tatuar-se é transcrever na pele algo que escapa à interpretação. A tatuagem é traço por trazer elementos inscritos do campo do Outro, mas também é letra, pois carrega em si o gozo da letra. (Macedo; Paravidini, 2015, p.151)
Ao encerrar esse subconjunto de textos, os trabalhos de Braga (2009) e Pérez (2006) foram os únicos que empregaram, respectivamente, as análises de discurso (AD) bakhtiniana e pecheuxtiana junto da descrição etnográfica. Ao conceber a prática da tatuagem como gênero discursivo e forma de escrita “constituída por enunciados”, Braga (2009, p.136) afirma que a localização de cada desenho (ou imagem) tatuado no corpo evidencia diferentes enunciados e textualizações, estas referindo-se ora à circulação dos sentidos e como eles são negociados no interior das diversas práticas linguísticas, ora aos contextos históricos locais onde as pessoas vivem:
O sentido de uma tatuagem realizada numa dada época poderá não corresponder em uma outra, mesmo pertencendo à mesma pessoa. E, nesse caso, é interessante pensar que o efeito de sentido é produto da textualidade ali exposta, que terá uma relação direta com o social. Nessa perspectiva, evidencia-se a relação da tatuagem - linguagem - como marca definitiva (a priori). Uma tatuagem feita na adolescência produzirá um determinado texto e sua textualidade, um enunciado, ao qual serão atribuídos determinados efeitos de sentido. Consequentemente, essa textualidade terá uma relação com um auditório específico, possibilitando uma leitura, também específica […]. O mesmo acontecerá com essa mesma tatuagem quando o sujeito (tatuado) estiver na idade adulta. No entanto, o mesmo texto terá outra textualidade, formada a partir de um outro enunciado, e suas relações com o social provavelmente serão outras. (Braga, 2009, p.152-3)
Pérez (2006, p.205), com o propósito de elaborar “uma visão ‘total’ da tatuagem”, frequentou entre os anos 1992 e 1993, o Experience Art Tattoo, localizado na capital catarinense. Ao participar de suas atividades, por exemplo, atendimento a clientes, sessões de tatuagem e reuniões, a autora também realizou nove entrevistas: uma com a funcionária responsável pela esterilização dos materiais; cinco com pessoas tatuadas e frequentadoras do estúdio; e, por fim, três entrevistas com donos de estúdios, inclusive o da Experience Art Tattoo. Segundo Pérez,
[…] embora os impulsos atuem como formas de motivação no ato de tatuar-se, também existem significativos momentos de reflexão, como aquela desencadeada pela interação entre tatuador e tatuado, o que propicia o esclarecimento das “idéias da tatuagem” e, por intermédio delas, dos gostos, das preferências, do mundo interno daquele que é tatuado. Isto ocorre também em momentos posteriores à realização da tatuagem, quando a pessoa recria sua corporalidade e a verbaliza, dando lugar a desvelamentos e a descobertas de si mesma. Nesse sentido, pode-se afirmar que os eventos emotivos transformam-se em atos reflexivos, ou o seu inverso, quando as atitudes reflexivas precedem o ato de ser tatuado, por exemplo, no caso dos que pertencem à categoria que aqui denominei de “tatuados”. Estes possuem projetos de construção corporal, pensados e planejados como parte de um processo vivencial, autônomo e subjetivo. Finalmente […], proponho pensar a subjetividade que se constitui na prática da tatuagem como um processo aberto, fluido, dinâmico, que se constrói na interface das buscas individuais e dos processos de interação instituídos no ato de ser tatuado, entre o desfrute estético e a construção de sentido íntimo, entre o ser interno reflexivo e os impulsos emocionais, como um movimento dialético e inovador. (Pérez, 2006, p.202-3)
Diferente dos estudos anteriores, baseados na concepção da tatuagem seja como inscrição autobiográfica, seja como forma de grafar na pele experiências e acontecimentos marcantes da vida, o próximo conjunto de quatro textos voltou-se para a conexão entre cultura juvenil, cultura visual e as corporeidades na composição do tecido social urbano atual.
Ao afirmar que as marcas corporais, particularmente os piercings e as tatuagens, são maneiras de embelezar o corpo, Le Breton (2010, p.25), amparado nos estudos antropológicos, advoga em prol da tese de que essas mesmas marcas “representam uma assinatura do sujeito sobre a pele”, que, segundo ele, “é uma tela onde projetamos uma identidade sonhada, como no caso da tatuagem, do piercing ou das inúmeras maneiras de encenar a aparência que regem as nossas sociedades” (ibidem, p.26). Esse autor conclui seu estudo afirmando que se a “pele participa intensamente no processo de separação-individuação que caracteriza a passagem do adolescente” (ibidem), tal momento
[…] é lacerado por dúvidas, desconforto, assombrado pelo medo do jovem de nunca se encontrar, nunca preencher de sentido o abismo, entre ele e ele mesmo, que se abriu bruscamente. Esse corpo - despojo do adolescente é o lugar onde se cristalizam todos os males. Ataques ao corpo são antes de tudo um ataque contra os significados que lhes são inerentes [...]. O corpo, especialmente a pele, que é sua instância visível, é o recurso mais imediato para alterar sua relação com o mundo. Redesenhando suas fronteiras, o indivíduo manipula as relações entre o eu e o outro, o dentro e o fora, o corpo e o mundo etc. Procura inscrever-se noutra dimensão do real. (ibidem, p. 26-7)
Com o propósito de analisar o imaginário político juvenil Ocidental a partir do final da década de 1960 e início da década de 1970, Ramos (2002, p.116) afirma que se nas sociedades letradas “o mais importante empreendedor da memória é a escrita”, nas sociedades orais é a pele mediante a tatuagem. A autora assevera que manifestações como grafites e interferências no corpo, particularmente as tatuagens, são linguagens “que reaparecem em nosso cotidiano traduzidas e ressignificadas para nossos suportes e crenças” (ibidem, p.122), de modo que
[...] corpo e espaços híbridos, construídos na diversificação multicultural, contam o enredo do labirinto de crenças, mitos e desejos que se cruzam no dia a dia nas malhas do urbano. São veículos e vinculadores de comunicação que pertencem a uma sociedade que crê no simulacro, no fetiche, e que procura na redemocratização da cidade e do corpo a expressão da liberdade, língua homogêna de interação. (ibidem, p.122)
Na esteira da cultura juvenil contemporânea, Oliveira (2007, p.64) partiu das tatuagens que compõem grande parte da corporeidade urbana paulistana, para pensar as culturas juvenis em sua conexão com os produtos culturais que delas derivam e que se inserem “na complexa rede de pertencimentos, sensibilidades, produções e apropriações simbólicas, disputas e lutas hegemônicas”, levando a autora a concluir que
As cores e as formas das tatuagens, das escarificações e dos implantes, assim como as dos grafites, das pixações e dos stickers, permitem a compreensão de importantes elementos da cultura contemporânea. Fazem parte das imagens metropolitanas que nos acompanham no dia a dia, contaminando as linguagens publicitárias, cinematográficas e artísticas. Por meio delas é possível compreendermos a vida juvenil, seus valores e suas disputas. (Oliveira, 2007, p.85)
Baliscei, Stein e Chiang (2015), ao associarem a profusão de tatuagens à sobreposição e coexistência de múltiplas identidades, afirmam que a condição dessa subjetividade tatuada “se deve, em parte, ao contato exacerbado com informações e imagens. Imagens essas que, mais do que nunca, vêm exercendo seu potencial pedagógico” (ibidem, p.43). Assim, ao destacarem o papel pedagógico das imagens, os autores consideraram a tatuagem como um artefato visual que visa atingir um dado ideal de beleza por intermédio do aprimoramento dessas mesmas imagens ao serem inscritas na pele.
Como consequência disso, prontificam à manutenção e transformação de seus corpos. Consideramos que na pós-modernidade, o modismo e a idealização de um corpo perfeito, exibicionista, espetacularizado têm acrescentado outros significados à prática de se tatuar e que têm encontrado na escola um espaço-palco para expor a vaidade e a necessidade de atenção decorrente destas. (ibidem, p.44)
Segundo eixo: o lado “b” da tatuagem
No que se refere ao segundo eixo temático, consideramos seis textos. O primeiro deles é o de Lise et al. (2010) que entrevistaram 42 pessoas, sendo 31 mulheres e 11 homens, com idade entre 18 e 65 anos. Em relação à discursividade dos tatuados, “a amostra estudada acredita que, de modo geral, a tatuagem é uma forma de se embelezar e de se expressar” (ibidem, p.636) e, para além disso, “a tatuagem é também uma maneira de disfarçar algum sinal que o indivíduo não aprecia em si mesmo, como os sinais próprios do envelhecimento” (ibidem, p.636). Os autores evidenciaram, porém, entre as conclusões,
[...] que ainda existe estigmatização dos tatuados e também demonstraram que parece haver uma falta de percepção ou, mesmo, uma negação dessa realidade entre eles. A contradição foi expressa pelos tatuados, entre as questões objetivas relacionadas à discriminação e algumas mais gerais, que diziam respeito à prática da produção da tatuagem - como a localização. O que se percebe, então, é que existe uma diferença entre o discurso do tatuado e os seus atos, quanto ao contexto social. Nesta pesquisa, verificou-se também uma importante mudança no significado da prática para o tatuado. (Lise et al., 2010, p.637)
A estigmatização de corpos tatuados também consta nos resultados de dois estudos que se voltaram para o comportamento/reação das pessoas no convívio entre homens e mulheres tatuados, a despeito de toda litania de que, nos dias atuais, não haveria mais preconceito relativo às tatuagens. Por meio de questionários, ambos os estudos se debruçaram sobre as atitudes de estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, com relação a corpos tatuados. O foco dos autores do primeiro artigo (Medeiros et al., 2010) consistiu na elaboração e validação de um instrumento denominado “Escala de Atitudes frente à Tatuagem (EAFT)”, testado em duas etapas. Na primeira participaram 273 estudantes distribuídos equitativamente quanto ao gênero e idade (média de 25 anos); e, na segunda, 245 estudantes, a maioria do gênero masculino e com idade média de 21 anos. Ao ratificarem o EAFT, Medeiros e colaboradores afirmaram “que esse instrumento reúne evidências de validade fatorial e confiabilidade, podendo ser empregado para medir atitudes diante da tatuagem entre estudantes universitários” (Medeiros et al., 2010, p.177).
No segundo estudo, os autores ao considerarem a mesma base de dados da publicação anterior (Medeiros et al., 2010), afirmaram que “estudantes de humanidades são menos adversos ao uso de tatuagens do que aqueles de áreas mais exatas, tecnológicas. Como ficou evidenciado no marco teórico, as atitudes frente à tatuagem têm sido associadas com diversos comportamentos desviantes” (Gouveia et al., 2010, p.482).
O trabalho de Caroni e Grossman (2012) enfatizou, por seu turno, as percepções de auxiliares de enfermagem acerca do uso de tatuagens e piercings por adolescentes internos. Para tanto, foram entrevistados sete profissionais do município do Rio de Janeiro, com idade entre 28 e 49 anos e tempo de serviço entre cinco meses e 25 anos, os quais associaram
[...] o uso de marcas, sobretudo por adolescentes, a ideias negativas preconcebidas e passíveis de generalização. Demonstrou-se ainda que a quantidade de marcas, a localização, o tipo de desenho (com padrões distintos relacionados ao gênero) e o caráter definitivo/transitório (diferenciando tatuagens e piercings) têm importante papel na construção de juízos de valor. (Caroni; Grossman, 2012, p.1068)
Já no estudo de Bicca et al. (2013), único que se ateve a compreender se alistandos do Batalhão do Exército do município gaúcho de Pelotas possuíam tatuagens ou não, entrevistaram-se 1.968 alistandos, os quais também foram examinados por dermatologistas, que anotaram a presença ou não de tatuagens, bem como tamanho, cores, padrões de desenhos e se havia permissão dos responsáveis para sua execução.
A faixa etária jovem analisada aqui, com alta prevalência, complexidade do padrão de tatuagem (tamanho, cores e número de tatuagens) e associação com comportamentos de risco, revelou tendências preocupantes, mostrando uma mudança de comportamento na sociedade, que pode envolver complicações futuras na remoção. Do ponto de vista jurídico, muitos adolescentes têm seus corpos tatuados sem a permissão dos responsáveis, o que também é preocupante. (Bicca et al., 2013, p.927)
Ao empregar 10 entrevistas realizadas com fisiculturistas e frequentadores/as de academias de musculação e ginástica das zonas norte e sul da cidade do Rio de Janeiro, Sabino e Luz (2006) objetivaram compreender a lógica/racionalidade identitária atribuída pelos sujeitos entrevistados às tatuagens realizadas, comparando-a com a lógica/racionalidade do perspectivismo ameríndio - concepção indígena que, ao radicalizar a ideia de alteridade, é constituída pelo encontro simétrico entre trajetórias humanas e inumanas. Assim, se nas academias de musculação e fisiculturismo ter uma tatuagem significa aderir à lógica identitária, esses sujeitos são remetidos, sobretudo “às relações hierárquicas de gênero e status” (ibidem, p.266), de maneira que “a diferença e a assimetria surgem como males a serem combatidos em nome de uma identidade suprema e imutável, manifestação pura da perfeição e positividade” (ibidem, p.266). Na lógica do perspectivismo ameríndio, pelo contrário, “o respeito à diferença e à assimetria é a base de todo o processo de pensamento e de organização prática da vida” (ibidem, p.266).
Toffoli (2005) encerra esse segundo subconjunto de textos ao apresentar um estudo sobre o significado da tatuagem criminal,7 também conhecida como tatuagem carcerária, utilizando-se do acervo fotográfico de tatuagens do Museu Penitenciário Paulista - vinculado à Secretaria Estadual de Assuntos Penitenciários (SAP) -, constituído por 1.800 fotografias de tatuagens carcerárias, reunidas em 28 volumes, no período compreendido entre 1920 e 1940, e catalogadas pelo psiquiatra José de Moraes Mello. Baseado na semiótica plástica,8 o autor sistematizou o significado dessas tatuagens para melhor compreender o contexto carcerário paulista, concluindo que
[...] alguns exemplos recentes mostram que a tatuagem carcerária e criminal hoje tenta se aproximar ao máximo da artística, no que se refere aos traços e ao melhoramento de sua composição, bem como aos motivos que representa. Estas modificações no significante juntas refletem uma tentativa de aproximar o significante carcerário e/ou criminal do estilo de composição artístico. Notamos que mesmo os desenhos clássicos da tatuagem criminal, como os cinco pontos, representados no braço deixaram de ter a articulação clássica que era feita no dorso das mãos. Este pode ser um indício de flexibilização na articulação do código da tatuagem no mundo criminal [...]. Esta aproximação pode se dar ao nosso ver por duas finalidades: confundir quem olha e expandir o código criado na cadeia para fora dos limites dela. (Toffoli, 2005, p.9-10)
Terceiro eixo: interface entre saúde pública, dermatologia e tatuagem
Com o espraiamento de práticas de embelezamento, a qualidade dos procedimentos de biossegurança entrou no radar do Ministério da Saúde, no âmbito da interface saúde pública, dermatologia e tatuagem. Eis, portanto, o terceiro eixo temático desse estudo.
O trabalho de Diniz e Matté (2013) voltou-se para profissionais como manicure, pedicure, tatuador(a) e body piercer 9 do município paulista de Jacareí. As autoras realizaram 40 entrevistas com esses profissionais, além de aplicarem um questionário para verificar seus conhecimentos e atitudes, e um formulário para averiguar a observância dos procedimentos adotados, bem como a infraestrutura física dos estabelecimentos. As autoras consideraram que
[…] os serviços de tatuagem e piercing dispõem de legislação mais específica, a Portaria CVS 12 (São Paulo, 1999). Contudo, ela apresenta lacunas e não contempla instruções sobre descontaminação, limpeza, esterilização e controle em processo. Além do mais, as regulamentações dos serviços de embelezamento não levam em conta um aspecto muito importante: a capacitação profissional. (Diniz; Matté, 2013, p.757)
O trabalho de Bittencourt et al. (2013) embasou-se em um estudo de caso por meio do qual relataram reações da pele a algumas tintas empregadas na realização de tatuagens. Pigmentos introduzidos na derme podem desencadear reações cutâneas com padrões histológicos variados, incluindo reações inflamatórias e granulomatosas, transmissão de infecções e até neoplasias. O caso de dermatofibroma (DF) relatado concerne a um homem de 24 anos que tinha uma tatuagem de coloração preta. A erupção começou dois meses após a colocação da tinta preta em uma tatuagem já existente; o exame clínico revelou um nódulo eritematoso, livremente móvel, sobre uma zona de pigmento preto na perna direita, com leve sensibilidade à pressão.
O vínculo entre o DF e as tatuagens é sustentado pela cronologia entre a tatuagem e o desenvolvimento do DF em todos os casos, pois a pele estava livre de qualquer lesão antes da tatuagem e o DF foi relatado após o trauma […]. O DF deve ser considerado no diagnóstico clínico diferencial das lesões que ocorrem nas tatuagens. São necessárias investigações adicionais para esclarecer a natureza dessa associação. (Bittencourt et al., 2013, p.616)
Além dessa, há outras pesquisas que investigaram o efeito de pigmentos empregados na feitura de tatuagens e sua associação com diferentes dermatoses. As reações tributárias dessas tintas/pigmentos foi o objeto de estudo de Cruz et al. (2010) ao abordarem dois casos: um no qual houve o aparecimento de lesões pruriginosas sobre o pigmento vermelho da tatuagem feita há 3 anos no tornozelo direito de uma mulher com 24 anos de idade; e o outro referiu-se à presença de nódulos nos pigmentos lilás e vermelho da tatuagem realizada há cerca de um ano na perna direita de um rapaz de 30 anos. Os autores observaram que
Outras dermatoses têm sido descritas em tatuagens, como infecção piogênica, verruga vulgar e zigomicose. Muitas doenças cutâneas mostram predileção por peles tatuadas e podem apresentar-se como manifestação primária, acentuar-se ou ainda representar o fenômeno de Koebner, como no líquen plano e na psoríase. Nenhum tratamento descrito foi efetivo. Há casos relatados de melhora com laser de CO2, Nd:YAG e Q-switched. (Cruz et al., 2010, p.708)
Molina e Romiti (2011) também abordaram, mediante um estudo de caso, o surgimento de numerosas pápulas umbilicadas na tatuagem feita com pigmento preto no dorso de um homem de 22 anos de idade, que notou o seu aparecimento quatro semanas após o término. Os autores concluíram depois de extensa revisão de literatura, que
[...] embora qualquer infecção possa teoricamente ser inoculada acidentalmente por meio de tatuagens, na prática as mais observadas são sífilis, tuberculose, hepatites e verrugas virais. No caso do molusco contagioso, existem poucos casos na literatura relatando a disseminação das lesões em tatuagens […]. Há pelo menos duas hipóteses para explicar a patogenia das lesões de molusco contagioso sobre tatuagens: os vírus serem transmitidos pelos instrumentos utilizados no processo da tatuagem ou as tintas estarem contaminadas com os vírus. Além do mais, alguns autores sugerem que o pigmento preto pode diminuir localmente a imunidade humoral e celular. Relatamos caso de molusco contagioso inoculado de forma acidental em área de realização de tatuagem. Essa dermatovirose relativamente frequente deve ser incluída no diagnóstico diferencial de infecções ocorrendo nas áreas de tatuagens. (Molina; Romiti, 2011, p.354)
Na esteira do estudo anterior, Veasey et al. (2020) apresentaram o caso de duas pessoas, uma com 39 e a outra com 33 anos, com verrugas10 na área de pigmentação. A primeira relatou a afecção doze meses depois de ter realizado uma tatuagem na face lateral da panturrilha esquerda; e a segunda, tatuada há 12 anos, mencionou que há seis apareceram as tais verrugas sobre sua tatuagem localizada no membro superior esquerdo. Os autores ao realizarem uma revisão da literatura sobre o aparecimento de verrugas em tatuagens observaram
[...] que o risco de se adquirir uma verruga sobre o pigmento preto é sete vezes maior do que sobre pigmento colorido ou que em pele sem tatuagem. Dos casos aqui relatados, o primeiro paciente sem comorbidades apresentou lesões verrucosas mais restritas à tal coloração, enquanto o segundo apresentou lesões que não respeitavam a linearidade do pigmento e acometia até pele sã. (Veasey et al., 2020, p.80)
Um outro conjunto de textos devotou-se a compreender se havia associação entre a ocorrência de alguns vírus e o fato de a pessoa ser portadora ou não de tatuagens.
Martelli et al. (1990) rastrearam 1.033 primodoadores11 selecionados nos cinco bancos de sangue da capital do estado de Goiás do total de oito existentes na época do estudo; e 201 prisioneiros dentre os 299 presentes em julho de 1988, no único presídio do Estado, Centro Penitenciário de Atividades Agroindustriais de Goiás (Cepaigo), a 20 quilômetros de Goiânia. Com o propósito de verificar a ocorrência da infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) foi aplicado, no período de junho de 1988 a fevereiro de 1989, um questionário em dois grupos de sujeitos para avaliar a existência de tatuagens, transfusão sanguínea prévia, número de parceiros sexuais, atividade homo/bissexual, história de outras doenças sexualmente transmissíveis, uso de droga injetável, uso de medicação injetável, acupuntura e soropositividade ao VDRL (Venereal Disease Research Laboratory).12 De acordo com as conclusões, os autores afirmaram que “16% da população de prisioneiros apresentava-se tatuada, sendo esta característica estatisticamente mais freqüente nos indivíduos soropositivos, em concordância com outros estudos” (Martelli et al., 1990, p.274). Ou seja, “grupo etário, encarceramento e presença de tatuagem foram os fatores de risco estatisticamente significantes associados a soropositividade, mesmo após análise multivariada controlada por idade e encarceramento” (ibidem, p.270).
O estudo de Bezerra et al. (2007) focou, por outro lado, a prevalência do virus da hepatite C (VHC) e seus genótipos em pacientes atendidos em um hospital de referência no estado do Ceará. Um total de 119 pacientes soropositivos anti-VHC, respondeu a questionários sobre fatores de risco relacionados à infecção pelo VHC, sendo ulteriormente testados ao VHC a partir da reação da polimerase em cadeia (PCR) e genotipagem por RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism). “Dos 119 pacientes, 95 mostraram resultados positivos no teste qualitativo para VHC. A história prévia de cirurgia foi o fator de risco mais relatado, seguido pelo uso de drogas, ter tatuagem, ter sido submetido à hemodiálise e risco ocupacional” (Bezerra et al., 2007, p.660).
Rodrigues Neto e al. (2012) também tiveram como propósito investigar a prevalência da Hepatite Viral C em sujeitos usuários de serviço público de saúde do município paranaense de São José dos Pinhais, empregando na coleta dos dados um inquérito epidemiológico com amostra probabilística e estratificada de 5.017 pessoas voluntárias, submetidas a questionário e teste rápido anti-HCV. Dentre as conclusões, os autores destacaram que “o estudo evidenciou baixa prevalência da hepatite C na população estudada, com predomínio em indivíduos do sexo masculino; solteiros, separados ou viúvos; com história de manifestação prévia de sintomas; com história de hemotransfusão; presença de tatuagem; e utilização de drogas (Rodrigues Neto et al., 2012, p.363).
O estudo de Jafari et al. (2020) ao partir do pressuposto de que a tatuagem constitui fator de risco para transmitir doenças pelo sangue, objetivou determinar o predomínio de tatuagem ao longo da vida, durante o encarceramento e os fatores associados entre prisioneiros iranianos. Os dados obtidos em pesquisas de rastreamento de hepatites B e C em prisões, no período de 2015 a 2016, foram selecionados por amostragem aleatória entre 12.800 prisioneiros, distribuídos em 55 prisões de 19 províncias do Irã, de maneira que
A prevalência de tatuagem ao longo da vida e durante o encarceramento entre os presos era significativamente alta, especialmente em grupos de alto risco, como prisioneiros usuários de drogas injetáveis e indivíduos sexualmente ativos. Dado o papel da tatuagem, uso de drogas e sexo extraconjugal nas doenças transmitidas pelo sangue, recomendam-se programas de redução de danos para diminuir esses comportamentos de alto risco nas prisões. (Jafari, 2020, p.296)
Por fim, objetivando relatar práticas e cuidados que estudantes de uma universidade pública de Campinas possuem com suas genitálias, Giraldo et al. (2013) realizaram um estudo por meio do qual descreveram os costumes de 346 estudantes (das áreas de biológicas, extas e humanas) que se voluntariaram a responder um questionário com 42 perguntas concernente ao uso de tatuagens, piercings corporais, roupas íntimas, depilação e práticas sexuais. Os autores concluem que,
Curiosamente, apesar do nosso estudo se tratar de uma população jovem em uma época em que a tatuagem e o piercing são práticas populares nos países ocidentais, constatamos um número perto de zero para ambos os adornos. A baixa incidência desses adornos em estudantes universitárias pode estar relacionada à maior consciência dessas mulheres quanto aos riscos associados ao uso desses adornos devido ao seu mais alto grau de escolaridade. É possível que em mulheres com nível de escolaridade menor a incidência desses adornos seja mais alta pela falta de instrução [...]. Conclui-se que mulheres jovens de universidade pública brasileira possuem alguns hábitos inadequados de cuidados relacionados à sua área genital. Embora não usem piercing ou tatuagens genitais, relatam ter dor no ato sexual e corrimento vaginal após o sexo em um grande número de casos. (Giraldo, 2013, p.405-6)
Quarto eixo: a nova geração de tatuadores
O quarto e último eixo temático diz respeito aos estudos voltados para a nova geração de tatuadores das duas últimas décadas do século XXI, especialmente por diferirem dos tatuadores que os antecederam.
A partir da oposição entre a velha figura do tatuador, tido como um artesão da pele, e a nova figura do tatuador, considerado como um artista, Ferreira (2014) dedicou-se a estudar o contexto atual desse mercado de trabalho com a participação da nova geração de tatuadores, resultando, segundo ele, em mudanças sociais consideráveis no interior dessa prática. Para tanto, entrevistou vinte tatuadores entre homens e mulheres, cuja faixa etária variou de 22 a 41 anos, com diferentes graus de escolaridade, em estúdios de Lisboa e arredores.
Com a entrada de novos e cada vez mais agentes provenientes de outros mundos artísticos, tem-se denotado um intenso processo de criativização do mundo da tatuagem por via da integração de novos processos, técnicas, metodologias, valores e exigências de trabalho provenientes dessoutros mundos das artes visuais […]. O valor da sua actividade e dos resultados gráficos que advém do seu exercício, já não o encontram na replicação mecânica de processos produtivos, competências técnicas, estilos, gestos e materiais habituais, geracionalmente transmitidos na relação mestre - aprendiz e adquiridos sob a forma de convenção no mundo da tatuagem. Onde a reprodução da tradição era feita de uma forma passiva e mecânica, hoje encontramos frequentemente numa atitude de activa regeneração e refundação. Sem denegar a importância dos saberes e saberes-fazer fundadores da tradição estabelecida neste mundo social, os tatuadores da nova geração entrecruzam-nos com aprendizagens dos contextos de formação artística por que passaram, renegociando convenções do mundo da tatuagem (históricas, estilísticas, técnicas e até materiais), e combinando-as com conhecimentos e convenções importadas de outros mundos artísticos. (Ferreira, 2014, p.103-4)
Interessados em pensar como se constituiu a carreira de tatuador no Brasil, cuja historicização do conceito apresentou a interdisciplinaridade como ponto nodal, DeLuca e Oliveira (2016) adotaram estratégias etnográficas com um tatuador de 34 anos de idade que vive e trabalha em seu próprio estúdio de tatuagem, em Porto Alegre (RS). Assim, entrevistas e conversas informais foram realizadas a partir de 2013 e no decorrer de 22 meses. Além disso, foram feitas também dez entrevistas com outras pessoas que de alguma forma estivessem relacionadas a ele e/ou à indústria da tatuagem local. Segundo concluíram os autores, os
[...] campos desviantes podem ser tomados como estratégia metodológica para contribuir, teoricamente, para estudos de carreira e, na prática, disseminar suas peculiaridades e organizações, mesmo para políticas públicas [...]. Apesar de considerarmos os tatuadores como desviantes, entendemos que esse campo é complexo o suficiente para contemplar outras perspectivas analíticas, como carreiras corporais […] e trabalho criativo. (DeLuca; Oliveira, 2016, p.14)
Considerações finais
Sem perder de vista o objetivo geral deste estudo, a saber, traçar um mapa da produção arbitrada da área interdisciplinar sobre tatuagem, procuramos a todo momento não tomar partido em prol de um autor em detrimento de outro, afinal, nosso propósito não foi interpretar os textos encontrados, mas, tão somente, apresentar a superfície discursiva sobre a qual as peças desse mosaico foram montadas. Por isso tal descrição assemelhou-se mais a um calidoscópio do que um puzzle. Nesse sentido, a título de conclusão, teceremos três observações.
Os estudos do primeiro eixo temático ao advogarem em prol da importância de se estudar/pesquisar a prática da tatuagem - cujo espraiamento no tecido social urbano contemporâneo justificaria a necessidade premente de apreender os motivos pelos quais os sujeitos têm almejado cada vez mais submeter-se a tal prática, sem distinção de idade, gênero, raça e/ou classe social -, tendem a celebrar como positiva a atitude de quem adere à prática da tatuagem como forma de afirmar um registro epidérmico autobiográfico. Valeria a pena perguntar se tal celebração não seria tributária de uma “psicologização da sociedade” como argumentou Almeida (2001) em seu estudo intitulado “Nada além da epiderme: a performance romântica da tatuagem”? Lembremos que a Psicologia nunca foi tão requisitada como nos dias que correm para opinar e, amiúde, laudar as problemáticas candentes do contemporâneo, dentre elas, a prática da tatuagem.
A segunda observação é que entre o primeiro e o segundo eixo há uma oposição; modos diferentes de abordar a tatuagem. A despeito de as duas perspectivas participarem de regularidades discursivas distintas, elas constituem discursos que ora saúdam, ora repelem a prática da tatuagem. Assim, a não tomada de posição de nossa parte é para evitar qualquer adesão a uma regularidade ou outra, afinal, o propósito aqui foi mapear os discursos nos referidos periódicos. Ou, dizendo de outro modo, “ao sair de uma garrafa, cada pessoa ver-se-á aprisionada em outra garrafa. A liberdade não está fora das garrafas, mas nas tentativas de nos libertarmos delas” (Veiga-Neto, 1996, p.308). Ao mapearmos essa superfície discursiva, temos como objetivo principal vislumbrar um plano geral da prática da tatuagem na contemporaneidade, pois dessa maneira podemos ponderar sobre nossos modos de vida no tempo presente, articulando os diferentes eixos e desdobramentos de tal prática.
A terceira e última observação refere-se ao quarto eixo, no sentido de que os novos tatuadores demandam complementar sua formação como tatuadores, realizando cursos mais vinculados ao campo artísitico em geral. Ou seja, nos dias atuais, não basta mais conhecer somente as técnicas para tatuar. É necessário tornar-se um profissional da tatuagem multidisciplinar e contemplar outros saberes, seja do ponto de vista jurídico e da regulação das tatuagens, seja do ponto de vista sanitário e da saúde pública, seja do ponto de vista do conhecimento da anatomia humana e também de técncas artísticas diversas as quais podem propiciar a tal profissional a invenção de maneiras diversas e singulares de grafar as peles. Além disso, como há uma variedade ampla de pessoas que se submetem à prática da tatuagem, as demandas e exigências também são diversas.
Assim, se hoje a estética da tatuagem foi incorporada por marcas de roupas, cartazes publicitários do Ministério da Saúde (MS) brasileiro, filtros solares, hidratantes, curtas e longas metragens, capas da revista PlayBoy entre tantos outros exemplos que poderíamos arrolar aqui, é porque está a dizer algo dessa época. Está a evidenciar o que estamos nos tornando. Está a apresentar a psicoesfera da espacialidade, da temporalidade e da corporeidade de uma época. Portanto, os discursos são acontecimentos concomitantes tanto à produção das espacialidades, das temporalidades e das corporeidades, quanto à produção de desejos, numa ambiência planetária atravessada pela circulação de textos e imagens, sobretudo em movimento. Imagens migrantes. Ninguém mais detém a força e velocidade de circulação das imagens, cujo porto de ancoragem são os corpos. Isso não quer dizer que vivemos numa época melhor ou pior do que nossos antepassados, mas que estamos a forjar outros modos de vida, outras condições de possibilidade desse período multifacetado, caleidoscópico.
Referências
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Notas
-
1
Disponível em: <https://diariomsnews.com.br/geral/negocios-mercado-de-tatuagem-vai-alem-da-arte-e-cresce-durante-a-crise/>. Acesso em 10 mai. 2021.
-
2
Disponível em: <https://www.hypeness.com.br/2020/08/tatuagens-com-tematica-coronavirus-ganham-popularidade-na-quarentena/>. Acesso em: 10 mai. 2021.
-
3
Projeto aprovado para o Programa Ano Sabático do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP, ano de 2020, intitulado “A tatuagem no Brasil: trajetórias e tendências de uma prática”.
-
4
Pontifícia Universidade Católica de Campinas.
-
5
Para mais detalhes sobre tal procedimento ver Passos, Kastrup e Escóssia (2009; 2014). Ressalta-se que há polêmicas, especialmente no âmbito acadêmico-científico, se a cartografia constituir-se-ia em um método de pesquisa, pois sequer Deleuze e Guattari (1995) chegaram a considerá-la desde esse ponto de vista a não ser como quinto e sexto princípio do rizoma, qual seja, “Princípio de cartografia e de decalcomania”.
-
6
Trasmitido pelo canal norte-americano Travel and Living Channel (TLC), pertencente ao conglomerado de mídia Discovery Inc.
-
7
Toffoli (2005) faz uma distinção entre a tatuagem criminal e a tatuagem carcerária. A primeira refere-se a um estilo que “tem como função primordial incluir ou excluir um determinado indivíduo de um grupo, por meio da marca que este traz tatuada no corpo […]. A representação de símbolos criminais segue uma ordem rígida modificada de acordo com convenções internas ao grupo que a utiliza, prevê atribuição hierárquica e revela um forte código guiado não pela lei escrita, mas pela honra” (ibidem, p.3). A segunda, por outro lado, “constitui um código fechado, ou seja, feito para ser interpretado por iniciados ao universo da criminalidade. Quanto mais exposto for o local do corpo onde a tatuagem se articula, mais econômica em termos de elementos gráficos ela será, assim como mais enigmática” (Toffoli, 2005, p.4).
-
8
Diz respeito ao “desejo de exaltar o poder criador dos fotógrafos e desenhistas - até mesmo dos redatores e dos poetas - sempre livres, em última instância, de enriquecer ou de subverter o material figurativo, ou mesmo, muitas vezes, retórico, que se lhes propõe ou impõe” (Floch, 1987, p.50).
-
9
Profissional responsável por implantar piercings no corpo das pessoas. Para mais informações ver: <https://pt.wikihow.com/Se-Tornar-um-Body-Piercer>. Acesso em: 12 abr. 2021.
-
10
“As verrugas são afecções cutâneas frequentes, provocadas pelo papilomavírus humano (HPV), um DNA vírus de distribuição universal” (Veasey et al., 2020, p.80).
-
11
“Todas as doações foram voluntárias, não remuneradas, sendo considerados como primodoadores os indivíduos que se apresentaram como candidatos à doação de sangue pela primeira vez. Doadores habituais foram excluídos do estudo no intuito de se evitar distorções na estimativa de prevalência, uma vez que estes indivíduos já haviam se submetido a rastreamento sorológico anteriormente, constituindo-se, portanto, uma amostra pré-selecionada. Foram também excluídos militares ou indivíduos encaminhados por empresas, devido à dificuldade de se estabelecer a espontaneidade dessas doações” (Martelli et al., 1990, p.271).
-
12
Trata-se de um teste empregado para identificar pacientes com sífilis; a tradução literal desta sigla é Laboratório de Investigação de Doenças Venéras.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
20 Mar 2023 -
Data do Fascículo
Jan-Apr 2023
Histórico
-
Recebido
17 Jun 2021 -
Aceito
01 Set 2021