Open-access O pequeno Édipo: a escuta de uma criança que “desconhece a sua origem”

Little Oedipus: listening to a child who “does not know his origin”

El pequeño Edipo: escuchando a un Niño que “No conoce su Origen”

Le petit Œdipe : l’écoute d’un enfant qui « ne connaît pas son origine »

Resumo

Este estudo é um relato de experiência referente a um acompanhamento psicoterápico realizado com um menino de 9 anos, gerado por meio das tecnologias reprodutivas e que desconhece sua concepção. As discussões apresentadas emergiram durante as supervisões de estágio supervisionado em um serviço-escola de psicologia no período de maio a novembro de 2019. Durante as sessões, a criança trazia conteúdos a respeito de mitologia, natureza, filmes e jogos que, ao serem explorados em setting analítico, desvelaram o seu interesse em questões da sexualidade, da origem dos bebês e de sua própria concepção. Por meio deste relato, espera-se colaborar com reflexões sobre a omissão da concepção, em específico a reprodução assistida, e, ainda, possibilitar um aumento e uma atualização de estudos sobre a clínica psicanalítica com crianças no Brasil, de forma que venha a promover novas perspectivas de análise e contribuições.

Palavras-chave: psicanálise infantil; tecnologias reprodutivas; segredos; complexo de Édipo

Abstract

This experience report refers to a psychotherapeutic counseling attended by a nine-year-old boy conceived through reproductive technologies and unaware of his conception. The discussions presented here emerged during a supervised internship at a Psychology School Service from May to November 2019. During the sessions, the child alluded to mythology, nature, movies and games contents which when explored in an analytical setting unveiled his interest in issues of sexuality, the origin of babies, and his own conception. We expect this report to collaborate with reflections on the omission of conception, especially in the context of assisted reproduction, and to increase and update child psychoanalytic research in Brazil, as to promote new perspectives of analysis.

Keywords: child psychoanalysis; reproductive technologies; secrets; Oedipus complex

Resumen

Este estudio presenta un reporte de experiencia sobre un seguimiento psicoterapéutico de un niño de 9 años, generado mediante tecnologías reproductivas y que no conoce su concepción. Las discusiones presentadas surgieron durante las prácticas supervisadas en un Servicio Escolar de Psicología en el período de mayo a noviembre de 2019. Durante las sesiones, el niño trajo contenido sobre mitología, naturaleza, películas y juegos, que cuando se exploraba en un entorno analítico reveló su interés en temas de sexualidad, de origen de los bebés y de su propia concepción. Se espera mediante este reporte colaborar con las reflexiones sobre la omisión de la concepción, específicamente a la reproducción asistida, y también permitir un aumento y actualización de estudios de la clínica psicoanalítica infantil en Brasil, para que así se promuevan nuevas perspectivas de análisis y contribuciones.

Palabras clave: psicoanálisis infantil; tecnologías reproductivas; secretos; complejo de Edipo

Résumé

Ce rapport d’expérience fait référence à un suivi psychothérapeutique réalisé avec un garçon de neuf ans conçu par des technologies de la reproduction et n’ayant pas conscience de sa conception. Les discussions présentées ici ont émergé lors d’un stage supervisé dans un service scolaire de psychologie de mai à novembre 2019. Au cours des séances, l’enfant a fait allusion à des informations sur la mythologie, la nature, les films et les jeux qui, lorsqu’il ont été explorés dans un cadre analytique, ont dévoilé son intérêt pour les questions de sexualité, l’origine des bébés et sa propre conception. Nous espérons que ce rapport collaborera avec les réflexions sur l’omission de la conception, en particulier dans le contexte de la procréation assistée, et qu’il augmentera et mettra à jour la recherche psychanalytique sur l’enfant au Brésil, afin de promouvoir de nouvelles perspectives d’analyse et de contributions.

Mots-clés: psychanalyse de l’enfant; Technologies de reproduction; Les secrets; complexe d’Œdipe

Introdução

Que venha o que vier, mas minha origem, por humilde que seja, eu quero conhecer! . . . Tal é minha origem; nada mais poderá modificá-la. Por que, pois, haveria eu de renunciar a descobrir o segredo de meu nascimento? Édipo Rei (Sófocles, 496-406 a.C./2001, p. 56)

A reprodução assistida é a junção de técnicas reprodutivas que possibilitam que casais inférteis sejam pais, seja por meio da doação de óvulos, doação de sêmen, adoção de embriões ou útero de substituição. Tal avanço da tecnologia favoreceu o surgimento de novas formas de parentalidade e conjugalidade, tais como paternidade homoparental, famílias uniparentais, produção independente e filho de reprodução assistida.

Nesse novo contexto de concepção, estudos internacionais mostram uma forte tendência dos pais a não revelar aos filhos a forma como foram concebidos. A pesquisadora Susan Golombok, diretora do Centro de Pesquisa de Psicologia da Família e da Criança da City University, em Londres, é responsável pelo desenvolvimento de vários estudos relativos a famílias provenientes de reprodução assistida. Em 2005, um de seus estudos sugere que os filhos devem receber a informação em termos simples assim que eles possam entender o conceito geral, o que provavelmente ocorre até antes da idade escolar. Nessa ideia, desenvolveram-se vários estudos sobre os padrões de relato dos pais, a qualidade de seu relacionamento com seus filhos e as implicações na adequação socioemocional destes (Lycett, Daniels, Curson, & Golombok, 2005).

Na Inglaterra, 46 famílias com filhos com idade entre 4 e 8 anos, concebidos por meio de inseminação, foram entrevistadas no estudo de Sommer e Saavedra (2008) a respeito de sua decisão, da razão e da preocupação com relação à revelação para a criança. Houve maior inclinação por parte deles a omitir o tema da inseminação (61%), oferecendo como principais razões o sentimento de que não havia um motivo para contar a verdade e, também, o desejo de proteger os membros da família. Por outro lado, as duas principais razões a favor da exposição sobre o método foram evitar descobertas acidentais e o desejo de serem honestos. O estudo ainda relata que 44 dos filhos que foram informados reagiram tanto com curiosidade ou com desinteresse e que seus pais descreveram a experiência como positiva (Sommer & Saavedra, 2008). Ludwig et al. (2008) também estudaram tal problemática utilizando um questionário com 1.614 famílias que utilizaram injeção intracitoplasmática (ICSI). Seus achados demonstraram que as razões principais para não se revelar à criança o método utilizado é que os pais pensam que isso não é relevante para a criança ou mesmo para protegê-la dessa informação (Ludwig et al., 2008).

As questões que envolvem o conhecimento sobre a própria origem já haviam sido explanadas por Freud (1907/1976) ao se referir às teorias sexuais infantis formuladas pelas crianças a respeito de sua concepção e seu nascimento. Nesse contexto, Freud (1907/1976) expõe a necessidade da sexualidade ser tratada como assunto digno de ser conhecido desde os primeiros anos de vida, assim como é feito com outros temas explicados nos anos iniciais da criança. Quando se trata de expor ou omitir essas questões da origem, Dolto (1980) revela o caráter negativo e danoso que a omissão pode representar para o psiquismo do sujeito. Este depende do reconhecimento de sua história pelo outro, que pode restitui-la à criança. O segredo se torna, então, um fator que contradiz os processos da constituição psíquica, posto revogar da criança o acesso do que constituiria a sua própria história.

No que se refere à dependência por parte das crianças do reconhecimento de um outro, faz-se mister resgatar, neste ponto, um pouco do percurso pelo qual elas passaram ao longo da história para começarem a ser reconhecidas como sujeitos dotados de desejos e necessidades. Assim, cabe assinalar que a infância tomou diferentes conotações no imaginário da humanidade em todos os aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos, de acordo com cada período histórico (Ariès, 1981). Nesse sentido, é afirmada a construção histórica que teve o conceito ou a ideia sobre infância. A criança, durante muito tempo, não era compreendida como um ser em desenvolvimento, com suas próprias características e necessidades, mas, sim, como “homens de tamanho reduzido” (Ariès, 1981, p. 18). Além disso, a afeição não era vista com importância no contexto familiar. Ariès (1981) apresenta o surgimento da noção de infância apenas no século XVII, em conjunto com as transformações que começaram a vir com a transição para a sociedade moderna.

Enquanto disciplina que carrega as marcas da sociedade moderna, a psicanálise direciona seus estudos ao sujeito do inconsciente, seja ele adulto ou criança. A infância é digna de interesse e alvo privilegiado de investigação. A psicanálise com crianças tem várias vertentes, destacando-se como pioneiros(as): Sigmund Freud, Sabina Spielrein, Melanie Klein, Françoise Dolto, Donald Winnicott, Maud Mannoni e Arminda Aberastury. Apesar de terem suas diferenças nas teorias, todos defendem a capacidade que a criança tem de expressão e de ser escutada a partir de seu próprio desejo, e é por esse princípio que existe toda e qualquer psicanálise com crianças (Costa, 2010). Quando desenvolvida com crianças, ela tem uma especificidade em relação à clínica com adultos, levando em consideração que o público infantil tem características comportamentais que lhe são próprias. É importante ressaltar que, embora a criança tenha limitações em seu discurso no que diz respeito à capacidade de verbalizar, é capaz, sim, de fazer associações livres, ainda que diferentemente do adulto: por meio do brincar ou de expressões artísticas (Costa, 2010).

Desse modo, este relato de experiência tem como objetivo abordar como o desconhecimento da própria concepção se manifestou na clínica psicanalítica com uma criança gerada por meio das tecnologias reprodutivas. Apontamos a relevância científica e social deste estudo, uma vez que se trata de um relato sobre as consequências emergentes na clínica psicanalítica das omissões referentes ao processo de concepção de uma criança, que se torna uma porta-voz dos conteúdos do qual a dinâmica familiar tenta omitir. Por fim, este relato possibilitará um aumento e uma atualização do acervo da clínica psicanalítica infantil, em uma conjuntura na qual o uso de tecnologias reprodutivas se torna cada vez mais comum, de forma a promover novas perspectivas de análise e contribuições.

A história de Ariel

A criança do relato teve seu nome modificado, bem como foram omitidos e alterados muitos dados que pudessem vir a identificá-la. Embora não se trate de uma pesquisa, este relato contou com o consentimento dos responsáveis e com o assentimento da criança, a quem foi dado o nome fictício Ariel. O nome foi escolhido pelo fato de ele acreditar ser uma sereia e por algumas vezes trazer uma ambivalência no gênero dessa personagem, ora sendo “sereio”, ora sendo “sereia”, de modo que se optou por um nome que fosse compatível com qualquer gênero. Ele estava com 9 anos e havia sido concebido por meio de reprodução assistida. Seus pais eram amigos que decidiram ter um filho juntos: o pai era infértil por causa da idade, e a mãe, embora já tivesse vivenciado a maternidade, encontrava-se em um relacionamento homoafetivo. Assim, decidiram recorrer à tecnologia reprodutiva. Por mais que nunca tenham tido um relacionamento amoroso, decidiram, ainda, registrar a união em cartório e, posteriormente, regulamentar a guarda compartilhada da criança.

Ariel começou o processo psicoterápico no primeiro semestre de 2019, tendo completado 20 sessões de psicoterapia breve de orientação psicanalítica fundamentada nas teorias de Sigmund Freud e Françoise Dolto. Inicialmente foi feita uma anamnese com os responsáveis, que trouxeram como demanda a dificuldade de aprendizagem do filho, que cursava o ensino fundamental I e tinha um laudo de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) resultante de atendimento psicológico anterior. O pai relatou discordar do laudo e via a necessidade de outra avaliação que comprovasse o oposto para a escola. Justificava que o laudo tinha retirado da escola a responsabilidade da atual dificuldade no aprendizado do filho, ao passo que a mãe se posicionava em aceitação ao discurso paterno.

O laudo fez que a escola disponibilizasse uma mediadora - profissional que acompanha exclusivamente um aluno durante as aulas -, mas a criança apresentava dificuldade em aceitar a ajuda desta. Ademais, a criança acreditava que o acompanhamento da mediadora era desnecessário e, por efeito disso, sentia-se excluída em relação aos colegas de sala, o que fez que criasse estratégias para não permanecer ao lado da mediadora durante a aula, dirigindo-se frequentemente às carteiras dos demais colegas. Sobre isso, acredita-se que a sua mobilidade na sala, decorrente do desejo de esquivar-se da mediadora, pode ter endossado o seu diagnóstico.

A criança que chegou ao setting terapêutico não apresentou sintomas condizentes com a queixa dos pais. Em contraponto, tinha muito interesse em diferentes assuntos e empreendia pesquisas para ampliar seu conhecimento. Nesse contato, também se observaram alta criatividade e riqueza de detalhes em suas histórias, mas sem vinculação a conteúdos do ambiente escolar. Não foi identificada correspondência entre a principal demanda dos pais e da criança, e o processo se desenvolveu com o objetivo de conduzir à identificação de conflitos inconscientes atuando na manutenção dos sintomas do paciente. Para tanto, parte-se da constatação dos estudos de Dolto (1971/1988), para quem os sintomas da criança estão atrelados ao inconsciente dos pais, às suas vivências, a fantasmas edípicos e a conteúdos inconscientes atuando na geração dos filhos, o que torna fundamental a investigação da dinâmica familiar. Dolto (1980) acrescenta que o sintoma da criança está ligado à estrutura familiar, provocando no psiquismo da criança um efeito a respeito daquilo que é negado no discurso parental. Assim, mostra-se importante a participação dos pais para revelar questões que estão em “segredo”.

A proposta da psicanálise sempre foi, portanto, a escuta do sujeito inconsciente, aquele que demanda, que deseja, neste caso, a criança. Independentemente da idade, a psicanálise é o compromisso recíproco, embora assimétrico, de dois inconscientes - (1) paciente e (2) psicólogo (Leitão & Cacciari, 2017) -, sendo este último aquele que deve sustentar a aposta no sujeito que se encontra por advir por meio da linguagem. Ariel, tendo preferência por contar histórias, chegava carregado de conteúdos fantásticos a respeito de mitologia, natureza, filmes e jogos, que, ao serem explorados em setting analítico, desvelaram seu interesse por questões da sexualidade, da origem dos bebês e de sua própria concepção.

De onde vêm os bebês?

Em busca de descobrir sua origem, as crianças dirigem seu questionamento a um adulto, compreendido como detentor da verdade. Geralmente as respostas são evasivas, não respondidas ou até mesmo inventadas, como a clássica história da cegonha. Freud (1908/1974) traz uma análise da não eficácia dessas teorias e afirma que as crianças, após essa primeira decepção e recusa, começam a desenvolver uma desconfiança dos adultos, imaginando a presença de algo proibido que os adultos ocultam. Com isso, acabam por continuar suas pesquisas em segredo. A criança, assim, vive um primeiro “conflito psíquico”, que serve de base à neurose. Nisso, há a desconfiança e uma interrogação que desenvolve um caminho que busca decifrar esse enigma (Freud, 1908/1974).

Propomos que esse movimento da criança de construir suas próprias teorias acerca da sexualidade, ignorando as explicações que lhes dão os adultos sobre a origem dos bebês, seja um movimento de pôr-se em ato. “A criança confronta o discurso do adulto em uma investigação própria, onde suas cartas não serão mostradas ao adversário. . . . Uma investigação da qual ela se faz agente justamente pela exclusão do Outro” (Dunker, 2005, p. 148). É nessa posição de agente, daquele que atua, que se coloca em cena e produz efeitos, que a criança se apresenta na elaboração de suas teorias. O efeito maior é a “produção” de uma ficção, a ficção de um sujeito: a do si mesmo (Costa, 1998).

Essa forma de lidar com a temática da sexualidade teve repercussões na psicoterapia, pois logo nas primeiras sessões notou-se o que parecia ser insegurança no discurso da criança. Algumas vezes, ele questionou a razão do interesse da estagiária de psicologia em querer saber sobre ele. Ainda, disse ter pesquisado na internet os motivos de os psicólogos guardarem os desenhos dos pacientes. É posta uma possível descrença no discurso dos adultos, a despeito de eles sempre guardarem segredos, e uma busca por conta própria dessas verdades.

Ariel diversas vezes justificou o seu interesse em fazer pesquisas como um desejo de querer conhecer conteúdos ainda desconhecidos, trazendo a palavra “inconfiável” para se referir às situações em que constatava ausência de informações sobre novos conteúdos. O conteúdo a respeito da origem dos bebês apareceu de diversas formas: a primeira delas manifestou-se na curiosidade a respeito dos girinos que se transformavam em sapos, seguida pelo interesse por lombrigas, que ficam dentro da barriga de pessoas que se alimentam de doces e carne de porco, e pelos peixes, que, por seu modo de vida aquático, lembram a vida intrauterina. Ademais, surgiram personagens marcantes de suas histórias que se assemelhavam às características ressaltadas de quando falava dos espermatozoides. Ainda, quando trazia seus brinquedos preferidos, escondia de sua mãe por debaixo da blusa, na região da barriga, e pedia para que a estagiária adivinhasse o que estava escondido. Tal movimento pode ser visto como uma resposta aos pais por omitirem sua origem, o qual parecia convocá-lo a desvendar tal mistério.

A disciplina freudiana discorre sobre a importância de criar uma teoria para a sua própria história, sendo ela ligada à cena primária - o coito dos pais (Abrão, 2014). Neste caso, o paciente explorava sobre como seria esse coito e, conforme relato dos pais, já havia sido visto empreendendo descobertas sexuais com a irmã. Após dizer que suspeitava que seus pais não tenham tido coito para que ele nascesse, identificou-se nas sessões a presença de novos enigmas, agora sobre a sua própria origem, a qual não dependeria exclusivamente do sexo para o nascimento. Começou a trazer nas sessões perguntas mais diretas sobre o sexo, questionando se havia outras formas de se ter um filho, o que é masturbação ou sobre os motivos de casais homoafetivos terem relação sexual se não terão filhos, e se caso essa relação sexual fosse com seis homens, poderia gerar um filho. Ao interrogar sobre formas diferentes de vida e suas transformações, suas questões mobilizaram a reconstrução da própria história filogenética da humanidade, de modo que esta pudesse dar conta da origem dos bebês e de onde ele poderia ter vindo, uma vez que mesmo sem o coito ele foi gerado.

O Infamiliar

Em muitas de suas teorias, Freud reconheceu o valor dos mitos para entender o psiquismo - como Édipo Rei e o mito do Narciso -, utilizando-os para pensar as verdades mais profundas do sujeito, as quais expressam aspectos fundamentais para a constituição do funcionamento emocional. Essa constatação ofereceu relevo às histórias contadas pela criança estudada, marcadas por elementos de mitologia e terror, revelando o interesse de Ariel por personagens mitológicos como a Medusa, as sereias, sátiros e minotauro, com corpos anômalos, familiares e “estranhos”, representantes do conceito cultural de híbridos fantásticos.

A contação de histórias é uma forma por meio da qual o sujeito, via discurso, apresenta a relação que mantém com suas fantasias. Freud (1908/1974) destaca que a capacidade criativa e os devaneios dependem de uma mediação executada pelo ego entre elementos internos e a sua relação com o verbal, com a instância do pré-consciente. Os escritores criativos têm essa capacidade de transitar, em seus textos, por essas fantasias comuns a todos nós; pela via do devaneio eles estabelecem um importante meio de contato com o mundo interno.

A emergência de personagens com aspectos híbridos, geradores de curiosidade e desejo, permitiu a criação de narrativas fantásticas entre humanos e animais. Essas figuras míticas de corpos admiráveis trazem uma direção de outros modos de ser e geram inquietação quanto ao que é humano ou não (Garland-Thomson, 1996). Marcados por um limite - seja na corporeidade reconhecidamente humana presente nas sereias, seja nos territórios, pois esse “monstro” do imaginário europeu dos séculos XIII ao XVII morava principalmente em terras distantes e pouco exploradas -, esses personagens trouxeram novamente a questão da busca por decifrar o enigma da origem e nos levar a terras desconhecidas (Kappler, 1994).

Na psicanálise, as fantasias originárias e os mitos também têm o caráter de solução de enigmas associados à própria origem e à castração (Dunker, 2017). Ao tentar conhecer e desvelar o enigma da sua concepção, presume-se que Ariel bordeia o desejo e a castração, representados em seres mitológicos e híbridos fantásticos. Para Freud (1907/1976), é após o encontro com o enigma da sexualidade e com a própria castração que dele decorre que a criança direciona seu interesse à busca do conhecimento. Nesses termos, a forma como a criança se deparará e lidará com a castração será responsável por definir como se estabelecerá sua pulsão de saber (Dunker, 2017), muito presente na criança em análise.

Também as cobras, participantes do mito de Medusa, eram recorrentes nas histórias criadas no setting, sendo um dos grandes medos de Ariel e representantes da castração. Na visão de Freud (1996), o medo é desencadeado pela ameaça de castração, pelos desejos recalcados, pelos processos primitivos de pensamento - tais como a onipotência e a projeção. Para ele, a realidade psíquica seria não apenas fonte de estranheza, mas causa dos principais elementos causadores de nossos temores, de modo que o reino da fantasia acaba por ser comparado com os sonhos, tendo essa capacidade de representar de forma consciente os medos e desejos reprimidos inconscientes.

No texto “A Cabeça de Medusa”, Freud (1996) traz uma relação do mito da Medusa com a castração. A decapitação da cabeça dessa figura mitológica seria o ato de castrar, o que fica explícito não somente no medo que tinha de Medusa, com seu cabelo cheio de cobras, mas nas narrativas que constrói sobre ela, ocasião em que Medusa luta contra Perseu, ele a decapita e dela saem três filhos - “Meduso, Kraken e Unicórnio” -, o que permite a Ariel reunir sob o mesmo ato dois enigmas da humanidade: (1) a morte, representante inequívoca da castração; e (2) a origem marcada pelo nascimento.

Para pensar o estranho ou anormal que cerca as histórias de Ariel, recorremos a “Das Unheimliche” Freud (1976), um importante estudo sobre as relações com o sombrio do mundo e de nós mesmos. Unheimlich é uma palavra que não tem uma tradução equivalente na língua portuguesa. Em um estudo do termo, Heim recebe o significado de “lar”, acompanhado da significação de familiaridade, de tranquilidade e satisfação íntimas; Heim também é a raiz de Geheimnis, sendo definido como “segredo”. Assim, Unheimlich pode significar algo que é “desfamiliar” e “desconhecido”, mas também aquilo que deve permanecer escondido. O escrito foi traduzido no Brasil como O inquietante, O estranho, O infamiliar.

Antes desse estudo de Freud, em 1906, o psiquiatra alemão Ernst Jentsch (1996) trouxe o “estranho” relacionado à nossa incerteza sobre um objeto aparentemente inanimado, de alguma forma, poder ser dotado de vida autônoma. À época, ele se referia à impressão transmitida por figuras de cera, autômatos e fantoches. Na literatura, a figura do autômato como causador do “estranhamento” pode ser lembrada na personagem da boneca Olímpia, pela qual Nathanael, protagonista do conto “O homem da areia” (de E. T. A. Hoffmann, publicado pela primeira vez em 1817), apaixona-se perdidamente acreditando tratar-se de uma mulher real (Freud, 1996). Inclusive, esta é a obra que Freud utilizou em seu estudo “Das Unheimliche”.

Em aproximação, podemos citar Chucky, Annabelle ou personagens do jogo norte-americano de terror e sobrevivência Five Nights at Freddy’s, que são possuídos por espíritos de crianças que foram assassinadas, personagens bem presentes nas histórias do Ariel. Destaca-se que o fascínio da criança por esses personagens, mencionados recorrentemente em suas histórias, era acompanhado por conteúdos de morte, agressividade e rejeição, manifestos em cenas de assassinato, lutas e no menosprezo que algumas vezes recaía sobre eles. O Infamiliar nos traz a ideia de algo que já foi familiar, mas proibido e recalcado, e, assim, pode-se teorizar que a frequente aparição desses personagens e dos afetos despertados enquanto os interpretava poderia estar ligada aos conteúdos recalcados que um dia foram familiares a Ariel, mas que assumiam características estranhas quando incorporados aos fantoches.

O pequeno Édipo

Os mitos podem ser pensados na perspectiva de ilustrar as origens da humanidade, ou seja, contam como o ser humano se tornou o que é (ou quem é) atualmente. Partindo da compreensão de que “O real pode ser mitologizado tanto quanto o mítico pode engendrar fortes efeitos de realidade” (Huyssen, 2000, p. 16), a teoria psicanalítica diversas vezes recorreu aos mitos de origem, referências e metáforas mitológicas utilizados para abordar e explicar as características do presente e, também, preencher lacunas teóricas que surgiam quando algum conteúdo não era claro.

Nisso, podemos citar a tragédia grega de Sófocles (496-406 a.C./2001), Édipo Rei. Édipo, filho de Laio, rei de Tebas, foi rejeitado quando criança após seu pai ser informado de que o seu filho seria seu assassino. A criança foi salva e cresceu como príncipe numa corte estrangeira dos reis de Corinto, até que, em dúvida quanto à sua origem, também Édipo interrogou o oráculo e foi alertado para evitar a cidade de Corinto, já que estava predestinado a matar seu pai e se casar com sua mãe.

Fugindo da profecia, encontrou-se com o Rei Laio e, sem saber que era o seu verdadeiro pai, ele o mata. Em seguida dirigiu-se a Tebas e decifrou o enigma apresentado pela Esfinge que lhe barrava o caminho. Por gratidão, os tebanos fizeram-no rei e lhe deram a mão de Jocasta em casamento. Ele reinou por muito tempo e aquela que, sem que ele o soubesse, era sua mãe, deu-lhe dois filhos e duas filhas. Por fim, então, houve uma peste e os tebanos mais uma vez consultaram o oráculo, e é nesse ponto que se inicia a tragédia. Os mensageiros trazem de volta a resposta de que a peste cessará quando o assassino de Laio tiver sido expulso do país. A trama finaliza com a revelação de que Édipo havia matado o seu pai e se casado com sua mãe.

Um dos pontos que pode ser ressaltado nesse mito é o desejo da morte do pai no Complexo de Édipo. Há uma ambivalência na relação com o pai, por ser ele quem impede o acesso à satisfação incestuosa no Complexo de Édipo, tornando-se o organizador psíquico, porém, esse impedimento também está envolvido na origem da fantasia de assassinato do pai. Sobre isso, cabe destacar que a agressividade e a fantasia de morte do pai eram recorrentes nas sessões. O desejo da morte, expresso por Ariel, parece demonstrar uma fuga libertadora das imposições e condutas autoritárias do pai, sendo este representado nas histórias da criança como um caçador que ameaçava, feria ou matava.

Outro ponto significativo na história de Édipo são as marcas de origem em seu corpo. Quando Laio descobriu a profecia de que seria vítima do filho, mandou que o matassem, amarrando-lhe os pés e o atirando de uma montanha. A ordem do rei não foi cumprida, porém, os pés de Édipo guardavam a memória da sua origem, evocando o seu passado. A marca da exclusão está eternizada (Machado, 2019). Na penúltima sessão, em uma busca para justificar sua origem sem o coito dos pais, a criança trouxe a teoria de ser uma sereia, pois tinha membranas entre os dedos das mãos que se assemelham às dos animais aquáticos e, como Édipo, tenta encontrar um passado fora do seu alcance.

Chama atenção a cadeia associativa de ideias formulada nesse mesmo atendimento: disse ter sido mordido por um peixe enquanto pescava, e essa rememoração encadeou um discurso sobre as mudanças que as sereias sofreram no decorrer dos anos, finalizando com um desenho dessas mudanças. Em seguida, ele desenhou a si próprio como uma sereia, sua mãe como uma sereia e o seu peixe, que faleceu na mesma semana. Ariel explicou que se tornou uma sereia após ser mordido. Na história, ele está nadando e uma sereia passa por ele e o morde. Fica subentendido que a mãe da criança é esta sereia, e é a mordida dela que o origina. O pai não está presente na história em que a criança se retratou como um ser marinho. Enquanto Édipo tem a sua origem nos pés, esta criança assimila quem é pelas mãos. Tal como o mito se mostra como uma das principais exemplificações dessa busca por respostas aos questionamentos sobre a origem das coisas do mundo, observou-se nesta criança a busca por desvendar enigmas sobre si. Então, é sobre esse desejo que se move Édipo, é sobre este que todos nós criamos perguntas. De onde nasci? Quem sou? Estes não eram apenas questionamentos de Édipo Rei, mas também desse pequeno Édipo.

A direção do tratamento diante da construção narrativa de seu mito originário apoiou-se na relação transferencial e na pontuação do discurso, ao passo que a transferência criou condições para fazer emergir o sujeito do inconsciente, com seu mito individual exposto nessas narrativas. A pontuação permitiu legitimar seus questionamentos, em oposição à repressão empreendida pelos pais e a uma possível oferta de verdade que pudesse interromper a produção de respostas pela criança. Ao empenhar-se na decifração de seu enigma, Ariel formulou construções contíguas, que vão da vida dos girinos à origem das sereias, revelando um desdobramento em cadeia que lhe permitiu situar-se enquanto sujeito diante delas.

Adverte-se que a “cura” não se apresenta em psicanálise como um objetivo do analista, tampouco ele deve buscá-la em cada sessão. Diante da possibilidade de que o paciente se livre de seu sofrimento, é preciso que o analista permaneça aberto para que o analisando o surpreenda (Nasio, 1993). A expressão e o desenvolvimento de suas fantasias operam de forma que reelabore sua relação com o outro e consigo mesmo, neste caso, a respeito de sua origem e sua família. Assim, entendemos que a direção do tratamento de Ariel não visa à sua adequação à escola ou à família, mas à criação para a sua própria constituição subjetiva.

Uma vez que o desejo de saber surge para as crianças como repercussão de suas buscas no campo da sexualidade, avalia-se no sintoma de Ariel uma solução de compromisso em que um suposto “não querer saber”, identificado pela professora como dificuldade de aprendizagem, encobre sua curiosidade e busca pelo conhecimento, sendo a psicoterapia de orientação psicanalítica uma alternativa que se mostrou profícua na legitimação e no acompanhamento de suas buscas por respostas, as quais não se limitam à biologia e ao científico, pois implicam o conhecimento além da consciência.

O direito à verdade

Quando conversado com os pais sobre a importância de comunicar à criança sobre tais assuntos, eles externaram a incapacidade dela em compreendê-los e o fato de não sentirem necessidade de verbalizar sobre essa temática como razão para a manutenção do segredo, o que acaba condizente com o estudo britânico que revelou que os pais ocultam a verdade sobre a concepção porque pensam que isso não é relevante à criança ou mesmo para protegê-la dessa informação (Ludwig et al., 2008). Dolto (1980), por sua vez, destaca o caráter negativo e danoso que o segredo pode representar para o psiquismo, tendo em vista que este depende do reconhecimento de sua história pelo outro que pode restituí-la à criança. Nessa perspectiva, o segredo se torna um fator que contradiz os processos de desenvolvimento da subjetividade, posto a retirada da criança do acesso ao que constituiria a sua própria história.

Quando os pais decidem ocultar algo sobre a origem e a história dos filhos, é gerada a possibilidade de mentir para a criança. Sendo assim, a mentira dos pais permite a competência que a criança adquire de definir sobre os pensamentos que deseja ou não comunicar. Sobre isso, Aulagnier (1976, p. 149) fala que a criança acaba por “se descobrir capaz de mentir, descobrir que o Outro pode crer num enunciado mentiroso, representa o primeiro e mais decisivo golpe na crença da criança acerca da onipotência parental”. Essa questão era vista constantemente com a criança em atendimento, muitas vezes trazendo narrativas como ter conhecido o criador do jogo Five Nights at Freddy’s no supermercado e este ter pedido sua ajuda para desenvolver jogos, ou até mesmo os vários animais de estimação que ele tinha, mas que não foram apresentados em anamnese com os pais.

A curiosidade do indivíduo se coloca como um decifrador de enigmas, e em uma busca por essa origem há o encontro de um percurso de terras desconhecidas. Contudo, ao se encontrar com a verdade ele se libertará dos enigmas que percorrem questões de sua origem. Dolto (2002) evidencia a relevância da comunicação clara com a criança. O silêncio que omite algo promove a angústia, e a verdade, quando expressa, permite construir-se. As crianças sempre sabem, e o sofrimento pela negação da verdade por parte dos adultos vem do fato de elas não conseguirem nomeá-lo. É necessário coragem para expor essa verdade, mesmo que não integralmente. Contudo, é possível não sabermos da verdade em todos os casos, mas é possível reconhecer o mal-estar no silêncio, no capítulo em branco de uma história. É necessário permitir ao indivíduo exercer o direito de nomear seu sofrimento e, assim, ser reconhecido e recomposto. Uma verdade que se espalhará em novos saberes e outras narrativas (Dunker, 2017).

Algo interessante que se mostrou nesse caso de reprodução assistida foi a reorientação que Ariel teve nessa busca por sua origem quando percebida a não participação da relação sexual dos pais, apresentando uma curiosidade sobre as relações sexuais que não geram filhos e sua provável origem como a de personagens fictícios que se transformam em algo ou eram possuídos por algum ser sobrenatural - como a Malévola, Annabelle, Chucky ou animatronics. Essa passagem permite resgatar a premissa de que é em seu drama particular que o sujeito infantil é convocado a se iniciar na construção do si mesmo e de si mesmo, a pôr-se em cena na sua própria invenção. O conhecimento se dá quando, em função de seus conflitos e questões pessoais, o sujeito é convocado a atuar, a agir. É no embate com a castração que o sujeito infantil é convocado a se inventar, a produzir conhecimento sobre si e sobre o mundo (Voltolini, 2006).

Até a finalização do processo psicoterápico, não foi informado pelos pais se ocorreu o diálogo com a criança sobre sua concepção. Houve uma orientação com eles sobre a importância desse feito, mas estes tiveram a autonomia para falar sobre isso. Contudo, o espaço analítico possibilitou que a criança colocasse em palavras suas angústias e construísse narrativas sobre si, para além da versão de incapacidade transmitida pela escola e, também, pelos pais.

Enfim, este relato trouxe a possibilidade de analisar os efeitos do segredo e a busca singular que uma criança pode empreender a respeito de sua origem. Verificam-se novas características de análise quando a criança está ligada a uma concepção diferente do que comumente é tida - o coito entre os pais. Tendo isso, ainda, se vê a importância de serem mais frequentes a discussão e os estudos psicanalíticos referentes às atuais questões que se implicam nos sistemas familiares, sendo eles monoparentais, homoafetivos, adotivos, entre outros.

Referências

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Abr 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    11 Jul 2022
  • Aceito
    08 Mar 2023
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