Resumos
Objetivou-se com esta pesquisa avaliar três sistemas forrageiros constituídos por Coastcross-1 (CC) + 100kg de N ha-1 ano-1 + ervilhaca comum; CC + 100kg de N ha-1 ano-1 + trevo vesiculoso; e CC + 200kg de N ha-1 ano-1. Durante o período experimental (345 dias), foram realizados treze pastejos. Para avaliação, foram utilizadas vacas em lactação da raça Holandesa. Foram avaliadas a massa de forragem, composição botânica, relação folha/colmo; taxa de acúmulo diário, produção e consumo de forragem; eficiência de pastejo e taxa de lotação. Os valores médios de produção de forragem e lotação foram de 21,0; 20,3 e 24,3t ha-1; 7,0; 6,5 e 7,7 unidades animais ha-1 dia-1, para os respectivos sistemas forrageiros. Melhores resultados foram obtidos no consórcio de CC com ervilhaca e no cultivo singular de CC
Cynodon; pastejo rotacionado; Trifolium vesiculosum; vacas em lactação; Vicia sativa
The objective of this research was to evaluate three grazing systems with Coastcross-1 (CC) + 100kg N ha-1 year-1 + common vetch; CC + 100kg N ha-1 year-1 + arrowleaf clover; and CC + 200kg N ha-1 year-1. Thirteen grazing cycles were performed during the experimental period (345 days). Lactating Holstein cows were used in the evaluation. The forage mass, botanical composition, leaf/stem ratio; daily accumulation rate, production and forage intake; grazing efficiency and stocking rate were evaluated. The average of forage production and stocking rate were 21.0, 20.3, 24.3t ha-1 and 7.0, 6.5, 7.7 animal units ha-1 day-1 for the respective forage systems. Better results were found on Coastcross-1 mixed with common vetch and Coastcross-1 alone
Cynodon; rotational grazing; Trifolium vesiculosum; lactating cows; Vicia sativa
INTRODUÇÃO:
A utilização de pastagens do gênero Cynodon tem crescido, especialmente em
propriedades leiteiras na região Sul do Brasil. Como vantagens dessas gramíneas,
destacam-se o elevado potencial de produção de forragem, resposta à fertilidade do solo,
adaptação a diferentes ambientes e flexibilidade de uso como pastagem, feno e silagem
(CARNEVALLI et al., 2001CARNEVALLI, R.A. et al. Desempenho de ovinos e respostas de pastagens de
coastcross submetidas a regimes de desfolha sob lotação contínua. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.36, n.6, p.919-927, 2001. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/pab/v36n6/a10v36n6.pdf>. Acesso em: 10 dez. 2013.
doi: 10.1590/S0100-204X2001000600010.
http://www.scielo.br/pdf/pab/v36n6/a10v3...
). Na maioria das
propriedades, essas culturas são estabelecidas singularmente, demandando níveis elevados
de adubação nitrogenada. Nessa sistemática, a introdução de leguminosas, devido a sua
capacidade de fixação simbiótica do nitrogênio atmosférico, pode reduzir o uso de
adubos, além de tornar o ambiente pastoril mais adequado, estendendo o período de
utilização do pasto e melhorando a qualidade da forragem.
As leguminosas em geral têm estabelecimento mais lento, devido à menor eficiência
fotossintética que as gramíneas, havendo, assim, dificuldade em se consorciar com
variedades como Coastcross-1 e Tifton 85, considerando o estabelecimento rápido, alta
produção de forragem, o caráter perene e competitivo dessas gramíneas. No entanto, por
serem sensíveis ao frio, há possibilidadede se introduzir espécies forrageiras de ciclo
hibernal, tanto leguminosas como gramíneas. Dentre as leguminosas, destacam-se a
ervilhaca, devido a sua grande capacidade de fixação de N e produção de massa (SULLIVAN, 2003SULLIVAN, P. Overview of cover crops and green manures. California:
ATTRA, 2003. 16p. Disponível em:
<http://attra.ncat.org/attra-pub/PDF/covercrop.pdf>. Acesso em: 01 out.
2013.
http://attra.ncat.org/attra-pub/PDF/cove...
; PINNOW et al., 2013PINNOW, C. et al. Qualidade industrial do trigo em resposta à adubação
verde e doses de nitrogênio. Bragantia, v.72, n.1, p.20-28, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/brag/v72n1/1653_13.pdf>. Acesso em: 05 maio, 2014.
doi: 10.1590/S0006-87052013005000019.
http://www.scielo.br/pdf/brag/v72n1/1653...
); e o trevo vesiculoso, que produz forragem com elevado
teor de proteína bruta, além do seu alto potencial de fixação de N (LESAMA & MOOJEN, 1999LESAMA, M.F.; MOOJEN E.L. Produção animal em gramíneas de estação fria
com fertilização nitrogenada ou associadas com leguminosa, com ou sem fertilização
nitrogenada. Ciência Rural, v.29, n.1, p.123-128, 1999. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84781999000100022>. Acesso em: 03 out. 2013.
doi: 10.1590/S0103-84781999000100022.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84781999...
). Estas leguminosas
apresentam ápices de produção distintos da Coastcross-1, diminuindo o risco de
concorrência por nutrientes. Assim, objetivou-se com este trabalho avaliar a
produtividade de pastagens de Coastcross-1 em consórcio com ervilhaca ou trevo
vesiculoso, utilizadas em pastejo com vacas em lactação da raça Holandesa, na região
Central do Rio Grande do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS:
A pesquisa foi conduzida em área situada na Depressão Central do Rio Grande do Sul, de maio de 2012 a maio de 2013 (345 dias). O solo é classificado como Argissolo Vermelho distrófico arênico. O clima da região é o subtropical úmido (Cfa), conforme classificação de Köppen. Os dados meteorológicos foram obtidos na Estação Meteorológica da UFSM, situada a 500m do local da área experimental, aproximadamente. Os valores de temperatura média mensal e precipitação pluviométrica referentes ao período experimental, de maio de 2012 a maio de 2013, foram de 19,3ºC, 123,2mm mês-1; as médias das normais climatológicas para o respectivo período são de 19,5ºC, 140,5mm mês-1. Ao longo do período experimental, foram registradas 20 geadas, sendo seis em junho, doze em julho, uma em setembro de 2012, e uma em maio de 2013. Para avaliação experimental, foi utilizada uma área de 5130m2 subdividida em nove piquetes. Os tratamentos foram constituídos pelos seguintes sistemas forrageiros: capim bermuda (Cynodon dactylon L. Pers.), cv. 'Coastcross-1' + 100kg de N ha-1 ano-1 + ervilhaca (Vicia sativa L.), cv. 'Comum'; Coastcross-1 + 100kg de N ha-1 ano + trevo vesiculoso (Trifolium vesiculosum Savi), cv. 'Yuchi'; e Coastcross-1 + 200kg de N ha-1 ano-1. A Coastcross-1 já havia sido implantada manualmente na área, utilizando-se mudas provenientes da subdivisão de touceiras. Em três piquetes, realizou-se, no mês de maio, a sobressemeadura da ervilhaca, mediante plantio direto, com densidade de 60kg ha-1, com espaçamento de 17cm entre linhas. Em outros três piquetes, realizou-se, no mesmo período, a sobressemeadura do trevo vesiculoso, mediante plantio direto, com densidade de 8kg ha-1, com espaçamento de 17cm entre linhas. Também em maio, realizou-se roçada em toda área, permitindo-se o desenvolvimento do azevém de ressemeadura natural. Fez-se a adubação de base, a partir de análise do solo, conforme recomendação para pastagens perenes de ciclo estival, sendo aplicados 60kg ha-1 ano-1, tanto de P2O5, quanto de K2O. Para a adubação nitrogenada, foram realizadas cinco aplicações, usando-se ureia, conforme cada tratamento, após o 3o, 4o, 5o, 7o e 8o pastejo. Após a realização do 9o pastejo, foi observada a presença da cigarrinha das pastagens (Deois sp.). Para o seu controle, foi aplicado produto biológico (METARRIL(r)- Pesticida biológico cujos ingredientes ativos são esporos do fungo Metarhizium anisopliae). Na realização do pastejo seguinte, verificou-se baixa infestação, indicando a eficácia do produto no controle da cigarrinha. O critério adotado para o início da utilização dos pastos, nas áreas com consórcio, em agosto, foi quando o trevo vesiculoso e a ervilhaca atingiram cerca de 30 e 40cm de altura, respectivamente; para as áreas com cultivo singular, foi a altura do dossel do azevém (cerca de 25cm); a partir do sexto pastejo, em meados de dezembro, o critério foi a altura do dossel da Coastcross-1, próxima a 25cm, para todas as áreas. O método de pastejo utilizado foi o de lotação rotacionada, com um a dois dias de ocupação. A oferta de forragem variou de 4 a 6% ao longo do ano. Para avaliação, foram utilizadas vacas em lactação da raça Holandesa, com peso médio de 573kg e produção média de 17,3kg de leite dia-1. Após as ordenhas, as vacas receberam complementação alimentar, correspondente a 0,9% do peso corporal, a base de milho, soja e premix mineral. Quando não estavam nas áreas experimentais, as vacas foram mantidas em pastagens da época. Antecedendo a entrada dos animais, foi estimada a massa de forragem, mediante técnica com dupla amostragem, efetuando-se cinco cortes rentes ao solo e 20 estimativas visuais, sendo repetida após a retirada dos animais dos piquetes para estimar a massa de forragem residual. A forragem das amostras cortadas foi pesada, sendo retirada uma subamostra para determinação das composições botânica (Coastcross-1, azevém, leguminosas, outras espécies e material morto) e estrutural (para a Coastcross-1). Estes componentes foram secos em estufa de ar forçado a 55ºC até peso constante para determinação da participação de cada componente. A relação lâmina foliar/colmo + bainha foi obtida pelo quociente dos componentes estruturais da Coastcross-1. A produção total de forragem foi calculada somando-se o acúmulo de forragem em cada intervalo de pastejo. A taxa de acúmulo diário foi calculada subtraindo-se da massa de forragem inicial a massa de forragem residual do pastejo anterior, dividindo-se pelo número de dias do intervalo entre pastejos. Para o cálculo da taxa de lotação, dividiu-se o valor da carga animal instantânea pelo número de dias do ciclo do pastejo, e por 450kg. O consumo aparente de forragem foi estimado pelo método da diferença agronômica, subtraindo-se a massa de forragem residual da massa de forragem inicial, dividindo o resultado pela carga animal. A eficiência de pastejo foi definida pela proporção da forragem produzida que foi consumida pelos animais. A oferta de forragem real foi calculada pelo quociente da massa de forragem inicial e carga animal, multiplicado por 100. Para análise estatística da massa de forragem, foram utilizados os dados dos ciclos de pastejo; para as demais variáveis, foram utilizados os dados médios dos pastejos em cada estação. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com três tratamentos (sistemas forrageiros), três repetições (piquetes) e medidas repetidas no tempo (ciclos de pastejo para massa de forragem/estações para as demais variáveis). Foram considerados como efeitos fixos os níveis de adubação nitrogenada, a presença e o tipo de leguminosa; as variáveis resposta obtidas aos longo dos ciclos de pastejo foram consideradas como medidas aleatórias. Os resultados foram analisados valendo-se do procedimento MIXED e a análise de variância, e as médias comparadas entre si pelo teste F, em nível de 5% de probabilidade do erro. Quando significativo, o efeito do sistema foi submetido ao teste de Tukey para a comparação de médias, a matriz de covariância utilizada foi a CSH (simetria composta heterogênea).
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
No decorrer do período experimental, foram realizados treze pastejos, sendo dois no
inverno, quatro na primavera, quatro no verão e três no outono, com um intervalo médio
entre pastejos de 25 dias, e tempo de ocupação de um a dois dias. ALVIM et al. (1998)ALVIM, M. J. et al. Resposta do coast-cross (Cynodon dactylon (L.)
Pers.) a diferentes doses de nitrogênio e intervalos de cortes. Revista Brasileira de
Zootecnia v.27, n.5, p.833-840, 1998. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982001000300004>. Acesso em: 02 fev. 2014.
doi: 10.1590/S1516-35982001000300004.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982001...
, estudando diferentes intervalos de corte em
pastagem de Coastcross-1, com adubação de 250kg de N ha-1 ano-1,
constataram que intervalos de 4 a 5 semanas, na época das chuvas, e 6 a 7 semanas, na
época da seca, implicam produção elevada e bom teor de proteína bruta da forragem, com
melhor eficiência no aproveitamento do nitrogênio aplicado.
Para a massa de forragem de pré-pastejo (Tabela
1), foram observadas diferenças entre os sistemas forrageiros em oito
pastejos. Destes, o consórcio com ervilhaca foi superior (P<0,05) em seis, ao menos
em relação a um dos demais sistemas, tanto nos pastejos iniciais, devido à contribuição
com forragem, quanto posteriormente, nos pastejos conduzidos em janeiro, abril e maio,
demonstrando que houve efeito residual dessa leguminosa no sistema forrageiro. Esse
resultado corrobora o estudo feito por PINNOW et al.
(2013)PINNOW, C. et al. Qualidade industrial do trigo em resposta à adubação
verde e doses de nitrogênio. Bragantia, v.72, n.1, p.20-28, 2013. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/brag/v72n1/1653_13.pdf>. Acesso em: 05 maio, 2014.
doi: 10.1590/S0006-87052013005000019.
http://www.scielo.br/pdf/brag/v72n1/1653...
, que, ao trabalharem com a ervilhaca como adubação verde, também
verificaram efeito residual, com melhoria da produtividade do trigo. Para o consórcio
com trevo vesiculoso, verificou-se superioridade (P<0,05) na avaliação feita no
início de novembro em relação aos demais sistemas. Esse resultado deveu-se à maior
contribuição dessa forrageira na estação primaveril. Para a pastagem constituída por
Coastcross-1 sob cultivo singular, em que se aplicou o dobro da adubação nitrogenada,
verificou-se maior valor no pastejo conduzido em fevereiro, sendo similar a pelo menos
um dos consórcios em outros quatro pastejos. Considerando-se a predominância dos
resultados, no período hibernal, verificou-se melhor resultado dos consórcios e, no
período estival, valores mais elevados foram verificados no sistema envolvendo ervilhaca
e na pastagem sob cultivo singular. Quanto à massa de forragem de pós-pastejo, os
valores guardam relação com os da massa de forragem de pré-pastejo, tendo-se verificado
menor número de diferenças entre sistemas. Embora se tenha usado a mesma oferta de
forragem, é provável que tenha ocorrido influência da seleção dos animais nesse
resultado, devido à diferença na composição e estrutura dos pastos (OLIVO et al., 2008OLIVO, C.J. et al. Comportamento ingestivo de vacas em lactação em
diferentes sistemas forrageiros. Revista Brasileira de Zootecnia v.37, n.11,
p.2017-2023, 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbz/v37n11/v37n11a18.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2014.
doi: 10.1590/S1516-35982008001100018.
http://www.scielo.br/pdf/rbz/v37n11/v37n...
). Com relação à massa de
forragem, entre os pastejos, os valores mais elevados foram observados no período
estival, condição esperada para a Coastcross-1. Comparando-se os dados de todas as
avaliações, houve menor variabilidade nos consórcios, devido à introdução da leguminosa
que tende a equilibrar e estender a disponibilidade de forragem em relação à pastagem em
cultivo singular (AZEVEDO JUNIOR et al.,
2012AZEVEDO JÚNIOR, R.L. et al. Forage mass and the nutritive value of
pastures mixed with forage peanut and red clover. Revista Brasileira de Zootecnia,
v.41, n.4, p.827-834, 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rbz/v41n4/02.pdf>. doi:
10.1590/S1516-35982012000400002. Acesso em: 14 jan. 2014.
http://www.scielo.br/pdf/rbz/v41n4/02.pd...
).
Quanto à composição botânica (Tabela 2), a
ausência de Coastcross-1 nos pastejos realizados no inverno no consórcio com ervilhaca
deveu-se à grande participação da leguminosa que interferiu no desenvolvimento da
gramínea acompanhante (GRIEU et al., 2001GRIEU, P. et al. The mean depth of soil water uptake by two temperate
grassland species over time subjected to mild soil water deficit and competitive
association. Plant and Soil, v.230, p.197-209, 2001. Disponível em:
<http://www.ehleringer.net/Jim/Publications/268.pdf>. Acesso em: 18 set.
2013.
http://www.ehleringer.net/Jim/Publicatio...
). Essa
influência prolongou-se nos pastejos efetuados na primavera, com menor participação da
Coastcross-1 nos consórcios. No outono, os maiores valores (P<0,05) observados para a
Coastcross-1 na pastagem sob cultivo singular e no consórcio com trevo vesiculoso
devem-se, no primeiro, ao maior nível de adubação, considerando que essa forrageira
responde bem à fertilização nitrogenada (CORRÊA et al.,
2007CORRÊA, L.A. et al. Efeito de fontes e doses de nitrogênio na produção e
qualidade da forragem de capim-coastcross. Revista Brasileira de Zootecnia v.36, n.4,
p.763-772, 2007. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982007000400003>. Acesso em: 22 ago. 2013.
doi: 10.1590/S1516-35982007000400003.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982007...
), e, no segundo, provavelmente pelo maior tempo de participação do trevo
no sistema, fornecendo nitrogênio mais regularmente. Com relação à participação das
leguminosas, houve superioridade da ervilhaca no inverno e do trevo vesiculoso na
primavera. Somente os valores obtidos no inverno para a ervilhaca estão dentro do
recomendado por THOMAS (1992)THOMAS, R.J. The role of the legume in the nitrogen cycle of productive
and sustainable pastures. Grass and Forage Science, v.47, n.1, p.133-142, 1992.
Disponível em:
<http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1365-2494.1992.tb02256.x/abstract>.
doi: 10.1111/j.1365-2494.1992.tb02256.x.
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.11...
, de 30% de
participação de leguminosas, como adequado à sustentabilidade do sistema. Para o azevém,
a menor participação no consórcio com ervilhaca, no inverno, deveu-se ao fato de que o
período de desenvolvimento destas duas forrageiras é similar; nos pastejos conduzidos na
estação primaveril, verificou-se similaridade na participação do azevém nos sistemas.
Quanto à fração de outras espécies (espécies de crescimento espontâneo), não houve
diferença entre os sistemas forrageiros e, entre as estações, verificou-se maior
participação dessas espécies no verão e no outono. Valores inferiores foram relatados
por SCARAVELLI et al. (2007)SCARAVELLI, L.F. et al. Produção e qualidade de pastagens de
Coastcross-1 e milheto utilizadas com vacas leiteiras. Ciência Rural v.37, n.3,
p.841-846, 2007. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782007000300037>. Acesso em: 27 ago. 2013.
doi: 10.1590/S0103-84782007000300037.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782007...
, trabalhando com
Coastcross-1com adubação nitrogenada de 80kg de N ha-1 ano-1. Na
fração material morto, também não houve diferença entre os sistemas, sendo, em média, de
6,7 e 14,4%, no pré e pós-pastejo, respectivamente, este aumento se dá em função do
pisoteio e da seleção dos animais por forragem verde. Os maiores valores foram
observados no período estival, devido ao aumento de material senescente da Coastcross-1,
notadamente no outono (BORTOLO et al., 2001BORTOLO, M. et al. Avaliação de uma pastagem de Coastcross-1 (Cynodon
dactylon (L.) Pers) sob diferentes níveis de matéria seca residual. Revista
Brasileira de Zootecnia v.30, n.3, p.627-635, 2001. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982001000300004>. Acesso em: 01 set. 2013.
doi: 10.1590/S1516-35982001000300004.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982001...
), e
ao efeito cumulativo do pisoteio.
Os valores da relação lâmina foliar/colmo +bainha da Coastcross-1 foram elevados em
todas as estações, obtendo-se médias de 1,17; 0,9; 0,68 e 0,66 para o pré-pastejo no
inverno, primavera, verão e outono, respectivamente. Entre os sistemas, verificou-se
diferença somente no inverno, com médias de 1,33 e 1,00 para a Coastcross-1 em consórcio
com trevo vesiculoso e cultivada singularmente, respectivamente. Esse resultado é
atribuído, provavelmente, à maior adubação nitrogenada, que implica maior
desenvolvimento dessa gramínea com maior participação de colmos em relação a folhas na
sua composição estrutural, o mesmo comportamento foi observado no inverno, por BARBERO et al. (2009)BARBERO, L.M. et al. Produção de forragem e componentes morfológicos em
pastagem de coastcross consorciada com amendoim forrageiro. Revista Brasileira de
Zootecnia v.38, n.5, p.788-795, 2009. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S151635982009000500002>. Acesso em: 10 set. 2013.
doi: 10.1590/S1516-35982009000500002.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516359820090...
, que, avaliando o consórcio de
Coastcross-1com amendoim forrageiro + 100kg de N ha-1 ano-1,
obtiveram valores de 0,47 e, na pastagem de Coastcross-1, em cultivo singular + 200kg de
N ha-1 ano-1, de 0,41. Já para os valores de pós-pastejo, as
médias foram de 0,78; 0,44; 0,32 e 0,38, respectivamente. Para todos os sistemas, houve
uma tendência de diminuição dos valores obtidos no decorrer dos pastejos, devido à
maturação das plantas (BORTOLO et al., 2001BORTOLO, M. et al. Avaliação de uma pastagem de Coastcross-1 (Cynodon
dactylon (L.) Pers) sob diferentes níveis de matéria seca residual. Revista
Brasileira de Zootecnia v.30, n.3, p.627-635, 2001. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982001000300004>. Acesso em: 01 set. 2013.
doi: 10.1590/S1516-35982001000300004.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982001...
).
Para a taxa de acúmulo diário de forragem (Tabela
3), houve melhor desempenho dos consórcios no inverno, em relação à pastagem
sob cultivo singular; na primavera, manteve-se a similaridade entre os consórcios com
maior valor da Coastcross-1 sem leguminosa, em relação ao sistema envolvendo ervilhaca;
no verão, a Coastcross-1 em cultivo singular teve desempenho superior aos consórcios; no
outono, as maiores taxas foram verificadas no sistema que recebeu mais adubação
nitrogenada e no consórcio com ervilhaca. Comportamento similar foi obtido com a
produção de forragem nas distintas estações. Os valores da produção total de forragem
são superiores aos obtidos por BARBERO et al.
(2009)BARBERO, L.M. et al. Produção de forragem e componentes morfológicos em
pastagem de coastcross consorciada com amendoim forrageiro. Revista Brasileira de
Zootecnia v.38, n.5, p.788-795, 2009. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S151635982009000500002>. Acesso em: 10 set. 2013.
doi: 10.1590/S1516-35982009000500002.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516359820090...
, de 15,6 e 18,4t de MS ha-1 ano-1 em pastagem de
Coastcross-1 em consórcio com amendoim forrageiro + 100kg de N ha-1
ano-1 e Coastcross-1 em cultivo singular + 200kg de N ha-1
ano-1, respectivamente.
: Taxa de acúmulo diário, produção e oferta real de forragem, consumo agronômico, eficiência de pastejo e taxa de lotação de diferentes sistemas forrageiros (SF), constituídos por Coastcross-1 + 100kg de N ha-1 ano-1 + ervilhaca (CE); Coastcross-1 + 100kg de N ha-1 ano-1 + trevo vesiculoso (CT) e Coastcross-1 + 200kg de N ha-1 ano-1 (CN). Santa Maria, 2012/2013.
Com relação à oferta real de forragem, não houve diferença entre os sistemas,
demonstrando que houve equilíbrio na utilização dos pastos. Entre as estações, os
valores mais elevados foram ofertados no inverno. O valor médio foi de 5,3%. Para o
consumo aparente de forragem, houve diferença (P<0,05) entre os sistemas somente no
verão, com maior valor na pastagem sob cultivo singular em relação ao consórcio com
ervilhaca. Esse resultado deve-se, possivelmente, à maior disponibilidade de N,
implicando melhor valor nutritivo da forragem (CORRÊA et
al., 2007CORRÊA, L.A. et al. Efeito de fontes e doses de nitrogênio na produção e
qualidade da forragem de capim-coastcross. Revista Brasileira de Zootecnia v.36, n.4,
p.763-772, 2007. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982007000400003>. Acesso em: 22 ago. 2013.
doi: 10.1590/S1516-35982007000400003.
http://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982007...
) e maior consumo, consequentemente. Entre as épocas, os maiores
valores, verificados no período hibernal, devem-se, em parte, à participação elevada do
azevém e das leguminosas, no caso dos consórcios (Tabela 2), que normalmente apresentam melhor valor nutritivo, se comparado
com espécies forrageiras de ciclo estival.
Para eficiência de pastejo, houve diferença somente no verão, com melhor desempenho na
pastagem sob cultivo singular em relação ao consórcio com ervilhaca. Essa diferença
também pode ser explicada pela maior disponibilidade de N, como já referenciado. Não
foram obtidas diferenças entre as estações. O valor médio de 40,9% demonstra que não
houve limitação no consumo por animal, que, segundo DELAGARDE et al. (2001)DELAGARDE, R. et al. Ingestion de l'herbe par les ruminants au paturage.
Fourrages, v.166, n.1, p.189-212, 2001. Disponível em:
<http://www.afpf-asso.org/index/action/page/id/33/title/
Les-articles/article/123>. Acesso em: 02 fev. 2014.
http://www.afpf-asso.org/index/action/pa...
, ocorre quando a eficiência de pastejo ultrapassa os
50%.
Para a taxa de lotação, os resultados guardam relação com a produção de forragem,
havendo superioridade dos consórcios no inverno; no verão e no outono, taxas mais
elevadas foram obtidas na pastagem sob cultivo singular e no consórcio com ervilhaca.
Avaliando-se as estações, observa-se que, nos consórcios, houve melhor equilíbrio nas
taxas de lotação, notadamente, devido à contribuição das leguminosas no inverno. O valor
médio das estações de verão e outono é 9,4UA ha-1, sendo superior ao
observado por SCARAVELLI et al. (2007)SCARAVELLI, L.F. et al. Produção e qualidade de pastagens de
Coastcross-1 e milheto utilizadas com vacas leiteiras. Ciência Rural v.37, n.3,
p.841-846, 2007. Disponível em:
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doi: 10.1590/S0103-84782007000300037.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782007...
, de 5,05UA
ha-1, avaliando pastagem de Coastcross-1 de janeiro a maio, com adubação
nitrogenada de 80kg de N ha-1. No decorrer dos pastejos, as maiores lotações
foram obtidas, para todos os sistemas, no verão, com média de 11,8UA ha-1.
Esse resultado justifica-se pela maior produção de forragem da Coastcross-1 nessa
época.
CONCLUSÃO:
Os consórcios com a ervilhaca e o trevo vesiculoso proporcionaram melhor distribuição da forragem ao longo das estações. A introdução da ervilhaca em pastagens de Coastcross-1 causa atraso no desenvolvimento inicial da gramínea acompanhante. O consórcio da Coastcross-1 com ervilhaca, recebendo 100kg de N ha-1 ano-1 e a pastagem de Coastcross-1 com adubação nitrogenada de 200kg ha-1 ano-1, apresentaram produtividade semelhante.
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-
COMITÊ DE ÉTICA E BIOSSEGURANÇA Protocolo 23081016073/2011-27, parecer 113/2011.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Dez 2014
Histórico
-
Recebido
03 Fev 2014 -
Aceito
25 Maio 2014