Open-access Influência do manganês sobre a nutrição mineral e crescimento da pimenteira do reino (Piper nigrum, L.)

Effect of manganese on mineral nutrition and growth of black pepper (Piper nigrum, L.)

Resumos

A pimenteira do reino (Piper nigrum, L.) vem sendo cultivada em sua maior parte em solos com acidez elevada e balia saturação por bases. O manganês em condições de alta acidez pode provocar toxidez às plantas. Visando estudar os efeitos do manganês nessa cultura foi conduzido um experimento com a cultivar Guajarina em solução nutritiva, O manganês foi fornecido nas concentrações de 0; 10; 20; 30; 40 e 50 mg/L. Na ausência do elemento foram observados sintomas de deficiência e redução no crescimento. O excesso de manganês (30 mg/L) na solução nutritiva reduziu o desenvolvimento das plantas e a absorção de P, K, Ca, Mg, Cu, Fe e ZN. Observaram-se sintomas de toxidez de manganês a partir da concentração de 20 mg/L, caracterizados por cloróse e pontos necróticos nas folhas.

pimenteira do reino; nutrição mineral; solução nutritiva; toxidez de manganês


Black pepper (Piper nigrum, L.) is usually grown in soils of low natural fertility and high acidity. Under such conditions manganese can cause toxicity to plants. An experiment using young plants of the cultivar Guajarina grown in nutrient solution was carried out in order to verify the effects of rates of manganese on this crop. The manganese was supplied at the concentrations of 0, 10, 20, 30, 40 and 50 mg/L. Excess of manganese (30 mg/L) in the nutrient solution caused a reduction in growth and in the uptake of P, K, Ca, Mg, Cu, Fe and Zn. Toxicity symptoms were chlorosis and necrotic dots in the leaves, when the level of supply was 20 mg/L or higher.

black pepper; mineral nutrition; nutrient solution; manganese toxicity


ARTIGOS

Influência do manganês sobre a nutrição mineral e crescimento da pimenteira do reino (Piper nigrum, L.)1

Effect of manganese on mineral nutrition and growth of black pepper (Piper nigrum, L.)

C.A.C. VelosoI; T. MuraokaII; E. MalavoltaII; J.G. de CarvalhoIII

ICPATU/EMBRAPA, C.R 48, CEP: 66.095-100 - Belém, PA

IICentro de Energia Nuclear na Agricultura-CENA/USP, C.P. 96, CEP: 13400-970, Piracicaba, SP

IIIDepartamento de Ciência do Solo, ESAL/LAVRAS, C.P. 37, CEP. 37200-000. Lavras, MG

RESUMO

A pimenteira do reino (Piper nigrum, L.) vem sendo cultivada em sua maior parte em solos com acidez elevada e balia saturação por bases. O manganês em condições de alta acidez pode provocar toxidez às plantas. Visando estudar os efeitos do manganês nessa cultura foi conduzido um experimento com a cultivar Guajarina em solução nutritiva, O manganês foi fornecido nas concentrações de 0; 10; 20; 30; 40 e 50 mg/L. Na ausência do elemento foram observados sintomas de deficiência e redução no crescimento. O excesso de manganês (30 mg/L) na solução nutritiva reduziu o desenvolvimento das plantas e a absorção de P, K, Ca, Mg, Cu, Fe e ZN. Observaram-se sintomas de toxidez de manganês a partir da concentração de 20 mg/L, caracterizados por cloróse e pontos necróticos nas folhas.

Descritores: pimenteira do reino, nutrição mineral, solução nutritiva, toxidez de manganês

ABSTRACT

Black pepper (Piper nigrum, L.) is usually grown in soils of low natural fertility and high acidity. Under such conditions manganese can cause toxicity to plants. An experiment using young plants of the cultivar Guajarina grown in nutrient solution was carried out in order to verify the effects of rates of manganese on this crop. The manganese was supplied at the concentrations of 0, 10, 20, 30, 40 and 50 mg/L. Excess of manganese (30 mg/L) in the nutrient solution caused a reduction in growth and in the uptake of P, K, Ca, Mg, Cu, Fe and Zn. Toxicity symptoms were chlorosis and necrotic dots in the leaves, when the level of supply was 20 mg/L or higher.

Key Words: black pepper, mineral nutrition, nutrient solution, manganese toxicity

INTRODUÇÃO

As principais áreas de produção de pimenta do reino no Brasil estão localizadas em regiões caracterizadas por solos ácidos, baixa saturação por bases e freqüentemente, possuem alumínio trocável e manganês em quantidades suficientemente altas para limitar o desenvolvimento normal das plantas (FALESI, 1972).

O manganês, ao contrário do alumínio, é um elemento essencial para a vida da planta, satisfazendo tanto o critério direto quanto o indireto de essencialidade (ARNON, 1950). É um micronutriente em cuja ausência, o crescimento é prejudicado e desenvolvem-se sintomas característicos de deficiência.

Em geral, condições de pH ácido favorecem o acúmulo de concentrações tóxicas de manganês, em virtude do aumento da solubilidade em pll 5,0 (FOY, 1973).

Por outro lado, na presença de quantidades excessivas de suas formas trocável e solúvel no meio de crescimento, os tecidos vegetais também apresentarão elevadas quantidades desse nutriente, podendo atingir níveis tóxicos A toxidez de manganês geralmente afeta mais severamente a parte aérea do que as raízes Aparentemente, as plantas absorvem e transportam esse nutriente em excessivas quantidades, do que resulta acúmulo nas folhas, produzindo-se sintomas bem definidos (FOY, 1973; PAVAN & BINGHAM, 1981). Entretanto, o excesso de manganês pode também causar sintomas de toxidez nas raízes, em geral isso ocorre após as folhas terem sido danificadas (FOY, 1976; FOY et al., 1978).

Segundo informam ANDREW & HEGART Y (1969), existem dois métodos para diagnosticar o excesso de manganês em plantas, os quais podem ser usados separadamente ou em combinação: sintomas foliares e análise química na matéria seca da parte aérea, acima da qual a produção começa a ser prejudicada.

O efeito da toxidez de manganês nas plantas é difícil de ser estudado isoladamente, por causa das interações existentes entre ele e outros elementos, tais como Fe, Al, Si e Ca (FOY et al., 1978). Segundo informam os autores, essas interações podem ser responsáveis pela diversidade de sintomas e pelos diferentes graus de redução no crescimento em espécies e cultivares diferentes.

Na prática, a toxidez de manganês é corrigida pela calagem que, por elevar o pH, precipita o excesso de Mn disponível, reduzindo sua absorção pela planta (KUPPER et al., 1968).

Embora existam alguns trabalhos publicados mostrando a importância da toxidez de manganês para muitas espécies cultivadas em solos ácidos, SILVA (1976), informa que não há dados específicos para a maioria das culturas.

Por estas razões, foi conduzido um experimento em solução nutritiva, com o objetivo de verificar os efeitos desse elemento no crescimento e na composição química da pimenteira do reino; e determinar as concentrações de manganês que induzem sintomas de toxidez. Tais informações são necessárias para avaliar o dano potencial deste elemento em solos ácidos com impacto para a cultura.

MATERIAL E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado em solução nutritiva em casa de vegetação do Centro de Energia Nuclear na Agricultura, da Universidade de São Paulo, em Piracicaba-SP, no período compreendido entre maio a novembro de 1992. Foram utilizadas mudas de pimenteira do reino (Piper nigrum L.) obtidas de estacas herbáceas com dois entre-nos e providas de uma folha no nó superior, do cultivar Guajarina, coletadas em uma área de plantio comercial no município de Mirassolândia-SP.

Após 120 dias do início do enraizamento, as mudas foram retiradas do substrato (solo), as raízes lavadas com jato de água de torneira e em seguida imersas em água desmineralizada para completar a limpeza.

Em seguida o material foi selecionado, procurando-se uniformizar ao máximo através da escolha de plantas que apresentassem parte aérea e sistema radicular nas mesmas condições de crescimento. As mudas foram então transferidas para vasos plástico de 2,5 litros de capacidade e fixadas na tampa pelo caule com espuma de plástico, usando-se uma planta por vaso.

Durante os primeiros 15 dias após o transplante, as plantas foram mantidas em solução nutritiva completa, de acordo com a metodologia usada por WAARD (1969), diluída a 1/4 da concentração usual; nas duas semanas seguintes receberam solução diluída a 1/2 e em seguida foram submetidas aos tratamentos.

As plantas foram cultivadas em soluções nutritivas com as concentrações de: 0; 10; 20; 30; 40 e 50 mg/L de manganês, fornecido como MnCl2.4H2O.

As soluções nutritivas foram trocadas a cada duas semanas e o seu volume completado com água destilada diariamente. O pH das soluções foi mantido em 4,5 ± 0,2 com adições de HC1 ou NaOH.

A composição química da solução nutritiva usada para o estudo de toxidez de manganês é apresentada na TABELA 1.

O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, com seis tratamentos e quatro repetições. A unidade experimental foi constituída por uma planta.

Os sintomas de toxidez de manganês nas folhas foram observados e descrito durante a condução do experimento.

As mudas foram mantidas com os tratamentos por um período de seis meses.

No final do ensaio, dividiram-se as plantas em partes, a saber: folha para diagnóstico e o restante da planta, da qual foram separados folhas, caule e raízes. As amostras foram secas em estufa de circulação forçada de ar a 60-70 °C, por um período mínimo de 72 horas, quando foram pecadas e moidas em moinho do tipo Wiley com peneira de 20 malhas, para posterior análise dos teores de N, P, K, Ca, Mg, Cu, Mn, Fe e Zn.

Para a determinação das análises química das plantas, as amostras do material colhido foram digeridas em ácido nítrico e perclórico concentrados, segundo o método descrito por MALAVOLTA et al., (1989). Em seguida, os extratos foram utilizados para a determinação dos teores totais dos seguintes nutrientes: fósforo, por colorimetria de molibdato-vanadato; potássio, por fotometría de chama; cálcio, magnésio, cobre, ferro, manganês e zinco por espectrofotometria de absorção atômica;

A determinação do nitrogênio foi feita utilizando-se a digestão sulfúrica de 200 mg de matéria seca, com destilação em aparelho microkjeldahl e titulação com H2SO4 0,01 N. O boro foi determinado por colorimetria da azometina H, segundo metodologia descrita em MALAVOLTA et al., (1989).

Os resultados do experimento foram submetidos a análise de variância, sendo as médias comparadas através do teste de Tukey. Efetuou-se análise de regressão para a matéria seca das diversas partes da planta, extração de nutrientes, em função das doses de manganês. Considerou-se como representativa a equação de regressão que melhor explicava cada variável resposta, tendo como limite a equação polinomial de 2° grau. As análises foram realizadas utilizando-se o pacote estatístico SAS - Statistical Analysis System.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Produção de matéria seca: Como indicadores de crescimento, utilizaram-se os dados de produção de matéria seca das diferentes partes das plantas, em função das doses de Mn. Os dados estão apresentados na TABELA 2, e as equações de regressão obtidas estão contidas na TABELA 4.

Com a adição de manganês na solução nutritiva, observaram-se aumentos significativos no peso da matéria seca das folhas, caule e raízes, até a dose de 20 mg Mn/L, com decréscimo a partir do incremento das doses para 30,40 e 50 mg Mn/L.

A menor produção de matéria seca ocorreu na ausência de Mn na solução, quando se apresentaram sintomas de deficiência de manganês.

O efeito de toxidez foi visualizado a partir da dose 20 mg Mn/L. Quanto ao crescimento das plantas, verificou-se menor altura na ausência do elemento, não havendo diferenças significativas na presença de Mn na solução nutritiva.

Esses resultados ajustaram-se à equação de regressão, com resposta quadrática ao uso de manganês, porém, com menos evidência para a raiz. A partir da adição de 30 mg Mn/L na solução houve um efeito tóxico. Isso pode indicar que houve um estímulo para o desenvolvimento das plantas com a presença de manganês em baixas concentrações, dada a essencialidade do elemento.

A literatura mostra efeitos semelhantes da ação do manganês em algumas espécies; seus efeitos benéficos nas plantas são relatados por EPSTEIN (1975) e MALAVOLTA (1980). Já a ação tóxica do Mn é normalmente evidenciada na parte aérea das plantas, as raízes parecem insensíveis à altas concentrações de Mn e afetadas somente de forma indireta, como resultado da inibição no crescimento da parte aérea, mencionadas por FOY (1976) e PAVAN & BINGHAM(1981).

Efeito das concentrações de manganês na composição química da pimenteira do reino: Os dados analíticos referentes aos teores de N, P, K, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn na folha para diagnóstico, em função das concentrações de manganês na solução, estão contidos na TABELA 3. Observa-se uma maior concentração de nitrogênio na ausência de Mn na solução; há decréscimo até a dose 20 mg Mn/L e voltando a aumentar nas doses 30 e 40 mg Mn/L, semelhantes entre si. A variação nos teores P e K na folha seguiu o mesmo comportamento do nitrogênio. O manganês adicionado na solução não afetou a absorção de Ca e Mg, ocasionando aumentos nas concentrações desses nutrientes.

Os teores de manganês nas folhas aumentaram como resultado dos tratamentos com Mn, enquanto, no caso dos teores de cobre, houve tendência de decréscimo. Por outro lado, não ocorreu variação significativa nos teores de ferro e zinco na folha com adições de manganês na solução. Essas observações são similares àquelas observadas por FOY (1973). A relação Ca/Mn nos tecidos mostra que, possivelmente, a absorção de cálcio não foi influenciada pelo aumento da concentração de manganês presente na solução. Contudo a relação Mn/Fe nos tecidos aumentou até a concentração de 30 mg Mn/L, estabilizando-se nas doses superiores. Uma relação Mn/Fe de 22 foi associada a sintomas severos de toxidez nas folhas das pimenteiras.

A relação Mn/Fe nos tecidos de plantas tem um interesse peculiar, tendo em vista que a toxidez de Mn está associada à deficiência de Fe (LEE, 1972).

Efeito das doses de manganês sobre a extração de nutrientes Macronutrientes: Na TABELA 4, são apresentadas as equações de regressão quadráticas, obtidas em função do efeito do manganês sobre o acúmulo de N, P, K, Ca e Mg nas folhas, caule e raízes de pimenteiras do reino. Observa-se que nas quantidades de N, P e K respectivamente, mostram resposta positiva ao manganês apenas na parte aérea das plantas. Enquanto, na raiz, se observou resposta quadrática negativa para o potássio. Com relação ao Ca e Mg, verifica-se, resposta positiva até a dose de 20 mg Mn/L.

Os dados referentes às quantidades de N, P, K, Ca e Mg nas diversas partes das plantas, em função das doses de manganês na solução nutritiva, encontram-se na TABELA 5. Observa-se aumento das quantidades de nitrogênio nas folhas, até a dose de 30 mg Mn/L e, no caule, até 40 mg Mn/L; indicou-se o início de toxidez pela redução na produção de matéria seca nas doses superiores, conforme TABELA 2. As quantidades de fósforo, potássio, cálcio e magnésio nas folhas aumentaram, em função do fornecimento de até 20 mg Mn na solução, decrescendo com as adições a partir de 30 mg Mn/L. No caule, as quantidades de potássio aumentaram, de acordo com o incremento de manganês na solução, enquanto, nas quantidades de fósforo, ocorreu aumento até 20 mg Mn/L, diminuindo nas doses superiores. Em relação às quantidades de cálcio e magnésio, houve aumentos, com adições de manganês até 30 mg/l na solução, e, posteriormente, decréscimo significativo nas doses 40 e 50 mg Mn/L. Nas raízes, as quantidades de nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio aumentaram, com adições de manganês na solução até 10 mg/L, enquanto as quantidades de magnésio aumentaram com o fornecimento de até 20 mg Mn/L na solução nutritiva, diminuindo nas doses superiores.

Micronutrientes: Na TABELA 4, são apresentadas as equações de regressão quadráticas, obtidas em função do efeito do manganês sobre a acumulação de Cu, Fe, Mn e Zn nas diversas partes de pimenteiras do reino Pode-se observar que as plantas responderam ao manganês somente na parte aérea, até a dose de 20 mg/L, a partir de 30 mg Mn/L, a resposta é negativa, com redução nas quantidades desses nutrientes.

Os valores referentes às quantidades de cobre, ferro, manganês e zinco nas diferentes partes das plantas, em função das doses de manganês na solução nutritiva, encontram-se na TABELA 6 Venficou-se que a quantidade de manganês nas folhas, no caule e nas raízes "aumentaram, de acordo com os incrementos de sua concentração na solução FOY (1976) menciona que, quando se tem maior concentração de Mn na solução do solo, há maior absorção de manganês pelas plantas As quantidades de Cu, Fe e Zn nas folhas aumentaram, com adições de até 20 mg Mn/L na solução nutritiva, e diminuíram significativamente a partir da dose 30 mg Mn/L. No caule, ocorreram aumentos nas quantidades de Cu e Zn até 30 mg Mn/L, enquanto nas de ferro, na dose 20 mg Mn/L, com posterior decréscimo nas doses superiores. Nas raízes, as quantidades de Cu, Fe e Zn aumentaram, com adições de até 10 mg Mn/L e foram afetadas pelas concentrações de Mn a partir de 20 mg/L na solução.

Esses resultados sugerem que as quantidades contidas de N, P, K, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn, na parte aérea das plantas foram afetadas pela presença de manganês na solução, a partir de 20 mg/L. Observaram-se sintomas visuais de toxidez nas folhas das pimenteiras, com cloroses marginais e entre as nervuras, com pequenos pontos necróticos no limbo. Esses sintomas apareceram, inicialmente, nas folhas mais novas e progrediram para as mais velhas, com o acúmulo de Mn na parte aérea. Resultados semelhantes foram publicados por FOY (1973), segundo o qual a absorção total de P, Ca, Mg, B e Fe pelas plantas de alfafa em solução nutritiva foi reduzida quando as plantas receberam altas concentrações de manganês.

Do mesmo modo, PAVAN & BINGHAM (1981) verificaram, em cafeeiros, que o excesso de manganês na solução diminuiu a absorção de ferro e cálcio, mas não afetou a absorção do boro, zinco, magnésio e nitrogênio total das folhas.

FOY (1976) verificou que o manganês, quando em excesso na planta, promove, primeiramente, redução na parte aérea e, como conseqüência, também no sistema radicular. Por outro lado, FOY et al. (1978) mencionam que o manganês quando em excesso na solução do solo, promove reduções nas quantidades absorvidas de cálcio, ferro e magnésio pelas plantas, o que vem justificar os resultados obtidos.

De acordo com FOY et al. (1978), a toxidez de manganês é difícil de ser estudada isoladamente, por causa das interações existentes entre ele e outros elementos, tais como fósforo, cálcio, ferro, alumínio e silício. Os mesmos autores mencionam que tais interações podem ser responsáveis pela diversidade de sintomas em plantas e pelas reduções produzidas no crescimento pelo excesso de manganês em diferentes espécies.

CONCLUSÕES

- A omissão de manganês na solução nutritiva provocou redução no crescimento e aparecimento de sintomas de deficiência caracterizados por amarelecimento das folhas novas e, em seguida esbranquiçada, com necrose na ponta ou no bordo e com pequena redução no tamanho.

- O excesso de manganês (30 mg/L) na solução nutritiva reduziu o desenvolvimento das plantas e a absorção de P, K, Ca, Mg, Cu, Fe e Zn.

- Observaram-se sintomas de toxidez de manganês a partir da concentração de 20 mg Mn/L na solução: cloroses e pontos necróticos nas folhas novas e progrediram para as mais velhas com acúmulo de Mn na parte aérea da pimenteira.

Recebido para publicação em 21.10.94

Aceito para publicação em 28.06.95

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  • 1
    Parte do trabalho de tese do primeiro autor, apresentado à ESALQ/USP.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      07 Jul 2005
    • Data do Fascículo
      Ago 1995

    Histórico

    • Aceito
      28 Jun 1995
    • Recebido
      21 Out 1994
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