Resumo
Objetivo: analisar a relação entre a preocupação e o medo da COVID-19 com o fatalismo no cotidiano de trabalho dos enfermeiros.
Método: estudo transversal analítico, realizado com 449 enfermeiros. A coleta de dados foi realizada por meio de instrumentos validados no Peru. Na análise, foram utilizados o teste de Shapiro-Wilk e o coeficiente de correlação de Spearman, sendo estimados dois modelos de regressão múltipla, com seleção de variáveis por etapas.
Resultados: os enfermeiros apresentaram nível moderado de fatalismo e baixo nível de medo e preocupação com a COVID-19. O primeiro modelo estatístico, que incluiu variáveis sociodemográficas, explica apenas 3% da variância de fatalismo. No entanto, um segundo modelo que inclui medo e percepção explica 33%.
Conclusão: a preocupação, o medo e ter sido diagnosticado com COVID-19 foram fatores preditores de fatalismo. Sugere-se a implementação de intervenções psicoemocionais no cotidiano de trabalho, voltadas para profissionais de Enfermagem que apresentem altos níveis de medo ou preocupação, para reduzir o fatalismo e, assim, prevenir consequências fatais da pandemia e promover a saúde.
Descritores: Medo; Infecções por Coronavirus; Enfermeiras e Enfermeiros; Saúde Mental; Evolução Fatal; Atividades Cotidianas
Abstract
Objective: to analyze the relationship between the concern and fear of COVID-19 with fatalism in the daily work of nurses.
Method: analytical cross-sectional study carried out with a total of 449 nurses. Data collection was performed using instruments validated in Peru. In the analysis, the Shapiro-Wilk test and the Spearman correlation coefficient were used, and two multiple regression models were estimated, with variable selection in stages.
Results: nurses had a moderate level of fatalism and a low level of fear and concern about COVID-19. The first statistical model, which included sociodemographic variables, explains only 3% of the fatalism variance. However, a second model that includes fear and perception explains 33% of it.
Conclusion: Worry, fear and having been diagnosed with COVID-19 were predictors of fatalism. It is suggested the implementation of psycho-emotional interventions in daily work - aimed at Nursing professionals who present high levels of fear or concern - to reduce fatalism and prevent fatal consequences of the pandemic and promote health.
Descriptors: Fear; Coronavirus Infections; Nurses; Mental Health; Fatal Outcome; Activities of Daily Living
Resumen
Objetivo: analizar la relación entre la preocupación y el miedo al COVID-19 con el fatalismo, en lo cotidiano laboral de los enfermeros.
Método: estudio transversal tipo analítico, realizado en 449 enfermeros. La recolección de datos se realizó mediante instrumentos validados en Perú. En el análisis se utilizó la prueba de Shapiro-Wilk, el coeficiente de correlación de Spearman y se estimaron dos modelos de regresión múltiple, con selección de variables por pasos.
Resultados: los enfermeros presentaron un nivel moderado de fatalismo y un nivel bajo de miedo y preocupación por la COVID-19. El primer modelo estadístico que incluyó las variables sociodemográficas apenas explica un 3% de la varianza de fatalismo; sin embargo, un segundo modelo que incluye el miedo y la percepción explica el 33%.
Conclusión: la preocupación, el miedo y el haber sido diagnosticado con COVID-19 fueron factores predictores de fatalismo. Se sugiere implementar intervenciones psicoemocionales en el cotidiano laboral - focalizadas en profesionales de Enfermería que presenten altos niveles de miedo o preocupación - para reducir el fatalismo y de esta manera prevenir consecuencias fatales de la pandemia y promover la salud.
Descriptores: Miedo; Infecciones por Coronavirus; Enfermeras y Enfermeros; Salud Mental; Resultado Fatal; Actividades Cotidianas
(1) A preocupação e o medo são fatores preditores do fatalismo por COVID-19.
(2) Os enfermeiros apresentam um nível moderado de fatalismo por COVID-19.
(3) Os enfermeiros apresentam baixo nível de medo e preocupação com a COVID-19.
(4) Ter tido COVID-19 é um fator preditor do fatalismo por COVID-19.
(5) É importante a preparação mental das equipes de saúde.
Introdução
A pandemia de COVID-19 mostrou que, além de uma simples crise sanitária, havia indícios de uma verdadeira crise civilizatória ou “social” na vida cotidiana1, que não só afetou a saúde física e mental da população, mas também desarranjou os serviços de saúde mental essenciais em 93% dos países no mundo2. Nesse contexto, comparados aos outros trabalhadores da saúde, os enfermeiros apresentam maior risco de desenvolver traumas ou transtornos psiquiátricos3.
O impacto da COVID-19 na saúde mental dos enfermeiros está relacionado às condições cotidianas de seu trabalho e ao medo de contrair a doença e infectar seus familiares4. Essa consequência poderia desencadear um estado de tensão psicológica e física capaz de ativar comportamentos patológicos5, o que aumentaria o risco de cometer suicídio6. De fato, evidências recentes de um estudo retrospectivo sugerem que o sofrimento psicológico e o medo extremo da COVID-19 foram fatores estressantes em casos de suicídio durante a quarentena7.
Um dos construtos psicológicos pouco investigados durante a pandemia é o fatalismo por COVID-19, conceituado como a percepção ou a crença que uma pessoa tem sobre as possíveis situações após ser infectada por esse vírus8. Nesse sentido, um estudo no Peru indicou que essa percepção está associada ao sexo, à idade, à religião e ao risco de infecção9. Além disso, em residentes nos Estados Unidos, foi relatado que mensagens fatalistas aumentaram o escore de fatalismo, enquanto mensagens otimistas o reduziram10.
O medo da COVID-19 é definido como um estado emocional desagradável, desencadeado pela percepção de estímulos ameaçadores11. Estudos recentes mostraram discrepâncias no tipo de associação que existe entre esse estado emocional e o fatalismo. O medo da COVID-19 foi inversamente associado ao fatalismo (o destino seria determinado externamente)12 e ao combate ao coronavírus10. No entanto, um estudo que avaliou sua relação com três subescalas de fatalismo relatou que duas delas - predeterminação e sorte - afetam negativamente, em contraste com o pessimismo, que impacta positivamente13. Por outro lado, não foram encontrados estudos que avaliassem a associação entre fatalismo e preocupação com a COVID-19, conceituado como uma resposta emocional a essa doença e que constitui um aspecto importante para seu manejo14.
A pesquisa sobre o fatalismo no cotidiano de trabalho dos enfermeiros é relevante, pois essa percepção não só aumenta o estresse psicoemocional, mas também representa uma barreira para a adoção de medidas preventivas e promotoras da saúde. Nesse sentido, um estudo indica que o fatalismo prediz a recusa em adotar comportamentos preventivos diante da COVID-1915. Da mesma forma, a predeterminação - uma das dimensões do fatalismo - está associada à participação em atividades com risco de contrair essa doença13.
Sabe-se que as consequências fatais da COVID-19 em enfermeiros podem ser prevenidas por meio de intervenções focadas em seus fatores de risco16. No entanto, são poucos os estudos que analisam os fatores associados ao fatalismo. Nesse sentido, levantou-se a seguinte pergunta de pesquisa: qual é a relação entre a preocupação e o medo da COVID-19 com o fatalismo, dada a possibilidade de se infectar com esse vírus no cotidiano de trabalho dos enfermeiros? Assim, o presente estudo tem como objetivo analisar a relação entre a preocupação e o medo da COVID-19 com o fatalismo no cotidiano de trabalho dos enfermeiros.
Método
Desenho do estudo
Trata-se de um estudo quantitativo transversal do tipo analítico, guiado pela ferramenta Standards for Quality Improvement Reporting Excellence (SQUIRE).
Local
O estudo foi realizado na cidade de Lima, no Peru. Foram convidados a participar enfermeiros que atuam em estabelecimentos de saúde públicos (hospitais, centros de saúde) e privados (clínicas, ambulatórios).
População e amostragem
A amostra foi composta por 449 enfermeiros que relataram exercer alguma atividade de trabalho assistencial no momento da pesquisa, os quais foram selecionados por conveniência, por meio de amostragem não probabilística. Foram excluídos os enfermeiros que não residiam no Peru e aqueles que não tinham acesso aos dispositivos eletrônicos conectados à Internet.
Instrumento
A técnica de survey foi utilizada por meio de um questionário virtual. Na primeira seção do instrumento, foi solicitado o consentimento informado, que incluiu uma pergunta para consultar o desejo de participar do estudo. Na segunda seção, foram feitas perguntas sobre as características sociodemográficas consideradas como possíveis fatores preditivos: idade, sexo, situação vacinal, tempo de experiência profissional, local de trabalho, trabalho remoto e se foi diagnosticado com COVID-19.
Para mensurar o fatalismo, foi utilizada a escala de fatalismo diante da possibilidade de ser infectado pelo coronavírus (Escala F-COVID-19)8. Essa escala, que mede a percepção/crença de possíveis situações após o contágio da doença, foi validada para ser aplicada em uma população peruana no ano de 2020, apresentando confiabilidade adequada (Alfa de Cronbach de 0,70). Suas alternativas de resposta variaram entre 1 (= discordo totalmente) e 5 (= concordo totalmente), de modo que quanto maior a pontuação na escala maior é a percepção fatalista. Essa escala é composta por duas subescalas: consequências fatais extremas como consequência da infecção (4 questões) e preocupação com as consequências da infecção por coronavírus (3 questões). A escala permite obter uma pontuação total e uma pontuação para cada fator da subescala8. Além disso, na presente investigação, foi encontrada uma confiabilidade adequada (coeficiente Ômega de McDonald de 0,77). Este foi preferido, ao invés do Alfa de Cronbach, porque o coeficiente Ômega de McDonald é uma medida mais robusta contra a violação de pressupostos na medição do instrumento17.
O medo da COVID-19 foi avaliado por meio da Fear of COVID-19 Scale (FCV-19S/Escala FCV-19S)11, construída com base em uma extensa revisão da literatura, sendo validada em uma população peruana em 2020, com um nível ótimo de consistência interna (Comparative Fit Index de 0,988). Essa escala tem 7 questões e suas alternativas, que variam entre 1 (= discordo totalmente) e 5 (= concordo totalmente). Portanto, quanto maior a pontuação na escala, maior é a pontuação do medo. A escala é composta por duas subescalas: reações emocionais de medo (7 questões) e expressões somáticas de medo (3 questões). Além disso, permite obter uma pontuação total e uma pontuação para cada subescala11. Da mesma forma, neste estudo, verificou-se que ela apresentou confiabilidade adequada (coeficiente Ômega de McDonald de 0,87).
A preocupação com o contágio da COVID-19 foi avaliada por meio de uma escala do tipo Likert PRE-COVID-1914, que foi adaptada de uma escala de preocupação com o câncer e validada em uma população peruana em 2020; é composta por seis questões, cujas alternativas de resposta variam de 1 (= nunca ou raramente) a 4 (= quase sempre), de modo que, quanto maior a pontuação da escala, maior é a preocupação14. Assim como as demais escalas, neste estudo verificou-se que a do tipo Likert Pré-COVID-19 apresentou confiabilidade adequada (coeficiente Ômega de McDonald de 0,85). É importante ressaltar que, para ser utilizada neste estudo, contou com a aprovação de seus autores. No entanto, como as escalas foram utilizadas em enfermeiros, foram previamente submetidas à aprovação de profissionais especialistas que atuavam na Enfermagem especializada em saúde mental e em saúde em geral, os quais eram membros de equipes de resposta rápida ao COVID-19 em diferentes regiões do Peru.
Procedimentos de coleta de dados
A coleta de dados foi realizada por meio de um formulário elaborado no Google Forms, que foi divulgado nas redes sociais das instituições de saúde, nas sociedades científicas de Enfermagem e nas universidades que oferecem pós-graduação em programas de Enfermagem, entre os meses de abril e junho de 2021.
Análise estatística dos dados
Para atender aos objetivos deste estudo, em um primeiro momento, foram analisados os resultados estatísticos descritivos das variáveis estudadas. Nessa análise, a suposição de normalidade das variáveis contínuas foi revisada com o teste de Shapiro-Wilk, tendo identificado que nenhuma das variáveis seguiu uma distribuição normal. Posteriormente, para estimar as correlações bivariadas, foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. A interpretação do efeito foi feita considerando que correlações próximas a 0,10 são pequenas, aquelas próximas a 0,30 são moderadas e aquelas próximas a 0,50 são fortes18.
Por fim, foram estimados dois modelos de regressão, com seleção de variáveis por etapas19, para identificar o modelo com melhor capacidade de prever o escore de fatalismo. A primeira etapa incluiu variáveis de controle como idade, sexo, estado vacinal, se trabalha remotamente e se foi diagnosticado com COVID-19. Por outro lado, a segunda etapa incluiu, além das variáveis de controle, a preocupação e o medo. Ambos os modelos foram comparados em termos de R2 (Coeficiente de Determinação), sendo interpretados com um nível significativamente mais alto de variância explicada. Para ambos os modelos, os pressupostos de normalidade dos resíduos foram revistos utilizando o método gráfico comparativo com uma distribuição half-normal20. Tal método permite diagnosticar graficamente o ajuste dos resíduos dos modelos contra uma distribuição normal teórica. Além disso, a suposição de homogeneidade das variâncias de ambos os modelos foi verificada com o teste de Breusch-Pagan, que, ao apresentar estatística significante, indicou a presença de resíduos heterocedásticos21. Da mesma forma, a multicolinearidade desses modelos foi revisada com o Fator de Inflação de Variação (FIV), segundo o qual as variáveis que obtiverem escores maiores que 10 são consideradas problemáticas22. Além disso, a existência de outliers foi explorada pelo cálculo do indicador D de Cook. Assim, quando este apresenta escores superiores a 1, é considerado um caso com alta influência e altos resíduos, para o qual é considerado um provável outlier. O software R v 4.1.023 foi utilizado em todas as análises.
Aspectos éticos
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidad María Auxiliadora (minuta número 002-2021). As recomendações foram respeitadas e os princípios éticos indicados na Declaração de Helsinque estabelecidos pela regulamentação peruana foram cumpridos.
Resultados
No total, responderam 456 profissionais de Enfermagem, sendo que sete participantes foram excluídos por serem de outros países. Os 449 restantes eram elegíveis, com média de idade de 37,9 anos (DP = 11,1). De acordo com o Estado/Região em que residiam, 75,5% (339) viviam em Lima, 8,0% (36) em Ayacucho, 2,9% (13) em Callao, 2,9% (13) em Junín e 10,7% (48) em 15 outras cidades do Peru.
Quanto às características dos profissionais de Enfermagem entrevistados, 88,4% eram mulheres e 11,6% homens. Em relação à vacinação contra COVID-19, 19,2% não receberam qualquer vacina, 6,2% receberam a primeira dose e 74,6% completaram a segunda dose. Quanto à experiência profissional, 37,4% tinham menos de 5 anos, 26,9% entre 5 e 10 anos, 12,3% entre 11 e 15 anos e 23,4% informaram mais de 15 anos. Além disso, apenas 18,7% fizeram trabalho remoto, enquanto 40,3% foram diagnosticados com COVID-19 em algum momento da pandemia. De acordo com o tipo de centro de trabalho, 70,6% atuavam em hospital ou clínica, 19,2% em estabelecimento de saúde de primeiro nível de atenção e 10,2% em estabelecimento que oferece serviço de ambulância ou atendimento domiciliar.
A Tabela 1 mostra a pontuação média das variáveis estudadas e o diagnóstico de normalidade com base no teste de Shapiro-Wilk. O escore de fatalismo por coronavírus obtido (21,35 DP 4,07) estaria indicando que os enfermeiros apresentam um nível moderado nessa variável (escore próximo ao valor intermediário da escala). Em relação ao escore de preocupação (12,12 DP 3,52) e medo da COVID-19 (16,55 DP 5,42), ambos estariam indicando um nível baixo nessas variáveis em estudo (escore inferior ao valor intermediário da escala). Por outro lado, pode-se observar que em todos os casos as variáveis apresentam um valor p significativo para o teste de normalidade, indicando que a hipótese nula de distribuição normal é rejeitada para todas as variáveis do estudo (p<0,01).
A análise bivariada (Tabela 2) mostrou que todas as correlações matriciais são positivas e significativas. Fazendo uma análise das relações de cada uma das dimensões do fatalismo com as demais variáveis do estudo, foi possível observar que a subescala do fatalismo (preocupação com as consequências do contágio) tem forte correlação com a escala de preocupação com a COVID-19 (Rho = 0,41). Além disso, há uma correlação moderada com a subescala medo (reações de medo emocional) (Rho = 0,34), uma correlação leve com as expressões somáticas da subescala medo (Rho = 0,14) e uma correlação moderada com o medo total (Rho = 0,29). Da mesma forma, a subescala fatalismo (consequências fatais extremas) tem uma forte correlação com as escalas de preocupação com COVID-19 (Rho = 0,49), reações de medo emocional (Rho = 0,50) e a escala total de medo (Rho = 0,50), enquanto tem uma correlação moderada com as expressões somáticas da escala de medo (Rho = 0,37). Por fim, a escala de fatalismo total apresenta fortes correlações com as escalas preocupação com COVID-19 (Rho = 0,52), reações emocionais de medo (Rho = 0,50) e escala de medo total (Rho = 0,48), enquanto tem correlação moderada com as expressões somáticas da escala de medo (Rho = 0,32).
A Tabela 3 mostra os modelos de regressão estimados para prever a escala total de fatalismo. Observa-se que o R2 do modelo 1 é igual a 0,03, indicando que as variáveis sociodemográficas explicam apenas 3% da variância total do fatalismo. Em contrapartida, o modelo 2 tem R2 igual a 0,36, indicando que, quando incluídas as escalas de preocupação e medo total, estas explicam 33% da variância do fatalismo. Esse aumento na variância é estatisticamente significativo (p < 0,001). Por isso, apenas se interpreta o modelo 2, no qual se observa que os entrevistados que foram diagnosticados com COVID-19 tiveram pontuação maior que 0,72 pontos na média de fatalismo em relação aos que não foram diagnosticados com o vírus, sendo um efeito leve (B = 0,09, p < 0,05). Além disso, para cada aumento de ponto na escala de preocupação, 0,46 pontos são adicionados à escala de fatalismo total, sendo um efeito moderado (B = 0,39, p < 0,001). Finalmente, para cada ponto de aumento na escala de medo, o fatalismo aumenta em 0,17 pontos, configurando um efeito leve a moderado (B = 0,23, p < 0,001).
A Figura 1 mostra o diagnóstico da suposição de normalidade residual para os modelos de regressão do fatalismo. Observa-se que, em ambos os modelos, todos os casos de resíduos ajustados se enquadram nas bandas de simulação de uma distribuição half-normal. Isso indica que, para ambos os modelos, os resíduos se ajustam a uma distribuição univariada normal.
Gráficos diagnósticos da suposição de normalidade dos resíduos com o método gráfico comparativo com distribuição half-normal para os modelos de regressão para predição de fatalismo em profissionais de Enfermagem (n=449). Lima, LIM, Peru, 2021
Em relação à suposição de homogeneidade das variâncias, o teste de Breusch-Pagan para o Modelo 1 foi igual a 5,56, com 6 graus de liberdade e valor de p de 0,48. Tal valor não é estatisticamente significativo, indicando que a variância do modelo está distribuída homogeneamente ao longo de toda a linha de regressão. Além disso, o teste de Breusch-Pagan para o Modelo 2 foi igual a 9,65, com 8 graus de liberdade e valor p de 0,29, o qual também não é estatisticamente significativo. Assim, nesse modelo, conclui-se também que a variância é homogênea ao longo da linha de regressão.
Finalmente, com relação à suposição de multicolinearidade, verificou-se que todas as variáveis em ambos os modelos possuem escores entre 1 e 2 pontos, indicando que as variáveis preditoras de ambos os modelos não possuem correlações fortes que possam afetar a precisão da estimação de seus parâmetros.
Por fim, em relação ao diagnóstico de casos atípicos, todos aqueles incluídos na análise apresentaram escores inferiores a 0,04, indicando que nenhum caso da amostra coletada possui influência ou resíduos suficientes para ser considerado como problemático ou outliers.
Discussão
Este estudo analisou o fatalismo de profissionais de Enfermagem que residiam em 19 dos 24 departamentos/províncias do Peru. Foi realizado durante os primeiros meses de início da vacinação, período em que o número de casos e óbitos por COVID-19 permaneceu alto, tanto na população em geral quanto nos profissionais de saúde. Como principal resultado, relata-se que preocupação, medo e ter sido diagnosticado com COVID-19 foram preditores de fatalismo em um modelo que explica 33% da variabilidade. Sabemos que, possivelmente, este é o primeiro estudo que analisou os preditores de fatalismo no cotidiano de trabalho do enfermeiro. Tal achado é importante e significativo para compreender as reações psicológicas, emocionais e comportamentais desse grupo de profissionais, em tempos de pandemia da COVID-19, e ilumina as ações a serem tomadas para melhorar a condição psicossocial do grupo.
Um dos achados deste estudo refere-se ao fato de que o aumento do escore de medo da COVID-19 esteve associado a um aumento do escore na escala de fatalismo diante da possibilidade de se infectar com o coronavírus. Esse resultado é consistente com investigação a qual estabeleceu que uma subescala de fatalismo (pessimismo) afeta positivamente o medo13, no entanto, isso entra em discordância com os estudos realizados nos primeiros meses da pandemia, pois relatam uma relação inversa entre o medo da COVID-19 com o fatalismo no combate à COVID-1910 e o fatalismo pessimista não crítico12. É pertinente ressaltar que um desses estudos utilizou uma escala não contextualizada na COVID-19. Essa diferença pode ser explicada pelo medo que motiva as pessoas a responderem efetivamente a uma ameaça ou a um determinado estímulo, ou seja, um limite, uma determinação ou compromisso. Nesse sentido, representa um mecanismo de sobrevivência em situações cotidianas, ou seja, o que nos protege de certos fatos característicos da condição humana, podendo se tornar um perigo potencial24. No entanto, o medo extremo ou persistente pode causar reações psicológicas negativas, como estresse psicológico25, ansiedade e depressão26.
Por outro lado, ao considerar que o escore médio de medo da COVID-19 obtido é superior ao relatado em estudo que utilizou a mesma escala em uma população peruana11, mas inferior ao obtido entre enfermeiros que trabalhavam na linha de frente25, poderia estar indicando que os profissionais de enfermagem que atuam no cuidado direto com pessoas com COVID-19 apresentam maior risco de desenvolver problemas psicoemocionais.
Outro preditor de fatalismo relatado neste estudo foi a preocupação com a COVID-19. Como não foram encontrados estudos anteriores que avaliaram essa relação especificamente nessa pandemia, tal achado coincide com uma pesquisa realizada com enfermeiras peruanas, a qual sugere que a preocupação é um preditor de outros aspectos psicológicos, como ansiedade27. Além disso, foi encontrada outra investigação que relatou a correlação entre preocupação e ansiedade14. Da mesma forma, estaria de acordo com um estudo realizado com pessoas com câncer, no qual se verificou que a preocupação ambiental dos indivíduos reflete a racionalidade cognitiva e a razoabilidade em oposição à associação negativa entre fatalismo e preocupação28.
A pontuação média de preocupação com COVID-19 obtida nesta pesquisa é semelhante à relatada por um estudo com uma população peruana realizado em março de 202014, porém, ligeiramente inferior ao relatado por um outro, realizado com enfermeiros, entre abril e julho do mesmo ano27. Isso mostra que o resultado é consistente e confirma os achados de estudos anteriores que utilizaram a mesma escala.
Por fim, dentre as diversas variáveis analisadas nesta investigação, o fato de ter sido diagnosticado com COVID-19 foi um preditor de fatalismo nos dois modelos propostos. Portanto, os enfermeiros que sofriam dessa doença apresentaram maior escore de fatalismo. Como não foram encontrados estudos que analisassem tal associação, não foi possível comparar esse achado. No entanto, quando os resultados da pesquisa foram comparados com os de outras realizadas na população geral, ter antecedente de câncer é um preditor de fatalismo29.
O estudo relata que os enfermeiros apresentam nível moderado de fatalismo, resultado que coincide com pesquisas anteriores realizadas na população geral13. Esse achado sugere a necessidade de implementação urgente de medidas de prevenção e mitigação das repercussões psicoemocionais causadas pela pandemia de COVID-19. Assim, as atividades cotidianas, contrárias a um projeto de vida ancorado no progresso, parecem trágicas: vive-se, porque trágico, entre a alegria e a dor, lembrando que a vida também é uma obra de arte, com toda a sua ambiguidade24. Dessa forma, quando a vida cotidiana dói ou é sentida como raiva, “só a arte tem o poder de transformar o que há de horrível e absurdo na existência e tornar a vida agradável e possível”30.
Os achados deste estudo evidenciam a necessidade de que autoridades, estabelecimentos de saúde e enfermagem considerem o medo, a preocupação e o fatalismo como doenças ocupacionais, a fim de implementar estratégias de promoção da saúde mental e prevenção de problemas psicoemocionais.
Sugere-se a implementação de intervenções educativas e psicoemocionais para a redução do fatalismo, destinadas aos profissionais de Enfermagem diagnosticados com COVID-19 que apresentem altos níveis de medo ou preocupação com essa doença, por meio de estratégias de comunicação que promovam o acompanhamento, pois o fato de “estar-juntos”, embora não vença a morte, ao menos permite relativizá-la e testemunhar que a vida perdura1. Da mesma forma, recomenda-se a realização de pesquisas que avaliem a associação do fatalismo com outros possíveis fatores associados, como espiritualidade, resiliência e otimismo, ou sua influência na adoção de medidas preventivas e de promoção da saúde. A preparação das equipes de saúde no desenvolvimento de habilidades de enfrentamento emocional, tanto frente ao estresse agudo quanto ao estresse crônico, é de suma importância, evitando um impacto indesejável na saúde mental desses profissionais.
Além disso, reavaliar a arte permite resgatar o artista que existe em cada ser humano, na própria enfermeira, pois a enfermagem é profissão, ciência e arte, “a mais bela das artes”31, em seu confronto diante do trágico. É fruto de tantas lições de vida, considerando que o fim de um mundo não é o fim do mundo, pois podemos construir outros mundos possíveis no cotidiano do trabalho por meio e após a pandemia, rumo a uma vida digna e saudável.
O estudo teve algumas limitações. Como os enfermeiros de diferentes regiões do Peru foram incluídos, a coleta de dados foi realizada por meio de um formulário virtual, devendo, portanto, ser a informação considerada como autorrelatada. Não foram encontradas pesquisas prévias que avaliaram os fatores associados ao fatalismo em enfermeiros no contexto local e internacional. Portanto, os achados foram comparados com estudos realizados na população geral. Por fim, os resultados podem ser afetados por viés de seleção devido ao tipo de amostragem escolhido, que deve ser considerado na interpretação dos achados.
Conclusão
Este estudo apresenta evidências de que a preocupação, o medo e o fato de ter sido diagnosticado com COVID-19 podem predizer o fatalismo em profissionais de Enfermagem por meio de um modelo que explica um terço da variabilidade total. Da mesma forma, os enfermeiros apresentaram nível moderado de fatalismo e baixo nível de medo e preocupação com a COVID-19.
Para reduzir o pensamento fatalista dos profissionais de enfermagem no contexto de pandemias, sugere-se a implementação de intervenções no manejo do medo e da preocupação que também fortaleçam as estratégias de enfrentamento individuais e coletivas. Dessa forma, as consequências fatais da COVID-19 podem ser prevenidas e a saúde mental promovida.
Agradecimentos
Agradecemos a Rosane Gonçalves Nitschke e Henry Castillo pela colaboração na redação do manuscrito e na análise e interpretação dos dados.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
01 Ago 2022 -
Data do Fascículo
2022
Histórico
-
Recebido
03 Dez 2021 -
Aceito
09 Mar 2022