FONTES
História oral na Casa de Oswaldo Cruz
Oral history at Casa de Oswaldo Cruz
Tania Maria Dias Fernandes
Chefe do Departamento de Pesquisa da Casa de Oswaldo Cruz
A característica singular da fonte oral, em relação a outras fontes documentais, é resultar da articulação e da recuperação da vivência de indivíduos ou de grupos sociais através da memória. Este processo de resgate possibilita repensar e reconstruir o passado sob um olhar atualizado, sustentado em experiências do presente e expressando a dinâmica de construção do próprio sujeito individual ou coletivo.
Como fonte histórica, a memória não se contrapõe à fonte escrita formal. Pelo contrário, associada a outras fontes documentais, enriquece o trabalho histórico. Prova disto são as relevantes contribuições de Le Goff, Michael Pollak, Robert Frank, Danièle Voldman, Michel Trebisch, Paul Thompson, Verena Albert, Marieta de Moraes Ferreira, Antonio Torres Montenegro, Maria Isaura Pereira de Queiroz, Olga Von Simson e outros.
A Casa de Oswaldo Cruz vem elaborando projetos de pesquisa histórica que utilizam a metodologia de história oral, aprofundando estudos e promovendo discussões sobre o tema. Concretamente, foi organizado um arquivo sonoro com registros diversos, como eventos, conferências, palestras e depoimentos isolados de personalidades relevantes para o trabalho histórico em saúde.
Os projetos especificamente voltados para a constituição de acervos de depoimentos são:
Elaboração e implementação das políticas prioritárias do Inamps, 1985-88
Este projeto obedece a critérios temáticos referentes às políticas prioritárias do Instituto Nacional de Assistência Médica, Previdenciária e Social (Inamps) no período específico, quais sejam a reforma sanitária, universalização e equalização do atendimento, humanização das ações assistenciais, combate à fraude e à corrupção, ciência e tecnologia. Reúne 49 horas de fitas gravadas e transcritas, com os seguintes depoimentos:
Ana Lúcia Souto, Ana Tereza da Silva Pereira, Benedito Raul, Eleutério Rodriguez Neto, Hésio Cordeiro, José Carvalho de Noronha, José Gomes Temporão, Luiz Carlos Fadel, Maria do Espírito Santo, Maria Manuela Pinto, Miguel Grassani, Ricardo Nogueira, Roberto Magalhães, Sérgio Granja, Silva Levi e Fátima, Telma Ruth da Silveira.
Memória da assistência médica previdenciária no Brasil
Tendo como tema central a Previdência Social, foram feitas 36 entrevistas, num total de quatrocentas horas de depoimentos gravados de médicos, técnicos, atuários, parlamentares, sindicalistas, dirigentes dos setores público e privado, assistentes sociais e nutricionistas, que tiveram papel relevante na definição das políticas previdenciárias no Brasil, até meados da década de 1980. Constitui referência para a pesquisa sobre assistência médica previdenciária e para o debate sobre seus rumos e alternativas futuras através das diversas trajetórias profissionais e políticas. O catálogo Memória da assistência médica da Previdência Social no Brasil contém sumários das entrevistas e resenhas biográficas de cada entrevistado. Apresenta os seguintes depoimentos:
Algy de Medeiros, Aloysio Salles Fonseca, Aluízio Alves, Armando de O. Assis, Carlos Jourdan, Celso B. Leite, Demisthóclides Baptista, Dermeval Santana, Djalma Chastinet, Eli Bahia, Enilda Gouveia, Fioravanti di Piero, Francisco Laranja, Francisco Torres de Oliveira, Geraldo Baptista, Jessé Montello, João B. Ramos, José D. Corrêa Sobrinho, José Fuks, José G. Talarico, José de Segadas Vianna, Lauro J. de Castro Leão, Leila Bugalho, Luiz G. do Nascimento e Silva, Luiz Moura, Luiz V. da Motta Lima, Mário Duffles, Moacyr V. C. de Oliveira, Murilo V. Bastos, Nildo Aguiar, Odilon Baptista, Paulo da Silva Cabral, Rio Nogueira, Severino Montenegro, Waldemar L. Alves, Zélio Coutinho.
Memória de Manguinhos
O projeto sobre a história de Manguinhos dedicou-se a temas associados principalmente ao período entre a década de 1930 e o conhecido Massacre de Manguinhos, em 1970, caminhando também entre episódios e personagens que transitaram pela instituição desde seus primórdios. Foram entrevistados pesquisadores, auxiliares de laboratório, operários de oficinas e membros do corpo administrativo, compondo um conjunto de trinta entrevistados com cerca de 330 horas gravadas. Uma das questões centrais do projeto é a estruturação institucional, e a relação entre as áreas de pesquisa, produção de terapêuticos e ensino. O catálogo Memória de Manguinhos: acervo de depoimentos, referente a essa pesquisa, foi publicado em 1991 e contém sumários das entrevistas e resenhas biográficas de cada entrevistado. É composto pelos seguintes depoimentos:
Amilar Tavares, Amilcar Vianna Martins, Attílio Borriello, Augusto Perissé, Carlos Chagas Filho, Constança Arraes de Alencar, Dalton Mario Hamilton, Domingos Arthur Machado Filho, Fernando Ubatuba, Francisco Gomes, Francisco Laranja, Haity Moussatché, Hamlet Aor, Hugo de Souza Lopes, José Cunha, José Fonseca da Cunha, Leônidas Deane, Manuel Isnard Teixeira, Maria José Deane, Mário Vianna Dias, Masao Goto, Miriam Tendler, Moacyr Vaz de Andrade, Orlando Guerra Junior, Pedrina de Oliveira, Sebastião José de Oliveira, Sylvia Hasselmann (sobre Walter Oswaldo Cruz), Tito Cavalcanti, Venancio Bonfim, Wladimir Lobato Paraense.
Memória da tuberculose no Brasil
A pesquisa voltada para a recuperação da memória da tuberculose no Brasil teve como preocupação principal a interseção entre vários aspectos da doença, como a sua magnitude epidemiológica, o conhecimento científico gerado, as representações produzidas no imaginário social e as políticas de controle traçadas institucionalmente. O acervo constituído a partir da pesquisa é composto por 11 entrevistas, perfazendo um total de 75 horas de depoimentos, onde procurou-se reconstruir as vivências de autores que participaram da história da tuberculose em nosso país. O catálogo Memória da tuberculose: acervo de depoimentos contém sumários das entrevistas, trechos das mesmas e um pequeno perfil biográfico de cada entrevistado. Apresenta os seguintes depoimentos:
Aldo Villas Boas, Aloysio Veiga de Paula, Germano Gerhardt Filho, Jayme Santos Neves, José Antonio Nunes de Miranda, José Fonseca da Cunha, José Rosemberg, José Silveira, Milton Fontes Magarão, Newton Bethlem, Raphael de Paula Souza.
Memória do Centro de Pesquisas René Rachou
Este acervo contém 13 depoimentos de cientistas, técnicos e funcionários da área administrativa do Centro de Pesquisas René Rachou. Criado em 1955 e sediado em Belo Horizonte (MG), o centro faz parte da Fundação Oswaldo Cruz desde a década de 1970. As entrevistas permitem reconstruir a história do Centro de Pesquisas, abordando ainda a atuação do Instituto Oswaldo Cruz no estado de Minas Gerais desde 1906. O período enfocado pelo projeto vai até dezembro de 1991, data de conclusão das entrevistas. É composto pelos seguintes depoimentos:
Alda Falcão, Cícero de Novaes, Ernest Paulim, Ivan Riccardi, João Carlos, João Prezado, José Pedro, Hortência Orlando, Naftale Katz, Roberto Milward, Waldemar de Souza, Zigman Brenner.
Memória da luta contra o câncer
Reúne um conjunto de 11 depoimentos que permitem acompanhar e analisar o processo histórico da política institucional de combate ao câncer no Brasil, oferecendo subsídios para compreender como as práticas concretas de combate a essa doença ganham significação dentro do quadro mais geral das políticas de saúde e, finalmente, como estas se inserem nas diferentes conjunturas políticas, econômicas e sociais. A periodização que norteou as entrevistas acompanhou a época de atuação profissional de cada entrevistado. Este conjunto documental é parte de uma pesquisa desenvolvida na Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) que originou a publicação História e saúde pública: a política de controle do câncer no Brasil. O acervo (gravado e transcrito) apresenta os seguintes depoimentos:
Ary Frauzino Pereira, Carmem Prudente, Edelberto L. da Silva, Edmur Flávio Pastorello, Francisco Fialho, João Carlos Cabral, José Monteiro de Castro Santos, Ligia Pratini de Moraes, Luiz de Oliveira Neves, Nildo Eimar de Almeida, Osolando Jurice Machado, Wolfgang Georg Lanprecht.
Os acervos gravados em fitas K7 e rolo, devidamente transcritas encontram-se sob a guarda do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz, ao lado de outros arquivos sonoros, iconográficos e escritos disponíveis à consulta, por pesquisadores e pelo público em geral, na sede da instituição, no Rio de Janeiro.
Maiores informações:
Departamento de Pesquisa da Casa de Oswaldo Cruz
Av. Brasil, 4036, 4º andar
Rio de Janeiro RJ CEP 21041-361
Tel.:(021) 590-3489
Fax:(021) 598-4437
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
25 Jul 2006 -
Data do Fascículo
Jun 1995