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Apresentação

"A Educação das masculinidades", dossiê que abre esta edição do cadernos pagu, propõe uma reflexão sobre como masculinidades e feminilidades constituem os sujeitos e são constituídas por eles. Se as pesquisas estão centradas, em sua maioria, em ambientes escolares, ao evocar a diferença sexual, as análises mostram fronteiras tênues entre a escola, a família e a mídia.

Género y sexualidades en las tramas del saber..., livro resenhado por Lorena Plesnicar, indica um conjunto de recursos que permitem (re)pensar saberes convencionais, saberes estes que também são colocados em xeque pela atuação dos movimentos sociais, como aponta Gláucia Destro na resenha da obra de Júlio Simões e Regina Facchini – Na trilha do arco-íris: do movimento homossexual ao LGBT–, enfatizando a porosidade entre Estado e sociedade civil.

Na sessão "Artigos", a diferença sexual é abordada por Carla Rodrigues a partir de Jacques Derrida, mostrando as possibilidades de aliança entre o pensamento da desconstrução e as teorias feministas.

As teorias feministas estão na base do artigo de Eliane Gonçalves, que analisa como os nexos entre educação e profissionalização permitiram a uma parcela das mulheres a conquista da "autonomia", mas que ultrapassa questões financeiras, alargando-se para outras esferas da vida, onde o casamento parece já não ser a aspiração máxima e, nesse sentido, pode modificar, e relativizar, os estigmas imputados à "solteirona".

Profissionais com carreiras consolidadas e percebidas como independentes e autônomas, Lina Bo Bardi e Charlote Perriand têm suas trajetórias analisadas por Silvana Rubino, que aponta para o sucesso incontestável da arquiteta italiana e da designer francesa, sem deixar de mencionar situações de exclusão e desclassificação. A fusão entre vida e arte expressa nesse artigo aparece, em contexto e sentido muito distintos, na resenha de Wagner Camargo e Carmem Rial do livro de Beatriz Preciado – Testo Yonqui.

Alejandra Josiowicz coloca em diálogo os escritos de outras duas mulheres – Katherine Mansfield e Clarice Lispector – para pensar as relações entre gênero e gênero literário e entre feminismo e autobiografia, revisitando questões que remetem à particularidade da escrita feminina. A resenha de Lerice Garzoni do livro de Ellen Constans – Ouvrières des Lettres – mostra as dificuldades, e as contradições, que acompanharam a participação das mulheres na literatura francesa.

Finalmente, a extensa pesquisa de Flávia Biroli mostra como revistas semanais de expressão nacional apresentam as atuações de Heloisa Helena, Marta Suplicy e Dilma Rousseff – três mulheres que ganharam maior visibilidade na mídia política entre 2006 e 2007.

Iara Beleli

Comitê Editorial

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Dez 2011
  • Data do Fascículo
    Jun 2010
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