Resumo
Aborda o debate estabelecido entre Sérgio Buarque e Gilberto Freyre, reconhecidos como ensaístas nos anos 1930, e a forma como se posicionaram sobre o tema no suplemento literário do Diário de Notícias. De uma parte, Holanda reverbera os debates desenvolvidos nos meios universitários e se alinha em defesa dos estudos acadêmicos, com o argumento de que eles renovavam a vida intelectual do país e rompiam com o ensaísmo. Por outro lado, ao defender seu projeto intelectual inaugurado com Casa Grande & Senzala, Freyre prossegue defendendo a forma ensaística como um padrão de cientificidade legítimo, bem como sugere que ela poderia inclusive renovar os estudos acadêmicos realizados em outros países. O artigo investiga o debate de modo a reconstruir as formas que ele ganhou no seu presente, buscando elaborar uma reconstrução genealógica da categoria ensaio exatamente no momento em que se constituía em critério de classificação negativo das narrativas sobre o Brasil.
Palavras-chave historiografia; ensaio; escrita acadêmica
Abstract
This article deals with the debate between Sérgio Buarque and Gilberto Freyre - authors recognized as essayists in the 1930s - and the way they positioned themselves about this question in the literary supplement of Diário de Notícias. Holanda reverberates debates developed in the university circles and aligns himself in defense of academic studies, arguing that they could renew the intellectual life of the country and rupture with essayism. On the other hand, defending his intellectual project that began with Casa Grande & Senzala, Freyre held the essay to be a legitimate scientific form. He also suggested that it could renew academic studies carried out in other countries. The article investigates the debate to reconstruct the forms that it gained when it was produced, seeking to elaborate a genealogical reconstruction of the essay category at the moment in which it was constituted as a negative evaluation of the narratives about Brazil.
Keywords historiography; essay; academic writing
Em 15 de janeiro de 1950, o suplemento literário do jornal O Diário de Notícias publicou um texto de Aires da Mata Machado Filho (1909-1985), intitulado “Ensaios ‘de’ ensaios ‘sobre’”.1 No texto, o autor se refere a um ensaio de Silvio Lima, destacando o modo como esse último opunha ensaios “de”, isto é, aqueles aos quais ele atribui um “tom de memórias disfarçadas”, aos ensaios “sobre”, aqueles “livres da absorvente presença do produtor” que os anima e nos quais as ideias ganham autonomia. As reflexões desenvolvidas no texto de Aires Machado - que trata da oposição entre o protagonismo autoral e a possibilidade de cognição de um objeto que está além de uma opinião ou de uma visão subjetiva da realidade - remete-nos aos já clássicos textos de Montaigne, Luckács e Adorno, para citar apenas alguns autores mais significativos, sobre a forma ensaio. O texto de Aires da Mata, embora expressivo do debate sobre o ensaísmo, e mais especificamente sobre o ensaísmo no Brasil de meados do século XX, representa apenas mais um dos inúmeros textos sobre o tema, publicado no suplemento nas décadas de 1940 e 1950.
Sabe-se que foi nos anos 50 que foram conhecidos os primeiros resultados acadêmicos das instituições universitárias criadas no Brasil nos anos 30 (Miceli, 1989; Vilhena, 1997; Vilas Boas, 2007), especialmente àquelas estabelecidas em São Paulo, isto é, a Escola Livre de Sociologia e Política (Kantor; Maciel; Simões, 2009) e a Universidade de São Paulo (Roiz, 2012), e, no Rio de Janeiro, a Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), da Universidade do Brasil (Ferreira, 2013). A universidade se consolidou, então, como o lugar privilegiado de formação do profissional da sociologia e da história e foi, neste espaço, que se considerou importante discutir os processos de aprendizado destes ofícios. Na visão evidenciada pelos debates em curso, acreditava-se que aos professores universitários caberia elaborar a pauta da educação das gerações futuras. Os novos profissionais em formação deveriam ser vistos como aqueles cujo ofício já se considerava consequência de processos de educação acadêmica. Resultado de um longo movimento no sentido da institucionalização da profissão, buscava-se consolidar a ideia de que esses ofícios não eram práticas espontâneas (Silva, 2014) e, mais, que requeriam um conjunto de conhecimentos especializados e desenvolvidos no interior da universidade e de espaços profissionais de pesquisa. Uma escrita detentora de um domínio de teorias, conceitos, métodos e técnicas e, principalmente, que superava a produção do amador e do erudito tradicional, resultando do aprendizado de um ofício universitário (Silva, 2014), esta é a percepção da escrita das áreas de sociologia e história que se funda no Brasil ao longo dos anos 50.
Derivado, como se disse, do movimento de reconfiguração do campo intelectual, em processo desde meados dos anos 30, os intelectuais em questão buscavam fabricar o que consideravam ser a escrita científica na área de ciências humanas e estabelecer uma nova tradição, constituindo-se uma inflexão na visão crítica dos autores anteriores a eles, e operando-se um simultâneo processo de (re)qualificação da produção da área, com a fundação de novos cânones (Venâncio; Silva, 2012; Vianna, 1997). A especialização da narrativa na área de ciências humanas ganhava relevo ao se evidenciar os aspectos particulares produzidos a partir de sua abordagem universitária.
Paralelamente à consolidação do espaço universitário como locus privilegiado da formação do sociólogo e do historiador, desenvolvia-se um debate que buscava delimitar as fronteiras epistemológicas e de renovação desses estudos, então em curso. Esse debate, anterior à plena institucionalização do espaço universitário, ocorreu em grande medida nos jornais de ampla circulação e se centrou na oposição entre uma escrita de caráter ensaístico e uma narrativa acadêmica e profissional. A discussão sobre os limites da produção sociológica e histórica - entre a interpretação, erudição e método científico - ocupou as páginas dos jornais de ampla circulação e a reflexão sobre o ensaísmo foi uma das vias por meio da qual ela ganhou forma.
Como já destacou Couto, “a segunda metade dos anos 40 [...] conhec[eu] uma verdadeira ‘onda’ de suplementos culturais publicados por diversos jornais do Rio de Janeiro e São Paulo” (Couto, 1992, p.4). O jornal Diário de Notícias, fundado pelo jornalista Orlando Ribeiro Dantas, em junho de 1930, se afirmaria como um jornal liberal, em oposição à ditadura do Estado Novo. Seu suplemento literário, lançado em 1946, sob a direção do jornalista Raul Lima, contava com colaboradores fixos e eventuais (Couto, 1992). Entre os primeiros, figuravam o crítico literário, Afrânio Coutinho, a escritora Rachel de Queiroz, e o jornalista Aires da Mata Machado Filho. Neste suplemento, publicado aos domingos, quando o jornal chegava a ter uma tiragem de cerca de 100 mil exemplares, garantindo um número potencial de leitores perto de meio milhão, intelectuais como Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda, Tristão de Athayde, Manuel Diégues Junior e Sérgio Milliet empenhavam-se em refletir sobre os limites e as potencialidades do ensaio para se conhecer e pensar o Brasil.
Sugere-se, então, pensar aqui como dois autores reconhecidos como ensaístas na década de 1930, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre, se posicionaram sobre o tema nas páginas do suplemento literário do Diário de Notícias. De uma parte, em artigos publicados em fins da década de 1940 e início dos anos 1950, Sérgio Buarque reverbera os debates desenvolvidos nos meios universitários e se alinha na defesa dos estudos acadêmicos, com o argumento de que eles renovavam a vida intelectual do país e rompiam com o bacharelismo e o ensaísmo, produzindo um discurso probatório e argumentativo. Por outro lado, ao defender seu projeto intelectual inaugurado com Casa Grande & Senzala, Gilberto Freyre não apenas prossegue defendendo a forma ensaística como um padrão legítimo de cientificidade, como sugere que ela poderia renovar os estudos acadêmicos, inclusive os realizados em outros países, por meio de uma escrita persuasiva, que promovia uma leitura empática, que levaria ao maior conhecimento sobre o país.
Investiga-se, neste texto, o debate promovido nas páginas do Suplemento de modo a reconstruir as formas que ele ganhou no seu presente. Este texto não tem como objetivo estabelecer uma definição da categoria ensaio. Seu propósito é compreender os usos que Freyre e Holanda fizeram da categoria, mobilizando-a a favor de seus próprios argumentos sem, no entanto, defini-la de maneira precisa. Mais que uma discussão semântica sobre o ensaio,2 o que se pretende neste artigo é uma genealogia de seus usos pelos autores citados, exatamente no momento em que esta se constituía como um critério de classificação, em grande parte negativo, das narrativas sobre o Brasil.3
Sérgio Buarque de Holanda e o adeus ao ensaio
Tendo sido, até então, colaborador eventual do Diário de Notícias, em 1948, Sérgio Buarque de Holanda assumiu a posição de “crítico literário” regular do suplemento literário, com o compromisso de enviar uma colaboração a cada semana. Sob o título de “Missão e Profissão”, seu primeiro texto foi publicado em 22 de agosto de 1948, quando o colunista apresentou um panorama do mundo intelectual, no qual notava os “novos rumos e a ação que vêm exercendo sobre certas inteligências o método e o ensino universitário, sobretudo os das Faculdades de Filosofia”.4 Para o autor, a “modéstia”, a “inquirição metódica” e a “perseverança”, característicos deste ensino, poderiam configurar um antídoto “aos falsos heroísmos, às falsas disciplinas e às grandezas falsas”, todos gerados pela adesão a “doutrinas salvadoras”. Desse modo, “à base de qualquer alternativa possível para a liberdade imoderada há de encontrar-se invariavelmente um apelo ostensivo ou implícito à despersonalização. Mas não é forçoso que essa despersonalização se exprima na aquiescência a algum código exterior, arbitrário e caprichoso”.5
A escrita científica, que recusa tanto a liberdade imoderada quanto a disciplina salvadora, parece significar a Sérgio Buarque um rompimento com a prática do ensaísmo que implicava na forte presença do autor e na personalização. No caso da história, o colunista sugere agora um tipo de construção interpretativa em que, partindo-se dos pequenos detalhes e dos dados de pesquisa, não se sabe de antemão aonde se chegará, daí a necessidade de “modéstia” e “perseverança”. O espírito científico que as novas gerações formadas dentro de um ambiente universitário abraçavam define-se “menos por fins de antemão determinados do que pela maneira de chegar a eles, pois o roteiro que escolheram talvez ainda não esteja nos mapas, e o futuro pode trazer surpresas”.6
Nesta primeira contribuição, Sérgio Buarque demarca uma espécie de programa para sua coluna “Vida Literária”, pois, conclui, “ao retomar o ofício de crítico literário, são esses alguns dos sinais de transformação que julgo discernir em nosso horizonte intelectual. Transformação que pretenderei acompanhar daqui, [...] como uma testemunha de boa-fé, empenhada em bem compreender e bem interpretar”.7 Ao anotar a “afinidade” entre o “panorama de nossa atual literatura”, marcado pelo “grupo de escritores novos que ainda há pouco deliberou reagir contra a herança de 22” - grupo que viria a ser conhecido como “geração de 45” -, e as transformações operadas pelo “ensino universitário” e pelo “método científico”, Sérgio Buarque amplia o escopo da sua coluna. Graças a esta afinidade, além de produzir textos de crítica literária propriamente dita, seria cabível realizar análises de obras das áreas de ciências sociais e de história.
É assim que, após semanas analisando a obra literária de Rodrigo Melo Franco de Andrade e de Manuel Bandeira, em 3 de outubro de 1948, com a publicação de “Novos rumos da Sociologia”, Sérgio Buarque voltava a tratar das ciências sociais, analisando que tipo de prática intelectual viria a ser afetada pelas transformações operadas através do ensino universitário. É curioso notar que, neste artigo, Sérgio Buarque faça referência crítica ao seu próprio livro, Raízes do Brasil, publicado 12 anos antes, afirmando que ele pertencia a um “clima de opinião” em que
a cada povo cumpre discernir e cultivar com carinho sua personalidade essencial e irredutível, informada por tradições que lhe são próprias e sobretudo que não partilha com nenhum outro. Personalidade que encontra a sua razão de ser, sua justificação, seu apoio, não já nos valores racionais e universais, que antes pareciam dominar quase exclusivos, mas no simples fato de ser singular e única.8
Os estudiosos que se incumbiram da missão de desvendar a personalidade nacional tenderam a uma “atitude nitidamente subjetiva e quase sempre apologética” própria deste “clima de opinião”,9 que não deixou de afetar Raízes do Brasil. Neste livro, o agora articulista “se propunha a investigar nada menos do que nossa personalidade nacional através de suas raízes históricas”. 10
Portanto, se não chega a renegar seu livro de forma completa, Sérgio Buarque rechaça o clima de opinião que o gerou e a própria prática do ensaísmo com vistas a descortinar o caráter nacional. Isso implica em uma crítica não apenas dirigida a Raízes do Brasil - que, diga-se de passagem, ganhava uma nova edição amplamente modificada naquele momento com a inclusão de cerca de 100 novas páginas -, mas que atingia também os “membros mais respeitáveis dessa família numerosa [que se “filia (...) às concepções ‘orgânicas’ da sociedade”] - a obra do sr. Gilberto Freyre, por exemplo, ou do sr. Oliveira Viana”.11
Ainda no mesmo artigo, Sérgio Buarque de Holanda realizava um balanço das mudanças institucionais que ocorriam no processo de produção das ciências sociais no Brasil, acentuando “a importância singular da contribuição de todo um grupo de pesquisadores novos, no sentido de ampliar, entre nós, o campo das investigações sociológicas”.12 Por meio de suas pesquisas, este grupo era marcado fundamentalmente pelo “esforço para estender às comunidades não tribais e mesmo a centros civilizados, alguns dos métodos de pesquisas, elaborados para o estudo dos povos chamados primitivos, e que constituíam o apanágio da Antropologia”.13
Nas semanas seguintes, Sérgio Buarque apresentava uma pormenorizada análise de um dos representantes daqueles, assim chamados, “estudos de comunidade”.14 O tema da coluna durante três domingos foi o livro Cunha: tradição e transição em uma cultura rural no Brasil, de Emilio Willems (1905-1997), publicado naquele mesmo ano de 1948, pela Diretoria de Publicidade Agrícola da Secretaria de Agricultura de São Paulo, no contexto em que os estudos dedicados à pesquisa intensiva de comunidades rurais em processo de mudança social predominavam na sociologia universitária, especialmente em São Paulo e sua Escola Livre de Sociologia e Política.
Não vem ao caso para os fins do presente artigo acompanhar toda a argumentação desenvolvida por Sérgio Buarque. Apenas cabe destacar, em primeiro lugar, que o colunista realizava uma análise cuidadosa de um livro que, na sua percepção, é “expressivo desse movimento que tende, de qualquer modo, a enriquecer extraordinariamente os estudos sociológicos no Brasil”.15 Em segundo lugar, sua principal crítica consistia em apontar a ausência de uma “investigação histórica” do passado da comunidade analisada por Willems, defeito, a seu juízo, compartilhado pelo conjunto de estudos de comunidade em geral. Esta crítica estava ao lado, e era mesmo complementar, à observação de que “pesquisas como esta do sr. Emilio Willems podem ser de préstimo nos estudos de história”.16 Desse modo, pode-se perceber que, para o colunista, a nova sociologia, produzida no ambiente universitário de São Paulo, poderia nutrir os estudos de história, indicando que estes também estavam seguindo os caminhos apontados pela institucionalização universitária. E isso parecia promissor a Sérgio Buarque de Holanda.
É no interior desta reflexão que ganha destaque as definições e limites do gênero ensaístico, disputa característica, como sugere Lidiane Rodrigues, de “períodos de modificação das condições de produção intelectual” (Rodrigues, 2014, p.263). Em textos dedicados à obra de Gilberto Freyre, mais especificamente, ao livro Ingleses no Brasil, Sérgio Buarque investiga a técnica do ensaio empregada. Os artigos desses dois autores, analisados no contexto da publicação e em interação, podem trazer elementos importantes para a análise.
Ingleses no Brasil: Sérgio, Gilberto e o confronto entre dois modos de fazer história
Como articulista ou como assunto, Gilberto Freyre e seus livros se constituíram em presença constante nas páginas do Diário de Notícias e, em especial, no seu suplemento literário. Em 16 de novembro de 1947, por exemplo, Manuel Diégues Júnior (1912-1991) escrevia “Brasil em traços largos”, no qual observava que Interpretação do Brasil, lançado naquele ano por Gilberto Freyre, oferecia “uma vista geral da formação brasileira” e que, se deixava de lado os detalhes e perdia de vista os traços regionais, “de suas páginas ressalta[va] a força da mestiçagem na cultura brasileira”, constituindo uma “síntese de sua obra”. No raciocínio deste ex-aluno dos cursos de Gilberto Freyre, o mestre se mantinha “fiel aos princípios e ideias que marcam [sua] obra, princípios e ideias lançados desde a sua tese inicial de 1922 e desenvolvidos em estudos posteriores”. Diégues Junior era enfático ao notar a linha de continuidade que alinhavava a obra de Freyre e grifava sua importância na vida intelectual do país: “Aí como agora e como antes mantém-se Gilberto Freyre no mesmo senso de fidelidade às suas ideias, apontando sugestões ou indicando diretrizes; sugestões ou diretrizes já vislumbradas em suas mais antigas páginas o que traduz a continuidade de sua obra num amplo e fecundo sentido, de construção da sociologia brasileira”.17
Do mesmo modo, diversos artigos retomam a importância de Casa Grande & Senzala & analisam outros livros de Gilberto Freyre em linha de continuidade com o primeiro ensaio. Se assim foi com Interpretação do Brasil, não foi menos para o seu tratado de Sociologia, publicado em 1945, saudado como bem vinda obra de “um dos mais abalizados pesquisadores de nossa realidade social”.18
Mas é com o lançamento de Ingleses no Brasil, em 1948, que a prática historiográfica de Gilberto Freyre volta a ser discutida. Na verdade, isto é sugerido pelo próprio prefácio do livro, escrito por Otávio Tarquínio de Sousa, que, àquela altura, ocupava um lugar que já havia sido de Freyre, o de diretor da Coleção Documentos Brasileiros, da Livraria José Olympio, pela qual o volume de Freyre era lançado agora. Logo na abertura, o prefaciador se pergunta, “o que é um ensaio?”. Após notar a ampliação do uso do termo para se referir ao estudo monográfico e mesmo ao “trabalho didático”, Tarquínio escreverá que
no verdadeiro ensaio, de sabor montaigniano ou baconiano, haverá uma aparente falta de plano e o seu ritmo será o da própria vida - homens, instituições, costumes, épocas encarados sem rigores lógicos, ‘de maneira simples, natural e comum’, como se propôs Montaigne, o lado de saber positivo não dissociado nunca do sentido de ‘recreação’ de que Bacon fez timbre. Só assim o ensaio surpreenderá também o lado de aventura em que muitas vezes se dissimula o veio poético dos temas considerados friamente prosaicos, jamais desvendado na douta monografia ou no tratado austero.19
É deste modo que o novo livro de Freyre parecia ao prefaciador, “mais um dos seus sumarentos ensaios, inaugurados com a obra-prima que é Casa-Grande & Senzala”.20
Justamente em torno de Ingleses no Brasil e do prefácio de Tarquínio que o tema do ensaio e o caráter da obra de Gilberto Freyre emergirá novamente nas páginas do suplemento literário. O historiador paraense Mecenas Dourado, nascido em Belém em 1893 e que viria a publicar A conversão do gentio, em 1950, escreve, em 9 de janeiro do ano anterior, uma ácida crítica ao livro de Gilberto Freyre. Começa por questionar a classificação sugerida por Otávio Tarquínio, alegando que “nem por ser uma recreação espiritual o ensaio montaigniano guarda menos a ordem lógica das ideias”, pois “o diverso não é, forçosamente, contraditório”.21 Para ele, “Ingleses no Brasil não possui nenhum dos caracteres do ensaio montaigniano nem do gênero cultivado pela erudição moderna” e, a certa altura, questionava: “arriscando-se a situar falsamente o ensaio imputando-lhe falta de plano e ‘rigores lógicos’, o Sr. Tarquínio não quererá justificar seu julgamento não formulado mas pensado, sobre o livro do sr. Freyre?”.22
Cabe notar que, a despeito das dissonâncias na compreensão do que seja um ensaio, a simples sugestão por parte de Mecenas Dourado de que, ao classificar Ingleses no Brasil como “ensaio”, Otávio Tarquínio estaria ocultando seu verdadeiro juízo negativo sobre o livro, constitui um sintoma da desestabilização do termo no período em questão. Talvez se possa dizer que este período de indefinições consiste em uma fase de transição entre os anos 1920 e 1930, em que os autores podem se proclamar como ensaístas com convicção, e as décadas de 1960 e 1970, quando o ensaio adquire uma conotação negativa.23 Nos anos 1940 e 1950, a conceituação de ensaio e sua valoração tonaram-se instáveis, caracterizando-se, portanto, como objetos de disputa.
De todo modo, para Dourado, Ingleses no Brasil era “uma amálgama de episódios raramente alçados a uma explicação, sem plano aparente ou real, sem o necessário espírito de nuance e concessão a uma realidade fugidia, como é a realidade das influências históricas”.24 Portanto o livro não se erigia em verdadeiro ensaio e Freyre representava a permanência do “amadorismo”, que, “num país como o nosso, sem preparação universitária, representa o pior inimigo de nossa cultura”.25 Além de tentar demonstrar incongruências entre a documentação apresentada e as ilações sugeridas por Freyre, Dourado apontava para a “redação descuidada”, a “má composição literária”, além da “ausência de método”.
Provavelmente não apenas e nem fundamentalmente motivado por esta resenha, e nem mesmo somente devido a comentários tecidos nas páginas do suplemento literário do Diário de Notícias, em 31 de julho de 1949, Gilberto Freyre resolve publicar “A propósito de Críticos”. Nesse artigo, anota que, em “um desses dias”, um “ilustre jornalista” que o havia procurado para uma entrevista, referiu-se “aos ‘ataques’ que, ultimamente, vêm sendo feitos com insistência, em jornais brasileiros, aos meus trabalhos”.26 Freyre atribui os ataques a “indivíduo ou grupo inconformado com atitudes e modos de pensar do autor, por eles considerados heréticos,” e os considera provindos de uma “zona ricamente patológica que é a formada pelas relações entre autores e censores”. Nesta zona, seria possível discernir que, “sob o ódio, de facção ou de seita ofendida nos seus tabus”, repousa simplesmente “o despeito ou a mágoa do literato ou do intelectual que se considera fracassado, contra o que supõe triunfante”.27
Freyre passa a defender o seu projeto contra “a condenação da parte do crítico convencionalmente acadêmico” que exige “correção”, “elegância” e “medida” de frase, como se fossem “virtudes [...] sagradas”.28 Para o autor, muito ao contrário, vários “ensaístas, romancistas e poetas de hoje” supõem encontrar “na imperfeição e na desordem [...] elementos demoniacamente necessários à criação literária ou mesmo híbrida: literária ao mesmo tempo que científica ou filosófica”.29 Alegava ainda que, no aparente desleixo, sua produção se trata, na realidade, de “obra complexa e lenta e longamente elaborada”, “embora”, acrescentava entre travessões, “taxada de ‘impressionista’ por censores apenas caprichosos nas suas opiniões”.30
Esta última observação toca fundo Sérgio Buarque, que reconhece na expressão “impressionista” o adjetivo que ele próprio, quase dez anos antes, havia atribuído aos “ensaios” de Freyre, que, ao invés de “bem compostos”, eram redigidos de uma “maneira quase impressionista”.31 Por isso, o articulista da coluna “Vida Literária” não tardaria a reagir, “em parte por motivo muito pessoal”, admite, e publica, em 25 de setembro de 1949, “A propósito de ingleses no Brasil”. Insiste que, de fato, continua a pensar que a expressão “impressionista” está entre as “mais aptas para descrever seu [de Freyre] método de historiador”, “sobretudo agora, com a publicação de Ingleses no Brasil”.32 Para defender seu ponto de vista, o colunista decide dedicar o artigo a “questões de método”.
Acima de tudo, a atitude impressionista “envolve [...] um constante desdém por tratamento impessoal e sistemático do tema escolhido”, esclarece Sérgio Buarque de Holanda. Antes de prosseguir, vale considerar que a alusão à pintura impressionista para se referir ao ensaio fora empregada por Paulo Prado ao dizer que o seu livro Retrato do Brasil, publicado em 1928, “foi feito como um quadro impressionista”.33 Este livro não havia sido de pouca importância para os modernistas, dentre eles para Sérgio Buarque de Holanda compor Raízes do Brasil. Recordando no artigo de 1949 uma carta de Henri Pirenne a Johan Huizinga, Sérgio Buarque alegava que a “técnica” do ensaio empregada por Gilberto Freyre - que invocava o exemplo de romancistas, notoriamente o caso de Proust, para defendê-la - lembra a afirmação de que “existem [...] diversas verdades para uma só coisa: é um pouco, como na pintura, uma questão de iluminação”.34
Ao lado disso, Sérgio Buarque chama a atenção para o fato de que fora o prefaciador de Ingleses no Brasil, Otávio Tarquínio de Sousa, que, na mesma direção, havia grifado a “ausência do peremptório” no livro de Gilberto Freyre. Isto se deve, argumenta Sérgio Buarque, ao fato de que a “técnica” empregada pelo autor é “antes cumulativa do que expositiva e coerente, chegando a sugerir a daqueles poetas, tão do agrado do autor, que a exemplo de um Whitman, souberam aproveitar toda a força expressiva da simples enumeração e do ‘catálogo’”.35 O “nexo entre as diferentes partes”, esclareceria o articulista no artigo da semana seguinte, “não resulta [...] de princípios teóricos bastante nítidos ou coerentes, que ajudem a sistematizar a ampla visão do conjunto”.36
Embora em alguns pontos a argumentação de Sérgio Buarque se aproxime da de Mecenas Dourado, a ênfase de seu artigo, em que pese a nota pessoal do início, é antes compreensivo do que crítico. Ao contrário daquele leitor, Sérgio Buarque considerava que, antes que “desleixada e confusa”, a linguagem usada por Freyre era “bem governada” e “de notável poder expressivo”.37 E, acima de tudo, diferentemente de Dourado, ele concorda com Otávio Tarquínio e aceita de bom grado considerar os trabalhos de Freyre como “ensaios”, sem que isso adquira uma conotação absolutamente negativa. As críticas de Sérgio Buarque de Holanda a Ingleses no Brasil tornam-se mais explícitas no segundo artigo, “Ainda Ingleses no Brasil”, e dizem respeito a três ordens de questões: às fontes primárias, ao diálogo com a bibliografia e a determinadas generalizações do ensaísta.
Em primeiro lugar, segundo Buarque de Holanda, as fontes utilizadas por Freyre se “limitam quase sempre ao século décimo-nono, [...] mais precisamente em seus decênios iniciais” e, nesse âmbito, são “representadas em sua imensa maioria por certo tipo de documentação oficial, principalmente ofícios e relatórios de cônsules, ou ainda de anúncios publicados em jornais”.38 Mais adiante, Sérgio Buarque irá reclamar a falta que faz, na pesquisa do autor, o recurso “à leitura de [...] almanaques, e mais a dos mapas de carga de embarcações, [...] das atas de câmaras, dos inventários coloniais”, que poderiam mostrar que, “notável como chegou a ser, sem dúvida, sobre os costumes brasileiros, a influência britânica [...], em realidade não dever ter tido a extensão avassaladora que faz supor a leitura do livro de Gilberto Freyre”.39
Em segundo lugar, Sérgio Buarque nota que a obra de Alan K. Manchester, British Preeminence in Brazil: its rise and decline, publicado em Chapel Hill, em 1933, teria sido mais fundamental para Gilberto Freyre do que a construção da sua obra leva a crer e lamenta, não sem alguma ironia, “que tenham desaparecido, neste caso, os andaimes serviçais distribuídos por outros lugares do livro”.40 Ou seja, tomando este exemplo, Sérgio Buarque critica a ausência de referências mais explícitas e claras aos autores e também às fontes utilizadas, que nem sempre são citadas de modo completo no livro de Freyre.
Por fim, levando em consideração fontes deixadas de lado por Freyre e dedicando-se a regiões que escaparam à atenção do autor, Sérgio Buarque busca assinalar que - tomando o caso do exemplo do trigo -, ao contrário do que Gilberto Freyre supõe, “não só de paulistas e baianos, mas ainda de moradores das Minas Gerais, dos campos de Curitiba e sobretudo do Rio Grande de São Pedro, sabe-se muito bem que conheceram largamente o pão de trigo, sem necessidade para isso, da presença do comerciante inglês”.41
De todo modo, Sérgio Buarque não crê “que os seus [de Freyre] mais obstinados contraditores possam negar que ele iluminou de uma luz nova e muito viva alguns aspectos fundamentais de nosso passado colonial e imperial”.42 Mais do que uma crítica desenvolvida à obra de Freyre, a argumentação de Sérgio Buarque parece nos dizer, sobretudo, acerca do seu próprio novo modo de operar, preocupado com as fontes, com os diálogos com a historiografia e temendo os riscos das generalizações. Assim, Sérgio Buarque ia se identificando mais com a prática do historiador acadêmico do que com a do ensaísta, da qual vinha se afastando claramente desde ao menos o seu artigo “Novos Rumos da Sociologia”, publicado no suplemento literário em 1948.
Gilberto Freyre, ensaísta par excellence
Ao que tudo indica, desde que veio a público, o livro de estreia de Freyre, Casa Grande e Senzala, foi recebido como um texto que primava por uma escrita de caráter particular. Grande parte das resenhas publicadas sobre sua primeira edição destacam a linguagem e questões relacionadas à composição do texto. Havia quem afirmasse ter se sentido incomodado com “os termos crus do livro” ou ainda quem dissesse que a “linguagem chula, impura e anedótica” corroboraria para uma narrativa “pouco científica e muito literária” (Mello apud Nascimento, 2012, p.3-4). No entanto, essa discussão não maculou a excelente recepção que o livro recebeu assim que foi publicado e que, em grande medida, valorizou a “pequena distância que ele [Freyre] mat[ém]inha em seu livro, entre a (...) língua falada e a escrita” (Mello apud Nascimento, 2012, p. 4).
Ao longo da primeira década após a publicação de Casa Grande e Senzala - e é importante lembrar que o livro teve neste período quatro edições (1933, 1936, 1938 e 1943) - a crítica à linguagem vulgar do texto foi, aos poucos, diminuindo e permitindo recrudescer as leituras que o consideravam um estudo regional cujas conclusões, entretanto, não poderiam ser generalizáveis para todo o Brasil (Nascimento, 2012).
Apesar das críticas, algumas desfavoráveis, é possível considerar que o livro chegou a sua sexta edição, em 1950, reconhecido como um texto de grande importância para os estudos sobre o Brasil. Neste momento, ele já tinha ultrapassado a quinta edição em português, em 1946, bem como a primeira e segunda edição em espanhol, em 1942 e 1943, a primeira edição em inglês, publicada em Nova Iorque, em 1946, além da edição inglesa, publicada em Londres, em 1947.
O texto de estreia de Gilberto Freyre havia se tornado, sem dúvida, um livro consagrado. Além disso, havia “embaralhado as classificações” (Nascimento, 2012, p.5) até então estabelecidas entre textos de literatura e aqueles de ciência, pois, embora essas fronteiras fossem ainda muito fluidas, a narrativa de Gilberto Freyre colocava em questão os critérios que vinham em curso de definição. Entretanto, apesar dos debates sobre o caráter do livro, a maior parte dos críticos, naquele momento, considerava evidente o seu viés científico.
Por que então Gilberto Freyre, no suplemento literário do Diário de Notícias, se empenhou em defender tão enfaticamente sua obra e sua escrita ensaística? A hipótese aqui enunciada é de que foi exatamente neste momento - início dos anos 50 - que o caráter ensaístico de Casa Grande & Senzala começou a ser duramente questionado, criando-se uma relação direta entre a linguagem adotada no livro e a ausência de cientificidade da análise empreendida por seu autor.
Por esse motivo, cabe considerar os escritos de Gilberto Freyre no suplemento literário do Diário de Notícias como textos que defendem não apenas a sua própria obra, mas também a possibilidade de um modelo de narrativa que constitui processos de conhecimento sobre o Brasil distintos daquele que se consolidaria como vitorioso na disputa pela definição de uma sociologia científica.
Em texto publicado no suplemento em maio de 1949, intitulado “Novo Ensaísta”, Gilberto Freyre descreve, de maneira objetiva, as principais características que, para ele, definiam um ensaísta. Este, na visão do autor, congregaria “uma rara combinação de talento com saber, de intuição com documentação, de sensibilidade com erudição, de prudência com audácia”.43 Seria aquele que ousaria uma “aventura de síntese” que só seria possível ser plenamente realizada com muito “estudo do problema ou do assunto que se [buscasse] (...) interpretar” e com “muita meditação sobre ele”. Por esse motivo, completava Gilberto, “não pode ser ensaísta quem quer; nem quem audaciosamente se intitula de tal. Mas só quem a qualidades natas acrescente de tal maneira traços adquiridos (...).”44
Portanto, vale destacar, a “modéstia”, a “perseverança” e a “inquirição metódica”, características citadas por Sérgio Buarque de Holanda ao se referir ao método científico e à ambiência universitária, poderiam ser importantes, mas jamais suficientes para o surgimento de novos ensaístas. O ensaísta seria para Freyre aquele que associava o senso crítico e o espírito do humanista; a intuição e a erudição.45 Considerando que no artigo em questão Freyre está analisando o trabalho de outrem, o de Bento Munhoz da Rocha Neto e seu livro Uma interpretação das Américas, Freyre não restringe a apologia do ensaio à defesa de sua própria obra, mas objetiva perceber e enaltecer o aparecimento de novos ensaístas, ainda que a escrita de caráter acadêmica e universitária estivesse se anunciando como principal modo de produção historiográfica e sociológica.
Desse modo, sob o olhar de Gilberto Freyre, o ensaísmo estaria distante de um viés menos científico. Em textos publicados no ano de 1950, exato momento no qual veio a público a sexta edição de Casa Grande e Senzala, ele defende enfaticamente a possibilidade do ensaio como uma via de cognição da realidade do país e ressalta suas possibilidades analíticas. Ao destacar que essa 6ª edição saía “com pequenas correções ao texto e vários acréscimos às notas e à bibliografia”, pois publicada após “o choque mais forte com a crítica estrangeira”, em função das edições em inglês, subsequentemente publicadas nos Estados Unidos e na Inglaterra, Freyre passa a responder aos críticos e apresentar a qualidade e a cientificidade de seu texto. O argumento por ele mobilizado segue no sentido de demonstrar que o caráter ensaístico do texto não impossibilitava, mas ao contrário, era o que permitia, um maior conhecimento da complexidade da sociedade brasileira analisada.
Os textos de Gilberto Freyre no Diário de Notícias foram publicados em janeiro de 1950.46 O primeiro, no domingo, 01 de janeiro, intitulado “Prefácio à 6ª edição de ‘Casa Grande e Senzala’”; e o segundo, no domingo seguinte, 08 de janeiro, com o título de “Ainda o Prefacio à 6ª edição de ‘Casa-Grande e Senzala’”.47
Foi exatamente no momento do lançamento da edição que Gilberto Freyre decidiu escrever os textos no jornal. Neles, o autor enaltece e defende seu livro - prática, aliás, mantida por Freyre até o fim de sua vida, como já apontado por Ricardo Benzaquen de Araújo, no texto Deuses em miniatura (Araújo, 1997) -, baseando-se, especialmente, no fato do texto ter tido uma acolhida satisfatória no exterior. Ao fazer referência à versão de seu texto em inglês, Freyre, chama esta última língua de “latim sociológico”, buscando ressaltar a assimetria na qualidade da produção científica e, consequentemente, da crítica dos trabalhos científicos, entre os Estados Unidos e o Brasil, com a maior destaque para o primeiro país. Desse modo, no Diário de Notícias, ele registra a boa recepção do livro entre os críticos de língua inglesa, o que, em sua leitura, reafirma a indiscutível qualidade do texto:
Ao autor é a quem menos cabe dizer se de tão rude prova vem saindo o ensaio diminuído ou engrandecido. Toca-lhe, porém, o direito de regojizar-se com o fato de que a crítica mais autorizada dos países de língua inglesa [grifo nosso] - ou onde essa língua é hoje o latim sociológico - posta em contato com um estudo em muita coisa fora das convenções acadêmicas, acolheu-o como um esforço honesto e não apenas tentativa ousada de descobrimento de novos caminhos e interpretação do homem ou da natureza humana; e, por algumas de suas vozes de mestres, chegou a considera-lo sugestão para obras a serem realizadas noutras áreas. Noutros países. Nos Estados Unidos.48
Seguindo esse caminho, Gilberto Freyre destaca o fato de que os críticos de língua inglesa pareciam indicar “alguma originalidade no método de análise e de interpretação seguido no trabalho brasileiro”. E acrescenta:
Das muitas críticas estrangeiras (...) parece que somente uma negou ao ensaio brasileiro critério científico e sentido humano, considerando-o, ao contrário, prejudicado naquele critério e nesse sentido por “inexatidões” de caráter antropológico (...).49
Freyre, no entanto, desconsidera esta última crítica ao afirmar que seu autor o acusa de racismo e antissemitismo, o que, segundo ele, não faria qualquer sentido. O importante, no entanto, é destacar a defesa que ele faz do seu próprio trabalho, ao qual se refere todo o tempo como ensaio, argumentando a favor da ideia de que era justamente o caráter ensaístico o que permitia uma análise mais complexa da realidade brasileira. Segundo Gilberto Freyre, foi o esforço de “combinar várias técnicas e de várias ciências - das chamadas sociais - para a investigação, e a tentativa de esclarecimento do conjunto de traços apresentados pela formação social” o que possibilitou a elucidação do “complexo social e de cultura como foi no Brasil, o patriarcal, escravocrata e monocultor”. 50
Importa atentar ainda para o fato de que no momento da publicação da 6ª edição de Casa Grande e Senzala no Brasil, o livro estava em processo de edição também na França. Este viria a ser publicado, em 1952, na coleção La Croix du Sud, editada pela Gallimard, sob a direção de Roger Callois - intelectual francês que viveu longos anos na Argentina -, e que tinha como objetivo promover a literatura latino-americana no país. Publicou, assim, textos de diversos autores, entre os quais se inserem alguns títulos brasileiros. Além de Casa Grande & Senzala e Nordeste, do próprio Gilberto Freyre; Capitães de Areia e Bahia de todos os santos, de Jorge Amado; Infância, de Graciliano Ramos; Vidas Secas, deste mesmo autor; e Bandeirantes e Pioneiros, de Vianna Moog. Como se vê, do ponto de vista da coleção, evidenciava-se uma análise do Brasil feita, indiferentemente, por literatos e/ou ensaístas.
Na agenda humanista dos anos 50, de uma Europa ainda muito abalada com a Segunda Grande Guerra, os livros dos autores latino-americanos serviram a uma proposta otimista, em grande medida evidenciada pela escrita de Lucien Febvre no prefácio de Casa Grande e Senzala. Segundo este historiador, “temerosos pelo futuro do mundo, [os europeus] dirigem seus olhos em uma busca angustiada em direção a essas imensas terras sul-americanas” (Febvre, 1953, p.18). Mais que a denúncia dos problemas sociais e/ou econômicos do Brasil, os livros desses autores foram lidos numa chave interpretativa condicionada pelos problemas europeus do pós-guerra e das lutas de descolonização na África.
Traduzido por Roger Bastide e com prefácio de Lucien Febvre, Casa Grande e Senzala teve, na França, uma recepção dissonante em relação à leitura que iria receber no Brasil a partir de meados dos anos 50. A crítica francesa destacou a importância do livro e o sucesso e os benefícios da miscigenação no Brasil, pauta estreitamente associada ao desenvolvimento dos projetos que vinham sendo financiados, naquele momento, pela Unesco.51
Como é de amplo conhecimento, no período imediatamente após a Segunda Guerra Mundial, esta agência preocupou-se em financiar uma série de estudos com o objetivo de promover a pacificação entre os países, por meio da análise dos processos que haviam motivado os conflitos. Buscava-se identificar os mecanismos que haviam promovido um agressivo nacionalismo e subverter os processos que o estimularam. A palavra de ordem do período pós-guerra na Europa era integração. O grande prestígio que o livro de Freyre passou a desfrutar no exterior, fez com que o Brasil fosse visto, então, como um laboratório para se refletir, justamente, sobre o processo de integração dos povos.
É importante considerar que o próprio Roger Callois - diretor da coleção La Croix du Sud - era ocupante de um destacado posto na Unesco, desde 1948, e que Gilberto Freyre foi integrante de alguns dos importantes comitês desta agência no período do imediato pós-guerra.52
Além disso, nos Rencontres Internationales de Genève, organizado pela Unesco em 1954 - cujo tema foi Le Nouveau Monde et l’Europe -, a conferência de abertura foi proferida por Lucien Febvre, como já se disse, prefaciador da versão francesa de Casa Grande & Senzala (Maîtres et esclaves). O tema abordado por Febvre nesta conferência, intitulada Les lumières de Clio, foi a discussão sobre a importância da História para minimizar os conflitos sociais. Segundo ele, a História seria uma science du changement o que permitia que esta contribuísse para a promoção da compreensão mútua entre as nações. Assim, Febvre afirmava “acreditar que haveria qualquer coisa no sangue, no cérebro e no pensamento do americano - um conjunto de ideias, crenças, sentimentos etc. - que o aproximavam do europeu, fazendo com que “em uma grande cidade da América do Norte, um inglês se sentisse tão confortável quanto um italiano ou um francês em uma grande cidade da América do Sul” (Febvre apud Furtado, 2018, p.145).53
Seria, aliás, este o mesmo ponto destacado por Febvre em seu prefácio do livro Maîtres et esclaves. Ao se referir ao seu objetivo ao escrever o texto, em artigo na Revue des Annales, Lucien Febvre afirma ter tentado definir que o propósito do trabalho de Freyre não era a história de Brasil,
mas o estudo relações, complexas, de três grandes massas humanas. Não sua relação de justaposição, mas de sua fusão progressiva, de sua íntima mistura. Ao final da qual, o brasileiro, mesmo branco, fundamentalmente e visivelmente branco, é, não obstante, uma obra-prima de complexidade racial e mental que floresceu nos trópicos. E, esvaziando a palavra de qualquer tipo de apreciação moral, um sucesso, psicológico e histórico (Febvre, 1953, p.409).
Como se pode perceber, a leitura que prevaleceu entre a crítica francesa, na análise de Casa Grande e Senzala, considerava que havia no Brasil uma “relativa confraternização entre as raças, selada pela miscigenação, que seria a marca de distinção da sociedade (...)” (Araujo apud Maio, 1999b, p.112). Por esse motivo, segundo Marcos Chor Maio, Gilberto Freyre foi amplamente responsável pela escolha do Brasil como foco da pesquisa que a Unesco financiou a respeito da integração harmônica das raças.
No entanto, de modo oposto ao sucesso alcançado por Freyre no exterior, no Brasil, neste período foi, paulatinamente, se impondo como fundamental a ideia de que o livro de Gilberto Freyre havia sido escrito “(...) fora dos padrões discursivos sociologicamente legítimos” (Meucci, 2006, p. 253). Essa controvérsia, entre a recepção francesa e a leitura brasileira que se estabelece sobre Casa Grande & Senzala a partir dos anos 50, pode ser evidenciada, por exemplo, na carta aberta escrita por Roger Bastide a Guerreiro Ramos. Diz Bastide:
É aqui que eu colocaria Gilberto Freyre, que V. quer por na categoria dos estrangeiros preocupados apenas com o pitoresco (...) para estudar as relações inter-humanas no Brasil, ele foi obrigado a criar um método próprio, uma espécie de sociologia proustiana; essa novidade foi bem recebida na França. Se V. ler as críticas da tradução de Casa-Grande e Senzala verá que o que impressionou os franceses não foi bem o pitoresco, mas como disse Les Temps Modernes, o fato de ter o autor inventado uma sociologia humanista. Com ele, É a ciência brasileira que se apresenta como modelo a seguir aos europeus (Bastide apud Amaral, 2017, p. 15).
E é exatamente sobre esta originalidade brasileira e, mais amplamente, latino-americana, que Gilberto Freyre ancora a defesa de sua escrita ensaística, não apenas nos jornais, mas nos textos que escreve ao longo dos anos 50. Nesta década, a disputa em torno da definição das normas de uma escrita científica sociológica coloca Freyre no centro dos debates, aos quais ele busca responder de modo a defender um padrão de cientificidade distinto daquele que então se impunha para a narrativa sociológica.
É assim que Gilberto Freyre aproveita o espaço do prefácio que ele escreve ao livro de René Ribeiro, Religião e relações raciais, para defender a sua própria obra e, especificamente, a escrita ensaísta como uma forma sociológica científica e original. Freyre inicia o texto fazendo uma dura crítica aos que não reconhecem o “arrojo ou a antecipação brasileira de pesquisa ou de método ou de combinação de métodos em face de circunstâncias peculiarmente regionais ou especificamente nacionais da formação social e cultural do Brasil”. Destaca que as ciências sociais como se desenvolvem no país, priorizam a importação direta de métodos de origem norte-americana, francesa ou alemã. Opondo-se a este movimento, Gilberto Freyre afirma que a ciência sociológica está em curso de elaboração e, por esse motivo, não há ainda métodos consagrados. Ela depende, segundo ele, de “arrojos dos experimentadores”.54 Afirma então, no prefácio, que
em sociologia - em criação sociológica - as realizações vem dependendo menos da aplicação maciça de métodos já consagrados em pesquisa ou definidos em teoria do que da sua constante renovação através de sociólogos com a capacidade de projetarem alguma coisa de si próprios e das suas situações regionais ou da sua imaginação, científica, vizinha da artística e da filosófica em sua sensibilidade, a experiências vivas ou observações diretas - numa ciência que mais do que qualquer outra, continua, em suas realizações a depender de arrojos de experimentadores em luta quase pessoal com a complexidade social.55
Dessa forma, Gilberto Freyre propõe uma sociologia que acentue o interrelacionismo, não apenas com as ciências afins, mas, mais amplamente, com todas as humanidades, pois, segundo ele, no Brasil, prevalecem “escrúpulos já superados em meios de cultura universitária mais adiantada”,56 onde só os sociólogos “menos lúcidos” se afastam da literatura.57
Assim, se os termos de definição e de classificação da escrita ensaística como uma narrativa periférica ao campo científico se encontrava, naquele momento, em processo de constituição, Gilberto Freyre - que considerava que o “gênero da sociologia científica”, ou, se poderia dizer, daquela que se fundaria como uma sociologia científica, era “apenas uma variedade” (Meucci, 2006, p.256) - , agiu para defender seus trabalhos como a possibilidade de se pensar uma escrita científica original e alternativa sobre o Brasil. Em contraponto aos textos publicados no mesmo suplemento por Sérgio Buarque de Holanda, Freyre reafirma o poder do ensaio nos processos de cognição sobre o país.
No Diário de Notícias, Freyre busca demonstrar que ele desenvolveu uma reflexão completamente original, antecipando, inclusive, em Casa Grande e Senzala questões que seriam posteriormente desenvolvidas por outros intelectuais que viriam a ter seus trabalhos mais amplamente bem recebidos nos meios acadêmicos. Assim, afirma
(...) somos obrigados a lembrar que a caracterização sociológica da economia brasileira como monocultora latifundiária e escravocrata, antes de ser do historiador Caio Prado Junior, como pretendem alguns estudiosos do assunto, é nossa (...).58
E ainda Freyre, ao responder as críticas que partiam do espaço acadêmico stricto sensu, diz:
Não parecem estar com razão os que continuam a acusar um tanto enfaticamente este ensaio [CG&S] - como há pouco o professor Donald Pierson na American Sociological Review (vol.1, n.4, out. 1947) - de válido apenas para a região geográfica onde primeiro desabrochou o sistema patriarcal, agrário e escravocrata no Brasil e que foi a região do açúcar. São críticos talvez deslembrados do fato de sociologicamente ocupado pelo mesmo sistema - e, neste ensaio estudado sob critério não só sociológico como sócio-psicológico e histórico-sociológico, mas não geográfico ou cronológico - foi antes social que geográfico.59
Desse modo, e seguindo de tais argumentos, Gilberto Freyre afirma o caráter científico de seu ensaio, contrariando a postura daqueles que consideravam os textos ensaísticos simples “impressões arbitrárias [que] dificilmente poder[iam] ser capturadas pela rede da ciência” (Adorno, 2003, p.22). Opondo-se aos que no processo de especialização das ciências sociais no Brasil atribuíram ao ensaio um “(...) um status pejorativo”, e embora, possivelmente, interessante, “de vies muito subjetivo”. (Wegner, 2005, p.71), Gilberto Freyre assumiu a defesa da escrita ensaística.
Apesar de já ter havido quem afirmasse que Freyre sempre que escrevia parecia estar falando de si mesmo (Nicolazzi, 2017, p.12), numa referência explícita a forma ensaística do autor como uma perspectiva subjetiva, fortemente autoral, Gilberto Freyre aproxima-se daqueles que consideravam o ensaio como uma escrita que aspirava alcançar a verdade sobre as coisas. Entre os ensaios “de” e os ensaios “sobre”, Gilberto Freyre se posiciona em defesa dos dois sentidos, perfilando-se ao lado de Lukács quando este último afirma que “nos escritos do ensaísta, a forma se faz destino, (...) [e] o destino retira as coisas do mundo das coisas, acentua o que é relevante e elimina o não essencial” (Lukács, 2015, p.39).
Para Gilberto Freyre, o ensaio é, ao mesmo tempo, resultado de uma reflexão subjetiva e intuitiva, porém também crítica e erudita. O cientista social por excelência é o ensaísta, visto que para ele, “é inegável que a observação do cientista social tem sido antecipada, ou continua a ser assim completada, pela observação de ensaístas-romancistas ou de ensaístas-historiadores e até ensaístas introspectivos (...) por uma obra para-sociológica e às vezes, supra-sociológica, que sociólogos, antropólogos e psicólogos não têm o direito de ignorar nem de desdenhar por excessivo escrúpulo de purismo científico ou de ortodoxia sociológica”.60
Descaminhos: Gilberto, Sérgio e os conflitos da profissionalização
Este artigo buscou contribuir para o debate historiográfico sobre a escrita da história e sua institucionalização universitária e para a história do pensamento social no Brasil ao dar ênfase a um período relativamente pouco investigado nestes aspectos. Isto vale tanto no que diz respeito às relações entre Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda - e todos as questões que esta relação pode iluminar da história intelectual do Brasil - quanto nos aspectos relativos à história social do conhecimento histórico e à história das ciências sociais.
No primeiro plano, costuma-se pensar na grande proximidade e amizade entre Freyre e Sérgio Buarque nos anos 1920 e 1930, culminando no fato de, não apenas o primeiro ter sido o diretor da Coleção Documentos Brasileiros quando Raízes do Brasil a inaugurou em 1936, quanto a questão de ter sido o então diretor da coleção quem efetivamente defendeu sua publicação perante a editora José Olympio (Furtado, 2018). Na outra ponta, não é difícil exagerar o distanciamento ocorrido entre os dois autores após os anos 1960, tanto no que diz respeito aos posicionamentos políticos, quanto no estilo de produção e inserção intelectual, para não falar da distância e da inimizade surgida entre os dois. Como comentou, já nos anos 2000, Raimundo Faoro, amigo em comum de ambos, “Gilberto Freyre era nome proibido para Sérgio, como o de Sérgio para Gilberto. [...] Nunca a discrição de um e outro me permitiu saber a causa do distanciamento de ambos, realmente muito estranha, tendo em conta que Gilberto Freyre escreveu o prefácio da primeira edição de Raízes do Brasil”.61
Por meio da análise dos artigos publicados no suplemento literário do Diário de Notícias, pode-se vislumbrar aspectos da relação entre os autores, por assim dizer, em movimento e, se ali já havia uma dissonância, havia ainda também um diálogo profícuo. Tanto Sérgio Buarque afirma suas novas opções em contraponto as de Gilberto Freyre, quanto este reafirma sua posição instado pela crítica do antigo parceiro. Pode-se afirmar, embora sem muita certeza, que nas páginas do suplemento aparece o momento quase exato do efetivo rompimento entre os autores, quando Sérgio Buarque toma como dirigida a ele a observação de Freyre segundo a qual sua obra era criticada “por censores apenas caprichosos nas suas opiniões”.62
Tudo isso se dá em um pano de fundo bastante indefinido, quando ainda não estão claros quais seriam os rumos da institucionalização da história e das ciências sociais e nem mesmo se esta institucionalização seria bem sucedida. Ao mesmo tempo em que o lugar que seria ocupado por cada um dos autores neste panorama ainda estava em aberto. De um lado, Gilberto Freyre tinha a oportunidade de assumir um lugar na universidade, inclusive porque, como chama a atenção Ricardo Benzaquen de Araújo, Freyre não era exatamente refratário à “defesa dos ideais ligados à pesquisa científica”. Esta defesa “atesta o lado moderno da reflexão de Gilberto, ainda que sem dúvida estejamos lidando com uma modernidade alternativa, [...] capaz de aliar [...] o envolvimento pessoal com a distância acadêmica, a ciência, enfim, com a boemia” (Araújo, 1994, p.199). Além disso, como a argumentação de Freyre em torno da recepção de Casa Grande & Senzala por ocasião do lançamento da sua sexta edição permitiu perceber, suas palavras eram dirigidas menos contra a produção universitária em geral, e mais contra a assimetria anunciada entre a produção científica no Brasil e a produção norte-americana e europeia. Ele considera que a sua obra ensaística era uma forma científica original que poderia renovar a pesquisa desenvolvida nos grandes centros universitários europeus e norte-americanos. De fato, como já notou Araújo, o “envolvimento de Gilberto com a sociedade brasileira [...], não o dispensa de cultivar uma bem-definida - e internacionalmente bem-sucedida - vocação acadêmica” (Araújo, 1994, p.190). Era, principalmente, no debate internacional que Gilberto Freyre visava se inserir.
Ao mesmo tempo, a análise dos artigos permitiu identificar o momento em que Sérgio Buarque se tornou um convicto defensor das mudanças provocadas pelo ensino universitário, justamente no período em que apenas os seus primeiros frutos surgiam, em um processo ainda não consolidado. Aqueles resultados vinham ainda mais das ciências sociais do que da história, e Sérgio Buarque apostava que a institucionalização das duas áreas poderia se alimentar mutuamente. De todo modo, se esta institucionalização não estava completa, muito menos Sérgio Buarque de Holanda tinha um lugar assegurado neste processo enquanto escrevia os artigos para o suplemento literário entre 1948 e 1950. Na realidade, como chamou a atenção André Furtado, neste momento o autor estava um pouco distante de ser um historiador consagrado, o que só começaria a ocorrer com a publicação de Caminhos e Fronteiras, em 1957, quando, “a autoria buarqueana esta[va]ria inegavelmente forjada e os leitores [deste livro] conecta[vam]riam alguns de seus textos avulsos e, sobretudo, os livros Raízes do Brasil, Monções e este Caminhos e Fronteiras” (Furtado, 2018, p.180). E, posteriormente, com sua aprovação no concurso para a cátedra de História da Civilização Brasileira no ano seguinte.
Por meio da análise do diálogo realizado nos artigos do suplemento literário entre 1948 e 1950, pôde-se acompanhar um instante da trajetória de Gilberto Freyre e Sérgio Buarque de Holanda em que ainda não era possível saber o lugar que os dois autores ocupariam na história da história e das ciências sociais, quando, diversamente do que propõe parte dos analistas de suas obras, as opções representadas por cada um dos autores eram igualmente legítimas.
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1
MACHADO FILHO, Aires da Mata. Ensaios “de” ensaios “sobre”. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 15 jan. 1950.
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Entre os textos que abordam a questão da escrita ensaística em Freyre e Holanda, deve-se consultar: ARAÚJO, 1994; NICOLAZZI, 2011; WEGNER, 2006; MONTEIRO, 2015.
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3
A forma como desenvolvemos nosso argumento neste texto está livremente inspirada na proposta desenvolvida por João Hansen para outras categorias e outros períodos históricos, no texto: HANSEN, 2000.
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4
HOLANDA, Sergio Buarque de. Missão e Profissão. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 22 ago. 1948.
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HOLANDA, Sergio Buarque de. Missão e Profissão. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 22 ago. 1948.
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6
HOLANDA, Sergio Buarque de. Missão e Profissão. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 22 ago. 1948.
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HOLANDA, Sergio Buarque de. Missão e Profissão. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 22 ago. 1948.
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8
HOLANDA, Sergio Buarque de. Novos Rumos da Sociologia. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 3 out. 1948.
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9
HOLANDA, Sergio Buarque de. Novos Rumos da Sociologia. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 3 out. 1948.
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10
HOLANDA, Sergio Buarque de. Novos Rumos da Sociologia. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 3 out. 1948.
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11
HOLANDA, Sergio Buarque de. Novos Rumos da Sociologia. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 3 out. 1948.
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12
HOLANDA, Sergio Buarque de. Novos Rumos da Sociologia. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 3 out. 1948.
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13
HOLANDA, Sergio Buarque de. Novos Rumos da Sociologia. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 3 out. 1948.
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14
HOLANDA, Sergio Buarque de. Tradição e Transição. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 10 out. 1948.
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HOLANDA, Sergio Buarque de. Novos Rumos da Sociologia. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 3 out. 1948.
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16
HOLANDA, Sergio Buarque de. Tradição e Transição - III - Conclusão. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 24 out. 1948.
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17
DIÉGUES JÚNIOR, Manuel. Brasil em traços largos. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta seção, p.2, 16 nov. 1947.
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18
OLIVEIRA TORRES, J.C. Uma introdução à sociologia. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta seção, p.1, 24 fev.1946.
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19
SOUSA, Octávio Tarquínio de. Prefácio. In: FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977. p. XX.
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20
SOUSA, Octávio Tarquínio de. Prefácio. In: FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1977. p. XX.
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21
DOURADO, Mecenas. Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 9 jan. 1949.
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22
DOURADO, Mecenas. Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 9 jan. 1949.
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23
Beatriz Sarlo afirma que a grande novidade sobre o ensaísmo nos anos 60 é o fato de considerá-lo uma forma antiquada, do passado. SARLO, 1999.
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DOURADO, Mecenas. Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 9 jan. 1949.
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25
DOURADO, Mecenas. Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 9 jan. 1949.
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26
FREYRE, Gilberto. A propósito de críticos. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 31 jul. 1949.
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27
FREYRE, Gilberto. A propósito de críticos. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 31 jul. 1949.
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28
FREYRE, Gilberto. A propósito de críticos. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 31 jul. 1949.
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29
FREYRE, Gilberto. A propósito de críticos. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1-2, 31 jul. 1949.
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30
FREYRE, Gilberto. A propósito de críticos. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 31 jul. 1949.
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31
HOLANDA, Sergio Buarque de. O problema das culturas. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Terceira Seção, p.1, 10 nov. 1940; em passagem que é lembrada agora, pelo autor, em HOLANDA, Sergio Buarque de. A propósito de Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 25 set. 1949.
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HOLANDA, Sergio Buarque de. A propósito de Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 25 set. 1949.
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33
PRADO, Paulo. Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1993. p.185.
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34
HOLANDA, Sergio Buarque de. Ainda Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 2 out. 1949.
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35
HOLANDA, Sergio Buarque de. A propósito de Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 25 set. 1949.
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36
HOLANDA, Sergio Buarque de. Ainda Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 2 out. 1949.
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HOLANDA, Sergio Buarque de. Ainda Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 2 out. 1949.
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HOLANDA, Sergio Buarque de. Ainda Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 2 out. 1949.
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HOLANDA, Sergio Buarque de. Ainda Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 2 out. 1949.
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HOLANDA, Sergio Buarque de. Ainda Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 2 out. 1949.
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41
HOLANDA, Sergio Buarque de. Ainda Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 2 out. 1949.
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HOLANDA, Sergio Buarque de. Ainda Ingleses no Brasil. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 2 out. 1949.
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43
FREYRE, Gilberto. Novo Ensaísta. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 22 mai. 1949.
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44
FREYRE, Gilberto. Novo Ensaísta. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 22 mai. 1949.
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45
FREYRE, Gilberto. Novo Ensaísta. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.1, 22 mai. 1949.
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46
FREYRE, Gilberto. Prefácio à 6ª edição de “Casa Grande & Senzala”. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 1 jan. 1950; FREYRE, Gilberto. Ainda o Prefácio à 6ª edição de “Casa Grande & Senzala”. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 8 jan. 1950.
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47
Esta edição do livro foi, na verdade, uma reedição na coleção Documentos Brasileiros, da 5ª edição, já anteriormente publicada nesta mesma coleção.
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FREYRE, Gilberto. Prefácio à 6ª edição de “Casa Grande & Senzala”. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 1 jan. 1950.
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FREYRE, Gilberto. Prefácio à 6ª edição de “Casa Grande & Senzala”. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 1 jan. 1950.
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FREYRE, Gilberto. Prefácio à 6ª edição de “Casa Grande & Senzala”. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 1 jan. 1950.
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51
Sobre a relação entre Gilberto Freyre e o projeto Unesco, ver, especialmente MAIO, 1999.
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52
André Furtado, em sua tese, aponta que Paulo Carneiro, Fernando de Azevedo, Miguel Osório de Almeida, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre fizeram parte dos comitês da Unesco no período logo após a segunda Grande Guerra. FURTADO, 2018.
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53
Este debate é desenvolvido mais amplamente por Lucien Febvre em um livro póstumo - originalmente escrito neste período - e que só veio a público no ano de 2012, a saber: FEBVRE, Lucien; CROUZET, François. Nous sommes des sang-mêlés. Manuel d’histoire de la civilisation française. Paris: Albin Michel, 2012. O livro foi publicado após cerca de sete anos em processo de reabilitação do texto. Ele se destinava à erradicação, no ensino, de sentimentos nacionalistas, racistas ou do medo da alteridade em prol da paz mundial. Radicalmente afeito à agenda da UNESCO, visava mostrar a interdependência entre os homens e suas culturas. A respeito deste livro, ver: BRUTER, Annie. Varia, Histoire de l’éducation, n. 137, 2013.
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54
FREYRE, Gilberto. Prefácio. In: RIBEIRO, René. Religião e relações raciais. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura (serviço de documentação), p.5, 1953.
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55
FREYRE, Gilberto. Prefácio. In: RIBEIRO, René. Religião e relações raciais. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura (serviço de documentação), p.7, 1953.
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56
FREYRE, Gilberto. Prefácio. In: RIBEIRO, René. Religião e relações raciais. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura (serviço de documentação), p.30, 1953.
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57
FREYRE, Gilberto. Prefácio. In: RIBEIRO, René. Religião e relações raciais. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura (serviço de documentação), p.8, 1953.
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58
FREYRE, Gilberto. Ainda o Prefácio à 6ª edição de “Casa Grande & Senzala”. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 8 jan. 1950.
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FREYRE, Gilberto. Ainda o Prefácio à 6ª edição de “Casa Grande & Senzala”. Diário de Notícias (Rio de Janeiro), Quarta Seção, p.2, 8 jan. 1950.
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FREYRE, Gilberto. Prefácio. In: RIBEIRO, René. Religião e relações raciais. Rio de Janeiro: Ministério da Educação e Cultura (serviço de documentação), p.27, 1953.
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61
FAORO, Raymundo. Mestre Sérgio. Folha de S.Paulo (São Paulo). Caderno Mais! p.6. 23 jun. 2002. Sobre a relação de amizade e rivalidade entre Sérgio Buarque e Freyre, ver WEGNER, 2005. João Cezar de Castro Rocha também analisa as “rivalidades literárias” (ROCHA, 2012, p.12) entre os autores e defende que esta rivalidade, bem como “as atitudes opostas” diante da institucionalização da história e das ciências sociais, deve ser compreendida levando em consideração o “desequilíbrio sistêmico entre o eixo Rio-São Paulo e as demais regiões do país” (ROCHA, 2012, p.27).
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FREYRE, Gilberto. A propósito de críticos. Diário de Notícias (Rio de Janeiro). Quarta seção, p.1, 31 jul. 1949.
Agradecimentos
Os autores agradecem ao parecerista anônimo que, com suas observações acuradas sobre a primeira versão do artigo, permitiu aperfeiçoá-lo.
Parte dos argumentos desenvolvidos neste texto apresenta resultados parciais da pesquisa realizada por Giselle Venancio com apoio do CNPq/Bolsa de Produtividade e Faperj/Cientista do Nosso Estado, por meio do projeto "Entre o ensaio e o rigor estreito: institucionalização da História e renovação historiográfica na segunda metade do século XX no Brasil".
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Sep-Dec 2018
Histórico
-
Recebido
13 Jun 2018 -
Revisado
23 Jul 2018 -
Aceito
26 Jul 2018