Open-access O trabalho duro e precarizado de trabalhadores(as) do serviço público funerário paulistano durante a pandemia de COVID-19

Resumo

Introdução:  o sistema funerário público paulistano é um dos maiores da América Latina. Durante a pandemia de COVID-19, a cidade de São Paulo, particularmente em 2021, bateu recordes de óbitos e sepultamentos. Tal situação repercutiu significativamente no trabalho desenvolvido pelos servidores públicos vinculados à autarquia.

Objetivo:  esta investigação objetivou conhecer as condições e situações de trabalho de trabalhadores do serviço funerário municipal paulistano no contexto pandêmico, observando suas repercussões na atividade laboral e na saúde de seus(suas) trabalhadores(as).

Métodos:  a pesquisa, de abordagem qualitativa, exploratória quanto aos objetivos, fez uso de entrevistas semiestruturadas. Contou com 16 participantes, contatados por critério de acessibilidade, vinculados a diferentes atividades laborais, lotados em dois cemitérios e em um polo administrativo, que trabalharam presencialmente durante a pandemia.

Resultados:  como resultado de pesquisa, observou-se a acentuação de condições e situações de trabalho precarizadas preexistentes, mas agravadas pela pandemia. Constatou-se recorrente indicação de carga emocional relacionada à atividade laboral, assim como sentimento de desvalorização profissional.

Conclusão:  destaca-se o fato de ser uma atividade laboral complexa, que requer saberes específicos, muitos deles associados ao trabalho de cuidado, ainda que se evidencie, nos depoimentos, a precarização das condições de trabalho e o sentimento de desvalorização profissional.

Palavras-chave: trabalho; serviço funerário; COVID-19; saúde do trabalhador

Abstract

Introduction:  the São Paulo municipal funeral industry is one of the biggest in Latin America. During the COVID-19 pandemic, the municipality, particularly in 2021, broke record numbers for deaths and burials. This scenario had major repercussions for public servants of the municipal funeral agency.

Objective:  to understand working conditions and situations in São Paulo municipal funeral workers during the pandemic, observing its repercussions on work activity and occupational health.

Methods:  this exploratory qualitative research conducted semi-structured interviews with 16 participants who were contacted by accessibility criteria and linked to different work activities from two cemeteries and a funeral agency and labored in-person during the pandemic.

Results:  the pandemic worsened the existing precarious working conditions and situations. Participants claimed an emotional burden related to working activities and a feeling of being professionally devalued.

Conclusions:  work in the funeral industry is a complex activity that requires specific knowledge, much of it regarding care work, despite the evinced precarious working conditions and the feelings of professional devaluation.

Keywords: work; mortuary practice; COVID-19; occupational health

Introdução

Durante os primeiros dois anos da pandemia de COVID-19, muitas categorias profissionais não puderam aderir, como estratégia protetiva da saúde, ao trabalho remoto. Com foco nesses(as) trabalhadores(as), que desenvolveram suas atividades presencialmente, foi desenvolvida a pesquisa “COVID-19 como uma doença relacionada ao trabalho”, vinculada ao Departamento de Saúde Pública da Universidade Estadual de São Paulo, campus Botucatu, SP. Essa investigação teve como objetivo principal conhecer e organizar dados sobre o trabalho no contexto da pandemia de COVID-19. Objetivou também, em sua etapa qualitativa, conhecer as condições e situações de trabalho em categorias específicas, assim como a incidência da COVID-19 entre esses(as) trabalhadores(as) em atividade profissional presencial.

Os resultados de pesquisa apresentados neste artigo desdobram-se de investigação realizada junto ao segmento de trabalhadores(as) do serviço funerário paulistano, no âmbito do projeto principal mencionado, e contou com a colaboração de representantes do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo, instituição com a qual foi firmado Acordo de Cooperação Técnica.

A escolha do serviço funerário foi motivada por um conjunto de fatores. O primeiro refere-se à centralidade da atividade funerária e sua exacerbação no contexto pandêmico. Nota-se que a capital paulista, particularmente em 2021, bateu recordes sequenciais de óbitos e sepultamentos. Em alguns momentos, no principal cemitério municipal, o Vila Formosa, foram instituídos turnos noturnos de trabalho. O segundo, inseparável dos demais, diz respeito à natureza da atividade desenvolvida e ao convívio desses(as) trabalhadores(as) em ambientes de maior circulação do vírus e de pessoas infectadas. Um terceiro fator refere-se ao conhecimento sobre as condições de trabalho anteriores ao contexto pandêmico, marcadas pela precarização do trabalho.

É diante desse quadro e recorte de pesquisa que se buscou conhecer as condições e situações de trabalho de trabalhadores e trabalhadoras do serviço funerário Municipal paulistano no contexto pandêmico, observando suas repercussões na atividade laboral e na saúde de seus(suas) trabalhadores(as).

Para além desta introdução, o artigo organiza-se em torno de seis sessões. A primeira apresenta, de forma breve, os procedimentos metodológicos da pesquisa. Posteriormente, são abordados o contexto laboral e os aspectos relativos à precarização do trabalho e ao contexto pandêmico. Na sequência, em diálogo com as entrevistas, são abordadas questões relacionadas às duas categorias temáticas mencionadas. E, por fim, estão as considerações finais.

Métodos

Do ponto de vista dos procedimentos metodológicos, trata-se de pesquisa com abordagem qualitativa, exploratória quanto aos objetivos, que fez uso de entrevistas semiestruturadas. O roteiro das entrevistas, para além de questões comuns aos diferentes segmentos investigados no âmbito do projeto principal, contou com questões relativas à atividade no setor. Consideraram-se, entre outras questões: a natureza do trabalho desenvolvido; as condições e situações específicas da atividade laboral; as alterações observadas na atividade sob contexto pandêmico e suas repercussões objetivas e subjetivas; a atribuição de sentido; e a identificação de formas de reconhecimento, ou não do trabalho, conforme o olhar dos(as) próprios(as) trabalhadores(as).

O universo de participantes da pesquisa foi constituído por pessoas vinculadas ao serviço funerário municipal paulistano que, dadas as características do trabalho desenvolvido, exerceram atividades ao longo da pandemia de forma presencial. O conjunto de entrevistados(as) foi composto por critério de acessibilidade, contemplando participantes que exerciam diferentes atividades laborais, todos(as) servidores(as) efetivos. A composição final subordinou-se à quantidade de acessos disponíveis, limitados pelo contexto pandêmico, e à saturação das informações obtidas. Ainda que se tenham desenvolvido ações no sentido de incorporar trabalhadores(as) terceirizados(as), a equipe não obteve êxito.

Foram realizadas 14 entrevistas, que contaram com a participação de 16 pessoas (em duas ocasiões, a entrevista obteve dupla participação), entre elas: seis mulheres e dez homens, lotados em dois cemitérios (um de túmulo e outro de jardim) e em um polo administrativo. Quanto às funções, quatro participantes são sepultadores; uma é velorista; um é porteiro; um é motorista; seis executam atividades administrativas; dois trabalham em almoxarifado; e um na expedição de urnas.

As entrevistas foram realizadas entre maio e julho de 2021, momento no qual a curva de óbitos, após o pico observado em março e abril, iniciou movimento descendente. A categoria também teve acesso à vacinação. Somente uma entrevista foi realizada por meio virtual, as demais foram desenvolvidas nos locais de trabalho. Para evitar identificação, os nomes dos entrevistados foram alterados.

Para a análise dos resultados, inspirada na análise via núcleos de significação1, a equipe construiu categorias temáticas. Considerou-se, inicialmente, a leitura individualizada e flutuante das entrevistas transcritas, objetivando a familiarização, a apropriação e a construção de um conjunto de temas provisórios. Uma nova leitura observou: recorrência dos temas, carga emocional e expressões utilizadas nos relatos; contradições aparentes em cada entrevista e entre elas; identificação de aspectos; e percepções convergentes e divergentes. Adotou-se também, nessa etapa, o cotejamento, quando necessário, entre relatos dos participantes e informações fornecidas pela entidade de classe, documentos oficiais e reportagens da imprensa. O conjunto de temas prévios, sistematizados à luz dos objetivos de pesquisa, possibilitou a definição das categorias de análise, entre as quais estão as abordadas neste artigo.

O artigo apresenta, portanto, um recorte dos resultados de pesquisa mais abrangente. Priorizando, assim, a apresentação de aspectos relacionados às seguintes categorias temáticas: a) carga emocional das atividades desempenhadas; b) sentidos do trabalho e suas repercussões na saúde mental. A pesquisa “COVID-19 como uma doença relacionada ao trabalho” é vinculada ao Departamento de Saúde Pública da Universidade Estadual de São Paulo, campus Botucatu, SP. Certificado de Apresentação de Apreciação Ética (CAAE) nº 37219820.0.0000.5411. Parecer de aprovação do CEP/Unesp nº 4.290.745.

Resultados e discussão

Sistema funerário paulistano: contexto laboral e pandemia

A cidade de São Paulo tem 22 cemitérios públicos municipais, com funcionamento das 7h às 19h. Os sepultamentos ocorrem entre 8h e 18h. Além dos cemitérios, o sistema incorpora um crematório, no bairro Vila Alpina, que funciona ininterruptamente, e unidades administrativas.

Em 2000, segundo a representação sindical da categoria, o serviço funerário chegou a contar com 2.200 trabalhadores(as) efetivos(as). Entretanto, esse número tem decrescido regularmente. O último concurso com vagas para o setor ocorreu em 2012. De lá para cá, avançaram tanto a terceirização quanto a privatização das atividades, assim como os efetivos envelheceram. Conforme a Avaliação de Compromisso de Desempenho Institucional, em 2017-2018, 70% dos concursados tinham entre 50 e 70 anos de idade2. No primeiro semestre de 2021, o sistema contava com 830 trabalhadores(as) efetivos(as) e cerca de 1.300 terceirizados(as)3.

Em março de 2020, com a declaração de pandemia por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a ocorrência no Brasil dos primeiros óbitos reconhecidos como relacionados à COVID-19, a atividade laboral no serviço funerário paulistano assumiu maior visibilidade. Em abril, conforme reportagem do Portal G1, foram abertas 13 mil valas nos cemitérios da capital. A capacidade de enterros passou “para 400 por dia”, superando uma “média histórica diária de [...] cerca de 240” sepultamentos no período de verão e de cerca de 300 durante o inverno4.

As alterações provocadas pela pandemia exacerbaram condições e situações preexistentes de precarização do trabalho. No caso do serviço funerário paulistano, além das tensões relativas a uma atividade que tem como centro situações de morte e luto, de desvalorização profissional, os(as) trabalhadores(as) passaram a sentir de forma mais contundente a ausência de reposição do quadro de concursados, a intensificação da terceirização das atividades e a privatização do setor, o baixo acesso a Equipamentos de Proteção Individual (EPI), assim como formas de discriminação associadas à atividade laboral no contexto pandêmico.

De um ponto de vista geral, o avanço da precarização do trabalho assume relevância global nos anos 1970-1980. Desdobra-se de alterações no padrão de acumulação de capital, do avanço do neoliberalismo e de processos de reorganização do trabalho e produção5. No Brasil, essas alterações ganham força nos anos 1990 e expressam-se no cotidiano do trabalho, entre outras formas: na diversificação e flexibilização dos vínculos contratuais, o que inclui processos de terceirização; na adoção de modelos de gestão direcionados ao aumento da produtividade e intensidade do trabalho (com adoção da polivalência, multifuncionalidade, avaliações por desempenho e cumprimento de metas); e na redução ou perda de direitos anteriormente conquistados. O avanço dos processos de precarização incide, portanto, de forma objetiva e subjetiva na dinâmica do trabalho, gerando desdobramentos nocivos à saúde dos(as) trabalhadores(as)6), (7), (8.

Conforme Druck et al.9, essas alterações assumem maior relevância no setor público a partir de 1995, sob o governo de Fernando Henrique Cardoso. A adoção, por parte do Estado, de modelos gerenciais advindos do setor privado encontra, nos processos de privatização e terceirização, papel central, ambos indissociáveis do avanço da precarização do trabalho e evidenciados por esta pesquisa.

Um trabalho duro e com alta carga emocional

A noção de trabalho duro, também presente nas pesquisas de Bernardo10, advém dos relatos de entrevistados(as) sobre as condições e situações de trabalho vivenciadas cotidianamente. Assim é descrito o trabalho no serviço funerário, principalmente nas atividades de sepultamento e transporte de corpos. As entrevistas destacam, também, outra característica, atribuída ao trabalho como um todo: ser envolto por forte carga emocional.

Em um desses relatos, Vinícius, motorista em um cemitério de jardim, faz alusão inicial à simplicidade e repetitividade das tarefas desenvolvidas. Em seguida, salienta o que denomina de “depressão do serviço”, atividade, segundo ele, que abala emocionalmente não em função do contato com a morte, mas pela interação com familiares enlutados e suas diversas respostas emocionais. Salienta que se habituar a essas situações não têm relação com frieza, já que todos carregam consigo “um pouquinho” dela.

Carmen, sepultadora de um cemitério jardim, destaca o envolvimento emocional e afetivo relacionado ao sepultamento de crianças. Afirma questionar-se quanto ao sentido da “passagem” delas. Essa intensidade maior da carga emocional em enterros infantis é verificada também por outros autores11.

Em estudo que relaciona a atividade cotidiana de profissionais do serviço funerário e a morte, observou-se que os(as) trabalhadores(as) constituem um segmento em situação de importante vulnerabilidade física e psíquica, submetidos a “situações de estresse prolongado” e sob circunstâncias que facilitam a ocorrência de Burnout, a exemplo da recorrente desvalorização social e financeira, sobrecarga de trabalho e ausência de materiais suficientes para a boa realização de suas atividades4.

A carga emocional a que fazem referência os(as) entrevistados(as) dialoga profundamente com a natureza do trabalho desenvolvido, de cuidado, e com as especificidades do segmento funerário e do público ao qual se dirige parte da atividade, ou seja, o familiar enlutado.

Soares12 aponta as múltiplas dimensões que caracterizam o trabalho de cuidado: a física, exigida na mobilização do corpo; a cognitiva, implicada no conhecimento sobre o que se realiza; a sexual, também observada no que Hirata e Kergoat13 denominam de divisão sexual do trabalho; a relacional, que demanda qualificações muitas vezes invisíveis, mas necessárias às interações com os destinatários do trabalho, a exemplo da capacidade de controle das próprias emoções; e a emocional, que envolve, entre outras facetas, a gestão das emoções daquele a quem é dirigido o trabalho.

Muitos trabalhadores, de acordo com Vinícius, procuram negar a existência dessa carga, afirmando que lidar com os corpos se equipara a lidar com qualquer outro tipo de objeto. Essa estratégia defensiva perante o potencial sofrimento do contato com a morte remete ao movimento identificado por Souza e Boemer, quando verificaram, em sua pesquisa, que os(as) trabalhadores(as) funerários buscam “desmistificar” sua atividade, descrevendo-a como “normal” ou “igual a qualquer outra”14.

Segundo Vinícius, a racionalização das situações de trabalho, que busca eliminar as emoções acionadas, tende a se traduzir, para alguns colegas, no uso de drogas, no hábito do consumo de bebidas alcoólicas, entre outros recursos. Seligmann-Silva15, ao tratar sobre a relação entre trabalho e alcoolismo, ressalta seu vínculo às situações concretas de trabalho. Destaca, entre outros aspectos, a incidência do uso de bebidas alcoólicas entre aqueles(as) que desempenham “atividades socialmente desprestigiadas”, a exemplo daquelas do chamado “trabalho sujo”, que envolve uma ausência de reconhecimento que extrapola o trabalho em si, atingindo quem o executa.

Flores e Moura16, em pesquisa com agentes funerários, identificaram mais de 60% fazendo uso de substâncias lícitas (álcool e fumo) e medicamentos controlados. Rodrigues et al.17 apontam que o não espaço para manifestação ou vazão dos sentimentos relacionados ao exercício de suas funções parece contribuir para um índice maior de sofrimento mental e uso abusivo de álcool. Essas constatações dialogam com a perspectiva que considera o processo de saúde-doença como desdobramento “de uma correlação desigual de poderes impostos sobre o trabalho e sobre o trabalhador” (p. 136)15. Seligmann-Silva, ao avançar na formulação sobre o desgaste mental no trabalho, ressalta “a desvantagem que faz com que o corpo e os potenciais psíquicos do trabalhador sejam consumidos pelo processo de trabalho e por constrangimentos a ele vinculados” (p. 136)15.

Carmen, sepultadora concursada que também já trabalhou no setor administrativo, ressalta que parte dos(as) servidores(as) do serviço funerário, principalmente aqueles(as) que atuam mais diretamente nos cemitérios, exerce um tipo de trabalho cuja experiência cotidiana não pode, em grande medida, ser compartilhada com a família. São, segundo ela, décadas convivendo com o choro e sofrimento dos outros. Esse movimento de isolamento da experiência de trabalho da vida familiar, bem como a tentativa de não se deixar afetar, é perceptível no relato de Marília, velorista:

o servidor hoje... [começa a chorar]... ele aguenta. [...] Não é fácil. Você vir, ver todo mundo de máscara. [...] As pessoas muitas vezes dizem que o servidor... que o funcionário público é muito ruim, né? Mas às vezes é uma máscara [no sentido figurado] que a gente tem que colocar. [...] Porque senão a gente não aguenta. Como a gente aguenta chegar em casa todo dia desse jeito, né? [sinaliza para si própria, destacando estar chorando].

Letícia, do setor de expedição de urnas, fala de situações cotidianas que muitas vezes ficam marcadas na sua memória e de seus colegas, impactando a saúde mental. Relata que a atividade desenvolvida no serviço funerário

começa no recolhimento do corpo. Não é só o corpo que tá inteiro, é o corpo que tá desmanchando. [O] motorista faz todo aquele serviço. Aí ele vai lá no IML [Instituto Médico Legal], abre lá, tá aquilo lá do jeito que tá lá e você tem que entrar lá e pegar. Por uma luvinha lá e se virar. Dar conta, [coloca] no carro, no cocho, aquilo tudo esfacelado, e leva pro cemitério. Aquele cheiro... fica tudo impregnado no seu corpo. Toma banho e aquilo lá. Você não tem um psicólogo. [...] imagina você viver um filme de terror todos os dias. Aí você já tem seus problemas pessoais em casa. Você é o Super-Homem?

O ambiente do serviço funerário, já descrito como “pesado”, tornou-se, durante a pandemia, “perturbador”, de acordo com Marília. Essa sensação é atribuída ao contato reduzido dos familiares e amigos com a pessoa falecida e à menor possibilidade de processar a perda. Nos momentos de crescimento dos óbitos, descreve que a chamada para atendimentos passou a ser feita por senhas numéricas, acentuando a desumanização e perda de identidade dos falecidos.

Vinícius, por sua vez, destaca a intensificação do trabalho vivenciada no período pandêmico “em todas as áreas do serviço funerário, inclusive no administrativo”, expressa na prática de acúmulo de funções ao longo da jornada de trabalho. Cita a situação observada em um cemitério de jardim que:

tem apenas uma funcionária atendendo a população para fazer exumação [...] ela encerra o expediente da exumação às 15h e vai começar a fazer o registro nos computadores, e ela não consegue dar conta.

Para além da carga, física e emocional, do trabalho intensificada, outro fator aparece como relevante para o sofrimento dos(as) trabalhadores(as) no período: o aumento da discriminação. Sabe-se, conforme pesquisas desenvolvidas nesse segmento, que a desvalorização e discriminação de trabalhadores(as) do serviço funerário geram sofrimento mental10), (15), (18. O trabalho funerário está inserido naquilo que pode ser chamado de “trabalho sujo”, já mencionado anteriormente, e que é baseado:

no modo como certas profissões lidam com resíduos, lixo, fluidos corporais, dejetos ou restos mortais. O conceito abarca trabalhos com pouco ou nenhum prestígio social e sem visibilidade ou, quando a tem, é uma visão negativa. (p. 273)19

É necessário destacar também que a mesma sociedade criadora dos trabalhos tidos como “sujos” é aquela que priva seus profissionais do convívio social, estigmatiza-os e os discrimina. Isso ocorre, principalmente, pela divisão social em “bom trabalho/mau trabalho” - sendo o coveiro, por exemplo, tido como um trabalhador “sujo”, enquadrado na última denominação. (p. 275)19

No caso desta pesquisa, alguns(mas) trabalhadores(as) descrevem a percepção de reações de medo ou espanto de pessoas ao vê-los(as) usando uniforme de trabalho no transporte público. Alguns apontam a presença do estigma de “vagabundo”, frequentemente atribuído a servidores públicos.

Mostrou-se recorrente nas entrevistas a relação entre o estigma atribuído aos trabalhadores(as) do serviço funerário e pouca educação da população sobre a morte e/ou do evitamento, por razões culturais, do tema, contribuindo para tornar o trabalho invisível e negligenciado. Carmen salienta que, na categoria, é sobre o sepultador que recai maior desvalorização profissional e preconceito. Segundo seu relato,

Um sepultador que tá na parte administrativa [...] não quer sair, porque tem o estigma do trabalho que é desvalorizado. Às vezes, nem ele fala que é sepultador. Ele fala que trabalha na administração, mas a função dele mesmo, originária, é sepultador.

Augusto, trabalhador administrativo, afirma ter havido, durante a pandemia, uma intensificação da discriminação em função de trabalharem na chamada “linha de frente”. Relata que observou amigos, conhecidos e familiares passarem a evitá-lo por medo de contrair o vírus.

Outro entrevistado, Pedro, destaca o aspecto paradoxal e contraditório da essencialidade da atividade, muito ressaltada no contexto pandêmico. Segundo ele, o que parecia indicar valorização, fornecer alguma “vantagem”, na prática, visava apenas manter o trabalho funcionando. Nívea, do setor administrativo, ressalta a relação estabelecida entre trabalhadores(as) essenciais e pessoas vinculadas ao atendimento à saúde, excluindo-se aquele(a) que enterra, que sepulta, que faz a remoção.

Sobre a maior exposição da atividade do serviço funerário no contexto pandêmico, fruto das reportagens regulares disseminadas na imprensa, a percepção sobre a discriminação é variada. Alguns entrevistados acreditam que a maior exposição facilitou a negociação de certas condições de trabalho, como o acesso à vacina. Outros afirmam que persiste a representação negativa, evidenciando faltas e falhas no serviço, de forma descontextualizada, desconsiderando o pouco investimento, a sobrecarga e as condições de trabalho precarizadas.

Buscando sentidos para o trabalho

Segundo Ashforth e Kreiner20, as pessoas que integram categorias de trabalhos considerados “sujos” desenvolvem, como estratégia protetiva à discriminação, relações próximas. Essa perspectiva é evidenciada por Pedro, lotado em um polo administrativo. Segundo ele, o convívio no setor durante a pandemia tornou-se mais próximo, em que cada colega cuida do outro: “quando um não vem, [a gente] liga, [e pergunta] o que aconteceu”. Sobre o trabalho que desenvolve, diz ser gratificante, pois sabe estar “fazendo alguma coisa por alguém” e “por você mesmo”, e esse é o sentido de essencialidade que atribui ao seu trabalho.

Apesar da desvalorização e discriminação, o trabalho no serviço funerário aparece como fonte de significado para alguns trabalhadores(as). Marília, velorista, descreve sua profissão como um “presente de Deus”.

Eu amo trabalhar no serviço funerário. [...] Lembro até hoje quando eu entrei, como sepultadora. Quando eu coloquei o uniforme azul, chorei. Porque eu falei assim: meu, que privilégio! Ser uma servidora pública e trabalhar num lugar onde posso, querendo ou não, me derramar. Derramar amor na vida das pessoas, ter empatia... E chegar todos os dias e entender a vida.

Letícia destaca como, ao longo dos anos, seu trabalho e o contato com a morte incidiram na forma que se vê no mundo. Adelson, do polo administrativo, estabelece associações entre sua atividade e sua crença religiosa, salientando, também, seu crescimento pessoal a partir da atividade laboral.

Eu acho que a população pode entender que o serviço funerário é um serviço essencial, é um serviço que é duro, é um serviço que é braçal. É forte, é pesado conviver com famílias chorando por perder pai, perder mãe, perder filhos. É um trabalho bem doloroso. Mas [...] pra mim é muito gratificante. Eu tenho orgulho de trabalhar no serviço funerário. Acho que Deus preparou esse lugar pra mim, para vir e pra crescer como pessoa, ser humano, e ser digno, né. E quebrar muitos tabus.

As entrevistas permitiram a observação de estratégias semelhantes àquelas encontradas por Batista e Codo21, relacionadas à ressignificação da atividade a partir de sua sacralização e de uma noção de “fazer o bem”, ou do reenquadramento do trabalho a partir do foco nas habilidades afetivas desenvolvidas no acolhimento de familiares. Uma estratégia observada pela investigação, que difere do apontado por Batista e Codo21, é a descrita por Letícia, semelhante ao relatado por Adelson, que ressignifica o trabalho a partir da mudança de perspectiva sobre a vida.

Destaca-se, também, que a atividade no serviço funerário é marcada por um saber-fazer desenvolvido ao longo dos anos, muitas vezes transmitido entre gerações, por familiares, remetendo à persistência de uma noção de ofício particularizada nas atividades de serviços. Clot defende que se trata da “execução e sentido da ação” que se entrelaça à “vida do outro”22.

Tal situação tende a contribuir para que esses(as) trabalhadores(as) se reconheçam, em alguma medida, no trabalho que desenvolvem. Esse processo, conforme pôde-se observar, liga-se fortemente à relação estabelecida entre quem atua nos cemitérios com as famílias dos sepultados.

Letícia, que trabalha na expedição de urnas, expressa esse vínculo ao descrever as habilidades emocionais desenvolvidas ao longo da trajetória laboral. Afirma que a tornaram mais empática e sensível. No que se refere a esse saber-fazer, destaca-se um entendimento sobre o trabalho que incorpora uma relação de cuidado com o outro, que escapa às noções que reduzem a atividade laboral a um “trabalho manual”. Segundo Carmen,

De repente você está num serviço braçal pesado. Você não vai fazer uma expressão [...] “estou acabado”. Você vai respirar fundo e vai conversar com a pessoa. [...] Entrega o número da sepultura ou número da quadra em que [o familiar] foi sepultado, porque o cemitério é enorme. [...] Tem pessoas que passam a vista no papel e não leem. Às vezes jogam até fora. Então, você tem que informar: “aqui está marcado o número da quadra do terreno; daqui 3 anos você pode vir para fazer a exumação; tem um ossário; tem a opção de fazer cremação depois”. [...] De repente alguém fala: “vai lá conversar com a família” e você está todo suado, sem respiração nenhuma. Aí você fala: “Toma esse papel que é seu, leva embora”. Você tem que entender o que que tá acontecendo. Quais informações vão ter que ser passadas. [...] Você vai respirar fundo para conversar com o familiar, né?

O porteiro do polo administrativo, Antônio, que trabalhou por muitos anos na remoção dos corpos para o sepultamento, descreve essa atividade evidenciando esse saber desenvolvido no cotidiano do trabalho. Destaca os cuidados necessários com o corpo, conduzindo o trabalho de modo a amenizar o sofrimento dos familiares, que estão lidando com a perda. Salienta, também, a habilidade emocional de não se deixar envolver pelos sentimentos dos familiares.

Esses depoimentos convergem com o estudo realizado por Fraga23, que focaliza o cuidado dos trabalhadores na realização de suas atividades de modo a executá-las com esmero e respeito para com os enlutados. Para o autor, “estamos perante trabalhadores que muitas das vezes assumem um papel de cuidadores de pessoas, dos familiares em luto e dos entes falecidos, proporcionando à família a possibilidade de guardar boas memórias” (p. 54)23. Esse aspecto do cuidado também é enfatizado por outros autores, como Souza e Pretto24.

Em alguns países de língua inglesa é utilizado o termo “deathcare workers”, ou seja, “trabalhadores do cuidado com a morte” ou “cuidadores da morte”, o que é apropriado tendo em vista os saberes desenvolvidos e descritos pelos entrevistados. É esse saber, sua aplicação e sua preservação, que lança luz sobre outra importante fonte de sofrimento aos entrevistados: a terceirização.

O saber-fazer diante do avanço da precarização

O saber desenvolvido ao longo dos anos, a memória social do trabalho22, tende a dissolver-se em meio ao avanço da terceirização e à alta rotatividade cada vez mais frequente no serviço público. Carmen, ao falar sobre tempo de exumação, sobre o cuidado que se deve ter com o familiar, salienta que “talvez o funcionário [terceirizado] não saiba, não tenha esse conhecimento, essa experiência” que é adquirida em função do tempo de exercício da função.

Os entrevistados também relatam uma maior discriminação vivida pelos terceirizados. Além do estigma do “trabalho sujo”, que perpassa a atividade, enfrentam, segundo Vinicius, a hostilidade dos(as) servidores(as), sendo também incumbidos dos trabalhos mais pesados.

Essa perspectiva, de uma divisão do trabalho entre efetivos e terceirizados, é também assinalada por Carmen. De acordo com a trabalhadora, os terceirizados que atuam nas quadras dos cemitérios têm assumido serviços considerados “mais braçais”, a exemplo da abertura de covas, ainda que no contexto pandêmico essa atividade tenha contado com o auxílio de miniescavadeiras. Os concursados, por sua vez, tendem a atuar prioritariamente em sepultamentos e exumações, podendo, de forma eventual, abrir covas. Essa divisão é facilitada pelo desequilíbrio numérico entre concursados e terceirizados, esses últimos em maior quantidade e mais jovens.

Essa discriminação se apresenta, também, de formas mais sutis. Osvaldo, do setor administrativo, aponta que, entre as estratégias de redução da disseminação do vírus na unidade em que trabalha, ocorreu o distanciamento dos terceirizados, aparentemente mais expostos à doença em função da atividade de remoção de corpos.

Apesar disso, a crítica dos servidores entrevistados dirige-se muito mais à terceirização e ao que ela representa para o serviço público do que aos terceirizados em si. Parte da compreensão sobre a necessidade de preservação do serviço na esfera da administração pública, destacando o compromisso que o vínculo efetivo enseja tanto em relação à prestação de serviço como à profissionalização das atividades.

Ivo, sepultador lotado no Cemitério de Túmulos, critica o fato de os terceirizados muitas vezes não apresentarem o conhecimento técnico ou prático para a realização do trabalho, cabendo aos sepultadores antigos e concursados ensiná-los. Tarcísio, também sepultador, reforça a importância do concurso, indicando que esse processo garante a comprovação de pré-requisitos mínimos e necessários para a realização do serviço. Salienta, também, a alta desistência entre terceirizados, fruto do impacto psicológico causado pela atividade desenvolvida.

Aprofundada em 2017, com a aprovação da Lei nº 13.429 pelo Congresso Nacional, a terceirização do trabalho nos cemitérios é parte dos mecanismos de corte de custos e de flexibilização do trabalho. Trata-se de um tipo de contratação que possibilita alta rotatividade de empresas prestadoras de serviços e trabalhadores(as). Essa dinâmica, segundo Carmen, é um empecilho para uma postura de compromisso com o serviço público, assim como para o aprendizado de uma atividade profissional que não pode ser reduzida ao trabalho repetitivo.

As entrevistas também revelaram ser comum entre os(as) trabalhadores(as) a sensação de derrota, de perda das referências do trabalho, ou mesmo de expulsão, diante da acentuação dos processos de terceirização ao longo da pandemia, facilitada tanto pelo aumento da demanda de trabalho como pelo afastamento de trabalhadores efetivos com mais de 60 anos de idade e com comorbidades. Revelam, também, a precarização do trabalho, que assume dimensões diversas, objetivas e subjetivas. Conforme Druck25, é um processo social que “modifica as condições do assalariamento (estável) anteriormente hegemônico” (p. 43), fragmentando as formas de vínculo, tornando-as mais instáveis, e dificultando a organização e resistência dos(as) trabalhadores(as). No tempo pandêmico, esses processos se intensificaram, indicando processos de desgaste mental15.

Não à toa, elementos apontados por Franco, Druck e Seligmann-Silva8 aparecem nas falas dos(as) entrevistados(as), como a intensificação do trabalho, a perda das identidades individual e coletiva, o adoecimento relacionado ao trabalho, entre outros. Esse quadro geral, denominado pelas autoras como “psicopatologia da precarização”, remete a

processos de dominação que mesclam insegurança, incerteza, sujeição, competição, proliferação da desconfiança e do individualismo, sequestro do tempo e da subjetividade. [...] A desestabilização e a vulnerabilidade sociais conduzem à desvalorização simbólica, com a corrosão do sistema de valores, da autoimagem e das representações da inserção de cada um na estrutura social. (p. 231)8

Para Marília, velorista, “daqui a pouco isso aqui privatiza e eu não vou ter esse lugar para estar. [...] É como se eu fosse tirada da minha própria casa. É isso que eu sinto, que com a questão da COVID [...] fomos tirados da nossa própria casa”. Antônio, porteiro do polo administrativo, que também já exerceu a função de motorista do serviço funerário, descreve sentimento similar, de perda, afirmando que a categoria lutou muito para manter o serviço “de pé” e sofre ao vê-lo “desmoronar” com o passar do tempo.

Os participantes da pesquisa expressaram, majoritariamente, estar em uma situação na qual utilizam seu saber prático para formar os terceirizados, viabilizar o desenvolvimento das atividades, ao mesmo tempo que testemunham o fim de seu próprio trabalho.

Considerações finais

O serviço funerário se apresenta, nesta pesquisa, como um trabalho complexo, com cargas diversas, exigindo saberes específicos.

Os trabalhadores e as trabalhadoras entrevistados(as) apontam para a presença de processos discriminatórios, intensificados por integrarem a denominada “linha de frente” de combate à pandemia, ainda que não existam formas de reconhecimento ou recompensa de seus esforços, empenhos e sacrifícios.

Se, portanto, o trabalho deles(as) já era tido como “sujo”, a COVID-19 ressignificou essa ideia, atrelando a atividade a uma suposta maior exposição a uma doença pouco conhecida e potencialmente letal. Implica-se, então, uma marginalização na qual as condições básicas de trabalho, como EPI e a própria vacinação, são adquiridas apenas mediante a luta organizada da categoria.

As entrevistas relatam, ainda, o aprofundamento, no período pandêmico, do desmonte do sentido do trabalho a partir do avanço da terceirização, dificultando a construção e manutenção da memória e saber produzido pela categoria, tornando os(as) trabalhadores(as) mais expostos e vulneráveis ao desgaste e adoecimento devido às cargas diversas que integram seu processo de trabalho.

É importante compreender o serviço funerário como um trabalho de cuidado integrado à atenção, à saúde e ao planejamento de situações emergenciais na cidade, com recursos suficientes para a realização segura das atividades, considerando seus diversos impactos à saúde dos(as) trabalhadores(as).

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  • Apresentação do estudo em evento científico:
    as autoras informam que este estudo não foi apresentado em evento científico.

Disponibilidade de dados:

  • os dados não podem ser disponibilizados publicamente. Não há autorização dos entrevistados para disponibilizar o teor completo dos depoimentos para além da equipe de pesquisa.
  • Financiamento:
    as autoras declaram que este estudo não foi financiado.

Editado por

  • Editor-Chefe:
    José Marçal Jackson Filho.

Disponibilidade de dados

os dados não podem ser disponibilizados publicamente. Não há autorização dos entrevistados para disponibilizar o teor completo dos depoimentos para além da equipe de pesquisa.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    17 Ago 2022
  • Revisado
    23 Fev 2023
  • Aceito
    27 Fev 2023
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