Resumo
Objetivo: analisar uma experiência clínica de acompanhamento psicológico individual, fundamentado na Clínica da Atividade, como possibilidade de intervenção em saúde mental e trabalho.
Métodos: a experiência foi relatada e discutida a partir da análise de registros dos atendimentos realizados entre paciente e psicóloga.
Resultados e discussão: foram realizadas nove sessões referenciadas por princípios teórico-metodológicos da Clínica da Atividade. Os resultados enfatizaram três pontos de caráter clínico e desenvolvimental para a paciente: ampliação da compreensão e do senso crítico sobre as determinantes do seu trabalho; produção de movimentos simultâneos de afetação e instrumentalização do pensamento e da ação; bem-estar ou diminuição do mal-estar psíquico conectados à ampliação do poder de agir via desenvolvimento da atividade própria de trabalho.
Conclusão: a experiência mostrou-se interessante para atendimento a demandas de saúde mental da paciente no caso analisado, desenvolvendo a atividade de trabalho concatenada ao desenvolvimento da saúde psicológica. Identificou-se possível ligação entre a queixa apresentada em saúde mental e a situação de trabalho vivida. Indica-se discutir tal composição metodológica para outros casos específicos, como em reabilitação profissional. O relato contribui para a discussão sobre abordagens clínicas no campo de saúde mental e trabalho.
Palavras-chave: saúde do trabalhador; saúde mental; trabalho; psicologia; atividade
Abstract
Objective: to analyze an individual psychological follow-up based on clinical activity analysis as a possible intervention in occupational and mental health.
Methods: the experience was reported and discussed by analyzing records of psychological appointments from patient and psychologist interactions.
Results and discussion: a total of nine sessions referenced by clinic of activity principles were performed. Results emphasized three main clinical and developmental points: broadening the understanding of one’s working activity; production of simultaneous affectation movements and instrumentalizations of thoughts and actions; increased well-being and decreased psychic malaise by expanding the power of acting in developing work activities.
Conclusion: this experience proved to be interesting for addressing the patient’s mental health demands, developing the working activity associated with psychological health. A link was identified between complaints concerning mental health and the work situation. This linking should be considered in other specific cases, such as in professional rehabilitation. The report contributes to the debate about clinical approaches to mental health and working activity.
Keywords: occupational health; mental health; labor; psychology; activity
Introdução
Acho que se eu não tivesse essa voz oculta dentro de mim me dizendo que eu não vou conseguir, eu não vou conseguir, eu não vou conseguir […] É assim sempre [voz baixa, embargada pelo choro] eu convivo com isso o tempo inteiro . (Paciente sobre seu trabalho à psicóloga)
Segundo o Ministério da Fazenda, os transtornos mentais e comportamentais, no Brasil, representam a terceira causa de incapacitação para o trabalho 1 . Contudo, o Atlas da Saúde Mental, publicado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2021, alerta que nenhuma das metas para o setor de serviços de saúde mental foram atingidas 2 . Adicionalmente, há lacunas na operacionalização e produção de teorias e métodos para intervir em Saúde do Trabalhador, principalmente em saúde mental relacionada ao trabalho 3 - 6 .
No contexto mundial, a intensificação do projeto neoliberal com financeirização do capital e precarização do trabalho tem importantes impactos negativos na saúde mental dos trabalhadores 7 , 8 . O Brasil tem sido um caso preocupante, sobretudo diante das marcantes desigualdades econômico-sociais e das recentes reformas trabalhista e previdenciária 9 . A pandemia de COVID-19 acentuou vários desses problemas com “a cruel pedagogia do vírus” 10 , enfatizando a necessidade de atenção à saúde mental dos trabalhadores e a relevância do próprio trabalho.
Infelizmente, intervenções em saúde mental e trabalho (SMT) são permeadas por discursos e práticas produtivistas, gerencialistas e mercadológicas, oferecendo narrativas e serviços desvinculados das ou pouco atentos às situações sociais, como se a saúde psíquica fosse um atributo interno, desconectado das condições materiais e organizativas de produção 11 , 12 . Outros negligenciam aspectos psicológicos implicados no trabalho, reduzindo a existência psicossocial dos trabalhadores às condições materiais do trabalho. Tais perspectivas podem produzir práticas higienistas, individualistas e psicologizantes, sejam no enquadre grupal ou individual 13 , 14 .
O atendimento psicológico individual é uma das demandas sociais e práticas profissionais em SMT realizadas em diversos contextos públicos e privados. No Brasil, tais demandas e práticas recebem críticas ao utilizar perspectivas e técnicas que ora culpabilizam, ora vitimizam os trabalhadores 4 , 15 , o que evidencia a relevância de discutir vias teórico-metodológicas e ferramentas técnicas em psicologia de atendimentos a trabalhadores no enquadre individual.
A Clínica da Atividade (CA) é uma abordagem em Psicologia do Trabalho 16 de caráter clínico-desenvolvimental que realiza intervenções junto aos coletivos de trabalhadores e toma o diálogo sobre a atividade de trabalho, sua função psicológica e seu desenvolvimento, no coração do dispositivo de pesquisa e de intervenção 17 - 19 . Tal abordagem ainda não propôs possibilidades de intervenções no enquadre individual e critica ações clínicas configuradas como espaços de escuta psicológica que não consideram a análise da atividade de trabalho e sua transformação 13 , 14 , 20 .
Nessa direção, a CA não é utilizada como referenciamento em dispositivos de atendimento psicológico individual com demandas do trabalho. Porém, a consideramos uma via possível por pelo menos três razões, que apontaremos a partir da experiência clínica: seus embasamentos na Psicologia Histórico-Cultural (PHC), para a qual a relação entre individual e social é desenvolvimental 21 , 22 ; a perspectiva de que o desenvolvimento da atividade (simultaneamente singular e coletivo) é uma forma de agir sobre si e no social e, portanto, contribui para produzir saúde 18 , 23 ; a noção de que o coletivo está presente tanto entre os trabalhadores como em cada um deles 19 .
Assim, o objetivo deste artigo é analisar uma experiência clínica de atendimento psicológico individual referenciado na PHC e na CA, mobilizado por queixas em saúde mental potencialmente relacionadas com o trabalho. Esperamos, assim, contribuir para as discussões sobre o desenvolvimento de metodologias clínicas psicológicas no campo de SMT.
Métodos
Este relato se reporta a uma experiência clínica vivenciada em 2017, abrangendo um conjunto de atendimentos psicológicos individuais, realizados em contexto de consultório privado. Visto que os atendimentos foram estruturados em arranjo metodológico, sobre o qual havia interesse de estudo posterior, a maior parte das sessões foram registradas em áudio com a autorização escrita da pessoa atendida. Além de tais registros, o contrato escrito utilizado no serviço, as anotações clínicas e um documento de devolutiva (relatório) compuseram o material desta análise da experiência.
Consideramos que este relato de experiência se configura como:
uma construção teórico-prática que se propõe ao refinamento de saberes sobre a experiência em si, a partir do olhar do sujeito-pesquisador […]. Sem a pretensão de se constituir como uma obra-fechada ou conjuradora de verdades, desdobra-se na busca de saberes inovadores. 24 (p. 228)
A análise a ser apresentada também se insere em uma das etapas de pesquisa referente à tese de doutorado da autora principal deste artigo. Tal pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética para a Pesquisa com Sujeitos Humanos por meio da Plataforma Brasil, aprovada pelo Comitê de Ética para Pesquisa com Sujeitos Humanos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sob registro CAAE: 55774921.0.0000.5537 com parecer número 5.341.057.
Resultados e discussão
Apresentamos e discutimos os resultados da experiência em três pontos: situação clínica prévia e a pessoa atendida (pseudônimo Mel); proposta clínica e seus aspectos teórico-metodológicos; demanda central, movimento global do processo e pistas de desenvolvimento. Os atendimentos foram realizados pela primeira autora do artigo. Os trechos de diálogos e falas serão apresentados contendo observações sobre a situação e aspectos não verbais entre parênteses. Os colchetes indicam um corte entre um trecho e outro.
Situação clínica prévia e a pessoa atendida
Mel é assistente social, mulher, branca, nordestina, com 30 anos à época e uma filha de 5 anos. Procurou atendimento psicoterapêutico em 2016, motivada por sofrimento relacionado à separação conjugal e ao retorno à casa de sua mãe. Viajava cerca de 300 km por semana, passando alguns dias na cidade, onde trabalhava como assistente social servidora pública. Chegava às sessões com preocupações familiares constantes, visível esgotamento físico e desânimo. Paralelamente, iniciou um movimento de repensar suas possibilidades profissionais.
Em 2017, passou em processo seletivo para vaga de trabalho (a qual almejava) como assistente social com contrato celetista em instituição do sistema de justiça no Nordeste, na sua cidade de residência. Vivendo um dilema, Mel pediu exoneração do serviço público e assumiu o novo emprego. Separada, com uma filha pequena e morando na casa de sua mãe, estava com medo, mas sentia-se animada e feliz.
Dois meses depois de assumir o novo emprego, Mel chega à sessão inquieta, preocupada, dizendo não conseguir realizar o trabalho, mesmo sendo do seu domínio. Passados mais quatro meses, sem novos fatos familiares, ela estava visivelmente abatida, voz e cabeça baixas, reclamava de insônia, esgotamento mental, tristeza constante, ansiedade e medo. Mel começa a relatar sensação ocasional de pavor e sentimento persistente de angústia, insegurança e incapacidade, que a fazia paralisar no horário de trabalho, sem conseguir realizar suas atividades. Em seu relato, dizia que, ao acordar, lembrando-se de que deveria ir ao trabalho, começava a se sentir mal e tinha vontade de permanecer na cama.
Ainda que diversos aspectos pessoais e laborais tenham sido abordados na psicoterapia, Mel não compreendia o que estava acontecendo e não apresentava melhoras. Por fim, alegou que o problema se devia ao seu jeito “inseguro e tímido” e por não conseguir falar bem em público, pedindo, então, ajuda para mudar seu jeito de ser e treinar técnicas de discurso.
Cogitando que problemas relacionados ao próprio trabalho estariam na origem do quadro de saúde atual da paciente, foi considerada a possibilidade de realizar uma análise clínica de sua atividade. Na sessão seguinte, após planejar uma estruturação possível, a proposta foi apresentada e discutida com Mel, que a aceitou. O serviço foi contratualizado de forma verbal e escrita e as sessões de análise clínica do trabalho ocorreram paralelamente ao processo psicoterapêutico, em dias da semana diferentes.
Era observável que o trabalho e o intenso sofrimento em não conseguir realizá-lo tornara-se o problema central de Mel. Ela falava em “desistir de tudo” e pedir demissão. Planejava deixar currículos em lojas de comércio para obter renda e escapar da situação de sofrimento. Porém, a cada vez que Mel falava em desistir do emprego atual, sofria uma piora no seu quadro de saúde mental e intensificava falas de autodefinição como alguém incapaz e insegura.
A situação clínica prévia (ocorrida durante a psicoterapia) nos indicava aspectos sobre a relevância e a função psicológica do trabalho, ligadas às condições de existência e à ampliação ou amputação do poder de agir individual e coletivo do trabalhador sobre si e seu contexto laboral 20 , 21 , 25 . O quadro de saúde mental de Mel estaria, então, potencialmente e prioritariamente relacionado a problemas no trabalho.
Proposta clínica e seus fundamentos teórico-metodológicos
A experiência clínica foi embasada na Psicologia Histórico-Cultural (PHC) vigotskiana 21 , 22 , como psicologia geral 26 , e na Clínica da Atividade (CA) 17 - 19 enquanto Psicologia do Trabalho 16 de caráter clínico e desenvolvimental no campo das Clínicas do Trabalho 27 , correntes produzidas a partir de abordagens como a Ergonomia da Atividade 28 e a Psicopatologia do Trabalho (com origem na psiquiatria social francófona) 25 .
Para a PHC, o individual não é o contrário do social, mas uma versão desenvolvida dele 29 . O plano intrapsíquico ou individual (singular) é produzido a partir do plano interpsíquico (relação entre pessoas e entre elas, a natureza e os objetos). Esse individual, produzido nas situações sociais vivenciadas por cada pessoa de modo único, produz também o social 21 . A consciência humana e o desenvolvimento psicológico são processos dinâmicos e abertos, produzidos nessa passagem do inter para o intra nas situações sociais. Tal passagem se dá de forma indireta, mediada pela atividade humana de produzir e utilizar instrumentos psicológicos (por exemplo, a língua) e técnicos (por exemplo, um martelo) 21 , 22 , como ocorre na função psicológica e social da atividade humana de trabalho 17 , 18 .
A atividade de trabalho é intrinsecamente um conflito, sendo singular (própria) e coletiva (social), por ser sempre triplamente endereçada (a si mesmo, ao objeto, aos outros). É um conflito, também, por ser composta (psicologicamente) não somente pelo comportamento visível daquilo que é realizado, mas também por todas as possibilidades não realizadas 17 , 18 , 21 . Dessa forma, em consonância com a PHC, a CA preconiza que o coletivo age e está presente entre os trabalhadores, nos diálogos concretos ou relações interpsicológicas, e nos trabalhadores de forma intrapsicológica, em seus diálogos interiores 22 . Como diz Clot, “a prioridade do trabalho coletivo é sobretudo de ordem lógica, menos que cronológica” (p. 159, tradução nossa) 19 .
De fato, trabalhar é lidar com as conflitualidades da atividade (entre suas três direções e entre as possibilidades de realização) nas situações reais de vida de forma individual e coletiva. Quando os conflitos da atividade laboral podem ser identificados e bem desenvolvidos nos diálogos e nas ações técnicas, é possível ampliar o poder de agir sobre si, sobre o trabalho e com os outros. Quando são negados ou mal desenvolvidos, a (qualidade) saúde do trabalho e do trabalhador está mais distante 18 , 19 .
A saúde (inclusive a mental), para além da adaptação ou da ausência de doenças, é sentir-se em condições de ser ativo 18 , 28 , 30 , de lidar com as infidelidades do meio não apenas se adaptando, mas criando novos meios – psicológicos e técnicos, individuais e coletivos – para se viver 23 . Mel perdia sua saúde à medida que não conseguia, nas situações sociais, sentir-se ativa individual e coletivamente.
As intervenções em CA buscam produzir e sustentar quadros dialógico-desenvolvimentais, nos quais a atividade de trabalho é analisada/transformada pelos próprios trabalhadores de forma situada. O clínico do trabalho acessa a situação social de trabalho e age nela realizando observações de campo, reunindo os trabalhadores para dialogarem de modo a desenvolver os conflitos envolvidos na qualidade do trabalho (e saúde), além de estabelecerem debates e negociações entre esses e instâncias hierárquicas para a transformação do trabalho.
Para a experiência deste relato, na qual a psicóloga atuou no enquadre individual, sem a possibilidade de acessar e agir diretamente na situação social de trabalho de Mel e nem junto aos seus colegas de trabalho, a proposta clínica manteve-se fundamentada na PHC e CA. Porém, precisou situar-se e qualificar-se diferentemente: voltou-se para o que estava ao alcance da psicóloga nos diálogos (na situação social clínica) e da própria Mel (na situação social de trabalho), ou seja, para o desenvolvimento da atividade própria como método e objetivo da intervenção.
A atividade própria é aquela (como conceitualizada em PHC e CA) encarnada em uma existência de forma singular, ou seja, por uma pessoa (indivíduo). Realizando a atividade própria de trabalho, a pessoa participa e produz relações com e entre pessoas, age sobre os objetos (o meio) e produz a si mesmo 19 , 21 , 31 . Ela é, portanto, pessoal e personalizante 30 , pois está relacionada à produção (tendo o social como fonte) de um senso e coerência de si – verbal e não verbal, de afetividade de si, de corpo de si, de existência, participação e permanência na história. Além disso, seu desenvolvimento, a depender de como se realiza, pode contribuir para a força do coletivo nas transformações sociais, incluindo no trabalho 31 .
Buscou-se, então, agir junto a Mel na situação social clínica, no espaço físico do consultório, para coanalisar sua atividade, dialogando sobre aspectos psicológicos, materiais e coletivos. A atividade própria (de Mel) foi analisada considerando sua tripla direção, voltada para si mesma (sua carreira, família, modo de trabalhar); para o objeto do seu trabalho, pois precisa dar conta de realizar as tarefas (reuniões, relatórios, palestras); e para os outros (colegas, hierarquia, instituição, usuários). Além de também abordar e provocar o movimento de seus pensamentos, afetos e ações, em relação às possibilidades não realizadas da atividade que continuavam a agir psiquicamente.
Foram utilizados instrumentos mediadores para provocar um movimento dialógico de desenvolvimento do pensamento e da ação, pois, como preconizado pela PHC, não é possível a ação direta de uma consciência à outra, já que é mediada, sendo dialeticamente também geradora de mediação no desenvolvimento psicológico humano 21 , 22 .
Vale salientar que, para a proposta realizada (e em CA), a linguagem tem um triplo estatuto: ela é uma atividade em si, um meio para realizar a atividade e um produto dela 22 , 32 . As diversas formas (oral e escrita) e funções articuladas da linguagem atuaram na experiência como mediadores para o agir na vida psíquica e concreta 18 , 21 , 32 , 33 . Os diálogos foram estruturados por instrumentos referenciados em métodos, como a oficina de fotos 34 e a técnica de Instrução ao Sósia 17 , 18 , 35 , posicionando Mel como expert do seu trabalho e possibilitando coanalisar detalhes de sua atividade laboral. Vejamos, na Figura 1 , como se deram cronologicamente as sessões de análise.
Foram realizadas nove sessões. Duas delas no mesmo encontro, sendo que a primeira e segunda hora tiveram configurações diferentes uma da outra. Os intervalos entre as sessões foram menores até a metade do processo. Cogitamos que isso poderia ter relação com a diminuição das queixas de sofrimento, mas não temos elementos suficientes para tal afirmação. Na sequência, o Quadro 1 aponta os instrumentos mediadores utilizados, seus objetivos e o conteúdo do trabalho analisado.
O arranjo teórico-técnico realizado permitiu o acesso indireto a elementos e processos da realidade laboral de Mel, oportunizou dialogar e analisar algumas conflitualidades do trabalho na situação social clínica, colaborando para o desenvolvimento do pensamento e de algumas vias de ação pela atividade própria em sua situação social de trabalho com impacto para sua saúde mental.
Demanda central, movimento global do processo e pistas de desenvolvimento
A queixa configurou-se como sofrimento psíquico com sentimentos de insegurança, incapacidade e paralisia no trabalho, percebidos como incapacidade pessoal. A demanda formulada foi compreender as relações entre o sofrimento de Mel e aspectos laborais, buscando desenvolver sua atividade própria, o que, em tese, impactaria sua saúde mental.
A Figura 2 apresenta um esquema representativo do movimento e resultado global do processo.
Movimento clínico-desenvolvimental na relação saúde mental e trabalho
Nota-se aumento no conteúdo do diálogo, na diversidade e qualidade dos sentimentos, tanto da paciente quanto da psicóloga em relação a si e às atividades de trabalho. As setas indicam interpenetração e vai-e-vem dos conteúdos do diálogo e sentimentos durante o processo. Os elementos da Figura 2 integrados aos aspectos analisados no Quadro 1 nos permitem identificar algumas pistas de desenvolvimento da atividade de trabalho própria e da saúde mental de Mel. Essas concentraram-se nos seguintes pontos: ampliação da compreensão e senso crítico sobre determinantes do trabalho; movimento simultâneo de afetação e de instrumentalização do pensamento e da ação; momentos de bem-estar ou diminuição do mal-estar, conectados ao desenvolvimento da atividade.
Ampliação da compreensão e do senso crítico em relação à situação pessoal-profissional
Mel começou a identificar microculturas institucionais, normas, tarefas, estratégias e relações interprofissionais que pareciam relacionar-se tanto a dificuldades na realização do trabalho quanto a percepções que tinha sobre si. Vejamos uma ilustração.
Na segunda sessão, Mel manifestou sentimento de tristeza acentuado, dizendo: “não quero mais voltar lá [no trabalho]”. Quando perguntada se tinha acontecido “algo a mais”, Mel fala sobre a ocorrência de uma reunião, a qual era responsável por conduzir e que nomeou como “um desastre”. Contou que, na situação, as pessoas estavam muito agressivas e iniciou-se uma discussão fora do controle, obrigando-a a encerrar precipitadamente tal reunião. Nessa sessão, Mel relatou sentir-se culpada pelo fracasso da reunião, atribuindo o problema à timidez e à incapacidade pessoal de se impor e de conduzir, sobretudo quando está em posição de destaque. Relatou que, sentindo-se muito mal, saiu do trabalho mais cedo e foi chorando para casa sem conseguir parar de pensar na situação.
No cenário contemporâneo, é frequente que a subjetividade do trabalhador seja considerada um recurso em si e por si. Quando há sucesso, é atribuído à habilidade emocional do indivíduo, que, quando fracassa, é visto como frágil psiquicamente. O gerencialismo da subjetividade, apresentado em narrativas individualistas e psicologizantes, tende a intensificar o sofrimento psíquico que passa a ser vivido como uma fragilidade pessoal isolada, solitária e desencarnada das situações concretas. Esse caminho ora leva à culpabilização, ora à vitimização. As duas vias favorecem a emergência do sofrimento e ou adoecimento mental 4 , 11 , 14 , 15 , 20 .
Tempos depois, Mel fez um comentário parecendo lembrar-se de algo tratado em sessão anterior.
Sessão 4: enquanto falava sobre algumas mudanças ocorridas em seu setor
Ah, agora entendo a reação das pessoas naquela reunião [tom de surpresa]. Como fui inocente achando que o problema era só de condução. Tinha muitos conflitos por trás e as pessoas estavam ‘me engolindo’ .
Inicialmente, Mel utilizava a questão da “personalidade” como único meio para analisar o problema. Posteriormente, ampliou sua análise incorporando outros elementos (objetivo do setor, pessoas presentes na reunião, objetivo da própria reunião), dessa vez oriundos da situação de trabalho.
O objeto da atividade de trabalho de Mel na instituição (e de seus colegas no setor) representava um desafio cultural e contra hegemônico naquele contexto. Envolvia promover, instaurar, apoiar e executar teorias e métodos de resolução com caráter conciliatório, negociador, dialogado, menos judicializado e menos verticalizado. Seu setor, criado recentemente, estava no centro dessa tarefa: tornar esses métodos conhecidos e provar que funcionavam dentro e fora da instituição de justiça, como em secretarias de educação e escolas. Porém, sem uma história laboral-cultural anterior, a qual servisse de referência como recurso para a ação individual e coletiva dessa atividade de trabalho 17 , 18 .
Dúvidas, medos, inseguranças, angústias, reprovações e incompreensões sentidos por Mel no seu corpo e na sua “mente”, embora atravessados por questões pessoais, estavam presentes (seja qual fosse a pessoa a ocupar o cargo) na atividade de trabalho: nas decisões sobre quais relações interprofissionais estabelecer, em qual ponto do organograma atuar, que tipo de reuniões e pautas solicitar e assim por diante. Para produzir saúde, Mel precisava reorganizar sua atividade, favorecendo parcerias dentro de cada setor e entre eles, e não necessariamente deixar de ser tímida. A timidez continuava a incomodar, mas não era um impedimento em si. A insegurança começou, então, a ganhar outras explicações e outras vias para se transformar em ação.
Adicionalmente a essa “insegurança da atividade”, Mel tinha vínculo trabalhista mais frágil que o de seus colegas servidores públicos, coordenava tais ações em setor recente que defendia uma ideia ‘inovadora’ para a própria instituição. Pessoalmente, Mel estava iniciando um caminho novo após a separação conjugal e a exoneração do emprego público anterior.
Movimento simultâneo de afetação e de instrumentalização do pensamento e da ação
A ampliação da compreensão e do senso crítico sobre os determinantes laborais não garantem o desenvolvimento da atividade e o bem-estar psíquico do trabalhador. Em muitos casos, pode, inclusive, acentuar o sofrimento ao perceber melhor a situação, mas não se sentir em condições de lidar com ela ativamente. O processo de ampliação da consciência no sentido desenvolvimental 19 , 21 passa, simultaneamente, por certa mobilização afetiva (questionamento, interesse, desejo, curiosidade) sustentado por algum nível de instrumentalização (produção de meios para pensar e agir). Em suma, passa por um movimento de afetação e instrumentalização.
Na experiência relatada, esse movimento foi possível a partir do diálogo sobre as conflitualidades presentes nos diálogos de detalhamentos da atividade de trabalho na situação social clínica e nas experimentações realizadas por Mel na situação social de trabalho. Mel confrontava tais conflitualidades nas possibilidades que surgiam: em seu diálogo interior 22 , 33 ; na situação social clínica entre ela e a psicóloga; no diálogo que estabelecia com seus colegas e com a instituição na situação social de trabalho. A título de exemplo, utilizamos uma das atividades analisadas que produzia sofrimento em Mel: produção de registros-documentos formais. O Quadro 2 apresenta o processo de análise clínica dessa atividade, considerando conflitualidades emergidas nos atendimentos e seus desdobramentos.
Na sequência, o Quadro 3 ilustra aspectos do processo elencados no Quadro 2 , a partir de falas ocorridas em sessões de análises diferentes e de forma progressiva, relacionadas à mesma atividade.
Podemos perceber, na fala inicial, uma afirmação negativa sobre si, como problema de incapacidade pessoal no trabalho, sem que isso passasse por uma análise do próprio trabalho. Nas falas posteriores, Mel dá detalhes do trabalho relacionados a si mesma (seus modos de fazer, afetações, dificuldades, conquistas), a seus colegas e aos contextos em que a atividade era movimentada. Suas falas tornaram-se mais reflexivas e elaborativas.
Paralelamente, Mel ampliou seu movimento dialógico na direção dos outros, sentindo-se aliviada quando dialogou com um colega sobre criar certa estratégia para lidar com um problema específico da atividade. Nesse movimento de afetação-instrumentalização, estimulado e acompanhado na situação social clínica, Mel também se lançou em pequenas experimentações técnicas (documento que estava prestes a finalizar). Por fim, relata um movimento mais autônomo. Os sentimentos de alívio e de alguma autonomia passam pela conquista da atividade própria sem negar seus conflitos, sendo um movimento individual atravessado pelo coletivo (concreto e simbólico).
Foi obtido resultado semelhante em relação ao processo de análise clínica de outra atividade que provocava sofrimento em Mel: fazer apresentações/palestras. Vejamos.
Sessão 8: Mel falava sobre como foi a experiência da palestra
O ambiente era bem formal […] mas eu acho que consegui [silêncio]. Mesmo com o ambiente que é tenso para mim, problemático [pausa] eu estou diante do meu maior limite que é realmente, manter a horizontalidade com a hierarquia [silêncio] mas eu > consegui… Depois que eu consegui atravessar o muro do formal [pausa] e falar [silêncio] e falar do jeito que eu queria, ficou muito mais tranquilo falar depois. [Silêncio] E aí, teve um momento que [pausa] de fato eu consegui ser eu assim, sabe?> [sorrindo]
[…]
Eu percebo que muita coisa eu ainda carrego comigo. De sentimentos, percepções [pausa]. Têm coisas aí que são muito atuais ainda, mas tem muita coisa que eu já consegui superar, eu acho, em relação à autonomia, a conseguir fazer sozinha [pausa] a [pausa] ser mais decidida, sabe? [silêncio longo] Mas eu acho que [pausa] não sei se isso é pouco [pausa] , mas é um pouco que está me fazendo bem.
Em comparação ao intenso sofrimento inicial que paralisava o pensamento e a ação de Mel sobre si e sobre o trabalho, a coanálise realizada pareceu uma via de saúde possível nesse caso. Podemos dizer que o processo de acompanhamento psicológico colaborou para que Mel desenvolvesse sua atividade de trabalho própria produzindo instrumentos psicológicos e técnicos, que a ajudaram a agir sobre o objeto de sua atividade e equipou o diálogo com seus colegas e outras pessoas ligadas à sua atividade com efeitos positivos para sua saúde psíquica (e social). Em termos de transformação do trabalho, de fato, Mel não chegou a desenvolver atividades (e parcerias) de maior alcance em relação a modificar algo da organização do trabalho (em nível institucional), mas acreditamos que não seria impossível.
A experiência clínica e as teorizações em CA nos permitem pensar na possibilidade de uma migração funcional potencial entre o desenvolvimento da atividade própria e alguns efeitos indiretos na organização do trabalho, ao menos em nível microssocial ou diretamente implicado na atividade singular desenvolvida. As migrações funcionais potenciais referem-se à possibilidade de que algo ocorrido na situação social clínica possa se transportar, colaborando para a situação social de trabalho na relação com a organização do trabalho.
O desenvolvimento da atividade própria permite ao trabalhador fazer sua autoridade profissional – autoridade na atividade junto aos outros, que é diferente do poder hierárquico 19 , 36 . A autoridade via atividade pode colaborar, também, para a realização de possíveis parcerias com outros colegas trabalhadores para que, juntos, defendam a qualidade da atividade (e da saúde) diante de impedimentos provenientes da organização do trabalho, que ultrapassam suas possibilidades de resolução imediata (sozinhos ou em grupo). Outra migração possível diria respeito ao fato de que, ao analisar e desenvolver sua atividade própria, a trabalhadora pode identificar dispositivos e espaços institucionais dentro da organização (setores, pessoas, reuniões, programas, comitês) ou fora dela (leis, associações, sindicatos) que potencializem suas ações ou as soluções buscadas.
Na primeira migração potencial, a autoridade desenvolvida na (e pela) atividade favorece a possibilidade de fazer parcerias (com outros) para alcançar mudanças maiores, as quais seriam possíveis “por dentro”. Na segunda migração potencial, o desenvolvimento da atividade própria colabora para agir “por fora”, via dispositivos externos à atividade (mas com influência sobre ela) para potencializar encaminhamentos e mudanças.
Independentemente de possíveis migrações funcionais na direção da organização do trabalho, parece interessante discutir a pertinência desse arranjo metodológico para casos e contextos específicos, como no campo da reabilitação profissional 37 , 38 , no retorno ao trabalho ou em mudança de atividades laborais. Consideramos, portanto, a possibilidade de contribuição com recursos conceituais e práticos para as ações em saúde, articuladas à Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora 39 , como em projetos terapêuticos singulares.
Conclusão do caso
A composição metodológica produzida e realizada, fundamentada pela PHC e CA, pareceu pertinente, no caso analisado, para contribuir com a promoção da saúde mental relacionada a problemas possivelmente ligados ao trabalho. Adicionalmente, a mudança no quadro psíquico relatada na experiência indicou possível ligação entre a queixa apresentada pela paciente sobre sua saúde mental e a situação de trabalho vivida à época. Por fim, tal relato pôde contribuir com a discussão e utilização de metodologias clínicas psicológicas em casos específicos, analisando os devidos contextos.
Considerações finais
Este relato abordou a experiência de um arranjo metodológico fundamentado na análise clínica da atividade e configurou-se como um conjunto de atendimentos psicológicos individuais realizados com uma paciente com queixa de sofrimento psíquico potencialmente ligado ao trabalho.
A abordagem mostrou-se pertinente para a melhora do quadro de saúde psíquica da pessoa atendida nas seguintes direções: colaborou para seu protagonismo, posicionando-a como analista da sua atividade; oportunizou ampliação da consciência e senso crítico da trabalhadora sobre alguns determinantes envolvidos em sua atividade de trabalho; produziu um movimento simultâneo de afetação e instrumentalização direcionado a ampliar seu poder de agir sobre si e sobre a atividade. Tais movimentos contribuíram para melhorar os sentimentos de sofrimento, acompanhados do desenvolvimento de autonomia em algumas situações do seu trabalho.
Consideramos alguns limites deste estudo. O perfil da paciente atendida representa a minoria dos trabalhadores do nosso país. Mel tinha ensino superior completo, atuava com contrato de trabalho celetista e em condições materiais adequadas. Além disso, fazia psicoterapia antes e paralelamente à experiência de análise clínica do trabalho. Assim, é importante analisar em quais contextos a metodologia aqui experienciada seria especialmente indicada. Similarmente, é preciso que o profissional tenha formação prévia na abordagem clínica de análise do trabalho para o manejo dos casos.
Por fim, destacamos alguns pontos dessa experiência: o sofrimento psíquico ligado ao trabalho pode ser vivido de forma adoecedora quando a queixa é analisada prioritariamente como problema de fragilidade psíquica pessoal; para tratar a saúde mental na dimensão laboral-pessoal, são necessárias abordagens teórico-metodológicas interessadas nas situações concretas de trabalho e que considerem a complexidade psíquica engajada no ato de trabalhar.
A postura ético-política do profissional em SMT precisa considerar: o protagonismo dos trabalhadores na análise de sua atividade; a reflexão e as ações sobre a função e a importância do coletivo; e a revitalização da relação do trabalhador com seu ofício (quando possível e pertinente). Esta experiência enfatiza a importância de relacionar o desenvolvimento da saúde mental ao desenvolvimento do próprio trabalho na perspectiva de um mundo laboral sustentável.
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Como citar (Vancouver):Andrade JMS, Kostulski K, Falcão JTR. Atendimento psicológico referenciado pela análise clínica da atividade: relato de experiência em saúde mental e trabalho. Rev Bras Saúde Ocup [Internet]. 2024;49:edsmsubj4. Disponível em: https://doi.org/10.1590/2317-6369/22622pt2024v49edsmsubj4
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Disponibilidade de dados: todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.
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Financiamento: os autores declaram que o trabalho foi subvencionado por bolsa Capes-Print, processo nº 88887.511973/2020-00 fornecida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001.
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Informação sobre trabalho acadêmico: este estudo é parte da pesquisa de doutorado de Juliana Moreira da Silva Andrade, com tese vinculada ao Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, intitulada “Análise clínica da atividade em atendimento psicológico individual”.
Editado por
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Editor-Chefe:José Marçal Jackson Filho
Disponibilidade de dados
Disponibilidade de dados: todo o conjunto de dados que dá suporte aos resultados deste estudo foi publicado no próprio artigo.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
26 Abr 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
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Recebido
29 Jun 2022 -
Aceito
27 Fev 2023 -
Revisado
21 Fev 2023