Resumo
O objetivo deste estudo foi descrever a prevalência de idosos com uma ingestão adequada de água e seus fatores associados. Estudo transversal de base populacional realizado em 2014 com idosos (≥ 60 anos) participantes do estudo “COMO VAI?”. Investigou-se o número de copos de água ingeridos/dia pelos entrevistados, considerando-se adequada a ingestão de pelo menos oito copos/dia. As variáveis independentes foram características sociodemográficas, comportamentais e de saúde. A regressão de Poisson foi utilizada para a investigação das associações. Foram entrevistados 1.451 idosos, sendo observado que uma baixa percentagem, 12,6% (IC95% 10,8; 14,7) referiu consumo adequado de água. Maior percentagem de consumo adequado de água foi observada nos idosos mais jovens, com excesso de peso, que apresentaram cinco ou mais doenças e que eram mais dependentes quanto à capacidade funcional. A tendência decrescente de ingestão de água em relação à idade torna essencial o desenvolvimento de ações voltadas para essa população de maior risco acerca da importância de uma ingestão hídrica adequada e das possíveis consequências do seu consumo inadequado.
Palavras-chave: Consumo de água; Idoso; Fatores de risco
Abstract
The scope of this study was to determine the percentage of elderly individuals receiving an adequate water intake and associated factors among non-institutionalized elderly individuals in the urban area of Pelotas, Rio Grande do Sul. It involved a cross-sectional, population-based study carried out in 2014 with elderly participants (≥ 60 years) of the “COMO VAI?” survey. The amount of water ingested per day of the interviewees was investigated, considering the intake of at least eight glasses per day to be adequate. The independent variables were sociodemographic, behavioral, and health characteristics, and Poisson Regression was used to investigate associations. A total of 1,451 elderly people were interviewed, with only 12.6% (95%CI 10.8; 14.7) drinking a sufficient amount. A higher percentage of the elderly with adequate water consumption was observed in younger elderly individuals, those overweight, those with five or more diseases, and those who were more impaired. A low percentage of the elderly with an adequate water intake was observed among the elderly adults in the study. The decreasing trend of water intake in relation to age highlights the importance of developing actions for the higher risk population to stress adequate water intake and the possible consequences of the lack of adequate consumption.
Key words: Water consumption; Elderly adult; Risk factors
Introdução
Além de ser um elemento essencial para o funcionamento de mecanismos responsáveis por manter a homeostase de líquidos e eletrólitos no organismo, a água também é componente fundamental para a formação dos líquidos corporais1-3. A ingestão adequada de água é extremamente importante, evitando os efeitos nocivos da desidratação, que incluem anormalidades metabólicas e funcionais, mantendo do volume vascular, a regulação da temperatura corporal, a eliminação de toxinas do organismo e melhorando a consistência das fezes com lubrificação do intestino2-6.
Há evidências de déficit de ingestão hídrica pela população idosa7-9. A baixa ingestão e a perda excessiva de água nessa faixa etária podem ser explicadas devido aos diversos diagnósticos clínicos, como demência, fragilidade e imobilidade, além da diminuição da função de órgãos como os rins, e da utilização de certos medicamentos, como diuréticos10-12.
Cabe salientar que as alterações fisiológicas decorrentes do envelhecimento podem afetar a percepção da sede, tornando os idosos mais propensos à desidratação6,13. Outras condições, como idade superior a 80 anos, presença de mais de quatro doenças crônicas, polifarmácia, isolamento social e dificuldades motoras, sensoriais e de comunicação, também são fatores de risco para desidratação14. Somada a todos esses fatores, a incontinência urinária, embora não seja um sintoma do envelhecimento, é comum entre os idosos e pode influenciar na diminuição proposital da ingestão de líquidos pelo próprio indivíduo12.
Considera-se a água muito importante para o funcionamento adequado do organismo, uma vez que propicia que o intestino funcione na sua melhor condição, a boca se mantenha mais úmida e o corpo mais hidratado15. O consumo insuficiente de líquidos por idosos aumenta o risco de condições como as infecções urinárias, insuficiência renal, hipertermia em condições de temperaturas elevadas, constipação, dores de cabeça, confusão e delírio16. Embora com menor evidência, há ainda registro de que uma maior ingestão de líquidos seria possivelmente associada à redução do risco de doença coronariana e mortalidade cardiovascular17,18.
A recomendação da ingestão hídrica diária tem relação direta com o aumento da idade. O Institute of Medicine, de Washington, sugere que a ingestão hídrica recomendada para idosos seria a mesma de adultos, sendo de 3,7l para homens e 2,7l para mulheres por dia, enquanto o Ministério da Saúde recomenda para adultos em geral pelo menos 2l distribuídos ao longo do dia15,19.
Apesar da importância da ingestão de água, especialmente para a população idosa, são escassos os estudos latino-americanos que descrevam o consumo hídrico adequado, bem como os fatores a ele associados20-22. Dessa forma, o objetivo desse estudo foi avaliar a prevalência de ingestão adequada de água e a sua associação com características demográficas e socioeconômicas, comportamentais e de saúde entre idosos não institucionalizados residentes na cidade de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Métodos
Trata-se de um estudo transversal, de base populacional, utilizando dados obtidos por meio do estudo “COMO VAI?” (Consórcio de Mestrado Orientado para a Valorização da Atenção ao Idoso), realizado na zona urbana do município de Pelotas, localizado no estado do Rio Grande do Sul, em 2014. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pelotas, em 2010, tinha 328.275 habitantes, sendo 15% com idade de 60 anos ou mais23. O estudo tinha como objetivo avaliar diferentes aspectos sociais e de saúde da população idosa. Foram incluídos indivíduos com 60 anos ou mais de idade, não institucionalizados, com capacidade cognitiva para responder às perguntas (ou que tinham um cuidador ou pessoa responsável que pudesse auxiliar) e capacidade física para a aferição das medidas. E para a parte do estudo atual, houve a exclusão dos idosos em terapia nutricional enteral.
Para atender todos os objetivos do consórcio de pesquisa, estimou-se o tamanho necessário da amostra em pelo menos 1.649 idosos. Considerando a relação de 0,43 idosos por domicílio, essa totalidade de indivíduos estaria contemplada em 3.745 domicílios da zona urbana de Pelotas, já com o acréscimo de possíveis perdas, recusas e fatores de confusão nas associações. Foi definida a seleção de, em média, 31 domicílios por setor, permitindo a localização de ao menos 12 idosos em cada. Assim, a partir da listagem fornecida pela estimativa do IBGE baseada no Censo Demográfico de 201023, os setores foram colocados em ordem de acordo com a renda média para a realização do sorteio sistemático, que resultou na inclusão de 133 setores. Posteriormente, também de forma sistemática, houve a seleção dos domicílios dentro de cada setor.
As entrevistas foram realizadas entre janeiro e agosto de 2014 nos domicílios dos idosos por entrevistadoras do sexo feminino, de 18 anos ou mais de idade, treinadas e padronizadas para avaliar as medidas antropométricas. As coletas de dados foram registradas em netbooks e as informações eram checadas semanalmente com o intuito de identificar possíveis inconsistências.
A ingestão de água foi avaliada por meio da pergunta: “Quantos copos de água o(a) sr.(a) costuma tomar por dia?”, considerando como referência copos com volume de 250ml. Foi solicitado que o entrevistado considerasse a água que bebe em sucos naturais de fruta e chás sem açúcar, não devendo considerar café, chá preto, chá mate, chimarrão, sucos industrializados e refrigerantes. Dessa forma, foi considerada a ingestão hídrica por líquidos que não estimulam a diurese, uma vez que o grupo populacional em questão é sensível à desidratação, e houve a exclusão de líquidos que não são aconselhados nutricionalmente para o consumo, por terem açúcar e aditivos utilizados pela indústria. Para posterior análise, a ingestão adequada de água foi definida a partir do critério do Ministério da Saúde, descrita no documento dos Dez Passos para a Alimentação Saudável da População Idosa15, o qual aponta como adequada a ingestão de pelo menos dois litros de água por dia (oito copos, considerando o volume de 250ml).
As variáveis independentes analisadas neste estudo foram registradas por meio da aplicação de um questionário geral e alguns instrumentos específicos, sendo elas:
Demográficas e socioeconômicas: sexo (masculino/feminino); cor da pele (observada pelo entrevistador e classificada em branca/outra); faixa de etária (coletada como variável numérica discreta e, posteriormente, categorizada em 60-69 anos/70-79 anos/80 anos ou mais); escolaridade (registrada por meio da pergunta “Até que série o(a) sr(a). estudou?” e após realizada a conversão da variável para “anos completos de estudo”, conforme uma tabela de equivalência de escolaridade e anos de estudo disponibilizada junto com o manual, sendo classificada em nenhuma/< 8 anos /≥ 8 anos); nível econômico - para o qual adotou-se como referência a classificação estabelecida pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas24, que utiliza informações sobre a posse de alguns bens, bem como da escolaridade do chefe da família e presença de empregada doméstica, sendo posteriormente categorizada em A-B (mais ricos)/C/D-E (mais pobres); situação conjugal (casado ou com companheiro/solteiro ou divorciado/viúvo).
Saúde: estado nutricional, avaliado a partir do Índice de Massa Corporal (IMC) calculado por meio da aferição de peso e altura do joelho (esta última utilizada na estimativa da altura ortostática,). O peso foi aferido por meio de balanças eletrônicas da marca Tanita, modelo UM-080, com capacidade máxima de 150 kg e precisão de 100 g, e estimou-se a altura utilizando a equação de Chumlea25, por meio da altura do joelho, a qual foi medida por um antropômetro infantil da marca Indaiá com escala de 100 centímetros, graduação em milímetros e numerada a cada centímetro. Foram utilizados os pontos de corte adotados pelo Ministério da Saúde, conforme o The Nutrition Screening Initiative26, classificados como baixo-peso com IMC < 22kg/m²; eutrofia, IMC entre 22kg/m² e 27kg/m²; e excesso de peso IMC > 27kg/m²; número de doenças e/ou sintomas, registrado por meio do autorrelato da presença de diagnóstico médico das seguintes doenças e sintomas: hipertensão arterial sistêmicas (HAS), infarto, diabetes, insuficiência cardíaca, enfisema, asma, bronquite, artrite, doença de Parkinson, insuficiência renal, convulsão, hipercolesterolemia, úlcera de estômago, osteoporose, incontinência urinária, constipação, incontinência fecal, depressão, glaucoma, surdez, dificuldade de engolir, insônia, desmaio, rinite, dificuldade em falar, acidente vascular cerebral, transtornos mentais, câncer e obesidade e, posteriormente categorizado em 0-1/2-4/5 ou mais doenças; sintomas depressivos (utilizou-se a Escala de Depressão Geriátrica GDS-1027, no qual essa se refere a um período recordatório de sete dias anteriores à entrevista, composto por dez questões de respostas “sim ou não”, onde a cada resposta “sim” foi atribuído um ponto, de modo a serem considerados com sintomas depressivos os idosos que obtiveram pontuação ≥ 5); xerostomia (avaliada por meio da pergunta “Nos últimos 6 meses, o(a) sr.(a) teve a sensação de boca seca com pouca saliva?” sim/não); percepção de disfagia (a partir da autopercepção de dificuldade de engolir); capacidade funcional, obtida por meio da Escala de Katz28 composta por itens que medem o desempenho do indivíduo em atividades da vida diária baseado nas questões de alimentação, controle de esfíncteres, transferência, higiene pessoal, capacidade para se vestir e tomar banho, podendo classificá-los em independente/dependente para 1 atividade/dependente para 2 ou mais atividades e número de medicamentos (utilizou-se o uso contínuo de medicamentos prescritos, podendo ser categorizado em 0-2/3-4/5 ou mais medicamentos).
Comportamentais: frequência adequada de refeições (avaliada com base na referência do documento “Alimentação Saudável para a População Idosa”15 que orienta a realização de pelo menos três refeições principais (café da manhã, almoço e jantar), intercaladas por dois pequenos lanches por dia; atividade física no lazer (avaliada por meio da aplicação do International Physical Activity Questionnaire - IPAQ29 adotando como ponto de corte mínimo para adequação de atividade física ≥ 150 minutos/semana) e tabagismo (registrado por meio do questionamento sobre o hábito de fumar pelo menos um cigarro todos os dias nos últimos 30 dias).
A coleta dos dados foi efetuada por entrevistadoras previamente treinadas e padronizadas para a coleta de dados e das medidas antropométricas, de acordo com os critérios propostos por Habicht30.
As análises dos dados foram realizadas no programa estatístico Stata, versão 14.0. O efeito de delineamento do estudo foi considerado em todas as análises, através do comando survey (svy). Inicialmente, foram descritas a frequência do número de copos de água ingeridos por dia, a prevalência de consumo adequado de água e as prevalências das variáveis independentes. Para avaliar a associação entre o consumo adequado de água e as variáveis de exposição, realizou-se análises bruta e ajustada para fatores de confusão, por meio de regressão de Poisson. A análise ajustada foi realizada em quatro etapas considerando quatro níveis hierarquizados. Na primeira etapa, independentemente do valor p na análise bruta, foram incluídas as variáveis demográficas e socioeconômicas do primeiro nível (sexo, cor da pele, faixa etária, escolaridade, nível econômico e situação conjugal). Na segunda etapa foram incluídas as variáveis comportamentais do segundo nível (frequência adequada das refeições, atividade física no lazer, e tabagismo). Já na terceira etapa foram incluídas as variáveis de saúde do terceiro nível (estado nutricional, número de doenças e/ou sintomas, sintomas depressivos, xerostomia e percepção de disfagia). E por fim, na quarta etapa foram incluídas as variáveis indicadoras de saúde do quarto nível (capacidade funcional e número de medicamentos).
Para avaliar associação estatística, foi utilizado o teste de Wald de heterogeneidade e de tendência linear. Em todas as etapas permaneceram no modelo as variáveis com valor p < 0,20 e foram consideradas significativas as associações estatísticas com p ≤ 0,05.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, sob o parecer 472.357/2013, e obedeceu às recomendações da Resolução 466/2012 sobre pesquisas científicas com seres humanos. A coleta de dados foi realizada após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, com garantia da não identificação dos participantes do estudo e uso das informações apenas para fins científicos.
Resultados
Foram localizados 1.844 idosos. Desses, foram entrevistados 1.451 indivíduos, com 21,3% de perdas e recusas (n = 393). As perdas e recusas foram maiores entre mulheres (59,3%) e idosos com idade entre 60 e 69 anos (59,5%).
A maioria dos entrevistados era do sexo feminino (63%), tinha entre 60 e 69 anos de idade (52,3%), era de cor da pele branca (83,7%), tinha entre um e sete anos de escolaridade (54,5%), pertencia ao nível econômico C (52,5%) e era casado ou vivia com companheiro (52,7%) (Tabela 1).
Com relação às características de saúde, a maioria apresentava excesso de peso (56,2%), possuía cinco ou mais doenças e/ou sintomas (64,7%), não possuía sintomas depressivos (84,8%). Pouco mais de um terço dos idosos usava cinco ou mais medicamentos (35,6%) e em torno de 63% e 90% deles relataram não ter xerostomia (63,3%) e percepção de disfagia (91,9%), respectivamente (Tabela 2).
Quanto às características comportamentais, mais da metade dos idosos não era fumante (87,4%), era insuficientemente ativo no lazer (81,5%) e não tinha frequência adequada de refeições (64,4%) (Tabela 3).
A Figura 1 apresenta a frequência de idosos em relação ao número de copos de água ingeridos por dia. Observou-se que apenas 12,6% (IC95% 10,8; 14,7) dos idosos entrevistados relatavam um consumo adequado de água (pelo menos oito copos/dia).
Número de copos de água ingerido por dia e ingestão adequada de água (A) entre idosos participantes do estudo “COMO VAI?”, Pelotas, 2014.
Ao comparar as características demográficas e socioeconômicas com consumo de água, observou-se tendência linear com a idade. O maior percentual de idosos com consumo adequado de água foi encontrado entre a faixa etária entre 60 e 69 anos, com percentual de consumo adequado duas vezes maior (RP ajustada: 2,41 IC95% 1,51; 3,84), quando comparado aos idosos com 80 anos ou mais. Tanto na análise bruta quanto na ajustada não foi observada associação estatisticamente significativa entre o consumo adequado de água e sexo, cor da pele, escolaridade, nível econômico e situação conjugal dos idosos (Tabela 1).
Com relação às variáveis comportamentais e de saúde, o estado nutricional, o número de doenças e a capacidade funcional estiveram associados ao consumo adequado de água. Após ajustes para os fatores de confusão, o percentual de idosos com consumo adequado de água foi aproximadamente duas vezes maior entre aqueles com sobrepeso (RP: 1,94 IC95% 1,36; 2,75), ao se comparar com idosos eutróficos. A ausência ou presença de apenas uma doença e/ou sintoma refletiu em um percentual de adequação hídrica 50% menor (RP: 0,52 IC95% 0,26; 1,03), em relação aos idosos que possuíam cinco ou mais.
A capacidade funcional não esteve significativamente associada ao desfecho na análise bruta. Porém, na análise ajustada, a percentagem de idosos com consumo adequado de água foi aproximadamente 50% menor entre indivíduos independentes (RP: 0,46 IC95% 0,28; 0,95) e dependentes para uma atividade (RP: 0,47 IC95% 0,28; 0,78), com relação aos idosos dependentes para duas atividades ou mais. O consumo adequado de água não foi estatisticamente associado aos sintomas depressivos, autorrelato de xerostomia, percepção de disfagia, número de medicamentos, frequência adequada de refeições, atividade física no lazer e tabagismo.
Discussão
O presente estudo avaliou a ingestão de água e sua relação com características sociodemográficas, comportamentais e de saúde entre idosos não institucionalizados. Apenas um a cada oito idosos atendeu à recomendação do MS quanto à ingestão de água. Foi encontrada uma maior percentagem de idosos com consumo adequado de água entre aqueles idosos mais jovens, que apresentavam sobrepeso, com maior número de doenças e mais dependentes.
Conforme mencionado, apenas 12,6% dos entrevistados atenderam às recomendações de ingestão hídrica do MS de pelo menos dois litros de água por dia. A proporção de idosos com ingestão adequada de água observada no presente estudo é consistente com o observado em outros estudos realizados com idosos brasileiros, nos quais as prevalências variaram de 15,3% a 25,9%20,22. Cabe salientar que o estudo que encontrou a maior prevalência utilizou as recomendações de 2,7l para mulheres e 3,7l para homens, propostas pela Dietary Reference Intakes (DRIs)22. Embora considerando outras fontes de líquidos, nos Estados Unidos foram encontrados resultados no mesmo sentido, onde 37%, 27% e 19% dos idosos, pertencentes às faixas etárias 65-74, 75-84 e ≥ 85 anos, respectivamente, ingeriram água nos valores recomendados pela DRIs31. Ainda, Drywień e Galon verificaram que mais da metade dos entrevistados consumiram menos do que os valores recomendados pela European Food Safety Authority (EFSA), de 2l para mulheres e 2,5l para homens32.
A análise de alimentos mais consumidos no Brasil por faixa etária identificou o café como um dos cinco itens alimentícios de maior prevalência de consumo, sendo mais prevalente entre os idosos34. Além disso, Carvalho e Zanardo, em um estudo também no Rio Grande do Sul, verificaram que o líquido mais consumido por idosos foi o chimarrão21, fato que poderia ser extrapolado à cidade de Pelotas, justificando outras preferências alimentares que acabam, de alguma forma, erroneamente substituindo o consumo de água.
Com relação à idade, o resultado encontrado corrobora outros estudos que identificaram uma tendência linear decrescente na ingestão de água conforme a idade31,35. Já Garcia e colaboradores, em estudo com 300 idosos no Brasil, não encontraram diferença estatisticamente significativa na média de ingestão de água diariamente entre as faixas etárias20. A baixa prevalência de ingestão de água com o decorrer da idade observada entre os diferentes estudos é preocupante, uma vez que a necessidade hídrica aumenta na população mais idosa devido à diminuição da capacidade de concentração renal36 e ao mecanismo deficiente da sensação de sede13. E pela maior possibilidade de perdas excessivas por situações como diarreia, poliúria ou pelo consumo de certos medicamentos, como os diuréticos37-39, torna-se importante atender às recomendações de água.
A presença de excesso de peso refletiu em uma maior adequação no consumo de água em comparação ao observado entre os idosos eutróficos. Um estudo brasileiro39 indicou que o excesso de peso aumentou a probabilidade de utilização de consulta médica na Unidade Básica de Saúde e em serviços de urgência e emergência. Dessa forma, supõe-se que os indivíduos atendidos por esses serviços tenham recebido orientações tanto para prevenção de doenças, quanto para promoção de saúde e, por isso, ingerem mais água. Nos demais estudos40,41 não foi observada associação entre ingestão de água e estado nutricional, apesar de Barrón e colaboradores41 terem observado que idosos com IMC adequado consumiram mais água quando comparado aos indivíduos com excesso de peso.
Foi observada uma maior ocorrência de consumo adequado de água entre os idosos com maior número de doenças. Esse grupo possivelmente utiliza maior número de medicações, visto que os idosos tendem a tomar mais remédios do que os jovens, pela maior predisposição a presença de distúrbios médicos crônicos42. Alguns desses medicamentos, como antidepressivos, anti-hipertensivos e diuréticos, podem ocasionar sensação de boca seca, que por sua vez aumentaria a necessidade de ingestão hídrica43. Drywień e Galon observaram correlação positiva da quantidade de água ingerida com o número de medicamentos utilizados32. Como discutido, é provável que a associação do consumo de água com o número de doenças seja por outros motivos que não a idade, pois além da amostra ser composta apenas por idosos, também apresenta uma maior prevalência de indivíduos com cinco doenças ou mais (64,7%).
A análise foi ajustada por níveis e permaneceram no modelo as variáveis com p < 0,20, com a idade mantendo-se no modelo em todos os níveis. A maior adequação de água entre idosos com maior número de doenças é de extrema importância, visto que tal exposição é fator de risco para a desidratação14. Os achados de maior consumo hídrico entre idosos com excesso de peso e entre os com maior número de doenças podem estar intimamente relacionados, visto que o excesso de peso pode ocasionar o surgimento de algumas doenças crônicas não transmissíveis44.
Apesar da diminuição da capacidade funcional também estar descrita como um fator de risco para desidratação14, os resultados do presente estudo apresentaram maior consumo adequado de água entre os indivíduos dependentes para duas ou mais atividades. Esse achado pode se dever ao fato de que idosos dependentes recebem mais apoio material para realização de tarefas domésticas e cuidados pessoais45, podendo assim ter mais acesso à oferta de água.
As características socioeconômicas e demográficas sexo, cor da pele, escolaridade, nível econômico e situação conjugal não foram associadas à ingestão adequada de água nesse estudo. O mesmo achado foi descrito por Garcia e colaboradores quanto ao sexo20. Entretanto, Drywień e Galon verificaram um menor consumo entre mulheres32. Nesse mesmo estudo, os autores também não encontraram correlação entre escolaridade e ingestão de água32.
Inexiste na literatura estudo investigando as associações de cor da pele, nível econômico e situação conjugal com a ingestão de água especificamente na população idosa. Entretanto, em estudo com uma amostra de indivíduos maiores de 20 anos, Drewnowski e colaboradores apresentaram resultados semelhantes aos observados no presente estudo com relação à cor da pele, porém sem diferença estatisticamente significativa, e divergentes quanto ao nível econômico, observando-se maior ingestão entre os participantes de maior renda46. Outros estudos que consideraram amostras de indivíduos com idades a partir de 18 anos também observaram associação de maior renda com um maior consumo de água47,48.
No que se refere aos resultados das associações com características comportamentais e de saúde, não foram encontradas associações significativas da ingestão adequada de água com a frequência adequada de refeições, atividade física no lazer, tabagismo, sintomas depressivos, xerostomia, disfagia e número de medicamentos. Diferentemente disso, a maior frequência de refeições no estudo de Drywień e Galon esteve correlacionada a um maior consumo total de água32. Nesse mesmo estudo, os autores não observaram correlação estatisticamente significativa com atividade física, diferentemente do encontrado por outros autores47,49,50 que observaram uma maior frequência de ingestão hídrica entre aqueles idosos que atendiam à recomendação de prática de atividade física. Os autores também encontraram um menor consumo total de água entre indivíduos fumantes32. Apesar da sensação de boca seca51,52 e da dificuldade para deglutição14,53,54 estarem descritas na literatura como fatores de risco para desidratação, não foi encontrada associação significativa dessas com a ingestão adequada de água. Sabe-se que a ingestão de no mínimo dois litros de água por dia está entre as medidas paliativas para indivíduos com xerostomia55.
Devem ser ressaltados diversos pontos fortes do presente estudo, como o processo de amostragem sistemática, visando alcançar uma representatividade na amostra de base populacional, assumindo-se a participação de idosos de diferentes perfis da comunidade. Outro ponto positivo diz respeito à diversidade de informações demográficas e socioeconômicas, comportamentais e de saúde coletadas, que possibilitaram identificar associações com diferentes características importantes da população idosa.
Além disso, são escassos os estudos que avaliaram a ingestão hídrica entre os idosos, de forma que o presente estudo identificou qual é o padrão de distribuição do desfecho quanto a diferentes fatores que podem ser distintos em uma população envelhecida, em comparação ao que se observa em estudos com populações jovens.
Salienta-se ainda como positiva a não consideração de outros líquidos como café, chá preto, chá mate, chimarrão, sucos industrializados e refrigerantes para o questionamento do número de copos ingeridos por dia. O mesmo procedimento não foi adotado na verificação da ingestão adequada pela maioria dos estudos localizados, uma vez que consideraram também outros líquidos no cálculo31,32,35,46,48-50,56-60, tornando menos específicos os resultados quanto ao consumo de água propriamente.
Uma possível limitação seria a forma de coleta do desfecho, que foi realizada de forma similar a um questionário de frequência alimentar, com a pergunta de quantos copos o indivíduo costuma ingerir por dia, resultando em uma ingestão habitual de água e podendo conter viés nas respostas considerando que estas dependiam da memória do entrevistado, a qual pode já estar prejudicada por tratar-se de uma amostra de idosos. Outro método, como o registro alimentar de 24 horas, poderia propiciar de fato a quantidade de copos ingeridos ao longo de um dia61 mas sem refletir uma ingestão habitual. Apesar de não existir referência na literatura que sustente a recomendação indicada pelo MS, esta foi utilizada por ser a adotada como específica para idosos no Brasil. Pode-se considerar uma limitação o preconizado pelo MS como ingestão adequada de água, que não deixa explícito quais bebidas, além da água, estão inclusas nesta recomendação. Além disso, têm-se a possibilidade de causalidade reversa na associação com algumas variáveis, como por exemplo, quanto aos indivíduos com excesso de peso que, possivelmente frequentam mais os serviços de saúde e poderiam estar mais atentos e informados sobre os aspectos para a melhora da qualidade de vida e, por isso, ingerem mais água.
Conclusão
Os resultados encontrados no presente estudo expuseram que a maior parte dos idosos não apresentaram uma adequada ingestão de água, de forma que apenas um a cada oito entrevistados atenderam à recomendação de ao menos oito copos por dia. A tendência decrescente de ingestão de água em relação à idade torna ainda mais essencial o desenvolvimento de ações voltadas para a comunidade a respeito desse tema, de modo a conscientizar a população idosa sobre a importância de uma ingestão hídrica adequada e as possíveis consequências atreladas ao seu consumo inadequado.
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Financiamento
A primeira entrevista do estudo “COMO VAI?” foi financiada com recursos dos alunos do mestrado e também do Programa de Excelência Acadêmica (PROEX) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES). Os autores AD Bertoldi, FF Demarco, MC Gonzalez e RM Bielemann, coordenadores do estudo “COMO VAI?”, são bolsistas de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
07 Jul 2023 -
Data do Fascículo
Jul 2023
Histórico
-
Recebido
21 Dez 2021 -
Aceito
21 Dez 2022 -
Publicado
23 Dez 2022