Resumo
Este estudo teve como objetivo proporcionar evidências de validade e fidedignidade da Escala de Gratidão (G-20) para a população de adultos brasileiros. Especificamente, verificar a estrutura do questionário através da análise fatorial confirmatória, explorar a consistência interna da escala e as validades de critério concorrente e convergente. Trata-se de um estudo quantitativo, correlacional com delineamento transversal. A amostra por conveniência está composta por 348 adultos entre 18 e 59 anos das cinco regiões brasileiras. Os instrumentos utilizados foram questionário de dados sociodemográficos, G-20, GQ-6, DASS-21, PANAS e P-DURELL. A escala total demonstrou confiabilidade satisfatória (α = 0,92 e Ω = 0,71) e em todas as dimensões do instrumento. Além disso, a análise do ajustamento dos dados para a estrutura de quatro fatores apontou valor aceitável para uma boa adequação do modelo (RMSEA = 0,068, CFI= 0,956 e TLI= 0,949) e a predominância das correlações entre os instrumentos utilizados no estudo mostrou-se significativas.
Palavras-chave: psicometria; adultos; psicologia positiva
Abstract
This study aimed to provide evidence of validity and reliability of the Gratitude Scale (G-20) for the Brazilian adult population. Specifically, the study sought to verify the questionnaire’s structure using confirmatory factor analysis, explore the scale’s internal consistency, and establish concurrent and convergent criteria validities. This was a quantitative, correlational study with a cross-sectional design. The convenience sample comprised 348 adults between 18 and 59 years old from all five Brazilian regions. The instruments used were a sociodemographic data questionnaire, G-20, GQ-6, DASS-21, PANAS, and P-DURELL. The total scale demonstrated satisfactory reliability (α = 0.92 and Ω = 0.71) across all dimensions of the instrument. Furthermore, analysis of the data adjustment for the four-factor structure showed an acceptable fit for the model (RMSEA = 0.068, CFI = 0.956, and TLI = 0.949) and significant correlations between the instruments were predominantly observed.
Keywords: psychometrics; adult; positive psychology
Resumen
Este estudio tuvo como objetivo proporcionar evidencias de validez y confiabilidad de la Escala de Gratitud (G-20) para la población adulta brasileña. Específicamente, verificar la estructura del cuestionario mediante el análisis factorial confirmatorio, explorar la consistencia interna del instrumento y la validez de criterios concurrente y convergente. Es un estudio cuantitativo, correlacional con diseño transversal. La muestra por conveniencia está compuesta por 348 adultos entre 18 y 59 años de las cinco regiones brasileñas. Los instrumentos utilizados fueron el cuestionario de datos sociodemográficos, G-20, GQ-6, DASS-21, PANAS y P-DURELL. La escala total demostró una fiabilidad satisfactoria (α = 0,92 y Ω = 0,71) y en todas dimensiones del instrumento. El análisis del ajuste de datos para la estructura de cuatro factores demostró un valor aceptable para adecuación del modelo (RMSEA = 0.068, CFI = 0.956 y TLI = 0.949) y el predominio de correlaciones entre los instrumentos se demostró significativo.
Palabras clave: psicometría; adultos; psicología positiva
A gratidão tem sido investigada e explorada por diferentes áreas do saber ao longo dos anos. Entende-se que a gratidão possui caráter relacional e social, sendo expressa através do reconhecimento e agradecimento de circunstâncias de origem externa. Porém, a gratidão também pode ser entendida como um estado psicológico e disposicional produzido por memórias afetivas. Esta disposição psicológica é caracterizada pela postura de reconhecer e apreciar o ato benéfico sem que isso caracterize-se como privilégio daquele que oferece a ação (Algoe et al., 2013; Lavy & Benish-Weisman, 2021).
É descrita também como uma virtude, função moral, uma emoção, uma atitude existencial, um traço de personalidade ou uma força de caráter da virtude transcendência (Bernabé-Valero et al., 2014). Além disso, pela gratidão ter a vantagem de ser mensurável, é uma força de caráter com diversas evidências científicas. A pesquisa de McCullough et al. (2002) sugeriu que pessoas com maior gratidão disposicional demonstraram níveis mais altos de vários componentes de bem-estar psicológico, incluindo mais satisfação com a vida. Estudos como de Rey et al. (2019) e García-Vázquez et al. (2020) demonstraram o papel moderador da gratidão na associação entre o bullying e o risco de suicídio em adolescentes, sendo as adolescentes do sexo feminino com maiores níveis de gratidão, comparado com os adolescentes do sexo masculino (Zeng, et al., 2017).
Alguns estudos exploram a relação da gratidão com sintomas psicopatológicos e com condições crônicas, no caso do estudo de Ng & Wong (2013) os pacientes com alto traço de gratidão relataram menos sintomas depressivos e ansiosos e melhor qualidade no sono. O sono, também estudado por Alkozei et al., (2019) demonstrou melhora em pacientes com maiores níveis de gratidão, tendo a depressão como fator moderador. Outros, encontraram associações significativas entre gratidão e uma série de atributos religiosos, como o envolvimento frequente em práticas religiosas, incumbindo importância à religião, tendo um relacionamento pessoal com Deus, vivenciando a transcendência espiritual (Emmons & Kneezel, 2005). Na Psicologia, a gratidão vem sendo ênfase principalmente dos estudos da Psicologia Positiva e está incluída no questionário denominado Values in Action (VIA) - Classification of Strengths and Virtues Manual, uma medida de avaliação psicológica que classifica sistematicamente e mensura as forças e virtudes universais. Nessa ferramenta, totalizam-se 24 forças de caráter arranjadas entre seis grupos de virtudes, sendo a Gratidão uma das forças de caráter alocada dentro da virtude Transcendência (Lavy & Benish-Weisman, 2021; Peterson & Seligman, 2004).
Para a realização de diversos estudos que mensuram a Gratidão, foram desenvolvidas algumas escalas e questionários a fim de auxiliar em intervenções e avaliações a partir de diferentes traços, considerando não haver um consenso na literatura sobre a natureza da mesma (Pieta & Freitas, 2009). Nesse sentido, a G-20 foi elaborada considerando a necessidade de acrescentar construtos que encontram-se relacionados à Gratidão em comparação a escalas já existentes, como por exemplo: a Gratitude Questionnaire (GQ-6) que considera a gratidão como um traço afetivo (McCullough et al., 2002); Gratitude, Resentment and Appreciation Test (GRAT), na qual a gratidão inclui mais do que uma apreciação interpessoal dos benefícios ofertados pelos outros (Watkins et al., 2003); a The Multi-Component Gratitude Measure (MCGM) que compreende o construto como uma virtude moral (Morgan et al., 2017); e, por fim, a Expression of Gratitude in Relationships Measure, que objetiva a mensuração de comportamentos gratos nos relacionamentos (Lambert et al., 2010). Tais instrumentos avaliam somente um traço da gratidão, enquanto o Cuestionário de Gratitud (G-20) avalia as causas cognitivas, emocionais e comportamentais do construto, sugerindo quatro processos básicos que envolvem a gratidão: gratidão interpessoal, gratidão frente ao sofrimento, reconhecimento de dons e a expressão da gratidão (Bernabé-Valero et al., 2014).
No que diz respeito aos processos básicos da G-20 citados anteriormente, a gratidão interpessoal é entendida como a experiência na relação com o outro, ao receber um benefício como um pequeno favor até questões importantes. A gratidão frente ao sofrimento identifica a avaliação das situações de sofrimento como benéficas em algum sentido e a capacidade de sentir gratidão apesar do fato que gerou dor. Já, o reconhecimento de dons é a aptidão de apreciar a própria vida como um dom, tomando consciência dos aspectos positivos, atribuindo-os a um agente transpessoal (por exemplo, destino, sorte, natureza ou providência divina). Por último, a expressão e experimentação de gratidão frente às forças transpessoais relaciona-se com demonstrações que podem ser manifestações verbais, ritos e a atitude em relação à vida em busca da felicidade (Bernabé-Valero et al., 2014).
Sabe-se que a expressão e os correlatos da gratidão em adultos brasileiros não são nítidos, uma vez que estudos que explorem esse tema em âmbito nacional são escassos. Uma possível explicação para isso, seria a falta de instrumentos validados sobre este construto (Gouveia et al., 2019). Nesse sentido, a psicometria constitui-se como uma importante área para a captação de informações acerca de uma determinada população, possibilitando que se possa conhecer mais profundamente o comportamento de indivíduos, para futuras tomadas de decisão, diagnóstico e elaboração de intervenções que os beneficie (Reppold et al., 2015). Além disso, fala-se muito sobre intervenções baseadas na gratidão e pouco sobre os instrumentos que a mensuram (Reppold et al., 2019).
Com isso, o presente estudo objetivou investigar evidências de validade e fidedignidade da Escala de Gratidão (G-20) para a população de adultos brasileiros, visto a importância do impacto da gratidão frente diversas psicopatologias e para a promoção do bem-estar. Ao mesmo tempo, faz-se necessário à validação deste instrumento à medida que ele contempla a mensuração de aspectos da gratidão não abordados em outros questionários. Para tanto, como objetivos específicos buscou-se verificar a estrutura do questionário por meio da análise fatorial confirmatória, analisar a consistência interna da escala, bem como as validades de critério concorrente e convergente e a estabilidade temporal.
Método
Trata-se de um estudo quantitativo correlacional com delineamento transversal (Carretero-Dios & Perez, 2005). Foram incluídos indivíduos da população geral em idade adulta, entre 18 e 59 anos, que concordaram em participar da pesquisa. Como critério de exclusão se enquadram os participantes com padrão estereotipado de resposta.
Participantes
A amostra recrutada por conveniência foi composta por 348 participantes das cinco regiões brasileiras, sendo 87,7% (n = 305) da região Sul, 5,7% (n = 20) da Sudeste, 2% (n = 7) da Centro-Oeste, 0,9% (n = 3) da Nordeste, e 3,7% (n = 13) da região Norte. As idades dos participantes variaram entre 18 e 59 anos (M = 31 anos; DP = 11 anos), sendo 77% (n = 270) do sexo feminino. No momento da pesquisa, 74% (n = 264) dos participantes relataram não ter filhos e 87% (n = 304) declararam-se caucasianos. Além disso, 44% (n = 159) da amostra manifestaram seguir a religião católica, seguido por 28,2% (n = 100) que declaram não ter religião, 12,1% (n = 43) espírita, 7,1% (n = 25) evangélico/cristão, 1,1% (n = 4) budista e 6,5% (n = 23) marcaram a opção outra religião. Quanto ao nível de escolaridade, 28% (n = 100) possuía formação superior completa, enquanto 27% da amostra (n = 97) possuía nível superior incompleto e 22% (n = 79) afirmaram possuir especialização.
Instrumentos
Ficha de dados sociodemográficos e Critério de Classificação Econômica Brasil (ABEP, 2018)
A ficha de dados sociodemográficos foi utilizada com o intuito de caracterizar a amostra no que se refere à idade, sexo, estado civil, escolaridade, etnia, religião e classe social. Já o critério de classificação econômica do Brasil é avaliado a partir da posse de bens para determinar a classe social de cada indivíduo.
Escala de Gratidão (G-20)
O questionário de gratidão elaborado por Bernabé-Valero et al. (2014) na Espanha é formado por vinte itens os quais suas respostas são configuradas através de uma escala do tipo Likert de sete pontos que se diferenciam em intensidade. A escala foi disponibilizada pela autora para tradução, adaptação e uso em contexto brasileiro. Assim, ela foi traduzida para o português do Brasil por Viana e Argimon (2016) e adaptada para idosos. Teve suas adaptações e validações feitas em outros países como Argentina e Estados Unidos, apresentando evidências de validade (Bernabé-Valero et al. 2020; Klos et al., 2020). É dividida em quatro possíveis subgrupos convergentes de gratidão, analisada a partir da sua estrutura fatorial: Gratidão Interpessoal (GI, itens de 1-7), Gratidão perante o sofrimento (GS, itens 8-12), Reconhecimento dos próprios Dons (RD, itens 13-16) e Expressão de Gratidão (EG, itens 17-20). A escala demonstrou boa consistência interna no estudo original, α = 0,83; quando separado pelos subgrupos, GI obteve (α = 0,84), GS, RD e EG demonstraram consistência interna aceitável, α = 0,8, α = 0,75 e α = 0,75, respectivamente.
Depression, Anxiety and Stress Scale (DASS-21)
A DASS-21 foi desenvolvida por Lovibond e Lovibond (1995) e trata-se de uma escala do tipo Likert de quatro pontos com vinte e um itens que avaliam sintomas de depressão, ansiedade e estresse experienciados na última semana. A versão brasileira, intitulada Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS-21), foi adaptada e validada por Vignola e Tucci (2014) e apresenta boa consistência interna para depressão (α = 0,92), ansiedade (α = 0,86) e estresse (α = 0,90).
Positive and Negative Affect Schedule (PANAS)
A Escala de Afetos Positivos e Negativos (PANAS) desenvolvida por Watson et al. (1988), é uma escala de autorrelato utilizada para avaliar os Afetos Positivos (AP) e Afetos Negativos (AN) presentes em cada indivíduo. Giacomoni e Hutz (1996) traduziram e adaptaram a escala para o Brasil e, mais tarde, foi reformulada por Zanon e Hutz (Hutz, 2014). Os itens são respondidos de acordo com uma escala Likert de cinco pontos. Análises fatoriais indicaram que a melhor solução para a escala foi a de dois fatores ortogonais: afeto positivo (α = 0,88) e afeto negativo (α = 0,86).
Escala de Religiosidade de Duke (P-DUREL)
A escala de Religiosidade de Duke (DUREL) foi elaborada por Koenig e Büssing (2010) e possui uma versão validada por Taunay et al. (2012), chamada P-Durel para brasileiros. A escala possui cinco questões das quais se propõem avaliar três aspectos da religiosidade: a religiosidade organizacional, a religiosidade não organizacional e a religiosidade intrínseca. As últimas três questões estão em escala tipo Likert e ela está dividida em dois blocos, onde os dois primeiros itens questionam a frequência da prática religiosa e as demais são direcionadas às crenças pessoais. A P-DUREL teve adequada consistência interna (α > 0,80) e confiabilidade teste-reteste (Coeficiente de Correlação Intraclasse > 0,90) em ambas as amostras testadas (Taunay et al., 2012).
Gratitude Questionnaire (GQ-6)
Desenvolvido por McCullough et al. (2002) e traduzida e adaptada para o português do Brasil por Gouveia et al. (2019), o Gratitude Questionnaire (GQ-6), constitui-se em uma medida de autorrelato composta por seis itens sendo avaliada a intensidade através da escala tipo Likert de 7 pontos, com objetivo de avaliar as disposições das pessoas em relação à gratidão em sua vida cotidiana. A confiabilidade da escala, medida por meio do alfa de Cronbach, demonstrou boa consistência interna (α = 0,87).
Procedimentos
A coleta de dados foi realizada na modalidade on-line, por meio da divulgação nas redes sociais, por meio da ferramenta Qualtrics, entre janeiro e março de 2020. Ao serem convidados, todos os participantes foram informados sobre os objetivos da pesquisa, sendo que apenas aqueles que assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido - sendo o projeto aprovado pelo CAAE, nº do parecer - obtiveram acesso aos instrumentos. Além disso, foram atendidas às Diretrizes e Normas Regulamentadoras envolvendo a pesquisa com seres humanos previstas na Resolução n° 510 (2016) e na Resolução n° 466 (2012) do Conselho Nacional de Saúde.
Análise de Dados
A análise dos dados foi realizada a partir do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 26.0 e pacote AMOS/SPSS, v.25. Para as análises fatoriais confirmatórias e estimativa dos índices de fidedignidade utilizou-se o ambiente estatístico R (R CORE TEAM, 2021) por meio dos pacotes lavaan e psychc (Rosseel, 2012). Foram conduzidas estatísticas descritivas para caracterização da amostra e estatísticas inferenciais para o levantamento de evidências de validade de fidedignidade. Como este instrumento já passou pela fase de adaptação e tradução para o português brasileiro, as seguintes evidências de validade, apresentadas a seguir.
Evidências Baseadas na Estrutura Interna do Instrumento
Para avaliação da fidedignidade, foram utilizados os índices alfa de Cronbach (Cronbach, 1951), baseado na intercorrelação entre os itens, e Ômega de Mcdonald (Mcdonald, 1999), utiliza como informação a carga fatorial padronizada dos itens. Utilizou-se análise fatorial confirmatória, pelo método de estimação Diagonally weighted least squares (Li, 2016) com estimação robusta dos erros padrão, que é adequado para indicadores categóricos ordinais, com o intuito de verificar se o instrumento reproduz a estrutura fatorial da versão original. A aplicação da modelagem de equações estruturais objetivou identificar a estrutura latente do instrumento por meio da análise da matriz de correlações entre os itens. Neste processo, partiu-se da especificação de um modelo teórico cujo ajuste aos dados foi verificado com o uso de indicadores de ajuste. Foram utilizados como indicadores de ajuste considerando a porção de variância explicada pelo modelo os índices Comparative Fit Index (CFI), Tucker-Lewis Index (TLI). Para avaliação dos valores residuais do modelo, foi utilizado o índice Root Mean Squeare Error of Approximation (RMSEA). Adotaram-se como pontos de corte para ajuste do modelo os valores de CFI > 0,90, TLI > 0,90 e RMSEA < 0,06, ou < 0,08 com intervalo de confiança (Brown, 2015). Além disso, foi feita a análise de estabilidade temporal através do Teste T- Student para amostras pareadas, coeficiente de correlação intraclasse e o coeficiente de confiabilidade em ambos os momentos.
Evidências Baseadas nas Relações com outras Variáveis
A validade de critério compreende o grau de eficácia que prediz variáveis externas. Atesta e prevê eventos objetivos importantes em contextos aplicados e concorrentes pelo fato de serem avaliados concomitantemente. Tendo em vista as associações teóricas sobre Gratidão, supõe-se que afetos positivos e religiosidade estarão correlacionados positivamente com a gratidão e negativamente com sintomas de ansiedade, depressão e estresse e afetos negativos. Foi feita Correlação de Spearman com a DASS-21, PANAS e P- Durel (Primi et al., 2009; Pasquali, 2009).
Para avaliar a validade convergente a correlação deve se mostrar alta quando comparada a um teste que meça traços ou construtos parecidos com o que se está avaliando (Campbell & Fiske, 1959). Foi realizado este tipo de validação com o Questionário de Gratidão de seis itens (GQ-6).
Resultados
Na avaliação da consistência da escala de Gratidão, para a estrutura de 4 dimensões, foi empregada a Análise Fatorial Confirmatória. Em relação aos índices de ajuste do modelo verificou-se que CFI = 0,956, TLI = 0,949, χ2= 426.388(164), p < 0,001 apresentaram valores acima do aceitável. Também, no que diz respeito à estimativa da raiz quadrática do erro de medida, os valores para a estrutura de quatro fatores foram de RMSEA = 0,068, com intervalo de confiança de IC90% = 0,060 e 0,076, ou seja, indicando níveis adequados de resíduos do modelo. De acordo com os resultados obtidos, a análise do ajuste dos dados para a estrutura de quatro fatores apontou para a aceitação fidedigna do modelo testado. De acordo com os resultados obtidos, o modelo de quatro fatores apresentou indicadores estatísticos que justificam a sua consistência estrutural. Tais indicadores corroboram com o ajuste da estrutura da escala no contexto amostral avaliado neste estudo. O diagrama com os parâmetros estimados (cargas fatoriais e correlações entre os fatores) é apresentado na Figura 1.
Análise fatorial confirmatória da G-20 pelo método Diagonally Weighted Least Squares - DWLS.
Para avaliação da consistência interna dos itens da escala, realizaram-se os cálculos dos coeficientes Alfa Cronbach (α) e Ômega de McDonald (Ω), conforme demonstrado na Tabela 1. Para o total da escala o valor do alfa de Cronbach e do ômega de McDonald indicaram confiabilidade satisfatória. Ainda, pelas estimativas da confiabilidade se-item-deletado (α), a exclusão de qualquer questão não alterou substancialmente o resultado deles. No que se refere à estimativa de confiabilidade nas dimensões da escala G-20, todas as estimativas se mostraram aceitáveis, com exceção da subescala Gratidão Interpessoal no qual o ômega mostrou-se limítrofe em função da variabilidade das cargas fatoriais.
Estabilidade Temporal
A primeira parte da coleta ocorreu de janeiro a março de 2020 e, a partir dos e-mails que foram cedidos ao final do questionário, foi possível fazer uma nova chamada, apenas com o questionário de Gratidão (G-20) para que pudesse ser realizado o cálculo de estabilidade temporal. Esta segunda parte da coleta foi feita entre os meses de setembro e outubro de 2020, totalizando seis meses de intervalo entre a primeira testagem e a segunda. O tratamento estatístico para o estudo da estabilidade temporal teste-reteste da G-20 foi estimado pelo coeficiente de correlação intraclasse (CCI). Para investigar a existência de diferenças entre as pontuações dos dois momentos teste-reteste foi empregado o teste t Student para dados pareados. Para complementar o estudo de confiabilidade da escala G-20 realizou-se um estudo com uma amostra parcial de 50 investigados, sendo 68% composta pelo público feminino, usando as informações teste-reteste sobre as dimensões da Escala de Gratidão e o escore global. A estabilidade temporal da escala apresentou Coeficientes de Correlação Intraclasse significativos, entre os dois momentos, com o mínimo de 0,430, na dimensão Reconhecimento dos próprios dons, e 0,636, sobre o total da escala G-20.
Os escores médios entre a avaliações teste e reteste foram comparados e os resultados apontaram ausência de diferenças estatisticamente significativas, ou seja, os escores observados entre as duas avaliações mantiveram-se semelhantes, nesta amostra. De acordo com os resultados obtidos, há evidências de fidedignidade teste-reteste, ou seja, as informações da escala se mantiveram estáveis ao longo do tempo. Para avaliação da consistência interna, realizaram-se os cálculos dos coeficientes alfa Cronbach (α) e ômega de McDonald (Ω). Para o total da escala dos 50 participantes no primeiro momento, o valor do Alfa de Cronbach e do Ômega de McDonald foram, respectivamente, 0,876 e 0,897. Já, no segundo momento de aplicação da escala, os valores foram 0,827 para o alfa de Cronbach e 0,840 o ômega de McDonald. Isso indica que, em ambos os momentos, os valores foram aceitáveis (George & Mallery, 2003). No que se refere à estimativa de confiabilidade nas dimensões da escala G-20, todas as estimativas se mostraram admissíveis, apontando para uma boa consistência interna. A maior confiabilidade no primeiro momento e no segundo momento ocorreu na dimensão Gratidão frente ao sofrimento (α = 0,809, 0,827; Ω = 0,891, 0,837) onde os dois coeficientes apresentaram valores estatisticamente semelhantes. Quanto ao resultado com maior variabilidade de cargas fatoriais, no primeiro momento ocorreu na dimensão da Gratidão Interpessoal, tanto para Cronbach (α = 0,698) quanto para o McDonald (Ω = 0,707). Já, no segundo momento, pertenceu à dimensão Reconhecimento dos próprios dons (α = 0,677; Ω = 0,705).
Evidências Baseadas nas Relações com outras Variáveis
Foi investigada a validade convergente com a escala mais utilizada ao redor do mundo para mensurar a gratidão, a GQ-6. Já a validade de critério concorrente foi obtida a partir das escalas DASS-21, PANAS e a de religiosidade P-Durel. Pode-se observar que todas as correlações foram significativas, sendo a maioria a 1% (p < 0,001). Verificou-se que ocorreu correlação significativa e positiva da GQ-6 com o total da escala de Gratidão (r = 0,298; p < 0,001), bem como com todas as dimensões da escala de Gratidão, coeficientes classificados como de magnitude fraca. Estes resultados apontam para evidência de validade convergente da G-20 em relação à GQ-6.
No que se refere à validade concorrente em relação a escala de gratidão, foram testadas as dimensões da escala DASS-21 e as estimativas de correlação observadas, foram estatisticamente significativas e negativas e de magnitude fraca. Desta forma, devemos acreditar que as variações nas pontuações da escala de gratidão respondem pelas variações observadas na escala DASS-21. Quanto à comparação entre G-20 e PANAS há evidências de correlações significativas entre as duas escalas. Ocorreram correlações positivas, em sua maioria, de magnitude fraca com afetos positivos, além de correlações negativas com afetos negativos.
A validade em relação com a escala de religiosidade P-Durel foi a que apresentou resultados mais altos em comparação com as outras. Aponta-se correlações significativas e negativas, pois quanto maior o resultado, menor a prática de religião e positiva com a última questão. Destacaram-se os resultados da dimensão Expressão da Gratidão, onde foram detectadas as correlações mais elevadas com a religiosidade, com estimativa mínima ocorreu com a Q1 (r = -0,569; p < 0,001) e a máxima com a questão Q3 (r = -0,710; p < 0,001).
Discussão
A partir deste estudo objetivou-se verificar as evidências de validade da Escala de Gratidão (G-20) destinada a adultos brasileiros. Alicerçado a isso, examinou-se a consistência interna do instrumento, as validades de critério concorrente e convergente, além da estrutura do questionário por meio da análise fatorial confirmatória.
Para Carroll (1993), quando as hipóteses a serem testadas possuírem forte apoio de uma teoria psicológica, a análise fatorial confirmatória deve ser utilizada, com isso, foi verificado se as quatro dimensões propostas na escala original se adequaram à população brasileira. Entende-se que o modelo é adequado pois os índices estavam incluídos nos valores aceitáveis para um bom ajustamento. Em comparação ao estudo original da escala G-20, a amostra espanhola apresentou índices de ajustamento muito parecidos com a amostra brasileira. Os resultados encontrados corroboram com estudos de validação de outras escalas de gratidão, em que a análise fatorial também confirmou a apropriação da estrutura para a população brasileira bem como da própria G-20 em outros países (Bernabé-Valero et al., 2014; Gouveia et al., 2019; Klos et al., 2020; Vazquez et al., 2019).
Os escores do coeficiente de confiabilidade alfa Cronbach (α) e ômega de McDonald (Ω) indicaram confiabilidade satisfatória da Escala de Gratidão (G-20) para adultos brasileiros a partir do valor total da escala de 0,92 para o alfa de Cronbach e de 0,71 para o ômega de McDonald. Estes resultados vão ao encontro do intervalo numérico desenvolvido por Cronbach (1951), que quantifica a confiabilidade do instrumento, sendo 0,760 o valor mínimo e 0,980 o máximo. Da mesma maneira, os resultados de confiabilidade também corroboram com o de Mcdonald (1999), uma vez que 0,70 é o valor mínimo aceitável e 0,90 o valor máximo (Campo-Arias & Oviedo, 2008). De acordo com os resultados obtidos, foi possível observar que os dois coeficientes de confiabilidade apresentaram resultados estatisticamente semelhantes nas dimensões da G-20. Além disso, a escala original produzida por Bernabé-Valero et al. (2014) apontou para alfa de 0,83, demonstrando um coeficiente de confiabilidade menor do que o encontrado no presente estudo. A estimativa com maior variabilidade de cargas fatoriais, encontrou-se disposta na dimensão da Gratidão Interpessoal, este achado difere-se do estudo de construção da G-20, onde a Gratidão Interpessoal apresentou resultado significativo nessa área (Bernabé-Valero et al., 2014).
No que diz respeito à estabilidade temporal, em nenhum outro estudo da G-20 foi realizada esse tipo de análise. Vale ressaltar que o teste-reteste avalia a estabilidade de escores ao longo do tempo e que resultados podem variar devido ao tempo ou eventos na vida dos indivíduos (Zanon & Filho, 2015). Pode-se notar que, mesmo com as variações do tempo e com a pandemia global do Coronavírus inexistente entre o primeiro tempo e já instalada no segundo momento, não houve variações significativas e explicadas no construto da Gratidão. Ou seja, pode-se indicar que a Gratidão está ligada a um fator da personalidade do qual não teria significativas modificações entre a primeira e segunda aplicação (Bernabé-Valero et al., 2014).
Entre todas as variáveis correlacionadas, a gratidão e a religiosidade demonstraram os maiores resultados. Este achado vai ao encontro da literatura existente, que demonstra a importante relação entre as variáveis, ao manifestar maior gratidão autopercebida em escores elevados de religiosidade (Tsang et al., 2012; Perez, et al., 2021). Assim, tendo em vista os elevados níveis de pontuação na escala de religiosidade do presente estudo, entende-se que estes achados corroboram com a ideia de que a gratidão é altamente valorizada em diversas religiões e em práticas religiosas, como orações, frequência à igreja e leitura da Bíblia, orientadas principalmente à população cristã, que foi a maioria do público neste estudo. (Emmons & Kneezel, 2005; Jans-Beken,2018).
Além disso, McCullough et al., (2002) explica a relação da gratidão e da religião por meio de três suposições. A primeira delas refere que muitas religiões ao redor do mundo promovem a gratidão como um atributo desejável, e por isso as pessoas religiosas tendem a se envolver mais com práticas de gratidão. A segunda, diz que as pessoas tendem a atribuir às experiências positivas à Deus e, não fazendo o mesmo com as negativas. Por último, quando religiosos experimentam sentimentos positivos podem atribuir esse fato a Deus ou um ser superior e consequentemente, aumentar sua disposição grata.
Ainda, no que diz respeito aos afetos positivos e negativos, as análises realizadas indicaram que existe uma tênue comunicação entre as variáveis da escala G-20 e PANAS, visto que a amostra obteve elevados escores de gratidão em paralelo a baixos níveis de afetos negativos e altos níveis de afetos positivos. Esta vinculação se dá pelo efeito da gratidão no aumento dos afetos positivos, felicidade subjetiva e satisfação com a vida, bem como na redução de sintomas de afetos negativos e depressão (Cunha et al., 2019). Segundo o resultado de um estudo anterior, altos níveis de gratidão são influenciados por níveis elevados de afetos positivos em alta ou baixa excitação (Jans-Beken et al., 2019). A autora Dickens (2017) afirma que intervenções de gratidão podem beneficiar os indivíduos na sua satisfação com a vida, no bem-estar subjetivo, felicidade, e afeto positivo, mas seus efeitos sobre depressão, estresse e afeto negativo são ambíguos
Em relação à associação entre gratidão e ansiedade, estresse e depressão, existem estudos (Disabato et al., 2017; Millstein et al., 2016; Petrocchi & Couyoumdjian, 2016; Sirois & Wood, 2017; Sun et al., 2020) que mostraram essa correlação em um período de seis meses, tanto em amostras clínicas ou não clínicas. Os autores chegaram também à conclusão que altos níveis de gratidão predizem a baixos níveis tanto de depressão quanto de ansiedade. No entanto, a correlação apurada no presente estudo a partir das escalas G-20 e DASS-21, demonstrou-se fraca, indicando que tal associação dos construtos não esteve tão presente quanto em outros achados da literatura. Pode-se questionar em relação a escala utilizada GQ-6 se tratar de um traço de gratidão e a avaliada no presente estudo ser mais robusta, além disso, deve ser levada em consideração ideia de que fatores demográficos no estudo da gratidão podem levar a resultados imprecisos e importantes para compreensão do construto (Jans-Beken et al., 2018; Vazquez, 2019).
Por último, no que diz respeito à correlação da G-20 a outra medida de avaliação da gratidão, a GQ-6, faz-se a comparação com estudos que fizeram as mesmas análises (Bernabé-Valero et al., 2013; Bernabé-Valero et al., 2014). O primeiro estudo aponta um valor de r .55, p < 0,01, já o segundo, r .52, p < 0,01. Em contrapartida, neste estudo, essa correlação foi significativa, porém fraca e os autores ressaltam a diferença entre as duas concepções de gratidão. A GQ-6 se concentra nos aspectos emocionais da gratidão enquanto a G-20 considera estes aspectos, porém estende o conceito à sua consideração de atitude existencial vital, incluindo escalas para diferentes objetos de gratidão (Bernabé-Valero, 2014).
Bernabé-Valero et al. (2020), ao realizarem a mesma validação da G-20 com a GQ-6 para a população dos Estados Unidos, apontou para uma correlação fraca. Os autores explicam esse fato a partir da diferença com outros estudos sobre relatos da gratidão por meio de diferentes culturas e por ela ser influenciada por elas. Também elucidam os seus resultados através da compreensão de que escalas unidimensionais como a GQ-6 muitas vezes apresentam falhas em estudos transculturais por fatores culturais que não conseguem ser mensurados em escalas muito curtas.
Considerações Finais
Este estudo alcançou os seus objetivos e demonstrou as evidências de validade da escala G-20 para a população brasileira. Trata-se de uma escala mais robusta para avaliação da gratidão, com uma boa consistência interna e com correlações significativas com outras variáveis como religiosidade, sintomas de depressão e ansiedade e afetos positivos e negativos. Ressalta-se também o adequado ajuste do modelo, a boa estabilidade temporal e estimula-se a continuação de estudos dessa temática no Brasil. Sugerem-se estudos em relação à diferença de gênero e diferença da Gratidão entre população clínica e não-clínica, das quais foram limitações que este estudo não contemplou e que não seria possível fazer uma generalização desta demanda.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
23 Out 2023 -
Data do Fascículo
Jul-Sep 2023
Histórico
-
Recebido
09 Ago 2021 -
Revisado
28 Maio 2022 -
Aceito
20 Set 2022