Open-access Significados do alcoolismo em uma reunião feminina de Alcoólicos Anônimos na cidade de São Paulo, SP, Brasil

Meanings of alcoholism in a women-only Alcoholics Anonymous in São Paulo, SP, Brazil

Significados del alcoholismo en una reunión femenina de Alcohólicos Anónimos en la ciudad de São Paulo, SP, Brasil

Resumos

O objetivo deste artigo é compreender os significados do alcoolismo de uma maneira êmica, isto é, tal como ele é concebido e vivenciado por mulheres que frequentam uma reunião feminina de Alcoólicos Anônimos (AA). Realizou-se uma pesquisa qualitativa, de abordagem etnográfica, em uma reunião exclusiva de mulheres em um grupo localizado na cidade de São Paulo, Brasil. O alcoolismo está ligado às assimetrias de gênero, que estabelecem uma diferença entre homens e mulheres em relação ao uso de bebidas alcoólicas, de modo que a reunião feminina de AA possui uma dimensão política que se contrapõe à cultura patriarcal de AA ao garantir às mulheres um espaço de gênero, moral e politicamente, privilegiado para que elas possam compartilhar e significar suas experiências e, por essa via, realizar seu tratamento do alcoolismo.

Palavras-chave Alcoolismo; Alcoólicos Anônimos; Etnografia; Gênero


The aim of this emic study of alcoholism was to understand how this problem is conceived and experienced by women attending a women-only Alcoholics Anonymous (AA) meeting. We conducted an ethnographic study with a women’s AA group in São Paulo, Brazil. Alcoholism is linked to gender asymmetries, which establish a difference between men and women in relation to drinking. Women-only AA meetings therefore possess a political dimension that counterposes AA’s patriarchal culture by providing women with a morally and politically unique gendered space that allows them to share and signify their experiences and, in this way, treat their alcoholism.

Keywords Alcoholism; Alcoholics Anonymous; Ethnography; Gender


El objetivo de este artículo es comprender los significados del alcoholismo de una manera émica, es decir, tal como es concebido y vivido por mujeres que frecuentan una reunión femenina de Alcohólicos Anónimos (AA). Se realizó una investigación cualitativa, de abordaje etnográfico, en una reunión exclusiva de mujeres en un grupo localizado en la Ciudad de São Paulo, Brasil. El alcoholismo está vinculado a las asimetrías de género que establecen una diferencia entre hombres y mujeres con relación al uso de bebidas alcohólicas, de modo que la reunión femenina de AA tiene una dimensión política que se contrapone a la cultura patriarcal de AA al asegurar a las mujeres un espacio de género, moral y políticamente privilegiado para que ellas puedan compartir y significar sus experiencias y, por esa vía, realizar su tratamiento del alcoholismo.

Palabras clave Alcoholismo; Alcohólicos Anónimos; Etnografía; Género


Introdução

O alcoolismo entre as mulheres chama a atenção das autoridades médicas e sanitárias na sociedade brasileira. Segundo as informações disponíveis, 0,7% das mulheres brasileiras são dependentes do álcool1.

Os Alcoólicos Anônimos (AA) são considerados importantes no apoio e tratamento de mulheres dependentes do álcool2. Mas, em inventário realizado em 2018 pela Junta de Serviços Gerais de AA no Brasil, constatou-se que 13% dos membros de AA são mulheres3. Isso faz dos AA uma associação predominantemente masculina, de modo que é importante indagar como as mulheres concebem e vivenciam o seu tratamento do alcoolismo.

No município de São Paulo, observa-se a existência de reuniões que são exclusivas para participação de mulheres(c). Todavia, muitos homens que participam dos AA não aceitam que existam reuniões somente para mulheres, alegando que o problema do alcoolismo é comum a ambos os sexos, o que reforça as assimetrias de gênero no tratamento do alcoolismo dentro da associação.

É nessa linha que Mäkelä et al.4 apontaram que as relações sociais de gênero afetam de maneira desigual o tratamento do alcoolismo de homens e mulheres em AA. Apesar de os AA terem buscado se abrir às minorias de gênero e sexuais com reuniões exclusivas de mulheres, gays, lésbicas, etc.5, seus pais fundadores, Bill Wilson e Dr. Bob, apoiavam os valores da família tradicional e seus papéis de gênero conservadores. A literatura original de AA tem traços de uma cultura patriarcal e se baseia em papéis sexuais de gênero muito tradicionais, sendo escrita por homens, usando o pronome masculino (como “ele” e “seu”) para descrever o doente alcoólico4,6.

Sanders7 e Kornfield8 também apontam para o significado político das reuniões exclusivas de mulheres ao ressaltarem que essas reuniões constituem um espaço de gênero que as fortalecem. Apesar de sua doutrina afirmar que os AA não se envolve em polêmicas públicas, tendo como foco a dimensão patológica do alcoolismo, a reunião feminina traz à baila uma dimensão política na medida em que as mulheres constroem, nesse contexto, um espaço de gênero próprio no interior do qual elas se fortalecem para superar a opressão em seus relacionamentos.

Outros trabalhos também evidenciam o modo como as assimetrias de gênero demarcam os lugares sociais de homens e mulheres em relação tanto ao uso de bebidas alcoólicas quanto ao alcoolismo. McGeough, Karriker-Jaffe e Zemore9 mostram que as mulheres lésbicas e bissexuais têm nos AA um recurso promissor no tratamento do alcoolismo quando comparadas às mulheres heterossexuais.

Campos e Reis10 constataram que as representações sobre o uso do álcool estão ligadas às relações de gênero, de modo que as mulheres dependentes do álcool são consideradas como aquelas que não cumprem suas obrigações sociais nas esferas da família e do trabalho. Alzuguir11 mostra o modo como as mulheres vivenciam as tensões entre o uso do álcool, as obrigações no trabalho e as expectativas sociais de gênero.

Seguindo essa linha, este artigo busca compreender os significados do alcoolismo a partir de um estudo etnográfico em uma reunião de AA exclusiva de mulheres na cidade de São Paulo, SP, Brasil.

Uma etnografia na reunião feminina de Alcoólicos Anônimos

Entre agosto e dezembro de 2019, foi realizado um estudo etnográfico em uma reunião feminina de AA em um grupo localizado na zona norte da cidade de São Paulo, Brasil. A escolha desse local para a pesquisa deveu-se ao fato de abrigar um grupo de AA consolidado com 38 anos de existência e que realiza reuniões feminina há 31 anos. A reunião acontece aos sábados, das 14h às 16h, e tem em média a presença de 15 mulheres, com idade entre 36 e setenta anos. O tempo que essas mulheres estão nos AA varia de dois a quarenta anos e, em relação à frequência especificamente das reuniões feminina, varia de dois a 31 anos. A maioria das mulheres é casada, sendo que algumas delas são casadas com membros dos AA. O quadro 1 apresenta os dados das participantes deste estudo, que foram identificadas com pseudônimos em respeito aos seus anonimatos.

Quadro 1
Dados de identificação das mulheres de AA

A metodologia escolhida para realização desta pesquisa foi a etnografia, no sentido estabelecido por Geertz12, a saber: uma “descrição densa”, na qual se busca compreender os significados que dão sentido aos atos cotidianos, tornando-os inteligíveis para aqueles que os praticam. A pesquisa valeu-se da observação participante, que tem como objetivo compreender cientificamente dada realidade sociocultural, a partir do ponto de vista “nativo”13. A observação participante prioriza o contato face a face do pesquisador com o grupo estudado, que participa de todas as atividades, observando o que os membros do grupo fazem no seu interior14, o que permitiu compreender os significados do alcoolismo nas reuniões femininas dos AA.

A etnografia se mostra fundamental para o estudo do alcoolismo feminino por dois motivos: em primeiro lugar, por se tratar de um tema envolvido pelo estigma e preconceito em relação às mulheres, a observação participante em um grupo de AA permite que as mulheres que se reconheçam doentes e possam falar de si mesmas sem a pressão moral da culpa e da vergonha. Assim, o grupo dos AA proporciona aos seus membros a construção do doente alcoólico como identidade redentora15, por meio de uma linguagem a partir da qual elas reorganizam suas vidas e ressignificam suas experiências. Em segundo lugar, o método da etnografia permite a compreensão das relações entre o que as pessoas dizem e o que elas fazem, pois, as ações nem sempre correspondem às racionalizações13,16.

Nesse sentido, a observação participante na reunião feminina de AA permite compreender o alcoolismo de maneira êmica, isto é, tal como ele é concebido e gerido por mulheres em recuperação. Com isso, pode-se observar as práticas das mulheres no momento em que estão em tratamento, compartilhando suas experiências dos tempos do alcoolismo ativo.

Os dados colhidos durante as reuniões foram registrados em diário de campo, com informações sobre a situação social em estudo que abrangeram as reações do pesquisador, conversas informais e entrevistas etnográficas, na chegada ao grupo, durante e após a reunião.

Os dados foram transcritos e analisados com base no referencial teórico de gênero, que é uma chave importante para se compreender as assimetrias e desigualdades sociais e políticas na construção do masculino e feminino dentro de um sistema de controle e regulação dos corpos17.

É assim que o gênero permite vislumbrar as assimetrias entre homens e mulheres tanto no uso de bebidas alcoólicas quanto no tratamento do alcoolismo e, por essa via, evidenciar a dimensão política da reunião exclusiva de mulheres, na medida em que elas se fortalecem em oposição à cultura patriarcal dos AA7,8.

Com efeito, buscou-se ir do que está explícito para o que é implícito no conteúdo do material coletado18, de modo a se obter uma síntese compreensiva e interpretativa abrangente, com o objetivo de se compreender os significados do alcoolismo para as mulheres que participam da reunião feminina dos AA.

Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Artes, Ciências e Humanidades, da Universidade de São Paulo (CEP-EACH/USP) e está de acordo com a Resolução 510/16, do Conselho Nacional de Saúde.

Encontrando as mulheres da reunião feminina de AA

Meu encontro(d) com as mulheres que frequentam a reunião feminina dos AA se deu por meio de um e-mail com o Escritório de Serviços Locais de AA – Área 4 (ESL – Capital Área 4)(e). A da cidade de São Paulo, por meio do qual eu expliquei meu interesse em fazer uma pesquisa sobre o alcoolismo entre as mulheres. Após alguns dias, eu recebi uma mensagem dizendo que uma “companheira”, como são chamadas as mulheres dos AA, iria entrar em contato comigo e que ela poderia me ajudar. De fato, recebi uma mensagem de uma mulher, que se identificou como membro dos AA e marcamos um encontro em sua casa, para que eu pudesse lhe explicar os objetivos da pesquisa.

No final da tarde de um domingo do mês de agosto de 2019, eu me dirigi à casa dela e, durante nossa conversa, ela se mostrou muito interessada na pesquisa e me explicou que iria conversar com as demais companheiras que participam da reunião feminina, pois todas as decisões eram tomadas pela chamada “consciência coletiva” do grupo. Foi assim que minha participação na reunião feminina foi consentida e eu pude realizar o trabalho de campo.

A participação de um pesquisador homem em uma reunião só de mulheres impõe uma reflexão sobre a produção de conhecimento antropológico nesse espaço de gênero construído dentro dos AA. A reunião feminina traz para dentro desse grupo a dimensão política de gênero ao evidenciar a necessidade de as mulheres se reunirem para compartilharem suas experiências de abuso e se fortalecerem para fazer seu tratamento do alcoolismo. A presença de um homem nessa reunião, a princípio, contraria a lógica que rege o encontro de mulheres, o que ficava explícito no estranhamento gerado pela minha presença na reunião, que mostrava a maneira como as relações sociais de gênero incidem e revelam a dimensão política presente dentro dos AA, deixando claro que aquele espaço era e sempre será das mulheres. Eu só pude participar das reuniões após uma autorização de todas as mulheres participantes, o que evidencia a autonomia delas nesse espaço de gênero que lhes permite se fortalecerem ao mesmo tempo em que buscam manter a sobriedade.

Minha presença também se revelou um fator importante para o exercício de uma antropologia reflexiva19, que implica em reconhecer a presença do pesquisador em campo com toda a dimensão subjetiva que lhe é peculiar. Isso ficou claro para mim quando as mulheres relatavam situações de abuso, assédio e violência, que eu só pude compreender devido ao referencial teórico de gênero e, principalmente, pela posição ocupada de pesquisador homem em uma reunião só de mulheres. Isso reforçou minha implicação na pesquisa e o compromisso político de estar ao lado dessas mulheres em sua luta contra uma cultura patriarcal dos AA que, muitas vezes, inviabiliza o seu tratamento do alcoolismo.

Eu sempre ia ao grupo de metrô e procurava sair mais cedo de casa. Assim, eu podia observar a região em que o grupo está localizado. Trata-se de um bairro de camada popular próximo de lojas, bares, padaria, um terminal de ônibus e uma estação de metrô. As ruas próximas do grupo têm um fluxo grande de pessoas, sendo que muitas aproveitam o sábado para fazerem compras ou mesmo passear. Assim, é comum algumas “companheiras” chegarem à reunião com sacolas e pacotes de presentes. Como são poucos os grupos dos AA que oferecem reuniões femininas, algumas mulheres vêm de regiões distantes ou mesmo de cidades vizinhas para participar da reunião. A maioria das mulheres vem à reunião de transporte público.

A sala em que ocorrem as reuniões é alugada e paga com recursos arrecadados durante as reuniões, o que mostra a autonomia financeira do grupo. O acesso à sala de reuniões se dá por meio de uma escada, que conduz a uma pequena copa, com uma pia, uma cafeteira e água. Quando eu chegava ao grupo, já encontrava a companheira responsável por abrir a sala preparando o café. É comum alguma companheira levar um bolo e bolachas, que são degustados no intervalo das reuniões.

Ao passar pela copa, adentramos a sala de reuniões, que é toda pintada em azul e branco e dispõe de uma mesa na entrada, em que encontramos o livro de presença e um saco com fichas numeradas, que cada companheira pode pegar. Tais fichas são sorteadas para definir a ordem das “partilhas”, como são chamados os depoimentos feitos durante a reunião. A sala dispõe de cadeiras enfileiradas e à frente, uma mesa, que é usada pela coordenadora da reunião, com alguns livros da literatura dos AA e, ao lado, uma cadeira, que é usada pela mulher sorteada para fazer a sua partilha. As paredes da sala são decoradas com três quadros grandes, em que encontramos os Doze Passos, as Dozes Tradições e os Doze Conceitos de AA Além disso, temos diversos painéis menores, com os seguintes dizeres: “Vá com calma”, “Só por hoje”, “Evite o primeiro gole”, “Você é a pessoa mais importante dessa reunião”. Também encontramos um quadro negro, no qual é descrita a agenda de atividades mensal do grupo, bem como o nome dos coordenadores das reuniões do mês corrente.

Ao sinal tocado pela coordenadora, a reunião se inicia, pontualmente, às 14h, com a leitura de um preâmbulo e, em seguida, é feita a Oração da Serenidade. A coordenadora sorteia a primeira ficha, e a companheira que tiver o número dessa ficha tem dez minutos para fazer sua partilha, que é ouvida em silêncio. Ao término da partilha, as companheiras agradecem. Não são raras as mulheres que se emocionam e choram ao fazerem e ouvirem as partilhas.

Às 15h é realizado um intervalo para o café, que tem duração de 15 minutos. Esse momento do cafezinho é importante, pois as companheiras conversam sobre assuntos diversos, reforçando os vínculos entre si, o que é fundamental para o fortalecimento dessas mulheres. As conversas que mantive durante o cafezinho foram fundamentais para o exercício da reflexividade, que me permitiu compreender o significado político dessa reunião de mulheres e sua importância para fazer frente à cultura patriarcal dos AA.

Após esse intervalo, a reunião recomeça com novas partilhas. Entre uma partilha e outra, a coordenadora aproveita para passar informes sobre as atividades do grupo de AA.

Ao término da reunião, todas as companheiras fazem a Oração da Serenidade e se despedem com abraços, beijos e sorrisos, partindo para seus afazeres do final de semana.

Uso de álcool, alcoolismo e gênero nos Alcoólicos Anônimos

Em suas partilhas, as mulheres deixam entrever os significados do alcoolismo ligados ao marcador social de gênero: “O homem quando bebe é social; quando a mulher bebe, ela é sem vergonha” (Iara, quarenta anos, dez de anos de AA e de reunião feminina, 19/10/2019).

Com efeito, observa-se a assimetria entre homens e mulheres em relação ao uso de álcool e ao alcoolismo, que conduz a uma ideia de degradação moral da mulher. Além de revelar a força do estigma associado à “mulher que bebe”, as mulheres de AA deixam entrever uma representação da mulher que faz uso de álcool como uma mulher “sem vergonha”, que se comporta de maneira oposta à mulher considerada “honesta”.

Um sentimento de vergonha em relação ao uso de álcool também é comumente expresso pelas mulheres durante a reunião feminina: “Quando eu bebia, eu escondia as garrafas em casa. Eu não bebia na rua” (Meire, setenta anos, quarenta anos de AA e 31 anos de reunião feminina dos AA, 31/08/2019). Ou ainda: “Eu ia na padaria e comprava muitas coisas e uma garrafa de vodka. Eu mudava o lugar das compras para despistar. Até que eu dia, a dona da padaria me disse que eu não precisava comprar todas aquelas coisas, porque era só a vodka que eu queria. Isso me deu uma vergonha muito grande” (Nazareth, 65 anos, 29 anos de AA e de reunião feminina, 14/09/2019).

Esse sentimento de vergonha também aponta para as moralidades que envolvem as relações de gênero na sociedade brasileira. Esses achados corroboram os de Alzuguir11, para quem o sentimento de vergonha é refletido na estratégia de beber mais intensamente fora do olhar público, no âmbito privado de sua residência.

A vergonha de beber em público se acentua no momento da perda de controle sobre álcool, o momento em que se reconhece a manifestação do alcoolismo: “Eu cheguei a morar na rua. Eu dormia junto com a garrafa. Quando eu acordava, a primeira coisa que eu fazia era beber” (Marli, 56 anos, 23 anos de AA e dez anos de reunião feminina, 28/09/2019).

Os significados do alcoolismo estão diretamente relacionados à lógica de gênero que rege as partilhas das mulheres que participam da reunião feminina dos AA: “Se o alcoolismo do homem é ruim, o da mulher é muito pior” (Mara, 36 anos, três anos de AA e de reunião feminina, 28/09/2019). Se a vergonha está associada ao ato de beber feminino, o alcoolismo feminino está relacionado à degradação moral da mulher, o que faz com que ele seja considerado “pior” do que o masculino.

Nas partilhas feitas durante a reunião feminina, os efeitos do alcoolismo são indissociavelmente físicos e morais, pois afetam os âmbitos físico/orgânico, mental, moral e familiar da vida da mulher.

Mäkelä et al. 4 afirmam que o sistema de gênero de responsabilidades sociais é visível nos problemas com álcool experimentados por membros AA, de modo que as mulheres mencionam frequentemente em suas partilhas problemas familiares relacionados ao seu alcoolismo.

É isso que observamos na partilha de Helena:

Minha vida começou pelo meio, e não pelo começo. Aos 14 e 15 anos, aí comecei a beber de verdade e eu matava aula pra beber. Eu sentia que dentro de mim era diferente; eu me sentia diferente. Eu achava que podia fazer muita coisa, tinha a cabeça voltada para o álcool. Eu não era uma pessoa que programava as coisas. Eu não queria parar de beber, eu gostava dos efeitos do álcool. Eu comecei a beber para fazer coisas diferentes, eu não sabia que existia a doença do alcoolismo. Tive filhos muito cedo. Não me casei. Eu sempre prometia que eu ia mudar; que eu ia ter uma vida normal. Mas só queria beber, eu não queria saber de cuidar de meus filhos. Minha mãe me falava: “Você só pensa em beber”. Uma bêbada como eu não tinha responsabilidade com vida, com os meus filhos. Muitas vezes, eu acordava de madrugada e ia sair para beber. Eu gostava de viver à noite. Chegou uma hora que minha vida foi só trauma, só derrota. Eu tive apagamentos, eu não me lembrava do que eu fazia. Minha irmã, que tinha a mesma idade que eu; ela morreu e eu não consegui ir ao enterro dela; eu bebi tanto que eu não fui. Como explicar isso para minha família? Como eles vão entender? A doença leva à loucura.

(Helena, 45 anos, 16 anos de AA e de reunião feminina, 14/12/2019)

Helena externa o sentimento de culpa e a vergonha por ter transgredido as regras morais do que se espera de uma mulher mãe, ou seja, uma mulher que é responsável pelo cuidado dos filhos. Com efeito, os significados do alcoolismo deslizam entre o plano físico – apagamento e loucura – e o plano moral – não responsabilidade no cuidado com os filhos e com a família – da pessoa. Ao sofrimento físico provocado pelo alcoolismo se acrescenta o sofrimento moral, de maneira que Helena vê seu lugar social de mãe ruir diante do alcoolismo ao não conseguir cuidar apropriadamente de seus filhos.

Sarti20 enfatiza que a mulher desempenha no interior da família um papel diferencial e complementar em relação ao homem, de maneira que é justamente de sua condição de “dona de casa” que se irradia as marcas fundamentais de sua autoridade no espaço da casa.

As mulheres deste estudo sentem-se desvalorizadas na família e na vida social, o que corrobora os achados de Raine21, que mostram como o consumo de álcool por mulheres pode ser considerado imoral, pois elas estariam negligenciando o papel social de esposas e mães. Turang e Tops22 também apontaram como mulheres dependentes de álcool tornam-se mais introspectivas e se consideram culpadas por seu alcoolismo.

A literatura sobre os AA reforça esse aspecto ao descrever a mulher alcoólica como aquela que se frustra por não atender às expectativas sociais de gênero:

A mulher bebedora, sendo a base do lar e exemplo para os filhos, vive em contínuo estresse e angústia. Muitas vezes bebe sozinha e não conta seu problema para ninguém, o que dificulta receber o apoio familiar normalmente dedicado ao homem na mesma situação [...]. Psicologicamente, a mulher alcoólica tem a impressão de não estar à altura da “situação”, de tal forma que não se sente suficientemente atrativa, sensual, inteligente, maternal, carinhosa ou feminina; sua autoestima está severamente afetada23.

(p. 5)

Helena desconhece que era doente. A expressão “Você só pensa em beber”, dita por sua mãe ao censurar o comportamento da filha, opera como uma categoria de acusação(f), indicando o modo como Helena transgride o conjunto de valores morais que sustenta o lugar social de mãe. Sua mãe aciona um sistema de acusações, baseado nas relações sociais de gênero, que demarca os significados da alcoolização feminina, delineando os contornos da identidade de Helena como uma mulher irresponsável.

Embora não devamos fazer uma interpretação unívoca dessa questão, observa-se que a narrativa de Helena traduz, em larga medida, a representação da mulher cujo lugar por excelência é a casa. As partilhas das mulheres na reunião feminina dos AA expressam a complexidade de suas relações nos contextos sociais nos quais estão inseridas, de modo que a fala de Helena expõe o sofrimento da mulher que não atende às expectativas sociais de gênero.

A reunião feminina e os significados do alcoolismo em Alcoólicos Anônimos

A chegada na sala dos AA marca o reconhecimento de que as mulheres são doentes: “Quando eu cheguei nessa sala, me disseram que eu tinha uma doença que não tem cura. Eu não me considerava alcoólatra(g), eu não bebia na rua” (Jussara, quarenta anos, dois anos de AA e de reunião feminina, 19/10/2019).

A entrada nos AA permite a ressignificação da experiência vivida pelas mulheres, com a consequente descoberta da “doença do alcoolismo”. É isso que Jussara deixa entrever, na medida em que para ela o alcoolismo se relacionava a um modo considerado desregrado de beber “na rua”, em público. Ao chegar à sala dos AA, ela passa a se considerar uma mulher portadora de uma doença incurável.*

A chegada à sala de AA também ocorre após a ruptura com as regras morais, que definem o papel da mulher como mãe responsável pelo cuidado dos filhos: “Eu entrei nos AA porque meu marido ameaçou tirar meu filho de mim. Aí eu percebi que estava no fundo do poço” (Silvia, 46, 15 anos de AA e de reunião feminina, 14/09/2019). A imagem do fundo do poço é usada pelos membros dos AA para significar a situação-limite, derradeira, que é vivida sob a forma de múltiplas perdas envolvendo, notadamente, o plano moral da família.

Fonseca25 aponta que, entre as mulheres de camadas populares, associada ao papel de esposa e mãe, também se encontra a possibilidade de construção da própria ideia de honra. Ou seja, uma mulher “honrada” deve ser uma “mãe devotada” e uma “dona de casa” que zela pelos filhos e pelo marido. Não por acaso que, para Silvia, a imagem do fundo do poço relaciona-se à possibilidade da perda da guarda do filho, isto é, à perda do papel de mãe responsável pelo cuidado de seu filho.

Para as mulheres, a entrada nos AA significa a recuperação de sua responsabilidade em relação à família e ao trabalho e sua capacidade de escolha: “Hoje, eu posso escolher não beber. Antes de entrar em AA, eu não podia escolher. O AA devolveu minha responsabilidade” (Rosa, sessenta anos, 15 anos de AA e de reunião feminina de AA, 31/08/2019). “Eu devo minha sobriedade ao AA. Vir nas reuniões, ouvir as companheiras, me ajuda a manter a sobriedade e não voltar a beber” (Iracema, 57 anos, cinco anos de AA e de reunião feminina, 23/11/2019). O alcoolismo é concebido como dependência, o que compromete a autonomia, levando à perda de controle sobre o álcool e, por essa via, sobre a própria vida.

Porém, se a entrada nos AA significa, para a mulher, a condição para a recuperação de sua responsabilidade, como compreender o papel da reunião feminina de AA? Como as relações de gênero presentes em nossa sociedade incidem sobre o modelo terapêutico dos AA e no tratamento do alcoolismo?

Essas questões são importantes se considerarmos que o AA é um modelo terapêutico voltado, fundamentalmente, à recuperação individual de seus membros, que se tornaram dependentes do álcool. Para Mäkelä26, o AA é uma forma altamente individualizada de atribuir sentido ao mundo. Com efeito, para que a recuperação tenha início, o indivíduo precisa reconhecer pessoalmente seu próprio alcoolismo, de maneira que a condição de ser alcoólico, de ser diferente, é fundamental para o início da recuperação.

A valorização da diferença, do “ser-se diferente” por ser portador de uma adição, foi analisada por Frois27 como uma característica das associações que utilizam o Programa de Doze Passos, a exemplo dos AA. Os membros dessas associações entendem que foram “abençoados”, pois têm acesso a uma espécie de filosofia de vida, que lhes confere uma distinção que lhes garante um exercício de poder, um empoderamento para enfrentar o estigma da culpa e os preconceitos27.

É justamente essa afirmação da diferença de gênero que encontramos na valorização da reunião feminina dos AA:

A reunião feminina é válida, porque muitas vezes você fala aquilo que você não pode ou não quer falar numa reunião mista, tem vergonha de falar, às vezes traiu o marido, dormiu na rua, sei lá, aconteceu alguma coisa que você não quer falar dentro de AA, então a reunião feminina é boa pra isso.

(Edna, 55 anos, dez anos de AA e de reunião feminina, 09/11/2019)

As reuniões femininas são a solução encontrada para superar os preconceitos e estigmas que envolvem o alcoolismo feminino. Assim, as mulheres podem expor temas de sua intimidade – tais como: problemas de relacionamento afetivo, menstruação, menopausa, aborto, sexualidade e negligência da maternidade – sem se sentirem culpadas5.

A reunião feminina é um espaço de gênero que fortalece as mulheres, no qual elas podem trocar suas experiências e desenvolver uma “prática de abertura”8 em oposição à cultura patriarcal dos AA. Em outras palavras, a reunião só de mulheres permite trazer à tona a opressão e os abusos, provocados pelas assimetrias de gênero, que potencializam a dependência do álcool7,8.

Em muitos aspectos, as reuniões com a presença de homens reproduzem no seu interior um ambiente cuja sociabilidade é semelhante à vivenciada nos bares, com conversas informais, brincadeiras sexistas e situações de assédio sexual, que acabam por afastar as mulheres dos AA e, consequentemente, agravar seu alcoolismo4,7,8,28.

Com efeito, a reunião feminina é importante para que as mulheres se fortaleçam em relação à opressão e aos abusos vividos em seus relacionamentos: “Meu marido me critica e diz que depois que eu passei a vir nas reuniões eu fiquei chata, que eu era melhor quando eu bebia e fazia o que ele queria. Mas hoje eu sei que estou melhor, consigo ver o que passei e sei o tempo que perdi bebendo” (Maria, 48 anos, dois anos de AA e de reunião feminina, 31/08/2019).

É assim que essa reunião exclusiva de mulheres expressa a dimensão política de gênero em AA, permitindo às mulheres se identificarem umas com as outras: “Alguns companheiros não aceitam, mas a reunião feminina é importante; sem ela, muitas companheiras não ficariam no AA”. (Joana, sessenta anos, 32 anos de AA e 31 anos de reunião feminina, 30/11/2019). “Eu gosto de participar das reuniões femininas. Nessa reunião, eu vejo que as companheiras falam de mim. As companheiras falam da dor da alma. Isso me toca” (Paula, 41 anos, seis anos de AA e de reunião feminina, 31/08/2019). “Eu venho às reuniões e me identifico com as companheiras, me identifico com a dor da alma” (Vilma, sessenta anos, 19 anos de AA e dez anos de reunião feminina, 24/08/2019).

Essa definição do alcoolismo feminino como a “dor da alma” permite entrever tanto os sentidos do adoecer e do sofrimento, fundados nas assimetrias de gênero presentes no contexto sociocultural no qual as mulheres estão inseridas, quanto a importância da reunião feminina para o fortalecimento das mulheres em AA.

A “dor da alma” significa uma dor interna, profunda, um sofrimento vivido muitas vezes na solidão da casa e que só na reunião feminina encontra possibilidade de vir à tona. Helena, em uma conversa, disse que a reunião feminina é importante porque permite que as mulheres compartilhem experiências que não compartilhariam em uma reunião que houvesse a presença de homens.

A reunião feminina revela a dimensão política do alcoolismo feminino, essa “dor da alma” que só pode ser expressa em um espaço de gênero exclusivo de mulheres, que se contrapõe à cultura patriarcal dos AA. Assim, as mulheres afirmam sua autonomia e se fortalecem em sua busca pela sobriedade.

Considerações finais

A pesquisa etnográfica na reunião feminina dos AA permitiu observar e compreender como as mulheres compartilharam suas experiências e significam o alcoolismo como a “dor da alma”, que causa um sofrimento profundo que elas vivenciam muitas vezes na solidão de suas casas.

O alcoolismo feminino está ligado às assimetrias de gênero, cujos significados acionam um sistema de acusações que acentua o estigma que ainda vê a mulher alcoólica como “degenerada”. Com efeito, a reunião feminina dos AA é um espaço seguro, no qual as mulheres podem compartilhar suas experiências e encontrar o apoio mútuo necessário para o controle da dependência do álcool.

Em oposição à cultura patriarcal dos AA, a reunião só de mulheres traz à tona a dimensão política de gênero ao permitir a partilha de histórias de opressão e abusos. A reunião feminina confere às mulheres uma dignidade e seriedade em um espaço de gênero, que opera como um antídoto ao preconceito e ao estigma que envolvem o alcoolismo feminino, permitindo que elas se fortaleçam ao compartilharem a sua “dor da alma”.

  • (c)
    O município de São Paulo tem 119 grupos de AA e, atualmente, apenas cinco grupos mantêm reuniões somente de mulheres. Veja em: https://www.aa.org.br/informacao-publica/o-grupo-de-a-a-localizacao/localizacao-dos-grupos (Acesso em 13 jul. 2022).
  • (d)
    O trabalho de campo foi realizado por um dos pesquisadores, que passa a narrar como o estudo etnográfico foi realizado.
  • (e)
    Disponível em: https://www.aa.org.br/informacao-publica/o-grupo-de-a-a-localizacao/localizacao-dos-grupos (Acesso em 16 Ago 2022).
  • (f)
    A categoria de acusação é entendida aqui no sentido atribuído por Velho24, compondo os chamados “sistemas de acusação”, isto é, uma “estratégia mais ou menos consciente de manipular poder e organizar emoções, delimitando fronteiras” (p. 57).
  • (g)
    Optou-se por manter a expressão nativa “alcoólatra”, que a mulher usou em sua partilha durante a reunião feminina.

Agradecimentos

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), pelo auxílio que possibilitou a realização desta pesquisa (processo n. 2017/18535-9), e à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pelo apoio para a publicação deste artigo.

  • Campos EA, Cavalieri FES. Significados do alcoolismo em uma reunião feminina de Alcoólicos Anônimos na cidade de São Paulo, SP, Brasil. Interface (Botucatu). 2022; 26: e210516 https://doi.org/10.1590/interface.210516

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Editado por

  • Editora
    Rosamaria Giatti Carneiro
    Editora associada
    Dulce Aurélia de Souza Ferraz

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Out 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    09 Ago 2021
  • Aceito
    13 Jul 2022
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