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Iniciativas, ações e políticas sobre as vendas de alimentos na via pública

Initiatives, actions and policies around food sales in public way

Resumos

A venda de alimentos na rua constitui uma das ocupações mais representativas da economia informal, especialmente nos países em desenvolvimento. Entretanto, ao ser geralmente uma atividade não regularizada, sanitariamente perseguida e que envolve vendedores em situação de iniquidade e exclusão social, conduz a realização de práticas sanitárias incipientes que se traduzem em um alto risco na saúde pública, especialmente para os consumidores. Este artigo de opinião pretende discutir as implicações da venda de alimentos na via pública, tanto no contexto das políticas públicas quanto das iniciativas das organizações internacionais, desde uma perspectiva preventiva voltada ao foco laboral e dos direitos. Mediante o rastreamento das experiências na região ibero-americana, foram apontados avanços em diferentes níveis para o reconhecimento deste tipo de venda de alimentos e propostas com abordagens inclusivas e de acompanhamento sanitário.

alimentos de rua; poluentes biológicos; doenças transmitidas por alimentos; políticas


Street food vending has been one of the most representative occupations of the informal economy, especially in developing countries. However, generally, that activity is unregulated, persecuted by health agencies, and related to situation of inequality and social exclusion of vendors, which implies incipient health practices and high risk to public health, especially to consumers. This opinion paper aims to discuss the implications of food sales in public way, in the context of public policies and the initiatives of international organizations, from a preventive academic reading, with focus on labor and rights. By tracing the experiences of Ibero-America, advances were appointed, at different levels, for the recognition of this type of food vending, and proposals to promote inclusive social dynamics and health monitoring.

street food; biological pollutants; foodborne diseases; policy


INTRODUÇÃO

Nos países em desenvolvimento, a atividade informal da venda de alimentos na rua foi e continua sendo uma das principais possibilidades de ingresso econômico em famílias de baixa renda1Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO) [Internet]. Buenas prácticas de higienes en la preparación y venta de los alimentos en la vía pública en América Latina y el Caribe. [cited 20 Nov 2013]. Available from: http://www.fao.org/alc/file/media/pubs/2009/higiene.pdf
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. Os alimentos de rua, entendidos como "alimentos e bebidas prontos para serem consumidos, preparados e/ou comercializados por vendedores ambulantes ou fixos, especialmente em ruas e outros enclaves semelhantes", fazem parte do cotidiano de compra na área urbana, especialmente para as classes trabalhadoras dos setores populares e médios, devido a sua conveniência em termos de acesso e rapidez1Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO) [Internet]. Buenas prácticas de higienes en la preparación y venta de los alimentos en la vía pública en América Latina y el Caribe. [cited 20 Nov 2013]. Available from: http://www.fao.org/alc/file/media/pubs/2009/higiene.pdf
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, 2Arámbulo P, Almeida C, Cuéllar J, Albino B. La venta de alimentos en la vía pública en América Latina. Bulletin of the Pan American Organization. 1995;28(4):344-54.. Porém, a localização das vendas incide negativamente no entorno, devido à invasão do espaço público, à má gestão dos resíduos sólidos e líquidos e às práticas de produção em condições inadequadas. Além disso, o local contribui na alta probabilidade dos alimentos estarem contaminados por material particulado presente no ar, sendo que as vendas acontecem na via pública, próximas ao tráfego veicular, o que gera riscos à saúde.

Os consumidores, por sua parte, referem à importância da higiene para escolher os alimentos, no entanto, no contexto da venda na rua, geralmente são negligenciados os perigos relacionados com a saúde1Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO) [Internet]. Buenas prácticas de higienes en la preparación y venta de los alimentos en la vía pública en América Latina y el Caribe. [cited 20 Nov 2013]. Available from: http://www.fao.org/alc/file/media/pubs/2009/higiene.pdf
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, 3Bezerra ACD. Alimentos de rua no Brasil e saúde pública. Annablume editora comunicação. São Paulo, 2008.. Diferentes organizações internacionais, como a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) e a Organização Mundial da Saúde (OMS), têm se preocupado com o impacto negativo dos alimentos de rua sobre a saúde da população, principalmente o que se refere à inocuidade alimentar e aos riscos de Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA)4Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO). Alimentos que se venden en la vía pública (Estudio FAO alimentación y nutrición). Reporte de una reunión técnica sobre alimentos callejeros. 1996..

Em contraste à perspectiva do risco e da doença, existem outras formas de interpretar a venda de alimentos na rua. Na década de 1990, estudos sobre o estado nutricional em países como Peru, Guatemala, Indonésia e do continente Africano apontaram que essa atividade constitui uma fonte importante de nutrientes, complementares aos fornecidos pelas refeições em casa3Bezerra ACD. Alimentos de rua no Brasil e saúde pública. Annablume editora comunicação. São Paulo, 2008.. Igualmente, as discussões desde a Segurança Alimentar e Nutricional sugerem que os alimentos de rua contribuem na garantia do acesso alimentar das populações vulneráveis, o que concorda com a promoção do direito humano à alimentação, embora em contraponto à inocuidade5Steyn N, Labadarios D [Internet]. Street foods and fast foods: how much do south africans of different ethnic groups consume? Ethn Dis. 2011;21(4):462-3. , 6Cárdenas AP, Bini DLC, Bejarano JJ. Comercialização de alimentos no circuito inferior da economia urbana: a venda na rua. Cadernos PROLAM/USP. 2013;12(22):78-91..

O presente artigo pretende abordar uma plataforma temática sobre a venda de alimentos na rua, cujo escopo corresponde às diretrizes internacionais que suportam a formulação de ações políticas e sociais, a fim de colocar sobre a mesa uma reflexão sobre o panorama político para a garantia de trabalho dos vendedores de rua e a saúde pública dos consumidores. Para isso, procurou-se informação sobre os países da região Ibero-americana que historicamente tenham trabalhado com o tema2Arámbulo P, Almeida C, Cuéllar J, Albino B. La venta de alimentos en la vía pública en América Latina. Bulletin of the Pan American Organization. 1995;28(4):344-54.

Bezerra ACD. Alimentos de rua no Brasil e saúde pública. Annablume editora comunicação. São Paulo, 2008.
- 4Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación (FAO). Alimentos que se venden en la vía pública (Estudio FAO alimentación y nutrición). Reporte de una reunión técnica sobre alimentos callejeros. 1996.. O rastreamento se fez a partir das referências das páginas virtuais dos Ministérios da Saúde e de pesquisas sobre o tema. A organização do material aconteceu em três etapas:

  1. revisão do conteúdo da política;

  2. identificação da postura da norma sob a categorização de tipo de regulamento e

  3. contextualização geral da venda de alimentos na rua no cenário internacional.

CONTEXTO NORMATIVO EM PAÍSES DA REGIÃO IBERO-AMERICANA

Foram revisadas as políticas da Espanha, da Colômbia, da Venezuela, da Argentina, do Brasil e da Guatemala (Tabela 1). De acordo com o Bando Mundial, os países estão em diferentes níveis de renda: dos mencionados, o primeiro corresponde a uma renda média alta, do segundo ao quinto, uma renda média-superior, e o sexto, uma renda mais baixa7Banco Mundial [internet]. Country and Lending Groups. [cited 11 Dec 2014]. Available from: http://data.worldbank.org/about/country-and-lending-groups#Upper_middle_income.
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. Nesse sentido, destacam-se principalmente os seguintes aspectos:

Tabela 1.
Normas de venda de alimentos na via pública em países da região ibero-americana, período 1969-2014

Temporalidade

Em países como Venezuela, Brasil e Argentina, as colocações políticas na década de 1960 já explicitavam a importância de ter um controle sobre a venda de alimentos na rua. Dentre as tendências sobre o tema, na década de 1990, a FAO recomendou aos governos fortalecerem o controle da qualidade dos alimentos, como no caso dos outros países, e a partir disso, a Comissão do Codex Alimentarius tem promovido a criação de códigos para a preparação e venda de alimentos inócuos nas ruas2Arámbulo P, Almeida C, Cuéllar J, Albino B. La venta de alimentos en la vía pública en América Latina. Bulletin of the Pan American Organization. 1995;28(4):344-54.. Não obstante, nos casos de países em desenvolvimento, onde não se possui uma regulamentação específica, o material da OMS e as guias da FAO procuram promover hábitos higiênicos adequados2323 Organización Mundial de la Salud, Organización de las Naciones Unidas para la Agricultura y la Alimentación, Red Internacional de Autoridades en materia de Inocuidad de los Alimentos [Internet]. Nota Informativa. Medidas básicas para mejorar la inocuidad de los alimentos de venta callejera. [cited 25 Nov 2013]. Available from: http://www.who.int/foodsafety/fs_management/No_03_StreetFood_Jun10_sp.pdf
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.

Características do vendedor

A configuração do vendedor é variável dependendo do país. Na Colômbia, ele é autorizado, mas o sistema de vigilância sanitária centra-se nas atividades ilegais e não no seguimento preventivo. Em contraste, para a Espanha, ele exerce uma profissão, o que possibilita que a normatividade seja uma estratégia dirigida a um maior controle do setor.

Politicamente, a Guatemala foi o único país que fez ênfase no compromisso do vendedor sobre a higiene na manipulação e sua responsabilidade com a saúde dos consumidores, o que pode estar relacionado com características culturais e alimentares da população7Banco Mundial [internet]. Country and Lending Groups. [cited 11 Dec 2014]. Available from: http://data.worldbank.org/about/country-and-lending-groups#Upper_middle_income.
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.

Ao não promover a responsabilidade do vendedor, como no caso dos outros países, e conferir maior protagonismo à figura autoritária da vigilância sanitária, estaria conduzindo a uma situação de ineficiência programada. Os vendedores podem atingir os requisitos estabelecidos pela norma, como, por exemplo, capacitar-se continuamente e memorizar as diretrizes das políticas, mas caso não se crie uma consciência de responsabilidade pública, será difícil comercializar alimentos seguros.

Controle por tipo alimento ou preparação

A abordagem da venda pode estar sujeita às especificidades segundo o tipo de alimento. No Brasil, as matérias-primas devem atender as normas de rotulagem, mas em caso de não ter rótulo na embalagem, por exemplo, o cachorro-quente em São Paulo, deve-se conservar o recibo de compra, a fim de ter o controle do fornecedor1414 Prefeitura de São Paulo [Internet]. Decreto 27.619 de 4 de janeiro de 1989. Dispõe sobre o exercício do comercio ou prestação de serviços ambulantes nas vias e logradouros públicos do Município de São Paulo, mediante permissão de uso, e dá outras providências. São Paulo: 1989. [cited 15 Sep 2013]. Available from: http://camaramunicipalsp.qaplaweb.com.br/iah/fulltext/decretos/D27660.pdf
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. Já para Argentina, os vendedores devem usar matérias-primas compradas a um fornecedor que siga a normativa de rotulagem1717 Argentina. Legislatura de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires [Internet]. Ley 1.166 del 14 de enero de 2004, por la cual se modifica el Código de Habilitaciones y Verificaciones en lo referente a la elaboración y expendio de productos alimenticios y/o a la venta ambulante en la vía pública. Deroga los capítulos 11.1, 11.3, 11.5 del citado código. Buenos Aires: 2004(Boletín Oficial de la Ciudad Autónoma de Buenos Aires). [cited 11 Nov 2013]. Available from: http://ar.vlex.com/vid/ley-n-1166-33118575
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. Assim, dependendo do processo de manipulação das matérias-primas (produção, transporte, entre outros) é possível diminuir a risco de contaminação dos alimentos quando chegam ao vendedor, sendo que nem todos os riscos estão intrinsecamente relacionados com a preparação do alimento.

Na América Latina, os diferentes regulamentos destacam as práticas e as condições higiênico-sanitárias dos vendedores, mas na Espanha, esses itens são negligenciados devido à regulamentação que criou a União Europeia. Assim, está estabelecido o uso de produtos em suas embalagens originais para a venda de alimentos. No caso de Madrid2020 España. Ministerio de Industria, Turismo y Comercio [Internet]. Real Decreto 199 del 2010, por el cual se regula la venta ambulante o no sedentaria. Madrid, 2010. [cited 15 Nov 2013]. Available from: http://www.boe.es/boe/dias/2010/03/13/pdfs/BOE-A-2010-4173.pdf
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, é permitida a venda de alimentos como batatas fritas, produtos de padaria, bebida não alcoólicas, frutas frescas, legumes e hortaliças frescas, entre outros, contando que essas se encontrem embaladas por estabelecimentos aprovados (exceto frutas, legumes e hortaliças).

Estratégias em função do espaço público

Na Guatemala e na Espanha referem-se mecanismos de controle que favorecem ao meio ambiente, o primeiro por meio do uso de taxas para a manutenção do espaço público e o segundo com a limitação do número de licenças para esse tipo de venda. Chama a atenção que, no caso da Espanha, são proibidos os food trucks, em contraste ao incremento dessa modalidade de venda nas metrópoles da America do Sul. A força comercial dos food trucks resulta atrativa economicamente, como acontece nos Estados Unidos e no Canadá2424 Lucan SC, Varona M, Maroko AR, Bumol J, Torrens L, Wylie-Rosett J. Assessing mobile food vendors (a.k.a. street food vendors)-methods, challenges, and lessons learned for future food-environment research. Public Health. 2013;127(8):766-76., no entanto, na experiência canadense, os estudos mostram que os food trucks são fonte de DTA, o que argumenta um robusto monitoramento dos caminhões e fornecedores de matérias-primas2525 Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Salmonella enteritidis infections associated with foods purchased from mobile lunch trucks--Alberta, Canada, October 2010-February 2011. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2013;62(28):567-9..

EVIDÊNCIA E RESULTADOS DA EXECUÇÃO DAS NORMAS

Mesmo com a existência da regulamentação sobre práticas higiênico-sanitárias específicas para a venda de alimentos na rua, os estudos evidenciam a latência de altos riscos de DTA. Em Bogotá, na Colômbia2626 Bayona M. Evaluación microbiológica de alimentos adquiridos en la vía pública en un sector del norte de Bogotá. Actualidad & Divulgación Científica. 2009;12(2):9-17., constatou-se que alimentos provenientes de barracas, 11,8% tinham Salmonella spp. e 25% de E. coli. Essa situação foi apontada pela ausência de boas práticas de manipulação em 87% dos vendedores, em contraste com o fato de que 80% dos avaliados tinham um conhecimento básico de manipulação de alimentos.

A incidência de DTA nos centros econômicos dos países pesquisados (Quadro 1) sugere variações importantes por local. No entanto, fazer um contraste com as políticas é complexo devido às dificuldades que têm os sistemas de notificação epidemiológica, em termos de reportes e apontamentos etiológicos. Diante desse panorama crítico, surge a pergunta: a que se devem as altas taxas de contaminação de alimentos em vias públicas? A falta de compromisso na manipulação dos alimentos por parte vendedores e/ou falha do sistema de vigilância e controle. Porém, existem múltiplos fatores relacionados, entre eles, o número limitado de funcionários da vigilância sanitária. No caso de Antioquia, Colômbia, são designados quatorze funcionários para acompanhar mais de trinta mil barracas3434 Martínez R [Internet]. 60% de comidas en la calle está contaminado. El Colombiano. 13 de diciembre de 2013. [cited 14 Dec 2013]. Available from: http://www.elcolombiano.com/60_de_comidas_en_la_calle_esta_contaminado-PBEC_246845
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.

Quadro 1.
Indicadores epidemiológicos relacionados com Doenças Transmitidas por Alimentos por 100.000 habitantes. 2010

A eficácia das práticas de higiene a respeito da limpeza e desinfecção do posto de venda está sujeita a periodicidade3434 Martínez R [Internet]. 60% de comidas en la calle está contaminado. El Colombiano. 13 de diciembre de 2013. [cited 14 Dec 2013]. Available from: http://www.elcolombiano.com/60_de_comidas_en_la_calle_esta_contaminado-PBEC_246845
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, 3535 Rodrigues K Gomes JP, Conceição RCS, Brod CS, Carvalhal JB, Aleixo JAG. Condições higiênico-sanitárias no comércio ambulante de alimentos em Pelotas-RS. Cienc Tecnol Aliment. 2003;23(3):447-52.. No município de Ibiúna, São Paulo3636 Soto FMR, Risseto MR, Lúcio D, Shimozako HJ, Camargo CC, Iwata MK, et al. Medotología de avaliação das condições sanitárias de vendedores ambulantes de alimentos no Município de Ibiúna-SP. Rev Bras Epidemiol. 2008;11(2):297-303., um estudo de avaliação estratificada de vendedores apontou que após de quinze dias de capacitação, obteve-se melhoria das condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos de rua. Dessa forma, a capacitação dos manipuladores de alimentos é um eixo importante para o sucesso esperado nas condições higiênico-sanitárias, considerando o nível educativo e o contexto onde a atividade se desenvolve. No entanto, estudos também concluem que a capacitação deve-se estender aos fornecedores de alimentos e supervisores dos vendedores, superando o papel punitivo para o de assessoria3737 Cardoso RCV, Dos Santos SMC, Oliveira E. Comida de rua e intervenção: estratégias e propostas para o mundo em desenvolvimento. Ciênc Saúde Coletiva. 2009;14(4):1215-24..

As características das normativas têm um caráter dinâmico dependendo do contexto social e histórico do local. Em São Paulo, até o ano de 2013, as normas possibilitavam apenas a comercialização de cachorro-quente. Em novembro do mesmo ano, uma nova lei permitiu a venda de qualquer tipo de preparação de alimentos na rua, o que beneficiou não só aos vendedores informais, mas também possibilitou aos proprietários de restaurantes venderem seus produtos em feiras livres e food trucks 3838 Zanchetta D. Câmara aprova venda de comida de rua; proposta deve atrair alta gastronomia [Internet]. Estadão/São Paulo. 2013 nov. 28. [cited 3 Dec 2013]. Available from: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,camara-aprova-venda-de-comida-de-rua-proposta-deve-atrair-alta-gastronomia,1101493,0.htm
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. Além disso, devido aos eventos esportivos mundiais programados no país (Copa do Mundo e Olimpíadas), a nova lei se destinou a fornecer uma alimentação rápida, econômica e segura para os turistas3939 Bezerra ACD, Mancuso AMC, Heitz SJJ. Alimento de rua na agenda nacional de segurança alimentar e nutricional: um ensaio para a qualificação sanitária no Brasil. Ciênc Saúde Coletiva. 2014;19(5):1489-94..

CONCLUSÕES

Este artigo de opinião discutiu as políticas da Guatemala, da Colômbia, da Venezuela, da Argentina, do Brasil e da Espanha e algumas iniciativas das organizações internacionais como a FAO e OMS que explicitamente têm trabalhado no tema da venda de alimentos na rua, a partir de uma leitura acadêmica preventiva, com foco laboral e de direitos. Os achados apontam que o marco jurídico dos países pesquisados apresenta avanços em maior ou menor medida, partindo da questão fundamental do reconhecimento do fenômeno.

Encontraram-se duas tendências no nível de detalhamento das políticas consultadas. Por um lado, um escopo de ações definido, legalizado e programado; e, por outro, uma dinâmica avançada em especificidade e detalhamento das ações, mas restritiva na definição de atores ou alimentos. Complementariamente, os direcionamentos da FAO e a OMS têm tido um papel determinante na definição, fomento e procura de soluções para o controle das DTA, levando em consideração que existem países onde a venda de alimentos na rua é uma atividade legal.

Apesar dos regulamentos existentes, a venda de alimentos na via pública tende a aumentar conforme ao nível de desigualdade social, pois mitiga as poucas oportunidades de acesso ao emprego formal. A ideia não é a punição da atividade, mas o fortalecimento de estratégias educativas, subministro de infraestrutura, mecanismos de proteção ao consumidor, para que também seja possível fornecer garantias no direito ao trabalho com dignidade. Além disso, a intervenção educativa deve ser pensada como um processo e não como uma atividade que levanta uma série de temas dados ao vendedor.

REFERÊNCIAS

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Disponibilidade de dados

Citações de dados

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 2015

Histórico

  • Recebido
    30 Jan 2015
  • Aceito
    09 Abr 2015
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