Resumo
Introdução: A qualidade de vida de estudantes pode ser influenciada por características sociodemográficas, acadêmicas e relacionadas à saúde.
Objetivo: O estudo objetivou avaliar a qualidade de vida (QV) de estudantes de Medicina de universidade pública do Sul do país para análise de fatores que alteram a QV.
Método: Realizou-se estudo transversal, com amostra acidental. A coleta de dados foi realizada nos 6 primeiros semestres no intervalo de 4 semanas, utilizando o WHOQOL-bref e questionário para características sociodemográficas, acadêmicas e condições de saúde. Realizou-se análise descritiva e análise inferencial de comparação usando testes não paramétricos.
Resultados: O total respondente foi 249 estudantes, majoritariamente branco, mediana de 21 anos, solteiro, cotista, com renda familiar superior a 6 salários mínimos. O escore mediano (P25;P75) de QV geral foi 62,5 (50,0;75,0) e o domínio psicológico (DP) obteve os menores valores: 58,3 (45,8;70,8). Os desfechos foram influenciados pela renda familiar, etnia, cotas, tratamento de doença crônica e satisfação com o curso.
Conclusões: Observa-se baixa QV geral e DP prejudicado para toda população. Ressalta-se possibilidade de comprometimento psicopatológico desta e potencialidade de utilização da análise para medidas de promoção da QV de estudantes de Medicina.
Palavras chave: qualidade de vida; estudantes de medicina; comportamentos relacionados com a saúde; saúde do estudante; saúde mental
Abstract
Background: The quality of life of students can be influenced by sociodemographic, academic and health-related characteristics.
Objective: The study aimed to investigate the quality of life (QoL) of medical students from a public university in southern Brazil to analyze factors that change QoL.
Method: A cross-sectional study was performed with an accidental sample. Data collection was performed to six initial semesters within four weeks, using the World Health Organization Quality of Life bref (WHOQOL-bref) and a questionnaire for sociodemographic, academic and health conditions. Descriptive analysis and inferential comparison analysis were performed using nonparametric tests.
Results: The total number of respondents was 249 students, mostly white, with a median of 21 years old, single, quota holder, family income greater six minimum wages. The median score (P25; P75) of overall QOL was 62.5 (50.0; 75.0) and the psychological domain (SD) had the lowest values: 58.3 (45.8; 70.8). The outcomes were influenced by family income, ethnicity, quotas, chronic disease treatment and satisfaction with the course.
Conclusions: Low overall QoL and impaired PD were observed for the whole sample. We emphasize the possibility of psychopathological impairment of that population and the potential use of this analysis for measures to promote the QoL of medical students.
Keywords: quality of life; students, medical; health behavior; student health; mental health
INTRODUÇÃO
O número de tentativas de suicídios e distúrbios psiquiátricos no meio médico acadêmico, cresceu de maneira alarmante nas últimas décadas1,2. De acordo com o Conselho Federal de Medicina (CFM), sintomas como ansiedade, depressão e estafa são comuns para maioria dos médicos3. Tal fato repercute também na graduação, momento no qual, os estudantes se deparam com a pressão de desenvolver grande quantidade de competências, lidar com pacientes, cobranças sociais, privação de lazer, privação de horas de sono e com a morte. É pertinente ressaltar que os fatores elencados influenciam diretamente na qualidade de vida (QV)4,5,6.
Segundo o grupo World Health Organization Quality of Life (WHOQOL Group), QV “é a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”7.
Os estudos de avaliação da QV de estudantes de medicina em diferentes países utilizando o WHOQOL-bref — instrumento desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e validado no Brasil8 — revelam a baixa QV desses estudantes, por vez inferior a outros cursos da área da saúde9.
No Brasil, a literatura sugere que entre 30% a 60% dos estudantes de Medicina apresentam transtornos de humor ou estresse, contudo, menos de 15% desses alunos procuram ajuda médica. Atribui-se a isso motivos como falta de tempo, estigma social das patologias psiquiátricas e menosprezo da própria saúde por profissionais e estudantes da saúde10.
A competitividade, o aumento das responsabilidades, a ansiedade, os sacrifícios pessoais e as cobranças externas são apontados como fatores envolvidos na baixa QV2. No entanto, não está esclarecida a história natural desse processo de adoecimento no decorrer da graduação e treinamento médico11, sendo a grande parte dos estudos direcionada ao internato — últimos 4 semestres do curso1,6,12 enquanto que preditores de baixa QV, identificados nos primeiros semestres contribuiriam para intervenções institucionais mais efetivas.
Devido às dificuldades logísticas em desenvolver pesquisas acerca do tema, há uma lacuna no apontamento de fatores associados diretamente à baixa QV constatada.
Diante desse contexto, este estudo objetivou avaliar a QV de estudantes de Medicina de uma Universidade Federal do Sul do Brasil, assim como seus fatores associados, buscando avançar na compreensão deste fenômeno e de seus determinantes em população sem patologias específicas.
METODOLOGIA
Estudo transversal, com população de estudantes do 1º ao 6º semestre do curso de Medicina regularmente matriculados no segundo semestre letivo de 2017 na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no município de Santa Maria, no estado do Rio Grande do Sul. O estudo foi aprovado em seus aspectos éticos e metodológicos pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFSM (CAAE 69253717.0.0000.5346; Parecer 2.121.704).
Inicialmente, a população de estudantes contabilizava 357 indivíduos. Ao longo do desenvolvimento desta pesquisa, foram excluídos os acadêmicos com trancamento parcial ou total, os pesquisadores deste estudo e aqueles menores de 18 anos, totalizando a população envolvida nesta pesquisa, em 333 indivíduos. A caracterização dessa população para fins de análise de representatividade da amostra foi realizada a partir de variáveis obtidas do Sistema de Informações para o Ensino (SIE) da instituição.
O cálculo do tamanho da amostra foi realizado especificamente para WHOQOL-bref, conforme preconizado para questionários de avaliação na área de saúde para abordagem não paramétrica13, o que totalizou uma amostra de 295 estudantes. Aplicou-se amostra do tipo acidental, composta por todos os estudantes presentes em sala de aula no momento da coleta de dados, e aceitaram participar da pesquisa assinando Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
tempo para ambientação dos estudantes ao semestre;
ausência de avaliações curriculares.
WHOQOL-bref;
questionário complementar com 14 questões relacionadas ao perfil sociodemográfico, acadêmico e condições de saúde do participante.
O WHOQOL-bref contém 26 questões no tocante a QV dos entrevistados. As duas primeiras perguntas, que compõem a QV geral, referem-se à autoavaliação da QV (qualidade de vida referida) e satisfação com a própria saúde (SS). As próximas 24 questões dividem-se em domínio físico (DF), domínio psicológico (DP), domínio relações sociais (DRS) e domínio meio ambiente (DMA) com resposta em escala de Likert, com variação de 1 a 57.
características demográficas (sexo, idade e etnia) e socioeconômicas (religião, estado civil, moradia e renda familiar);
características acadêmicas (sistema de cotas, período ideal e satisfação com o curso);
condições de saúde (tratamento de doença crônica, doença mental ou comportamental autorreferida).
A análise do WHOQOL-bref foi baseada na sintaxe proposta por Harper e Orley14. Após reversão das perguntas com frase na negativa, os escores por domínios foram escalonados em uma posição positiva para derivação das médias dos quatro domínios (DF, DP, DRS e DMA) que denotam a percepção individual de qualidade de vida. Cada média foi multiplicada por 4 no sentido de tornar os escores dos domínios comparáveis aos escores usados no WHOQOL - 100 e convertidas numa escala de 0 - 100, com a aplicação da Equação 1:
As idades dos participantes foram categorizadas em dois grupos, com ponto de corte na medida de tendência central. Além disso, critérios do IBGE15 foram utilizados para estabelecer etnias, religião e faixa salarial, tendo como base o valor em reais do salário mínimo vigente no período da coleta de dados (R$937,00)16. A variável “período ideal” foi determinada pela relação entre o semestre atual do estudante e o de ingresso. Para os informantes de doença crônica, os critérios para agrupamento seguiram a Classificação Internacional de Doenças (CID-10)17.
A inserção dos dados foi realizada através de dupla digitação e posterior validação no programa de computador Epi Info (Versão 6.0). O tratamento estatístico dos resultados foi efetuado no programa Statistical Package for the Social Sciences 20 (SPSS 20), seguindo análises não-paramétricas após verificação da distribuição dos dados empregando o teste Kolmogorov-Smirnov. Para conferência da representatividade da amostra, foi efetuada a comparação de proporções das variáveis sexo, idade, etnia e sistema de cotas da população de estudo pelo teste χ2 de Pearson e p>0,05. Para análise inferencial de comparação dos escores medianos de QV geral e domínios segundo variáveis de exposição, utilizou-se teste de Mann-Whitney ou de Kruskal-Wallis, consoante o número de categorias da variável independente testada. Adotou-se um nível de significância de 5%.
RESULTADOS
A amostra efetivamente pesquisada foi de 249 participantes, representando 84,4% da população delineada. Os resultados obtidos na comparação de população de pesquisa (333 estudantes) e amostra (249 estudantes) para as variáveis sexo (p=0,158), idade (p=0,259), etnia (p=0,292) e sistema de cotas (p=0,749) mostraram que não havia diferença significativa entre as populações.
As características demográficas e socioeconômicas dos estudantes estão apresentadas na Tabela 1. Verificou-se prevalência do sexo masculino de 50,2% com média de 21 anos (idade mínima de 18,0 e máxima de 32,9 anos). Evidenciou-se o predomínio de estudantes autodeclarados brancos (71,5%), solteiros (88,8%) e cotistas (53,0%). Quanto aos que declararam não morar sozinhos (62,2%), 46,7% referiram morar com familiares. Das demais variáveis, 62,2% disseram possuir religião, 55,1% declararam renda familiar superior a 6 salários mínimos, 19,7% informaram realizar tratamento para alguma doença crônica, dos quais, 52,1% referiram tratar ao menos uma doença mental ou comportamental. Por fim, 96,0% dos estudantes estavam em período ideal do curso e 72,6% declaram-se satisfeitos ou muito satisfeitos com o curso.
Perfil de estudantes (N=249) de Medicina de uma universidade pública do Sul do Brasil, 2017
Na avaliação da QV foram avaliados os domínios DF, DP, DRS e DMA (Tabela 2), conforme instrumento WHOQOL-bref. Os estudantes obtiveram escore mediano de 62,5 para QV (50,0;75,0). Dentre os domínios, os escores obtidos, em decrescendo, foram 66,7 (50,0;75,0) para o DRS; 62,5 (53,1;75,0) para o DMA; 60,7 (50,0;71,4) para o DF e 58,3 (45,8;70,8) para o DP.
Escores medianos de qualidade de vida (QV) geral e domínios do WHOQOL-bref para estudantes (N=249) de Medicina de uma universidade pública do Sul do Brasil, 2017
Na análise inferencial de comparação entre os desfechos e as variáveis de exposição (Tabela 3), observou-se escore mediano da QV 20% maior para estudantes que não realizam tratamento para doença crônica, em comparação com aqueles que tratam doença crônica (p=0,020).
Escores medianos de qualidade de vida (QV) geral e domínios do WHOQOL-bref segundo variáveis de exposição em estudantes (N=249) de Medicina de uma universidade pública do Sul do Brasil, 2017
O escore mediano do DF foi superior para estudantes que não realizam tratamento para doença crônica [64,3 (53,6;75,0)], em comparação aos que realizam (p<0,001). A respeito do DMA, os estudantes não cotistas e com renda familiar superior a 6 salários mínimos apresentaram escores medianos superiores em comparação aos cotistas e àqueles com renda igual ou inferior a 6 salários mínimos, respectivamente (p<0,001).
Os participantes que declararam-se satisfeitos/muito satisfeitos ou mesmo insatisfeitos/muito insatisfeitos evidenciaram escores do DP, significativamente mais elevados, em relação aos indiferentes (p<0,001). Na análise da progressão dos desfechos durante os semestres (Figura 1), obteve-se significância estatística para o DF, sendo o segundo e terceiro semestres semelhantes entre si, e diferentes do quinto semestre (p=0,009).
Escores medianos de qualidade de vida geral e domínios do WHOQOL-bref para estudantes (N=249) de Medicina de uma universidade pública do Sul do Brasil, 2017
DISCUSSÃO
A representatividade da população é assegurada, uma vez que as macros características demográficas e socioeconômicas, ou determinantes distais do processo saúde doença, não mostraram diferença estatística entre a amostra e a população alvo.
As perdas de não respondentes decorreram da amostragem tipo acidental que, por se realizar em dia característico de aula, em semanas que não correspondiam a avaliações finais, evitou viés de expectativa e confundimento por stress da avaliação, porém aumentou a probabilidade de ausência de estudantes em aula. A ausência, pode ser explicada por algum tipo de adoecimento ou de situação estressora mais grave, tem importância minimizada devido ao objetivo do estudo de avaliar os estudantes em dia típico, sem seleção por patologias específicas ou com problemas menos graves, portanto, com menor probabilidade de ausência nas aulas.
O tamanho da amostra alcançada não expressa diferença significativa da população alvo, a fim de comprometer a sua representatividade. A perda, nesse caso, pode trazer uma maior probabilidade de um erro tipo II, uma vez que o poder, pode ter diminuído, o que não invalida os resultados mais relevantes e que guardam consonância com a literatura. Uma característica do teste que pode sofrer alteração é a sensibilidade que, por outro lado, é geralmente acompanhada por um aumento na especificidade. Estas características são difíceis de medir em testes complexos como o aplicado neste estudo, devido, a sua dependência do contexto.
O perfil da população de estudantes de Medicina da UFSM — maioria branca, solteira, cotista, com mediana de 21 anos e renda familiar mensal superior a 6 salários mínimos — é semelhante a outros estudos18,19. Em relação ao sexo, houve distribuição homogênea - diferente da predominância masculina identificada20.
Ressalta-se que entre 2014 e 2016 a instituição modificou, gradualmente, a forma de ingresso, visto que, em 2017 adotou-se o Sistema de Seleção Unificada (SiSU), como único sistema de acesso. Assim, a instituição conta com estudantes de vários estados brasileiros, além de indígenas e estrangeiros. Acredita-se que essa desregionalização da população auxiliou no objetivo do estudo ao aumentar a variabilidade da amostra.
Conforme sugerido por Petrini et al.21, a QV de universitários deve ser analisada sob duas ópticas: socioeconômica e de bem-estar com o ambiente de ensino. Os resultados deste estudo são discutidos nessa abordagem, contudo, não de forma dicotômica, mas sim, integrativa. Acredita-se que esses podem ser dois pilares fundamentais para melhor compreender a QV de estudantes, principalmente por se tratar de assunto complexo e interdependente, auxiliando na investigação sobre o tema.
De forma geral, o escore mediano da QV dos estudantes foi inferior ao encontrado em estudos semelhantes realizados com cursos de Medicina12,18. Pelas características multifatoriais inerentes à QV, impossibilita-se determinar assertivamente qual o fator responsável por esta queda5,9,12. Ainda, Gan e Hue22 apontam que as comparações entre escores de QV devam ser considerados em populações culturalmente semelhantes.
No início do curso, a maior QV de estudantes que não tratam doença crônica pode estar relacionada a aspectos protetivos repercutidos através da variável18. Ou seja, não ter problemas de saúde — ou desconhecê-los ou não submeter-se a tratamento — podem deixar o acadêmico menos apreensivo com o seu futuro, portanto, diminuir a influência de fatores agravantes sobre o desfecho23.
Por outro lado, tratar algum problema crônico de saúde e permanecer com escores de QV inferiores, aos dos que não tratam, indica que a influência da variável sobre o desfecho pode estar relacionada a duas situações: a doença está controlada, não gera debilidade de saúde física, mas, mantém o estudante em estado psicológico de apreensão e mais friável ao desgaste mental inerente ao curso (grande volume de matérias novas, pouco tempo de lazer e sono, cobrança pessoal e social, dentre outros). Outra possibilidade é o fato da doença não está controlada e esse estudante já teria baixa QV, independente do curso de Medicina.
A maioria das patologias apontadas pelos estudantes como razão do tratamento crônico foram de natureza mental ou comportamental, seguidas de doenças endócrino metabólicas e respiratórias. Dadas as limitações de um delineamento transversal, não avaliou-se a história natural desse comprometimento psicológico nos estudantes de Medicina.
Salienta-se a relevância do presente estudo dada a necessidade de pesquisas que avaliem populações sem patologias específicas24, bem como de investigações longitudinais futuras, com o propósito de identificar a origem e a progressão dos distúrbios psiquiátricos, cada vez mais prevalentes nessa população25. Outros estudos com estudantes de Medicina e doença crônica identificaram como fator depressor da QV distúrbios psicopatológicos, como estafa mental e síndrome de burnout, estresse, depressão e ansiedade6,26,27.
Esta reflexão soma-se aos achados do DP nesta população, que reforça a situação preocupante de saúde mental dos estudantes — discussão também promovida por Alves et al.1.
Em estudo recente de Rocha et al.28, sobre QV e depressão em estudantes de Medicina de São Paulo, verificou-se que apesar dos escores gerais de as amostras não indicarem presença alarmante de sintomas depressivos, quando analisada a prevalência dos estudantes sintomáticos, encontrou-se frequência mais alta, do que o esperado para a população geral.
Os baixos escores medianos do DP quando comparado com os demais domínios adicionados do fato do domínio não ser influenciado por variáveis socioeconômicas e de saúde, alertam para a extensão desse problema. Com isso, duas interpretações são possíveis: os estudantes de Medicina mantêm, ainda que baixas, estáveis suas características psicológicas durante o curso e/ou eles manifestam desestabilidade intrínseca, não estratificada pelo instrumento de coleta de dados4,6.
O DP refere-se a perguntas quanto a pensamentos positivos e negativos, autoestima, espiritualidade, concentração, dentre outros29. Fatores como lidar com a morte, informar diagnósticos terminais, enfrentar prejuízos no sono e lazer e distanciamento familiar, além de abusos verbais e desamparo pelos docentes, acarretam sofrimento psíquico, resultando em população de estado débil acerca de caracteres psicológicos30. Ressalta-se que estudos identificaram o curso de Medicina como fator estressante e provocativo de quadros de ansiedade e depressão, que podem perdurar para além da graduação31,32.
A influência da satisfação com a escolha de cursar medicina com o DP reforça o estado de debilidade psicopatológica dos estudantes. Desta forma, os estudantes satisfeitos com a escolha pelo curso detêm maiores escores no DP, assim como aqueles insatisfeitos possuem escores mais baixos — demonstrando o sentido da relação entre variável e desfecho. Toda via, os estudantes indiferentes pela escolha do curso tiveram escores ainda mais baixos, em relação aos insatisfeitos.
Acredita-se que a indiferença pelo curso de Medicina seja manifestação de transtornos psiquiátricos latentes ou ignorados pelos estudantes. É pouco provável que, dadas todas as situações agravantes intrínsecas à graduação de Medicina, o estudante mantenha-se indiferente à elas, tampouco a sua escolha pelo curso. Sabe-se que a apatia é sintoma prevalente em quadros de depressão, além de relacionados a estados de tristeza, sofrimento e avolia10,11,18. Assim, imagina-se que esta variável seja o ponto-chave na avaliação desses estudantes, permitindo refinar a busca ativa por fatores modificadores da QV e preditores de psicopatologias.
A literatura sugere que estudantes que residem com familiares teriam um núcleo de apoio que amenizaria sua exposição a fatores de piores desfechos psicológicos, como depressão, ansiedade e síndrome de burnout33. Todavia, acredita-se que isso não foi observado pelo fato de muitos estudantes não permanecerem em casa ou morarem em repúblicas, com isolamento afetivo dos colegas de residência2,12.
Imagina-se que esta população detenha um comportamento intrínseco de ajuda e empatia34, uma vez que, o DRS foi o único domínio a não ser influenciado pelas variáveis investigadas. Ele refere-se às perguntas em relação ao apoio social, relações pessoais e atividade sexual. Caregnato e Lautert35 sugere que em ambientes estressantes, os vínculos interpessoais seriam uma forma de manejar essa adversidade, diminuindo-a ao praticarem mecanismos de defesa maduros, como humor, altruísmo, sublimação, supressão e antecipação.
Os melhores escores medianos no DMA são de estudantes brancos, não cotistas e com renda maior do que 6 salários mínimos. Atribui-se a um padrão social que invariavelmente reflete no sistema público de ensino brasileiro.
O início do curso de Medicina é marcado por sentimento de insegurança e medo pelas exigências da formação36. Além disso, muitos estudantes necessitam mudar de cidade ou estado, dividir moradia com desconhecidos, morar em locais mais periféricos ou longe da universidade. Todos os fatores associados, agregados ao aumento do estresse, desgaste físico e emocional18.
Com maior renda familiar, consequentemente há incremento da QV37, que proporciona ao estudante comodidades como moradia em bairros mais centrais e/ou próximo à universidade, deslocamento independente de transporte público, escolha de morar sozinho ou com amigo próximo, alimentação de melhor qualidade nutricional, dentre outros fatores relacionados.
Essa discussão da renda pode ser estendida a dados demográficos brasileiros, nos quais revelam que a maioria da população com renda familiar acima de 6 salários mínimos é majoritariamente de etnia branca15. Adicionalmente, existe estreita relação entre esses parâmetros e a variável cota — consequência dos critérios de ingresso por intermédio de cotas. Desta maneira, entende-se que ser ou não cotista demonstra o somatório da influência das demais variáveis, negativamente ou positivamente.
A queda comum a todos os desfechos durante o terceiro semestre, foi também observada por outros estudos com estudantes de Medicina38,39. O início de qualquer graduação é tido como período transicional de grande estresse40. Somando isso às características da graduação em Medicina, anteriormente mencionados, acredita-se que o esgotamento observado no 3º semestre seja reflexo da acentuada exaustão física e mental dos estudantes28.
Entretanto, ao avançar dos semestres, os escores medianos tendem a subir. Acredita-se que o estudante em início de curso tem sua QV prejudicada por aspectos que, com o passar dos semestres, tornam-se parte da rotina, não sendo mais conscientemente notados23, ainda assim, eles podem repercutir em outras áreas, como a falta de sono, fadiga que prejudicam as relações interpessoais com colegas de turma e professores5,12. Além disso, atribui-se a essa obnubilação do estudante a organização do currículo, para sua inserção no ciclo clínico, que desencadeia maior contentamento com o curso — promovido pela disciplina de semiologia médica. Persistentemente, apesar dessa abstração dos estudantes, o período segue repercutindo negativamente sobre a QV.
O acúmulo de tais fatores estressantes resulta em acometimento psiquiátrico, que raramente é identificado e tratado precocemente28. Acrescenta-se à discussão a associação entre estafa mental, depressão e suicídio e as crescentes taxas de suicídio entre estudantes de Medicina, que requerem intervenções urgentes, principalmente preventivas, por parte de instituições de ensino41,42,43.
A não percepção dos fatores agressores à QV dos estudantes, por si só, constitui-se fomento aos desfechos discutidos para os estudantes.
É evidente a necessidade de investimentos em estudos que salientem os fatores relacionados à QV de estudantes em semestres iniciais, haja vista sua importância para subsidiar ações preventivas ou de minimização de danos.
CONCLUSÃO
Identificou-se uma população com baixa QV geral e provável comprometimento psicológico. No 3º semestre de graduação, notou-se uma queda dos escores medianos para todos os domínios, refletindo a exaustão acumulada e a cobrança de formação.
A variável associada à maior QV entre estudantes, foi não realizar tratamento para doença crônica. O DMA foi influenciado por variáveis socioeconômicas (etnia, renda e sistema de cotas), evidenciando a influência desses parâmetros sociais dentro do curso, como modificadores dos desfechos.
Assim, ao avaliar a QV de estudantes de Medicina de uma instituição federal, identificou-se que essa é influenciada por fatores associados ao sistema de ensino nacional e condições psicossociais da população durante o curso. Adicionalmente, constata-se que os estudantes se acostumam com intempéries do curso, ainda que, de alguma forma, sejam prejudicados por elas.
Portanto, compreende-se que os estudantes de Medicina detêm um rol de fatores comuns que são capazes de baixar a QV e estão intimamente vinculados aos ônus do curso: exacerbada carga horária, estafa, cobranças, pouco tempo de lazer, longas jornadas, dentre outros.
Ressalta-se que, mesmo dado o caráter cultural da QV, estudantes de Medicina de diferentes países referem-se a tais fatores como prejudiciais. Cabe, portanto, a implementação de medidas corretivas ao sistema de ensino, a fim de conter danos, principalmente no âmbito psicopatológico.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
07 Out 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
-
Recebido
05 Nov 2020 -
Aceito
31 Out 2021