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O ensino de práticas grupais em enfermagem norteado pelo referencial de Pichon-Rivière

La enseñanza del grupo de práctica de enfermería por el referencial Pichon-Rivière

Resumos

Analisar proposta didático-pedagógica de ensino de tecnologia de grupos para graduação em Enfermagem. Estudo descritivo, qualitativo, do qual participaram 54 estudantes de Enfermagem em 28 sessões de grupos operativos. Tomando a proposta de se aprender grupos fazendo grupos, no interjogo de papéis (participante, coordenador e observador), os dados foram coletados durante as reuniões dos grupos e passaram pela análise de conteúdo temática, seguindo o referencial de Pichon-Rivière. Das reuniões dos grupos operativos, surgiram três categorias "Aprendizagem da técnica de grupo a partir da realização do grupo", "O grupo no enfrentamento, reflexão e gerenciamento de conflitos", "Indicações e ponto fraco". Apreender grupos fazendo grupos superou o modelo tradicional de ensino, constituindo ferramenta importante na gestão de equipe e de cuidados.

Ensino; Aprendizagem; Educação em Enfermagem; Processos Grupais; Educação em Saúde


Objetivo:

Analizar la propuesta didáctico-pedagógica de la educación tecnológica de grupos de graduación en Enfermería.

Métodos:

Estudio descriptivo, cualitativo. Participaron 54 estudiantes de Enfermería en 28 sesiones de grupos operativos. Tomando la propuesta de aprender sobre grupo practicando, en el juego de papeles (participante, coordinador y observador), se recogieron datos durante las reuniones del grupo y abordaron estos datos a través del Análisis de Contenido Temático, siguiendo la referencia de Pichon-Rivière.

Resultados:

De las reuniones de los grupos operativos, emergieron tres categorías: "Aprendizaje de la técnica de grupo a partir de la realización del grupo", "El grupo en el confronto, la reflexión y la gestión de conflictos", "Indicaciones y debilidades".

Conclusión:

El aprendizaje de hacer grupos superó el modelo tradicional de enseñanza, constituyendo una herramienta importante en la gestión del equipo de dirección y cuidado.

Enseñanza; Aprendizaje; Educación en Enfermería; Procesos de Grupo; Educación en Salud


To analyze a didactic and pedagogical proposal for undergraduate group learning in a descriptive, qualitative nursing study in which 54 students participated in 28 operative group sessions. Following a proposal for group learning involving interplay among roles (participant, coordinator and observer), data were collected during group meetings and analyzed for thematic content, following the Pichon-Rivière theoretical framework. From the meetings of the operative groups, three categories emerged: “learning group techniques from group work”, “the group in confrontation, reflection and conflict management”, and “recommendations and weak points”. Learning in groups outperformed the traditional model of teaching, and is an important tool in the management of care and nursing teams.

Teaching; Learning; Education, Nursing; Group Processes; Health Education


INTRODUÇÃO

A formação do profissional enfermeiro, com frequência, recebe apontamentos, no sentido de alertar o quanto se reproduz práticas pautadas no modelo biomédico, por meio de um ensino técnico que, por vezes, distancia o profissional de uma prática mais efetiva na atenção às reais necessidades de saúde das pessoas. A superação de tal condição assistencialista requer um novo olhar para a atenção à saúde, com práticas de ensino inovadoras, saindo do papel de afazeres, para uma prática humanizada e integral1Dall’Agnol CM, Magalhães AMM, Mano GCM, Olschowsky A, Silva FP. A noção de tarefas nos grupos focais. Rev. gauch. enferm. [on line]. 2012 mar; [citado 2015 abr 14]; 33(1):[aprox.5 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n1/a24v33n1.pdf
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. Uma via apontada para sobrepujar essa condição é o trabalho em conjunto e cooperativo, inserido já na formação do enfermeiro, com introdução de ferramentas de ensino que estimulem a discussão, a crítica e a reflexão2Lin ZC. Comparison of technology-based cooperative learning with technology-based individual learning in enhancing fundamental nursing proficiency. Nurse Education Today [on line]. 2013 mai;[citado 2015 abr 14];5(33):[aprox.6 telas]. Disponível em: http://www.nurseeducationtoday.com/article/S0260-6917(11)00340-6/fulltext
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Nesse sentido, este estudo interessou-se pela utilização do grupo operativo (GO) como norteador das práticas em Enfermagem para o cuidado em grupos, considerando evidências científicas quanto aos ganhos na construção de modelo assertivo na Enfermagem, tanto na atenção à saúde das pessoas, quanto na gestão em equipe1Dall’Agnol CM, Magalhães AMM, Mano GCM, Olschowsky A, Silva FP. A noção de tarefas nos grupos focais. Rev. gauch. enferm. [on line]. 2012 mar; [citado 2015 abr 14]; 33(1):[aprox.5 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n1/a24v33n1.pdf
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,3Cardoso ASF, Dall’Agnol CM. Processo grupal: reflexões de uma equipe de enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP [on line]. 2011 nov/fev;[citado 2015 abr 14];45(6):[aprox. 7 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n6/v45n6a19.pdf
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,4Grando MK, Dall’Agnol CM. Desafios do processo grupal em reuniões de equipe da Estratégia Saúde da Família. Esc Anna Nery [on line]. 2010 jul/set;[citado 2015 abr 14]; 14(3):[aprox.7 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v14n3/v14n3a11.pdf
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. Intervenções junto ao processo saúde-doença e no enfrentamento de suas diversidades tiveram especial destaque5Soares LC, Santana MG, Thofehrn MB, Dias DG. Educação em saúde na modalidade grupal: relato de experiência. Cienc. cuid. saude [on line]. 2009 jan/mar; [citado 2015 abr 14];8(1):[aprox.6 telas]. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/7786/4417
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O GO é uma técnica conduzida por um processo de ensino-aprendizagem ocorrido nas interações de uns com os outros. Trata-se de um grupo pautado pelo interesse coletivo e pela atenção ao objetivo comum6Bastos ABBI. A técnica de grupos- operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Rev. Psicologia Ensino e Formação [periódico na internet]. 2011 jan/dez; [citado 2013 jun 12]; 14(14): [aprox.11 telas]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1415-88092010000100010&script=sci_arttext
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. Capaz de mobilizar o processo de mudança, a prática de cuidados em Enfermagem em grupo, também requer formação de indivíduos coerente a esse sentido, isto é, exige mediação de saberes em um ensino mais dinâmico e esclarecedor, que possibilite a construção de sujeitos responsáveis, reflexivos e capazes de trabalharem com a autonomia do outro5Soares LC, Santana MG, Thofehrn MB, Dias DG. Educação em saúde na modalidade grupal: relato de experiência. Cienc. cuid. saude [on line]. 2009 jan/mar; [citado 2015 abr 14];8(1):[aprox.6 telas]. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/7786/4417
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Grande parte do potencial crítico e reflexivo desta tecnologia[a] [a] Conjunto de saberes teóricos e práticos aplicados em uma situação real. No caso deste estudo, em uma situação real no âmbito da formação do enfermeiro e na atenção à saúde das pessoas. centra-se no desenvolvimento de dimensões cognitivas, pessoais, técnicas, sociais e política; e nos efeitos do ensino-aprendizagem, deposições de papéis e trocas dentro de técnicas operativas, além de conduzirem uma formação profissional integral, coerente e comprometida com a realidade7Grando MK, Ferreira SR, Dall’Agnol CM, Olschowsky A. El interjuego de papeles em el processo enseñanza - aprendizaje a partir de La técnica de grupo operativo. Rev. Panamericana de Enfermería. 2005 jul;3(2):146-52.. Ao professor, cabe o papel de provedor do processo de ensino-aprendizagem, abarcando novas técnicas de ensino, e formando um indivíduo reflexivo e crítico da realidade8Carraro TE, Prado ML, Silva DGV, Radunz V, Kempfer SS, Sebold LF. Socialização como processo dinâmico de aprendizagem na enfermagem. Uma proposta na metodologia ativa. Rev. Invest. [periódico na internet]. 2011 abr/mai; [citado 2015 abr 14]; 29(2):[aprox.7 telas]. Disponível em: http://aprendeenlinea.udea.edu.co/revistas/index.php/iee/article/view/5073/9198
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Diante do exposto, o presente estudo teve por objetivo analisar uma proposta didático-pedagógica de ensino de tecnologias de grupos, segundo o referencial teórico de Pichón-Rivière, aplicado a graduandos em Enfermagem. Para tanto, foi realizado uma intervenção no processo de ensino-aprendizagem no formato de disciplina curricular, que orientou a construção do conhecimento sobre grupos realizando grupos.

MÉTODO

Estudo descritivo com análise qualitativa, justificado pela necessidade de acompanhamento e avaliação de disciplinas curriculares sobre tecnologias de grupo no processo de formação do enfermeiro. A disciplina analisada foi aplicada ao sétimo período para duas turmas de um Curso de Graduação em Enfermagem, localizada no sudeste goiano em uma unidade acadêmica da Universidade Federal de Goiás (UFG).

A disciplina estudada faz parte da grade curricular do Projeto Pedagógico de Curso (PPC) de Graduação em Enfermagem, com propostas inovadoras e criado, a partir do projeto de Expansão das Universidades Federais, datado de 2008. Na busca em atender as competências gerais das Diretrizes Curriculares Nacionais para Graduação em Enfermagem, especificamente, as que tratam da atenção à saúde, tomada de decisão, comunicação, liderança e gerenciamento, criou-se a disciplina “Grupos em Saúde”. No entanto, sua proposta de trabalho deveria superar o modelo tradicional de ensino. Assim, foram investidos esforços na condução didática, assegurando que todas as aulas seriam práticas e que se aprenderia sobre grupos fazendo grupos, tendo como pauta o referencial de GO e a orientação de um objetivo contrato firmado no primeiro dia de aula, especificando as regras de condução da disciplina.

Nesse contexto, os aprendizes intercalaram as funções de coordenadores-aprendizes e observadores, com revezamento entre eles, distribuídos a cada sessão de grupo em dois círculos, um interno (11 participantes, dois aprendizes-coordenadores e um professor-coordenador) e outro externo (composto pelos 13 observadores-alunos). As sessões se iniciaram com um tema disparador referente a um conteúdo teórico, e aprendizes-coordenadores conduziam a explanação. Seguia-se com a leitura da crônica da reunião anterior, constituída pela análise do movimento grupal pelo professor-coordenador, a partir das anotações dos observadores, que abriam a discussão do grupo. A tarefa explícita era motivar uma interlocução do referencial teórico com as vivências dos discentes, considerando as dimensões pessoais e profissionais.

Foram realizadas 28 sessões de GO com duração de 2 horas cada, que ocorreram no primeiro semestre dos anos de 2012 e 2013. Configuraram-se como participantes da pesquisa os alunos que atenderam aos seguintes critérios de inclusão: ter concluído as disciplinas Saúde Mental I e II (momento em que se trabalharam habilidades teóricas e práticas que potencializam a participação em técnicas grupais, como a comunicação terapêutica e o relacionamento interpessoal), e estarem matriculados regularmente no curso e na disciplina intitulada “Grupos em Saúde”. Os alunos foram informados, no início da disciplina, de que esta seria acompanhada e analisada com finalidade de pesquisa, tendo lhes sido oferecidos os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), os quais assinaram e ficaram com uma cópia, respeitando-se os preceitos éticos que envolvem pesquisa com seres humanos.

Os dados foram gravados em meio digital. Ao final da disciplina, realizou-se um grupo focal para avaliação do processo de ensino-aprendizagem, com a seguinte questão condutora: “Como foi para você cursar a disciplina de Grupos em Saúde? Que saberes vocês construíram para a vivência nos diversos grupos sociais e profissionais?”.

A gravação e as anotações foram realizadas por dois observadores-pesquisadores (independentes dos observadores-alunos), sendo esses participantes, em ambas as turmas de 2012 e 2013, e constituindo um material empírico essencial. A análise dos dados deu-se entre outubro de 2012 e junho de 2013, aplicando-se a Análise de Conteúdo, modalidade temática9Bardin L. Análise de Conteúdo. 5ª ed. Lisboa: Edições 70; 2009., que constitui em “núcleos de sentidos” expressos na comunicação do sujeito. Assim, a aparição e a frequência têm significado para o objetivo analítico escolhido.

Essa técnica de análise desenvolveu-se em três fases. A primeira foi a pré-exploração do material, por meio da leitura flutuante, que objetiva estabelecer contato com os documentos e conhecer o texto, buscando impressões e orientações. Foram feitas várias leituras de todo o material, buscando apreender, de uma maneira total, as ideias principais e os significados gerais.

Na segunda fase, selecionaram-se as Unidades de Registro (UR) ou significação. Em conformidade com os objetivos da investigação, foram construídos os recortes das falas dos atores sociais. Tais unidades receberam um código referente à letra G e numeração cardinal sequencial de 1 (referente a turma de 2012) e 2 (referente a turma de 2013).

Na terceira fase, houve a categorização, que correspondeu a uma operação de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, posteriormente, por reagrupamento pela convergência ou divergência das UR, constituindo categorias.

O presente estudo faz parte de uma pesquisa matriz, que buscou acompanhar e avaliar o processo de implantação do PPC de 2009 a 2014, bem como apontar sua inovação didático-pedagógica (protocolo 026/2009 do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFG).

RESULTADOS

Este processo de avaliação grupal foi realizado com 54 componentes grupais, sendo que 49 eram do sexo feminino, com média de idade de 23 anos. Todos participaram efetivamente de todo o processo grupal, instituído pela disciplina de Grupos em Saúde, o qual era orientado pela professora coordenadora. Após o processo de análise dos dados emergiram três categorias: “Aprendizagem da técnica de grupo a partir da realização do grupo”, “O grupo no enfrentamento, reflexão e gerenciamento de conflitos”, “Indicações e ponto fraco” (Quadro 1).

Quadro 1
Categorias emergidas do processo de análise da pesquisa e respectivos agrupamentos de Unidades de Registro. Goiás, 2012, 2013

A análise apontou a construção de conceito sobre grupos, identificação do grupo como um instrumento de enfrentamento, e superação de estereótipos, conflitos e dificuldades, além da indicação desse tipo de intervenção em diversos contextos.

DISCUSSÃO

Os aprendizes se apropriaram do conceito de GO e descreverem o grupo segundo seus critérios. O GO é uma técnica conduzida por um processo de aprendizagem ocorrido nas interações uns com os outros, que, ao se expressarem e ouvirem o outro, têm a oportunidade de elaborarem suas próprias questões. O GO tem seu fator terapêutico conduzido pela aprendizagem6Bastos ABBI. A técnica de grupos- operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Rev. Psicologia Ensino e Formação [periódico na internet]. 2011 jan/dez; [citado 2013 jun 12]; 14(14): [aprox.11 telas]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1415-88092010000100010&script=sci_arttext
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O grupo se constitui em operativo quando existem pessoas que compartilham o mesmo ambiente, com objetivos em comum e que trabalham coletivamente para alcançá-los, estabelecendo metas e estratégias, e centrando-se na realização de tarefa. Nesse contexto os participantes assumem e adjudicam papéis, permitindo a visão diversificada e o desempenho crítico diante das situações reais, bem como a construção coletiva de atitude (des)alienantes, isto é, em um mesmo ambiente, decisões são tomadas considerando as diversidades e em meio da disposição para o trabalho grupal. Essas são condições necessárias para a abordagem em GO, constituindo ambiente favorável para transformação do ensino-aprendizagem7Grando MK, Ferreira SR, Dall’Agnol CM, Olschowsky A. El interjuego de papeles em el processo enseñanza - aprendizaje a partir de La técnica de grupo operativo. Rev. Panamericana de Enfermería. 2005 jul;3(2):146-52..

Dentro dessa concepção de GO, identifica-se a figura do coordenador, que representa um integrante facilitador da aplicação de técnicas grupais. Este conduz o grupo e preocupa-se em manter uma atmosfera acolhedora e interativa a todos os participantes. Também se atenta às necessidades do grupo, como o desenrolar de papéis, e o acolhimento de ideias e reflexões, trazendo a discussão e a centralização de temas para uma investigação mais complexa1010 Oliveira RAO, Ciampone MHT. Qualidade de vida de estudantes de enfermagem: a construção de um processo e intervenções. Rev. Esc. Enferm. USP [on line]. 2008 nov/fev; [citado 2015 abr 14];42(1):[aprox.9 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n1/08.pdf
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O coordenador, juntamente do observador, deve fazer uma análise clara e objetiva das questões listadas pelos constituintes do grupo1010 Oliveira RAO, Ciampone MHT. Qualidade de vida de estudantes de enfermagem: a construção de um processo e intervenções. Rev. Esc. Enferm. USP [on line]. 2008 nov/fev; [citado 2015 abr 14];42(1):[aprox.9 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n1/08.pdf
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. O observador tem papel importante na avaliação das intervenções no grupo, a partir de sua atividade de registro e identificação do conjunto de interações no grupo. Sua função torna-se pouco ativa no setting grupal, contudo, apreende significativas impressões expressas pela alocução dos participantes, como sentimentos ocultos em falas, caracteres e comunicação não verbal. Esse rico material, produzido pela prática do observador, auxilia sobremaneira na análise do desempenho GO1111 Pichon-Rivière E. O processo grupal. São Paulo: WMF Martins Fontes; 2009..

Para tanto, observador e coordenador necessitam de entendimento de seu papel no grupo em uma abordagem prática-teórica1111 Pichon-Rivière E. O processo grupal. São Paulo: WMF Martins Fontes; 2009., no sentido de aplicá-lo como instrumento de ensino-aprendizagem que possibilite a reflexão de conceitos e conflitos pessoais. Esse momento permite ao indivíduo estabelecer um processo de mudanças para resoluções, encontrando seu próprio caminho, por meio das reflexões que surgem durante a participação no grupo. Esse aparato de respostas à aprendizagem fica claro ao se assimilar a construção de uma ponte de conhecimento estabelecido em um ambiente integrador e positivo, como a estratégia de sobreposição de papéis de componentes do grupo1212 Franco EM, Volpe AJ. Sentidos para formação em grupo de reflexão. Rev. Psicologia: Ensino e Formação [on line]. 2011 dez/ago [citado 2015 abr 14];2(1):[aprox.10 telas]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pef/v2n1/04.pdf
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Para tal compreensão, apreende-se “papel” tal qual a concepção de Jacob Levy Moreno: a conduta e o posicionamento da pessoa diante da sua rede de interações, considerando sua individualidade e o contexto grupal. Quando um papel é adjudicado, entende-se que este é o papel necessitado pelo grupo. Como, exemplo, naquele espaço, quem assumiu o papel de porta-voz foi o membro mais sensível à ansiedade grupal e atuante como um captador dos problemas subjacentes. São nesses movimentos de adjudicação e de assunção de papéis que o grupo se encaixa e se articula1111 Pichon-Rivière E. O processo grupal. São Paulo: WMF Martins Fontes; 2009..

Assim, o interjogo de papéis no grupo favorece a abordagem de contextos e conhecimento diversificados, promovendo a plasticidade das relações, e o sentido de coparticipação e autonomia no próprio processo de ensino aprendizagem e na condução das relações. Nesse espaço, o professor é mediador de reflexões e discussões, no desempenho de disseminador do saber e organizador do interjogo de papéis dos integrantes do grupo7Grando MK, Ferreira SR, Dall’Agnol CM, Olschowsky A. El interjuego de papeles em el processo enseñanza - aprendizaje a partir de La técnica de grupo operativo. Rev. Panamericana de Enfermería. 2005 jul;3(2):146-52..

Por vezes, o professor é o coordenador do grupo e, no âmbito da aprendizagem, um fenômeno imprescindível é a avaliação, que, considerando as diretrizes pichonianas, identificou-se, na análise dos dados, uma proximidade com a concepção da avaliação formativa. Esta se reporta como um método que auxilia no processo de ensino-aprendizagem, por meio dialógico professor-aprendiz, na construção de conhecimento, auxiliando na identificação de efeitos positivos ou negativos, e no empoderamento de ações reflexivas pelos alunos com levantamento de hipóteses1313 Silva EMD. A virtude do erro uma visão construtiva da avaliação. Rev. Estudos em Avaliação Educacional [periódico na internet]. 2008 jan/abr; [citado 2015 abr 14]; 39(19):[aprox.24 telas]. Disponível em: http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1420/1420.pdf
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Para tanto, a avaliação formativa supera modelos normativos, ao designar meios que contrapõem esse efeito somático, alicerçando estratégia para melhoria de métodos de ensino-aprendizagem. De certa forma, o docente estimula o aprendiz a uma autoavaliação, e à busca de um saber que vai além do que está explícito em avaliações de ensino tradicional, instituindo métodos de verificação de aprendizagem diversificados, com intuito formativo, como portfólios, diários, relatos, entre outros1313 Silva EMD. A virtude do erro uma visão construtiva da avaliação. Rev. Estudos em Avaliação Educacional [periódico na internet]. 2008 jan/abr; [citado 2015 abr 14]; 39(19):[aprox.24 telas]. Disponível em: http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1420/1420.pdf
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Dentre as atividades propostas para avaliação das técnicas e o caminho desempenhado no grupo, o diário (de bordo) compreende o relato de conceitos e valores não perceptíveis durante as atividades do grupo, sendo fonte de arquivo de dados evidenciados pelos integrantes durante o processo grupal, que permite aos integrantes expressarem quanto a anseios, necessidades, angústias, sentimentos ou dúvidas. Esse processo de ganho sobre as relações corrobora um acréscimo subjetivo e profissional1010 Oliveira RAO, Ciampone MHT. Qualidade de vida de estudantes de enfermagem: a construção de um processo e intervenções. Rev. Esc. Enferm. USP [on line]. 2008 nov/fev; [citado 2015 abr 14];42(1):[aprox.9 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v42n1/08.pdf
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Nesse sentido, o GO busca o “aprender a pensar” nos moldes da resolução dos problemas originados e apresentados no espaço grupal, no “aqui-agora-comigo”, e, nesse ambiente de trocas de experiências teórico-prática, possibilita uma inter-relação de aprendizagem1111 Pichon-Rivière E. O processo grupal. São Paulo: WMF Martins Fontes; 2009.. Principalmente, nesse contexto, foi a comunicação em suas variadas formas e o fenômeno percebido entre os participantes da pesquisa que determinaram a expressão de ideias e o treinamento da escuta, o que denominaram como “ouvir”.

O fato de terem apreendido a “ouvir”, para os alunos, não foi relativo à capacidade fisiológica auditiva, mas sim no sentido de saber ouvir como escuta. O escutar se torna algo mais complexo e profundo. Do ponto de vista grupal, a escuta é uma desencadeadora de análise, pois se refere a um contexto oculto e abstrato6Bastos ABBI. A técnica de grupos- operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Rev. Psicologia Ensino e Formação [periódico na internet]. 2011 jan/dez; [citado 2013 jun 12]; 14(14): [aprox.11 telas]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1415-88092010000100010&script=sci_arttext
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O coordenador, como peça-chave para a análise, torna-se um apurador de fatos e escuta, proporcionando uma abordagem em relação aos conflitos e interjeições explícitos no grupo, que norteiam discussões e controvérsia. O desenvolver de técnicas de escuta, dentro do grupo, permite uma instrumentalização eficaz para a resolução de questões pertinentes aos integrantes, que assumem seus papéis posicionando-se de maneira ativa dentro do contexto2Lin ZC. Comparison of technology-based cooperative learning with technology-based individual learning in enhancing fundamental nursing proficiency. Nurse Education Today [on line]. 2013 mai;[citado 2015 abr 14];5(33):[aprox.6 telas]. Disponível em: http://www.nurseeducationtoday.com/article/S0260-6917(11)00340-6/fulltext
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,6Bastos ABBI. A técnica de grupos- operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Rev. Psicologia Ensino e Formação [periódico na internet]. 2011 jan/dez; [citado 2013 jun 12]; 14(14): [aprox.11 telas]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?pid=S1415-88092010000100010&script=sci_arttext
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Logo, a comunicação entre os constituintes do grupo permite a expressão de múltiplos conceitos, sentimentos e identificações salutares, caracterizados como distribuidores e desencadeadores de crescimento e do desenvolvimento, por meio da técnica grupal. A identificação pessoal transforma o processo em dinâmico e aplicado, correlacionando-o com a identificação projetiva, que é um ponto de referência da formação da empatia no grupo. Esses métodos estão arraigados ao desenvolvimento pessoal, à integração entre participantes e às identificações de anseios que se reportam à avaliação do método adotado1414 Cavallari MLR, Mosqueta MS. Reflexões a respeito da identificação projetiva na grupo terapia psicanalítica. Rev. SPAGESP [on line]. 2007 jun;[citado 2015 abr 14];1(8):[aprox.8 telas]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rspagesp/v8n1/v8n1a06.pdf
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O enfrentamento de discussões e conflitos no grupo é algo inerente ao processo grupal, tanto nos níveis organizacionais, em grupo de indivíduos proativos ou institucionais1515 Silva NIA, Puente-Palacios K. Desenvolvimento e validação de escala de conflitos intragrupos - ECIG. Psico-USF [online]. 2010 mai/ago;[citado 2015 abr 14]; 5(2):[aprox.9 telas]. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712010000200008
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. Os aprendizes, ao passarem por várias mudanças durante sua adequação à rotina da instituição, vivenciaram diversificadas relações, como anseios profissionais que expõem o indivíduo a situação de angústia e ansiedade. Esse processo causa uma sobrecarga emocional e afetiva. De acordo com esse contexto alarmante, graduandos necessitam de um espaço de encontro e reflexão e, o grupo proporciona esta vivência na díade, relação de conflito e elaboração de enfrentamento1616 Corrêia AK, Souza MCBM, Saeki T. Transição para o exercício profissional em enfermagem uma experiência de grupo operativo. Esc Anna Nery [on line]. 2005;[citado 2015 abr 14]; 9(3):[aprox.8 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v9n3/a10v9n3.pdf
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A dialética entre o movimento no grupo possibilitou a amplificação de recursos dos alunos, em virtude da construção de relações entre a história vertical (de cada um dos participantes) e história horizontal (de todos, interagindo) do grupo1111 Pichon-Rivière E. O processo grupal. São Paulo: WMF Martins Fontes; 2009., criando a possibilidade da abordagem do diferente/contraditório e da totalidade das situações e, consequentemente, dos conflitos. Com efeito, perceberam-se o crescimento grupal e o envolvimento social. Todo esse processo foi identificado e somado a experiência pessoal do discente.

A técnica de GO objetiva promoção do crescimento e desenvolvimento dos participantes, propondo metas comuns de ganhos e contribuindo com ações nas diversas experiências vivenciadas por cada indivíduo. Logo, há um enriquecimento de papéis e da aprendizagem, e o conhecimento se torna amplo. Como empregado no modo de aprendizagem nas áreas da saúde, o enfermeiro, como um cuidador, necessita de uma visão integralizada das possíveis experiências, atuando como integrante primordial no desempenho e na dissolução de ideias e contribuições pertinentes ao grupo. Nesse contexto, o enfermeiro carece de uma abordagem reflexiva de formas de cuidado e implementações de técnicas, que visem a uma melhor adesão e a resultados do cuidado1717 Baggio MA, Monticelli M, Erdmann AL. Cuidando de si, do outro e “do nós” na perspectiva da complexidade. Rev. bras. enferm. [on line]. 2009 jul/ago;[citado 2015 abr 14];62(4):[aprox.5 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v62n4/23.pdf
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Por certo, o trabalho em grupo é legitimado por necessidade de diversas áreas científicas, em que técnicas grupais de aprendizagem se constituem em um instrumento primordial e eficaz a se empregarem no meio social1818 Barbato RG, Corrêa AK, Souza MCBM. Aprender em grupo: experiências de estudantes de enfermagem. Esc Anna Nery [on line]. 2010;[citado 2015 abr 14]; 14(1): [aprox.8 telas]. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ean/v14n1/v14n1a08.pdf
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. Isso intensifica os processos de adesão e de resolutividade de conflitos, bem como as estratégias de identificação pessoal, em consonância com a atuação coletiva e solidária. O desempenho das atividades demanda indivíduos proativos, na produção de um amplo e transformador espaço de aprendizagem pelo contato com o outro1818 Barbato RG, Corrêa AK, Souza MCBM. Aprender em grupo: experiências de estudantes de enfermagem. Esc Anna Nery [on line]. 2010;[citado 2015 abr 14]; 14(1): [aprox.8 telas]. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ean/v14n1/v14n1a08.pdf
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Ante o exposto, a indicação dos alunos para aplicação do GO na vida, entre os familiares, na formação e atuação profissional sugere uma necessidade de mudar a qualidade das relações atuais, em busca de se ampliar a visão do outro e de superar o individualismo.

Em conformidade, o GO tornou-se um alicerce a enfoques e abordagens na atuação multidisciplinar, como apoio oferecido ao aluno de psicologia no decorrer de sua formação1212 Franco EM, Volpe AJ. Sentidos para formação em grupo de reflexão. Rev. Psicologia: Ensino e Formação [on line]. 2011 dez/ago [citado 2015 abr 14];2(1):[aprox.10 telas]. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/pef/v2n1/04.pdf
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, na aplicação de técnicas de pesquisas que tiveram em essência a abordagem ampla do objeto de estudo3Cardoso ASF, Dall’Agnol CM. Processo grupal: reflexões de uma equipe de enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP [on line]. 2011 nov/fev;[citado 2015 abr 14];45(6):[aprox. 7 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n6/v45n6a19.pdf
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, em equipes multiprofissionais de saúde de Estratégias Saúde da Família4Grando MK, Dall’Agnol CM. Desafios do processo grupal em reuniões de equipe da Estratégia Saúde da Família. Esc Anna Nery [on line]. 2010 jul/set;[citado 2015 abr 14]; 14(3):[aprox.7 telas]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ean/v14n3/v14n3a11.pdf
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, além de experiências em grupo terapêuticos[b] [b] Na concepção pichoniana, o grupo terapêutico é aquele que possibilita a desconstrução de mal-entendidos quanto à percepção e à internalização da realidade. Esse processo se dá pela aprendizagem mútua nas relações grupais, tendo como meio essencial a comunicação11. aos pacientes portadores de diabetes e hipertensão5Soares LC, Santana MG, Thofehrn MB, Dias DG. Educação em saúde na modalidade grupal: relato de experiência. Cienc. cuid. saude [on line]. 2009 jan/mar; [citado 2015 abr 14];8(1):[aprox.6 telas]. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/7786/4417
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. O GO se denota como uma prática existente na área da saúde, principalmente, na área de atuação da enfermagem, que ostenta meios de emprego no campo social de técnicas de GO7Grando MK, Ferreira SR, Dall’Agnol CM, Olschowsky A. El interjuego de papeles em el processo enseñanza - aprendizaje a partir de La técnica de grupo operativo. Rev. Panamericana de Enfermería. 2005 jul;3(2):146-52..

Assim, são indispensáveis o oferecimento e a formulação de técnicas, que vão além de simples jogos de informações e significativos teóricos. O profissional enfermeiro possui na bagagem teórica, com métodos de ensino-aprendizagem que podem ser diversificados, transformando-se em um meio de integração entre conceitos de forma mais significativa e em métodos mais participativos e integrativos, como as técnicas grupais5Soares LC, Santana MG, Thofehrn MB, Dias DG. Educação em saúde na modalidade grupal: relato de experiência. Cienc. cuid. saude [on line]. 2009 jan/mar; [citado 2015 abr 14];8(1):[aprox.6 telas]. Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/CiencCuidSaude/article/view/7786/4417
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Além da capacidade de aprender e mudar as relações de aluno e sujeito protagonista em uma dada realidade, os discentes também se autoavaliaram e apontaram as fragilidades com encaminhamentos às soluções. Esse modelo de ensino, fundamentado na teoria de GO, inova em uma realidade que habilita o aprendiz à coparticipação do processo.

Tem-se evidenciado que o ensino brasileiro teme inovações na forma de ensino-aprendizagem, necessitando abarcar a renovação do aprendizado em cursos de formação de profissionais. Desse modo, deve haver preocupação com o conteúdo e, também, com meio de articular no aluno seus recursos psíquicos, fisiológicos e sociais, em função da criatividade, com vista ao aperfeiçoamento de indivíduos pragmáticos8Carraro TE, Prado ML, Silva DGV, Radunz V, Kempfer SS, Sebold LF. Socialização como processo dinâmico de aprendizagem na enfermagem. Uma proposta na metodologia ativa. Rev. Invest. [periódico na internet]. 2011 abr/mai; [citado 2015 abr 14]; 29(2):[aprox.7 telas]. Disponível em: http://aprendeenlinea.udea.edu.co/revistas/index.php/iee/article/view/5073/9198
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. As apresentações de mobilizações relatadas pelos participantes da disciplina inferem que o GO promoveu a articulação de habilidades cognitivas, biológicas e sociais dos participantes do grupo, representando um aprendizado significativo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A experiência de participar de uma disciplina de grupos na modalidade de GO possibilitou aos alunos um conhecimento além da aprendizagem de uma tecnologia. Por certo, identificaram-se outras dimensões, como a cognitiva (obter capacidade para construir argumentações, enfrentar situações-problema, elaborar propostas, indicações e projetos); a pessoal (refletir sobre si mesmo e as relações familiares); dimensão técnica (apreender conceitos e leitura do contexto e aprendizado, em relação a movimentos grupais); a social (mudança no posicionamento diante do outro, construção de relações solidárias e tomada de condutas coletiva); e a política (assunção de papéis sociais mais efetivos, construção de processos interventivos na própria vida e diante da responsabilidade da vida de quem iria cuidar em um futuro próximo).

A técnica de GO permitiu o despertar do aprendiz para futuras relações, que tendem a ser mantidas sólidas para com o outro e, em função do trabalho coletivo, a percepção da relevância da comunicação entre componentes grupais, a sensibilidade para as diferenças, a escuta e o acolhimento das dificuldades foram favorecidos. Observou-se que o grupo se constituiu com um vínculo forte com o trabalho e aplicável nas diversas áreas de abrangência, sobretudo em relação aos benefícios que ele pode proporcionar a uma determinada população, equipe, organização ou indivíduo específico.

Em relação aos resultados obtidos, verificou-se a importância da prática de GO em saúde como construtora de uma formação em enfermagem, no sentido de representar uma ferramenta de intervenção e cuidado, tanto da saúde das pessoas quanto do próprio aprendiz.

O ensino de GO deve ser tomado como garantia para construção de uma nova formação de enfermeiros adicionados como formadores de apreciações, fomentos críticos e reflexivos de atuação, denotando sua importância ao emprego nas práticas de saúde, que deve convir como uma formação integralizada e diversificada, e não somente com um olhar limitado a um sistema. O GO permitiu a abordagem e a apreciação de um contexto real, com base nas experiências vivenciadas.

No entanto, entendem-se as limitações desta pesquisa, que se desenvolveu em um meio de transformações específicas de construção de um PPC e em uma realidade desafiada pela necessidade de inovar, o que pode agregar uma dose a mais de anseio ao processo ensino-aprendizagem. Indica-se a realização de estudos em outros contextos, para o aprimoramento das práticas de ensino de estratégias de grupo na formação do enfermeiro.

  • [a]
    Conjunto de saberes teóricos e práticos aplicados em uma situação real. No caso deste estudo, em uma situação real no âmbito da formação do enfermeiro e na atenção à saúde das pessoas.
  • [b]
    Na concepção pichoniana, o grupo terapêutico é aquele que possibilita a desconstrução de mal-entendidos quanto à percepção e à internalização da realidade. Esse processo se dá pela aprendizagem mútua nas relações grupais, tendo como meio essencial a comunicação1111 Pichon-Rivière E. O processo grupal. São Paulo: WMF Martins Fontes; 2009..

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2015

Histórico

  • Recebido
    12 Ago 2014
  • Aceito
    16 Abr 2015
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