Resumo
Objetivo analisar o conhecimento e as atitudes paternas acerca do aleitamento materno.
Método estudo descritivo transversal, de abordagem quantitativa, realizado com 220 homens-pais de lactentes com idades entre 30 dias a seis meses, vivenciando ou não o processo da amamentação e residindo no mesmo domicílio que o binômio mãe-filho. Os dados foram processados através do software IBM SPSS versão 23.0 for Windows®, sendo realizadas análises univariadas e bivariadas. Utilizou-se como instrumento um questionário, e para processamento e análise estatística a associação de variáveis.
Resultados dos homens-pais estudados, 36,4% não tinham conhecimento sobre vantagens da amamentação, 48,6% não acompanharam as gestantes nas consultas de pré-natal e dos pais que exerciam atividade remunerada, 68,2% relataram auxiliar a mulher-mãe no aleitamento realizando atividades domésticas ou no cuidar de outros filhos.
Conclusão e implicações para a prática evidenciou-se a ausência paterna nas consultas pré-natais e o conhecimento fragilizado quanto ao aleitamento, necessitando o desenvolvimento de estudos que evidenciem sua inserção e a criação de estratégias pelos profissionais de saúde para que esse processo seja vivenciado de maneira satisfatória pelo trinômio mãe-pai-filho.
Palavras-chave: Aleitamento materno; Pai; Conhecimento; Pré-natal; Lactente
Resumen
Objetivo analizar los conocimientos y actitudes del padre sobre la lactancia materna.
Método: estudio descriptivo, transversal, con abordaje cuantitativo, realizado con 220 hombres-padres de lactantes de 30 días a seis meses, que experimenten o no el proceso de lactancia materna y vivan en el mismo hogar que el binomio madre-hijo. Los datos se procesaron con el software IBM SPSS versión 23.0 para Windows® y se realizaron análisis univariados y bivariados. Se utilizó un cuestionario como instrumento y se utilizó la asociación de variables para el procesamiento y análisis estadístico.
Resultados de los hombres-padres estudiados, el 36,4% desconocía los beneficios de la lactancia materna, el 48,6% no acompañaba a las gestantes en las consultas prenatales y de los padres que realizaban actividad remunerada, el 68,2% refirió ayudar a la mujer-madre en la lactancia, realizando actividades domésticas o cuidando a otros niños.
Conclusión e implicaciones para la práctica se demostró la ausencia del padre en las consultas prenatales y el conocimiento debilitado sobre la lactancia materna, por lo que se requiere el desarrollo de estudios que evidencien su inserción y la creación de estrategias por parte de los profesionales de la salud para que este proceso se viva de manera satisfactoria por el trinomio madre-padre-hijo.
Palabras clave: Lactancia materna; Papá; Conocimiento; Atención prenatal; Lactente
Abstract
Objective to analyze the father’s knowledge and his attitudes about breastfeeding.
Method a descriptive cross-sectional study, with a quantitative approach, carried out with 220 men-fathers of infants aged 30 days to six months, experiencing or not experiencing the breastfeeding process and living in the same household as the mother-child binomial. The data were processed using IBM SPSS software version 23.0 for Windows®, and univariate and bivariate analyzes were performed. A questionnaire was used as an instrument, and the association of variables was used for processing and statistical analysis.
Results of the men-fathers studied, 36.4% were unaware of the benefits of breastfeeding, 48.6% did not accompany the pregnant women in prenatal consultations and the parents who exercised paid activity, 68.2% reported helping the woman-mom in breastfeeding performing domestic activities or taking care of other children.
Conclusion and implications for practice the father's absence in prenatal consultations and weakened knowledge about breastfeeding were evidenced, necessitating the development of studies that demonstrate their insertion and the creation of strategies by health professionals so that this process is experienced satisfactorily by the mother-father-son trinomial.
Keywords: Breast feeding; Father; Knowledge; Prenatal care; Infant
INTRODUÇÃO
A amamentação é um processo que vai além de nutrir a criança, envolve interação profunda entre mãe e filho, que irá trazer repercussões no estado nutricional do lactente, sua capacidade de se defender de infecções, em seu estado fisiológico e desenvolvimento cognitivo e emocional, promovendo também implicações na saúde física e psíquica da mãe.1 Além disso, o Aleitamento Materno (AM) é um fenômeno que ultrapassa o desejo e a decisão autônoma das lactantes, sendo possível identificar outros fatores que interferem nesse processo.2
Com relação à influência na qualidade de vida, a amamentação é tida como ponto positivo, já que crianças amamentadas adoecem com menor frequência e necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos. Sua realização também pode influenciar na redução dos gastos relativos tanto para a família quanto ao governo, como também, a diminuição no absenteísmo dos pais no ambiente de trabalho e situações estressantes para a família e sociedade.3
Nesse contexto, é pertinente considerar os dados da II Pesquisa de Prevalência em Aleitamento Materno nas capitais brasileiras e Distrito Federal, realizada em 2008, que mostrou elevação na média do Aleitamento Materno Exclusivo (AME) em comparação ao ano de 1999, que apresentou 23,4 dias em comparação com 54,1. Apesar dessa elevação, o resultado ainda se encontra inferior à meta esperada que é de 180 dias,4 sendo necessário então o desenvolvimento de estratégias que visem a redução de aspectos que interfiram na continuidade do aleitamento.
Dentre os fatores apontados na literatura para baixa prevalência do AME, está a falta de apoio à mulher pelos familiares e especialmente pelo pai. A taxa de AM é aumentada de acordo com o envolvimento dos pais nesse processo e a satisfação das mães quanto à participação destes, auxiliando diretamente na eficácia do aleitamento.5 Porém, a sua participação no contexto da amamentação é cercada por dificuldades e incertezas, já que o enfoque da assistência é voltado ao binômio mãe-filho, excluindo a atuação paterna do acompanhamento gravídico-puerperal e, consequentemente, promovendo fragilidade quanto ao conhecimento e auxílio do mesmo na amamentação.6-8
A literatura evidencia ainda que a participação paterna possibilita maior conhecimento sobre as mudanças que ocorrem nesse período, estímulo para sua cooperação ao cuidar da criança, suporte à puérpera para continuação da amamentação e diminuição de angústias e encorajamento para superação de obstáculos que poderão dificultar o seguimento do AME.9
É perceptível também que o desejo de conhecer e levar experiências reais para os pais auxilie no desenvolvimento de estratégias para inserção e apoio paterno nesse processo, viabilizando ratificar ou fundamentar a importância da sua participação na amamentação, além de desenvolver um olhar diferenciado para família, profissionais de saúde e sociedade geral quanto à participação deste.10
Diante do exposto, compreendendo a importância da participação paterna no processo de amamentação, objetivou-se analisar o conhecimento e as atitudes paternas acerca do aleitamento materno.
MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo transversal, de abordagem quantitativa, que utilizou dados secundários11 provenientes do banco de dados da tese de doutoramento intitulada “Fatores paternos influenciadores do diagnóstico de enfermagem Amamentação interrompida”, desenvolvido em um município do interior da região Nordeste.
O banco de dados usado para este estudo foi elaborado a partir de dados coletados junto aos trinômios mãe-pai-filho com cadastro domiciliar/familiar em unidades da Estratégia Saúde da Família (ESF) do município de Juazeiro do Norte, Ceará, no período de junho a dezembro de 2017. Vale ressaltar que para este estudo foram utilizados exclusivamente os dados coletados com os homens-pais mediante aplicação de questionário específico à figura paterna.
A partir do arquivo original, foi gerado um banco ad hoc de dados para responder aos objetivos próprios do presente estudo, do qual foram retiradas as variáveis socioeconômicas, que buscavam caracterizar o perfil dos participantes; de conhecimento relativo ao AM e sua importância; e de atitudes que dizem respeito a comportamentos paternos de incentivo e apoio à amamentação.
Os dados foram fornecidos por homens-pais de lactentes com idade maior ou igual a 30 dias e menor ou igual a seis meses, que estivessem vivenciando ou não o processo de AM e que residissem no mesmo domicílio que o binômio.
Foram excluídos os homens-pais com transtornos cognitivos ou psiquiátricos, pais de prematuros que nasceram com idade menor que 37 semanas de gestação e em casos de contraindicações materna ou infantil para amamentar.
A amostra do estudo foi constituída por 220 homens-pais de lactentes com idade entre 30 dias a seis meses de vida que atenderam aos critérios de inclusão e que estavam distribuídos entre as 32 Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município em questão.
O banco de dados foi tabulado e organizado através do software Excel® versão 2013. Quanto ao processamento e análise estatística dos dados, foi utilizado o software IBM SPSS versão 23.0 for Windows® que possibilitou associação de variáveis do estudo. Quanto às análises, foram realizadas análises descritivas e de frequência simples expressas em formas de tabelas, incluindo valores absolutos, percentuais e medidas de tendência central.
O presente estudo atende aos requisitos éticos e legais das pesquisas envolvendo seres humanos. Portanto, o projeto original do qual este estudo resulta, intitulado “Fatores paternos influenciadores do diagnóstico de enfermagem: Amamentação interrompida” foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Regional do Cariri (CEP – URCA), em cumprimento às recomendações da Resolução n° 466/12, referente às pesquisas desenvolvidas com seres humanos,12 recebendo parecer favorável sob o n° 2.081.313 de 25 de maio de 2017 e CAAE: 64031417.1.0000.5055. Além disso, foi solicitada junto à Secretaria Municipal de Saúde de Juazeiro do Norte – CE, a autorização para realização da pesquisa e encaminhadas cópias do projeto e do parecer do CEP. A coleta de dados ocorreu mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) pelos homens-pais.
RESULTADOS
Para a caracterização da amostra, foram obtidos dados referentes ao estado civil dos participantes, idade, renda familiar e número de membros por família. Quanto ao estado civil, 58,6% dos entrevistados afirmaram ser casados, apresentaram uma idade média de 29 anos, renda familiar mediana de R$ 1.200,00. A mediana para a variável número de membros da família foi de 4 pessoas.
Foram realizados cruzamentos de variáveis, afim de esclarecer questões acerca do conhecimento paterno sobre a importância da amamentação, identificação de atitudes de incentivo ao AM e a relação da importância do seu apoio com a continuidade do processo de aleitar.
Na Tabela 1, foi estabelecida a relação entre os anos completos de estudo do homem-pai e seu conhecimento quanto às vantagens da amamentação, onde obteve-se que um total de 140 homens-pai conheciam as vantagens do aleitamento materno, destes, 57,1% possuíam entre 8 a 10 anos de estudo e 36,4% correspondiam à categoria 11 a 14 anos, totalizando, 73,5% homens-pai possuíam de 8 a 14 anos de estudo. O desconhecimento quanto aos benefícios da amamentação foi referido por 36,4% dos participantes, com maior prevalência no estrato entre 8 a 10 anos completos de estudo, perfazendo 41,3% homens-pais, 4 a 7 anos de estudo, correspondendo a 27,5% e 11 a 14 anos de estudo, perfazendo 22,5% homens-pais que desconheciam os benefícios advindos da amamentação.
Relação entre conhecimento do pai sobre a vantagem do aleitamento materno e anos completos de estudo (n = 220). Crato, CE, Brasil, 2020.
Na Tabela 2, foi possível associar o acompanhamento paterno às consultas de pré-natal, as crenças e atitudes dos homens-pais com relação ao leite materno ser suficiente para nutrir o seu filho até o sexto mês de vida e se havia o incentivo paterno de outros tipos de alimentos, além do leite materno nesse período.
Acompanhamento às consultas de pré-natal, crenças e atitudes paternas acerca do leite materno (n = 220).
Do total de homens-pais entrevistados, 51,4% acompanharam a sua esposa durante as consultas de pré-natal, destes, 55,8% referiram acreditar que o leite materno é suficiente para nutrição adequada até o sexto mês de vida e 44,2% homens-pais relataram que a amamentação exclusiva não era suficiente para suprir as necessidades nutricionais do seu filho.
Já os homens-pais que não acompanharam as esposas nas consultas, totalizaram 48,7%, destes 61,7% relataram que o leite materno é suficiente para a nutrição adequada do seu filho e 38,3% relataram que ofertar só o leite materno é insuficiente para a nutrição adequada do neonato.
Quanto ao incentivo sobre a oferta de alimentos à criança, o leite materno foi o mais referido entre os participantes, o qual foi apontado por 94,7% dos homens-pais que acompanharam as esposas nas consultas de pré-natal, e por 92,5% dos homens-pai que não acompanharam as esposas nestes atendimentos. Logo em seguida, foram relatados o incentivo de outros tipos de alimentos, como leite artificial, água, chá e outros tipos como frutas, legumes, papinhas, entre outros, sendo o leite artificial e a água os mais relatados, com 46% e 28,3% respectivamente, para os que acompanharam a esposa nas consultas de pré-natal.
De acordo com os dados apresentados na Tabela 3, 201 homens-pais exerciam atividade remunerada, destes, 68,2% relataram auxiliar a companheira nas atividades domésticas ou no cuidar de outros filhos, e 31,8% referiram não ajudar a puérpera para que fosse possível a amamentação do lactente. Em contraste, 8,6% dos homens-pais não possuíam vínculo empregatício, sendo que destes, 84,2% contribuíam nessa etapa e 15,8% não desenvolviam atividades a fim de assistir à mulher-mãe no processo do AM.
Trabalho paterno remunerado e sua participação no auxílio à mulher-mãe nas tarefas de casa ou no cuidado com outros filhos para que ela consiga amamentar (n = 220).
DISCUSSÃO
Mediante a realização da pesquisa, foi possível evidenciar alguns aspectos que ainda são pouco discutidos para o sucesso da amamentação, que é o conhecimento e a participação paterna no processo do AM. Além disso, os resultados obtidos podem dar suporte às atividades dos profissionais que atuam com o trinômio para o fortalecimento desse processo, como também subsídios para o desenvolvimento de mais estudos que englobem não somente o binômio mãe-filho, mas também o pai.
Foi possível destacar que os anos completos de estudo do pai são importantes para o conhecimento deste sobre as vantagens da amamentação. Aspectos associados ao esclarecimento acerca do manejo da amamentação e o nível de escolaridade dos participantes foram também expressos em outro estudo, onde esses e outros fatores favoreceram a harmonia, formação de vínculos, assiduidade e participação efetiva dos entrevistados.13
Os níveis escolares intermediários na pesquisa em questão, obtiveram um maior percentual referente ao desconhecimento sobre as vantagens do AM, tornando evidente que nem sempre quanto maior o grau de escolaridade, maior a compreensão sobre a temática, visto que, dos pais que se enquadravam entre 11 a 14 anos de estudo, 18 (22,5%) não conheciam as vantagens referente a amamentação. Pode-se entender que o conhecimento paterno, pode estar associado a outros fatores e não somente a escolaridade.
Evidenciou-se ainda que o fato de ter acompanhado as gestantes nas consultas de pré-natal não influenciou na crença de que o leite materno seja suficiente para nutrição adequada do lactente até o sexto mês de vida, como é preconizado.14 A maior parte dos pais que não acompanhou o pré-natal (n = 107, 48,63%) acreditava que o leite materno era suficiente para nutrir o seu filho adequadamente (n = 66, 61,7%), o que se pode entender que sua ausência nas consultas não causou influência na sua crença sobre o leite materno.
Portanto, torna-se essencial o questionamento sobre que ações de promoção da amamentação são desenvolvidas durante as consultas de pré-natal pelos profissionais e que medidas são executadas para estimular a inserção do parceiro, visto que, o Guia do Pré-Natal do Parceiro para Profissionais de Saúde - PNAISH preconiza como uma das ações importantes, a orientação de como o pai pode estimular a puérpera a amamentar, além de auxiliar nas tarefas domésticas e no cuidar da criança.15
Nota-se também que, apesar de os pais que participaram das consultas (n=113, 51,36%) acreditarem que o leite materno é suficiente para nutrição (n= 63, 55,8%), grande parte incentivava o oferecimento de leite materno, mas também outros tipos de alimentos, como chá, leite artificial, água e outros tipos de nutrientes, o que atesta incoerência.
Em outro estudo,9 é referido pelos autores que a quantidade de pais que não recebiam orientações no pré-natal sobre a amamentação, é preocupante, e que a participação ativa dos profissionais responsáveis pelo pré-natal, em especial o enfermeiro, é fundamental para promoção do aleitamento e inclusão do pai nesse processo, sendo necessário maiores investimentos em ações educativas e de encorajamento para a participação paterna de forma efetiva, favorecendo assim ao sucesso da amamentação.
Apesar de ainda ser uma fragilidade, é perceptível o progresso na inclusão paterna, pois o homem-pai está desenvolvendo ações não só na provisão material ou do sustento familiar, mas também referentes à participação ativa do cuidar à criança, além de buscar o fortalecimento do vínculo e suporte à companheira e por essa razão o estímulo à sua participação é essencial para a execução da paternidade.16
A participação do homem nas consultas auxilia na melhoria das condições de saúde da mãe, da criança e do próprio homem-pai, porém, ao invés de captar esses parceiros, os serviços de saúde acabam distanciando-os, seja pela cobrança e o não reconhecimento de valores ou pelas possibilidades paternas. O ato de colocar mais uma cadeira na sala de pré-natal destinada ao acompanhante deveria ser um tipo de ação simples, apesar de causar toda a diferença nas unidades de saúde e no envolvimento paterno neste processo.17
Além disso, faz-se necessário refletir sobre a formação dos profissionais de saúde, já que durante a formação acadêmica os temas abordados sobre amamentação dizem respeito apenas ao binômio, excluindo o pai deste processo. Esta falha é também evidenciada na atuação profissional nos serviços de saúde, onde não são desenvolvidas capacitações para receber e assistir os pais, situação que deve ser repensada no desenvolvimento das políticas de educação permanente e continuada dos serviços de saúde.13
Mediante os dados obtidos foi possível perceber ainda que apesar de a maioria dos parceiros exercerem atividade remunerada (n= 201, 91,36%), grande parte dos entrevistados auxiliavam a mulher-mãe para que ela pudesse amamentar (n= 137, 68,2%), seja na realização de atividades domésticas ou relativas ao cuidar, fatores esses que proporcionam o empoderamento materno e seu desejo em dar continuidade a esse processo de forma mais tranquila tendo a figura paterna como auxílio.18
O companheiro mostra-se como a principal referência da mulher no convívio domiciliar, configurando-se como a pessoa mais próxima, sendo, consequentemente, a pessoa com quem a mesma irá contar para realização de cuidados no auxílio ao aleitamento, dessa forma, é perceptível que o homem vem adquirindo cada vez mais uma posição igualitária no cuidado com o filho, bem como quanto às tarefas domésticas.19
Portanto, o desenvolvimento de intervenções relativas ao AM que estimulem a inserção dos pais torna-se necessário, visto que, promove um aumento significativo quanto ao início e durabilidade do processo de amamentação, sendo também importante o desenvolvimento de estudos que englobem a eficácia de estratégias que visem a inclusão da figura paterna neste processo.20
CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA
Evidenciou-se que os homens-pais ainda apresentam conhecimento fragilizado sobre as vantagens da amamentação e o seu distanciamento quanto à participação nas consultas de pré-natal fragiliza ainda mais a obtenção de informações essenciais sobre as necessidades da criança como também da parceira. Sobre as atitudes paternas de incentivo ao processo da amamentação, a maioria dos pais, apesar de terem vínculo empregatício, contribuíam no incentivo ao aleitamento, a partir do auxílio em atividades domésticas quando presentes no ambiente domiciliar.
Destaca-se ainda a necessidade de desenvolver mais estudos que evidenciem a inserção do pai nesta etapa, para que seja possível a criação de estratégias pelos profissionais de saúde, de forma equânime no intuito de que essa fase seja vivenciada de maneira satisfatória não só para a criança, mas para o trinômio.
Este estudo apresentou como limitação a impossibilidade de analisar a percepção materna sobre a participação dos homens-pais no aleitamento e a influência destes na continuidade do processo, já que, participaram deste estudo somente os homens-pais, aspecto que impediu captar a visão da genitora.
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EDITOR ASSOCIADO
Beatriz Rozana Gonçalves de Oliveira Toso
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
24 Mar 2021 -
Data do Fascículo
2021
Histórico
-
Recebido
25 Nov 2020 -
Aceito
29 Jan 2021