Open-access Perspectivas sobre as necessidades essenciais das crianças na primeira infância no contexto da pandemia da COVID-19: uma revisão integrativa

Perspectivas sobre las necesidades esenciales de los niños en la primera infancia en el contexto de la pandemia de COVID-19: Una revisión integradora

RESUMO

Objetivo  O presente estudo objetiva identificar as perspectivas científicas sobre as implicações da pandemia da COVID-19 na primeira infância, focando nas necessidades essenciais da criança.

Método  Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, que incluiu cinco bases de dados. O processo envolveu a identificação do problema, o desenvolvimento de uma pergunta orientadora, pesquisa na literatura, análise dos dados e síntese dos resultados. Foram incluídos artigos originais que envolviam crianças com menos de seis anos, publicados entre 2020 e 2022. A análise foi conduzida tendo como referencial teórico as necessidades essenciais da criança.

Resultados  Foram examinados 22 artigos. Os resultados indicaram um aumento na sobrecarga e no estresse parental. As crianças apresentaram alterações comportamentais, perturbações no padrão do sono, uso mais frequente de mídias digitais e diminuição de atividades realizadas ao ar livre. Fatores protetores, relacionados ao vínculo familiar, cuidado e acolhimento da criança, foram identificados. O fechamento de creches e escolas distanciou os cuidadores dos profissionais da educação e de outros pais, mas sua reabertura trouxe maior apoio às famílias. Necessidades de relacionamentos contínuos de apoio, experiências adequadas ao desenvolvimento e comunidades solidárias foram mais evidenciadas. No entanto, foram encontrados menos aspectos relacionados à proteção física e ao estabelecimento de limites. Experiências sobre diferenças individuais não foram identificadas.

Conclusão  A pesquisa científica revelou vulnerabilidades substanciais e potencialidades no cuidado à saúde da criança durante a pandemia de COVID-19. Esses resultados sugerem impactos significativos no bem-estar e no desenvolvimento infantil, implicando na necessidade de ações específicas por parte da enfermagem no contexto da Atenção Primária à Saúde.

Palavras-chave:  COVID-19; Criança; Cuidado da criança; Desenvolvimento infantil; Saúde da criança

RESUMEN

Objetivo  Identificar el conocimiento científico acerca de las implicaciones de la pandemia de COVID-19 en la primera infancia desde la perspectiva de las necesidades esenciales de los niños.

Método  Se realizó una revisión integrativa de la literatura en cinco bases de datos, que incluye la identificación del problema, la formulación de una pregunta orientadora, la búsqueda de la literatura, el análisis de los datos y una síntesis de los resultados. Se incluyeron artículos originales que trataban sobre niños menores de seis años y que fueron publicados entre los años 2020-2022. A. El análisis se llevó a cabo utilizando el marco teórico de las necesidades esenciales de los niños.

Resultados  Se analizaron 22 artículos. Se observó una sobrecarga y un incremento del estrés en los padres. Los niños mostraron cambios en su comportamiento y patrones de sueño, un mayor uso de medios digitales y una menor participación en actividades al aire libre. Se identificaron factores de protección relacionados con el vínculo familiar, el cuidado y recibimiento del niño. El cierre de guarderías y escuelas aisló a los cuidadores de los profesionales de la educación y de otros padres, aunque la reapertura proporcionó un mayor apoyo a las familias. Las necesidades más evidentes fueron las de relaciones de apoyo contínuas, experiencias apropiadas para el desarrollo y comunidades de apoyo. Hubo menos énfasis en aspectos de protección física y establecimiento de límites. No se identificaron experiencias respecto a diferencias individuales.

Conclusión  El conocimiento científico destaca vulnerabilidades y aspectos positivos significativos en la atención de la salud infantil que sugieren un impacto en el bienestar y desarrollo de los niños, con repercusiones para el desempeño de los profesionales de enfermería en el ámbito de la atención primaria de salud.

Palabras clave:  COVID-19; Cuidado del niño; Desarrollo infantil; Niño; Salud infantil

ABSTRACT

Objective  Identify scientific knowledge regarding the implications of the COVID-19 pandemic on early childhood, specifically from the perspective of children’s essential needs.

Method  An integrative literature review was conducted on five databases. The review process involved identifying a research problem, creating a guiding question, performing a literature search, analyzing data, and synthesizing the results. The review included original articles about children under six, published between 2020 and 2022. The theoretical framework of the child’s essential needs was used for analysis.

Results  A total of 22 articles were analyzed. Findings indicated an increase in parental overload and stress levels. The children exhibited behavioral changes, sleep pattern disorders, increased digital media use, and reduced outdoor participation. Protective factors related to the familial bond, child care, and child reception were identified. Closure of daycare centers and schools resulted in a distance between the caregiver, the education professionals, and the fellow parents. In contrast, the reopening of those places brought added support to families. The needs, such as ongoing supportive relationships, developmentally appropriate experiences, and supportive communities, were more highlighted. Physical protection and setting boundaries were less prominent aspects. No experiences examining individual differences were identified.

Conclusion  The scientific knowledge points to significant vulnerabilities and certain potentialities in child health care during the COVID-19 pandemic. Those results suggest considerable impacts on child well-being and development and imply significant implications for nursing practices in Primary Health Care.

Keywords:  COVID-19; Child; Child care; Child development; Child health

INTRODUÇÃO

A doença conhecida como COVID-19 afetou um grande número de pessoas em vários países, apresentando variações em sua mortalidade de acordo com a faixa etária e a presença de comorbidades.1 A pandemia da COVID-19 gerou impactos perceptíveis no desenvolvimento de crianças e suas famílias, provocando mudanças comportamentais, dietéticas e na rotina do sono.2 Essa situação foi considerada uma crise de grandes proporções que trouxe desafios significativos para a educação, o cuidado e o bem-estar infantil. Isso resultou em uma necessidade considerável para os pais ou cuidadores se adaptarem a novas responsabilidades, incluindo o cuidado com os filhos e a reorganização da rotina de trabalho. Notavelmente, isso resultou em uma carga desproporcional particularmente sobre as mulheres.3

Os elementos presentes neste contexto podem representar vulnerabilidades que impactam o desenvolvimento infantil. Os primeiros anos de vida, particularmente até os seis anos de idade definidos como a primeira infância, são de extrema importância para as dimensões físicas, emocionais, cognitivas e socioculturais.4 A primeira infância constitui a fundação para a formação e o aprimoramento de habilidades complexas, como atenção, memória, resolução de problemas e juízo crítico. Essas habilidades são influenciadas pelas interações socioemocionais vivenciadas nos primeiros anos de vida e refletem no processo de crescimento e desenvolvimento.4 A falta de cuidados atenciosos e afetuosos na primeira infância pode prejudicar tanto a saúde física quanto socioemocional, aumentando as chances de desfechos desfavoráveis ao desenvolvimento infantil.5

Dada a importância da primeira infância e do apoio parental nos cuidados com a criança,6 é crucial agrupar os conhecimentos científicos sobre as implicações da pandemia da COVID-19 na primeira infância. Isso permite examinar os conhecimentos adquiridos de maneira intrínseca às necessidades essenciais da criança.7 Estas necessidades incluem relacionamentos constantes e sustentáveis; proteção física e segurança; experiências que respeitem as diferenças individuais; experiências apropriadas para o desenvolvimento; estabelecimento de limites; e o suporte de comunidades e continuidade cultural,7 todos considerados essenciais para o crescimento, aprendizado e desenvolvimento adequado das crianças. Portanto, o objetivo deste estudo é identificar conhecimentos científicos sobre as implicações da pandemia da COVID-19 na primeira infância na perspectiva das necessidades essenciais da criança.

MÉTODO

Este estudo é uma revisão integrativa (RI). A estrutura da RI envolveu a identificação do problema, a formulação de uma pergunta orientadora, a pesquisa na literatura, a avaliação e análise dos dados e, finalmente, a apresentação dos resultados.8 A pergunta orientadora foi formada com base na estratégia PICO, um acrônimo que representa P (população): crianças menores de seis anos de idade; I (intervenção): cuidados da criança; C (comparação ou contexto): o contexto da pandemia da COVID-19; e O (outcome/desfecho): implicações para a primeira infância. Assim, a pergunta orientadora foi: "Quais são os conhecimentos científicos atualmente disponíveis sobre as implicações da pandemia da COVID-19 para a primeira infância, considerando as necessidades essenciais da criança?"

A pesquisa da literatura científica foi realizada nas bases de dados CINAHL, MEDLINE, PSYCINFO, SCOPUS e Web of Science, usando descritores em inglês (early childhood, COVID-19 e child development) e português (criança, desenvolvimento infantil e COVID-19). Em relação àcoleta de dados, os critérios de inclusão: considerados foram artigos completospublicados entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022, nos idiomas português, inglês e espanhol, mque traze crianças menores de 6 anos scomo sujeito da pesquisa e discutem a implicações da pandemia da COVID-19 na primeira infância. Os critérios de exclusão foram: artigos de revisão, materiais de sites, web propagandas, comentários, editoriais, cartas ao editor, estudos sem resumos disponíveis e publicações sem acesso online gratuito do texto integral.

A pesquisa foi realizada em janeiro de 2023 por duas pesquisadoras de forma independente, as quais compararam os resultados para identificar semelhanças. Uma terceira pesquisadora ajudou na seleção dos artigos em caso de discrepâncias. A Figura 1 apresenta um fluxograma detalhando a pesquisa nas bases de dados e seleção de artigos.

Figura 1
Fluxograma com o detalhamento do resultado da busca nas bases de dados selecionadas. 2023. Fonte: as autoras.

Dos 4.582 estudos identificados inicialmente, 642 duplicações foram excluídas utilizando o gerenciador de referências bibliográficas EndNote versão X9©. Isso deixou um total de 3.940 estudos. Entretanto, 3.898 desses foram posteriormente excluídos por seus títulos e resumos não atenderem à pergunta direcionadora e aos critérios de inclusão. Dos 42 estudos que restaram, todos foram avaliados integralmente. Após esta etapa de avaliação, 20 estudos foram excluídos por não atenderem aos critérios estabelecidos para inclusão. Consequentemente, um total de 22 artigos científicos foram escolhidos para compor a presente revisão integrativa.

RESULTADOS

O Quadro 1 apresenta as características dos 22 artigos selecionados, de acordo com autoria, país, tipo de estudo, faixa etária da criança e objetivos.

Quadro 1
Características dos estudos incluídos na revisão integrativa. Brasil, 2023.

A pesquisa foi distribuída em diferentes países, com dois estudos realizados em cada um destes países: Alemanha, Austrália, Brasil, Canadá e Estados Unidos da América, e um estudo em cada um dos seguintes países: Chile, China, Colômbia, Coreia do Sul, Espanha, Finlândia, Holanda, Inglaterra, Itália, Portugal e Reino Unido. Adicionalmente, houve um estudo multicêntrico envolvendo Chile, Estados Unidos da América e México.

No que diz respeito à faixa etária na primeira infância, 8 artigos foram dedicados a crianças menores de três anos de idade e 14 abordaram aquelas entre três e seis anos de idade. Em termos do tipo de pesquisa, quatro estudos adotaram uma abordagem qualitativa, enquanto 18 foram realizados com uma abordagem quantitativa.

Na presente revisão integrativa, foram identificados aspectos relacionados às repercussões da pandemia da COVID-19. A partir dos dados, buscou-se estabelecer uma correspondência com as necessidades essenciais da criança. Uma síntese desta análise é apresentada no Quadro 2.

Quadro 2
Descrição das implicações positivas e negativas do contexto da pandemia da COVID-19 e sua correspondência com as necessidades essenciais da criança. Brasil, 2023.

A análise extraiu aspectos correspondentes a cada uma das necessidades essenciais da criança. Estes incluíam: Relacionamentos contínuos de apoio (relações familiares e interação dos cuidadores parentais com a criança), proteção física e segurança (cuidados físicos), experiências que respeitem as diferenças individuais (cuidados orientados à individualidade e especificidade da idade da criança), experiências adequadas ao desenvolvimento (estímulos ao desenvolvimento da criança), estabelecimento de limites (estratégias e métodos para organizar a rotina), e comunidades de suporte (interações com outros setores, como saúde e educação).

Nos resultados relacionados à dinâmica familiar, o estresse dos pais foi um aspecto proeminente. Ele foi identificado predominante nas famílias, particularmente evidente em mães com histórico de transtorno psicológico e em mães solteiras.9-12 Foi apontado que situações com menor status socioeconômico, mães com maior nível de educação, e crianças mais velhas eram mais propensas a apresentar altos níveis de estresse parental.9 O aumento de fatores estressantes tem sido associado ao prolongado convívio familiar em tempo integral em domicílio.13 Adicionalmente, vários estudos revelaram que os cuidadores parentais têm mostrado preocupação com o bem-estar de seus filhos e com o futuro incerto surgido pela pandemia, citando problemas como desemprego, ansiedade e depressão como principais receios.13-15 O estresse materno foi relacionado a uma menor sensibilidade e disponibilidade para o cuidado das crianças.16 No caso de recém-nascidos de mães infectadas pelo SARS-CoV-2, a separação do binômio mãe-filho interrompeu o contato pele a pele, a amamentação e as interações, o que poderia trazer possíveis repercussões para o desenvolvimento infantil.17

Entretanto, também foram observados aspectos positivos, como a divisão das tarefas de cuidado das crianças, reduzindo a sobrecarga e, consequentemente, os níveis de estresse.19 Além disso, esse contexto proporcionou uma maior oportunidade para o fortalecimento e aprofundamento dos relacionamentos familiares.10,14-16, 19 Um estudo em particular indicou que morar com os avós pode ser um fator de proteção ao desenvolvimento na primeira infância.19

Nos resultados mais relacionados aos cuidados físicos das crianças, os estudos identificaram uma diminuição no sono dessas, e possíveis repercussões no desenvolvimento socioemocional infantil foram associadas a mudanças no padrão de sono, estresse e controle emocional materno.20,21 Observou-se que a maior parte das crianças apresentou alterações no sono, tanto em relação à quantidade de horas dormidas quanto ao horário de ir para a cama e acordar, à frequência de despertares noturnos e à ocorrência de pesadelos.15,20,22,23 Além disso, o acesso a dispositivos eletrônicos no quarto durante a noite foi apontado como um fator que contribuiu para uma menor qualidade de sono.24

Outro aspecto relevante foi a relação entre sintomas físicos, comportamento e humor das crianças, que se mostraram mais positivos quando os sintomas físicos estavam ausentes ou reduzidos.25 Ademais, foi identificado que ter um dia estruturado e pré-planejado funcionava como fator protetivo na preservação do bem-estar físico e psicológico das crianças, assim como um ambiente premeditado contribuía para a saúde mental infantil.10,20

Os resultados que retratam as experiências benéficas para o desenvolvimento das crianças apontam para o aumento do tempo de convivência e maior conexão familiar como fatores protetivos.10,20 As atividades enriquecidas por afeto favoreceram o desenvolvimento infantil.26 A preocupação dos pais em fornecer explicações adequadas sobre o que é uma pandemia e as medidas necessárias, sem afetar o bem-estar da criança, também foi destacada.14

Entretanto, estudos também identificaram manifestações comportamentais negativas nas crianças, como o aumento de birras, irritações, brigas com os irmãos, frustrações, dificuldades de escuta e comportamentos de chamar a atenção.9,14,22,27-29 Sinais de hiperatividade e desatenção também foram relatados.20,22 Outro obstáculo decorrente da pandemia foi a redução na prática de atividades físicas e o aumento do comportamento sedentário entre as crianças.24

O isolamento social foi associado a sentimentos de tristeza e solidão e afetou habilidades de desenvolvimento importantes, como a resolução de conflitos e problemas e o pensamento criativo. Comparando-se os períodos antes da pandemia e após a fase mais intensa desta, foi percebido um atraso nas habilidades sociais e emocionais das crianças.29

Quanto à imposição de limites, um estudo indicou que os pais tiveram dificuldades em estabelecer rotinas, oferecer atividades lúdicas e corretivas quando necessário, necessitando frequentemente de ajuda externa.19 Em contrapartida, os sinais e sintomas foram menos evidentes em famílias com rotinas mais estabelecidas, sugerindo que a implementação de cuidados rotineiros é um fator protetor para o desenvolvimento infantil.28

O uso de telas antes de dormir foi associado à dificuldade no controle do temperamento infantil, principalmente para crianças com mais acesso a esses dispositivos.24,30 Os pais que adotaram medidas restritivas, estabelecendo tempo e limites para o uso de telas, foram menos propensos a expor os filhos a um uso excessivo desses dispositivos.30 Nos resultados relacionados às comunidades de apoio e de continuidade cultural, destaca-se o encerramento de creches e escolas durante a pandemia. Isso distanciou os cuidadores parentais de profissionais da educação e de outros pais contribuindo para uma perda da rede de relacionamentos comunitários.13

A reabertura de creches e escolas proporcionou um maior suporte aos cuidadores parentais e às crianças.25 No entanto, o retorno das crianças às creches foi identificado como uma fonte de estresse parental, devido à ansiedade causada pela separação da criança.12 Em contrapartida, os cuidadores parentais reconheceram a importância da escola e apreciaram o esforço dos educadores em fornecer e manter suporte às famílias e crianças.13

As mudanças significativas provocadas pelo contexto da pandemia COVID-19 fizeram com que as famílias adotassem uma percepção mais receptiva em relação às incertezas da vida, além de estimular uma maior proatividade e motivação para alterações na rotina, compartilhamento de responsabilidades e gerenciamento do estresse.29 Situações de vulnerabilidade social foram mais evidentes em famílias lideradas por mulheres, enquanto que fatores protetores foram observados em famílias que participavam de programas de distribuição de renda e em casos onde as crianças residiam com seus avós.19 Nos resultados, não foram identificados elementos que enfocavam os cuidados individuais e específicos à idade da criança, que pudessem refletir suas necessidades de experiências em respeito às suas diferenças individuais.

DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa trazem à luz as implicações positivas e negativas da pandemia da COVID-19 para a primeira infância de crianças, em contextos globais e diversos. Destacou-se a necessidade de relacionamentos contínuos e sustentadores, experiências de desenvolvimento adequadas e comunidades de apoio, com menos foco nas necessidades de segurança física, proteção e estabelecimento de limites. As necessidades de experiências que respeitem as diferenças individuais não foram identificadas de forma específica.

As seis necessidades essenciais para crianças formam uma estrutura teórica para caracterizar as necessidades universais que exigem cuidado, sem as quais as crianças não podem crescer, aprender e se desenvolver adequadamente.7

No que concerne às necessidades de relacionamentos sustentadores contínuos, os resultados indicam predominância de aspectos negativos, exemplificados pelo aumento do estresse parental, sobrecarga e tensões no exercício da parentalidade. No entanto, houve uma maior oportunidade de estreitar e aprofundar os laços intrafamiliares e compartilhar as responsabilidades dos cuidados, que de certa forma ajudaram a aliviar o estresse parental. Da mesma maneira, as famílias preparadas para aceitar as incertezas da vida e com um engajamento parental efetivo colocaram maior ênfase no bem-estar e desenvolvimento da criança.

Os aspectos relativos ao estresse parental foram caracterizados pela projeção dos sintomas e comportamentos parentais nas crianças, com repercussões tanto na relação quanto no comportamento delas. Ressalta-se, então, a importância da resiliência, da promoção da formação do papel parental e das orientações para criar um ambiente seguro que favoreça o desenvolvimento da criança na primeira infância.31

Confrontados com os desafios da pandemia da COVID-19, muitos cuidadores mostraram resiliência, principalmente as mães, mas para muitos outros a falta de apoio, as instabilidades diárias e as dificuldades de acesso aos recursos aumentaram o estresse.32 Um estudo revelou que, embora a maioria das famílias tenha se esforçado para superar adversidades no cuidado doméstico, ocorreram casos de violência instigados por outro membro da família ou, em menor grau, pelos próprios cuidadores, que confessaram se sentir irritados e violentos por perderem a paciência com a criança.33 Portanto, a pandemia da COVID-19 criou impasses e intensificou os desafios para a prática da parentalidade.

Os laços parentais são de grande importância para o desenvolvimento da criança,5 e afetam diretamente as demais necessidades essenciais. Fortalecer a parentalidade é uma ação que precisa ser buscada e construída nas práticas profissionais, considerando sua relevância para o desenvolvimento humano.31

A primeira infância é um período crucial para o desenvolvimento infantil, e seus consequentes impactos duram a vida toda. É importante relembrar a necessidade de estímulos adequados à essa faixa etária para oferecer um aprendizado seguro e saudável.1,5 As experiências apropriadas ao desenvolvimento, que incluem ações destinadas à estimulação, ao brincar e ao acréscimo de novas interações conduzem à autoconfiança e à sensação de aceitação, atenção, cuidado e amor. Ademais, as experiências que respeitam as diferenças individuais, fornecendo um cuidado personalizado para cada criança, desprezando expectativas padronizadas e aceitando diferenças de comportamento, habilidades físicas e sensoriais, também são essenciais nesse estágio importante do processo de desenvolvimento infantil.33

O período de isolamento social foi interpretado positivamente,34 como uma interrupção da rotina habitual das famílias, proporcionando mais tempo para brincar com as crianças. No entanto, também foi destacado que a falta de estímulo proveniente dos cuidadores parentais pode ter impactos negativos no bem-estar social e emocional da criança. Assim, ressalta-se a importância de incorporar atividades específicas para cada faixa etária e habilidades que sejam adequadamente estimuladas, como potenciais contribuintes para um desenvolvimento infantil saudável.

O presente estudo evidencia a importância da estipulação de limites, embora tenha apontado que esse aspecto é uma dificuldade encontrada por cuidadores parentais, especialmente no contexto da pandemia da COVID-19. As alterações na rotina, como a implementação de trabalho remoto (home office), criaram desafios para a conciliação de cuidados com as crianças, trabalho e tarefas domésticas. Em adição, a utilização e o tempo de exposição a dispositivos digitais se tornaram sérios problemas no cuidado das crianças em casa durante a pandemia.35 O maior uso de mídia digital por crianças foi identificado como um fator que permitiu aos pais se concentrarem em outras tarefas.36

O uso de tecnologias digitais faz parte da vida cotidiana, porém é preciso ter cuidado com o uso excessivo de telas por crianças e enfatizar a importância da vigilância, incentivando medidas que promovam a utilização de mídia digital de forma socialmente orientada.36 Nesse contexto, a dificuldade pode abrir espaço para prejuízos no desenvolvimento infantil se considerarmos as necessidades essenciais das crianças. Assim, é imprescindível estabelecer limites adequados, incentivar e reconhecer ações apropriadas. Na pesquisa atual, é crucial enfatizar o papel de uma comunidade de apoio e as oportunidades para uma colaboração entre os setores de saúde e educação. Nesse contexto, ambos setores têm estreita relação com a rotina e o cuidado da criança. No entanto, diante dos impactos da pandemia da COVID-19, além dos efeitos no bem-estar e na saúde mental das pessoas, estudos indicam as repercussões no crescimento das crianças, tais como redução do acesso a serviços de saúde, privação nutricional e pobreza, particularmente agravado em situações já desfavoráveis ou vulneráveis.37

A pandemia da COVID-19 resultou em uma interrupção do relacionamento com profissionais da saúde, limitando as ações de promoção do desenvolvimento infantil devido ao medo de contrair a doença, desanimo e frustração, o que provocou um atraso ou falta de atividades e barreiras para a continuação do acompanhamento infantil com as famílias.38

O fechamento prolongado das creches, conforme mencionado em um estudo,39 trouxe implicações sócio-sanitárias para crianças que vivem em contextos de vulnerabilidade social, agravando ainda mais desigualdades pré-existentes. Desta forma, as dificuldades de aprendizagem comprometem desafios a longo prazo, impondo mais obstáculos para a realização das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.37

Neste percurso, a complementaridade dos serviços mostra-se crucial para a expansão dos resultados, enfatizando o potencial da colaboração entre os setores de saúde e educação no âmbito da APS, respaldada por uma comunidade de apoio. Isso gera um olhar para as necessidades essenciais que estão interligadas e são interdependentes,7 principalmente na primeira infância.

Nesta pesquisa, a referência teórica possibilitou uma análise para distinguir as implicações da pandemia da COVID-19 para crianças, sendo importante notar que a separação entre as seis necessidades não é absoluta. A integração entre elas deve ser vista em uma abordagem articulada para a compreensão do que é essencial ao desenvolvimento saudável na primeira infância.

CONCLUSÃO

Os conhecimentos científicos da RI destacam aspectos negativos e positivos da pandemia da COVID-19 sobre o desenvolvimento da criança na primeira infância. A análise dos resultados demonstra vulnerabilidades e potencialidades importantes para a atenção à saúde da criança, que podem afetar seu bem-estar e desenvolvimento, principalmente em relação às suas necessidades essenciais.

Este estudo traz valiosos elementos para os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) e tem implicações diretas para a prática de enfermagem, seja em visitas domiciliares ou em consultas, bem como no trabalho intersetorial na comunidade. Os resultados indicam que a pandemia da COVID-19 tem impactos consideráveis sobre as crianças e suas famílias, criando situações longitudinais e desiguais. Neste cenário, a APS desempenha um papel crítico.

No processo de cuidado infantil, é importante prestar mais atenção às situações do dia a dia para identificar as vulnerabilidades e trabalhar para reduzi-las. Portanto, no cuidado de enfermagem, intervenções oportunas, criativas e que promovam a saúde e o desenvolvimento individual e coletivo são essenciais. É importante formar parcerias com as famílias para um cuidado integral da criança, fornecendo o suporte necessário para construir corresponsabilidades e fortalecer o desenvolvimento pleno.

O estudo tem limitações relacionadas à seleção de artigos completos focados nas implicações socioemocionais da criança e parentalidade, publicados entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022. Outros aspectos relacionados ao processo da pandemia da COVID-19 estavam em estudo e análise e não foram analisados aspectos relativos à proteção física e segurança nas situações de aumento de exposição a acidentes domésticos e atendimentos em unidades de emergência e urgência, entre outros. Assim, estudos referentes a este período requerem a continuidade de análises pela complexidade das repercussões longitudinais implicadas no objeto de investigação.

  • FINANCIAMENTO
    O presente trabalho foi realizado com o apoio do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia – Brasil (CNPq). Bolsa de iniciação científica a Ana Carolina Sakaguchi Cordeiro. Bolsa de mestrado a Glória Vitória Ferreira Livinhale.

REFERÊNCIAS

  • 1 World Health Organization. Coronavirus (COVID-19) [Internet]. Geneva: WHO; 2020 [citado 2023 jun 28]. Disponível em: https://covid19.who.int/
    » https://covid19.who.int/
  • 2 Wang G, Zhang Y, Zhao J, Zhang J, Jiang F. Mitigate the effects of home confinement on children during the COVID-19 outbreak. Lancet. 2020;395(10228):945-7. http://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30547-X PMid:32145186.
    » http://doi.org/10.1016/S0140-6736(20)30547-X
  • 3 Gromada A, Richardson D, Rees G. Childcare in a global crisis: the impact of COVID-19 on work and family life [Internet]. Italy: Innocenti – Global Office of Research and Foresight; 2020 [citado 2023 jun 28]. Disponível em: https://www.unicef-irc.org/publications/1109-childcare-in-a-global-crisis-the-impact-of-covid-19-on-work-and-family-life.html
    » https://www.unicef-irc.org/publications/1109-childcare-in-a-global-crisis-the-impact-of-covid-19-on-work-and-family-life.html
  • 4 Shonkoff JP, Fisher PA. Rethinking evidence-based practice and two-generation programs to create the future of early childhood policy. Dev Psychopathol. 2013;25(4 Pt 2):1635-53. http://doi.org/10.1017/S0954579413000813 PMid:24342860.
    » http://doi.org/10.1017/S0954579413000813
  • 5 Jeong J, Franchett E, Oliveira C, Rehmani K, Yousafzai A. Parenting interventions to promote early child development in the first three years of life: a global systematic review and meta-analysis. PLoS Med. 2021;18(5):e1003602. http://doi.org/10.1371/journal.pmed.1003602 PMid:33970913.
    » http://doi.org/10.1371/journal.pmed.1003602
  • 6 Mello D, Henrique N, Pancieri L, Veríssimo M, Tonete V, Malone M. Child safety from the perspective of essential needs. Rev Lat Am Enfermagem. 2014;22(4):604-10. http://doi.org/10.1590/0104-1169.3651.2458 PMid:25296144.
    » http://doi.org/10.1590/0104-1169.3651.2458
  • 7 Brazelton T, Greenspan S. As necessidades essenciais das crianças: o que toda criança precisa para crescer, aprender e se desenvolver. Porto Alegre: Artmed; 2002
  • 8 Oermann M, Knafl K. Strategies for completing a successful integrative review. Nurse Author Ed. 2021;31(3-4):65-8. http://doi.org/10.1111/nae2.30
    » http://doi.org/10.1111/nae2.30
  • 9 Buechel C, Nehring I, Seifer C, Eber S, Behrends U, Mall V et al. A cross-sectional investigation of psychosocial stress factors in German families with children aged 0–3 years during the COVID-19 pandemic. Child Adolesc Psychiatry Ment Health. 2022;16(1):37. http://doi.org/10.1186/s13034-022-00464-z PMid:35581664.
    » http://doi.org/10.1186/s13034-022-00464-z
  • 10 Galbally M, Watson S, Lewis A, Van M. Parenting stress, maternal depression and child mental health in a Melbourne cohort before and during the COVID‐19 pandemic. J Paediatr Child Health. 2022;58(11):2051-7. http://doi.org/10.1111/jpc.16155 PMid:36371627.
    » http://doi.org/10.1111/jpc.16155
  • 11 Joo YS, Lee WK. Impact of COVID-19-related stress on Preschool Children’s internalizing and externalizing problem behaviors: the indirect effect of mother’s depression and parenting behavior. Child Indic Res. 2022;15(6):2093-113. http://doi.org/10.1007/s12187-022-09946-0 PMid:35702330.
    » http://doi.org/10.1007/s12187-022-09946-0
  • 12 Vet S, Vrijhof C, Veek S, Pieplenbosch J, Van H, Vermeer H. Child care in times of COVID-19: predictors of distress in dutch children and parents when re-entering center-based child care after a 2-Month Lockdown. Front Psychol. 2021;12:718898. http://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.718898 PMid:34803802.
    » http://doi.org/10.3389/fpsyg.2021.718898
  • 13 Levickis P, Murray L, Lee-Pang L, Eadie P, Page J, Lee W et al. Parents’ perspectives of family engagement with early childhood education and care during the COVID-19 pandemic. Early Child Educ J. 2022;1-11. http://doi.org/10.1007/s10643-022-01376-5 PMid:35967912.
    » http://doi.org/10.1007/s10643-022-01376-5
  • 14 Chambers S, Clarke J, Kipping R, Langford R, Brophy R, Hannam K et al. Parents’ perceptions of children’s emotional well‐being during spring 2020 COVID‐19 restrictions: a qualitative study with parents of young children in england. Child Care Health Dev. 2022;48(6):1071-80. http://doi.org/10.1111/cch.13034 PMid:35839296.
    » http://doi.org/10.1111/cch.13034
  • 15 Costa P, Forni E, Amato I, Sassaki R. Fatores de risco e proteção para o desenvolvimento na primeiríssima infância durante a pandemia por COVID-19. Rev Esc Enferm USP. 2022;56:e20220196. https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2022-0196pt
    » https://doi.org/10.1590/1980-220X-REEUSP-2022-0196pt
  • 16 Duguay G, Garon-Bissonnette J, Lemieux R, Dubois-Comtois K, Mayrand K, Berthelot N. Socioemotional development in infants of pregnant women during the COVID-19 pandemic: the role of prenatal and postnatal maternal distress. Child Adolesc Psychiatry Ment Health. 2022;16(28):28. http://doi.org/10.1186/s13034-022-00458-x PMid:35361233.
    » http://doi.org/10.1186/s13034-022-00458-x
  • 17 Wu T, Chen L, Wang Y, Shi H, Niu J, Yin X et al. Effects of SARS-CoV-2 infection during late pregnancy on early childhood development: a prospective cohort study. Front Pediatr. 2021;9:750012. http://doi.org/10.3389/fped.2021.750012 PMid:34888266.
    » http://doi.org/10.3389/fped.2021.750012
  • 18 Vian F, Amaro R, Pinto S, Brito H, Rodrigues R, Rapazote R et al. O impacto do lockdown nas relações entre os pais portugueses e os seus filhos de 1 a 3 anos durante a Pandemia de COVID-19. Children (Basel). 2022;9(8). http://doi.org/10.3390/children9081124 PMid:36010015.
    » http://doi.org/10.3390/children9081124
  • 19 Costa P, Cruz A, Alves A, Rodrigues M, Fergunson R. The impact of the COVID‐19 pandemic on young children and their caregivers. Child Care Health Dev. 2022;48(6):1001-7. http://doi.org/10.1111/cch.12980 PMid:35106795.
    » http://doi.org/10.1111/cch.12980
  • 20 Di Giorgio E, Di Riso D, Mioni G, Cellini N. The interplay between mothers’ and children behavioral and psychological factors during COVID-19: an Italian study. Eur Child Adolesc Psychiatry. 2021;30(9):1401-12. http://doi.org/10.1007/s00787-020-01631-3 PMid:32865654.
    » http://doi.org/10.1007/s00787-020-01631-3
  • 21 Dillmann J, Sensoy O, Schwarzer G. Parental perceived stress and its consequences on early social-emotional child development during COVID-19 pandemic. J Early Child Res. 2022;20(4):524-38. http://doi.org/10.1177/1476718X221083423
    » http://doi.org/10.1177/1476718X221083423
  • 22 Carrillo L, Rey D, Sierra B, Medina P. Psychological effects associated with preventive isolation by COVID-19 in early childhood in Colombia. Gac Med Caracas. 2022;130(3, Supl. 3). http://doi.org/10.47307/GMC.2022.130.s3.18
    » http://doi.org/10.47307/GMC.2022.130.s3.18
  • 23 Casanello P, Ruiz-Botia I, Sala-Castellvi P, Martim J, Martinez-Sanchez J, Balaguer A. Comparing infant and toddler sleep patterns prior to and during the first wave of home confinement due to COVID-19 in Spain. Eur J Pediatr. 2022;181(4):1719-25. http://doi.org/10.1007/s00431-022-04376-0 PMid:35028727.
    » http://doi.org/10.1007/s00431-022-04376-0
  • 24 Jáuregui A, Salvo D, Aguilar-Farias N, Okely A. Movement behaviors during COVID-19 among Latin American/Latino toddlers and pre-schoolers in Chile, Mexico and the US. Sci Rep. 2022;12(1):19156. http://doi.org/10.1038/s41598-022-23850-1 PMid:36351990.
    » http://doi.org/10.1038/s41598-022-23850-1
  • 25 Linnavalli T, Kalland M. Impact of COVID-19 restrictions on the social-emotional wellbeing of preschool children and their families. Educ Sci (Basel). 2021;11(8):435. http://doi.org/10.3390/educsci11080435
    » http://doi.org/10.3390/educsci11080435
  • 26 Hendry A, Gibson S, Davies C, Gilga T, McGillon M, Gonzalez-Gomez N. Not all babies are in the same boat: exploring the effects of socioeconomic status, parental attitudes, and activities during the 2020 COVID-19 pandemic on early executive functions. Infancy. 2022;27(3):555-81. http://doi.org/10.1111/infa.12460 PMid:35102670.
    » http://doi.org/10.1111/infa.12460
  • 27 Aguilar-Farias N, Toledo-Vargas M, Miranda-Marquez S, Cortinez-O’Ryan A, Martino-Fuentealba P, Cristi-Montero C et al. Associations Between Movement Behaviors and Emotional Changes in Toddlers and Preschoolers During Early Stages of the COVID-19 Pandemic in Chile. Front Pediatr. 2021;31(9):667362. http://doi.org/10.3389/fped.2021.667362 PMid:34532302.
    » http://doi.org/10.3389/fped.2021.667362
  • 28 Glynn L, Davis E, Luby J, Baram T, Sandman C. A predictable home environment may protect child mental health during the COVID-19 pandemic. Neurobiol Stress. 2021;58(11):100291. http://doi.org/10.1016/j.ynstr.2020.100291 PMid:33532520.
    » http://doi.org/10.1016/j.ynstr.2020.100291
  • 29 Watts R, Pattnaik J. Perspectives of parents and teachers on the impact of the COVID-19 Pandemic on Children’s socio-emotional well-being. Early Child Educ J. 2022;1-12. http://doi.org/10.1007/s10643-022-01405-3 PMid:36285153.
    » http://doi.org/10.1007/s10643-022-01405-3
  • 30 Fitzpatric C, Almeida M, Harvey E, Garon-Carrier G, Berrigan F, Asbridge M. An examination of bedtime media and excessive screen time by Canadian preschoolers during the COVID-19 pandemic. BMC Pediatr. 2022;22(1):212. http://doi.org/10.1186/s12887-022-03280-8 PMid:35436899.
    » http://doi.org/10.1186/s12887-022-03280-8
  • 31 Reticena K, Yabuchi V, Gomes M, Siqueira L, Abreu F, Fracolli L. Role of nursing professionals for parenting development in early childhood: a systematic review of scope. Rev Latino-Am Enfermagem. 2019;27:e3213. https://doi.org/10.1590/1518-8345.3031.3213.
  • 32 Zamarro G, Prados M. Gender differences in couples’ division of childcare, work and mental health during COVID-19. Rev Econ Househ. 2021;19(4):11-40. http://doi.org/10.1007/s11150-020-09534-7 PMid:33488316.
    » http://doi.org/10.1007/s11150-020-09534-7
  • 33 Richter LM, Naicker SN. A data-free digital platform to reach families with young children during the COVID-19 pandemic: online survey study. JMIR Pediatr Parent. 2021;4(2):e26571. http://doi.org/10.2196/26571 PMid:33852414.
    » http://doi.org/10.2196/26571
  • 34 Egan S, Pope J, Moloney M, Hoyne C, Beatty C. Missing early education and care during the pandemic: the socio-emotional impact of the COVID-19 crisis on young children. Early Child Educ J. 2021;49(5):925-34. http://doi.org/10.1007/s10643-021-01193-2 PMid:33935481.
    » http://doi.org/10.1007/s10643-021-01193-2
  • 35 Eyimaya A, Irmak A. Relationship between parenting practices and children’s screen time during the COVID-19 pandemic in Turkey. J Pediatr Nurs. 2021;56:24-9. http://doi.org/10.1016/j.pedn.2020.10.002 PMid:33181369.
    » http://doi.org/10.1016/j.pedn.2020.10.002
  • 36 Munzer T, Torres C, Domoff S, Levitt K, McCaffery H, Schaller A et al. Child media use during COVID-19: associations with contextual and social-emotional factors. J Dev Behav Pediatr. 2022;43(9):573-80. http://doi.org/10.1097/DBP.0000000000001125 PMid:36106745.
    » http://doi.org/10.1097/DBP.0000000000001125
  • 37 Bhattacharyya H, Agarwalla R, Khandelwal A. Impact of COVID-19 on child health and healthcare services. Med J Armed Forces India. 2022;78(1):3-6. http://doi.org/10.1016/j.mjafi.2021.10.006 PMid:35002050.
    » http://doi.org/10.1016/j.mjafi.2021.10.006
  • 38 Silva L, Costa A, Santos A, Nogueira M, Reichert A, Santos N. Repercussões da pandemia no desenvolvimento infantil e nas ações dos visitadores do Programa Criança Feliz. Esc Anna Nery. 2023;27:1-8. https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2023-0022pt
    » https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2023-0022pt
  • 39 Lancker W, Paroli Z. COVID-19, school closures, and child poverty: a social crisis in the making. Lancet Public Health. 2020;5(5):e243-4. http://doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30084-0 PMid:32275858.
    » http://doi.org/10.1016/S2468-2667(20)30084-0

Editado por

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    18 Out 2023
  • Aceito
    22 Fev 2024
location_on
Universidade Federal do Rio de Janeiro Rua Afonso Cavalcanti, 275, Cidade Nova, 20211-110 - Rio de Janeiro - RJ - Brasil, Tel: +55 21 3398-0952 e 3398-0941 - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: annaneryrevista@gmail.com
rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
Acessibilidade / Reportar erro