Open-access Editorial

Apresentamos a nova edição da Revista de Administração Contemporânea (RAC). Nesta edição, são apresentados seis trabalhos na seção de Artigos Científicos e um trabalho na seção de Casos para Ensino, envolvendo diversos temas distintos, com abordagens variadas.

O primeiro artigo, A Moderação-Mediada do Sistema de Controle na Ambidestria, de Valter da Silva Faia, Juliano Domingues Silva e Valter Afonso Vieira, amplia “a discussão da ambidestria do nível organizacional para o nível individual”.

O segundo artigo, Desempenho de Empresas Diversificadas: Evidências da Indústria de Transporte Aéreo dos Estados Unidos, de Henrique Machado Barros, Adriana Bruscato Bortoluzzo e Lucas Mello de Campos Arruda, “identifica que o padrão de relação entre a extensão da diversificação e o desempenho é curvilíneo na forma de U-invertido”.

No terceiro artigo, Redes de Franquias Estrangeiras e Domésticas em um Mercado Emergente: Análise Comparativa, Victor Ragazzi Isaac, Pedro Lucas Resende Melo e Felipe Mendes Borini analisam “as diferenças existentes no processo de constituição das redes de franquias estrangeiras que atuam no mercado brasileiro e as redes de franquias domésticas brasileiras”.

Já o quarto artigo, Mitos no Desengajamento Moral: Retóricas da Samarco em um Crime Corporativo, de Cintia Rodrigues de Oliveira Medeiros, Rafael Alcadipani da Silveira e Luciano Batista de Oliveira, submetido no regime de fast track do EnANPAD 2016, faz uma análise “retórica com o objetivo de explorar os mecanismos de desengajamento moral utilizados pela Samarco no caso do crime ocorrido com a quebra de uma barragem sob sua administração”.

O quinto artigo, Capital Structure Adjustment in Brazilian Family Firms, de Eduardo K. Kayo, Eduardo Ottoboni Brunaldi e Dante M. Aldrighi, estuda em “que medida as companhias familiares são diferentes das companhias não familiares em termos de endividamento e ajuste da estrutura de capital”. A avaliação do artigo de autoria de Eduardo Kayo (membro do Conselho Editorial da RAC) seguiu os padrões de avaliação do periódico, com isenção e independência.

No sexto artigo, Quem Lidera sua Opinião? Influência dos Formadores de Opinião Digitais no Engajamento, Marcos Inácio Severo de Almeida, Ricardo Limongi França Coelho, Celso Gonçalves Camilo-Junior e Rafaella Martins Feitosa de Godoy investigam a influência de formadores de opinião no “Instagram por meio da análise de todas as postagens publicadas ao longo de 2015 em quatro perfis de grande audiência”.

A edição é complementada por um trabalho publicado na seção de Caso para Ensino, Desafios da Gestão Participativa no Museu de São Brás em Portugal, de Hilda Barbara Maia Cezário, Eduardo Davel, Lorena Sancho Querol e Emanuel Sancho. O trabalho visa “contribuir com a formação de gestores e lideranças comunitárias que se confrontam, frequentemente, com a ausência de instrumentos adequados no momento de levar adiante um projeto coletivo de natureza cultural”.

Aproveitamos este editorial para discorrer ainda sobre processos de transição da equipe editorial, nomeadamente sobre questões relacionadas à capacitação. Conforme já discutido anteriormente (Kimura, 2017), a RAC passará por uma mudança de editor-chefe e, dessa forma, buscamos fazer uma transição suave, que preserve os avanços dessa gestão e que promova o desenvolvimento do periódico.

Independentemente da transição na RAC, é importante que pesquisadores interessados em assumir papéis em equipes editoriais, notadamente a posição de editor-chefe, se capacitem e se exponham a experiências, tanto como autor quanto avaliador. Não é incomum a existência de autores que pouco contribuem com o processo editorial, apesar de demandarem esforços de pareceristas quando submetem trabalhos. Assim, uma preocupação básica na designação de editores-chefes está associada ao candidato ter um histórico construtivo como autor e avaliador do periódico. Outro caso relevante envolve evitar que pesquisadores sem experiência em autoria ou redação de pareceres sejam alçados ao cargo de editor-chefe.

É importante ressaltar que a experiência como editor possibilita uma visão bastante interessante do comportamento de diversos autores que se recusam a avaliar ou que sequer respondem às solicitações de pareceres. Editores-chefes devem entender essa dinâmica e promover mecanismos que incentivem pesquisadores a atuarem também como avaliadores.

Adicionalmente, o novo editor-chefe tem a tarefa de não somente dinamizar o processo de avaliação, como também atualizar o corpo editorial (McDonald, 2013), assumindo, portanto, a responsabilidade de escolher pesquisadores que possam efetivamente contribuir para o periódico. Desafios do editor-chefe também incluem decisões sobre integridade na produção científica como nos alerta, por exemplo, Podolsky (2001).

Além da experiência prática como autor, avaliador, action editor, editor assistente ou editor associado, o pesquisador interessado em assumir uma chefia editorial pode procurar diversas fontes de capacitação formal. No contexto nacional, a Associação Brasileira de Editores Científicos (ABEC - https://www.abecbrasil.org.br/novo/) é a instituição que congrega profissionais da área de editoração científica, organizando diversos eventos e treinamentos que possibilitam um aprendizado rápido sobre conceitos fundamentais do processo editorial e, em especial, sobre os desafios do editor-chefe.

A ABEC promove um importante fórum para troca de experiências, no qual eu particularmente aprendi muito, dada a discussão de diversas situações, muitas vezes inusitadas, que ocorrem no processo editorial. No contexto internacional, o Council of Science Editors (CSE - https://www.councilscienceeditors.org/), o European Association of Science Editors (EASE - https://www.ease.org.uk/) e o Asian Council of Science Editors (ACSE - http://theacse.com/) organizam diversos eventos com oportunidades ímpares para a troca de ideias e o aprimoramento de equipes editoriais, incluindo editores-chefes. O aprendizado com a experiência de outros editores é imprescindível para melhorar o processo decisório.

Assim, há bastante material disponível para que pesquisadores se qualifiquem para assumirem posições editoriais. Vale a pena estudar esses materiais e também participar dos eventos promovidos por associações de editores, no Brasil e no mundo. Os avanços nos periódicos nacionais também dependem da profissionalização não somente da equipe de apoio como também dos próprios editores. Mesmo que um pesquisador não tenha interesse em se tornar editor, compreender o papel e os desafios do editor é fundamental para que aprimore suas submissões de artigos.

No mais, aproveite essa edição da RAC.

Referências

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Feb 2018
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E-mail: rac@anpad.org.br
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