RESUMO
Objetivo: Avaliar a prevalência e a incidência de atividade física insuficiente em adolescentes brasileiros e identificar os subgrupos mais afetados durante a pandemia.
Métodos: Este estudo utilizou dados da ConVid Adolescentes - Pesquisa de Comportamentos, que avaliou, por meio de um questionário online autopreenchido, o comportamento de 9.470 adolescentes brasileiros no período de restrição social, em virtude da pandemia da COVID-19 em 2020. Os participantes foram convidados por meio de um procedimento de amostragem em cadeia denominado “bola de neve” virtual. Foram relatadas informações sobre a frequência de atividade física antes e durante a pandemia. As variáveis de exposição utilizadas foram sexo, faixa etária, raça/cor da pele, região do Brasil, tipo de escola, escolaridade materna, dificuldades financeiras durante a pandemia e restrições sociais. Foram utilizados modelos de regressão logística.
Resultados: Os adolescentes praticaram menos atividade física durante a pandemia, visto que a prevalência de atividade física insuficiente aumentou de 71,3% no período anterior para 84,3% durante a pandemia. A incidência de atividade física insuficiente durante a pandemia foi de 69,6%. Os subgrupos de adolescentes mais afetados foram os que se autodeclararam da raça/cor da pele preta, que relataram dificuldades financeiras durante a pandemia, residentes nas regiões Sudeste e Sul do país e que realizaram restrição social intensa e total.
Conclusão: Altas incidências de atividade física insuficiente foram observadas entre adolescentes brasileiros durante a pandemia da COVID-19. Recomenda-se que novos estudos explorem períodos posteriores aos analisados para identificar a dinâmica comportamental dos adolescentes a partir do retorno das atividades presenciais.
Palavras-chave: COVID-19; Pandemia; Adolescente; Atividade física; Inatividade física
ABSTRACT
Objective: To evaluate the prevalence and incidence of insufficient physical activity in Brazilian adolescents and identify the most affected subgroups during the pandemic.
Methods: This study used data from the “ConVid Adolescents - Behavior Survey”, which evaluated the behavior of 9,470 Brazilian adolescents during the period of social restriction due to the COVID-19 pandemic in 2020, through a self-administered online questionnaire. Participants were invited through a virtual “snowball” sampling procedure. Information was reported on the frequency of physical activity before and during the pandemic. The exposure variables used were gender, age group, race/skin color, region of Brazil, type of school, maternal education, financial difficulties during the pandemic, and social restrictions. Logistic regression models were used.
Results: Adolescents engaged in less physical activity during the pandemic, as the prevalence of insufficient physical activity increased from 71.3% in the previous period to 84.3% during the pandemic. The incidence of insufficient physical activity during the pandemic was 69.6%. The subgroups of adolescents most affected were those who self-declared as black or with dark skin color, reported financial difficulties during the pandemic, lived in the Southeast and South regions of the country, and practiced intense or complete social distancing.
Conclusion: High incidences of insufficient physical activity were observed among Brazilian adolescents during the COVID-19 pandemic. It is recommended that further studies explore periods after those analyzed to identify the behavioral dynamics of adolescents upon returning to in-person activities.
Keywords: COVID-19; Pandemic; Adolescent; Physical activity; Physical inactivity
INTRODUÇÃO
A COVID-19 trouxe diversos desdobramentos para a saúde, a economia, a política e a sociedade desde que foi declarada como pandemia, em 11 de março de 2020, pela Organização Mundial da Saúde (OMS)1. No Brasil, enfrentou-se um panorama epidemiológico complexo em virtude da necessidade de medidas de saúde pública para mitigar a propagação do vírus e das políticas de austeridade que já vinham sendo implementadas antes da deflagração da pandemia no país2,3.
Durante a primeira onda da COVID-19, diferentes medidas de distanciamento social foram impostas por autoridades governamentais e sanitárias, as quais incluem fechamento de espaços, suspensão de alguns tipos de comércio, interdição e cancelamento de eventos sociais4. Com o distanciamento social, famílias foram incentivadas a permanecerem em suas casas; contudo, tais medidas produziram menos oportunidades para um estilo de vida ativo5.
Alguns grupos como os adolescentes e jovens foram particularmente afetados pelos efeitos do distanciamento social6. Nos adolescentes brasileiros, observou-se aumento do comportamento sedentário e do consumo de alimentos não saudáveis, piora da qualidade do sono, autorrelato de tristeza, irritabilidade e solidão em virtude das medidas de distanciamento social implementadas6,7.
Estudos conduzidos na Arábia Saudita, no Canadá e na Irlanda apontam uma redução na prática de atividade física (AF) nesse grupo populacional durante a pandemia8,9,10. Na verdade, mesmo antes do advento da pandemia, os baixos índices de AF em adolescentes já eram considerados um sério problema de saúde pública11. Estimativas globais indicam que, antes da pandemia, 81% dos adolescentes eram insuficientemente ativos12. O Brasil segue a mesma tendência com uma baixa proporção de adolescentes que atendem às diretrizes de AF, cerca de 28% apenas13. Todavia, a literatura é bem consistente quanto aos benefícios proporcionados pela prática de AF à saúde14,15,16,17, e as recentes diretrizes da OMS e do Guia de Atividade Física para a População Brasileira recomendam que adolescentes acumulem uma média de 60 minutos por dia, sendo necessário incluir atividades de fortalecimento dos músculos e ossos em pelo menos 3 dias da semana17,18.
Estudos apontam que a prática de AF na adolescência está relacionada a uma maior probabilidade de prática de AF na idade adulta19,20,21. Conforme relatado por McGuire et al. (2001), ainda que várias semanas ou poucos meses de inatividade física provavelmente não provoquem um repentino começo de doença metabólica, a interrupção abrupta da AF pode desencadear alterações na sensibilidade à insulina e perda muscular22. Além disso, uma diminuição repentina na AF pode impactar negativamente nos sintomas depressivos, na ansiedade, na fadiga e nos níveis de energia23.
Nesse contexto, como a adolescência é um período de aquisição de novos hábitos de vida que serão determinantes da saúde atual e futura e que podem se constituir fatores de risco para doenças24,25,26, essa provável mudança na prática de AF durante a pandemia deve ser investigada e compreendida, dada a dificuldade em se manter ativo em razão do distanciamento social.
A maioria dos estudos já publicados no país e no mundo que avaliam as mudanças no estilo de vida dos indivíduos durante a pandemia tem como alvo a população adulta, sendo ainda em número reduzido as pesquisas conduzidas com adolescentes. Além disso, não encontramos até o momento estudos nacionais que identificassem quais os subgrupos dessa faixa etária foram mais afetados com o distanciamento social. A identificação desses subgrupos poderia colaborar no desenvolvimento de medidas efetivas para minimizar os danos provocados pela pandemia.
Nesse sentido, os objetivos do presente estudo foram avaliar a prevalência e a incidência de AF insuficiente em adolescentes brasileiros e identificar os subgrupos mais afetados durante a pandemia, a partir da análise dos dados da ConVid Adolescentes - Pesquisa de Comportamentos.
MÉTODOS
Amostragem
Trata-se de um estudo epidemiológico do tipo transversal que utilizou dados da ConVid Adolescentes - Pesquisa de Comportamentos27. A ConVid Adolescentes é uma pesquisa que teve como objetivo avaliar o comportamento de adolescentes brasileiros durante a pandemia da COVID-19, sendo realizada em todo o país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O questionário foi elaborado por meio do aplicativo RedCap (Research Electronic Data Capture) e autopreenchido pelo adolescente de forma online, após consentimento do seu responsável e do próprio adolescente, em smartphone ou computador com acesso à internet.
A amostragem foi realizada pelo método “bola de neve virtual”. Os coordenadores do projeto selecionaram pesquisadores de diferentes estados brasileiros para começar o processo, enviando o link da pesquisa para pais ou responsáveis de adolescentes. Além da apresentação da pesquisa, no texto da mensagem com o link havia um pedido para que ela fosse compartilhada com a rede de contatos de quem a recebeu. Ao receberem o convite para participar da pesquisa, foi feita a seguinte pergunta aos pais ou responsáveis: “O (a) Sr(a) tem filhos ou é responsável por jovens na faixa de idade de 12 a 17 anos?”. Somente aqueles que responderam afirmativamente receberam o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com explicações sobre o estudo, um link para contatos e esclarecimentos sobre a pesquisa e a solicitação de consentimento de participação do menor sob a sua responsabilidade. Após a aceitação do TCLE pelo adulto responsável, o adolescente recebeu o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido (TALE). Somente após a aceitação do TALE, o respondente iniciou o preenchimento do questionário. Ainda, a equipe de coordenação da pesquisa contatou escolas públicas e privadas, secretarias estaduais e municipais de educação, por e-mail institucional. As instituições que aderiram à pesquisa enviaram os questionários eletrônicos aos responsáveis dos alunos.
O anonimato das respostas foi garantido e não foi possível realizar nenhum tipo de identificação dos respondentes. Todos os procedimentos foram aprovados pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Número do Parecer: 4.100.515).
Uma vez que a amostragem por redes não é probabilística, utilizaram-se procedimentos de pós-estratificação para obter uma amostra representativa da população de adolescentes com a mesma distribuição por região de residência, sexo, faixa etária (12-15; 16-17) e tipo de escola (pública; privada), a partir de dados da Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE, 2015) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizada em parceria com o Ministério da Saúde28.
A coleta de dados ocorreu entre 27 de junho e 17 de setembro de 2020. A amostra alcançou 9.470 adolescentes de 12 a 17 anos de todos os estados brasileiros, sendo excluídos das análises os questionários com informações faltantes para AF (n=89). Para as análises de incidência, foram excluídos os indivíduos que apresentavam o desfecho AF insuficiente (<300 minutos/semana) antes da pandemia (n=6.686). Portanto, para as análises relacionadas à incidência, a amostra final foi constituída de 2.695 adolescentes.
Variáveis
O questionário utilizado está disponível no site da pesquisa (https://convid.fiocruz.br/) e foi baseado em questões validadas em inquéritos de saúde aplicados previamente no país, como a Pesquisa Nacional de Saúde, e monitoradas pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel)29,30.
Atividade física insuficiente
A AF foi caracterizada pelo tempo gasto em qualquer AF diariamente pelos adolescentes. Essa variável foi avaliada pelas seguintes questões: “Antes da pandemia de coronavírus, em quantos dias você fez AF por pelo menos 60 minutos (1 hora) por dia? Ex.: praticar esportes, jogar bola, andar de bicicleta, caminhar, correr, realizar aula de Educação Física, ir para a escola caminhando ou de bicicleta (Some todo o tempo que você gastou em qualquer tipo de AF, em cada dia).”; “Durante a pandemia, em quantos dias você fez AF por pelo menos 60 minutos (1 hora) por dia? (Some todo o tempo que você gastou em qualquer tipo de AF, em cada dia).”
Considerou-se AF insuficiente quando o adolescente reportou realizar menos de 5 dias de AF com duração mínima de 60 minutos13.
Variáveis de exposição
As variáveis de exposição analisadas foram: sexo (feminino; masculino); faixa etária (12 a 15; 16 a 17 anos); raça/cor da pele (branca; preta; parda; outros); tipo de escola (privada; pública); nível de escolaridade da mãe (ensino médio incompleto; ensino médio completo; ensino superior completo); dificuldades financeiras durante a pandemia (sim; não); região (Norte; Nordeste; Sudeste; Sul; Centro-Oeste); e restrição social (nenhuma restrição; pouca restrição; restrição intensa; restrição total). Considerou-se nenhuma restrição quando o adolescente respondeu “não fiz nada, levei vida normal”; pouca restrição para a resposta “procurei tomar cuidados, ficar à distância das pessoas, reduzir um pouco o contato, não visitar idosos, mas continuei saindo”; restrição intensa quando escolheu a opção “fiquei em casa na maior parte dos dias saindo para casa de familiares próximos, compras em supermercado e farmácia”; e restrição total quando respondeu “fiquei rigorosamente em casa, saindo só por necessidades de atendimento à saúde”.
Análise dos dados
As características da amostra foram descritas por meio de frequências relativas e intervalos de confiança de 95% (IC95%). Inicialmente, foi calculada a prevalência (IC95%) do desfecho antes e durante a pandemia para amostra total e segundo as variáveis de exposição. As diferenças entre as prevalências antes e durante a pandemia foram consideradas significativas quando não houve sobreposição dos IC95% das prevalências em questão. Na sequência, para estimar a incidência do desfecho foram excluídos os adolescentes que eram insuficientemente ativos antes da pandemia. Na verificação dos possíveis subgrupos mais afetados com o desfecho, usou-se como medida de associação o odds ratio, obtido por meio da regressão logística com variância robusta. Incluíram-se no modelo multivariado os subgrupos que apresentaram p<0,20 nas análises univariadas. No modelo final, consideraram-se subgrupos mais afetados aqueles que apresentaram p<0,05. Todas as análises foram realizadas no software Stata 14.1 e considerados os pesos pós-estratificação.
RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta as características da amostra total. Dos 9.470 adolescentes avaliados, 50,3% eram meninas; 67,7% com idade entre 12 e 15 anos; 46,6% eram da raça/cor da pele parda; 85,9% estudavam em escola pública; e 41,2% moravam na região Sudeste. Cerca de um terço dos adolescentes respondeu que passou por dificuldades financeiras durante a pandemia e 45,6% afirmaram ter cumprido restrição social intensa.
Na análise das prevalências de AF insuficiente antes e durante a pandemia (Tabela 2), as diferenças entre elas foram consideradas significativas quando não houve sobreposição dos IC95% das prevalências consideradas. Assim, observou-se aumento de 71,3 para 84,3% na prevalência de AF insuficiente, ou seja, o número de adolescentes insuficientemente ativos aumentou durante o período de isolamento, sendo esse padrão observado em todos os subgrupos, exceto entre adolescentes que se declararam da raça/cor da pele indígena ou amarela (outros) e que não fizeram nenhuma restrição social.
A Tabela 3 apresenta a incidência de AF insuficiente durante a pandemia e os subgrupos mais afetados. Incluíram-se no modelo multivariado os subgrupos que apresentaram p<0,20 nas análises univariadas. Aproximadamente 70% dos adolescentes ativos antes da pandemia passaram a ser insuficientemente ativos durante o período de isolamento. Os adolescentes que se autodeclararam da raça/cor da pele preta (ORaj 2,00; IC95% 1,11-3,60), que relataram dificuldades financeiras durante a pandemia (ORaj 1,85; IC95% 1,37-2,48), residentes nas regiões Sudeste (ORaj 2,78; IC95% 2,02-3,84) e Sul (ORaj 2,16; IC95% 1,57-2,98) do país e que realizaram restrição social intensa (ORaj 3,41; IC95% 1,48-7,91) e total (ORaj 2,58; IC95% 1,09-6,10) apresentaram maior incidência de AF insuficiente durante a pandemia.
DISCUSSÃO
O estudo ConVid Adolescentes analisou dados entre adolescentes brasileiros durante a pandemia e apontou que aproximadamente sete em cada dez adolescentes ativos antes da pandemia deixaram de ser suficientemente ativos durante o período pandêmico. Em todos os subgrupos, a maioria dos adolescentes ativos se tornou insuficientemente ativa. As maiores incidências de AF insuficiente foram observadas entre adolescentes que se autodeclararam da cor preta, que relataram dificuldades financeiras durante a pandemia, residentes nas regiões Sudeste e Sul do país e que realizaram restrição social intensa e total.
Essa análise representa o período em que ocorreu a primeira onda da COVID-19 no Brasil, com um rápido avanço da doença em todo o país e a adoção de rígidas medidas de distanciamento social, como fechamento de escolas, locais de trabalho e alguns tipos de comércio2.
Os achados do presente estudo apontam que a prevalência de AF insuficiente aumentou mais de 10 pontos percentuais durante a pandemia da COVID-19 entre adolescentes brasileiros, exceto entre aqueles que se declararam da raça/cor da pele indígena ou amarela (outros) e que não fizeram nenhuma restrição social. Durante a pandemia, a recomendação para os povos indígenas foi de permanecerem em suas aldeias como medida de proteção, o que pode explicar os resultados encontrados nessa pesquisa, visto que comunidades indígenas já vivenciam o distanciamento social em relação a outras comunidades por questões tradicionais e culturais, e essas medidas foram reforçadas pelo governo31.
Os resultados revelados poderão ter repercussão na qualidade de vida desses subgrupos, já que a interrupção abrupta da AF, mesmo em curto período, está associada a desfechos negativos para a saúde23. O aumento da AF insuficiente entre os adolescentes durante a pandemia é preocupante, já que hábitos de AF atuais podem prever tendências futuras na adesão ou não dessa prática19,21,32.
Esse resultado corrobora outras pesquisas realizadas com adolescentes em diferentes países. Um estudo avaliou a prática de AF de um total de 726 adolescentes da Itália, da Espanha, do Brasil, do Chile e da Colômbia, e encontrou que a prevalência de adolescentes considerados fisicamente inativos (<300 minutos de AF/semana) era de 73% antes do isolamento social e de 79,5% nesse período33. Na Irlanda10 e na Arábia Saudita8, 49,7 e 59% dos adolescentes, respectivamente, relataram realizar menos AF durante o período de bloqueio, ou seja, reduziram o número de dias em que praticavam pelo menos 60 minutos diários de AF moderada a vigorosa. Entre os adolescentes italianos, o tempo dedicado aos esportes durante as medidas de distanciamento social diminuiu significativamente 2,3 horas por semana34. Tais achados podem ser explicados pelo fechamento de locais como escolas, academias, parques, praças, clubes e outros espaços com aglomerações de pessoas, além da limitação do convívio com amigos durante o período de isolamento social35. Destaca-se que a escola se estabelece como um espaço estratégico para a criação de oportunidades de lazer, esporte e AF para adolescentes36,37, e o fechamento dessas instituições dificultou a continuidade da prática de AF entre os escolares.
Levando-se em consideração que a maioria dos adolescentes geralmente pratica AF fora do domicílio, como as caminhadas até a escola, aulas de educação física, recreio, atividades extracurriculares e em grupo38,39, tal conjuntura pode justificar as maiores incidências de AF insuficiente encontradas nesta pesquisa entre adolescentes que vivenciaram medidas restritivas de maneira intensa ou total durante a pandemia. Nossos dados corroboram os de uma revisão de literatura que encontrou uma redução da prática de AF em crianças e adolescentes de diferentes países em virtude da restrição social imposta pela pandemia em 16 dos 17 estudos analisados40. Caldwell et al. encontraram diferenças regionais no Canadá: crianças e jovens que viviam em regiões com menos restrições à saúde pública praticaram mais AF do que aqueles que vivenciaram mais políticas restritivas41.
Nesta pesquisa, os adolescentes das regiões Sul e Sudeste do Brasil apresentaram maior incidência de inatividade física em relação à região Norte, o que pode ser explicado pelo fato de as populações do Sul e do Sudeste terem tido maior adesão às medidas de restrição social, como apontam alguns estudos42,43. Uma pesquisa analisou o trabalho remoto no contexto da pandemia e encontrou que as regiões em que mais trabalhadores aderiram a essa modalidade foram as regiões Sudeste e Sul do país43. Com os pais trabalhando em casa, o monitoramento dos filhos é facilitado e as saídas da residência podem ser reduzidas. Entretanto, uma possível inadequação da amostra nos ajustes por região nesta pesquisa pode ter influenciado esses resultados.
Ao considerarmos raça e dificuldade financeira como proxies de condição socioeconômica, o presente estudo confirma a influência do nível socioeconômico na prática de AF44,45. Os adolescentes que se autodeclararam da raça/cor da pele preta e que apresentaram dificuldades financeiras durante a pandemia apresentaram maior incidência de AF insuficiente. Essa associação pode ser explicada pelas desigualdades de acesso e menores oportunidades de ser ativo fisicamente em diferentes espaços entre aqueles com menor poder aquisitivo, o que exacerba ainda mais as iniquidades em saúde17,20. É possível que adolescentes que moravam em casas com espaço externo ou outros espaços grandes, como quintais e garagens, diminuíram menos seus níveis de AF do que os que não tinham essas possibilidades, como os que residiam em comunidades e periferias, onde há alta densidade populacional, sendo a maioria negra46,47. Na Espanha, também se observou tendência de diminuição do engajamento da AF conforme o nível socioeconômico diminuiu37. Os achados deste estudo reforçam o que também foi apontado em outros estudos, de que a COVID-19 destacou as vulnerabilidades, as desigualdades existentes na sociedade, exacerbando as desigualdades raciais e socioeconômicas pré-existentes, especialmente entre pretos e pardos48,49. Tais disparidades são alimentadas por determinantes sociais em saúde, em uma sociedade com profundas desigualdades estruturais, raciais e socioeconômicas, de longa data49.
No que tange às limitações deste estudo, é necessário mencionar alguns aspectos. Em virtude do próprio delineamento da pesquisa, alguns grupos populacionais podem estar sub-representados, como pessoas de baixa renda, com dificuldade de acesso à internet e com menor grau de escolaridade. Contudo, a calibração da amostra a partir de dados da PeNSE para a geração de estimativas adequadas reduziu essa limitação. Ainda, o período restrito da coleta de dados deve ser considerado na interpretação dos achados. Houve a junção dos domínios de AF em uma única pergunta; além disso, comportamentos autorrelatados são passíveis de viés de memória e erros na classificação em respostas categóricas, como as relacionadas à frequência e à duração da AF. Por fim, o número de adolescentes insuficientemente ativos pode ter sido superestimado pela categorização da variável que considerou como ativos apenas aqueles que praticaram 60 minutos ou mais de AF em 5 dias da semana.
Destaca-se que este é, até o momento, o primeiro estudo nacionalmente representativo a quantificar a incidência de AF insuficiente entre adolescentes e a identificar os subgrupos mais afetados durante a pandemia da COVID-19, o que poderia direcionar gestores para ações e políticas de saúde pública eficazes para este e possíveis cenários pandêmicos futuros.
Em síntese, elevada incidência de AF insuficiente, com impacto no aumento da prevalência desse comportamento, foi observada entre os adolescentes brasileiros durante a pandemia da COVID-19. Os subgrupos populacionais mais afetados foram os que se autodeclararam da raça/cor da pele preta, que relataram dificuldades financeiras durante a pandemia, residentes nas regiões Sudeste e Sul do país e que realizaram restrição social intensa e total, os quais devem ser priorizados nas estratégias de intervenção.
Apenas o encerramento das medidas de distanciamento social e o retorno das atividades diárias podem não ser suficientes para reverter o cenário identificado neste estudo, já que a piora do desfecho observada não é produto exclusivo do contexto pandêmico que vivenciamos. Nossos achados refletem o contexto social do nosso país atravessado por iniquidades estruturais que exigem alterações profundas dos padrões socioeconômicos2,4. A pandemia, compreendida como sindemia por interagir e agravar complicações pré-existentes pelo seu entrelaçamento com determinantes sociais e ambientais, trouxe à tona discussões que devem ser prioritárias nas agendas políticas50.
A busca pela melhoria da qualidade de vida entre adolescentes deve estar presente nas principais estratégias de promoção à saúde, sendo premente as ações intra e intersetoriais, bem como a intensificação de políticas públicas de proteção social. Essas ações devem envolver estratégias para fomentar AF domiciliares, ao ar livre e nos ambientes escolares. Em possíveis cenários pandêmicos futuros, estratégias de AF em ambientes internos e externos devem ser encorajadas e organizadas para evitar aglomerações, assim como o retorno aos hábitos de AF anteriores ao período pandêmico. Recomenda-se que novos estudos sejam conduzidos para avaliar os comportamentos dos adolescentes nos anos subsequentes à pandemia.
AGRADECIMENTOS:
Agradecemos a todos os pesquisadores que colaboraram na divulgação da pesquisa e na divulgação na rede.
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COMO CITAR ESSE ARTIGO:
Santi NMM, Gomes CS, Silva DRP, Szwarcwald CL, Barros MBA, Malta DC. Prevalência e incidência da prática insuficiente de atividade física em adolescentes brasileiros durante a pandemia: dados da ConVid Adolescentes. Rev Bras Epidemiol. 2023; 26: e230049. https://doi.org/10.1590/1980-549720230049.2
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
27 Out 2023 -
Data do Fascículo
2023
Histórico
-
Recebido
10 Mar 2023 -
Revisado
10 Ago 2023 -
Aceito
14 Ago 2023