RESUMO:
Este artigo buscou verificar o evento da paternidade como possibilidade propiciadora de amarração dos registros Real, Simbólico e Imaginário para adolescentes, por meio do quarto elo do nó borromeano. Buscou-se analisar um caso clínico sob a ótica da topologia lacaniana, visando acompanhar o movimento sincrônico/diacrônico de sua subjetividade e relacioná-lo à paternidade. Esta análise evidenciou que a circunstância propiciada pela paternidade permitiu ao jovem passar do Pai traumático ao Pai sintoma, por meio da entrada em um dispositivo discursivo e inventar novas maneiras de amarrar sua subjetividade, vindo a demonstrar que a paternidade pode assumir uma posição de nominação na vida do adolescente.
Palavras-chave: paternidade; adolescência; psicanálise; nó borromeano; nominação
Abstract:
This paper aims to verify the event of paternity as a possibility of a Real, Symbolic and Imaginary mooring for teenagers through the fourth link of the Borromean knot. A clinical case was analysed from the perspective of Lacanian topology, aiming to follow the synchronic and diachronic movements of its subjectivity and relate them to paternity. This analysis showed that the circumstances brought about by parenthood allowed the adolescent to cross over traumatic Father to the symptom Father, through the entry into a discursive device and invent new ways to tie its subjectivity, coming to show that parenting can take a nomination position for the life of the teenager.
Keywords: parenting; adolescence; psychoanalysis; Borromean knot; nomination
Para Lacan, escrever o caso de Joyce a partir do nó borromeano foi como um “desembaraçar de nós”, constatado em seu esforço para alcançar a clínica a partir da manipulação das rodelas de barbante. É ele mesmo quem, a partir do texto de Kant sobre como “se orientar no pensamento”, assevera que a clínica borromeana é feita para “se orientar em um quarto escuro” (LACAN, 1976-1977, em 15/02/1977). Pode-se dizer que a topologia borromeana é uma das “pedras de espera” do ensino de Lacan, pois, a cada vez que nos debruçamos sobre este tema, é possível lançar luz sobre sua obra.
Ao abordar a estrutura do ser falante como um nó borromeano de três círculos, no qual cada “rodela” representa uma das três instâncias psíquicas - Real, Simbólico e Imaginário - , Lacan iguala os três registros, desfazendo-se da hegemonia do Simbólico.
Além da cadeia significante da clínica estruturalista, a topologia borromeana privilegia os modos de atamento e desatamento das dimensões subjetivas, aquilo que do inconsciente não se liga a nada, e que não comporta efeitos de significação. Assim, a consistência do nó borromeano está relacionada ao fato de que três é seu mínimo: se uma das rodelas de barbante se solta, todas as outras também se soltam. A consistência não diversifica os registros, apenas os enoda (LACAN, 1973-1974, em 08/01/1974).
A partir do que faz buraco em cada um dos registros, Lacan (1974-1975), desenvolve o termo “ex-sistência”, definindo-o como o que permite a cada um dos anéis furar a consistência dos outros dois, confundindo-os ao fazer-lhes limite (ARAÚJO, 2014). Existir quer dizer sustentar-se fora, por si mesmo. Na materialidade do nó, cada um dos registros “ex-siste” aos outros dois. O sujeito está triplamente determinado por três cordas: cada uma tem seu furo, sua consistência e sua “ex-sistência”, ou seja, há consistência em R., S., I.; há buraco em R., S., I., e há “ex-sistência”, em R., S., I. A heterogeneidade que se mantém, especificando cada registro, pode ser constatada nos outros dois, demonstrando uma modalidade particular de atamento entre eles.
Embora os três registros R. S. I. estejam enodados em uma equivalência, as diferenças entre eles são distinguíveis.
O Real é um lugar ao qual sempre se retorna. Que retorna como alguma coisa de estritamente impensável, da ordem de um impossível ao qual o sujeito não tem acesso. É incompatível com a representação em que o inconsciente se sustenta, portanto é a coisa inapreensível, desde sempre perdida, num só tempo estranha e familiar. E finalmente é correlativo do não todo ou do conjunto aberto.
O Simbólico é o equívoco: à medida que o inconsciente se sustenta em alguma coisa que é estruturada como o Simbólico, há um equívoco fundamental entre o sujeito e a língua; para além do sentido das palavras há um gozo no dizer. O que faz com que o Real possa ser situável num lugar do espaço é o Simbólico. As cifras bordejam o Real impossível de ser dito, escrevendo o contorno de seus limites, isto é, os termos escrevem a ausência e permitem a veiculação cifrada que o envolve, produzindo o deslizamento significante substitutivo desse inapreensível, porém sem equivaler a ele.
O Imaginário é o sentido: ele tem como ponto de partida a referência ao corpo, mas não se trata do corpo como organismo, tampouco apenas do corpo determinado pelo Outro ou numa relação especular com o semelhante. O Imaginário estabelece sentido ao Simbólico, aos significantes; é o efeito de escritura do Simbólico. Dessa forma, o pensamento não é apenas Simbólico, ele diz respeito ao Imaginário quando se pensa privilegiando um sentido.
Com esses “nós”, Lacan se interroga e procura soluções por meio da “mostração” do nó borromeano e da mudança de discurso propiciada pelo “realismo nodal”. No final do Seminário 22: R. S. I. (1974-1975), Lacan chega à conclusão de que a realidade psíquica (Wirklichkeit)1 se faz entre essas três dimensões do ser falante, que se enlaçam a um quarto termo que apoia o nó borromeano.
O nó borromeano de três elos não existe; ele só pode ser considerado como uma estrutura ideal. Em cada sujeito, os sintomas explicitam que essa estrutura se constituirá, desde sempre, falhada, comportando necessariamente os lapsos dos nós, que precisarão de um quarto elo para que os três registros se mantenham atrelados “borromeanamente”.
Enquanto Freud tomou a preponderância do pai como dogma, é o nó borromeano que vai permitir à Lacan ir além. A topologia borromeana nos permite trabalhar a adolescência em suas duas vertentes: a estruturação sincrônica do sujeito como um modelo ideal de estrutura calcada no Nome-do-Pai e o movimento diacrônico e temporal do quarto elo, onde se acrescenta a dimensão clínica (Capanema, 2018).
CONSTITUIÇÃO SUBJETIVA: ENTRE A SINCRONIA E A DIACRONIA
A asserção de que a estrutura do sujeito seria, por princípio e desde o princípio, sincrônica é interrogada aqui. Se o sujeito é instaurado desde a incidência do agente da linguagem sobre seu ser, só podendo se representar entre significantes, nem por isso opera de imediato com todas as consequências dessa incidência. Depois de um primeiro corte real que retira o ser do usufruto primário de um gozo, alçando-o à condição de ser faltante, outros cortes causados pela dimensão real da experiência psíquica irão complicar o desfazimento da lógica precedente e a instauração de novas condições de estruturação. Consideramos aqui a possibilidade de que a passagem adolescente implique em um desses cortes reais estruturantes da complexidade psíquica, posto que rompem a condição subjetiva anterior e a refazem com novas condições.
É a experiência clínica que permite formular a hipótese de uma diacronia lógica da estruturação do sujeito. Pois é com a construção da fantasia que o sujeito responde ao desejo enigmático do Outro, e somente após essa construção é possível tomá-lo como próprio. Consideramos que a fantasia fundamental não se constrói de uma só vez, sendo necessários dois tempos lógicos, intercalados por um período de fomentação na latência, para que o impossível encontro sexual pleno convoque a produção de uma fantasia estabilizadora de sua relação com a realidade. Pode-se dizer que a realidade psíquica (Wirklichkeit) é fantasiosa na medida em que é uma realidade singular, construída pelo desejo do sujeito. A construção da fantasia não é somente dependente do Outro; ela implica as contingências da vida e dos modos de relação do sujeito por vir com esse Outro que lhe coube (AMIGO, 2007). Desse modo, temos uma relação sincrônica determinada pela estrutura do Outro primordial, mas, ao mesmo tempo, inserida na diacronia das relações contingentes do sujeito com esse Outro e com o que pode ser imaginado como suprindo suas faltas.
Amparados no que Lacan nos ensina no final do Seminário, livro 22: R. S. I. (1974-1975, em 13/05/75), quando mostra que o nó borromeano de três cordas não é a norma para a relação de R., S. e I.; podemos hipotetizar que os três elos R. S. I. serão delimitados na infância e latência, permanecendo, entretanto, precariamente ligados ou mesmo apenas empilhados. A função do quarto elo será a de amarrar os três anéis soltos e assim resgatar a condição borromeana2 que falta à constrição destes, o que se dará na adolescência, diante de um inédito encontro com o real do sexo: o impossível da relação sexual.
Seja no nó de três ou de quatro elos, essa condição borromeana permanece sendo suposta como necessária para a constituição do sujeito, mas suas falhas somente serão distinguíveis após o sujeito ter reparado seu(s) lapso(s) com o quarto elo. É o que permite relativizar o “nó” a três e reduzi-lo à sua função de explicitar as bases da construção borromeana. A articulação R. S. I. somente incide num exercício determinado pela versão em que o sujeito se inventa situado em relação à função paterna, isto é, o nó borromeano é sempre “pai-vertido”, perversamente orientado. Por isso, a constrição que mantém R. S. I. ligados é sempre singular e enigmática (LACAN, 1975-1976/2007), e depende de uma quarta corda que, com seus movimentos, fura os registros como num bordado que passa dentro e torna a sair, novamente passa dentro e torna a sair, cerzindo assim os três registros borromeanamente.
Desde O seminário, livro 22, R. S. I., esses três registros serão empilhados uns sobre os outros, em uma ordem não qualquer, e o quarto elemento viria enodá-los. Antes de ser ligado pelo quarto anel, o nó borromeano possui uma ordem volátil, surgindo só depois como uma não qualquer e esse paradoxo de uma ordem volátil não qualquer é uma forma de falar do tempo do sujeito, tal como ele se institui no estreitamento do nó (PORGE, 2010).
Assim, a estruturação sincrônica do sujeito, trabalhada nos movimentos de trançagem do nó borromeano de três elos como um modelo ideal de estrutura calcada na metáfora paterna (VORCARO, 1997), não exclui, mas comporta também, o movimento diacrônico e temporal em seu trançamento, bastando aí acrescentar a dimensão clínica do quarto elo. Mesmo que o nó borromeano seja considerado como Real por Lacan, nada impede que o tempo o afete, afinal, o tempo também é Real: “O realismo nodal de Lacan não exclui a dimensão temporal, a diacronia” (SCHEJTMAN, 2013, p. 242).
A adolescência surge como importante momento em que a contingência de cortes reais estruturantes da complexidade psíquica acontecem, devendo ser considerada como um tempo propício para o sujeito fazer uma reparação do laço entre Real, Simbólico e Imaginário. Se, durante a infância e a latência, o sujeito encontrava-se amparado pela tutela parental, na adolescência o jovem terá que fazer uma reparação própria de seu nó borromeano com as ferramentas de que dispõe em sua estrutura sincrônica, mas não sem os percalços diacrônicos de sua temporalidade que modalizam seus modos de gozo.
O ADOLESCENTE BORROMEANO
A adolescência é um período traumático que interroga não somente os pais, mas também os diversos saberes científicos que atuam sobre ela e ainda toda a sociedade. Freud (1910/2013), em um pequeno texto para introduzir a questão do suicídio entre adolescentes, já se mostrava preocupado com a fragilidade psíquica observada nesse momento da vida, e nos fala de “substitutos para o trauma”, colocando que é preciso inventar dispositivos que auxiliem o adolescente na fase de transição. Para Freud, não basta evitar o pior; é necessário que o adolescente tenha o desejo de viver, em um tempo no qual se faz necessário um imenso trabalho psíquico para se tornar um adulto (DELTOMBE, 2010).
Os efeitos da passagem adolescente sobre a realidade psíquica destes sujeitos são contundentes, distendendo sobremaneira o enodamento até então sustentado no âmbito parental. Transformação corporal e encontro sexual tornam diretamente realizável o que, até então, vigorava na fantasia. O fenômeno pubertário se traduz por uma perturbação do equilíbrio que se tinha, mais ou menos, conseguido no fim da infância e latência, que se caracteriza por uma imperiosa necessidade de gozo que se faz sentir, e que não é mais capaz de ser restaurada pelos pais. As fantasias incestuosas, assim como a permanência de uma satisfação autoerótica, ficam no caminho de uma abertura em direção ao Outro e ao outro sexo.
Lacan diz que a sexualidade faz furo no real para todos os sujeitos, levantando assim o véu da não relação sexual: “(...) apontei a ligação de tudo isso com o mistério da linguagem e com o fato de que é ao propor o enigma que se encontra o sentido do sentido” (LACAN, 1974/2003, p. 558). Ele escreve que o sentido do sentido relaciona-se com o que se liga ao gozo do menino como proibido, não para proibir-lhe a relação sexual, mas para cristalizá-la na não relação no que ela tem de real. Dessa forma, o sentido do sentido é o Real do sentido ― é o que volta sempre ao mesmo lugar, “ex-sistindo” ao sentido. Além do sentido “imaginarizado” na fantasia dos adolescentes sobre a relação sexual, há um Real do sentido que se produz nesse despertar da primavera, apontando para a não relação que o véu esconde: “(...) exerce função de real aquilo que efetivamente se produz, a fantasia da realidade comum” (LACAN, 1974/2003, p. 558).
O equilíbrio adquirido durante a infância e a latência não é mais suficiente para responder às questões essenciais de todo sujeito: como se desligar de seus pais, como encontrar o outro sexo, como assumir sua própria sexualidade, o que é o amor? Essas indagações, desencadeadas pela presença do Real da puberdade, são tratadas no nível do Imaginário e do Simbólico. Cada adolescente precisa descobrir as modulações possíveis ― diferentes para cada um ― entre Real, Imaginário e Simbólico, para viver uma sexualidade que não coloque em perigo a realização de si (DELTOMBE, 2010).
Com a constatação de que o pai não é o detentor do falo e que também é submetido à castração, o jovem tem de procurar o pai do nome que sustente a função paterna e a própria vida do sujeito. Diante do que faz “furo no real”, a saída pode se dar pelo encontro com algo que faça às vezes de uma versão do pai, um dos Nomes-do-Pai que, pelo semblante, pelo simulacro, forneça uma sustentação para o sujeito.
No mesmo ano que escreveu o Prefácio a O despertar da primavera, Lacan também trabalhou, em seu Seminário 22: R. S. I. (1974-1975), o nó borromeano e a necessidade do quarto elo que enodaria Real, Simbólico e Imaginário. Esse quarto registro, naquele seminário, foi desdobrado em nominações, e Lacan articulou-as ao trio freudiano: inibição, sintoma e angústia. Esta tríade havia sido reintroduzida por Lacan no Seminário 10: A angústia (1962-1963/2005), segundo ele para mostrar as qualidades do afeto que os “afetuosos aficcionados” estavam impedidos de perceber; e demonstrar que esses três termos são tão heterogêneos entre si quanto o Real, o Simbólico e o Imaginário.
Assim, a adolescência surge como possibilidade para um novo enodamento entre as dimensões do Real, do Simbólico e do Imaginário por meio de um quarto elo, amarração esta cunhada por Lacan como nominação. O quarto elo configura-se como a modalização singular inventada pelo sujeito, a que este se refere por nela crer, localizado por meio da expressão pluralizada Nomes-do-Pai (LACAN, 1974-1975).
As estruturas subjetivas são orientadas singularmente pela especificidade da nominação paterna com a qual o sujeito se sustém (LACAN, 1974-1975). O estabelecimento do quarto elo distinto de R., S., I., que suporta a nominação paterna, aponta que esse quarto anel pode ser considerado como a possibilidade de suplência à estrutura borromeana de três elos e, ao mesmo tempo, à condição de estruturação, já que esta depende da versão paterna que o sujeito constitui na passagem adolescente.
Se, por um lado, a adolescência sugere o desatamento do nó que estabiliza a condição psíquica, seja ela borromeana ou não borromeana, por outro, ela também se mostra como lugar particular onde o sujeito elabora uma versão paterna, um “Nome do Nome do Nome”.
AS NOMINAÇÕES
Como vimos, Lacan propôs que o Imaginário, o Simbólico e o Real fossem os primeiros nomes que enodam a estrutura do ser falante, e que cada um desses registros fosse uma nominação, definindo esta como função de enodamento. A essas nominações, Lacan relacionou três manifestações clínicas: a inibição, o sintoma e a angústia. A inibição é proposta como uma detenção produzida pela intrusão do Imaginário no Simbólico; o sintoma, como efeito do Simbólico no Real; e a angústia, como um transbordamento do Real sobre o Imaginário (LACAN, 1974-1975).
O achatamento do nó nos permite visualizar a projeção dos avanços dos campos de gozo sobre os registros R.S.I., mediante a sombra produzida pela intrusão de um registro sobre o outro. No nó borromeano, os modos de gozo são abordados segundo a posição de “ex-sistência” ocupada entre os registros. Entre Imaginário e Simbólico, inscreve-se a função do sentido; entre Simbólico e Real, a função do gozo fálico; e entre Real e Imaginário, a função do gozo do Outro.
Pode-se visualizar, na figura 1, que os campos de gozo se situam nas interseções externas entre cada dois registros, no ponto que um registro “fura” o outro, ou seja, é no ponto de “ex-sistência” de um registro ao outro que os gozos se inscrevem na subjetividade humana. No ajuste do nó está o objeto a, tamponando o ponto central no qual se situa a essência do nó, área de tripla sobreposição do Real, do Simbólico e do Imaginário, que tem um triplo estatuto e marca a incompletude do ser falante. O objeto a é o cerne do gozo que se sustenta com o nó borromeano, é o inatingível gozo a mais (mais-gozar), alocado no exterior central da escrita do nó borromeano.
Projeção dos avanços dos campos de gozo sobre os registros R.S.I e a intrusão do trio freudiano: inibição, sintoma e angústia (SCHEJTMAN, 2013, adaptação nossa).
As zonas sombreadas da figura 1indicam a intrusão de cada campo no outro, um movimento que gira em direção ao centro do nó, ou seja, a partir do objeto a e das diferentes modalidades de gozo que implicam o triádico freudiano― Inibição, Sintoma e Angústia, considerados por Lacan como termos tão distintos quanto os registros R.S.I.
A inibição é proposta por Lacan como uma nominação do Imaginário ou uma identificação imaginária ao Outro Real, uma identificação ao desejo do Outro. A inibição parte do eu e se produz no eu, provocando o impedimento de uma função, causando zero de movimento. No nó borromeano, a intrusão do Imaginário no Simbólico é o que detém o desdobramento infinito da reta do Simbólico ao produzir um sentido. A estreita relação entre inibição e imagem levou Lacan a atribuir ao Imaginário a propriedade da consistência, pois a inibição unifica o corpo por meio da detenção da imagem. A inibição como nominação do Imaginário é considerada um assunto de corpo, que é, para Lacan, constituinte do Imaginário, mas que vai ter efeitos no campo do Simbólico. A consistência da corda do nó borromeano é o que faz com que cada um dos três anéis seja um só corpo ao se enlaçar. A partir dessa consistência imaginária, o gozo “ex-siste” e se sustenta fora dessa consistência, fora do corpo. O gozo fálico encontra-se em posição de “ex-sistência” ao Imaginário e a inibição é a tentativa de se dar sentido a esse gozo fálico fora do corpo (DAFUNCHIO, 2013).
Lacan (1974-1975, em 21/01/1975) define o sintoma como símbolo do que não anda bem no real, um efeito do simbólico sobre o real. O sintoma é tomado como o que “ex-siste” ao inconsciente, como o que do inconsciente passa para o real. O sintoma passa a ter uma dimensão de nominação pareada a uma dimensão simbólica e enodada ao real, como o nó borromeano deixa apreendê-la (PORGE, 2010).
Segundo Porge (2010), essa mudança do sintoma altera também o seu paradigma, que não é mais aquele da substituição significante e da metáfora. O sintoma passa a ser o que faz limite à metáfora no jogo das equivalências entre as dimensões. A “eRrância” da metáfora torna-se o R do real da metáfora, letra passível de ser escrita no nó borromeano, que, com seus cruzamentos, por cima e por baixo em suas planificações, constitui uma escrita, evidenciando no sintoma a relação letra a letra na qual o sujeito é acuado.
Esse efeito, que constitui o sintoma, supõe o Um do inconsciente que passa ao Real, uma letra, um S1 separado, produto não da repressão secundária contida nas formações do inconsciente, mas de uma fixação de gozo que o inconsciente não cessa de escrever e que indica o Simbólico entrando no Real, tratando-se aqui do “sintoma letra de gozo” (SCHEJTMAN, 2013).
O sintoma assinala o que do inconsciente pode ser traduzido por uma letra. Tratando-se do significante que não remete a nenhum outro significante, puro significante que se repete no Real, arrancado traumaticamente da aprendizagem que o sujeito sofre de “lalíngua” (SCHEJTMAN, 2013). Trauma da aprendizagem da “lalíngua”, quer dizer a cunhagem de uma marca singular, consequência do encontro de cada ser falante com a inexistência da relação sexual e cujo sintoma é a repetição, a letra de gozo dessa marca, provocada pela colisão contingente com esse impossível. O sintoma se liga a uma parte de gozo não todo fálico e ao choque da língua com o corpo, com “lalíngua”. Em outras palavras, no sintoma, um real escapa à operação metafórica e o sujeito o assimila como um retorno de um não saber sobre si mesmo.
A angústia é a nominação determinada pelo transbordamento do Real sobre o Imaginário. Nesse transbordamento, Lacan colocou o Gozo do Outro J(A), no qual se faz presente um gozo sem limites, uma vertente da angústia quando falta a falta. Para Lacan, “a representação se separa inteiramente do gozo do Outro” (LACAN, 1974-1975, em 21/01/75), referindo-se aqui à posição de “ex-sistência” do Simbólico nesse gozo, ou melhor, o gozo do Outro está fora da linguagem. O gozo do Outro sem mediação simbólica é sentido como algo corporal, alheio à função fálica que é a função da palavra, totalmente fora do Simbólico (DAFUNCHIO, 2013).
Na topologia borromeana, o gozo do Outro é o gozo do corpo que não se escreve, visto que não todo fálico, gozo fora da linguagem, fora do Simbólico. Essa presença do interior do corpo que a angústia faz emergir irrompe sobre a imagem narcísica e desfigura a ideia que o sujeito tinha de si. No fenômeno clínico da angústia, há uma irrupção do Real do corpo sobre a imagem narcísica, um transbordamento do Real sobre o Imaginário (idem).
O QUARTO ELO COMO NOMINAÇÃO
Na cadeia de três anéis, o Simbólico, o Imaginário e o Real têm posições homogeneizadas. O quarto elo introduzirá a dissimetria e, com ela, a diferença entre os registros, pois, de três consistências, nunca se sabe qual delas corresponde ao Real. Pelo acréscimo do quarto elo, cada um dos três anéis pode ser colocado em relação como aquele da nominação, destacado em preto na figura 2 a seguir.
De acordo com Porge (2010), a introdução do quarto anel faz coexistir o Real fora de sentido dos três anéis desenlaçados e uma dimensão de nominação dando sentido - Imaginário, Simbólico ou Real -, de tal forma que cada anel pode ser portador dessa função.
Lacan (1974-1975) pouco desenvolveu o tema do quarto elo como nominação a partir do laço dos três registros - Simbólico, Imaginário e Real -, que se amarrariam de modo borromeano graças ao auxilio de um quarto elo. No entanto, ele formula a possibilidade de abordar a inibição, o sintoma e a angústia como nominações passíveis de encadear o Simbólico, o Imaginário e o Real de modo borromeano.
A nominação foi articulada por Lacan com a função do pai que sofreu também os efeitos da mudança do enodamento da cadeia de três para quatro anéis. Se, até esse momento, o enodamento dos três anéis era visto como eminentemente simbólico, a nova proposta do quarto anel leva Lacan a considerar a possibilidade de que a função de nominação não seja um privilégio exclusivo do mesmo, mas que possa também haver a nominação do Real e do Imaginário. E é isso o que encontramos no final do seu Seminário, livro 22: R. S. I.
É entre esses três termos, nominação do Imaginário como inibição, nominação do Real como acontece dela se passar de fato, quer dizer, angústia, ou nominação do Simbólico, quero dizer, implicado, fina flor do Simbólico, ou seja, como se passa, efetivamente, na forma do Sintoma, será entre esses três termos que tentarei, ano que vem, e não é por ter a resposta que não vou deixá-la como questão, me interrogar quanto ao que convém dar como substância ao Nome-do-Pai. (LACAN, 1974-1975, em 13/5/75).
Ainda nesse seminário, a principal particularidade do nó borromeano de quatro elos é que seus anéis formam pares não intercambiáveis em sua configuração. Desse modo, quando o quarto elo faz par com o Imaginário, temos a nominação imaginária (Ni) da qual participa a inibição; quando faz par com o Real, temos uma nominação real (Nr) da qual participa a angústia, e, por último, quando faz par com o Simbólico, temos uma nominação simbólica (Ns) da qual participa o sintoma. Os componentes do trio freudiano - a inibição, o sintoma e a angústia - são elevados à categoria de quarto anel: Nomes-do-Pai que, redobrando cada um dos registros, podem enlaçar-se de modo borromeano.
A fim de se evidenciar as amarrações entre a sincronia e a diacronia dos movimentos do nó borromeano presentes na clínica adolescente, apresentar-se-á um caso clínico de um adolescente em vias de se tornar pai, apostando que, por meio da topologia lacaniana, seja possível fazer com que o acolhimento às contingências venha propiciar uma nova amarração da realidade psíquica para esse sujeito.
CASO CLÍNICO: “EU JÁ PLANTEI MUITO ERRADO E AGORA ESTOU PLANTANDO COISA BOA, MELHOR...”
A história de vida de Diego3, um jovem de 19 anos, morador de um aglomerado de baixa renda da cidade de Belo Horizonte, é marcada por uma sucessão de acontecimentos adversos na sua adolescência: perda parental, morte da “Figura de Peso” representada pela sua avó materna, transgressões da lei e atos que o expuseram a riscos de morte, provocando o desenlace de sua tessitura subjetiva.
Por meio de suas falas, vislumbra-se a forte incidência da dinâmica familiar na subjetividade de Diego. Seus pais não se estabeleceram como casal. Possuía uma relação idealizada com o pai, relação esta que não funcionou como Ideal do Eu. Sua mãe era uma mulher devastada pela droga, com quem mantinha uma relação “fraterna” e de pouco respeito. Sua avó materna foi sua maior referência simbólica, funcionando como Ideal do Eu, transmitindo-lhe a crença no simbólico e permitindo-lhe uma sustentação simbólica.
Destaca-se, na adolescência de Diego, a morte trágica e literal de seu pai, um policial militar. Conforme Freud (1905/1989), separar-se do pai é sempre uma das tarefas mais dolorosas da adolescência: matar o pai idealizado e encontrar outros objetos. No entanto, esse desligamento do pai, no caso de Diego, deu-se de forma traumática. Até a morte do pai, ele se sustentava em uma nominação imaginária, ligado a um pai idealizado como herói, que trazia consigo uma certa contenção do gozo do Outro e que dava consistência ao seu corpo (figura 3).
Essa imagem idealizada do pai cai drasticamente diante do seu assassinato, revelando se tratar na realidade de um bandido. Essa morte propiciou a Diego conhecer a verdadeira história do seu pai. Ele mantinha uma vida em paralelo: havia constituído outra família e morava em uma bela casa com esposa e filhos. Além disso, era, na verdade, um “policial bandido”, estando envolvido em assaltos a bancos.
No caso de Diego, ao que parece, seu pai não localizou uma mulher como causa de seu desejo. Também não estava apegado a um ideal... duas famílias, errante na extensa malha desde o policial até o bandido. Em consonância com as palavras de Diego, ele trazia apenas dinheiro e presentes, não amor e carinho. Estava circulando à deriva na troca metonímica do dinheiro, portanto, não tendo transposto o objeto a para a história (LACAN, 1962-1963/2005), e esse é o ponto de uma versão regressiva do mito do gozo paterno, causado pelo dinheiro - objeto anal. Como disse Lacan em R. S. I. (1974-1975), o gozo do pai não está “père-versamente” orientado para uma causa de desejo, orientando uma versão a que seu desejo se dirige.
Lacan nos aponta um sujeito sexuado que, na manifestação de seu desejo, deve saber a que “a” se refere seu desejo. Ou melhor, é o modo particular como um pai (não importa o gênero, mas, sim, quem ocupa a função pai) faz sua escolha amorosa que indica a presença de um pai desejante, submetido à castração. Assim, é necessário um desejo vivo, cuja particularidade venha mostrar o que é típico dessa função, que é de gozo, uma vez que designa, no ato de amor, de que modo o homem, na escolha de uma mulher “para lhe fazer filhos” (LACAN, 1974-1975), se depara com o objeto a não incluído na metáfora paterna (LAURENT, 1998, p. 10).
Com a morte do pai de Diego, temos a irrupção do Real da angústia, um transbordamento do Real sobre o Imaginário, não como uma nominação que enoda, mas sim como algo que o desenlaça, empuxando-o ao pior por meio de inúmeras atuações. Existe uma estreita relação entre a inibição e as patologias do ato, de tal forma que o sujeito inibido a qualquer instante pode passar ao ato (LACAN, 1962-1963/2005).
No caso de Diego, em sua adolescência e após a morte do pai, temos um primeiro desfazimento dos nós que tecem sua tessitura subjetiva, que, até então, se encontrava enlaçada por uma nominação imaginária. Na puberdade, cai a imagem do pai idealizado ocorrendo um desenlace entre os registros Imaginário e Simbólico, em que o jovem dava consistência ao seu corpo pela via do Imaginário diante do ponto de falha em seu Ideal do Eu. Escancara-se, assim, a falha na identificação com o pai da realidade, como homem potente, e surge a imagem do pai criminoso.
Após essa morte traumática, o sujeito se angustia e realiza uma tentativa de nominação pelo Real, pela via da passagem ao ato, numa tentativa de enodamento pela pulsão de morte, identificado ao pai caído, ao mais real do pai (figura 4).
Após o assassinato, Diego passa a expor seu corpo - acidente automobilístico, acidente com arma de fogo, overdose e vítima de tentativa de homicídio - e a entrar na mesma cena do pai pelo viés da criminalidade, chegando ao limite do risco. Diego nos conta que foi atingido com seis tiros, pelas costas, por outro adolescente, por causa de “briga por mulher”, ficando vários dias entre a vida e a morte. A iminência de sua própria morte interrompe o precário ensaio de nominação pela via do Real, da passagem ao ato.
Foi preciso estar no lugar do pai morto para que Diego se angustiasse e procurasse uma analista. Nessas conversas pontuais, ele pôde falar de sua identificação com o pai morto, vendo-se no caixão no lugar do próprio pai. Ele expõe também seu dilema entre a decisão de vingar ou não a tentativa de homicídio por ele sofrida. Desse encontro com a analista, desloca-se do caixão para a vida - foi preciso enterrar o pai para poder viver.
Recusando-se a se vingar de seu algoz, Diego faz uma escolha pela vida. Estar no lugar de morto por causa de briga por uma mulher o fez repensar o valor de objeto precioso que tinha para as mulheres de sua família - mãe, avó e irmãs. A possibilidade de sua morte fez com que recuperasse a dignidade do objeto, passando de objeto de gozo obsceno a objeto de desejo digno. Podemos dizer que, no momento em que está literalmente no lugar do morto, ele conecta o objeto amado e perdido ao oco da castração, conectando o a com a castração.
Após a experiência da própria morte, novos acontecimentos demandam de Diego uma nova posição: sua mãe é presa e a avó morre. Ao contrário da solução anterior, pela via do desenlace próprio da pulsão de morte, Diego assume o lugar de chefe da casa, cuidando das irmãs e da sobrinha. Consegue um trabalho como porteiro e retoma suas atividades de jardineiro, que haviam sido interrompidas após o atentado sofrido. Pouco tempo depois, inicia um namoro, seguido da gravidez e do advento da paternidade.
Para Lacan (1955-1956/2008), é a relação com a experiência da morte que dá seu pleno sentido ao termo procriar. Em Diego, podemos verificar a estreita relação da procriação e da morte, pois a possibilidade de sua morte viabiliza que o evento da paternidade possa ter sentido para ele, encadeando novamente Real, Simbólico e Imaginário. A partir do advento da paternidade e da construção em análise, temos um terceiro tempo na estruturação do nó borromeano de Diego (figura 5). Nota-se uma nova nominação Imaginária, que faz barra ao gozo do Outro obsceno, propiciando que ele dê uma outra destinação à sua pulsão de morte, desfazendo-se de sua identificação com o pai morto.
Ao realizar esse enodamento entre o Simbólico e o Imaginário, Diego consegue afastar o Real de sua tendência para a morte, conjugando sexualidade e morte. Essa amarração possibilitou que o jovem tomasse o parceiro sexual como objeto e finalizasse a constituição de sua fantasia, sendo a resposta do sujeito frente à pergunta: “O que quer o Outro de mim?”. Essa resposta deve ser deduzida no campo do Outro, mas não sem as contingências da vida e as relações do sujeito com esse Outro que lhe coube desde o seu nascimento como sujeito.
O que devolve a dignidade da imagem perdida para Diego é a vestimenta fálica conseguida por meio de sua virilidade, que foi realçada pelo papel de provedor da família. Essa é uma saída conectada pela via da imagem, mas que muda o tom de tragédia e torna a vida mais transitável, fazendo com que ele, finalmente, possa fazer uso de sua “ferramenta”. Pela virilidade e pelo encontro sexual, ele se “safa” da morte.
Pode-se aqui questionar se a nominação imaginária se sustentará no momento da vinda de um filho ao mundo. Como Lacan nos mostra, “a função de ser pai não é absolutamente pensável na experiência humana sem a categoria do significante” (LACAN, 1955-1956/2008, p. 338). A notícia da paternidade pode, em muitos casos, desencadear uma psicose. Mas o que constatamos, no caso de Diego, é que esse acontecimento introduziu uma inovação em sua estrutura, com uma possibilidade de reparação, fazendo valer o pai como significante.
Apesar de se encontrar sustentado em uma nominação imaginária, essa reparação em Diego ainda se mostra em construção, indo na direção de se metaforizar a pulsão no trabalho de jardineiro e na paternidade, no “plantar e cuidar”, e é isso que abre a aposta para um outro modo de se tratar a pulsão de morte. Diante da pergunta sobre o que é um pai, Diego responde: “Não basta plantar, fecundar: é preciso cuidar!”.
CONCLUSÃO
A contingência propiciada pela paternidade permitiu que Diego passasse do Pai traumático para o Pai sintoma, tomado aqui como uma modalização singular inventada pelo sujeito, como uma nominação própria que permitiu fazer uma nova amarração da realidade psíquica, dando nome ao que não tem nome, constatada a partir da fala desse adolescente desorientado pela ausência de referência paterna. Para além da sincronia de estrutura, esse quarto elo supôs a diacronia de acontecimentos constituintes do sujeito. Não basta o “não” do pai. Também não basta estar inscrito na Metáfora Paterna. A adolescência é um momento em que todo sujeito tem que refazer esse nó, esse “caroço” do Nome-do-Pai, retraçando sua biografia e reparando sua imagem (CAPANEMA, 2015).
Se o primeiro tempo do ensino de Lacan é pautado, sobretudo, pela idéia de que o evento da paternidade poderia ser um fator de desestabilização, de desencadeamento, ou até mesmo de uma psicose (LACAN, 1955-1956/2008), o que se constata neste trabalho é que a paternidade, muitas vezes invisível e não registrada em vários casos de gravidez na adolescência, deve ser levada em conta, visto que esse acontecimento pode vir a funcionar como nominação, permitindo a muitos jovens dar um novo sentido às suas vidas.
Diante da importância de se propiciar espaços de acolhimento das contingências na vida dos adolescentes, este estudo assinala o advento da paternidade como uma forma de nominação, num novo reenlace do nó borromeano, no Nome do Nome do Nome. Não se trata de forjar para os adolescentes uma nova paternidade ou um novo pai, mas tomá-los em um dispositivo discursivo que lhes permita inventar novas maneiras de amarrar sua subjetividade, sem a nostalgia de um pai que lhes sirva de garantia.
REFERÊNCIAS
- AMIGO, S. Clínica dos fracassos da fantasia Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2007.
- ARAÚJO, M. E. C. A topologia da realidade: um percurso da realidade psíquica ao sinthoma. Tese de Doutorado, Pós-Graduação em Teoria Psicanalítica, Instituto de Psicologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 2014.
- CAPANEMA, C. A. A contingência da paternidade como forma de amarração do quarto elo do nó borromeano na adolescência Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Minas Gerais, Universidade Federal de Minas Gerais. 2015.
- CAPANEMA, C.A. (2018). Enlaces e Desenlaces na Adolescência Belo Horizonte: Scriptum.
- CAZOTTE, J. O diabo amoroso Rio de Janeiro: Imago, 1992.
- DAFUNCHIO, N. S. Inhibición, síntoma y angustia Buenos Aires: Del Bucle, 2010.
- DELTOMBE, H. Les enjeux de l’adolescence Paris: Éditions Michèle, 2010.
- FREUD, S. Inibições, sintomas e ansiedade (1925-1926). Rio de Janeiro: Imago, 1989. P. 95-201. (Ed. standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 20)
- FREUD, S. Pour introduire la discussion sur le suicide (1910). In: LACADÈE, P. La vraie vie à l’école: la psychanalyse à la rencontre des professeurs et de l’école. Paris: Éditions Michèle, 2013, p. 210-212.
- FREUD, S. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade (1905). Rio de Janeiro: Imago, 1989. P. 118-238. (Ed. standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 7)
- GARCIA-ROZA, L. A. Introdução à metapsicologia freudiana: a interpretação do sonho Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
- LACAN, J. A angústia (1962-1963). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. (O seminário, 10).
- LACAN, J. As psicoses (1955-1956). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. (O seminário, 3).
- LACAN, J. Le non-dupes errent (1973-1974). Inédito. (O seminário, 21).
- LACAN, J. L’ insu que sait de une-bévue s’aile à mourre (1976-1977). Inédito. (O seminário, 24).
- LACAN, J. O sinthoma (1975-1976). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007. (O seminário, 23).
- LACAN, J. Prefácio a O Despertar da Primavera. In: LACAN, J. Outros escritos Rio de Janeiro: J. Zahar, 2003. P. 557-559.
- LACAN, J. R.S.I. (1974-1975) Inédito. (O seminário, 22).
- LAURENT, E. O modelo e a exceção. Revista Correio, v. 58, 1998, p. 7-12. Escola Brasileira de Psicanálise.
- PORGE, E. Lettres du symptôme: versions de l’identification. Toulouse: Erès, 2010.
- VORCARO, A. A criança na clínica psicanalítica Rio de Janeiro: Cia de Freud, 1997.
- SCHEJTMAN, F. Sinthome: ensayos de clínica psicoanalítica nodal. Buenos Aires: Grama, 2013.
-
1
Freud utilizou dois termos para designar a realidade - Wirklichkeit e Realität - traduzidos indistintamente como “realidade” nas obras completas editadas pela Edição Standard Brasileira. No entanto, Lacan alerta quanto à necessidade de diferenciá-los e atribui ao termo Wirklichkeit a realidade operante psiquicamente (como os produtos da fantasia), enquanto Realität aponta para aquilo que possui um conteúdo objetivo e um compromisso com a realidade externa (GARCIA-ROZA, 2004).
-
2
A condição do “borromeanismo” é que não pode haver interpenetração entre as cordas. Os nós se apoiam uns nos outros, mas não se misturam.
-
3
Nome fictício atribuído ao adolescente visando à garantia de sigilo e individualidade.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Jan-Apr 2019
Histórico
-
Recebido
09 Mar 2017 -
Aceito
20 Set 2017