Open-access As dimensões da voz na pulsão invocante: Real, Simbólico e Imaginário

The dimensions of the voice in the invocative drive: Real, Symbolic and Imaginary

Resumo:

O presente artigo tem por objetivo discutir a articulação entre as dimensões Real, Simbólica e Imaginária da voz. Para isso, conceitos como lalangue, significante e sonoridade são abordados em paralelo aos três registros, a fim de demonstrar que a noção de voz em psicanálise requer uma amarração conceitual. Acreditamos que o debate em torno da pulsão invocante auxilia o campo clínico, principalmente aos analistas que se interessam pelos embaraços na constituição de sujeitos que apresentam uma relação particular com a própria voz e a voz do Outro.

Palavras-chave: voz; real; simbólico; imaginário

Abstract:

This article aims to discuss the articulation between the Real, Symbolic and Imaginary dimensions of the voice. For this, concepts such as lalangue, signifier and sonority are approached in parallel to the three registers, in order to demonstrate that the notion of voice in psychoanalysis requires a conceptual connection. We believe that the debate around the invoking drive helps the clinical field, especially for analysts who are interested in the embarrassments in the constitution of subjects who have a particular relationship with their own voice and the voice of the Other.

Keywords: voice; real; symbolic; imaginary

Introdução

O conceito de pulsão foi elaborado por Freud (1915/2019) para se referir à exigência de trabalho constante ao aparelho psíquico, ainda que a pulsão não pudesse ser localizada exclusivamente no campo psíquico, tampouco no campo somático. Em Lacan (1964/2008), a pulsão se torna um conceito que engendra uma articulação entre significante e corpo. Ambas as definições apontam para a pulsão como força constante de trabalho ao psiquismo, apresentando-se dissonante a qualquer ritmo biológico. Poderíamos dizer que uma das especificidades da pulsão é o ritmo que se encontra ao lado do significante, correlato à alternância encontrada na musicalidade da voz materna, ou seja, a ritmação se torna organizadora do caos que é a vida psíquica do bebê.

A ritmação como fator crucial na organização psíquica do infans implica a função do Outro como mediador desta organização, uma vez que o Outro possibilita a instalação da pulsão no corpo do bebê. O funcionamento pulsional é marcado pelos efeitos da ação da linguagem sobre o corpo os quais, inicialmente, atuam em torno dos orifícios corporais se estendendo por todo corpo do infans, transformando-o em um corpo pulsional.

Nesse tempo de investimento no corpo do bebê, as trocas com o Outro são marcadas por equívocos - próprios ao funcionamento da linguagem e à montagem da pulsão -, pois, como ensina Lacan, a pulsão “é precisamente essa montagem pela qual a sexualidade participa da vida psíquica, de uma maneira que se deve conformar com a estrutura de hiância que é a do inconsciente” (Lacan, 1964/2008, p. 173). Lacan (1964/2008) formula o esquema da pulsão para demonstrar que a satisfação desta não se realiza no encontro com o objeto, mas pelo trajeto que a pulsão percorre em seu entorno, retornando à fonte com significantes em substituição ao objeto.

Gráfico 1
Esquema da pulsão

O esquema de Lacan evidencia a busca por satisfação pelo movimento pulsional que, apesar de contínuo, vai de encontro com a impossibilidade de alcançar a satisfação em sua totalidade: “Devemos levar em consideração a possibilidade de que algo [...] na natureza própria da pulsão sexual é desfavorável à realização da satisfação completa” (Freud, 1912/1996, p. 194). Esse resto, impossível de ser alcançado, é o que impulsionará o sujeito obstinadamente ao movimento de busca. Mas, afinal de contas, busca pelo quê? Ora, pelo objeto fundamentalmente faltoso, ao qual Lacan intitulou objeto a.

[...] esse objeto que confundimos muito frequentemente com aquilo sobre o que a pulsão se refecha - este objeto, de fato, é apenas a presença de um cavo, de um vazio, ocupável, nos diz Freud, por não importa que objeto, e cuja instância só conhecemos na forma de objeto perdido, a minúsculo. (Lacan, 1964/2008, p. 176-177).

No texto Observação sobre o relatório de Daniel Lagache: Psicanálise e estrutura da personalidade (1960/1998), Lacan apresenta a noção de objeto a referindo-se ao objeto do desejo. No Seminário 10, Lacan se dedicou à questão da angústia, o que possibilitou uma articulação à noção de objeto a. Esta noção abrange grande parte da obra lacaniana e propiciou investigações mais apuradas sobre os objetos da pulsão. O objeto voz, eleito neste artigo, vem adquirindo espaço entre psicanalistas, uma vez que é com a voz que os analistas trabalham em seus consultórios (Vivès, 2009). Além disso, o clínico em psicanálise é levado a se questionar sobre os efeitos da voz sobre o sujeito, seja nos estranhamentos diante da própria voz na neurose, nas vozes imperativas na psicose ou, ainda, nas estratégias que os autistas buscam para se proteger da voz do Outro.

O objeto voz não aparece entre os objetos pulsionais apresentados por Freud, mas já havia um arcabouço teórico consistente para sua abordagem, visto que o autor se interessava pelos artifícios que os psicóticos utilizavam para se proteger da voz. Nesse sentido, Freud destaca Schreber, que, ao se sentir ameaçado pelas vozes, buscava se defender por meio da música ao tocar piano ou ao recitar poesias, atividades às quais Vivès (2013) denomina “armadilhas para a voz”.

Os trabalhos de Lacan sobre a psicose possibilitaram a introdução dos objetos olhar - apesar de já identificado por Freud ao se referir à pulsão de ver - e voz. O autor volta sua atenção à voz a partir do estudo das alucinações na paranoia, no qual extrairá o objeto escópico do delírio de observação ao reconhecer a presença de um olhar que recai sobre o sujeito e o objeto voz dos fenômenos de automatismo mental abordados por Clérambault. Vemos que as alucinações apresentadas por pacientes psicóticos deram um direcionamento a Lacan, que se afastou de investigações que consideravam a voz somente como fenômeno no campo da psicopatologia e passou a abordá-la rigorosamente no campo pulsional.

Partindo dessas premissas, este artigo tem por objetivo abordar a articulação entre as dimensões Real, Simbólica e Imaginária da voz, uma vez que o conceito de voz na psicanálise lacaniana esbarra em conceitos como lalangue (Real), significante (Simbólico) e sonoridade (Imaginário), tornando possível sua abordagem somente a partir desta articulação conceitual, ou seja, o conceito de voz passa, invariavelmente, pela amarração das dimensões Real, Simbólica e Imaginária. Além disso, podemos dizer que poucos trabalhos se dedicam à abordagem da voz em seus três registros, uma vez que a própria noção de voz recebe menos atenção dos psicanalistas em detrimento do olhar. Ao recorrer aos mitos de Narciso - em referência ao olhar - e Eco - em referência à voz -, Érik Porge (2014) destaca que “o mito de Eco está entrelaçado ao de Narciso. No entanto, para manter seus projetores com o foco em Narciso, a posteridade relegou Eco ao segundo plano. [...] é a própria verdade do mito que nos faz entender que a voz de Eco tem dificuldade em se fazer ouvir” (Porge, 2014, p. 19). Para tanto, este artigo se propõe a restituir o lugar privilegiado da voz no campo psicanalítico.

A pulsão invocante

Na seção O que entra pelo ouvido (1962-1963/2005), situada no Seminário 10: A Angústia, Lacan afirma que a voz do Outro incidirá diretamente sobre o corpo do bebê, uma vez que a incorporação da voz do Outro constitui uma borda e cava um vazio que se configuram como marcas que possibilitarão ao infans tornar-se falante. A voz revela que sua materialidade não é sonora, mas incorpórea - queremos dizer com isso que a voz, enquanto objeto pulsional, possibilita a articulação entre Real e Simbólico, ou melhor, a voz autoriza a incorporação do significante ao Real do corpo.

Lacan (1962-1963/2005) afirma que o ouvido, especificamente a cóclea, se configura por uma complexa caixa de ressonância, ou, ainda, uma caixa oca que ressoa de modo inigualável justamente por portar um vazio, visto que “o aparelho ressoa, e não ressoa qualquer coisa. Se quiserem, para não complicar demais as coisas, ele só ressoa em sua nota, em sua própria frequência” (Lacan, 1962-1963/2005, p. 299). A voz, além de não ressoar qualquer coisa, igualmente não ressoa em um vazio qualquer, mas em um vazio que é do Outro, ou seja, endereçar a voz só pôde receber o estatuto de questão devido ao vazio do Outro.

A mais simples imisção da voz no que é linguisticamente chamado de sua função fática ressoa num vazio que é o vazio do Outro como tal [...]. É próprio da estrutura do Outro constituir um certo vazio, o vazio de sua falta de garantia. [...]. Ora, é nesse vazio que a voz ressoa como distinta das sonoridades, não modulada, mas articulada. (Lacan, 1962-1963/ 2005 , p. 300).

Em O Seminário 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise (1964/2008), Lacan teorizou o olhar como objeto da pulsão escópica ao distinguir a visão (órgão da vista) e o olhar (objeto pulsional). Porém, os estudos sobre o objeto voz não foram sistematizados da mesma maneira que o objeto olhar. Nestes trabalhos, Lacan deixa claro que a discrepância entre olho e olhar possibilitou colocar em jogo a dinâmica entre ouvido e voz, o que nos certifica que a voz não é coincidente ao registro sonoro, uma vez que não é a ordem da materialidade sonora que eleva a voz a objeto pulsional.

A voz, a relação com o significante e o registro sonoro são pontos importantes aos analistas lacanianos interessados pela pulsão invocante, pois, conforme Lacan (1965-1966/2018), “a voz não é somente este barulho que modula no campo auditivo, mas o que cai nesta retroação de um significante sobre o Outro, que é o que nós definimos como condição fundamental da aparição do sujeito” (Lacan, 1965-1966/2018, p. 368).

O tratamento Simbólico da voz

O texto Jacques Lacan e a voz (2013), de Jacques-Alain Miller, nos mostra que há uma lógica existente na novidade lacaniana, uma vez que a voz se encontra articulada à fala e à linguagem, logo, seria interessante considerar a voz como o terceiro elemento entre a função da fala e o campo da linguagem.

Nesse sentido, uma consistente definição de voz é encontrada em Miller que, baseado nos ensinamentos de Lacan, apresentará a voz como aquilo que resta da operação significante, ou, ainda, conforme o autor: “a voz como tudo aquilo que, do significante, não concorre para o efeito de significação” (Miller, 2013, p. 6). Neste ponto, é importante ressaltar que a voz não coincide com o ato de fala, mas com a função do significante. Portanto, se a voz se encontra diretamente articulada à cadeia significante, logo, apresentamos mais um indicativo de que a voz não pertence exclusivamente ao registro sonoro, o que justifica a posição de Miller na citação acima, ao se referir a uma fala sem voz. Lacan (1955-1956/1988) apresenta a voz afastada da sonoridade e mostra a relação entre voz e significante com o exemplo do surdo-mudo.

O que acontece se vocês se apegam unicamente à articulação do que ouvem, ao sotaque, e mesmo às expressões dialetais, ao que quer que seja literal no registro do discurso de seu interlocutor? É preciso acrescentar a isso um pouco de imaginação, pois talvez isso nunca possa ser estendido ao extremo, mas é muito claro quando se trata de uma língua estrangeira - o que vocês compreendem num discurso é outra coisa que o que está registrado acusticamente. É ainda mais simples se pensamos no surdo-mudo, que é suscetível de receber um discurso por sinais visuais transmitidos por meio dos dedos, segundo o alfabeto surdo-mudo. Se o surdo-mudo ficar fascinado pelas lindas mãos de seu interlocutor, ele não registrará o discurso veiculado por essas mãos. (Lacan, 1955-1956/ 1988 , p. 158).

Com essa afirmação, Lacan nos ensina que, quando alguém fala, é possível que inicialmente sejamos capturados pelos contornos e modalizações da voz do outro ou mesmo pelo seu sotaque, porém, logo a atenção se volta ao que está sendo dito. Fundamentados nessa concepção, poderíamos dizer que a fala vela a voz.

A perspectiva musical permitiu que Vivès pensasse sobre a música, especificamente o canto, como uma maneira de tornar a voz “opaca” por meio de uma diluição da dimensão Real da voz, fazendo dela um “objeto estético” a ser apreciado. É a este ponto que Miller se refere ao dizer que “se falamos tanto, se fazemos colóquios, se conversamos, se cantamos e ouvimos os cantores, se fazemos e ouvimos música, a tese de Lacan comporta que é para calarmos aquilo que merece ser chamado de voz como objeto a” (Miller, 2013, p. 12-13).

Na perspectiva lacaniana, encontramos a relação do corpo com a linguagem - na medida em que o corpo é atravessado pela linguagem - dando-lhe outra versão, que não a biológica ou a concepção da naturalidade corpórea. O corpo encontra-se submetido, assim como o sujeito, à falta e é somente neste sentido que ele pode ser significante, que a linguagem pode atuar como um representante da falta.

Um exemplo interessante são os bebês que, em seu tempo de “fazer-se” para o Outro, se mostram admirados com a atenção que recebem de seu interlocutor, porém, quando este desvia a atenção a outra tarefa, logo, o bebê - ainda não falante - tosse em direção ao Outro. A tosse, nesse caso, não representa um reflexo natural do aparelho respiratório, mas um meio ao qual o bebê pode recuperar o prazer de estar com o Outro.

No corpo, a voz se inscreve pelos circuitos da pulsão, uma vez que se encontra na fronteira entre o grito (próximo ao Real da voz) e a fala (articulação Simbólica dos sons de uma língua). Logo, a voz se encontra flutuante entre diversas dimensões, ou seja, não é pura e simplesmente fala, nem grito, tampouco apenas sonoridade. Maliska faz referência à inauguração da linguagem sob uma perda, a passagem do grito à fala, “linguagem essa que marca o corpo de uma outra forma, não mais a naturalista. O suspiro ganha sentido e a voz ecoa no sujeito como objeto da pulsionalidade, de modo a fazer circuito nas zonas erógenas, inscrevendo, no corpo, as marcas do desejo como significante da falta” (Maliska, 2008, p. 23).

A teoria freudiana destaca que a constituição da zona erógena oral se realiza por um processo rítmico produtor de prazer, pois Freud afirma que qualquer parte da pele ou da mucosa encontra satisfação mediante a sucção rítmica. Já as zonas erógenas relativas às pulsões propostas por Lacan não são tão explícitas. No caso da voz, constatamos que é pela musicalidade e pela dimensão rítmica presentes na voz do Outro que se faz do ouvido uma zona erógena, caracterizada pela presença de um orifício que, em seus movimentos de abertura e fechamento - boca, ânus e olhos -, se configuram por movimentos próprios ao funcionamento do inconsciente (Maliska, 2008). Porém, o ouvido é uma parte do corpo ao qual não é possível fechá-lo, ainda que o sujeito possa se recusar a ouvir, como constatamos no autismo.

Nesse sentido, se as zonas erógenas - oral e anal - propostas por Freud dependem de um processo rítmico presentes no contato com a pele, os objetos olhar e voz se apresentam menos dependentes desse contato, uma vez que, quanto à voz, “é pela musicalidade e ritmia sonora presentes na lalação materna que se sexualiza o ouvido como zona erógena. Essa erotização ocorre em função de certa ‘sonata materna’ que remete a uma lalação do Outro materno que sexualiza o ouvido, tornando-o erógeno” (Maliska, 2008, p. 29). Logo, quando pensamos na especificidade dessa zona erógena que é o ouvido, poderíamos dizer que se trata de uma “lalação rítmica”, pois, “é no ouvir certo conjunto de sons articulados e ritmados que o sujeito goza na sua relação da pulsão com o objeto a” (Maliska, 2008, p. 29).

Na pulsão invocante, a voz se difere da fala da mãe, pois, se há algo próximo a este objeto da pulsão, então, estaríamos falando de lalangue. Nesse sentido, o que podemos pensar a respeito do Real da voz é que, ao lado da mãe, estaria lalangue e, ao lado do infans, o grito.

O tratamento Real da voz

A voz em seu aspecto pulsional - ou, ainda, em sua dimensão Real - não é identificável assim como o canto ou a fala, visto que se trata de uma dimensão que não depende da articulação significante e muito menos do processo de significação. Logo, para abordar o Real da voz, elegemos as duas expressões vocais que mais se aproximam dessa dimensão: o grito mítico do bebê e lalangue - a dimensão sem sentido e singular da língua materna.

A constituição do sujeito passa por um tempo em que o corpo do bebê é acometido por uma tensão que o lança em um estado de desamparo. Logo, o grito manifesto pelo pequeno, antes de se configurar como apelo, se apresenta como expressão vocal de desconforto. Diante dessa condição, o Outro assume um saber ao conferir significação ao grito e às vocalizações do bebê. Partindo disso, é importante questionarmos: como ocorre este processo, ou, ainda, o que faz com que um grito venha a se tornar um chamado? Como um corpo, em sua experiência vital, se inscreve no circuito da pulsão invocante? Podemos dizer que a voz do Outro endereçada como resposta à emissão do infans se torna crucial nessa transformação de “grito puro” a “grito para” (Poizat, 2001; Vivès, 2009). A passagem de expressão de desconforto à demanda e chamamento ao Outro marca o momento em que o grito passa a ser endereçado a alguém. Dito de outra forma, ao grito do infans, o Outro empresta significantes que possam atenuar o desamparo ao qual o bebê se encontra, logo, o que transforma o grito em apelo é a acolhida que o Outro oferece ao sujeito a advir, pois, “antes, ele se comprazerá em encontrar ali as marcas de resposta que tiveram o poder de fazer de seu grito um apelo. Assim, ficam circunscritas na realidade, pelo traço do significante, as marcas onde se inscreve a onipotência da resposta” (Lacan, 1960/1998, p. 686). O endereçamento da voz do Outro põe em jogo seu desejo e possibilita que o infans passe de invocado a invocante. Nessa dinâmica, encontramos duplo endereçamento - do Outro em direção ao infans e do infans em direção ao Outro -, possível pela transformação do grito em demanda.

Vivès nos diz que o ponto surdo é um momento crucial em que o sujeito deve ensurdecer ao timbre original do Outro para vir a assumir a própria voz e tornar-se falante. Fundamentados nessa afirmativa, podemos dizer que a extração do objeto voz se encontra articulada à noção de ponto surdo, uma vez que este ponto produz efeitos com o surgimento do Outro, o qual atribui significação às manifestações do infans, pois “a interpretação significante do grito vela a dimensão real da voz para a qual o sujeito se tornará surdo a fim de aceder ao estatuto de sujeito falante” (Vivès, 2018, p. 26). Essa ideia vai ao encontro do pensamento de Miller, ao afirmar que a voz enquanto objeto pulsional é o que resta do significante diante o processo de significação.

Em termos lacanianos, a princípio, a voz do Outro se apresenta ao infans em sua dimensão Real. A sedutora voz do Outro convida-o a gozar infinitamente, mas, “como o homem nunca pode, totalmente, acomodar-se a esta lógica da renúncia, ele é sempre tentado por esta voz do gozo que o convida a reatar-se com o arcaico, com o tempo mítico em que o desejo ainda não tinha sido atualizado” (Vivès, 2009, p. 192). Porém, esta dimensão Real da voz será atravessada pelo Simbólico e - como vimos - isto será possível por meio dos significantes que acompanham a interpretação do Outro sobre o grito do bebê.

A voz se faz atraente por oferecer uma promessa de gozo infinito. Pensamos que, neste tempo, o bebê encontra-se encantado pela lalangue materna, ou seja, à melodia singular ao qual o Outro endereça ao bebê. Este seria o timbre originário ao qual Vivès nos remete? “Para tornar-se falante, o sujeito deve adquirir uma surdez a este outro que é o real do som musical da voz” (Vivès, 2009, p. 197). A este “som musical da voz”, sabemos que não se trata de palavra, de canto e muito menos de língua materna. A palavra que atribui sentido ao grito do bebê encobrirá a voz em sua dimensão Real, ou seja, os significantes ofertados no processo de significação do grito mantêm o infans afastado da voz em seu estado de puro gozo no Real. Já o canto encobre a voz, o bebê é capturado pela sonata materna o que garante que o sujeito se torne surdo à sua dimensão Real, uma vez que “o canto não é o que permite melhor exemplificar a voz enquanto objeto. Ele é, no máximo, a revogação da voz, o que permite mantê-la a distância. É um domador de voz, (dompte-vox) como o quadro é, de acordo com Lacan, um domador de olhar (dompte-regard)” (Vivès, 2009, p. 193-194).

A voz encantadora da sereia nos remete à voz materna que, igualmente sedutora, invoca o infans a tornar-se sujeito desejante. Logo, podemos dizer que a voz presente no canto se encontra em estreita relação com a constituição do sujeito, posto que a dimensão Real do canto materno propicia as primeiras inscrições no bebê. Esse canto é o que possibilitará ao pequeno tornar-se cantante antes mesmo de sujeito falante, pois o balbucio infantil - por se configurar como vocalizações ritmadas - encontra-se mais ao lado do canto que propriamente da fala. Para discutir esse tempo das primeiras inscrições do sujeito, torna-se inevitável a abordagem do canto singular materno, chamado lalangue.

Em O saber do psicanalista (1971-1972/2011), Lacan propõe - após um lapso - o termo lalangue que, em homofonia à “lalação”, remete a um momento anterior à articulação significante. A respeito dessa “lalação”, Soler diz se tratar de “um som disjunto do sentido; no entanto, não disjunto do estado de contentamento da criança” (Soler, 2012, p. 38).

Para o sujeito, lalangue é o que resta da língua materna, da musicalidade singular da língua falada e dos contornos particulares da fala do Outro que afetam o sujeito - o que revela o caráter intraduzível de lalangue. Portanto, pode-se dizer que, em lalangue, não há uma ordem, “ela não é uma estrutura, nem de linguagem, nem de discurso” (Soler, 2012, p. 40).

Se a linguagem apresenta um funcionamento universal a todo falante, lalangue se apresenta em sua singularidade, resultante da relação particular do sujeito com sua língua falada. Quinet se refere à lalangue como a marca no sujeito de sua língua materna: “o sujeito recebe [...] como chuva, tormenta de significantes próprios àquela língua idiomática que se depositam para ele como material sonoro, ambíguo, equívoco, cheio de mal-entendidos, cheio de sentido e, ao mesmo tempo, sem sentido” (Quinet, 2016, p. 245).

Lalangue é a língua materna, mas não podemos reduzi-la exclusivamente a isso, visto que uma das características fundamentais de lalangue se encontra no afastamento da dinâmica de significação presente na língua falada. Ao que parece, a princípio, lalangue se configura por um bloco sonoro, sem significação ou possibilidade de destacamento de um significante específico, ou seja, lalangue apresenta uma estrutura de gozo. Nesse caso, pensamos que, a princípio, os bebês ouvem essas massas sonoras envoltas pela musicalidade presente na voz do Outro. Não é raro vermos os resquícios desse tempo em crianças que se divertem com a modulação da própria voz, a fim de alterar o sentido de um dito. Em outros casos, elas repetem ininterruptamente uma palavra até que a repetição se torne um bloco sonoro sem sentido, o que aponta para um gozo em vocalizar e se aproximar - ainda que de modo limitado - à dimensão Real da voz. Entendemos que ensurdecer ao timbre originário do Outro implica uma perda de gozo ao Real da voz, o que possibilita ao sujeito aceder à dimensão significante. Esse ensurdecimento é o que permite que um significante seja ouvido no bloco sonoro de lalangue e entre em articulação uns com os outros. Desse modo, haveria em lalangue uma “abertura” para a instalação do registro Simbólico e a montagem de uma consistência, própria ao registro Imaginário, que viabiliza o processo de significação. A respeito da dinâmica de lalangue, Maliska nos diz que “a fonação presente na lalangue é da ordem dos sons e ritmos (faunétique), que não engendra fonemas, mas traços distintivos, sons e ritmos de uma lalação que coloca o sujeito no campo do real, no mundo do fauno (da música), uma fonação da ética do desejo” (Maliska, 2008, p. 63).

Se lalangue se configura por sua anterioridade à articulação significante, logo, o que se encontra em evidência é a materialidade incorpórea da voz do Outro, ou seja, o que se destaca nesse tempo anterior à dinâmica significante é justamente a voz enquanto objeto pulsional, uma vez que é próprio deste objeto cavar um vazio em torno do qual será possível a inscrição do significante no corpo, garantindo a articulação entre Real e Simbólico.

A musicalidade presente em lalangue é atravessada pelas homofonias, ambiguidades e equívocos presentes na língua. É nesse sentido que Lacan (1975/1998) nos ensina sobre lalangue, pois cada sujeito escuta e articula a musicalidade da língua materna “conforme a maneira como a língua foi falada e também ouvida por tal ou qual sujeito em sua particularidade, algo em seguida sairá em seus sonhos, em todo tipo de tropeço, em todo tipo de dizer. Eis o materialismo em que reside a apreensão do inconsciente” (Lacan, 1975/1998, p. 7-8). Os contornos da enunciação apontam para o modo ao qual a musicalidade da voz materna foi ouvida pelo infans.

Em sua dimensão musical e sem sentido, lalangue marca e constitui o sujeito, uma vez que a dimensão Real, enquanto um sem-sentido, é sustentada pelo gozo da fonação, gozo do sujeito que goza em sua tagarelice, no canto e nos contos e gozo do infans que goza via voz do Outro. A musicalidade - disjunta do sentido - presente na voz do Outro porta uma invocação que toca o infans: “a ordem da alíngua, ou se quiserem, lalangue, não é também o sonoro ou o som, mas o que desse puro som há enquanto invocação, enquanto voz que procede um chamado, algo capaz de despertar o sujeito, algo capaz de colocá-lo em movimento” (Maliska, 2008, p. 256).

A ritmação presente nessa musicalidade possibilita que o infans seja inscrito em outro registo - o registro Simbólico -, uma vez que a marcação do ritmo, por portar uma diferença, permite que o sujeito apareça nos intervalos dessa marcação. Então, seria possível pensar essa ritmação como aquilo que invoca o sujeito? Seria a ritmação a dimensão responsável pela articulação entre Real e Simbólico? Ou, ainda, entre lalangue e significante?

A inscrição significante é balizada por lalangue e pela pulsão invocante, uma vez que há a possibilidade de inscrição de uma marca que atuará como uma “trilha” à inscrição significante. Além disso, lalangue e voz se apresentam enlaçadas, ambas afetam o corpo do infans. A dimensão musical de lalangue e da voz comporta um gozo que atravessa o corpo, de modo que este passa a operar no “ritmo das pulsões” (Quinet, 2010). Porém, no autismo, há a presença de uma desorganização pulsional, visto que o objeto voz não pôde ser extraído, logo, o excesso de gozo invade o corpo do autista; o que lhe resta é “a tentativa de tapar os ouvidos ao que não pode passar à voz, permanecendo então como barulho” (Catão, 2009, p. 113). Nesse sentido, podemos dizer que, no autismo, a voz encontra-se destacada em uma outra dimensão: a Imaginária.

O tratamento Imaginário da voz

Na psicanálise, a voz é bastante discutida em seu caráter de objeto da pulsão que, como vimos na seção anterior, encontra-se mais próxima à dimensão Real por seu aspecto áfono, não sonorizável. Porém, nesta seção, nosso objetivo se estende à abordagem da noção de voz que não pode ser admitida como totalmente afastada do som, visto ser expressa também por meio de sua sonoridade. Queremos dizer com isso que concordamos com a afirmação de Lacan (1962-1963/2005) de que a voz, como objeto pulsional, nada tem a ver com sua dimensão sonora, portanto, o que pretendemos é abordar outro aspecto da voz: sua dimensão Imaginária.

Podemos abordar o som a partir de duas dimensões: por um lado, em sua dimensão Real, na qual Lacan (1962-1963/2005) aproximou o som do shofar como o mais próximo da voz enquanto objeto pulsional; e, por outro, em sua dimensão Imaginária, em que o efeito de significação será realizado por meio de um fechamento imaginário transcorrido dos significantes atribuídos pelo Outro.

Nesse sentido, Santos e Dionísio (2018) afirmam que, em um tempo anterior à organização da pulsão invocante, o som se configura por “um fenômeno percebido em seu estado de não-sentido e desvinculado de organização sincrônica. É a voz que, constituída nessa função de operador da foraclusão do Real no som, transmutará a percepção do som para o encadeamento de significantes como via de significação” (Santos; Dionísio, 2018, p. 315). Dito de outro modo, neste tempo da constituição do sujeito, a voz se apresenta como primeiro vazio que propiciará a organização do circuito pulsional, o que possibilitará a constituição da cadeia significante e os consequentes processos de significação que, a princípio, são conferidos pelo Outro.

A voz, enquanto objeto a, é o que realiza uma cisão entre o som desarticulado do sentido (dimensão Real) e o som que possibilita o fechamento imaginário (dimensão Imaginária) em busca de sentido: “ouvir um ruído estrondoso por si só não é possível sem derramarmos a significação imaginária de ser um trovão ou uma explosão, por exemplo, pois a insuportabilidade de lidar com o Real do som é recoberta pela foraclusão deste mesmo Real” (Santos; Dionísio, 2018, p. 315).

A articulação entre as dimensões Real e Imaginária da voz pode ser encontrada em seu deslocamento, na medida em que a voz - objeto da pulsão - é veiculada pelo som que, em sua dimensão Imaginária, atua como vestimenta da voz. Em razão disso, podemos dizer que os sons do canto e da fala se apresentam como um envelopamento da voz em seu aspecto pulsional. É a isso que Vivès se refere ao dizer que “a voz do Outro introduz o infans à palavra, fazendo-o perder, para sempre, a imediatez da relação à voz como objeto. A materialidade do som será, a partir de então, irremediavelmente velada pelo trabalho da significação. A palavra faz calar a voz” (Vivès, 2009, p. 195-196).

A experiência clínica nos atesta que, no autismo, a voz não se constitui como objeto da pulsão, logo, a voz encontra-se paralisada em sua dimensão sonora, o que faz do autista um prisioneiro do som (Vorcaro; Catão, 2015). O aspecto sonoro da voz possibilita que o funcionamento psíquico no autismo seja marcado por um deslocamento do Real ao Imaginário, uma vez que este movimento o protege dos artifícios do Real, ou seja, a dimensão Imaginária da voz permite que os autistas recorram a estratégias que possam regular o gozo vocal. Para se direcionar ao outro, geralmente, os autistas buscam por um tom de voz monocórdico, robótico ou com baixa entonação, o que impede que a singularidade de sua voz seja colocada em ato. Nesse sentido, as estratégias para lidar com o gozo vocal localizam o autista no plano da sonoridade, contornadas pela dimensão Imaginária, uma vez que “a voz enquanto objeto pulsional não é a sonoridade da palavra, mas aquilo que carrega a presença de um sujeito em seu dizer. É uma constante capital do funcionamento autístico proteger-se de toda e qualquer emergência angustiante do objeto voz” (Maleval, 2017, p. 91).

Posto isto, podemos dizer que a dimensão Imaginária da voz se apresenta vinculada aos aspectos sonoros que envelopam a voz em sua dinâmica pulsional e a veiculam, possibilitando que a voz seja experimentada como um resto de gozo via canto e fala, restos de uma operação que possibilitou que o sujeito se tornasse desejante.

Considerações finais

Este artigo parte das indagações relativas à articulação das dimensões Real, Simbólica e Imaginária da voz a partir de conceitos do campo da psicanálise - como lalangue, significante e sonoridade - que funcionam como chave de leitura desta articulação e apontam para a impossibilidade de uma abordagem isolada de cada uma das dimensões da voz.

A voz foi eleita como objeto deste estudo fundamentada na afirmação lacaniana de que a pulsão invocante é a experiência mais próxima do inconsciente. Nesse sentido, destacamos o caráter constituinte da voz e arriscamos em dizer que a voz se configuraria como primeiro objeto da pulsão a cavar um vazio em torno do qual será possível a organização pulsional como efeito da cadeia significante, o que já apontaria para uma primeira articulação entre Real e Simbólico.

A voz em sua dimensão Simbólica foi abordada a partir da definição de Miller, pela qual a voz é o que resta do significante subtraído seu efeito de significação. Podemos dizer que outro ponto de articulação - baseados nesta afirmação - se encontra na voz em sua função significante, mas, ao mesmo tempo, em seu caráter de resto e, diante desse resto, cabe ao sujeito dar-lhe destinos. Logo, dizemos que somente via linguagem, o sujeito tem a possibilidade de velar a voz, uma vez que o ato de falar, cantar e apreciar a voz do outro apresenta-se como artifícios que encobrem a voz em seu aspecto pulsional.

Para nos referirmos à dimensão Real da voz, abordamos o ponto de gozo do infans frente à voz encantadora do Outro, em um tempo em que o ouvido é erotizado pela musicalidade e contornos singulares da lalangue materna. Lalangue foi aqui entendida como bloco sonoro afastado de todo processo de significação ou significantização do gozo, logo, próxima à dimensão Real. Por outro lado, defendemos que a perda de gozo ao Real da voz, a partir constituição do ponto surdo em Vivès, possibilita a amarração entre Real e Simbólico, ou seja, o tornar-se surdo ao timbre originário do Outro permite o destacamento de um significante que entrará em articulação com outros significantes.

As articulações referentes à dimensão Imaginária da voz apresentam-se relacionadas à consistência imaginária imprescindível ao processo de significação que, vale salientar, não se fazem independentes dos significantes conferidos pelo Outro. Dito de outro modo, o sentido atribuído ao grito de um bebê requer a articulação entre as dimensões Imaginária e Simbólica. Além disso, neste artigo, abordamos a voz segundo o caráter duplo do som: próximo ao som do shofar, conforme Lacan, desarticulado do sentido (dimensão Real); e como efeito de significação atribuído pelo Outro, ou seja, articulado pelo sentido (dimensão Imaginária). Outra questão importante relativa ao som encontra-se em sua relação com o objeto a, uma vez que o som, ao veicular a voz, torna-se sua vestimenta, o que revela mais uma vez a articulação entre Real e Imaginário.

Por fim, destacamos que a voz é um importante elemento de trabalho para a psicanálise, uma vez que é por meio da voz que o sujeito coloca seu desejo em jogo. Acreditamos que as discussões sobre a articulação entre Real, Simbólico e Imaginário da voz auxiliam no campo clínico, principalmente àqueles analistas que se interessam pelo embaraço na constituição de alguns sujeitos, como os autistas, que apresentam uma relação particular com a própria voz e a voz do Outro.

Referências

  • CATÃO, I. O bebê nasce pela boca: voz, sujeito e clínica do autismo. São Paulo: Instituto Langage, 2009.
  • FREUD, S. As pulsões e seus destinos (1915). In: FREUD, S. Obras incompletas de Sigmund Freud - As pulsões e seus destinos Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2019, p. 13-69.
  • FREUD, S. Sobre a tendência universal à depreciação na esfera do amor (1912). Rio de Janeiro: Imago, 1996. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 11, p. 181-215
  • LACAN, J. A angústia (1962-1963). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. (O seminário, 10)
  • LACAN, J. A pulsão parcial e seu circuito (1964). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008. (O seminário, 11)
  • LACAN, J. As psicoses (1955-1956). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1988. (O seminário, 3)
  • LACAN, J. Conferência de Genebra sobre o sintoma (1975). Opção Lacaniana, n. 23, p. 6-16, 1998.
  • LACAN, J. Observação sobre o relatório de Daniel Lagache: Psicanálise e estrutura da personalidade (1960). In: LACAN, J. Escritos Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
  • LACAN, J. O objeto da psicanálise (1965-1966). Recife: Centro de Estudos Freudianos do Recife, 2018. (O seminário, 13)
  • LACAN, J. O saber do psicanalista (1971-1972). Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2011.
  • LACAN, J. Subversão do sujeito e dialética do desejo no inconsciente freudiano (1960). In: LACAN, J. Escritos Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
  • MALEVAL, J.-C. O autista e sua voz São Paulo: Blucher, 2017.
  • MALISKA, M. A voz e o ritmo nas suas relações com o inconsciente Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Linguística, Universidade Federal Santa Catarina. 2008.
  • MILLER, J. A. Jacques Lacan e a voz. Opção Lacaniana online, ano IV, n. 11, 2013. Disponível em: Disponível em: http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_11/voz.pdf Acesso em: 15 set. 2023.
    » http://www.opcaolacaniana.com.br/pdf/numero_11/voz.pdf
  • POIZAT, M. L’opéra ou le cri de l’ange: essai sur la jouissance de l’amateur d’opéra. Paris: Éditions Métailié, 2001.
  • PORGE, E. Voz do eco Campinas: Mercado de Letras, 2014.
  • QUINET, A. CORPOEMA: O homem, ser-para-arte, e seu corpo. Stylus: Revista de Psicanálise, ano XXI, n. 1, 2010. Disponível em: Disponível em: https://stylus.emnuvens.com.br/cs/article/view/829/524 Acesso em: 22 ago. 2023.
    » https://stylus.emnuvens.com.br/cs/article/view/829/524
  • QUINET, A. Lalíngua e sinthoma. Línguas e Instrumentos Linguísticos, n. 38, 2016. Disponível em: Disponível em: http://www.revistalinguas.com/edicao38/cronica2.pdf Acesso em: 16 ago. 2023.
    » http://www.revistalinguas.com/edicao38/cronica2.pdf
  • SANTOS, B.; DIONÍSIO, G. Musicalidade e Psicanálise. Tempo Psicanalítico, ano L, n. 1, 2018. Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tpsi/v50n1/v50n1a15.pdf Acesso em: 04 set. 2023.
    » http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tpsi/v50n1/v50n1a15.pdf
  • SOLER, C. Lacan, o inconsciente reinventado Rio de Janeiro: Cia de Freud, 2012.
  • VIVÈS, M.-J. A pulsão invocante e os destinos da voz. Psicanálise & Barroco, ano VII, n. 1, 2009. Disponível em: Disponível em: https://seer.unirio.br/psicanalise-barroco/article/view/8812/7507 Acesso em: 04 set. 2023.
    » https://seer.unirio.br/psicanalise-barroco/article/view/8812/7507
  • VIVÈS, M.-J. A voz na psicanálise. Reverso, ano XXXV, n. 66, 2013. Disponível em: Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/reverso/v35n66/v35n66a03.pdf Acesso em: 10 set. 2023.
    » http://pepsic.bvsalud.org/pdf/reverso/v35n66/v35n66a03.pdf
  • VIVÈS, M.-J. Metapsicologia do ponto surdo: perspectivas teóricas. In: JUSTEN, D.; MALISKA, M. (orgs.). O olhar e a voz na clínica psicanalítica Campinas: Pontes Editores, 2018.
  • VORCARO, A.; CATÃO, I. Invocação e endereçamento: sobre a sustentação teórica de uma práxis com o infans In: MALISKA, M. E. (org.). A voz na psicanálise: suas incidências na constituição do sujeito, na clínica e na cultura. Curitiba: Juruá, 2015.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    02 Dez 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    20 Set 2024
  • Aceito
    11 Out 2024
location_on
Programa de Pós-graduação em Teoria Psicanalítica do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Instituto de Psicologia UFRJ, Campus Praia Vermelha, Av. Pasteur, 250 - Pavilhão Nilton Campos - Urca, 22290-240 Rio de Janeiro RJ - Rio de Janeiro - RJ - Brazil
E-mail: revistaagoraufrj@gmail.com
rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
Acessibilidade / Reportar erro