Resumos
Objetivo relacionar dados da avaliação perceptivo-auditiva queixa e autopercepção vocal de estudantes de Jornalismo.
Métodos trata-se de estudo observacional, descritivo, transversal, com coleta de dados prospectiva, realizado na Universidade Estadual do Centro Oeste/UNICENTRO-PR. Participaram 41 estudantes de Jornalismo, sendo 27 do sexo feminino e 14 do sexo masculino. Foi aplicado um protocolo para coleta de dados de identificação e de queixas de voz, bem como foram feitos registros vocais com emissão sustentada da vogal “a”; e encadeada (contagem de números e meses do ano). Tais registros foram analisados por um fonoaudiólogo especialista em voz quanto à qualidade vocal (adaptada ou alterada). Os estudantes também responderam ao protocolo “Termos descritivos sobre a voz”;.
Resultados mesmo apresentando vozes adaptadas, os estudantes apresentaram queixas vocais. As queixas mais comuns referiram-se a alterações de pitch, produção fonêmica, qualidade vocal e velocidade de fala. Os estudantes que apresentaram qualidade vocal adaptada mencionaram maior quantidade de termos positivos referentes à autopercepção. Não houve diferença na comparação entre a quantidade média de termos positivos e negativos apresentados pelo grupo. Os termos positivos mais referidos foram: voz simpática, expressiva, confiante, feminina, forte e dócil. Os negativos foram: voz desafinada, instável, oscilante, irregular, rápida, anasalada, baixa e tímida.
Conclusão mesmo com vozes adaptadas do ponto de vista perceptivo-auditivo, acadêmicos de jornalismo referem queixas vocais, provavelmente pela demanda imposta durante a graduação.
Voz; Avaliação; Estudantes; Jornalismo
Purpose to relate data from auditory vocal analysis, complaint and vocal self-perception of journalism students.
Methods it is an observational, descriptive, cross-senctional study with prospective data collection, conducted at Universidade Estadual do Centro-Oeste/UNICENTRO-PR. 41jounalism students participated, 27 women and 14 men. A protocol was applied to collect data of identification and voice complaints, and vocal recordings were made with sustained emission of the vowel “a”; and chained (counting of numbers and months of the year). These recordings were analyzed by a speech therapist, voice specialist, related to voice quality (adapted or altered). Students also responded to the protocol “Descriptive terms about voice”;.
Results despite presenting adapted voices, the students presented voice complaints. The most common complaints reported to pitch change, phonemic production, voice quality and speech speed. The students who presented adapted voice quality mentioned a greater amount of positive terms related to the self-perception. There was no difference when compared the average amount of positive and negative terms presented by the group. The most positive terms listed were: nice voice, expressive, confident, feminine, strong and docile. The negatives were: tuneless voice, unstable, oscillanting, irregular, rapid, nasal voice, low and timid.
Conclusion even with adapted voices from the auditory vocal point of view, journalism students refer voice complaints, probably due to the demand placed upon them during graduation.
Voice; Evaluation; Students; Journalism
INTRODUÇÃO
A atuação fonoaudiológica com profissionais do jornalismo tem passado por grande transformação nos últimos anos, e a preocupação com os aspectos de aprimoramento da comunicação ganhou mais espaço. No entanto, ainda é pequeno o número de pesquisas envolvendo os profissionais e os estudantes de graduação em jornalismo.
Comunicar-se bem é uma necessidade dos jornalistas. A literatura refere que esses profissionais precisam utilizar um padrão de voz que possa garantir a atenção por parte dos telespectadores e a transmissão da notícia com credibilidade e interpretação1. O conhecimento que os estudantes de jornalismo têm sobre a saúde da voz, advindo do senso comum, merece a atenção das universidades e dos fonoaudiólogos, visando à prevenção de possíveis problemas vocais, bem como a melhoria da qualidade do trabalho desses futuros profissionais2.
Quanto aos estudantes, que fazem parte de um grupo ainda pouco experiente em relação à comunicação profissional, o trabalho fonoaudiológico durante a formação poderá aperfeiçoar a comunicação e evitar problemas vocais. Desse modo, o fonoaudiólogo é considerado o profissional capacitado para atuar no complexo processo fonatório, devido ao seu conhecimento anatômico e fisiológico3.
O indivíduo que se comunica frequentemente em público, por motivos profissionais ou sociais, pode até ter a consciência de que a forma de seu discurso seja tão importante quanto o conteúdo, mas nem sempre sabe o que fazer para modificá-la. Porém, para que o processo de comunicação ocorra de maneira adequada, é fundamental a conscientização do indivíduo sobre os aspectos que necessitam ser aperfeiçoados, além de reconhecer a importância de aderir a um programa de treinamento especificamente desenvolvido4.
As alterações vocais, mesmo para indivíduos que fazem uso profissional da voz, na maioria das vezes são vistas como questões individuais de saúde, o que dificulta o tratamento e a implantação de programas preventivos5. O individuo que procura por aperfeiçoamento vocal faz parte de um público específico que, na maioria das vezes, não apresenta desvios vocais ou lesões laríngeas.
O trabalho fonoaudiológico vem sendo altamente explorado em pesquisas fonoaudiológicas, sendo consenso entre os profissionais que trabalham com voz a necessidade de protocolos objetivos para a avaliação vocal6. O olhar científico para a avaliação vocal vem sendo observado na literatura recente. Apesar do advento da análise acústica, a análise perceptivo-auditiva é soberana na avaliação da qualidade vocal, fornecendo informações sobre aspectos biológicos, psicológicos e sociais7.
A autoavaliação vem ganhando espaço nos estudos científicos sobre a voz8-12, ela capta a percepção da pessoa com relação a sua voz, sendo bastante utilizada para comparação com as medidas objetivas realizadas durante a avaliação13. É um procedimento inicial não invasivo, integra um arsenal de metodologia diagnóstica, pode ser utilizada com objetivo de detecção precoce e prevenção de alterações vocais14. Para os estudante e profissionais do jornalismo, também é importante a avaliação perceptiva dos espectadores13.
Os resultados deste trabalho permitirão que se conheçam o perfil destes estudantes quanto às características autoperceptivas e avaliadas pelo fonoaudiólogo, contribuindo para a formação do estudante de jornalismo, bem como para a atuação profissional. O objetivo desta pesquisa foi relacionar a qualidade vocal e a presença de queixas vocais com a autopercepção vocal de estudantes de Jornalismo.
MÉTODOS
A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Centro-Oeste sob número 096/2009. Os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, segundo resolução 196/96 do CONEP.
Trata-se de estudo observacional, descritivo, transversal, com coleta de dados prospectiva. Realizado na Universidade Estadual do Centro Oeste- UNICENTRO-PR, Campus Santa Cruz, Guarapuava-PR. Participaram 41 estudantes do curso de Jornalismo, sendo 27 do sexo feminino e 14 do sexo masculino. Estes tinham idades entre dezessete e vinte e oito anos, e estavam cursando do 1º ao 4º ano. Do total, 20 alunos estavam no primeiro ano, dois no segundo, 14 no terceiro e cinco no quarto ano da graduação.
Critério de inclusão: estudantes do curso de graduação em Jornalismo. Todos deveriam ter cursado as disciplinas de telejornalismo e radiojornalismo, tanto em aulas teóricas como práticas (isto foi possível aos estudantes de todas as séries, pois a graduação contempla tais disciplinas desde o primeiro ano).
Critérios de exclusão: foram excluídos os estudantes com quaisquer patologias que pudessem interferir no processo de comunicação (deficiência auditiva, problemas neurológicos, laríngeos, etc), ou que tivessem passado por processo terapêutico fonoaudiológico para aprimoramento vocal ou de comunicação profissional.
A coleta de dados aconteceu na própria instituição no horário da disciplina de telejornalismo. Os estudantes foram abordados e avaliados individualmente. Inicialmente foi aplicado um protocolo elaborado pelas pesquisadoras, para coleta dados de identificação (nome, idade e gênero do participante, série em que estava cursando). Em seguida, duas questões sobre possíveis queixas de voz: a primeira, fechada, questionava se o estudante possuía ou não queixa, com apenas duas possibilidades de resposta (sim ou não); a segunda, aberta, permitia ao estudante que descrevesse as queixas vocais, caso as apresentasse. As respostas das questões abertas foram agrupadas e categorizadas pelas pesquisadoras. As queixas poderiam ser categorizadas como alterações de: qualidade vocal, pitch, loudness, velocidade de fala, produção fonêmica, flexibilidade articulatória, incômodo laríngeo e sotaque.
Após a aplicação deste protocolo, amostras vocais foram coletadas diretamente em computador, por meio de gravador disponível no Windows, em sala silenciosa, para posterior análise. Foram solicitadas: emissão sustentada da vogal “a”; e emissão encadeada com contagem de números de um a dez e os meses do ano. Posteriormente, as amostras foram analisadas por uma fonoaudióloga especialista em voz, com aproximadamente cinco anos de experiência em avaliações perceptivo-auditivas, que caracterizou as amostras quanto à qualidade vocal (adaptada ou alterada) e tipo de voz (rouca, soprosa, áspera, tensa ou outra), caso houvesse alteração. A voz poderia ser classificada com mais de um parâmetro diferente.
Logo após, os estudantes responderam a um protocolo intitulado “Termos descritivos sobre a voz”;15, traduzido e adaptado16. O protocolo lista 172 termos descritivos para serem relacionados às vozes dos entrevistados. Cada estudante foi orientado a selecionar os dez termos que mais se relacionam com sua voz, de acordo com sua autopercepção. Posteriormente, julgando os termos assinalados, subdividindo-os em positivos ou negativos para sua comunicação.
Foi realizada a confiabilidade intra-avaliador para as amostras vocais coletadas. Foram repetidas 15% das amostras, aleatoriamente, para posteriormente serem analisadas pela fonoaudióloga avaliadora. Foi utilizado o teste de Concordância de Kappa Intra-observador para realizar a análise estatística. Obteve-se concordância considerada boa para os parâmetros avaliados.
Os dados e o cruzamento das variáveis foram analisados por meio dos testes estatíticos: Qui-Quadrado, Igualdade de duas proporções e Mann- Whitney. Foi adotado nível de significância de p<0,05.
RESULTADOS
A Tabela 1 apresenta a relação entre a queixa vocal e a qualidade vocal apresentada pelos estudantes, mostrando que há diferença entre a qualidade vocal apresentada e a presença de queixas vocais.
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos tipos de queixas mais comuns entre os estudantes, mostrando que há diferença entre elas.
A Tabela 3 apresenta a distribuição média de termos autor referidos em relação à qualidade vocal apresentada, mostrando diferença entre elas.
A Tabela 4 apresenta a distribuição de termos autoperceptivos positivos e negativos, mostrando os principais termos positivos e negativos autor referidos.
DISCUSSÃO
O presente estudo mostra que há diferença entre a qualidade vocal apresentada e a presença de queixas por partes dos estudantes, ou seja, mesmo apresentando vozes adaptadas, os estudantes apresentaram queixas vocais.
Os estudantes com vozes alteradas 10 (30,3%) também apresentaram queixas vocais. Acreditamos que esses achados podem estar relacionados ao fato de que os estudantes se vêem periodicamente, durante as aulas, no vídeo e, por isso, têm um “feedback”; de seu desempenho. Isso possibilita a identificação de aspectos que necessitam de aprimoramento, sendo relatado por eles como queixas vocais.
A eficiência comunicativa pode ser trabalhada, como demonstra um estudo que verificou o julgamento dos telespectadores a partir de uma proposta de intervenção fonoaudiológica com telejornalistas. Houve percentual significante de preferência dos telespectadores na situação pós-intervenção fonoaudiológica2.
Há uma porcentagem significante de valorização negativa do estudante de jornalismo sobre a sua voz. Em um estudo anterior, as autoras apontaram a possibilidade dos dados obtidos estarem relacionados à cultura da mídia, dos chamados “modelos ideais de voz”;, que os estudantes de jornalismo acreditam que devam “seguir”;. Esta busca pode fazer com que eles não estejam satisfeitos com suas performances comunicativas e isto pode se refletir em queixas vocais17.
A queixa vocal mais comum dos estudantes refere-se a alterações de pitch, seguida por dificuldades de produção fonêmica, qualidade vocal e velocidade de fala. Um recorte da fala de acadêmicas quanto à queixa relacionada ao pitch ilustra este dado: “Eu acho que tem que melhorar muito a minha voz, porque é muito aguda”;. Quanto à produção fonêmica houve relatos como “Tenho dificuldade com algumas pronúncias com encontros consonantais”;. Como queixa referente à qualidade vocal “Eu acho minha voz um pouco instável, ela oscila”; e referente à velocidade de fala “Falo muito rápido e me enrolo com muitas coisas”;. Os demais tipos de queixa tiveram um menor número de ocorrências com diferença em relação aos mais citados.
Alguns autores comentaram sobre os efeitos negativos que as alterações de pitch acarretam para a comunicação e, esses efeitos se acentuam principalmente na comunicação televisiva. Pequenos desvios como um tom mais agudo do que o esperado podem ser perdoados e até valorizados quando se trata de pessoas que não têm por obrigação transmitir um conteúdo informativo com credibilidade e isenção1. Entretanto, para quem está no vídeo diariamente, com a função de transmitir uma informação com clareza e precisão, as exigências que se colocam são bastante diferentes.
No Brasil, as vozes que mais se destacam no telejornalismo e radiojornalismo tendem a ser mais graves. Esta preferência pode ser cultural, mas, fica claro que embora menos intensos como algumas décadas atrás, estes modelos ainda continuam sendo seguidos pelos estudantes.
Quanto à relação entre qualidade vocal e quantidade de termos positivos e negativos autopercebidos, os indivíduos que apresentaram qualidade vocal adaptada mencionaram uma maior quantidade de termos positivos do que os que apresentaram vozes alteradas, com diferença entre eles. Também há diferença quando compara-se a quantidade de termos negativos apresentados por estudantes com qualidade vocal predominantemente rugosa e soprosa e estudantes com qualidade vocal adaptada. Como dado adicional, vale ressaltar que não há diferença na comparação entre a quantidade média de termos positivos e negativos referidos pelo número total de estudantes da pesquisa.
As alterações vocais encontradas nos estudantes de jornalismo, de forma geral, foram discretas. No entanto, tratando-se de um grupo que pode optar por trabalhar com voz profissional, sabe-se que tais alterações mesmo que consideradas sutis, são indesejáveis. O impacto que uma alteração vocal pode causar em profissionais da voz está diretamente relacionado ao impacto emocional diante do risco para a carreira e sobrevivência profissional4.
Poucos são os estudos que empregam estratégias diferenciadas para avaliar a voz18, assim como os Termos Descritivos sobre a Voz, fugindo às tradicionais entrevistas e questionários que avaliam a voz e a autopercepção vocal. Este valor atribuído é relevante aos profissionais da voz, em conformidade com as variações perceptivas individuais, demandas e necessidades de uso vocal em cada profissão.
No que se refere à quantidade de termos positivos e negativos selecionados pelos estudantes, observa-se que a distribuição entre as duas possibilidades de autopercepção foi semelhante. A experiência profissional que começa desde o período da universidade em atividades práticas pode fazer com que os estudantes tornem-se mais críticos e perceptivos em relação às suas vozes. Quando passa-se a utilizar a voz profissionalmente, é necessário começar a agir conscientemente sobre o que, até então, era realizado de forma natural e espontânea1, que é o caso dos estudantes do presente estudo.
Em um estudo que comparou as respostas apresentadas por fonoaudiólogos e não-fonoaudiólogos utilizando os termos descritivos sobre a voz, os autores concluíram que os fonoaudiólogos selecionaram mais verbetes positivos, sendo que o termo positivo “voz adequada”; foi o único qualificador positivo de maior ocorrência entre os fonoaudiólogos. Já entre o grupo de não-fonoaudiólogos o qualificador “voz alta”; foi o qualificador negativo de maior ocorrência19.
Os termos positivos referentes à autopercepção vocal mais referidos pelos estudantes do presente estudo foram: voz simpática, expressiva, confiante, feminina, forte e dócil. Estes aspectos parecem estar relacionados ao desafio que tem em transmitir a mensagem com credibilidade. O termo “forte”;, não diretamente relacionado à loudness aumentada, pode estar relacionado ao aspecto de convencimento e credibilidade almejados. Os demais selecionados também têm grande relação com as necessidades do repórter na atuação profissional, sendo que os termos “feminina”; e “dócil”; podem estar relacionados à amostra ser composta por uma maior quantidade de mulheres.
Comunicar-se bem e transmitir credibilidade é uma necessidade de qualquer indivíduo nos dias atuais. Esse contexto engloba, de modo mais importante, os profissionais que para exercer a profissão, utilizam a voz como instrumento de seu trabalho. No caso dos telejornalistas, a literatura refere que existe a necessidade de utilizar um padrão de voz que possa garantir a atenção por parte dos telespectadores e transmitir a notícia com credibilidade e interpretação2. Em estudo sobre a imparcialidade no jornalismo assim como a legitimidade do discurso jornalístico, observou-se que tais questão estão diretamente relacionadas ao trabalho vocal e a auto-percepção do sujeito durante o período acadêmico e na vida profissional20.
Os principais termos negativos referentes à auto-percepção vocal selecionados pelos estudantes foram: voz desafinada, instável, oscilante, irregular, rápida, anasalada, baixa e tímida. Este dado mostra que as principais dificuldades mencionadas têm relação direta com as necessidades de um repórter na atuação profissional. Os termos mais selecionados podem ter impacto bastante negativo na transmissão da mensagem de maneira clara e satisfatória. Por exemplo, a voz em intensidade reduzida, mencionada pelos estudantes como “baixa”; pode ser um problema na atuação profissional. A falta de volume pode sugerir medo, insegurança ou timidez. A característica “rápida”; mencionada por eles está relacionada a velocidade de fala acelerada, demonstrando ansiedade1. Desta forma observou-se que o protocolo de termos descritivos foi um importante instrumento de complementação da avaliação vocal.
CONCLUSÃO
Mesmo apresentando vozes adaptadas, os estudantes de jornalismo autorreferem queixas vocais e de comunicação. As principais características autoatribuídas por eles, tanto positivas quanto negativas, têm relação direta com a necessidade profissional do jornalista.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Mar-Apr 2014
Histórico
-
Recebido
27 Ago 2012 -
Aceito
22 Fev 2013