Resumos
Este trabalho busca ilustrar e explicar combinações entre elementos musicais presentes na estilização do baião, operada pelo compositor, instrumentista e cantor Luiz Gonzaga (1912-1984) entre as décadas de 1940 e 1950. Tal apreciação crítica visa sua aplicação na interpretação, composição, arranjo, análise musical e improvisação, e pode contribuir para mapear a reutilização e ressignificação de elementos estético-musicais relacionados ao baião em diferentes momentos e cenários da música brasileira.
Luiz Gonzaga e o baião; práticas interpretativas da música nordestina; apreciação musical
This study aims at illustrating and explaining certain combinations of musical elements used in the stylization of baião by Brazilian composer, instrumentalist and singer Luiz Gonzaga (1912-1984) between the decades of 1940 and 1950. This critical appreciation provides elements to be applied in the fields of interpretation, composition, arrangement, musical analysis and improvisation, and may contribute to identify the reuse and reinterpretation of aesthetical and musical elements related to baião in different times and scenes of Brazilian music.
Luiz Gonzaga and baião; practice of northeastern Brazilian music; musical appreciation
ARTIGOS CIENTÍFICOS
Como se toca o baião: combinações de elementos musicais no repertório de Luiz Gonzaga1
How to play baião: combinations of musical elements in the repertoire of Luiz Gonzaga
Almir Côrtes
UNICAMP, Campinas-SP. almircortes@gmail.com
RESUMO
Este trabalho busca ilustrar e explicar combinações entre elementos musicais presentes na estilização do baião, operada pelo compositor, instrumentista e cantor Luiz Gonzaga (1912-1984) entre as décadas de 1940 e 1950. Tal apreciação crítica visa sua aplicação na interpretação, composição, arranjo, análise musical e improvisação, e pode contribuir para mapear a reutilização e ressignificação de elementos estético-musicais relacionados ao baião em diferentes momentos e cenários da música brasileira.
Palavras-chave: Luiz Gonzaga e o baião; práticas interpretativas da música nordestina; apreciação musical.
ABSTRACT
This study aims at illustrating and explaining certain combinations of musical elements used in the stylization of baião by Brazilian composer, instrumentalist and singer Luiz Gonzaga (1912-1984) between the decades of 1940 and 1950. This critical appreciation provides elements to be applied in the fields of interpretation, composition, arrangement, musical analysis and improvisation, and may contribute to identify the reuse and reinterpretation of aesthetical and musical elements related to baião in different times and scenes of Brazilian music.
Keywords: Luiz Gonzaga and baião; practice of northeastern Brazilian music; musical appreciation.
Vim do Norte
o quengo em brasa
fogo e sonho do sertão
e entrei na Guanabara
com tremor e emoção
era um mundo todo novo
diferente meu irmão
mas o Rio abriu meu fole
e me apertou em suas mãos
Ê Rio de Janeiro
do meu São Sebastião
pára o samba três minutos
pra cantar o meu baião
1. Introdução
A atuação do sanfoneiro e cantor pernambucano Luiz Gonzaga (1912-1984) foi fundamental para que o baião se tornasse um segmento da indústria fonográfica a partir da década de 1940. O músico iniciou suas gravações em disco como solista, atuando principalmente dentro do universo do choro. Entre 1941, ano da primeira gravação, e 1945 quando registrou pela primeira vez sua voz na música Dança Mariquinha de Luiz Gonzaga/Miguel Lima, Gonzaga gravou cerca de 30 discos de 78rpm pela RCA Victor. Todos esses discos portavam gravações no formato instrumental, contendo um repertório de choros, valsas, polcas, mazurcas, marchas e algumas designações pitorescas como "picadinho" e "chamego"2. Destacam-se nesse período as gravações de Apanhei-te cavaquinho e Escorregando, de autoria de Ernesto Nazareth, e dos choros Treze de Dezembro e Araponga 3, de autoria do próprio Gonzaga 4.
A partir de 1945, o artista passa a revezar entre gravações com voz e instrumentais. Porém, as gravações instrumentais vão ficando cada vez mais escassas e as canções passam a predominar em sua produção. Esse não foi um fato isolado; de acordo com SEVERIANO (2008), a música instrumental que predominou nas primeiras gravações realizadas no Brasil (polcas, valsas, choros, etc.) foi progressivamente perdendo seu espaço na indústria fonográfica em função do sucesso de público alcançado pelas canções.
Nos arranjos das gravações selecionadas para este estudo é recorrente a presença da melodia principal executada pela sanfona nas introduções e nos interlúdios. Inclusive, é plausível supor que a maioria das composições de Luiz Gonzaga tenha origem instrumental, vindo a ser letrada posteriormente por seus parceiros. O Baião na Garoa, por exemplo, foi gravado primeiramente como música instrumental em 1952. No mesmo ano, a música é regravada com letra, e passa a ser registrada com autoria de Luiz Gonzaga e Hervê Cordovil 5. Dentre outros autores que fizeram parceria com o sanfoneiro, destacam-se Humberto Teixeira e Zé Dantas 6.
Dessa forma, saindo do meio instrumental para o campo das canções, Luiz Gonzaga alcança maior popularidade e dá início a um processo de estilização do baião no meio musical urbano 7. É a partir do momento em que foi gravado por Gonzaga no Rio de Janeiro no final da década de 1940, recebendo um tratamento específico de arranjo, letras, forma e instrumentação, que o baião ganha a formatação que marcou a sua especificidade dentro da história da música popular brasileira. Foi a partir dessa formatação, condicionada, sobretudo por necessidades dos setores da indústria fonográfica e do rádio, que o baião tornou-se uma referência para a produção musical posterior que visava remeter à música nordestina.
De fato, entre o final da década de 40 e meados dos anos 50, quando o baião apareceu nos meios musicais do Rio de Janeiro, a música nordestina dominou as execuções musicais no Brasil, conquistando compositores e intérpretes, às vezes sem nenhuma vinculação anterior com aquela região (FERRETTI, 1988, p.45).
Partindo de gravações realizadas entre as décadas de 1940 e 1950 nos debruçamos sobre o momento em que Gonzaga atua como figura principal na estilização do baião, e o consolida dentro do circuito rádio/disco 8. Por meio de transcrições comentadas de trechos de composições desse período, busca-se ilustrar os elementos técnico-musicais que apresentam maior recorrência no repertório do músico, salientando que, na experiência musical, tais elementos ocorrem ao mesmo tempo e, na maioria das vezes, têm uma ligação muito forte entre si. É preciso levar em conta que a combinação dos elementos é que caracteriza aquilo que parte do público reconhece e aceita como "gênero musical", por exemplo: um contorno melódico específico, construído sobre determinada figura rítmica, executado com uma articulação peculiar e revestido por uma timbragem recorrente na prática musical em questão. Lembrando ainda que há muito mais do que elementos técnicos envolvidos nesse processo. Existe toda uma carga simbólica e cultural mobilizada pelos agentes envolvidos no fazer musical. Fatores extramusicais também contribuíram para caracterizar o baião "gonzagueano", e alavancaram sua repercussão no meio musical. Trabalhos como FERRETTI (1988) e RAMALHO (1997) discorrem sobre o contexto político e sociocultural no qual o baião se desenvolveu, e também abordam outros aspectos, tais como o forte apelo à dança, as letras inspiradas em costumes, mitos, paisagens e personagens do nordeste, sua relação com os imigrantes nordestinos que habitavam a região sudeste e a construção de um personagem, portando a vestimenta que fazia alusão à figura de Lampião e aos vaqueiros do nordeste.
O repertório usado como referência neste estudo é formado basicamente por canções que combinam estrofes e refrões cantados com introduções e interlúdios instrumentais. Todavia, trata-se de um repertório de canções que tem sido bastante utilizado para a elaboração de arranjos no formato instrumental. A composição Asa Branca de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, por exemplo, recebeu várias gravações instrumentais onde técnicas de desenvolvimento do material melódico e de rearmonização são empregadas de forma abundante. Dentro dessa abordagem, podemos citar o arranjo "experimental" de Hermeto Pascoal no álbum A música livre de Hermeto Pascoal (Sinter/Phonogram, 1973), a versão jazzística feita pela pianista Eliane Elias em duo com Herbie Hancock, gravada no álbum Eliane Elias - solos and duets with Herbie Hancock (Blue Note, 1995), e o Concerto sinfônico para Asa Branca de Sivuca, uma versão orquestral gravada pelo músico com a Orquestra Sinfônica do Recife, sob regência do maestro Osman Gioia no álbum Sivuca Sinfônico (Biscoito fino, 2004).
2. Combinações de elementos musicais que compõem o baião
As considerações que serão traçadas a seguir têm como referência uma lista de quinze composições. A execução e apreciação musical das composições dessa lista possibilitam uma primeira aproximação do que ficou cristalizado como formato "clássico" do baião. Contudo, tais composições não são a única fonte para o estudo do material musical recorrente. Como o repertório do baião é bastante amplo, na medida do possível, outras peças serão comentadas ao longo do texto.
1. Baião9 de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira (1946)
2. Asa Branca10 de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira (1947)
3. Juazeiro de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira (1949)
4. Qui nem jiló de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira (1950)
5. A dança da moda de Luiz Gonzaga/Zé Dantas (1950)
6. Dezessete légua e meia - Humberto Teixeira/Carlos Barroso (1950)
7. No Ceará não tem disso não de Guio de Morais (1950)
8. Vem morena de Luiz Gonzaga/Zé Dantas (1950)
9. Sabiá de Luiz Gonzaga/Zé Dantas (1951)
10. Baião da Penha de Guio de Morais/David Nasser (1951)
11. Paraíba de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira (1952)
12. Baião da Garôa de Luiz Gonzaga/Hervê Cordovil (1952)
13. Abc do sertão de Luiz Gonzaga/Zé Dantas (1953)
14. Algodão de Luiz Gonzaga/Zé Dantas (1953)
15. Vozes da seca de Luiz Gonzaga/Zé Dantas (1953)
A "levada" (condução rítmica) empregada em tais gravações é executada principalmente com zabumba e triângulo. "O ritmo, vindo das danças animadas do sertão, ganhou uma nova configuração com a introdução da zabumba, triângulo e acordeom, que se tornaram o conjunto típico, ao invés do original (viola, tamborim, botijão e rabeca) 11" (RAMALHO, 1997, p.92). Por vezes, encontramos nas gravações outros instrumentos de percussão como cowbell, agogô, ganzá e pandeiro. No entanto, apesar de tais instrumentos acrescentarem variedade ao aspecto timbrístico, do ponto de vista rítmico eles apenas reforçam os acentos realizados no triângulo e na zabumba. No Ex.1, a pauta superior corresponde ao triângulo e a pauta inferior corresponde à zabumba.
O triângulo mantém a subdivisão de semicolcheias acentuando os contratempos. Tal é acento, que é realizado pela mão esquerda, proporciona mudança de timbre. Temos um som aberto quando o acento ocorre. A zabumba, por sua vez, marca a pulsação através de acentos graves. O zabumbeiro também executa contratempos com o uso de uma baqueta de bambu que tem o nome de "bacalhau". É preciso deixar claro que o Ex.1 ilustra apenas a condução rítmica mais elementar, visto que há um grande número de variações dessa "levada" nas gravações. O zabumbeiro realiza frases utilizando os graves e diferentes acentuações com o "bacalhau" 12.
É válido notar que a primeira gravação feita por Luiz Gonzaga da música Baião de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, apresenta uma pequena diferença na execução da figura rítmica do acompanhamento. Observa-se nesta gravação a ausência da ligadura de extensão na execução da "levada". Ao invés da "levada" mostrada no Ex.2, ouvimos a condução da zabumba, mostrada no Ex.3.
Entretanto, na gravação da música Juazeiro 13 de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, realizada no mesmo ano de 1949, já temos a presença da ligadura. Escutando as gravações posteriores, é possível perceber que esta maneira de acompanhar tornou-se a forma padrão. Eventualmente a figura rítmica sem a ligadura aparece nos arranjos de alguns baiões, como por exemplo, em Dança da moda de Luiz Gonzaga/Zé Dantas e na introdução de Paraíba de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira (Ex.20 ), onde a zabumba e o violão realizam a mesma figura rítmica por alguns compassos e depois mudam para o acompanhamento padrão.
Instrumentos relacionados com o repertório do choro e do samba, tais como o cavaquinho e o violão 7 cordas, provenientes do grupo "regional" 14, foram utilizados nas gravações de Gonzaga. É interessante notar o conflito inicial que ocorreu quando músicos com experiência no choro/samba começaram a gravar baiões. Na gravação de 1950 da composição Qui nem jiló de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, ouve-se o violão 7 cordas executando semínimas, enquanto a zabumba realiza a "levada" , ocasionando assim um pequeno desencontro nos graves. Em gravações posteriores percebemos que o violão de 7 passa a executar a mesma figura da zabumba. Parece que foi necessário um período de adaptação para os músicos cariocas assimilarem a "levada" do baião.
Tais comentários revelam um pouco do processo de estilização, evidenciando que o baião não chegou pronto, como um produto acabado, mas sim, que foi estruturando-se em meio às seções de gravações.
Tomando a "levada" padrão como um elemento fixo, que sustenta e interage com os elementos variáveis, vamos adentrar nas combinações de elementos musicais presentes no repertório do baião. Para tanto, comecemos como uma melodia construída predominantemente por colcheias. As colcheias quando executadas sobre a "levada" formam o contraponto de maior recorrência no baião.
No Ex.4 , nota-se a predominância das colcheias na construção da melodia (pauta superior) contra a figura rítmica, realizada na região grave da zabumba, que apresenta maior recorrência no acompanhamento (pauta inferior). Para um instrumentista que está tendo os primeiros contatos com o baião, a execução desses dois elementos já fornece uma boa ideia da relação mais elementar entre melodia e acompanhamento no repertório de Luiz Gonzaga.
Outro elemento recursivo, que também pode ser conferido em No Ceará não tem disso não, é a utilização de traços modais. Encontramos certos contornos melódicos com esse caráter, combinados com cadências tonais, como em Baião de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira (Ex.8 ), Juazeiro de Gonzaga/Humberto Teixeira (Ex.11 ), Algodão de Luiz Gonzaga/Zé Dantas (Ex.10 ), Baião da garoa de Luiz Gonzaga/Hervê Cordovil (Ex.15 ), Baião da penha de Guio de Morais/David Nasser, Vozes da seca de Luiz Gonzaga/Zé Dantas e Vem morena de Luiz Gonzaga/Zé Dantas (Ex.5 ).
A introdução de "Vem Morena" apresenta basicamente a melodia da seção A no formato instrumental. Temos aqui quatro frases de oito compassos. As duas primeiras frases são harmonizadas pelos acordes Im7 e IV7 que apresentam a sonoridade do modo dórico. Como observou TINÉ (2008, p.96-99), as duas últimas frases, que são harmonizadas com uma cadência tonal Im7-V7-Im7, também poderiam ser harmonizadas com os acordes de Fm7 e Bb7, mantendo o ritmo harmônico de um acorde por compasso. A cadência tonal não se faz imprescindível, pois a sensível da tonalidade não aparece na melodia. Contudo, como os últimos dezesseis compassos representam uma seção contrastante, é possível que a cadência tonal tenha sido utilizada para acentuar tal embate 15.
Quando o baião foi estilizado e lançado no mercado havia todo um repertório de caráter exclusivamente tonal que predominava nos meios de comunicação. Nota-se que Gonzaga se apropriou de elementos musicais presentes no repertório que ele precisou aprender para poder iniciar sua carreira como solista.
O primeiro estágio [da carreira de Luiz Gonzaga] - 1941-46 - o revela como um intérprete e compositor do repertório popular do Rio de Janeiro, desde Ernesto Nazareth até suas próprias criações de mazurcas, choros, valsas, polcas e sambas adaptados para o acordeom. Ao mesmo tempo, ele introduziu várias músicas que não pertenciam a tais gêneros, as quais ele trouxe do sertão - como o xote, xaxado, miudinho, seridó e calango - uma variedade de danças muito populares em sambas e forrós
(RAMALHO, 1997, p.108-109)
Essa relação modal/tonal presente na música de Luiz Gonzaga pode ser interpretada dentro da ideia de "fricção" proposta por PIEDADE. "[...] Uma situação na qual as musicalidades dialogam mas não se misturam: as fronteiras musical-simbólicas não são atravessadas, mas são objetos de uma manipulação que reafirma as diferenças" (PIEDADE, 2005, p.200). Gonzaga trazia consigo a sonoridade modal, absorvida pela sua vivência e atuação profissional como sanfoneiro em sua terra natal (Exu-PE), e esta sonoridade foi "friccionada" com as referências tonais que o músico foi adquirindo durante sua atuação no mercado carioca.
Vê-se um caso ilustrativo envolvendo melodia e letra do baião No Ceará não tem disso não de Guio de Morais. A seção A apresenta um contorno melódico elaborado sobre o modo mixolídio (Ex.4 ) com a seguinte letra cantada na primeira pessoa: "tenho visto tanta coisa nesse mundo de meu Deus / coisas que "prum" cearense não existe a "expricação", "quarquer" pinguinho de chuva fazer uma inundação / moça se vestir de cobra e dizer que é distração." Porém, quando são cantados os versos que se referem às pessoas que vivem na capital 17: "vocês cá da "capitar" me "adescurpe" essa expressão", a cadência tonal (IV V7 I) é inserida como uma espécie de alusão ao tipo de música que representa a tal "capitar" (Ex.6 ).
Dando sequência à amostragem das combinações entre os elementos, temos uma composição onde predominam grupos de quatro semicolcheias juntamente com algumas figuras rítmicas que derivam dessa subdivisão.
Sabiá nos mostra também que a utilização de elementos modais não foi imprescindível na elaboração do baião. Dentre outras composições estritamente tonais, pode-se citar Abc do sertão de Luiz Gonzaga/Zé Dantas (Ex.17 ), A dança da moda de Luiz Gonzaga/Zé Dantas, Xanduzinha de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, Macapá de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, etc. Tais fatos demonstram que a música de Luiz Gonzaga transita entre o modal e o tonal, representando um dos casos de "dessistema" (FREITAS, 2010) presentes nas práticas populares.
[...] Nos deparamos com construtos musicais que seguem aquele outro viés - aquele dos fazeres inorganizados, das composições desconformes, das incoesões, das adesões incompletas, desobrigadas, desobedientes, anti-absolutas, irônicas, niilistas, modernosas, dos conjugados ecléticos e imperfeitos, dos vestígios amontoados, dos restos avariados, dos desvios de padrão que se tornam regras constantes, etc. -, e mesmo assim, mesmo quando podemos perceber que estamos lidando com algum
dessistema
[...], não conseguimos reagir declarando formalmente que não se trata de encaixar as coisas em um ou outro sistema (modal ou tonal), e sim de avaliar um construto que não se acomoda satisfatoriamente em sistema algum (FREITAS, 2010, p.327).
Ao pesquisar as combinações de figuras rítmicas presentes no repertório do baião, é possível perceber alguns padrões de maior destaque. Um dos mais recorrentes é formado por quatro colcheias, sendo a última colcheia ligada com o primeiro tempo do próximo compasso. O Ex.8 representa, de forma aproximada, a melodia de Baião, conforme interpretada na gravação de 1949 por Luiz Gonzaga. Vemos aqui o emprego do padrão em questão ao longo da melodia. Pode-se notar novamente a presença de algumas subdivisões em semicolcheia, porém em menor número em relação às colcheias.
Vê-se uma espécie de antecipação que por vezes gera uma relação dissonância/consonância. Tal relação pode ser observada, por exemplo, na passagem do c.13 para o c.14 do Ex.8 . Nesse momento a nota Mi bemol é atacada como dissonância de décima primeira em relação ao acorde de Bb7 18, e resolve como fundamental do acorde de Eb7.
Na introdução, presente na mesma gravação de 1949 (Ex.9 ), há duas combinações de figuras rítmicas com duração de dois compassos cada, que são formadas por "garfinhos" (semicolcheia-colcheia-semicolcheia) com uma semínima, colcheias e ligaduras de extensão.
A pausa de semicolcheia no início de frases envolvendo esse tipo de combinação é um elemento a ser levado em conta na composição do baião. Frases começando na segunda colcheia do primeiro tempo geram impulso e proporcionam sensação de movimento.
No Ex.10 temos mais um trecho que demonstra um pouco mais das possíveis combinações entre "garfinhos", colcheias e semínimas com contornos melódicos realizados sobre o modo mixolídio. Nos dois últimos compassos observa-se novamente o padrão formado por quatro colcheias com ligadura de extensão na última colcheia.
3. Elementos da cantoria estilizados no baião
A presença de traços modais no baião faz alusão a determinadas manifestações culturais nordestinas (as bandas de pífanos, violeiros, cantadores, aboios e novenas), denominadas como "folclóricas" ou classificadas como material étnico. Em sua tese de doutorado, TINÉ (2008) fornece análises de melodias de tradição oral colhidas no nordeste. Com base em tal estudo, percebe-se que grande parte dos elementos recorrentes no baião pode ser encontrada na prática da cantoria 19. É possível sintetizar tais elementos através do seguinte levantamento:
1. Utilização dos modos mixolídio e dórico;
2. Começo das frases em anacruse ou sem o primeiro tempo (compasso acéfalo);
3. Arpejo em posição fundamental seguido da sétima menor do modo como ponto de apoio;
4. Ênfase dada à sétima e uso da sexta e quinta para dar continuidade à melodia;
5. Padrões em intervalos de terça ou sextas;
6. Uso de notas repetidas na elaboração melódica;
3.1 Utilização dos modos mixolídio e dórico
Os Exs.11 e 12 mostram passagens que utilizam os dois modos recorrentes no baião: o mixolídio e o dórico 20.
Vejamos o caso da composição Baião, que se tornou emblemática. Quando se busca evocar o baião, o motivo inicial dessa composição é uma das primeiras referências que os músicos utilizam 21. Ao ser indagado sobre como faria para improvisar em uma música "moderna" utilizando elementos do baião "tradicional", o saxofonista Mané Silveira 22 respondeu: "eu faria primeiro aquela: (solfeja as primeiras notas de "Baião")". Em consonância com os comentários de TINÉ (2008, p.92), observa-se que a melodia de "Baião" que ficou mais conhecida é um misto da linha melódica cantada por Luiz Gonzaga (Ex.8 ) e a parte instrumental executada pelo próprio à sanfona. Dessa forma, temos aproximadamente a "versão instrumental" mostrada no Ex. 13 .
Ex. 14
O próprio Gonzaga citou a melodia de Baião na gravação de 1950 de Dezessete légua e meia de Humberto Teixeira/Carlos Barroso. Na letra da canção, o locutor fala que andou dezessete léguas e meia sem parar para ir a um forró dançar. Após chegar à festa ele faz o seguinte comentário: "quando Zé sanfoneiro gemeu no fole o baião", e então as primeiras frases de Baião são executadas à sanfona. Trata-se de um motivo que já foi bastante explorado. Contudo, apesar de ter se tornado um clichê, o motivo é importante na construção melódica do baião, sendo usado não apenas no modo mixolídio, mas também no modo dórico, como veremos a seguir.
2.2 Compasso acéfalo, arpejo ascendente e sétima menor como ponto de apoio
Observando as primeiras notas da "versão instrumental" de Baião de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, e da melodia de Baião da garoa de Luiz Gonzaga/Hervé Cordovil, percebe-se que, exceto pelas terças maior e menor que diferenciam os modos mixolídio e dórico, elas têm uma construção semelhante e possuem elementos que remetem à cantoria. Nota-se o compasso acéfalo, o arpejo ascendente enfatizando a sétima menor, alcançada por salto, e o contorno melódico diatônico descendente, passando pela sexta e pela quinta dos modos.
Tais contornos melódicos podem ser explorados e desenvolvidos na confecção de um solo improvisado que almeje ser reconhecido como "idiomático" 23 em relação ao baião. O Ex.16 apresenta uma forma de variar esse fraseado.
Nessa introdução, realizada por Luiz Gonzaga à sanfona, encontramos o arpejo inicial começando pela terça e não pela fundamental. Dessa forma, a nona passa a ser a nota enfatizada (c.1 e 2) ao invés da sétima. Em seguida temos o mesmo arpejo realizado a partir da quinta, enfatizando a quarta como ponto de apoio e gerando um acorde com a quarta suspensa. Seguindo o mesmo padrão apresentado na introdução, pode-se realizar esse arpejo a partir do sétimo grau também.
3.3 Padrões melódicos - terças/sextas e notas repetidas
A realização de frases em intervalos de terças harmônicas ou mesmo em sextas, que são as terças invertidas e geram um resultado sonoro similar, constitui outro recurso que pode ser empregado para o desenvolvimento de um improviso "idiomático" relacionado ao baião. Ao executar o repertório escolhido para esta pesquisa pode-se constatar que, de modo geral, os contornos melódicos possibilitam a adição de terças harmônicas. Por vezes encontramos tais terças nos vocais presentes nas gravações.
O Ex.17 ilustra mais um caso de uso das terças harmônicas na melodia.
Certos padrões realizados em terças melódicas, que são encontrados no repertório do baião, também podem ser úteis na construção de um arranjo que vislumbre apontar para o baião "gonzagueano". São padrões relativamente simples, porém, quando realizados com a subdivisão rítmica em colcheias e com certos recursos de articulação, se mostram efetivos para representar o baião. Encontramos tais padrões em músicas como No Ceará não tem disso não (Ex.4 ), e na introdução da gravação de 1952 de Asa branca de Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira, transcrita no Ex.18 . Nota-se também a adição de intervalos harmônicos de sexta entre os c.2 e 5.
Outro procedimento recorrente na elaboração melódica do baião é a utilização de notas repetidas. É possível verificar o uso desse recurso tanto sobre a subdivisão rítmica de semicolcheias (conferir Vem morena no Ex.5 e Sabiá no Ex.7 ), quanto na subdivisão de colcheias, como nas seções B de Baião, Baião da Garoa de Luiz Gonzaga/Hervê Cordovil e Qui nem jiló (Ex.19 ).
4. Utilização de recursos idiomáticos da sanfona
Entre os c.2 e 5 da introdução inserida na gravação de 1952 de "Paraíba" - Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira (Ex.20 ), nota-se um pequeno padrão utilizando intervalos de quartas. Gonzaga utiliza recursos idiomáticos da sanfona nessa introdução. Ele adiciona uma nota da melodia por vez, em duas oitavas simultâneas 24, e sustenta todas as notas ao mesmo tempo, gerando assim um efeito timbrístico peculiar.
Outro caso é o uso do chamado "jogo de fole" para repetir a mesma nota em subdivisão de semicolcheia. Esse recurso pode ser encontrado no final da introdução de "Paraíba".
Segundo DIAS (2011), a utilização do fole dessa forma "percussiva" é advinda da prática da sanfona de 8 baixos, e foi adaptada por Gonzaga para a sanfona de 120 baixos 25.
Ao inserir elementos novos no cenário musical brasileiro, Luiz Gonzaga também inovou no acompanhamento para a sanfona e na técnica de execução do instrumento. [...] Adaptou para a sanfona de 120 baixos a técnica do jogo de fole da sanfona de 8 baixos da tradição nordestina, que conheceu ainda criança, filho que era do Mestre Januário, afamado tocador de fole de 8 baixos na região do Araripe pernambucano (DIAS, 2011, p.21).
A agilidade na execução de notas nos dois movimentos, abrindo e fechando a sanfona, exigiu o desenvolvimento de uma técnica mais contida na abertura do fole, promovendo um jogo de fole peculiar, técnica que Luiz Gonzaga aprendeu ainda menino, e traduziu para a sanfona de 120 baixos, cujo efeito sonoro ficou conhecido como o "resfolego" da sanfona. (DIAS, 2011, p.25)
5. Detalhes de articulação: o sotaque do baião
A interpretação de Luiz Gonzaga representa um possível modelo a ser tomado como base para a compreensão de detalhes de articulação recorrentes no baião. A audição e emulação cuidadosa das inflexões presentes em sua forma de cantar consistem em atividades importantes para a absorção do acento encontrado no baião.
Como visto até agora, temos duas subdivisões rítmicas que se destacam no baião: colcheias e semicolcheias. Em relação à articulação das colcheias, observa-se que há uma leve acentuação nos contratempos. No final da música Dezessete légua e meia de Humberto Teixeira/Carlos Barroso, Gonzaga fica repetindo o trecho transcrito no Ex.21 .
Observa-se aqui novamente a presença do padrão formado por quatro colcheias com ligadura de extensão na última colcheia. A combinação de tal padrão com a acentuação dos contratempos é representativa na articulação do baião. A título de ilustração, foram adicionados acentos nos contratempos do Ex.21 . Porém, como mencionado, essa acentuação é bem sutil. É necessário ter cuidado com tal articulação a fim de evitar um resultado sonoro caricato.
A acentuação dos contratempos pode estar presente mesmo quando a subdivisão rítmica é realizada em semicolcheias. Nesse caso, pode-se usar a condução do triângulo como modelo.
Como vimos anteriormente (Ex.1), esse acento está presente tanto no triângulo quanto no "bacalhau" da zabumba.
Vejamos agora outra opção de acentuação para as semicolcheias, tomando como base a "levada" da sanfona. No Ex.23, a pauta superior representa a sanfona e a pauta inferior mantém a condução mais elementar da zabumba.
Aqui a sanfona executa as semicolcheias utilizando uma acentuação que combina tanto com a parte grave quanto com o "bacalhau" da zabumba. Tal acentuação gera o padrão 3+3+2, que tem se mostrado recorrente em várias manifestações populares.
O padrão rítmico 3+3+2 [denominado por musicólogos cubanos como
tresillo
] pode ser encontrado hoje na música brasileira de tradição oral, por exemplo nas palmas que acompanham o samba-de-roda baiano, o coco nordestino e o partido-alto carioca; e também nos gonguês dos maracatus pernambucanos, em vários tipos de toques para divindades afro-brasileiras e assim por diante (SANDRONI, 2001, p.28).
A arte final da articulação é dada pela inserção do vibrato. Impossível transcrever o vibrato que se tornou representativo, para compreendê-lo é imprescindível a audição cuidadosa da interpretação de Gonzaga executando o repertório selecionado.
6.Considerações finais
Igual que nem
fole de acordeão
tipo assim num baião
do Gonzaga
Chico Buarque, Tipo um baião, 2011
Observa-se que o baião, estilizado por Luiz Gonzaga a partir da década de 1940, tornou-se uma referência, um modelo, um formato, um dos fortes representantes da sonoridade nordestina, bem como um componente expressivo dentro do que convencionou-se chamar de música "tradicional", "de raiz" (NAPOLITANO, 2007) ou "regional" (FERRETTI, 1988). De acordo com MENEZES BASTOS (2007), o baião representa também a quinta "onda" mundial da música brasileira no plano internacional, constituindo um dos momentos em que a música brasileira alcançou visibilidade no exterior. Menezes Bastos ressalta que na década de 1950 o baião esteve presente no repertório de muitas orquestras e na trilha sonora de muitos filmes estrangeiros.
Espera-se que o material musical e os procedimentos aqui descritos e ilustrados possam complementar os estudos de caráter sociocultural que vêm sendo realizados sobre o baião de Gonzaga. Dessa forma, é possível considerar que se trata de um objeto sonoro composto por um cruzamento de vários fatores, sendo que, do ponto de vista técnico-musical, temos um conjunto de elementos (figuras rítmicas, padrões de terças, notas repetidas, traços modais, etc.) que, quando combinados com a "levada", com timbres como o da sanfona, zabumba ou triângulo, e com a articulação peculiar, vão aproximar o ouvinte do tipo de baião que foi "canonizado" por Luiz Gonzaga.
A compreensão das combinações realizadas com esse material musical se mostra útil para estudantes de música e pode ser aplicada em disciplinas que visam "mostrar como se toca" o baião, seja para fins de interpretação, composição, arranjo, análise musical ou improvisação.
Tal abordagem acerca do baião de Luiz Gonzaga oferece subsídios mais palpáveis para que possamos mapear sua reutilização e ressignificação em diferentes momentos e cenários da música brasileira, a exemplo da "canção de protesto" da década de 1960, do "tropicalismo", da música instrumental produzida por compositores como Hermeto Pascoal e Egberto Gismonti, do cancioneiro brasileiro confeccionado a partir da década de 1970 até os dias atuais, e da produção instrumental contemporânea de artistas como Guinga, Hamilton de Holanda, André Mehmari, Carlos Malta, "Grupo Sa Grama" e "Trio Curupira", dentre muitos outros.
Notas
Recebido em: 03/03/2012
Aprovado em: 15/01/2013
Almir Côrtes é multi-instrumentista de cordas dedilhadas (bandolim, violão, cavaquinho, guitarra e viola caipira), graduado em violão erudito pela UFBA (2003), Mestre (2006) e Doutor (2012) pela UNICAMP na área de Práticas Interpretativas. Foi um dos organizadores do V e VI "Encontro Nacional de Choro da UNICAMP" (2009/2010). Realizou estágio de um ano (2010/Programa PDEE-CAPES) como pesquisador visitante no Departamento de Jazz da Jacob's School of Music na Indiana University nos Estados Unidos. Possui dois CDs lançados e tem realizado concertos e oficinas no Brasil e no exterior, com especial destaque para sua participação nos eventos: Latin American Culture Celebration (2010), promovido pela Berklee School of Music e o Mandolin Symposium (2011/2012) na Universidade de Santa Cruz, Califórnia-EUA. Atua principalmente nos seguintes temas: música instrumental brasileira, música popular, choro, frevo, baião, improvisação, bandolim, guitarra e violão. Recentemente foi contemplado com bolsa da Fundação de amparo à pesquisa do Estado de São Paulo-FAPESP para desenvolver pesquisa de Pós-doutorado no Instituto de Artes da UNICAMP.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
30 Maio 2014 -
Data do Fascículo
Jun 2014
Histórico
-
Aceito
15 Jan 2013 -
Recebido
03 Mar 2012