Open-access Impactos das práticas culturais e religiosas sobre a biodiversidade em comunidades tradicionais do Semiárido brasileiro

Impacts of cultural and religious practices on biodiversity in traditional communities of the Brazilian Semiarid region

Impactos de las prácticas culturales y religiosas en la biodiversidad de las comunidades tradicionales del Semiárido brasileño

Resumo

A busca pela cura do corpo e da alma nas comunidades do Semiárido brasileiro advém de uma tradição vivenciada entre os sujeitos, que habitam, principalmente, os espaços rurais. O presente artigo tem como objetivo indicar os impactos produzidos sobre a biodiversidade a partir das práticas culturais e religiosas, das comunidades da Ilha do Massangano, povoado rural negro pertencente ao município de Petrolina, PE e Lage dos Negros, quilombo pertencente ao município de Campo Formoso, BA. Assim sendo, a investigação decorre de fundamentos étnicos e culturais da sociodiversidade desses grupos tradicionais. Para tanto, foi utilizada a técnica denominada snowball sampling, ou “Bola de Neve”, como uma ferramenta metodológica para seleção dos participantes que integraram a investigação. Os dados foram obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas e aplicação de questionários envolvendo as lideranças religiosas e os participantes dos grupos culturais locais. A análise que guiou o estudo foi à análise de conteúdo. Este artigo vem demonstrar toda uma compreensão de devoção ao meio ambiente, e seus elementos e os resultados apontaram que as práticas religiosas e culturais que utilizam recursos naturais, como a fauna e a flora, não trazem efeitos negativos à biodiversidade local. Ao manterem vivas suas práticas culturais e religiosas, essas comunidades demonstram consciência do valor de seus ecossistemas e daquilo que eles representam em seus contextos. A partir dessas noções, as comunidades quilombolas ensinam ao mundo que é preciso garantir vida para suas gerações futuras.

Palavras-chave religiosidade e cura; cultura; biodiversidade e conservação; Semiárido brasileiro

Abstract

The search for healing the body and soul in communities in the Brazilian semiarid region comes from a tradition experienced among the subjects, who mainly inhabit rural spaces. This article aims to indicate the impacts produced on biodiversity from cultural and religious practices, of communities on the island of Massangano, a black rural town belonging to the municipality of Petrolina, PE and Lage dos Negros, a quilombo belonging to the municipality of Campo Formoso, BA. Therefore, the investigation arises from the ethnic and cultural foundations of the sociodiversity of these traditional groups. To this end, the technique called snowball sampling was used as a methodological tool for selecting the participants who took part in the investigation. Data were obtained through semi-structured interviews and questionnaires involving religious leaders and participants in local cultural groups. The analysis that guided the study was content analysis. This article demonstrates a complete understanding of devotion to the environment and its elements and the results showed that religious and cultural practices that use natural resources, such as fauna and flora, do not have negative effects on local biodiversity. By keeping their cultural and religious practices alive, these communities demonstrate awareness of the value of their ecosystems and what they represent in their contexts. Based on these notions, quilombola communities teach the world that it is necessary to guarantee life for their future generations.

Keywords religiosity and healing; culture; biodiversity and conservation; Brazilian semiarid

Resumen

La búsqueda de la curación del cuerpo y del alma en comunidades de la región Semiárida brasileña proviene de una tradición vivida entre los sujetos, que habitan principalmente espacios rurales. Este artículo tiene como objetivo indicar los impactos producidos sobre la biodiversidad a partir de prácticas culturales y religiosas, de comunidades de la isla de Massangano, pueblo rural negro perteneciente al municipio de Petrolina, PE y Lage dos Negros, quilombo perteneciente al municipio de Campo Formoso, BA. Por tanto, la investigación surge de los fundamentos étnicos y culturales de la sociodiversidad de estos grupos tradicionales. Para ello se utilizó como herramienta metodológica la técnica denominada snowball sampling, o “Bola de Nieve”, para la selección de los participantes que intervinieron en la investigación. Los datos se obtuvieron a través de entrevistas semiestructuradas y cuestionarios que involucraron a líderes religiosos y participantes de grupos culturales locales. El análisis que guió el estudio fue el análisis de contenido. Este artículo demuestra una comprensión completa de la devoción por el medio ambiente y sus elementos y los resultados mostraron que las prácticas religiosas y culturales que utilizan recursos naturales, como la fauna y la flora, no tienen efectos negativos sobre la biodiversidad local. Al mantener vivas sus prácticas culturales y religiosas, estas comunidades demuestran conciencia del valor de sus ecosistemas y de lo que representan en sus contextos. A partir de estas nociones, las comunidades quilombolas enseñan al mundo que es necesario garantizar la vida a sus generaciones futuras.

Palabras clave religiosidad y curación; cultura; biodiversidad y conservación; Semiárido brasileño

1 INTRODUÇÃO

A exploração dos recursos naturais por comunidades tradicionais fundamenta-se num conjunto de conhecimentos, práticas e crenças humanas, pautados na experimentação empírica do ambiente próximo, que integra as tradições culturais (Santos, 2016). Em um país como o Brasil, que é caracterizado por sua diversidade biológica, religiosa e cultural, é essencial que políticas de conservação estejam em sintonia com os aspectos culturais (Leo Neto, 2008).

Historicamente, as comunidades tradicionais do Semiárido brasileiro têm sido consideradas protagonistas na proteção de suas biodiversidades, do uso sustentável, justo e equitativo dos recursos naturais (Arruda, 1999).

A Convenção de Diversidade Biológica (CDB) concebe a biodiversidade como uma grande teia de organismos vivos de todas as origens e atribui a isso a existência de diversos ecossistemas: o terrestre, o marinho, o aquático e os complexos ecológicos de que fazem parte. A biodiversidade, a partir de seu patrimônio genético, compreende um potencial de medicamentos e de matrizes alimentares, com capacidade de manter a espécie humana de vestuário, habitação, mobiliário, cosméticos e outros recursos para todas as suas diversas necessidades (Milaré, 2015).

A partir dessa compreensão, o presente estudo se propôs a investigar os impactos produzidos pelas comunidades da Ilha do Massangano, em Pernambuco (PE), e Lage dos Negros, na Bahia (BA), sobre a biodiversidade local a partir de suas práticas culturais e religiosas. O estudo parte da hipótese de que as comunidades tradicionais, que habitam o Semiárido do Nordeste brasileiro, ajustaram suas práticas culturais e religiosas ao ambiente físico, estabelecendo interações culturais e religiosas com a flora e fauna local, sem gerar impactos negativos sobre sua biodiversidade. Essa lógica se explica pela resistência à invasão de seus territórios por indivíduos externos e, sobremaneira, pela vivência de suas expressões culturais e sagradas, que proporcionam a manutenção das expressões culturais nessas comunidades (Cunha; Magalhães; Adams, 2021).

2 METODOLOGIA

A abordagem sobre os impactos das práticas culturais e religiosas sobre a biodiversidade de comunidades tradicionais do Semiárido brasileiro foi realizada em duas comunidades do Semiárido nordestino: a ilha de Massangano, comunidade rural negra pertencente ao município de Petrolina, PE e Lage dos Negros, quilombo pertencente ao município de Campo Formoso, BA.

Utilizou-se a técnica snowball sampling. Segundo Bernard (2005), essa técnica é um método de amostragem de rede, útil para se estudar populações difíceis de serem acessadas. Foram entrevistados vinte e um indivíduos, sendo dez em Lage dos Negros e onze na Ilha do Massangano. Dentre os investigados, destacam-se líderes religiosos, lideranças comunitárias, líderes dos grupos culturais, além de serem participantes desses mesmos grupos e residentes dos mencionados lugares por um período mínimo de 10 anos.

Os sujeitos investigados foram nomeados, na pesquisa, por algarismos indo-arábicos, com a finalidade de manter o acordo ético do estudo e preservar a identidade dos informantes.

Os dados foram coletados no período de setembro de 2020 e fevereiro de 2022. Para tanto, as entrevistas foram gravadas por smartphones e gravadores digitais.

Tendo em vista que se trata de duas áreas de estudos distintas nos planos geográfico e geopolítico, buscou-se registrar as diferenças no perfil socioeconômico e intelectual dos atores sociais da pesquisa. Nessa direção, foi possível detectar que o nível socioeconômico das duas comunidades apresenta algumas similitudes: são grupos que sobrevivem com os desafios impostos pelos baixos salários e compartilham espaços carentes de infraestrutura e de políticas públicas que se voltem para seus anseios, no tocante para uma melhor qualidade de vida.

No que concerne ao nível intelectual, trata-se de duas comunidades com amplas diferenças. O quilombo de Lage dos Negros demonstrou que grande parte de seus habitantes busca melhoria de suas condições socioeconômicas investindo nos vários níveis de escolaridade, principalmente nos cursos superiores de formação de professores. Quanto aos habitantes da Ilha do Massangano, ficou evidente que seus níveis de escolaridade se apresentam mais baixos.

Antes de iniciar o processo de coleta de dados, o projeto foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Em respeito aos direitos de propriedade intelectual, foram apresentados os objetivos da pesquisa no início de cada entrevista, quando foi solicitada a permissão dos entrevistados para registrar as informações por meio da assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e do termo de autorização para o uso de imagem.

A autorização para o acesso aos conhecimentos sobre os povos quilombolas do município de Lage dos Negros e sobre a comunidade rural negra da Ilha do Massangano em Pernambuco foi obtida a partir do Comitê de Ética em Pesquisa, por meio do Parecer Consubstanciado n. 4.138.645 de 07/07/2020.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os habitantes da comunidade rural negra da Ilha do Massangano têm como principal fonte de renda os recursos advindos da agricultura familiar; contudo, praticam, além da agricultura, a pesca e a atividade de barqueiro. Mantêm uma relação de dependência com o que plantam e o que colhem: hortaliças e frutas, como manga e goiaba, que são vendidas nas feiras livres das cidades de Petrolina, PA, e Juazeiro, BA. As mulheres se dividem entre as atividades domésticas e a ajuda ao marido nas roças. Trata-se de uma comunidade localizada a 12 km de sua cidade- sede, Petrolina. Situada em meio às águas do Rio São Francisco, tornou-se, ao longo dos anos, um local que atrai universidades de vários países, como a França, os Estados Unidos e Portugal, entre outras, por todo seu repertório cultural – mosaico apropriado para as pesquisas ali desenvolvidas. O rio tornou-se fonte de vida, cultura e crenças para seus habitantes, que buscam manter a coesão social e cultural preservada da ação de interferências externas em suas manifestações de fé, atividades recreativas e de sustentabilidade ambiental.

O quilombo de Lage dos Negros, localizado em território baiano, está a 97 km de sua cidade- sede, Campo Formoso, e tem como principais atividades econômicas o cultivo de mandioca, feijão, sisal, milho e mamona, além da prática da agricultura familiar (horticultura). Ao desenvolver atividades agrícolas, a população local mantém seu sustento e, também, a comercialização desses produtos em feiras livres. Apesar de apresentar uma paisagem rica em tocas ou cavernas, como é o caso da Toca da Boa Vista, considerada a maior caverna do Brasil e do hemisfério sul e a 16ª mais extensa do mundo, a comunidade não recebe incentivo para a prática do turismo. Muitos de seus habitantes sequer conhecem as cavernas locais.

As duas localidades investigadas cultuam, na prática de suas devoções religiosas, um grande apego às suas divindades. Essas acionam nos devotos uma maior sensibilidade na relação com o meio ambiente – palco das manifestações de fé em Lage dos Negro e na Ilha do Massangano. A relação místico-religiosa entre os humanos, animais e flora, em geral, vem sendo estudadas, desde épocas bem remotas (Santos; Florêncio, 2013). Essa interação, com o passar do tempo, levou ao construto de atores que foram se firmando no País, em geral, e consequentemente nas comunidades tradicionais do Semiárido Brasileiro portando designações próprias aos seus ofícios, decorrentes do uso da fauna e da flora, que lhe eram e continuam sendo peculiares, denominados curandeiros, benzedeiras, rezadores, raizeiros, pais e mães-de-santo, mestres catimbozeiros, juremeiros, pajés urbanos e pajôas, entre outros “doutores” na arte de curar, eleitos pelo povo e seus imaginários coletivos (Camargo, 2011).

As formas de buscas e saberes direcionados à cura por meio de práticas religiosas e pelo uso da fauna e da flora, trazidas por povos africanos e outros, demonstram que, nas comunidades tradicionais do Semiárido nordestino, essas buscas destacam-se como alternativas para muitas enfermidades, constituindo-se, assim, em terapêutica religiosa. São muitas as recorrências a esses tipos de terapêuticas, como a umbanda, o candomblé, as rezas e as benzeções, por razões de doenças, questões afetivas, males da mente e do corpo (Mello, 2013).

Na comunidade de Lage dos Negros, a tradição do candomblé começou a arrefecer, segundo relato do informante 13 da pesquisa. Contudo, “em tempos passados, o candomblé foi uma manifestação que, dentre [sic] outras funções, cumpria o papel de cura aos doentes das redondezas por meio do culto às suas divindades” concluiu a informante 13.

Já na comunidade da Ilha do Massangano, segundo relatos locais, o candomblé nunca foi praticado. Os massanganos vivenciaram a umbanda, que, por longos anos, repercutiu como uma expressão na qual a devoção aos santos, por meio de danças, invocações, despachos e oferendas, representou força e crença na cura de doenças em geral.

Por meio desses relatos, pode-se considerar que os terreiros de umbanda e de candomblé, para essas comunidades, são importantes tanto no âmbito cultural quanto no religioso, por prestarem uma grande contribuição para o cuidado em saúde por meio de seus rituais, como as rodas de danças, as invocações e os louvores a santos e orixás. A prática da umbanda faz uso de folhas, ervas e raízes indicadas para banhos, bem como de passes e defumações, para expulsar os males da alma e do corpo. Todavia, a exploração dos recursos naturais para esses fins terapêuticos é mínima e não chega a causar impactos negativos ao meio ambiente: “Há apenas um altar sagrado e enfeitado com rosas e galhos de plantas para os praticantes desse rito”, relata a informante 8 do estudo.

As pesquisas, que exploram a interface entre religião e saúde, demonstram que, entre as motivações que orientam a filiação religiosa, figura, de modo destacado, a busca de soluções para aflições e enfermidades. A terapêutica religiosa constitui, assim, uma das alternativas de cura, cuja adesão por parte de seus seguidores é influenciada, entre outros fatores, por experiências individuais ou coletivas de sua eficácia e/ou pela fidelidade a uma religião que regula a vida em geral, incluindo as condutas relativas ao cuidado com o corpo e com a saúde (Mota; Trad, 2011; Alves et al., 2010).

Representada por um número expressivo de terreiros, as comunidades tradicionais da Ilha do Massangano e de Lage dos Negros, como herdeiras da cultura, da identidade, da memória e das religiosidades afro-brasileiras, assumem múltiplas facetas, por serem, elas mesmas, o fruto híbrido de uma fusão étnica e cultural (Mota; Trad, 2011). Contudo, com o passar do tempo, as sucessivas gerações, voltadas para outros interesses, como o uso das tecnologias de massa, foram dando preferências a outras formas de condutas. No quilombo de Lage dos Negros, de acordo com a informante 14:

As coisas já mudaram muito, os poucos terreiros de candomblé aqui existentes foram impulsionados por novos moradores, que iam chegando à Lage, vindos de Salvador, BA, mas, hoje, já quase não se pratica mais o candomblé. muita gente mudou de religião, passou a ser evangélico e preferiu aderir aos celulares e computadores. Principalmente os mais jovens.

No geral, os informantes da pesquisa relataram não fazer uso de animais nos poucos ritos do candomblé ainda existentes, a não ser para servir como alimento para os praticantes ou convidados das celebrações. A Constituição Federal (Art. 225 §1, VII), em suas proposições legais, protege a fauna e a flora, vedando o uso de animais a partir dos requintes de crueldade e quaisquer que sejam seus fins (Brasil, 1988). Todavia, de acordo com os relatos dos informantes do estudo, essa proteção da fauna e da flora, nas comunidades tradicionais aqui estudadas, independentemente do que reza a Constituição Federal, dispensam a sua fauna e a sua flora o cuidado necessário para sua conservação.

Na comunidade baiana de Lage dos Negros, rituais religiosos que ainda envolvem espécies vegetais ou animais não trazem impactos negativos à sua biodiversidade.

Durante a festa de Santo Antônio, o mastro símbolo das festividades do padroeiro é retirado de um eucalipto, que pertence a uma área de plantio particular e, mesmo sendo particular, logo após sua retirada, é feita a reposição da árvore. Geralmente, isso é feito de cinco em cinco anos quando a madeira daquele mastro já apresenta sinais de desgaste. (Informante 17).

Ainda, segundo o informante 18, a mesma situação ocorre com as oferendas, que são depositadas no altar para Santo Antônio, padroeiro de Lage dos Negros, nas celebrações do catolicismo:

Essas oferendas são retiradas da roça, mas é importante dizer que tudo isso só é feito com as espécies próprias da retirada para o consumo humano. Aqui não exploramos a natureza: ela nos garante a vida e nós, também, garantimos a ela o direito de existir. A gente retira e a gente repõe (Informante 18).

Esse cuidado e prática ocorrem, também, na comunidade rural negra da Ilha do Massangano. Em sintonia com as atitudes do quilombo de Lage dos Negros, percebe-se uma evidente preocupação com a conservação da flora. Conforme as informações coletadas para este estudo, relata a participante 11:

Os antigos ensinaram a limpar o meio ambiente, plantando árvore onde não tem. [...] Para manter, para não destruir [...]. Aí a gente preserva muito isso! Eu, por exemplo, já tenho ido fazer com os alunos o replantio na beira do rio de muitas árvores que foram arrancadas no passado (Informante 11).

O relato da informante acima redunda em torno de um processo de padrões tradicionais, orientados e herdados de suas ancestralidades. Percebe-se, nos relatos em geral, que a Ilha do Massangano e o quilombo Lage dos Negros é marcada por um intenso movimento relacional entre tudo e todos: humanos, terra, água, crenças, memórias, fauna e flora. Isso leva à compreensão de que significativa parte da biodiversidade brasileira encontra-se em porções territoriais conservadas por povos tradicionais, grupos humanos que desenvolvem práticas de extração dos recursos naturais de maneira a garantir a sua sustentabilidade, uma vez que desses recursos dependem suas culturas e suas formas de vida.

Entre benzeções, rezas e medicina popular, a natureza intensifica a vida e permanece viva. A grande diversidade de estudos realizados nas últimas décadas, sobre questões que dizem respeito ao fenômeno religioso, tem demonstrado a complexidade dos diversos significados ou até mesmo de uma hermenêutica dos vários conceitos de tal fenômeno.

Trata-se de um fenômeno de natureza sagrada ampla e que, por isso mesmo, abriu, entre outros, um vasto campo para práticas místico-religiosas, incluindo as rezas e as benzeções. Essas práticas, além das rezas ofertadas a pessoas portadoras de algum mal físico ou mental, são desenvolvidas a partir do uso de recursos de idêntico poder com as preces às plantas ou aos “raminhos de plantas”, como costumam denominar as/os praticantes do rito, para alcançar seus êxitos. São as práticas das benzedeiras. Conforme Azevedo (2016), o fenômeno da benzeção e seus muitos nomes surgem em um contexto popular de pequenos rituais praticados por pais, avós, tios, amigos, curandeiros e pajés.

Essa ação sagrada, que recorre à flora local também, é recorrente nas comunidades de Lage dos Negros e Ilha do Massangano e resultam da prática das benzedeiras ou rezadeiras/ rezadores. De acordo com Cascudo (2012), a rezadeira-benzedeira tem poderes de cura por meio do benzimento. A rezadeira, especialista em quebranto, mau-olhado ou vento caído, reza sobre a cabeça do doente com pequenos ramos verdes, que vão murchando durante o procedimento por adquirirem o "espírito" da doença, a qual fazia o mal.

Embora com um número reduzido atualmente, o ofício das benzedeiras ainda é procurado na comunidade de Lage dos Negros. A informante 16 relata que ela mesma já recorreu ao ofício dos rezadores da comunidade:

Meu filho [...] de repente caiu sem sentidos [...] Fui chamar um rezador [sic] que pediu para ficar sozinho com [sic] no quarto. É assim, eles num deixam ninguém ver e nem ouvir o que é feito. Quando ele saiu do quarto meu filho tinha despertado [...] então ele pediu pra gente tirar a roupa dele e queimar. Pronto. O menino ficou curado (Informante 16).

Nesse relato, percebe-se a ritualização da cura pela reza e pela benzeção. Essas rezadeiras, segundo relata a informante 16, “nunca expõem sobre o que rezam ou a quem apelam para obter a cura, pois a reza pode perder a magia ou o poder”. Algumas orações não podem ser reveladas, como aquelas rezadas contra os inimigos ou para fechar o corpo, pois os benzedores temem que, revelando o segredo, elas possam perder o encanto (Nery, 2006).

A informante 16 diz, ainda, que “o ensinamento dessas rezas ou benzeções são transmitidas [sic] apenas para pessoas da família da benzedeira que demonstrem ter ‘o dom’ para dar continuidade à ritualização, ou [sic] quando muito, a um amigo ou compadre bem próximo”. Um dom que se traduz na fé, aprendida com seus antepassados e de onde aprenderam a ver o mundo que os cerca (Nery, 2006).

No Brasil, os benzedores surgiram a partir do século XVII, e as interpretações dos conhecimentos, quanto ao uso tradicional dos recursos vegetais e ao manejo realizado por benzedores, raizeiros, parteiras, são fontes de pesquisa nos estudos etnobotânicos. Benzedores indicam plantas para efeito de cura ou como amuletos protetores, estando essa forma de uso da flora presente na cultura popular. As plantas figuram com o ser humano desde os primeiros tempos e, ainda hoje, são utilizadas pelas diversas camadas da população brasileira, em especial as de uso medicinal ou aquelas empregadas em rituais e cerimônias religiosas (Maciel; Guarim-Neto, 2006).

No Semiárido brasileiro, um exemplo comum do uso das plantas são as folhas do pinhão, ou “pião-roxo”, utilizado durante o “tratamento” de várias enfermidades. Conforme Cascudo (2012, p. 517), “o pinhão-roxo é um arbusto agreste da família das euforbiáceas, indígena, muito abundante no Brasil [...] segundo reza a crendice popular, é muito eficaz contra feitiçarias, olhados e quebrantos”.

O quebranto é compreendido por Cascudo (2012, p. 552) como o mesmo que olhado. “[...] é o feitiço por fascinação, a distância, sem a coisa feita, o ebó intermediário, a muamba ou mandinga [...]”. Isso não é diferente na comunidade baiana de Lage dos Negros nem na comunidade rural negra da Ilha do Massangano. As benzedeiras locais utilizam o “pião-roxo”, retirado dos quintais de suas residências, enquanto fazem rezas em forma de cruz no corpo da criança atingida pelo quebranto. Na visão do informante 07,

[...] essa ação de tirar os três galinhos do “pião-roxo” não traz prejuízos para a biodiversidade, pois as plantas destinadas a isso são dádivas de cura para quem precisa delas, e tem que ser três galinhos. Só funciona assim porque a reza é repetida três vezes em cada benzeção. Benzer é um sinal de amor ao outro. Nós somos solidários até nisso, ainda mais que não pode faltar essa planta em nenhuma casa (Informante 07).

Para a informante 14, na “Lage dos Negros, essa prática é exercida em contextos onde os serviços médicos inexistem ou tardam a chegar para atendimento”. “Mas, também, o quebranto não é curado por médicos nem por remédios de farmácias. Tem que ser na reza e na benzeção mesmo”, conclui o informante 16. Assim, a única forma encontrada de cura em algumas regiões, onde o serviço médico inexiste, é pela força da fé nas rezadeiras ou benzedeiras, que realizam suas missões pelo uso de elementos da flora local. A informante 13 relata que “mesmo tendo serviços médicos na Lage dos Negros, muitas pessoas preferem recorrer ao ofício dessas curandeiras. Isso já levou à morte muitas pessoas, porque o caso delas era de médico”.

3.1 Chás, mezinhas, garrafadas ou beberagens: o remédio que vem diretamente das plantas

O uso de remédios à base de ervas remonta às tribos primitivas, em que as mulheres se encarregavam de extrair das plantas os princípios ativos para utilizá-los na cura das doenças. À medida que os povos dessa época se tornaram mais habilitados em suprir as suas necessidades de sobrevivência, estabeleceram-se papéis sociais específicos para os membros da comunidade em que viviam. O primeiro desses papéis foi o de curandeiro. Esse personagem desenvolveu um repertório de substâncias secretas que guardava com zelo, transmitindo-o, seletivamente, a iniciados (França et al., 2008).

Com efeito, as comunidades quilombolas e/ou rurais negras carregam consigo exemplos e vivências de muitos dos costumes, modos e visões de mundo de seus antepassados; entre esses costumes, destaca-se a prática do uso das plantas medicinais como um procedimento de cura e tratamentos de suas enfermidades. Os habitantes dessas comunidades conhecem bem as ervas que utilizam, sabendo, inclusive, as enfermidades para as quais cada planta é utilizada (Sales; Albuquerque; Cavalcanti, 2009). Trata-se de uma prática que criou raízes e se desenvolveu, sobretudo, pelo poder da medicina popular. No Semiárido brasileiro, os conteúdos trazidos por garrafadas e chás são utilizados na cura de muitas doenças do corpo e são manipulados nos elementos da flora (Veiga-Júnior; Pinto; Maciel, 2005).

Assim posto, esse meio de cura, encontrado nas comunidades estudadas, para diversos males, encontra-se no indicativo de chás, garrafadas ou beberagens por curandeiros, raizeiros ou garrafeiros. Por ser visualizada como uma prática que desafiou o tempo, a manipulação e o uso de plantas medicinais passaram a ser concebidos como uma terapia contemporânea às primeiras presenças do ser humano na Terra. A busca pela medicina popular continua ativa não apenas nas comunidades tradicionais, mas, também, nos centros urbanos.

Apesar do avanço da medicina no Brasil, as plantas medicinais representam uma saída para muitas famílias de baixa renda. Isso se deve ao alto custo dos medicamentos industrializados e ao acesso ineficaz aos sistemas de saúde de boa qualidade. Ao que se observa, por meio de muitos estudos, essa adesão à medicina popular está ocorrendo entre as pessoas de poder aquisitivo melhor. Isso se explica pela busca de terapêuticas naturais (Cavaglier; Messeder, 2014).

A informante 16, moradora da Lage dos Negros, assegura que as garrafadas ainda são muito utilizadas por lá. No entanto, essa é uma atividade praticada por pessoas mais velhas do local.

Aqui na Lage usa-se muito a casca de pau ou as folhas das plantas. As cascas de pau, geralmente, servem mais para a garrafada e infusão e as folhas, como é o exemplo da goiabeira, para chá. Você tira “três olhinhos” da goiabeira e faz o chá. Digo isso porque já usei. Já as garrafadas, só mesmo com muita experiência, porque tem que saber dosar as quantidades certas das cascas (Informante 16).

Historicamente, as garrafadas, sem dúvida, podem ser consideradas herdeiras das velhas triagas, fórmulas secretas conhecidas dos reis e dos médicos, que as preparavam desde a mais remota antiguidade. As triagas eram polifarmácias manipuladas à base de vinho e mel, misturadas a substâncias de origem vegetal, animal e mineral (Santos, 2009).

Do ponto de vista demonstrado pelos relatos da informante anterior “essas práticas medicinais não afetam a natureza” (Informante 16). Há, sobremaneira, um sério cuidado na conservação dos elementos da natureza destinados a essas ações. “Se falta à natureza, falta à cura. Um quilombola sabe reconhecer e respeitar isso como elemento sagrado. Se isso não é respeitado, vai faltar o mel, a caça, o imbú, o licuri” (Informante 17). “Para ser ou se assumir quilombola, é preciso ser filho grato e devoto da Mãe Natureza” (Informante 17).

Com efeito, a informante diz que, mesmo assim, muitas medidas protetivas têm sido tomadas, conscientemente, por moradores da comunidade da Lage para conservação do meio ambiente, tais como não cortar as árvores, não fazer queimadas, trabalhar uma parte do solo enquanto outra se recompõe e preocupar-se com a saúde da natureza, pois “a natureza está na gente e a gente está na natureza, uma relação simbiótica” (Informante 17).

3.2 Água: fonte sagrada para as comunidades tradicionais

São inúmeros os princípios ambientais, e todos têm por objetivo a proteção das espécies e de vida no planeta, propiciando uma qualidade de vida satisfatória ao ser humano, para as presentes e futuras gerações (Bortolon; Mendes, 2014). Um dos princípios da sustentabilidade planetária reside no quesito água. A Lage dos Negros, em situação oposta à comunidade pernambucana da Ilha do Massangano, hoje sofre com os desafios do progresso. “Em períodos anteriores, a comunidade bebia água de cacimbas que jorrava das serras. Hoje. já não existe mais o olho d'água permanente”, relata a informante 19.

“As nascentes morreram em decorrência das perfurações de poços artesianos e, para além disso, os períodos de longas estiagens secaram nossos rios. Hoje, a beleza dos rios é uma beleza sazonal” (Informante 17). A informante 17 complementa:

Agora, com as chuvas, é possível vermos novamente um rio preto pela ação da própria natureza. A água do rio da Lage sofre mutações em seus tons de cores. É uma água da cor de Coca-Cola, bem preta mesma [sic]. Essa tonalidade escura é decorrente da densidade das folhas de plantas, que caem nas águas e se decompõem naturalmente, escurecendo a água (Informante 17).

Sobremaneira, esses povos que habitam comunidades tradicionais seguem os preceitos de seus antepassados no que concerne à conservação dos bens naturais (Oliveira; D´Abadia, 2015).

Na Ilha do Massangano, algo diferente acontece. Primeiro, pelo fato de seu território elevar-se numa porção de terra protegida pelas águas do curso do rio São Francisco e, segundo, pelo fato de seus moradores acreditarem que, no fundo das águas, vivem os encantados, que lá repousam e despertam, protegendo-os da força do mal. O relato de informante 3 do estudo, nativo da Ilha, revela que as pessoas, no passado, faziam suas celebrações religiosas no rio.

Era no tempo bom da festa dos marujos [...] um barco subia o rio com as oferendas (sabonete, alfazema, perfume, pente) para a sereia... para Iemanjá num [sic] sabe? [...] as pessoas aqui do lugar mandavam também os bilhetinhos com pedidos. [...] esse rio é sagrado e os encantados vive [sic] lá no fundo. Por isso que a gente aqui num maltrata ele num [sic] sabe? (Informante 03).

Esse relato demonstra que é, também, pela crença nos espíritos que o rio se mantém vivo. Na visão geral dos massanganos, “encantados” são os seres que, ao saírem da terra, vão viver dentro do rio São Francisco, ali, junto deles, bebendo da mesma água e protegendo-os dos perigos.

A informante 3, natural da Ilha e, hoje, pescadora, conta que, por lá, a pesca só é feita nos períodos permitidos: “Eu saio para pescar em meu barco. Tiro o peixe que vai servir em casa e só quando acaba volto pra pescar mais. Aqui a gente num [sic] estraga e nem desperdiça nada” (Informante 3).

Essa consciência de zelo e de conservação dos seres que habitam o rio São Francisco é percebida em cada morador da ilha. É uma noção ecológica ancorada em princípios de fontes sagradas, o que, por si só, já consiste nos preceitos de uma ecologia conduzida pela consciência de sustentabilidade, a qual se estende a tudo e a todos em meio a uma teia de sentidos que se correlacionam.

Nessa confluência de sentidos, reitera-se com Boff (2008) que “a ecologia, num sentido mais preciso, corresponde à relação, à inter-relação e ao diálogo de tudo quanto existe no universo, seres viventes ou não, entre si, em demanda real ou potencial”. Segundo o autor, a ecologia não se restringe apenas à natureza, como ecologia natural, mas, sobretudo, a outros fatores, como a sociedade e a cultura (Ecologia humana, social etc.). Ainda, conforme o autor, tudo o que coexiste preexiste, e tudo o que coexiste e preexiste subsiste por meio de uma teia infinita de relações onicompreensivas. Nada existe fora da relação. Tudo se relaciona com tudo em todos os pontos, conclui ele.

A noção de ecologia para as comunidades tradicionais liga-se, histórica e conscientemente, à ideia de conservação e sustentabilidade. Tudo, nessas práticas, coaduna-se ao caráter ecológico da religião. No Semiárido nordestino, essas noções são bem nítidas. Conforme o informante 14, do estudo na Lage dos Negros, “durante os rituais do candomblé, não se usa nem planta nem bicho nenhum” (Informante 14). Para esse informante, “isso é coisa de magia negra”, que foge “aos nossos propósitos” (Informante 14). Segundo reitera a informante 17 “o candomblé, outrora mais praticado, hoje está bem reduzido. Os mais velhos ou foram morrendo ou foram ficando sem condição para tal.” (Informante 17).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A apropriação de discursos e práticas de cunho ecológico, por parte dos adeptos das religiões de matrizes africanas, indígenas e outras fincados no Semiárido brasileiro, dentro das comunidades tradicionais, revela todo um engajamento humano com a fauna e a flora de forma sustentável. Embora imbuídos na promoção da medicina popular e da cura pela flora, os sujeitos sociais dessas comunidades entendem que a retirada excedente dos elementos da natureza pode, certamente, inviabilizar a vida no futuro.

A hipótese levantada por este estudo confirma-se a partir dos locais e dos elementos estudados. Cada folha retirada tem seu tempo de reintegração. Os agentes ou indivíduos, que realizam seus ofícios de rezadores, benzedeiras, raizeiros, desenvolvem suas práticas de caráter religioso e curativo sem agredir seus ecossistemas. O estudo evidenciou que esses indivíduos reconhecem a importância do cuidado e da conservação de seus bens naturais, demonstrando, ainda, entenderem que ser integrante de uma comunidade tradicional é traduzir-se como guardião de um patrimônio, que, embora "chamem de seu", é um bem vital planetário.

A partir de uma cosmovisão ecológica transgressora, que, bem recentemente, rompeu com os paradigmas de uma ecologia natural, lição de vida advinda e ensinada das experiências e visões de mundo dos povos tradicionais, seja pela fé, seja pelo conhecimento da medicina popular e seus procedimentos de cura, coexiste, no conjunto dessa consciência, uma simétrica visão holística, que agrega tanto a experiência dos vivos e não vivos, resultando na continuidade da vida.

É a partir dessas ações relacionais entre tudo e todos: tempos, corpos, territórios, que os povos nascidos da tradição resistem e reexistem. Cada folhinha da flora é capaz de fazer o renascer do que se concebia morto, e cada uma dessas folhinhas, aparentemente mortas por suas lutas em função da vida do outro, é despertada como novas seivas e teias de vida.

Os elementos postos por este estudo rebatem a ideia do final. Recusa-se o ponto final. Assim como as reticências, novos dizeres ensaiam outros conhecimentos. Abre-se, a partir daqui, novas hermenêuticas para outras trilhas da ciência, esse labirinto no qual nada nem ninguém se perderá ou morrerá no caminho. E, assim como acreditam e exercitam os povos tradicionais, tudo se perpetua, tudo renasce em outros sopros de vida, para que nada pereça na história.

Ao manterem vivas suas práticas culturais e religiosas, essas comunidades demonstram consciência do valor de suas biodiversidades e daquilo que elas representam em seus contextos, sendo, portanto, consideradas por esses grupos berço e fonte natural da vida presente e futura, bem como de produção alimentar, tendo, na agricultura de base familiar, seu sustento diário.

Através dos relatos de seus moradores, foi evidenciado que os indivíduos valorizam de forma relevante os elementos de sua biodiversidade, mantendo uma intrínseca e ética relação com eles. Para essas comunidades, a natureza é templo de vida e, como tal, percebe-se um caráter devocional a tudo que lhes diz respeito. O conjunto dos elementos religiosos mantém- se, também, tematizado em seus cancioneiros, que exaltam a biodiversidade local, suas danças, suas folias e as estruturas linguísticas imanentes às suas tradições, entre outras manifestações.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Set 2024
  • Data do Fascículo
    Apr-Jun 2024

Histórico

  • Recebido
    04 Dez 2022
  • Revisado
    26 Set 2023
  • Aceito
    08 Nov 2023
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