Resumo
Esta revisão de literatura teve por objetivo identificar em estudos empíricos os principais preditores individuais e contextuais da intenção empreendedora (IE) entre estudantes universitários. Utilizou-se a teoria do comportamento planejado, levando em conta pesquisas sobre a disposição atitudinal do estudante para desenvolver o próprio negócio. A busca foi realizada mediante as palavras-chave “intenção empreendedora” e “entrepreneurial intention” nos principais periódicos internacionais e nacionais das áreas de empreendedorismo, psicologia, organizações e administração e também na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO). A revisão abrangeu o período de 2004 a 2015. Foram analisados 60 artigos. Constatou-se ter havido um crescimento de 41% dos estudos sobre IE entre 2004 e 2015, em diversos países e continentes, o que revela o aumento do interesse no tema. Os principais preditores individuais são: traços pessoais, motivações de realização pessoal, atitude positiva, autoeficácia, percepção de controle, lócus de controle interno, percepção de barreiras e criatividade. Os preditores contextuais são as famílias e a rede de amigos, as quais operam como modelos a ser seguidos e como suporte no desenvolvimento do negócio. Sobre a educação empreendedora (EE), os resultados são inconclusivos, especialmente levando-se em conta o contexto. Finaliza-se com algumas limitações do estudo e pontos a ser incluídos na construção de uma agenda de pesquisa.
Palavras-chave: Intenção empreendedora; Empreendedorismo; Revisão de literatura.
Resumen
Esta revisión de literatura tuvo como objetivo identificar en estudios empíricos los principales predictores individuales y contextuales de la intención emprendedora (IE) entre estudiantes universitarios. Se utilizó la teoría del comportamiento planeado, teniendo en cuenta investigaciones acerca de la disposición actitudinal del estudiante para desarrollar su propio negocio. La búsqueda se realizó por medio de las palabras clave “intención emprendedora” y “entrepreneurial intention” en las principales revistas internacionales y nacionales de las áreas de espíritu empresarial, psicología, organizaciones y administración y también en la base de datos Scientific Electronic Library Online (SciELO). La revisión abarcó el período entre 2004 y 2015. Se analizaron 60 artículos. Se constató que hubo un aumento de 41% de los estudios acerca de IE entre 2004 y 2015, en diferentes países y continentes, lo que demuestra el creciente interés en el tema. Los principales predictores individuales son: rasgos personales, motivaciones de realización personal, actitud positiva, autoeficacia, percepción de control, locus de control interno, percepción de barreras y creatividad. Los predictores contextuales son las familias y la red de amigos, las cuales funcionan como modelos a seguir y como soporte para el desarrollo del negocio. Acerca de la educación emprendedora (EE), los resultados no son concluyentes, sobre todo teniendo en cuenta el contexto. Se finaliza con algunas limitaciones del estudio y puntos a incluir en la construcción de una agenda de investigación.
Palabras clave: Intención emprendedora; Espíritu empresarial; Revisión de literatura.
Abstract:
The aim of this article was to conduct a literature review to identify in empirical studies major individual and contextual predictors of Entrepreneurial Intent (EI) among college students. The theory of planned behavior was used, taking into account research that investigates students’ attitudinal disposition to develop their own business. The search was made using the keywords “entrepreneurial intention”, in the main international and national journals of entrepreneurship, psychology, organization, and administration and also in the SciELO database. The review covered the period between 2004-2015, and 60 articles were analyzed. The analysis showed an increase of 41% in EI studies between 2004 and 2015 in different countries and continents, which shows the increasing interest in the subject. The main individual predictors are: personal traits, personal fulfillment motivation, positive attitude, self-efficacy, perceived control, internal locus of control, perception of barriers, and creativity. Contextual predictors are the families and networks of friends, which operate as role models and support for the development of the business. Regarding EE (entrepreneurial education), the results are inconclusive, especially taking into account the context. The article concludes with some limitations of the study and points to be included in the construction of a research agenda.
Keywords: Entrepreneurial Intent; Entrepreneurship; Literature review.
Introdução
Este artigo apresenta e discute uma revisão de estudos empíricos sobre preditores individuais de intenção empreendedora (IE) de estudantes universitários. As pesquisas sobre empreendedorismo ganham relevância no mundo e no Brasil e adotam diferentes abordagens a partir de múltiplas disciplinas. Essa pluralidade de olhares disciplinares tem contribuído positiva e negativamente para o avanço de pesquisas. Dentre o conjunto de disciplinas que agrega contribuições muito profícuas ao campo e encontra-se muito difundida assume destaque a psicologia, com o conceito de IE.
Apesar da ocupação proeminente e do crescimento de trabalhos internacionais, no Brasil, existem lacunas empíricas e teóricas no campo de estudo sobre o que leva as pessoas a empreender e sobre os efeitos da educação empreendedora (EE). Buscas pelas palavras-chave “intenção empreendedora” e “educação empreendedora” na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO) levaram à identificação de um único trabalho empírico, de Lima, Lopes, Nassif et al. (2015), relacionando EE e IE.
Ao considerar as variáveis pessoais e contextuais mais proeminentes nas pesquisas, esta revisão de artigos empíricos internacionais e nacionais sobre a IE de estudantes busca contribuir para atenuar a lacuna teórica nacional, redefinir estratégias e políticas, inclusive públicas, capazes de fazer avançar iniciativas sólidas de incentivo ao empreendedorismo, propiciar iniciativas educacionais mais eficazes e, também, ampliar a reflexão sobre escolhas profissionais (LiÑÁn e Fayolle, 2015).
A revisão de Liñán e Fayolle (2015) agrupa a literatura sobre IE em 5 grupos: (i) estudos que focam aspectos cruciais do modelo de IE; (ii) estudos que enfatizam as variáveis individuais que modelam a IE; (iii) artigos que interrelacionam EE empreendedora e IE; (iv) a relação entre variáveis contextuais e IE; e (v) as relações entre IE e o processo de empreendedorismo.
A revisão de literatura apresentada aqui enfoca especificamente a IE de estudantes envolve apenas trabalhos empíricos. Assim, difere da revisão de Liñán e Fayolle (2015), que engloba a IE como um todo.
O artigo está estruturado da seguinte maneira: primeiro, delimita-se o conceito de intenção empreendedora; em seguida, descreve-se o método a partir do qual os dados analisados foram produzidos. No terceiro momento, descrevem-se os resultados da revisão de literatura e, por fim, as discussões e conclusões destacam os principais achados, sugerindo novos caminhos de pesquisa e apontando as limitações do estudo.
Referencial Teórico: Intenção Empreendedora
A IE pode ser definida como uma projeção pessoal de ações e metas futuras a ser implementadas para desenvolver o próprio negócio (AJZEN, 1991; FINI, GRIMALDI, MARZZOCHI et al., 2009); como um estado consciente da mente que precede a ação e que a direciona ao objetivo de criar um negócio (SHOOK, PRIEM e MCGEE, 2003); como a convicção própria de um indivíduo de que possui a intenção de abrir um novo negócio (Thompson, 2009); e também como um estado de espírito em que a atenção da pessoa é dirigida ao alcance de uma meta (BIRD, 1988). Supõe-se que a IE antecede a decisão de criação do negócio, embora se reconheça que nem sempre a intenção tenha como consequência o comportamento almejado (CARVALHO e GONZÁLEZ, 2006; DAVIDSSON, 1995).
Os estudos pioneiros sobre a IE datam do final da década de 1980, desde então, o tema tem atraído interesse de diversos estudiosos, inclusive os da psicologia social e da psicologia cognitiva, com o objetivo de compreender o papel de variáveis individuais e contextuais (LiÑÁn e Fayolle, 2015). A influência da EE sobre a IE, em especial, tem sido pesquisada mais recentemente, assim como surgem trabalhos que indicam motivações comportamentais diferenciadas entre empreendedores por país (PITTAWAY e COPE, 2007; BAE, QIAN, MIAO et al., 2014). Em paralelo a esse movimento de acumulação de conhecimento, também se difundem confusões, imprecisões, incompreensões e novas aplicações e especificações sobre o constructo da IE e seus antecedentes (LIÑÁN e FAYOLLE, 2015).
O Brasil é um país emergente onde as pessoas, especialmente entre 25 a 34 anos, engajam-se na abertura de novos negócios por uma série de razões: autonomia, autorrealização, independência, frustração com o emprego, falta de oportunidades atrativas, contribuição social para com a comunidade na qual estão inseridas, entre outras. Entretanto, muitas vezes, esse engajamento ocorre sem reflexões acerca do processo de abertura de uma empresa (GEM, 2014). Couto, Mariano e Mayer (2010) mostrou, por exemplo, que a carreira empreendedora é percebida como favorável, não obstante 254 estudantes brasileiros do curso de graduação em administração de uma universidade federal na região Sul do país considerarem limitados seus conhecimentos sobre instituições e mecanismos de apoio à prática empreendedora. Essa percepção parece estar relacionada ao fato de que o ensino de empreendedorismo, assim como outras instituições de suporte ao empreendedorismo, ainda se encontra em fases incipientes no Brasil (FONTENELE, BRASIL e SOUSA, 2012).
Ainda no contexto brasileiro, utilizando uma amostra de 109 discentes de um centro federal de ensino da Bahia, Fontenele, Brasil e Sousa (2012) constataram que a busca pela independência e autoconfiança foram os principais motivadores da carreira empreendedora. Nas Américas, especialmente no Brasil, há uma forte IE entre os estudantes, entretanto, a EE ainda se mostra incipiente no ambiente acadêmico, o que justifica o pouco conhecimento dos empreendedores acerca das nuances da criação de uma empresa, principalmente no que se refere ao planejamento. Ademais, os estudantes também põem em relevo os obstáculos à criação do negócio, por exemplo, a carga tributária, a falta de apoio, além de considerar seus conhecimentos limitados sobre instituições e mecanismos de apoio à prática empreendedora (COUTO, MARIANO e MAYER, 2010). Ao explorar os antecedentes da IE entre estudantes universitários, Loiola, Gondim, Pereira et al. (2016) encontraram evidências do papel mediador da atitude nas relações entre motivos de poder, aprendizagem empreendedora e percepção de risco sobre a IE.
Método
Nesta seção são descritos os procedimentos adotados para a revisão dos artigos empíricos, desde a seleção das palavras-chave, a definição das bases de dados consultadas e os demais procedimentos de tratamento e análise de dados. Tendo em vista a taxonomia definida por Liñán e Fayolle (2015), as palavras-chave utilizadas nas buscas em base de dados foram “intenção empreendedora” e “entrepreneurial intention” e as variáveis preditoras da IE (educação empreendedora, parents influence, contextual aspects etc.).
Foram consultadas diversas revistas especializadas de todos os cinco continentes (p. ex., Entrepreneurship: Theory and Practice; Journal of Applied Psychology; South Asian Academic Research Journals; e African Journal of Business & Management).
No caso do Brasil, além da base SciELO, ativou-se a estratégia suplementar de busca com as palavras-chave “intenção empreendedora”, “intenção de carreira empreendedora” e “empreendedorismo” em 4 revistas de administração e 3 de psicologia. Nada foi identificado acerca das 2 primeiras palavras-chave. Sobre empreendedorismo, os resultados foram os seguintes: 38 artigos na Revista de Administração Contemporânea (RAC), 13 na Organização e Sociedade (O&S), 11 na Revista de Administração Pública (RAP), 18 na Revista de Administração Mackenzie (RAM), 7 na Revista Psicologia: Organizações e Trabalho (rPOT), 0 na Psicologia: Reflexão e Crítica e 1 na Paidéia. A leitura dos abstracts e das conclusões desses artigos confirmou a existência de apenas 1 trabalho com a utilização do constructo IE, o qual já havia sido identificado anteriormente.
Os procedimentos de busca nas bases de dados foram postos em prática entre outubro de 2014 e outubro de 2015, contemplando o período de 2004 a 2015. Foram identificadas mais de 100 publicações sobre IE, com o foco em variáveis pessoais e contextuais, em sua maioria internacionais e divulgadas em revistas especializadas em empreendedorismo e em psicologia (p. ex., Entrepreneurship: Theory and Practice, Journal of Applied Psychology), cujos fatores de impacto variam de 3,95 a 4,80. A publicação brasileira foi encontrada na base de dados SciELO, a partir da palavra-chave “educação empreendedora”. Foram utilizadas estratégias suplementares de busca. Verificaram-se as referências de todos os estudos empíricos selecionados inicialmente, para identificar artigos adicionais, e buscaram-se metanálises e revisões sistemáticas para identificar outros estudos relevantes.
Artigos teóricos ou que relatavam pesquisas com amostras que não eram de estudantes foram excluídos. Estudos com foco em genêro como variável explicativa também foram eliminados. Restaram 60 estudos, como ilustra o Tabela, 1, Continuação.. cuja análise cobre uma amostra total de 88.036 indivíduos.
Os artigos foram analisados com vistas a identificar métodos e técnicas para o tratamento de dados, variáveis antecedentes, principais resultados e agenda futura de pesquisa. Procurou-se seguir, ainda, a orientação de Torraco (2005), desenvolvendo uma revisão integrativa, que, além de analisar métodos, técnicas e resultados de pesquisa, introduz comentários críticos e avança na proposição de novas perspectivas sobre o tema.
Resultados e Discussão
Gráfico 1 ilustra o crescimento das publicações em IE no cenário internacional, com uma taxa de 41% entre 2004 e 2015, sendo que os anos de 2011 e 2013 foram os mais profícuos em publicações.
As publicações em IE são mais frequentes em periódicos especializados em empreendedorismo e em psicologia. Os mais proeminentes são: Education and Training; Entrepreneurship, Theory and Practice; Journal of Small Business and Enterprise Development; Journal of Applied Psychology; Journal of Applied Social Psychology; Journal of Work and Organizational Psychology; Journal of Business Venturing; e Journal of Enterprise Culture.
Análises quantitativas de dados prevaleceram em quase todos os estudos (92%), com uso de diversas técnicas de análise: regressão (n = 20) logística, linear e hierárquica; descritiva (n = 16); confirmatória, mediante modelagem de equações estruturais (n = 16); correlação (n = 12); de teste t (n = 10); variância univariada (n = 7) e multivariada (n = 3). Os estudos qualitativos (n = 5), por sua vez, utilizaram análise de conteúdo, grupo focal, entrevista e teoria fundamentada nos dados, representando apenas 8% dos estudos. A maioria dos artigos utilizou mais de uma técnica de análise.
A análise de regressão é a mais utilizada pelos pesquisadores de IE nos artigos revisados, seguida da estatística descritiva e da análise confirmatória mediante modelagem de equações estruturais. Esta última vem ganhando força, principalmente em estudos de testes de modelos (LIN, CARSRUD, JAGODA et al., 2013). O único artigo brasileiro incluído na amostra usou ANOVA, fatorial exploratória e estatística descritiva, tendo sido publicado na Revista de Administração Contemporânea (RAC).
No que tange aos antecedentes da intenção empreendedora, variáveis pessoais explicam a IE de estudantes, especialmente os universitários (LiÑÁn e Fayolle, 2015). A despeito de algumas críticas, os fatores psicológicos e os traços de personalidade, por exemplo, continuam sendo grandes preditores da IE de estudantes (SAEED, NAYYAB, RASHIED et al., 2013). Outras características mais específicas de personalidade, como a propensão ao risco (NABI e LIÑÁN, 2013) e o lócus de controle (interno ou externo) (ZELLWEGER, SIEGER e HALTER, 2011) também têm sido estudadas. Ademais, existem algumas habilidades ou capacidades, como a criatividade (ZAMPETAKIS, GOTSI, ANDRIOPOULOS et al., 2011) e inteligência emocional (ZAMPETAKIS, KAFETSIOS, BOURANTA et al., 2009), que se somam ao conjunto de variáveis da intenção empreendedora. Valores, motivações, autoeficácia e, principalmente, atitudes também são considerados preditores fortes da IE (WATCHRAVESRINGKAN, HODGES, YURCHISIN et al., 2013). Apesar de fenômeno relevante, os processos mentais envolvidos em sua deflagração e manutenção ainda são pouco estudados (LiÑÁn e RodrÍguez-Cohard, 2008).
Embora em menor escala, ao lado dos fatores de personalidade e dos psicológicos (BRANDSTÄTTER, 2011), fatores contextuais proximais e distais são estudados como antecedentes da IE, a exemplo de família (BHANDARI, 2012), educação (SOOMRO e SHAH, 2015) e país (GIACOMIN, JANSSEN, PRUETT et al., 2011).
Descrevendo Antecedentes e Mediadores da Intenção Empreendedora: Nível Individual
Os fatores da personalidade, conhecidos como Big Five (conscienciosidade, amabilidade, abertura à experiência, extroversão e estabilidade emocional), e os fatores psicológicos, como propensão ao risco, lócus de controle interno, autoeficácia, motivação e atitude, são variáveis consideradas fortes preditoras da IE de estudantes em muitos estudos.
A metanálise de Zhao, Seibert e Lumpkin (2010), realizada entre 1979 e 2006, que utilizou 60 estudos com um total de 15.423 indivíduos (estudantes e empresários), evidenciou que pessoas mais conscientes e abertas à inovação são atraídas ao empreendedorismo e também são mais propensas ao êxito; e que os empreendedores são, em média, menos amáveis do que os não empreendedores, talvez em função do constante uso da racionalidade, da gestão de conflitos, das tomadas de decisões contingenciais etc. A propensão ao risco se relacionou positivamente à IE do estudante, mas não ao desempenho do negócio de empresas estabelecidas, indicando que, antes de iniciar um negócio, as pessoas arriscam mais do que depois que empreendem. Uma revisão de 5 metanálises, realizadas entre 1990 e 2010, evidenciou novamente que a propensão ao risco não se relacionou ao desempenho do negócio, mas sim à sua criação, e é um bom indicador da IE (Brandstätter, 2011).
Propensão ao risco, percepção de viabilidade e desejo pelo negócio mais uma vez predisseram a IE de 114 estudantes universitários da Flórida (EUA), no estudo de Segal, Borgia e Schoenfeld (2005). Na Ucrânia, contudo, Solesvik (2007) constatou que a propensão ao risco influenciou negativamente a IE de estudantes, assim como no Brasil (LOIOLA, GONDIM, PEREIRA et al., 2016), o que permite concluir que estudantes ucranianos e brasileiros pesquisados não são propensos a correr riscos. O estudo de Nabi e Liñán (2013) avaliou a influência da percepção de risco em período de recessão econômica na IE de 619 universitários da Espanha e da Grã-Bretanha, com mediação da atitude e do controle percebido. A conclusão é que a mediação ocorre somente por meio da atitude.
A extroversão e abertura à experiência se relacionam positivamente à IE, segundo o estudo de Saeed, Nayyab, Rashied et al. (2013) com 100 estudantes graduados no Paquistão. O lócus de controle, no entanto, não impactou na IE, divergindo do estudo de Mueller e Thomas (2000) com 1.800 estudantes dos EUA e de 8 países da Europa. Uma possível explicação é que em culturas individualistas, como nos EUA, ao contrário do Paquistão, há um aumento do lócus de controle interno, o qual influencia positivamente a IE.
O lócus de controle interno também se relacionou positivamente com a IE entre estudantes que tinham interesse em prosseguir com os negócios da família, segundo Zellweger, Sieger e Halter (2011) que utilizaram dados da pesquisa internacional Guesss - Global University Entrepreneurial Spirit Students’ Survey, de 8 países. Esse resultado converge com o de Sesen (2013), com 356 estudantes da Turquia, e de Solesvik (2007), com 192 estudantes ucranianos. Aqueles com pais empreendedores apresentaram maior percepção de autoeficácia empreendedora, atitude, introjeção de norma subjetiva e percepção de controle.
O estudo de Zhao, Hills e Siebert (2005) identificou o papel mediador da autoeficácia no desenvolvimento da IE, utilizando uma amostra de 265 estudantes de MBA de 5 universidades norte-americanas. O papel mediador da autoeficácia empreendedora foi testado na relação entre as dimensões de inteligência emocional e a IE por Mortan, Ripoll e Carvalho (2014), com uma amostra de 394 estudantes espanhóis e portugueses, indicando que 2 dimensões de inteligência emocional (regulação e utilização das emoções) afetam positivamente a referida autoeficácia, que, por sua vez, medeia a relação entre inteligência emocional e a IE.
Quanto às motivações para a criação de novas empresas, a metanálise de Brandstätter (2011) constatou que motivação para a realização se mostrou positivamente relacionada tanto à criação como ao sucesso do negócio. No estudo de Watchravesringkan, Hodges, Yurchisin et al. (2013), que avaliou 343 estudantes de 3 universidades americanas, a autorrealização influenciou a atitude empreendedora mais do que a rede social do estudante. Embora o esforço individual para se autorrealizar seja relevante no início do negócio, para o estudante, essas redes serão necessárias à manutenção do seu negócio. Aliado à autorrealização, na pesquisa de Fitzsimmons e Douglas (2005), com uma amostra de 414 estudantes de MBA da Índia, China, Tailândia e Austrália, o desejo de independência foi a motivação proeminente em todos os países pesquisados, sendo que chineses e tailandeses atribuíram maior ênfase à renda do que australianos e indianos.
Na África, o estudo de Maalu, Nzuve e Magutu (2010) encontrou como principais motivações para a criação do negócio, entre 250 estudantes, a utilização máxima de habilidades e talentos; a percepção de controle total do futuro; a realização do que se valoriza pessoalmente; a liberdade/oportunidade de tomar as próprias decisões; a oportunidade de aprender coisas novas e a segurança financeira.
Além de aspectos motivacionais, a associação entre empreendedorismo e bem-estar foi encontrada no estudo de Maalu, Nzuve e Magutu (2010). O bem-estar foi medido pela aspiração, conforto, estilo de vida, compromisso, fonte de riqueza e prosperidade.
A criatividade é outra variável antecedente da IE que tem sido pesquisada. Nas Filipinas, Moralista e Delariarte (2014) constataram, com uma amostra de 100 estudantes universitários, a criatividade como principal responsável pela autoeficácia empreendedora. Quanto mais criativo o estudante se considera, mais alta é sua intenção de empreender segundo Zampetakis, Andriopoulos, Gotsi et al. (2011) com 180 estudantes britânicos. A nova conclusão do estudo foi o efeito moderador do curso de empreendedorismo. Estudantes criativos que frequentaram curso de empreendedorismo apresentaram maiores indicadores de IE.
A inteligência emocional, criatividade, proatividade e atitude foram testadas como preditores da IE por Zampetakis, Kafetsios, Bouranta et al. (2009) em 280 estudantes de 3 universidades gregas. Criatividade e proatividade exerceram efeito mediador nas relações entre inteligência emocional e IE e também entre atitude e IE. A atitude, por sua vez, exerceu efeito mediador entre a proatividade e a IE.
Descrevendo Antecedentes da Intenção Empreendedora no Nível Contextual: Família e Educação Empreendedora
Família
A relação entre a ocupação dos pais, a própria ocupação do estudante e sua IE foi significativa em Bhandari (2012), que analisou 390 estudantes de Nova York. Esse achado converge com o estudo de Radu e Loué (2008) com 44 estudantes franceses, que constatou forte influência de modelos de papéis empreendedores (p. ex., influência de pais ou mentores e de histórias de sucesso) na autoconfiança e IE. O estudo de Bosma, Hessels, Schutjens et al. (2012), com 292 empresários, constatou que 81% deles reconhecem ter sido influenciados pelo modelo de pais empreendedores. O estudo de Carr e Sequeira (2007) evidenciou, de novo, a forte influência da experiência empreendedora da família na criação de negócios de 308 pesquisados, estudantes e empresários.
Ainda sobre modelos de papéis, Barnir, Watson e Hutchins (2011) examinaram, em uma amostra de 393 estudantes universitários nos EUA, se tais modelos diferem na IE e na autoconfiança entre homens e mulheres. A conclusão é que modelos familiares e de amigos têm impactos positivos na autoconfiança das mulheres, o que sugere que elas esperam apoio no conhecimento e em outras habilidades necessárias ao engajamento nas tarefas empresariais, como gerenciar conflitos. A influência de modelos de papéis nos homens tende a ser mais voltada a oportunidades e acesso a recursos.
O estudo de Sesen (2013) constatou que as redes proximais influenciam mais o estudante do que o ambiente universitário em si, no sentido de apoiar a ideia do novo negócio. Esse apoio social também foi analisado por Liñán e Santos (2007), em uma amostra de 354 estudantes da Espanha, evidenciando que essas relações podem oferecer ao estudante acesso a outros recursos, como capital humano ou financeiro, além de aumentar a desejabilidade de iniciar o negócio.
Educação Empreendedora
Revisões sistemáticas (PITTAWAY e COPE, 2007) e meta-análises (BAE, QIAN, MIAO et al., 2014) concluem que a EE tem despertado positivamente a IE, não somente de estudantes, mas de indivíduos que com ela mantêm contato. Segundo Paço, Ferreira, Raposo et al. (2015), a EE proporciona aos indivíduos senso de independência, autonomia e autoconfiança, torna-os pessoas conscientes de opções alternativas de carreira, além de expandir seus horizontes, aumentando sua capacidade de perceber oportunidades. Pela EE, o indivíduo pode adquirir as competências necessárias para iniciar e desenvolver um novo negócio, tais como as técnicas, estratégicas, pessoais, de relacionamento, de comprometimento, de organização, de aprendizagem, as éticas e as conceituais (MAN, 2001).
Assim, a formação para o empreendedorismo não se limita à criação e gestão de uma empresa, focando meramente os resultados tangíveis e quantificáveis de um plano de negócios, mas é essencial que busque desenvolver competências, atributos e comportamentos (PAÇO, FERREIRA, RAPOSO et al., 2015). A combinação entre teoria e experiência do mundo real favorece a intenção empreendedora do estudante (PETERMAN e KENNEDY, 2003).
A pesquisa de Watchravesringkan, Hodges, Yurchisin et al. (2013) constatou que estudantes que acreditam ter competências, por ter participado de programas de EE, apresentam atitudes mais positivas em relação ao empreendedorismo. A importância das competências empreendedoras também foi analisada por Lean (2012), em uma amostra de 128 estudantes de doutorado do Reino Unido, evidenciando que mesmo em diferentes áreas de atuação, especialmente seguindo uma carreira acadêmica, os estudantes perceberam como necessário o conhecimento acerca de habilidades e competências empreendedoras. Resultado consistente com a pesquisa de Smith, Williams, Yasin et al. (2014) em que participaram 100 estudantes de pós-graduação do Reino Unido. Esses autores concluem que o Ensino Superior não supre a necessidade de aprendizagem de competências empreendedoras que impactaria positivamente a IE.
Estudantes que se envolvem em atividades educacionais pautadas em planejamento apresentam intenções significativamente mais elevadas para se envolver no comportamento empreendedor do que os que não se envolvem em atividade de planejamento. Foi o que evidenciou a pesquisa de Armstrong (2014), com 88 universitários europeus.
Cerca de 100 estudos empíricos que analisaram o impacto da EE no ensino formal nos Estados Unidos e na Europa foram revisados por Van der Sluis, Van Praag e Vijverberg (2008). Os autores constataram que o efeito da educação sobre o desempenho é positivo e significativo, embora os retornos da EE sejam mais elevados nos EUA do que na Europa, especialmente para não brancos ou imigrantes. No Quênia, o impacto da EE também foi favorável à desejabilidade, viabilidade e propensão para agir, conforme o estudo de Ngugi, Gakure, Waithaka et al. (2012), que utilizou uma amostra de 133 estudantes universitários.
O estudo de Soomro e Shah (2015) concluiu que atitude favorável ao empreendedorismo foi positivamente relacionada aos programas de EE, em uma amostra de 135 estudantes universitários do Paquistão. De modo semelhante, Mushtaq, Hunjra, Niazi et al. (2011) avaliaram a relação entre a educação e a IE de 225 estudantes paquistaneses dos cursos de economia e administração, evidenciando alta correlação entre esses dois constructos.
Contrastando com os europeus, estudantes noruegueses pesquisados não foram impactados pela EE, conforme o trabalho de Støren (2014) com 2.827 graduados participantes ou não de algum/a curso/disciplina de empreendedorismo. Resultado consistente com a pesquisa de Kristiansen e Indarti (2004), que compararam variáveis individuais entre 251 estudantes noruegueses e indonesianos.
Esses resultados ambíguos exigem considerar como a EE está organizada em diferentes países, assim como especificidades dos mercados laborais. Na Noruega, o mercado laboral tem sido bom (STØREN, 2014), o que justifica a tendência dos graduados perceberem rendimentos regulares, ao contrário dos países subdesenvolvidos, onde expressiva parcela de graduados empreende por falta de oportunidade no mercado de trabalho (GEM, 2014).
Em uma amostra de 321 estudantes de 3 universidades ucranianas engajados em programas de empreendedorismo, Solesvik (2012) constatou que tal engajamento está relacionado à motivação empresarial e à propensão a se tornar empresário. Na África, Gielnik, Frese, Kahara-Kawuki et al. (2013) também analisaram um programa de treinamento empreendedor baseado na ação, com uma amostra de 651 estudantes ugandenses, durante 12 meses. Constataram significativo efeito positivo do treinamento na IE, no conhecimento e planejamento da ação e na autoeficácia empreendedora. Isso sugere que o impacto positivo de programas de intervenção está relacionado ao conteúdo e ao planejamento da ação empreendedora, o que merece ser mais bem explorado em estudos futuros em que se incluam análise do desenho de cada programa.
No Reino Unido, Jones e Colwill (2013) avaliaram o impacto do programa Young Enterprise Wales (YEW) na IE de seus participantes, com uma amostra de 44 estudantes de cursos profissionalizantes, evidenciando impacto positivo na atitude, nas competências e nos conhecimentos, tais como trabalho em equipe, capacidade de planejar e de organizar. Ainda tendo como foco a IE de estudantes de cursos profissionalizantes, Marques, Ferreira, Gomes et al. (2012), que avaliaram a diferença na IE entre 202 estudantes portugueses que já tinham tido contato com temas relacionados ao empreendedorismo e os que não tinham, mostram resultados diferentes daqueles apontados por Jones e Colwill (2013), em que a IE não foi impactada pela EE. Marques, Ferreira, Gomes et al. (2012) indicam a necessidade de nutrir as escolas com cultura empreendedora.
Na Itália, esse resultado foi reafirmado na pesquisa de Testa e Frascheri (2015), que buscou esclarecer por que algumas iniciativas de EE implementadas nas escolas de cursos profissionalizantes são ineficazes. A conclusão dos autores foi que os formatos dos currículos que envolvem EE limitaram-se à construção de um plano de negócios, desconsiderando a importância da compreensão dos estudantes acerca da utilização de seu conhecimento pessoal no autoemprego, do significado do autoemprego e do desenvolvimento de atitude positiva/papel/imagem dos empreendedores. Além disso, necessitam entender o processo de geração e de avaliação de ideias. Só mais tarde terão a necessidade de aprender a desenvolver um plano de negócios. Na Indonésia, a pesquisa qualitativa de Hadi, Wekke e Cahaya (2015) também apontou necessidade de programas educacionais sobre empreendedorismo nas escolas dos níveis primário e secundário.
O ensino do empreendedorismo foi investigado por Gerba (2012) em 22 universidades públicas da Etiópia, constatando que está em sua fase inicial, com maior presença nas escolas de negócios e agrícolas, ainda com métodos tradicionais de ensino. O estudo de Wu e Wu (2008), com 150 estudantes chineses, encontrou novamente pouca relação entre esses dois construtos (EE e IE), em função da EE na universidade pesquisada (Tongji) ainda estar em sua fase inicial.
O estudo de Lima, Lopes, Nassif et al. (2015) examinou as formas de se melhorar a EE, utilizando a amostra do Guesss, composta por 12.604 estudantes brasileiros, constatando que tais estudantes têm demanda mais alta por EE do que se vê em outros países. Apesar de haver elevada demanda desses estudantes por EE, a percepção de capacidade para empreender (autoeficácia) se mostrou indiferente a ela, ou seja, a EE não prediz a IE, revelando que a EE talvez não esteja atingindo seu objetivo de promover o empreendedorismo.
O empreendimento bem-sucedido, na perspectiva de Liñán (2008) e Liñán e Chen (2009), depende da identificação de oportunidades, criatividade, resolução de problemas, liderança, comunicação, inovação e criação de redes sociais. Depende, também, da inclusão de conteúdo específico no sistema de ensino para agregar valor à IE desses estudantes.
Por fim, Packham, Jones, Miller et al. (2010) constataram, utilizando uma amostra de 237 estudantes de 3 nações europeias (Polônia, Alemanha e França), que a EE impactou positivamente a IE de estudantes franceses e poloneses, mas não de estudantes alemães. Há relativo consenso de que os estudantes que ingressam no Ensino Superior alemão são menos propensos a seguir carreira em empreendedorismo, provavelmente por encontrar maiores ofertas de inserção no mundo do trabalho formal.
No contexto europeu, como indicam Paço, Ferreira, Raposo et al. (2015), a maioria dos Estados membros está empenhada na promoção do ensino em empreendedorismo em seus sistemas educativos, mediante a implementação de vários programas educacionais destinados a contribuir para desenvolver habilidades empreendedoras. Quando se desenvolvem programas de EE, deve-se considerar, no entanto, a variabilidade cultural de cada país. Na Noruega, por exemplo, a EE não parece estar associada à IE, devido ao fato de seu mercado laboral ser considerado bem estruturado e apresentar oferta de remunurações adequadas (STØREN, 2014), assegurando rendimentos elevados ao indivíduo empregado. Estudantes de países menos desenvolvidos, como Brasil e Indonésia, entretanto, são mais propensos a prever futuras carreiras como empreendedores e são mais positivos em relação ao empreendedorismo do que os europeus industrializados (FRANCO, HAASE e LAUTENSCHLÄGER, 2010).
Os retornos da educação em empreendedorismo são mais elevados nos EUA do que na Europa (Van der Sluis, VAN PRAAG, VIJVERBERG et al., 2008). Educação empreendedora desempenha um papel importante nesse contexto, fornecendo não só orientações técnicas (p. ex., contabilidade, marketing, finanças etc.), mas também ajudando a reorientar indivíduos em direção a autossuficiência, ação independente, criatividade e pensamento flexível.
No contexto africano, por sua vez, a EE foi positivamente relacionada à IE (GIELNIK, FRESE, KAHARA-KAWUKI et al., 2013), embora se reconheça que o ensino de empreendedorismo está em sua fase inicial e adota métodos tradicionais de ensino (Gerba, 2012).
Analisando Diferenças entre os Países
Os artigos analisados evidenciam a diversidade de países que têm sido lócus de pesquisas de IE. O continente com mais países pesquisados foi o europeu (21), seguido pela Ásia (12), pela África (6), pela América e pela Oceania (com 2 países cada). Apenas 1 estudo envolveu participantes do grande continente, a eurásia (1), que une Europa e Ásia. Os Estados Unidos foi o país mais pesquisado.
Decidiu-se acrescentar mais análises de resultados de pesquisas interpaíses, sobretudo porque explicam as variações observadas com base em diferenças culturais (MORIANO, GORGIEVSKI, LAGUNA et al., 2012). Os argumentos centrais consideram que, em uma sociedade individualista, os membros tendem a tomar decisões de modo independente e preocupam-se consigo e com seus familiares mais próximos. Por outro lado, nas sociedades coletivistas, os laços grupais são fortes, a família inclui parentescos (tios, tias, primos etc.) e orienta-se por obrigações impostas pelo grupo, pela busca de harmonia e pela esquiva do confronto direto (Hofstede, 2011).
Em Sri Lanka, o estudo de Lin, Carsrud, Jagoda et al. (2013) avaliou a IE de 353 estudantes universitários, constatando que a IE foi influenciada pelo controle percebido e pelo apoio do ambiente, e não pela atitude e norma subjetiva. A explicação estaria nos valores de uma cultura coletivista, que não estimula a autossuficiência, mas sim o apoio do contexto para a busca de novos e alternativos recursos.
O estudo de Giacomin, Janssen, Pruett et al. (2011) comparou a IE de 2.093 estudantes de 5 países (EUA, China, Índia, Espanha e Bélgica). Na Espanha há mais IE do que nos demais países. A motivação foi semelhante, mas os tipos variaram, por exemplo, indianos aspiram a maior status social, enquanto americanos, a mais independência. Resultado não surpreendente, dada a cultura individualista norte-americana e a cultura coletivista indiana. A IE foi comparada por Nieuwenhuizen e Swanepoel (2015) entre 182 estudantes de MBA poloneses e sul-africanos, encontrando que os sul-africanos almejam seguir carreira empreendedora mais do que os poloneses. Franke e Lüthje (2004) compararam a IE de 107 estudantes de administração de 2 universidades alemãs com o Massachusetts Institute of Technology (MIT), evidenciando baixa IE dos alemães em relação ao MIT, que apresenta um ambiente mais favorável ao empreendedorismo do que as outras duas universidades, o que tende a reforçar a importância da EE.
A IE de 988 estudantes portugueses e alemães também foi comparada por Franco, Haase, Lautenschläger et al. (2010), evidenciando que a IE de portugueses é maior do que a de alemães, talvez em função de realidades socioeconômicas divergentes e por diferentes crenças, valores e atitudes em relação ao espírito empresarial. A IE de 1.005 estudantes da Grã-Bretanha e da Espanha também foi comparada por Liñán, Krueger e Nabi (2013), incluindo motivações, culturas, habilidades e conhecimentos como preditores. Os autores constataram que britânicos apresentaram mais intenção empreendedora do que espanhóis. Esse achado, relacionado à comparação entre portugueses e alemães, obriga a uma reflexão mais crítica acerca das razões que levam estudantes a empreender. Certamente, aspectos culturais são importantes, mas considerando que alemães estão mais próximos de britânicos e portugueses mais próximos de espanhóis, outras variáveis devem interferir para além de valores individualistas e coletivistas.
Davey, Plewa e Struwig (2011) compararam a IE de 1.055 estudantes de nações distintas economicamente na Europa (p. ex., Alemanha, Finlândia) e na África (p. ex., Uganda, Quênia), no primeiro ano de faculdade, encontrando que os estudantes de países em desenvolvimento são mais propensos a prever futuras carreiras como empreendedores e são mais positivos quanto ao empreendedorismo do que seus homólogos europeus industrializados, embora os motivadores da IE se mostrem semelhantes.
A IE também foi comparada entre estudantes de cursos profissionalizantes. Embora o estudo de Dinis, Paço, Rodrigues et al. (2013), com uma amostra de 74 estudantes portugueses de 14 e 15 anos de idade, tenha evidenciado autoconfiança, necessidade de realização, tolerância à ambiguidade e inovatividade como características desses estudantes, a IE foi baixa, talvez em função de ainda não se sentirem capazes de tornar-se empresários, além de não terem tido contato com a disciplina de empreendedorismo. Esse resultado é consistente com a pesquisa de Akmaliah e Hisyamuddin (2009), que examinou 1.357 estudantes de cursos profissionalizantes da Malásia, constatando também baixa IE, mesmo diante de atitude positiva para com a carreira empreendedora.
A discussão da IE na comparação entre países pode ser potencializada ao se olhar pela perspectiva das barreiras ao empreendedorismo. Barreiras externas e pessoais unem-se na explicação dos fatores impeditivos para o empreendedorismo. Os fatores contextuais seriam: falta de apoio financeiro, de infraestrutura, de inovações tecnológicas, de recursos e de apoio organizacional (Achchuthan e Nimalathasan, 2012). Barreiras individuais seriam: aversão ao risco, ao estresse, falta de competências, de conhecimentos, de ideias, resistência a mudanças e ausência de redes sociais (Kebaili, AL-SUBYAE, AL-QAHTANI et al., 2015).
Ao estudar as relações entre barreiras e IE com 2.093 estudantes americanos, indianos, belgas, chineses e espanhóis, Giacomin, Janssen, Pruett et al. (2011) concluíram que americanos, asiáticos e europeus possuem distintas intenções e disposições para empreender em função de suas percepções das barreiras. Os indianos são mais sensíveis às barreiras, principalmente falta de apoio estrutural; e espanhóis, americanos e chineses são menos sensíveis e revelaram maior IE.
No contexto asiático, especialmente no Sri Lanka, no Catar e na Malásia, os estudantes põem em relevo algumas barreiras, como a falta de apoio financeiro, a atitude negativa das pessoas em relação ao empreendedorismo, a falta de ideias, de criatividade e de capacidade de assumir riscos (THRIKAWALA, 2011). Resultado convergente com a pesquisa de Sandhu, Fahmi e Riaz (2011), com 267 estudantes de pós-graduação da Malásia, e com a pesquisa de Olufunso (2010), com 701 estudantes sul-africanos.
Há uma prevalência de cultura coletivista na Ásia, o que justifica o baixo lócus de controle interno dos estudantes paquistaneses (SAEED, NAYYAB, RASHIED et al., 2013) e a aspiração por status social, como é o caso da Índia (GIACOMIN, JANSSEN, PRUETT et al., 2011).
De modo geral e não surpreendente, os pesquisados oriundos de países em desenvolvimento relatam maior percepção de barreiras empreendedoras. Depreende-se, então, que as barreiras percebidas também tendem a diferir entre países.
Conclusões
Tendo em vista os objetivos desta revisão de literatura, constatou-se a evolução dos estudos sobre preditores de IE e os principais preditores individuais e contextuais da IE. Houve um crescimento de 41% de estudos sobre IE entre 2004 e 2015, em diversos países e continentes, o que revela o aumento do interesse sobre o tema. No Brasil, no entanto, as pesquisas são quase inexistentes, sinalizando a importância de estimular estudos nessa direção, o que poderia vir a contribuir para a elaboração de políticas de educação empreendedora e de desenvolvimento de competências no ambiente universitário.
A Figura 1 apresenta uma síntese dos preditores individuais e contextuais. Os principais preditores individuais são: traços pessoais, motivações de realização pessoal, atitude positiva, autoeficácia, percepção de controle, lócus de controle interno, percepção de barreiras e criatividade. A família apresenta-se como o principal preditor contextual proximal, principalmente por oferecer um modelo de papel empreendedor a ser seguido. A rede de amigos também se apresenta como um preditor contextual proximal, pois além de servir de modelo a ser seguido, atua como suporte no desenvolvimento do negócio.
Sobre a EE (educação empreendedora), os resultados são inconclusivos, especialmente levando em conta o contexto. Os resultados de estudos comparativos entre países sinalizam que a EE tem efeitos distintos a depender dos valores culturais vigentes no país, do modo como a educação empreendedora é colocada em prática e do nível de desenvolvimento do país e de suas instituições de apoio ao empreendedorismo. A maior parte das pesquisas foi realizada nos EUA, país de forte tradição individualista, que favorece a socialização para um tipo de empreendedorismo individual. Culturas predominantemente coletivistas, como as asiáticas, por exemplo, mais orientadas por valores dos grupos, acabam por ser mais vulneráveis a barreiras valorativas que impedem que projetos de iniciativas individuais sejam levados adiante.
De acordo com as pesquisas revisadas, os efeitos das variáveis atitude, controle percebido e norma subjetiva diferem em magnitude, mas tais efeitos são generalizados em todas as culturas estudadas. Variações quanto aos efeitos de normas subjetivas são explicadas geralmente em função de características culturais dos países, predominantemente individualistas (p. ex., Holanda, EUA) ou coletivistas (p. ex., Índia, Sri Lanka). Outra variação se dá pela presença ou ausência de apoio social, e do efeito das relações proximais ou distais. Outra conclusão importante dos estudos revisados é que os jovens decidem empreender mais por aspirações pessoais do que sociais. Estudos futuros podem explorar em maior profundidade quais são os grupos de referência mais relevantes em diversas culturas.
Pode-se concluir que cada economia está gerando um grupo de estudantes empreendedores e que sua intencionalidade é muito semelhante, embora a percepção de barreiras à IE varie entre países mais ou menos desenvolvidos. Também, há aspectos culturais e ambientais que sugerem influenciar a tomada de decisão em cada local.
Sobre o ambiente favorável ao empreendedorismo, vale destacar que o sistema educacional pode agir nos níveis primário e secundário para melhorar o desenvolvimento de percepções favoráveis ao empreendedorismo. A IE no momento da conclusão do curso universitário não parece ser suficiente para empreender, pois o potencial empreendedor necessita adquirir experiência relevante antes de iniciar uma empresa. Assim, a combinação de percepções favoráveis desenvolvidas antes da conclusão do curso, em conjunto com a aquisição de experiência, como participar de empresas juniores, talvez viesse a contribuir para a viabilização do negócio. Não foram encontrados estudos que discutissem as relações entre pertencimento a empresas juniores ou outras experiências empreendedoras e IE.
Constatou-se, ainda, que as temáticas da IE e de sua interrelação com fatores pessoais e contextuais proximais ou distais ainda merecem muita atenção dos pesquisadores no Brasil. Estudos dessa natureza são quase inexistentes por aqui em um quadro que ganha progressiva importância no mundo. As relações entre IE e EE merecem adquirir destaque em um país onde o empreendedorismo tem sido muito enfatizado como alternativa viável e promissora à instabilidade do mercado de trabalho e também como competência a ser reforçada mesmo na formação daqueles que visam a obter um emprego no mercado formal.
Os autores revisados sugerem um conjunto amplo de novas pesquisas para:
-
Avaliar se os estudantes realmente iniciaram seus negócios, uma vez que a IE mede apenas uma intenção;
-
Testar a influência de programas de treinamento empreendedor voltado à criatividade sobre a IE;
-
Explorar os efeitos das redes sociais na confiança mútua e autoconfiança do estudante;
-
Avaliar as competências adquiridas em programas de educação empreendedora;
-
Avaliar a efetividade dos programas de treinamento em empreendedorismo ao redor do mundo; e
-
Analisar as diferenças interculturais de IE entre países.
Ao considerar a importância da IE na atualidade, tanto como um ideal formativo quanto como uma alternativa de inserção no mundo do trabalho diante de sucessivas e graves crises econômicas, políticas e sociais com as quais o mundo contemporâneo se defronta, torna-se de grande importância estimular estudos que permitam compreender melhor os antecedentes e consequentes da IE, visando a empreender ações de pesquisa e de elaboração de políticas públicas que potencializem seus benefícios pessoais, sociais e organizacionais.
Esta revisão tem suas limitações e não almeja atingir o status de revisão definitiva da literatura internacional e nacional sobre a IE. Os resultados podem ver-se limitados pelo recorte selecionado para a amostra, embora se tenha recorrido às fontes bibliográficas mais proeminentes em empreendedorismo. Admite-se, também, que pode haver outras variáveis antecedentes para além das analisadas aqui.
Referências
- ACHCHUTHAN, S.; NIMALATHASAN, B. Level of entrepreneurial intention of the management undergraduates in the University of Jaffna, Sri Lanka: scholars and undergraduates’ perspective. South Asian Academic Research Journals, v. 2, n. 10, p. 24-42, 2012.
- AJZEN, I. The theory of planned behavior. Organizational Behavior and Human Decision Processes, v. 50, n. 2, p. 179-211, 1991.
- AKMALIAH, Z. P.; HISYAMUDDIN, H. Choice of self employment intentions among secondary school students. The Journal of International Social Research, v. 2, n. 9, p. 540-549, 2009.
- ARMSTRONG, C. E. I meant to do that! Manipulating entrepreneurial intentions through the power of simple plans. Journal of Small Business and Enterprise Development, v. 21, n. 4, p. 638-652, 2014.
- BAE, T. J. et al. The relationship between entrepreneurship education and entrepreneurial intentions, a meta-analytic review. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 38, n. 2, p. 217-254, 2014.
- BARNIR, A.; WATSON, W. E.; HUTCHINS, H. M. Mediation and moderated mediation in the relationship among role models, self-efficacy, entrepreneurial career intention, and gender. Journal of Applied Social Psychology, v. 41, n. 2, p. 270-297, 2011.
- BHANDARI, N. C. Relationship between students’ gender, their own employment, their parents’ employment, and the students’ intention for entrepreneurship. Journal of Entrepreneurship Education, v. 15, p. 133-144, 2012.
- BIRD, B. Implementing entrepreneurial ideas: the case for intention. Academy of Management Review, v. 13, n. 3, p. 442-453, 1988.
- BOSMA, N. et al. Entrepreneurship and role models. Journal of Economic Psychology, v. 33, n. 2, p. 410-424, 2012.
- Brandstätter, H. Personality aspects of entrepreneurship: a look at five meta-analyses. Personality and Individual Differences, v. 51, p. 222-230, 2011.
- CARR, J. C.; SEQUEIRA, J. M. Prior family business exposure as intergenerational influence and entrepreneurial intent: a theory of planned behavior approach. Journal of Business Research, v. 60, n. 10, p. 1090-1098, 2007.
- CARVALHO, P. M. R.; GONZÁLEZ, L. Modelo explicativo sobre a intenção empreendedora. Comportamento Organizacional e Gestão, v. 12, n. 1, p. 43-65, 2006.
- COUTO, C. L. P.; MARIANO, S. R. H.; MAYER, V. F. Medição da intenção empreendedora no contexto brasileiro: desafios da aplicação de um modelo internacional. In: ENCONTRO DA ANPAD, 34., 2010, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: Anpad, 2010.
- DAVEY, T.; PLEWA, C.; STRUWIG, M. Entrepreneurship perceptions and career intentions of international students. Education + Training, v. 53, n. 5, p. 335-352, 2011.
-
DAVIDSSON, P. Determinants of entrepreneurial intentions. 1995. Disponível em: <Disponível em: http://www.eprints.qut.edu.au/2076/1/RENT_IX.pdf
>. Acesso em: 10 mar. 2012.
» http://www.eprints.qut.edu.au/2076/1/RENT_IX.pdf - DINIS, A. et al. Psychological characteristics and entrepreneurial intentions among secondary students. Education + Training, v. 55, n. 8/9, p. 763-780, 2013.
- FINI R. et al. The foundation of entrepreneurial intention. Academy of management Meeting. Paper presented at summer Conference, Copenhagen Business School, Denmark, June, 17-19, 2009.
- FITZSIMMONS, J. R.; DOUGLAS, E. J. Entrepreneurial attitudes and entrepreneurial intentions: a cross-cultural study of potential entrepreneurs in India, China, Thailand and Australia. In: BABSON-KAUFFMAN ENTREPRENEURIAL RESEARCH CONFERENCE, 2005, Wellesley. Proceedings... Wellesley, MA: {s.n}, 2005.
- FONTENELE, R. E. S.; BRASIL, M. V. O.; SOUSA, A. M. R. Determinantes da intenção empreendedora de discentes em um instituto de Ensino Superior. In: SIMPÓSIO DE GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 27., 2012, Salvador. Anais... Salvador: Anpad, 2012.
- FRANCO, M.; HAASE, H.; LAUTENSCHLÄGER, A. Students’ entrepreneurial intentions: an interregional comparison. Education + Training, v. 52, n. 4, p. 260-275, 2010.
- FRANKE, N.; LÜTHJE, C. Entrepreneurial intentions of business students: a benchmarking study. International Journal of Innovation and Technology Management, v. 1, n. 3, p. 269-288, 2004.
- GERBA, D. T. The context of entrepreneurship education in Ethiopian universities. Management Research Review, v. 35, n. 3/4, p. 225-244, 2012.
- GIACOMIN, O. et al. Entrepreneurial intentions, motivations and barriers: differences among American, Asian and European students. International Entrepreneurship and Management Journal, v. 7, p. 219-238, 2011.
- GIELNIK, M. M. et al. Action and action-regulation in entrepreneurship: evaluating a student training for promoting entrepreneurship. Academy of Management Learning and Education, v. 14, n. 1, p. 1-52, 2013.
- GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR - GEM. Empreendedorismo no Brasil: relatório executivo. Curitiba: Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade, 2014.
- HADI, C; WEKKE, I. S.; CAHAYA, A. Entrepreneurship and education: creating business awareness for students in East Java. Indonesia Procedia: Social and Behavioral Sciences, v. 177, p. 459-463, 2015.
- HOFSTEDE, G. Dimensionalizing cultures: the Hofstede model in context. Online Readings in Psychology and Culture, v. 2, n. 1, p. 1-26, 2011.
- JONES P.; COLWILL, A. Entrepreneurship education: an evaluation of the Young Enterprise Wales Initiative. Education + Training, v. 55, n. 8/9, p. 911-925, 2013.
- KEBAILI, B. et al. An exploratory study of entrepreneurship barriers: the case of Qatar. Management and Sustainable Development, v. 11, n. 3, p. 210-219, 2015.
- KRISTIANSEN, S.; INDARTI, N. Entrepreneurial intention among Indonesian and Norwegian students. Journal of Enterprising Culture, v. 12, n. 1, p. 55-78, 2004.
- LEAN, J. Preparing for an uncertain future: the enterprising PhD student. Journal of Small Business and Enterprise Development, v. 19, n. 3, p. 532-548, 2012.
- LIMA, E. et al. Ser seu próprio patrão? Aperfeiçoando-se a Educação Superior em empreendedorismo. Revista de Administração Contemporânea, v. 19, n. 4, p. 419-439, 2015.
- LIN, X. et al Determinants of entrepreneurial intentions: applying Western model to the Sri Lanka context. Journal of Enterprising Culture, v. 21, n. 2, p. 153-174, 2013.
- LIÑÁN, F. Skill and value perceptions: how do they affect entrepreneurial intentions? International Entrepreneurship and Management Journal, v. 4, n. 3, p. 257-272, 2008.
- LIÑÁN, F.; CHEN, Y. W. Development and cross-cultural application of a specific instrument to measure entrepreneurial intentions. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 33, n. 3, p. 593-617, 2009.
- LIÑÁN, F.; FAYOLLE, A. A systematic literature review on entrepreneurial intentions: citation, thematic analyses, and research agenda. International Entrepreneurship and Management Journal, v. 11, n. 4, p. 907-933, 2015.
- LIÑÁN, F.; KRUEGER, N; NABI, G. British and Spanish entrepreneurial intentions: a comparative study. Revista de Economía Mundial, v. 33, p. 73-103, 2013.
- LIÑÁN, F.; RODRÍGUEZ-COHARD, J. C. Temporal stability of entrepreneurial intentions: a longitudinal study. In: CONGRESS OF THE EUROPEAN REGIONAL SCIENCE ASSOCIATION, 48., 2008, Liverpool Proceedings... Liverpool: {s.n}, 2008.
- LIÑÁN, F.; SANTOS, F. J. Does social capital affect entrepreneurial intentions? International Advances in Economic Research, v. 13, p. 443-453, 2007.
- LOIOLA, E. et al. Ação planejada e intenção empreendedora entre universitários: analisando preditores e mediadores. Revista Psicologia: Organizações e Trabalho, v. 16, n. 1, p. 22-35, 2016.
- MAALU, J. K.; NZUVE, S. M.; MAGUTU, P. O. A survey of personal goals and perceptions of entrepreneurial ability among students at the school of business, University Of Nairobi. African Journal of Business & Management, v. 1, p. 29-43, 2010.
- MAN, T. W. Y. Entrepreneurial competencies and the performance of small and medium enterprises in the Hong Kong services sector. Hong Kong: Polytechnic University, 2001.
- MARQUES, C. S. et al. Entrepreneurship education. Education + Training, v. 54, n. 8/9, p. 657-672, 2012.
- MORALISTA, R. B.; DELARIARTE, G. C. Entrepreneurship as a career choice: an analysis of entrepreneurial self-efficacy and intention of national High School senior students at the municipality of Calinog, Iloilo. Asia Pacific Journal of Education, Arts and Sciences, v. 1, n. 2, p. 12-15, 2014.
- MORIANO, J. A. et al. Cross-cultural approach to understanding entrepreneurial intention. Journal of Career Development, v. 39, n. 2, p. 162-185, 2012.
- MORTAN, R. A. et al. Effects of emotional intelligence on entrepreneurial intention and self-efficacy. Journal of Work and Organizational Psychology, v. 30, p. 97-104, 2014.
- MUELLER, S. L.; THOMAS, A. S. Culture and entrepreneurial potential: a nine country study of locus of control and innovativeness. Journal of Business Venturing, v. 16, p. 51-75, 2000.
- MUSHTAQ, H. A. et al. Planned behavior entrepreneurship and intention to create a new venture among young graduates. Management & Marketing Challenge for the Knowledge Society, v. 6, n. 3, p. 437-456, 2011.
- NABI, G.; LIÑÁN, F. Considering business start-up in recession time: the role of risk perception and economic context in shaping the entrepreneurial intent. International Journal of Entrepreneurial Behaviour and Research, v. 19, n. 6, p. 633-655, 2013.
- NGUGI, J. K. et al. Application of Shapero’s model in explaining entrepreneurial intentions among university students in Kenya. International Journal of Business and Social Research, v. 2, n. 4, p. 125-148, 2012.
- NIEUWENHUIZEN, C.; SWANEPOEL, E. Comparison of the entrepreneurial intent of master’s business students in developing countries, South Africa and Poland. Acta Commercii, v. 15, n. 1, 2015.
- OLUFUNSO, F. O. Graduate entrepreneurial intention in South Africa: motivations and obstacles. International Journal of Business and Management, v. 5, n. 9, p. 87-98, 2010.
- PACKHAM, G. et al. Attitudes towards entrepreneurship education: a comparative analysis. Education + Training, v. 52, n. 8/9, p. 568-586, 2010.
- PAÇO, A. et al. Entrepreneurial intentions: is education enough? International Entrepreneurship and Management Journal, v. 11, p. 57-75, 2015.
- PETERMAN, N. E.; KENNEDY, J. Enterprise education: influencing students’ perceptions of entrepreneurship. Entrepreneurship Theory and Practice, v. 28, n. 2, p. 129-144, 2003.
- PITTAWAY, L.; COPE, J. Entrepreneurship education: a systematic review of the evidence. International Small Business Journal, v. 25, n. 5, p. 479-510, 2007.
- RADU, M.; LOUÉ, C. Motivational impact of role models as moderated by “ideal” vs. “ought self-guides” identifications. Journal of Enterprising Culture, v. 16, n. 4, p. 441-465, 2008.
- SAEED, R. et al. Who is the most potential entrepreneur? A case of Pakistan. Middle-East Journal of Scientific Research, v. 17, n. 9, p. 1307-1315, 2013.
- SANDHU, M. S.; FAHMI, S.; RIAZ, S. S. Entrepreneurship barriers and entrepreneurial inclination among Malaysian postgraduate students. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, v. 17, n. 4, p. 428-449, 2011.
- SEGAL, G.; BORGIA, D.; SCHOENFELD, J. The motivation to become an entrepreneur. International Journal of Entrepreneurial Behaviour and Research, v. 11, n. 1, p. 42-57, 2005.
- SESEN, H. Personality or environment? A comprehensive study on the entrepreneurial intentions of university students. Education + Training, v. 55, n. 7, p. 624-640, 2013.
- SHOOK, C. L.; PRIEM, R. L.; MCGEE, J. E. Venture creation and the enterprising individual: a review and synthesis. Journal of Management, v. 29, n. 3, p. 379-399, 2003.
- SMITH, K. et al. Enterprise skills and training needs of postgraduate research students. Education + Training, v. 56, n. 8/9, p. 745-763, 2014.
- SOLESVIK, M. Attitudes towards future career choice, Stavanger Center for Innovation Research. Stavanger: University of Stavanger, 2007.
- SOLESVIK, M. Entrepreneurial motivations and intentions: investigating the role of education major. Education and Training, v. 55, n. 3, p. 253-271, 2012.
- SOOMRO, B. A; SHAH, N. Developing attitudes and intentions among potential entrepreneurs. Journal of Enterprise Information Management, v. 28, n. 2, p. 304-322, 2015.
- STOREN, L. A. Entrepreneurship in higher education. Education + Training, v. 56, n. 8/9, p. 795-813, 2014.
- TESTA, S.; FRASCHERI, S. Learning by failing: what we can learn from un-successful entrepreneurship education. The International Journal of Management Education, v. 13, n. 1, p. 11-22, 2015.
- THOMPSON, E. R. Individual entrepreneurial intent: construct clarification and development of an internationally reliable metric. Entrepreneurship Theory & Practice, v. 33, n. 3, p. 669-694, 2009.
- THRIKAWALA, S. The determinants of entrepreneurial intention among acadamics in Srilanka. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ECONOMICS AND FINANCE RESEARCH, 4., 2011, Singapore. Proceedings... Singapore: {s.n}, 2011.
- TORRACO, R. J. Writing integrative literature reviews, guidelines and examples. Human Resource Development Review, n. 4, p. 356-367, 2005.
- VAN DER SLUIS, J.; VAN PRAAG, M.; VIJVERBERG, W. Education and entrepreneurship selection and performance: a review of the empirical literature. Journal of Economic Surveys, v. 22, n. 5, p. 795-841, 2008.
- WATCHRAVESRINGKAN, K. T. et al. Modeling entrepreneurial career intentions among undergraduates: an examination of the moderating role of entrepreneurial knowledge and skills. Family and Consumer Sciences Research Journal, v. 41, n. 3, p. 325-342, 2013.
- WU, S.; WU, L. The impact of Higher Education on entrepreneurial intentions of university students in China. Journal of Small Business and Enterprise Development, v. 15, n. 4, p. 752-774, 2008.
- ZAMPETAKIS, L. A. et al. On the relationship between emotional intelligence and entrepreneurial attitudes and intentions. International Journal of Entrepreneurial Behaviour and Research, v. 15, n. 6, p. 595-618, 2009.
- ZAMPETAKIS, L. A. et al. Creativity and entrepreneurial intention in young people: empirical insights from business school students. International Journal of Entrepreneurship and Innovation, v. 12, n. 3, p. 189-199, 2011.
- ZELLWEGER, T.; SIEGER, P.; HALTER, F. Should I stay or should I go? Career choice intentions of students with family business background. Journal of Business Venturing, v. 26, n. 5, p. 521-536, 2011.
- ZHAO, H.; HILLS, G. E.; SIEBERT, S. E. The mediating role of self-efficacy in the development of entrepreneurial intentions. Journal of Applied Psychology, v. 90, n. 6, p. 1265-1272, 2005.
- ZHAO, H.; SEIBERT, S. E.; LUMPKIN, G. T. The relationship of personality to entrepreneurial intentions and performance: a meta-analytic review. Journal of Management, v. 36, n. 2, p. 381-404, 2010.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Jun 2017
Histórico
-
Recebido
08 Mar 2016 -
Aceito
07 Out 2016