RESUMO
Objetivo:
Este estudo investiga os efeitos das restrições financeiras na prática do conservadorismo em empresas brasileiras.
Método:
Uma amostra totalizando 1.086 observações de empresas brasileiras listadas na BM&FBovespa foi desenvolvida no período de 2000 a 2012. Na amostra, 106 observações foram classificadas em condição de restrições financeiras de acordo com os critérios relacionados a redução de distribuição de dividendos, alto volume de saldo de caixa e equivalentes de caixa e investimentos (redução de ativos imobilizados). Para investigar a relação entre restrições financeiras e o conservadorismo contábil foram utilizados os modelos de Basu (1997) e Ball e Shivakumar (2005).
Fundamentação teórica:
Para Whited (1992) e Kaplan e Zingales (1997) restrições financeiras ocorrem quando as empresas encontram dificuldades em obter recursos financeiros de fontes externas e o custo de captação de recursos aumenta. Kothari, Shu e Wysocki (2009) afirmam que o conservadorismo contábil contribui no monitoramento e na governança das empresas contribuindo para a redução do custo dos recursos tomados com terceiros.
Resultados:
Os resultados mostram que empresas com restrições financeiras adotam menos a prática do conservadorismo condicional em seus números contábeis. Em outras palavras, essas empresas evitam divulgar perdas na tentativa de acessar mais recursos externos, todavia aumentando a assimetria de informações.
Contribuições:
As evidências podem ser usadas por credores e reguladores para dar suporte a novas políticas de financiamento e monitoramento do risco das firmas por meio das demonstrações financeiras. Os resultados mostram que o conservadorismo condicional é afetado em empresas que estão em condição de restrições financeiras.
Palavras-chave:
Restrições financeiras; Conservadorismo condicional; Assimetria de informações; Finanças
ABSTRACT
Objective:
This study investigates the effects of financial constraints on the conservatism practices of Brazilian firms.
Design/methodology/approach:
A sample totaling 1,086 observations of Brazilian publicly traded companies listed on BM&FBovespa was developed from 2000 to 2012. In the sample 106 observations were classified in condition of financially constrained according to the criteria related to lower dividends payout, large amount of cash and equivalents available and investment or capital expenditures (property, plant and equipment). We use Basu (1997) and Ball and Shivakumar (2005) models to investigate the relationship between financial constraints and accounting conservatism.
Findings:
The results show financially constrained firms adopt less conditional conservatism practices on their accounting figures. In other words, those firms avoid to disclose losses trying to access more external funds, however, increasing information asymmetry.
Practical implications:
The evidence of this study could be used by creditors and regulators to support new financing policies and risk monitoring through firms’ financial statements.
Originality/value:
We empirically show that conditional conservatism practices are affected by financial constraints. Also, we develop an alternative way to classify companies in terms of financial constraints from a combination of three proxies traditionally applied in the literature such as cash and cash-equivalent, capital expenditure (property, plant and equipment) and dividends payout.
Keywords:
Financial constraints; Conditional Conservatism; Information asymmetry; Finance
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2
Processo de avaliação: Double Blind Review
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Jul-Sep 2015
Histórico
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Recebido
20 Jan 2015 -
Aceito
25 Nov 2015