Open-access NOVOS REGISTROS DE ALEYRODIDAE (HEMIPTERA) NO ESTADO DE RORAIMA, BRASIL

NEW REPORTS OF ALEYRODIDAE SPECIES (HEMIPTERA) FROM THE STATE OF RORAIMA, BRAZIL

RESUMO

Este trabalho registra pela primeira vez a ocorrência de seis espécies de Aleyrodidae e respectivas plantas hospedeiras no Estado de Roraima. Dentre os registros constam Aleurocanthus woglumi Ashby, praga quarentenária presente no Brasil (A2) e alguns inimigos naturais.

PALAVRAS-CHAVE  Aleurocanthus woglumi ; Crescentaleyrodes fumipennis ; Dialeurodes kirkaldy ; Aleurothrixus floccosus ; Aleurodicus neglectus ; Paraleyrodes bondari

ABSTRACT

This paper register new reports of six Aleyrodidae species and respective host plants from the state of Roraima, Brazil. Among the Aleyrodinae species, the reports concern Aleurocanthus woglumi Ashby, a quarantine pest present in Brazil (A2) and some natural enemies.

KEY WORDS  Aleurocanthus woglumi ; Crescentaleyrodes fumipennis ; Dialeurodes kirkaldy ; Aleurothrixus floccosus ; Aleurodicus neglectus ; Paraleyrodes bondari

Na família Aleyrodidae (Hemiptera) estão registradas mais de 1550 espécies de insetos, distribuídas em 161 gêneros (Martin; Mound, 2007), sendo várias delas pragas da horticultura e silvicultura. Algumas espécies têm importância econômica, por sugarem grande quantidade de seiva das plantas, transmitirem viroses e substâncias toxicogênicas ou, ainda, provocarem o aparecimento de fumagina, resultante do crescimento do fungo Capnodium spp. sobre a excreção dos insetos (Byrne; Bellows Junior, 1991; Cassino.; Nascimento, 1999).

Os aleirodídeos são insetos com menos de 5 mm de comprimento, providos de dois pares de asas e o corpo coberto com cera. Geralmente se reproduzem por via sexual e são ovíparos, sendo que a identificação específica é baseada no quarto ínstar larval, comumente chamado de “pupário” (Lima, 1942).

Em Aleyrodidae muitas espécies são registradas em uma única espécie hospedeira e poucas são consideradas polífagas, como Bemisia tabaci (Genn.) e Trialeurodes vaporariorum (Westwood) (Byrne; Bellows Junior, 1991). Dessa forma, o conhecimento sobre as plantas hospedeiras e a distribuição geográfica de moscas brancas ainda é pequeno, uma vez que a maior quantidade de informações disponíveis refere-se às poucas espécies que provocam danos econômicos. Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre os aleirodídeos, o presente trabalho relata novas ocorrências desse grupo de insetos na região Norte do Brasil.

Em 2009, seis espécies de Aleyrodidae foram registradas pela primeira vez no Estado de Roraima, em diferentes plantas hospedeiras, nos municípios de Boa Vista, Iracema e Mucajaí. São elas: Crescentaleyrodesfumipennis (Hempel) em capim Trachypogon plumosos Humb. & Bonpl. ex Willd (Boa Vista); Aleurocanthus woglumi Ashby em citros Citrus sinensis L. Osbeck e Citrus latifolia Tanaka (Boa Vista), Citrus limon (L.) e Citrus sinensis L. (Iracema) e Citrus limonia Osbeck, Citrus sinensis L. e Mangifera indica L. (Mucajaí); Dialeurodes kirkaldy (Kotinsky) e Paraleyrodes bondari Peracchi, em noni Morinda citrifolia L. (Boa Vista); Aleurothrixus floccosus (Maskell) em citros C. sinensis, goiabeira Psidium guajava L. e banana Musa spp. (Boa Vista); e Aleurodicus neglectus Quaintance & Baker em goiabeira (Boa Vista).

Com exceção de A. neglectus e P. bondari, que pertencem à subfamília Aleurodicinae, as demais espécies registradas pertencem à subfamília Aleyrodinae. Aleurothrixus floccosus é um dos aleirodídeos de citros com maior distribuição geográfica no Brasil e P. bondari já havia sido relatada em citros nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Tocantins (Cassino; Nascimento, 1999). No Estado do Rio de Janeiro, A. floccosus e P. bondari apresentam uma ampla distribuição, conforme relatado por Cassino; Rodrigues (2005), que registraram a presença dessas espécies em plantas cítricas de 16 municípios do estado.

Crescentaleyrodes fumipennis havia sido coletada em 1968 no Estado do Mato Grosso, em uma espécie de grama não determinada (Manzari; Quicke, 2006), sendo agora registrada em altas populações sobre o capim exótico de ocorrência natural em áreas de savana no Estado de Roraima, T. plumosos (Fig. 1).

Fig. 1
Folha de capim Trachypogon plumosos infestada por Crescentaleyrodes fumipennis.

A mosca-negra-dos-citros, A. woglumi, foi relatada na região Norte do Brasil, nos estados do Pará, Amazonas e Amapá (Oliveira et al., 2001; Raga; Costa, 2008) e, por ser uma praga de importância quarentenária, o presente registro na região amazônica traz um alerta para os demais estados da região norte e também para o nordeste brasileiro.

As ninfas de A. woglumi estavam parasitadas por Encarsia basicincta Gahan (Hymenoptera: Aphelinidae) e as ninfas de A. floccosus por Signiphora sp. (Hymenoptera: Signiphoridae). O fungo entomopatogênico Aschersonia aleyrodis Webber foi observado em ninfas de A. woglumi sobre folhas de citros.

No Brasil, A. floccosus é eficientemente controlado por himenópteros da superfamília Chalcidoidea, Eretmocerus paulistus Hempel, Prospaltella brasiliensis (Hempel) e Signiphora towsendi Ashmead (Fonseca, 1934; Rodrigues; Cassino, 2003). Em tangerineiras no Estado do Rio de Janeiro, Rodrigues; Cassino (2003) registraram a ocorrência de parasitismo natural de A. floccosus por Encarsia sp. variando de 1,74% a 28,14%, e por Signiphora sp. entre 0,0% a 4,95%. Encarsia basicincta e Signiphora aleyrodis Ashmead já haviam sido relatadas no Brasil parasitando T. vaporariorum em Brasília, DF (Oliveira et al., 2003).

REFERÊNCIAS

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    21 Set 2020
  • Data do Fascículo
    Jul-Sep 2011

Histórico

  • Recebido
    11 Ago 2010
  • Aceito
    16 Maio 2011
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