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Sinuplastia com balão em paciente portador de paralisia cerebral: resultado e seguimento

CASE REPORT

Sinuplastia com balão em paciente portador de paralisia cerebral: resultado e seguimento

João Flávio Nogueira JúniorI; Maria Laura Solferini SilvaII; Aldo Cassol StammIII

ITítulo de Especialista em Otorrinolaringologia pela ABORL-CCF, Médico Otorrinolaringologista do Centro de Otorrinolaringologia de São Paulo - Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos

IIMédica, Residente de Otorrinolaringologia do Centro de Otorrinolaringologia de São Paulo - Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos

IIIDoutor, Diretor do Centro de Otorrinolaringologia de São Paulo - Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos

Palavras-chave: cirurgia vídeo-assistida, cuidados pós-operatórios, período pós-operatório, procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos, sinusite.

INTRODUÇÃO

A dilatação dos óstios dos seios paranasais (SPN), ou sinuplastia, tem apresentado resultados interessantes no tratamento da rinossinusite crônica (RSC)1,2. A sinuplastia utiliza o conceito do remodelamento destas estruturas, sem remoção óssea ou de mucosa1-3.

A preservação destes tecidos pode apresentar uma vantagem desta ferramenta, já que problemas como diminuição dos movimentos mucociliares, fibrose cicatricial, sinequias e sangramentos pós-operatórios são menos frequentes em pacientes submetidos a estas dilatações1,2,4.

Os cuidados pós-operatórios também são mais simples. Como não há remoção de tecidos, nem trauma na mucosa nasal, a formação de crostas e a necessidade de curativos nasais são bem menores. Isto pode ser interessante principalmente em pacientes que possam apresentar dificuldades na realização de limpezas pós-operatórias, como crianças e portadores de alguma deficiência tal como paralisia cerebral3,4.

Apresentamos jovem com paralisia cerebral e RSC que foi submetido à sinuplastia, discorrendo sobre o seguimento pós-operatório.

APRESENTAÇÃO DO CASO

ASPN, masculino, 18 anos, com paralisia cerebral e diagnosticado há 5 anos com RSC, sendo submetido a tratamentos medicamentosos sem sucesso. Há 2 meses apresentou celulite orbitária à direita e meningite como complicação de sinusite frontal e etmoidal. Foi internado com medicações adequadas, apresentando melhora.

Encaminhado ao nosso serviço, foi solicitada tomografia computadorizada (TC) que evidenciou sinais sugestivos de RSC frontal à direita.

Após esclarecimento, consentimento dos responsáveis e realização de exames pré-operatórios, o paciente foi submetido à sinuplastia no seio frontal direito.

A cirurgia foi realizada sob anestesia geral. Utilizamos o sistema "Relieva Sinus Balloon Catheter System" (Acclarent, Estados Unidos) e as técnicas descritas para o uso com transiluminação4.

Um balão de 5mm foi introduzido e dilatado em vários pontos do recesso frontal direito com solução salina a até 12 atmosferas de pressão (Figura 1). Após, o cateter de lavagem foi introduzido para limpeza das secreções presentes.


Todo procedimento durou aproximadamente 60 minutos. Não foi utilizado tamponamento nasal. Não houve sangramentos ou outras complicações.

O paciente retornou com 7, 14, 30 e 60 dias após a realização da cirurgia. Limpezas superficiais foram realizadas, pois o paciente não permitia limpezas sob endoscopia. No 60º dia pós-operatório, uma nova TC foi solicitada, mostrando aeração normal das cavidades paranasais.

DISCUSSÃO

O manejo da RSC em alguns pacientes é um desafio aos otorrinolaringologistas5. Tratamentos escalonados são realizados, entretanto quando há falha na terapêutica, a cirurgia endoscópica nasal (CEN) é indicada5.

A CEN é segura e apresenta excelentes resultados, entretanto complicações inerentes, como sinequias, crostas e epistaxe são frequentes, principalmente em grupos especiais de pacientes, que muitas vezes são refratários aos cuidados pós-operatórios adequados2,5.

Recentemente, uma técnica minimamente invasiva foi introduzida em nosso país: a sinuplastia por balão. Este procedimento é seguro e apresenta bons resultados até o presente momento2,3.

A sinuplastia parece oferecer algumas vantagens quando comparada à CEN tradicional, como tempo cirúrgico e de internação hospitalar reduzidos, menos complicações como sangramentos e sinequias e, mais importante, menos necessidade de cuidados pós-operatórios2,3,4.

A limitação deste instrumento é a incapacidade de cateterização e dilatação adequada do seio designado em casos de anatomia não favorável1 e há autores que questionam o fato de a dilatação apresentar resultados temporários6. São poucas as complicações com o uso destes instrumentos. Destaca-se a possibilidade de, assim como na CEN, fístulas liquóricas1,3,4.

COMENTÁRIOS FINAIS

Não houve complicações ou dificuldades técnicas na sinuplastia deste paciente. Após 60 dias, o jovem apresenta melhora da sintomatologia e normalização das imagens da TC dos SPN.

A sinuplastia pode ser uma alternativa no tratamento cirúrgico de alguns pacientes, já que introduz procedimento minimamente invasivo que permite a preservação da mucosa do nariz e SPN. Entretanto, séries de caso com seguimento mais longo são necessários.

Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da BJORL em 4 de julho de 2009. cod. 6491.

Artigo aceito em 24 de dezembro de 2009.

Centro de Otorrinolaringologia de São Paulo - Hospital Prof. Edmundo Vasconcelos Rua Borges Lagoa 1450 3o. Andar do Prédio dos Ambulatórios - São Paulo SP. www.centrodeorl.com.br

  • 1. Nogueira Júnior JF, Silva MLS, Santos FP, Stamm AC. Sinuplastia com balão: um novo conceito na cirurgia endoscópica nasal. Arq Int Otorrinolaringol. 2008;12:538-45.
  • 2. Stamm A, Nogueira JF, Lyra M. Feasibility of balloon dilatation in endoscopic sinus surgery simulator. Otolaryngol Head Neck Surg. 2009;140:320-3.
  • 3. Bolger WE, Brown CL, Church CA, Goldberg AN, Karanfilov B, Kuhn FA, et al. Safety and outcomes of balloon catheter sinusotomy: a multicenter 24-week analysis in 115 patients. Otolaryngol Head Neck Surg. 2007;137:10-20.
  • 4. Friedman M, Schalch P. Functional endoscopic dilatation of the sinuses (FEDS): patient selection and surgical technique. Op Tech Otolaryngol Head Neck Surg. 2006;17:126-34.
  • 5. Wittkopf ML, Becker SS, Duncavage JA, Russell PT. Balloon sinuplasty for the surgical management of immunocompromised and critically ill patients with acute rhinosinusitis. Otolaryngol Head Neck Surg. 2009;140(4):596-8.
  • 6. Kieff DA, Busaba NY. Reformation of concha bullosa following treatment by crushing surgical technique: implication for balloon sinuplasty. Laryngoscope. 2009;119(12):2454-6.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jul 2010
  • Data do Fascículo
    Jun 2010
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