EDITORIAL
A escolha do novo Papa, a política e a Fisioterapia
João Afonso RuaroI; Marinêz Boeing RuaroI; Andersom Ricardo FrézII
IUniversidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) Santa Cruz (RN), Brasil
IIUniversidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO) Guarapuava (PR), Brasil
Quem assistiu ao último conclave, percebeu diferenças em relação aos anteriores. Afinal, o Papa Bento XVI, ao anunciar sua renúncia com data marcada, proporcionou algo inédito na história do Vaticano. Pela primeira vez nos últimos séculos, o menor país do mundo teve a oportunidade de organizar-se para realizar tal evento. Houve todo um cerimonial, com banda oficial e honrarias da famosa guarda suíça no momento do anúncio.
Tal processo de escolha do novo bispo de Roma veio cercado de interesses de todos os lados. Países querendo eleger o sumo pontífice, imprensa e casas de apostas cotando cardeais favoritos, articulações e mais articulações nos quatro cantos do globo.
Isso nos leva a pensar como se dá nossa organização social e como estabelecemos mecanismos e parâmetros que permitam a construção coletiva do bem comum: a política.
E falamos aqui em política considerando o sentido "lato" da palavra, de como podemos nos organizar enquanto classe, e não o "stricto", de como poderia se utilizar o poder para autofavorecimento.
Para ilustrar esse quadro, citaremos números reais. Dentre os políticos brasileiros que compõem o Congresso Nacional, dos 513 deputados, apenas uma é fisioterapeuta (Maria Gorete Pereira) e, dentre os 81 senadores, nenhum é fisioterapeuta. Ou seja, para não dizer que nossa representatividade é nula, ela é limitadíssima uma profissional no meio de 594, o que equivale a 0,17% do Congresso. Isso é fato. Contra fato, não há argumento que resista.
A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, é economista. A mulher mais influente do mundo em 2012 (segundo a revista Time) foi Viola Davis, atriz. O homem mais influente, segundo a mesma fonte, Jeremy Lin, é jogador de basquete. O Papa é farmacêutico. Nossa profissão ainda figura longe dos altos escalões das personalidades que estão no comando e também nem deve estar entre nossos objetivos no momento.
Há que se considerar, sem sombra de dúvida, que a Fisioterapia é uma ciência extremamente jovem, apenas 44 anos. Portanto, é de se entender que ainda não haja articulação política consistente. Entretanto, se deixarmos persistir esse quadro, décadas vão se passar e continuaremos a nos lamentar pela falta de políticas públicas que valorizem e dignifiquem esta que é, a nosso ver, a mais bonita de todas as profissões.
Peguemos, portanto, o exemplo do Vaticano. Temos tempo para nos organizar. Para pensar. Para articular. Para escolher, dentre nós, os mais preparados.
Pode ser que aqui, como lá, os favoritos fiquem de fora da lista dos eleitos, e nós, fisioterapeutas, possíveis azarões, conquistemos valiosas vagas a fim de criar projetos voltados à nossa classe. Sem esquecer que hoje, segundo dados do COFFITO (de agosto de 2012), somos 166.265 mil pessoas. É muita gente. É só querer!
Assim, com planejamento, estratégia, metas e ações bem definidas, sem dúvida, num futuro próximo, poderemos nos encher de orgulho e dizer: "Habemus" valorização profissional.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
01 Nov 2013 -
Data do Fascículo
Set 2013