Resumo
Este artigo tem como objetivo refletir sobre os discursos presentes nas capas dos jornais Estado de Minas e Extra, a respeito das queimadas ocorridas na região da Amazônia, em agosto de 2019. Com base nos princípios do jornalismo ambiental e os acontecimentos, as informações ganharam repercussão, com potencial provocativo e questionador de como os agentes públicos e os cidadãos se relacionam com o meio ambiente. Evidenciamos, a partir da análise textual discursiva, que os periódicos analisados trazem elementos que problematizam a relação do ser humano com a questão ambiental e o incentiva a gerar mudanças de comportamento de modo consciente e engajado.
Palavras-chave: Meio ambiente; Amazônia; Jornalismo ambiental; Análise do discurso; Incêndios
Resumen
Este artículo tiene como objetivo reflexionar sobre los discursos presentes en las portadas de los periódicos Estado de Minas y Extra, sobre los incendios ocurridos en la región amazónica, en agosto de 2019. En este sentido, con base en los principios del periodismo ambiental y los acontecimientos, la información ganó repercusión, con un potencial provocador y cuestionador de cómo los agentes públicos y los ciudadanos se relacionan con el medio ambiente. A partir del análisis discursivo textual, mostramos que los periódicos analizados aportan elementos que problematizan la relación entre los seres humanos y la problemática ambiental y los incitan a cambiar comportamientos de manera consciente y comprometida.
Palabras clave: Medio ambiente; Amazonas; Periodismo ambiental; Análisis del discurso; Incendios
Abstract
This article aims to reflect on the speeches present on the covers of the newspapers Estado de Minas and Extra about the fires that occurred in the Amazon region in August 2019. In this sense, based on the principles of environmental journalism and the events, the information gained repercussions, with a provocative and questioning potential of how public agents and citizens relate to the environment. From the textual discursive analysis, we show that the analyzed journals bring elements that problematize the relationship between human beings and environmental issues and encourage them to change behaviors in a conscious and engaged manner.
Keywords: Environment; Amazon; Environmental journalism; Discourse analysis; Fires
Introdução
Esta pesquisa torna-se importante uma vez que desastres ambientais ganham cada dia mais repercussão na mídia, mesmo assim, Bueno (2008) considera que o jornalismo ambiental ainda conta com pouca visibilidade e, a falta de conhecimento científico por parte dos profissionais pode ocasionar, possivelmente, a demora em pautar os assuntos ambientais e quando pautam se ancoram em tragédias mais como critério de noticiabilidade do que com matérias de cunho educativo ambiental.
O artigo busca nas capas dos periódicos Estado de Minas1e Extra2, elementos que, além do trágico ou jornalismo de risco (ou medo), se preocupe com a especialidade ambiental do jornalismo. Numa concepção, visualizada por Girardi et al. (2011), o jornalismo ambiental deve apresentar uma pluralidade de vozes e visão sistêmica, para além de uma cobertura factual, superficial ou programada.
O presente trabalho se dedica, num primeiro momento, a conceituar e apresentar características do jornalismo ambiental que prioriza a questão holística para compreender as partes e o todo, e que além de informar, tem ainda a missão da educação ambiental e o esclarecimento da comunidade. O jornalismo ambiental apresenta um caráter científico e multidisciplinar, em que as fontes não devem ser apenas os estudiosos, os técnicos e os especialistas da área, pois também deve contemplar a voz do cidadão. O engajamento do repórter contribui para a visão do todo e maior esclarecimento acerca do assunto. Ou seja, a pauta deve atrair a atenção das pessoas, mas sem espetacularização, e isso diz muito sobre o modo como o jornalista se relaciona com a relevância da temática ambiental.
Metodologicamente, o trabalho elege as capas dos jornais Estado de Minas e Extra sobre a tragédia de incêndios na Amazônia, ocorridos em agosto de 2019. Como seleção temporal, coletamos os registros do primeiro dia após as queimadas, aproveitando a emergência do tema para o jornalismo impresso. A opção pelas duas publicações aconteceu por um recorte em que podemos contrapor a chamada mídia de referência - os jornais tradicionais em formato standard que primam pela objetividade jornalística - a uma mídia sensacionalista, que explora outras formas de cobertura dos fatos. Por sua vez, os dados foram tratados a partir dos princípios da Análise Textual Discursiva (ATD), mostrando as perspectivas de noticiabilidade, os avanços e os desafios da atuação do jornalismo ambiental em momento de crise.
Evidenciamos, neste estudo, ao menos duas concepções sobre o jornalismo ambiental. A primeira é que se deve superar o pensamento de que a origem e a solução para os problemas ambientais estão centradas no binômio comunicação e informação. São partes importantes, sem dúvida. São processos de mediação essenciais e, vamos perceber ao longo do texto, que a mídia deve informar melhor os cidadãos sobre as questões ambientais. Já a segunda concepção do jornalismo ambiental é que é preciso garantir pautas, narrativas e posicionamentos mais aprofundados, superando as notícias sensacionalistas e de espetacularização. Nesse sentido, o jornalismo ambiental deve auxiliar para que ocorram as mudanças culturais e comportamentais das pessoas em relação ao meio ambiente. Por isso, não é possível olhar apenas para o acontecimento, é preciso pensar nas pessoas, no cidadão que se conscientiza da sua presença no meio em que vive e age em prol desse lugar.
A importância do Jornalismo Ambiental
A guinada da preocupação da sociedade com as questões ambientais é marcada pela conscientização a respeito dos desequilíbrios nos sistemas naturais. Países do mundo todo se reuniram para discutir e firmar acordos para conter a ampliação da temperatura global, escassez de recursos e de alimentos, dentre outros, a partir das iniciativas da Organização das Nações Unidas (ONU) que, nos últimos 40 anos, realizou grandes conferências ambientais.
Originados de constatações científicas, termos como “buracos na camada de ozônio” e “aquecimento global” foram disseminados nas sociedades, sobretudo, pela ação da mídia, que conferiu extensa cobertura às questões ambientais durante eventos como a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente, em Estocolmo (1972), Rio de Janeiro (1992), Johannesburgo (2002) e quando o mundo se reuniu mais uma vez no Rio de Janeiro, em 2012, para a Rio+20 (LÜCKMAN, 2008; NETO, 2008).
As conferências ambientais e as divulgações científicas sobre ecologia e meio ambiente ocuparam a imprensa, que por sua vez inseriu estes temas na agenda de discussões das populações. Atualmente, é notável a importância do conhecimento ambiental para o público, pois evidências indicam que as informações da mídia sobre meio ambiente originaram mudanças concretas (FROME, 2008) ou ao menos preocupações e busca de alternativas por parte da sociedade (GIRARDI et al., 2012).
Em termos de quantidade, nas últimas quatro décadas, a cobertura ambiental se ampliou mundialmente. No Brasil, principalmente no período da conferência realizada no Rio de Janeiro (1992), conhecida como Eco-92, houve um pico de cobertura ambiental (NETO, 2008), embora, nos anos seguintes o tema não tenha mantido frequência. Porém, é importante destacar que as crises ambientais, como a revelação dos desequilíbrios do planeta, somada às constantes catástrofes, como tsunamis, furacões e a elevação do efeito estufa, têm proporcionado certa frequência de pautas ambientais na mídia (NETO, 2008).
Contudo, isso não foi suficiente para que a pauta ambiental firmasse raízes no jornalismo ambiental. A função jornalística não tem conseguido explorar a potencialidade dessa temática, mesmo com o crescimento do interesse da população pelo meio ambiente (GIRARDI et al., 2012). Essa falha se manifesta em diversas formas, seja negligenciando a complexidade e abrangência do tema, seja preferindo uma abordagem reducionista e eventual, no lugar de um enfoque sistemático. Girardi et al. (2012) atribuem a não exploração da pauta ambiental à falta de espaço nos veículos e de valor econômico para reportagens bem elaboradas sobre o tema.
Neto (2008) afirma que as redações brasileiras não se adaptaram à rotina de produção de matérias impressas sobre meio ambiente. Isso significa que os profissionais não conseguiram manter as características de apuração inerentes ao jornalismo ambiental, o que acarretou a perda da identidade de abordagem do tema no jornalismo. “Muitas das editorias relacionadas ao meio ambiente foram perdendo suas características e se encaixando mais no modelo propício à editoria de ciência” (NETO, 2008, p. 276).
A veiculação jornalística sobre meio ambiente carece de uma prática específica e isso justifica a necessidade da especialização. Conforme Bueno (2008, p. 111), o jornalismo ambiental “deve construir o seu próprio ethos, ainda que compartilhe parcela significativa de seu DNA com todos os jornalismos (especializados ou não) que se praticam por aí”. Ethos seria a representação de um segmento do jornalismo, constituído por jornalistas que obedecem a um mesmo conjunto de práticas, fundamentos e características peculiares (MONTEIRO, 2015).
Lückman (2008, p. 125-126) destaca que existem dois tipos de jornalismo que se dedicam ao tema meio ambiente: “o da grande mídia, geralmente de cunho sensacionalista e produzido por profissionais não especializados; e o da mídia alternativa, para onde migram os jornalistas especializados.” Segundo a autora, são jornalistas especializados, os profissionais capazes de colher e divulgar as informações ambientais com todas as peculiaridades exigidas pela especialização, que inclui o caráter educativo, ao qual ela se atenta. Frome (2008) também ressalta que os jornalistas, ao se aventurarem na especialidade ambiental perdem a aderência com os veículos tradicionais, sobretudo, devido ao jogo de interesses que existe nas empresas. Ele define a extensão da distância entre o jornalismo ambiental e o tradicional:
[...] O jornalismo ambiental [...] é jogado segundo regras baseadas em uma consciência diferente daquela predominante na sociedade. Ele é mais do que uma forma de fazer reportagens e escrever, mas uma forma de viver, de olhar para o mundo e para si próprio. Ele começa com um conceito de serviço social, dá voz à luta e às demandas e se expressa com honestidade, credibilidade e finalidade. Ele quase sempre envolve, de alguma forma, em algum lugar, riscos e sacrifícios (FROME, 2008, p. 60).
É certo que a cobertura ambiental possui um modus operandi próprio (MONTEIRO, 2015), muito peculiar e que justifica hoje até a existência de preparação universitária na área (TRIGUEIRO, 2008). Bueno (2008) define a prática do jornalismo ambiental como “[...] o processo de captação, produção, edição e circulação de informações (conhecimentos, saberes, resultados de pesquisas etc.) comprometidas com a temática ambiental e que se destinam a um público leigo, não especializado” (p. 109).
Nessa perspectiva, o jornalismo ambiental pode ser conceituado como aquele que se dedica ao tema meio ambiente e seus inúmeros subtemas a partir de uma visão sistêmica e holística, o que prevê abordagens inter e multidisciplinares. É fundamental nessa especialização que se mescle, com equilíbrio, as características do jornalismo científico e do jornalismo cidadão, pois o jornalismo ambiental se conecta com os diversos campos de conhecimento amplificando as vozes dos cidadãos no debate sobre o meio ambiente. É uma prática assumidamente comprometida com a defesa da vida, do equilíbrio ambiental e da preservação da casa comum (BOFF, 2017), por essa razão, une-se também à proposta educativa que auxilia nas mudanças de comportamentos dos indivíduos em benefício do meio ambiente.
As características do jornalismo ambiental
Destacamos algumas características da prática do jornalismo sobre meio ambiente, entre elas: a visão sistêmica e holística; o caráter científico e multidisciplinar; a centralidade da voz do cidadão; a educação ambiental e o engajamento do repórter.
A visão sistêmica no jornalismo ambiental refere-se à compreensão dos fatos e dos personagens inseridos em um sistema, o que remete a interconexões entre todos os elementos da natureza, incluindo a humanidade (BUENO, 2008), aliás, Santos (2020, p. 23) explica que a vida humana “é uma ínfima parte (0,01%) da vida planetária”. Desse modo, Bueno (2008, p. 109) adverte que “as pessoas, a natureza, o meio físico e biológico, a cultura e a sociedade estão umbilicalmente conectados.” Ou seja, a defesa é para garantir a sobrevivência de todos, pois, o sistema fica comprometido quando há a alteração em uma das unidades, seja esta do meio físico ou do meio vivo.
Neto (2008) lembra que o conceito da própria ecologia prevê um olhar sistêmico para si, por isso a necessidade de integrar esse caráter ao jornalismo ambiental. Günther e Vianna (2008) aponta para a ineficácia do preceito jornalístico aplicado ao jornalismo ambiental de ouvir os dois lados da informação. Segundo a autora, a noção de dois lados não abarca as complexidades das temáticas ambientais, já que esta apresentaria múltiplos lados. Portanto, além do olhar sistêmico, é necessária uma visão transversal, “atendendo à missão de contribuir para a compreensão de um tema complexo - o ambiental - dentro da realidade de uma sociedade ainda mais complexa” (NETO, 2008, p. 419).
O mantra da objetividade, a velocidade e a lógica mercadológica em que a atividade jornalística se insere não tem admitido essa abordagem que poderia tornar o tratamento das questões ambientais mais aprofundados. A atual realidade da cobertura ambiental é a veiculação de poucas informações isoladas de seu contexto. Fonseca (2004) e Vilas Boas (2004) sugerem que a fragmentação da informação é um dos grandes problemas das produções jornalísticas ambientais no Brasil. Superar os olhares fragmentados possibilita enxergar a realidade de forma integral, atentando para os aspectos socioeconômicos, políticos e culturais - conjunto que forma a perspectiva humana da especialização (MONTEIRO, 2015). Dessa forma, não é possível à cobertura ambiental uma abordagem a partir de uma perspectiva inter e multidisciplinar (BUENO, 2008).
O fato de conectar todas as unidades da natureza e todos os aspectos da sociedade, que impulsionam o jornalista a trabalhar com várias áreas do conhecimento em uma mesma pauta, tornando-a inter e multidisciplinar, é o que garante ao jornalismo ambiental seu caráter científico. A especialização reconhece os princípios do chamado jornalismo científico (GIRARDI et al., 2012), já que os assuntos ambientais quase sempre envolvem verdades acadêmicas e técnicas, onde cientistas e pesquisadores são peças das relações de força as quais o jornalismo ambiental está envolvido (FIORAVANTI, 2008). Segundo Neto (2008), além de proporcionar pautas, o saber científico serve aos jornalistas ambientais como uma ferramenta para eles monitorarem com eficiência os impactos no meio ambiente.
O caráter científico é importante ao jornalismo ambiental e ao interlocutor, pois proporciona uma forma de divulgação científica sobre os temas fundamentais a vida das pessoas (MONTEIRO, 2015). Nesse sentido, Bueno (2008) aponta a “síndrome do muro alto”, que dá prioridade à voz da fonte técnica na reportagem; e a “lattelização das fontes”, que diz respeito ao predomínio das vozes acadêmicas. Devem-se evitar essas síndromes nas produções sobre jornalismo ambiental. Se a fonte científica é uma característica da especialização e necessária, as pessoas comuns, os cidadãos que convivem rotineiramente com as problemáticas do meio ambiente, são as vozes que garantem equilíbrio no texto jornalístico ambiental para que ele não seja referenciado apenas em fontes especializadas.
Ressalta-se a importância da participação do cidadão, também é justo que se dê ao jornalista responsabilidade sobre as questões ambientais, saindo de uma noção de observador desprendido para a de participante justo (DORNELLES, 2008). Desta maneira, o jornalismo ambiental é praticado a partir de uma intenção determinada, como afirma Frome (2008, p. 12), o jornalista escreve “com uma finalidade”. Com isso, entende-se que ele é engajado, sendo esta a quinta premissa da especialização: o engajamento do repórter. Para o autor, é direito do jornalista o exercício do questionamento e do comentário crítico “sobre qualquer assunto que afete a sociedade e o meio ambiente” (ibidem, p. 86).
Jornalismo popular e de referência
Antes de passarmos às análises das primeiras páginas propostas no presente trabalho, é importante explicitar o que entendemos por mídia de referência e popular ou alternativa. A definição se faz necessária para desenvolvermos de forma adequada as análises dos discursos demonstrados no próximo item.
O jornalismo popular carrega diferenças editoriais em relação à chamada mídia de referência, principalmente quando se refere aos valores notícias, critérios editoriais que ditam sobre o que prioritariamente se ocupa aquela mídia. É nesse segmento que se enquadra o jornal Extra, enquanto o Estado de Minas atua na divisão de jornais de referência.
Nessa perspectiva, o jornalismo popular tem sempre uma abordagem mais próxima de seus leitores, com enfoque principalmente em fatos próximos geográfica ou culturalmente de seu público-alvo, além da capacidade de entretenimento. É o que demonstra o Quadro 1 a seguir, proposto por Amaral (2006):
Observa-se que o valor notícia primordial para a mídia popular é a capacidade de entretenimento e a proximidade geográfica ou cultural com seu público-alvo, que supera qualquer outro vínculo da notícia, enquanto a mídia de referência prioriza o indivíduo e os impactos na nação.
Essas diferenças são fundamentais para compreendermos melhor as formas de produção do jornalismo e assimilar a abordagem jornalística das queimadas na Amazônia. A gravidade da situação leva até mesmo o jornalismo popular a deslocar em relação a seus valores, notícias tradicionais para se ocupar de um acontecimento de proporções nacionais e internacionais, reforçando nossa premissa de serem as tragédias ou catástrofes as principais impulsionadoras dos conteúdos sobre meio ambiente na mídia jornalística.
As queimadas na Amazônia
A partir do dia 10 de agosto de 2019 as queimadas aumentaram significativamente na Amazônia legal e, como resultado, dizimaria um total de 29.944 km do bioma, o equivalente a 4,2 milhões de campos de futebol. O “dia do fogo”, como a data ficou conhecida, foi a convergência de embates entre a política do novo governo brasileiro naquele momento e o capitalismo extrativista contra dados científicos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e das organizações de proteção ao meio ambiente.
Um mês antes, em julho, os dispositivos jornalísticos já noticiavam dados, com base no INPE, sobre o aumento de 278% do desmatamento da floresta amazônica em relação ao ano anterior. A publicização dessas informações fez com que o governo se posicionasse contra as metodologias praticadas pelo INPE, gerando acusações por parte do presidente do Brasil à fidedignidade dos dados, atribuindo interferência de organizações não governamentais com perspectiva de desmoralizar a imagem do governo.
Esse embate já havia pautado a imprensa mundial sobre a situação do desmatamento na Amazônia, além da fragilização diplomática do Brasil frente à França e Alemanha, que se preocuparam com os investimentos que fizeram junto a programas do governo brasileiro para preservar o bioma amazônico em território nacional.
O “dia do fogo”, como noticiado pelo jornal Folha do Progresso, periódico da cidade de Novo Progresso, localizada no estado do Pará, era um modo dos proprietários de pastagens e terras prontas para o desmate, manifestarem ao presidente Jair Bolsonaro que estavam prontos para o trabalho. O modus operandi da manifestação era promover as queimadas em biomas que ladeavam a BR-163, rodovia federal que corta o estado do Pará.
Esses acontecimentos pautaram por meses a imprensa nacional e internacional, que tiveram à disposição um vasto material jornalístico sobre as queimadas e devastação da floresta amazônica e os seus efeitos no clima local, a avidez da exploração por grileiros, mineradoras e fazendeiros, além de revelar um imbróglio diplomático sobre as verbas recebidas de outros países para a conservação da floresta amazônica.
Percurso metodológico
As capas do jornais Estado de Minas e Extra, ambas do dia 23 de agosto de 2019, foram examinadas nesta pesquisa sob a ótica da Análise do Discurso (AD). Este tipo de análise apresenta uma diversidade de enfoques no estudo de textos, não sendo possível haver uma única “análise de discurso”. Porém, todas as compreensões de análise partilham da “rejeição da noção realista de que a linguagem é simplesmente um meio neutro de refletir, ou descrever o mundo, e uma convicção da importância central do discurso na construção da vida social” (GILL, 2002, p. 244).
Conforme Mutti (2003), a Análise do Discurso (AD) carrega a intenção de interrogar os sentidos definidos em várias formas de produção, em textos verbais ou não-verbais, sendo necessário apenas que sua materialidade produza sentidos para possíveis interpretações. Já Orlandi (2015) aponta que a AD enxerga para além do que está dito, o texto não somente na sua forma estrutural, mas leva em conta os aspectos sociais e culturais.
O enquadramento sobre a cobertura das queimadas na Amazônia estampada na capa dos jornais, somado aos critérios de noticiabilidade que a definiram, revelam a capacidade da imagem em resumir e compor a percepção da cobertura por um sentimento particular e predominante. Nesta análise, temos dois jornais, sendo um mineiro e que desenvolve o jornalismo de referência (Estado de Minas), enquanto o outro é carioca e conhecido por praticar o jornalismo popular (Extra).
Portanto, ademais da Análise do Discurso, é relevante analisar as imagens em si, considerando as fotografias que estampam as capas dos analisados, onde mostram a devastação da Amazônia brasileira, nas edições do dia 23 de agosto de 2019. Com isso, podemos entender a importância da seleção visual presente nas publicações. Cada imagem, conforme Coutinho (2011), representa um recorte da sociedade, de um fato ou situação. Logo, este processo presume diversas escolhas feitas no momento de definição da imagem ideal para ilustrar as capas, ou seja, os descartes são partes do processo.
Por isso, a concepção de fotografia como instrumento de construção da realidade, sendo sujeita a interpretações subjetivas, “tanto do produtor quanto do receptor da mensagem visual, não subtrai porém a validade da Análise da Imagem como documento” (COUTINHO, 2011, p. 332). Desta forma, este tipo de pesquisa é especialmente válido quando se propõe investigar imagens impressas em veículos de comunicação, como por exemplo, revistas, jornais, cartazes, propagandas etc.
Coutinho (2011) afirma ainda que, em geral, nas análises de uma ou mais fotografias se destaca, “além da relação da imagem fotográfica com o objeto eternizado por ela, uma perspectiva simbólica do registro visual estático” (2011, p. 340). Nesse sentido, conforme a autora, a fotografia pode ser mais que a reprodução de uma parte da realidade, sendo possível descobrir na construção de uma cena, “o que nosso exercício diário de observação não foi capaz de fazer” (NEIVA JUNIOR, 1986, p. 63).
Um fato: duas perspectivas
No dia 23 de agosto de 2019, grande parte do jornalismo brasileiro teve como foco as queimadas ocorridas na Amazônia. Dadas as extensas proporções das chamas e a incapacidade de combater o fogo, foi natural que as atenções se concentrassem nos aspectos trágicos do acontecimento, principalmente para caracterizar o descontrole e as afetações tanto para o meio ambiente quanto para a saúde humana. Foi nesse contexto que selecionamos as capas dos jornais Estado de Minas e Extra para que possamos compreender como dois segmentos distintos do jornalismo se ocuparam de um mesmo fato (Figura 1). Nesta data, as primeiras páginas das publicações foram às bancas dessa forma:
Em suas respectivas capas, cada publicação traz a seus leitores a notícia da devastação na Amazônia. Enquanto, o Estado de Minas é direto e objetivo no discurso, com a manchete “Pegou Fogo”, o Extra mostra um direcionamento claro a seu leitor, ao questionar: “Isso é Progresso?”, estampado justamente no lugar da frase da bandeira nacional, que originalmente seria “Ordem e Progresso”. Apesar da diferença discursiva, que poderia nos levar a um distanciamento, a estética sensacionalista prevalece em ambas as capas: a imagem do fogo que abre caminho e serpenteia a floresta, com o fundo propositadamente enegrecido, presente no Estado de Minas, provoca o leitor ao verificar o descontrole das chamas e a destruição da flora e fauna da região. Já o Extra utiliza uma fotografia aérea tanto em sua capa principal como em sua contracapa que, aberta, conforme a Figura 1, simula a bandeira brasileira e instiga o leitor a ver que o verde da floresta, no espaço inferior, vai secando, perdendo a vida até o ponto superior. Como o verde da bandeira é sempre associado à riqueza das florestas do país, a mensagem é clara: nosso verde está acabando.
Desse modo, podemos dizer que o sensacionalismo está presente na estética, apoiado no discurso, exposto nas capas dos jornais. Nesse contexto, entendemos como sensacionalismo:
[...] o estilo jornalístico caracterizado por intencional exagero da importância de um acontecimento, na divulgação e exploração de uma matéria, de modo a emocionar ou escandalizar o público. Esse exagero pode estar expresso no tema (no conteúdo), na forma do texto e na apresentação visual (diagramação) da notícia (RABAÇA e BARBOSA, 2001, p. 666-667).
Nas capas em análise, encontramos sua materialização na forma, no enquadramento e no conteúdo com a pergunta do jornal Extra. Nesse ponto, as duas publicações se encontram diante de um discurso antropocêntrico, em que a catástrofe do fogo é explicada pela ação humana, uma estrutura aberta que se distancia dos fait divers tratados por Roland Barthes (1966).
Mesmo com uma diferença na abordagem da manchete principal, encontramos pontos de aproximação entre as duas capas. É certo que atendem diferentes segmentos de leitores. Entretanto, é preciso lembrar que os jornais integram os anseios, os desejos e a realidade da sociedade e, como tal, ajudam os interlocutores a compreenderem o cotidiano no qual estão inseridos.
Essa percepção do mundo exterior é afetada a cada nova edição e exposição ao discurso assumido pelas publicações. Nesse aspecto, Charaudeau (2006) aponta que as mídias assumem um propósito bem definido na escolha do recorte e no tratamento dos acontecimentos. Mesmo com artifícios para criar um efeito de objetividade e distanciamento, também concebem uma “descrição dramatizante, produzindo um efeito emocional suscetível de despertar, naquele que se informa, instintos de voyeurismo ou medo” (CHARAUDEAU, 2006, p. 129).
O autor prossegue destacando que as mídias escolhem as formas como noticiarão os fatos, assumindo para isso discursos que podem ser descritivos, narrativos ou argumentativos, e que podem se basear tanto nos relatos apurados e observados pelo repórter, como partir de discursos relatados, ou seja, a narrativa das fontes e dos entrevistados.
Ao escolherem a forma como vai explicar um fato, a mídia se vale da tentativa de esclarecer os motivos que levaram até àquela situação, “quais foram as intenções de seus autores, as circunstâncias que o tornaram possível, segundo qual lógica de encadeamento, enfim, que consequências podem ocorrer” (CHARAUDEAU, 2006, p. 154).
Nas capas dos jornais apresentados na Figura 1, as possíveis explicações estão presentes nos textos das chamadas, que visam, principalmente, esclarecer e reforçar as manchetes principais. Do Estado de Minas, para além do texto jornalístico presente na chamada, se destacam também as letras e fontes, inseridas entre aspas que reproduzem a declaração do presidente Jair Bolsonaro: “Têm suspeitas de produtor rural aproveitando e pondo fogo. Vocês querem aumentar a área de produção? Tudo bem. Mas não é dessa forma. - Jair Bolsonaro, presidente da República, na noite de ontem”.
Já o Extra, em sua chamada jornalística, traz um texto discursivo que aponta responsabilidades pelos incêndios, principalmente dos gestores públicos, indicando a importância de agir continuamente em prol do patrimônio ambiental: “É preciso pressa! Apontar responsabilidades de governantes do passado e do presente é importante e necessário, mas só isso não apaga o fogo que está consumindo as matas e matando animais”.
Observemos que a notícia ambiental é destaque nas capas em razão da tragédia e da incerteza sobre a origem das chamas, bem como das ações efetivas para controlar o incêndio que devasta milhares de quilômetros quadrados todos os dias. Nas manchetes principais há abordagem diferenciada entre “Pegou Fogo” (Estado de Minas) e “Isso é progresso?” (Extra), sendo que a primeira, de modo afirmativo, confirma ao interlocutor o que se vê na paisagem panorâmica materializada na fotografia. Por outro lado, na segunda manchete, o texto provoca, questiona e instiga o receptor a pensar, da sua maneira, em possíveis respostas para o problema. Além disso, a capa do Extra também traz um texto de apoio indicando um agente causador desses acontecimentos, isto é, coloca os gestores públicos no centro da tragédia, já que por décadas trabalham em ações descontinuadas e ausência de políticas públicas ambientais, o que tem facilitado o processo de devastação ambiental.
As publicações exploram e ampliam a tragédia, buscam despertar em seus leitores sentimentos, seja ele político - por meio da fala do presidente - seja pela proposta de reflexão sobre os significados de progresso à custa da destruição ambiental e da eliminação de inúmeros seres vivos do bioma amazônico. Nesse ponto, o discurso do jornal Extra é mais incisivo. Mesmo caracterizado como uma mídia voltada a um segmento de leitores que, em tese, não se ocupam de grandes temas nacionais ou internacionais, a publicação carioca provoca seu leitor no sentido de superar a consciência ingênua (FREIRE, 1980), inserindo conteúdos textuais que ajudam a despertar a consciência ambiental, que, pelo lado do chamado “jornal de referência”, aparentemente é deixado de lado em nome da politização, incluindo todos os espectros políticos da arena pública, citando “governantes do passado e do presente”, como responsáveis pela devastação, ou seja, busca-se por culpados, sem isenção e, para isso, inserem uma imagem na capa que ocupa três quartos de sua primeira página. Nesse sentido, o jornal tende a cumprir aquilo que é esperado por seu leitor, envolver personagens públicas, figuras importantes e discursos com impactos no cenário local, regional e nacional. É a publicação cumprindo o seu contrato comunicacional, envolvimento e engajamento, a partir dos relatos.
Ao verificarmos os requisitos e pressupostos da notícia, a queimada ocorrida na Amazônia não preenche nenhum dos pré-requisitos de valor notícia do jornalismo popular, como demonstrado no Quadro 1, entretanto, é dele que se ocupa a capa, a contracapa, a manchete e o texto de chamada do Extra. Com isso, consideramos que no deslocamento do jornalismo popular, este se mostrou mais incisivo com seus leitores do que a própria mídia de referência analisada neste trabalho, fazendo com que a publicação carioca cumprisse de forma mais efetiva um dos mais relevantes princípios do jornalismo, indo além do reportar, transmitir a mensagem, mas provocar, instigar e auxiliar no processo das mudanças de consciência e atitudes concretas.
Considerações finais
Um dos principais elementos que diferenciam o jornalismo ambiental da espetacularização sobre um fato relacionado a meio ambiente é a inclusão do cidadão no debate e de como o meio ambiente afeta a vida das pessoas. Neste estudo, refletimos sobre a possibilidade das capas dos jornais, ao cobrirem desastres ambientais, trazerem elementos do jornalismo ambiental. Para tanto, ao longo do artigo foram traçados os fatores que embasavam a preocupação dessa modalidade de jornalismo, como os princípios de informação e educação ambiental. Por outro lado, constata-se que muitas vezes o jornalismo ainda preza pelo discurso sensacionalista para atrair a atenção momentânea dos interlocutores.
Dessa forma, a partir da análise textual discursiva, foi possível comparar as capas dos jornais Estado de Minas e Extra publicados em agosto de 2019, no início das queimadas na Amazônia, conhecida como o “dia do fogo” e, observamos que as publicações trouxeram elementos que se relacionam com o trágico, especialmente no enquadramento estético, mas no discurso textual manifestaram preocupação com o presente e o futuro, indicando responsabilidades dos agentes públicos e incentivando as pessoas a pensar e agir em defesa do meio ambiente.
Diante disso, identificamos a necessidade de superar o discurso de que a origem e a solução para os problemas ambientais estão centradas no binômio comunicação e informação. A comunicação e a informação são processos de mediação e permitem que os cidadãos se conscientizem sobre as questões ambientais. Mas é preciso garantir pautas, narrativas e posicionamentos mais aprofundados, para além das notícias sensacionalistas. Evidenciamos, por fim, que o jornalismo ambiental pode ser um espaço que serve de estímulo às mudanças de comportamento em relação às questões ambientais. Sendo assim, não é possível olhar apenas para o acontecimento, é necessário pensar na processualidade, na tomada de consciência e nas formas das pessoas interagir e agir com a casa comum (BOFF, 2017).
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Pertence ao grupo Diários Associados e é considerado um dos jornais mais tradicionais de Minas Gerais. Ao longo de sua trajetória, firmou-se como jornal de referência com circulação diária.
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Sediado na cidade do Rio de Janeiro, é um dos braços das Organizações Globo no Brasil. Em junho de 2020 registrou tiragem média de 88.100 exemplares de segunda a sábado e 157.100 aos domingos. Segundo o jornal, 58% de seus leitores são da Classe C e 15% das Classes D e E.
Disponibilidade de dados
Os autores declaram que os dados que suportam a pesquisa estão contidos no artigo e/ou material suplementar.
Referências
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- BARTHES, R. Structure du fait divers Paris: Seuil, 1966.
- BOFF, L. Ética e espiritualidade: como cuidar da casa comum. Petrópolis: Editora Vozes, 2017.
- BUENO, W. Comunicação, jornalismo e meio ambiente: teoria e pesquisa. São Paulo: Majoara Editorial, 2007.
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Editado por
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Editora responsável: Maria Ataide Malcher
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Assistente editorial: Aluzimara Nogueira Diniz, Julia Quemel Matta, Suelen Miyuki A. Guedes and Weverton Raiol.
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
11 Dez 2023 -
Data do Fascículo
2023
Histórico
-
Recebido
04 Abr 2021 -
Aceito
29 Out 2023