Open-access TRÂNSITOS CULTURAIS: AS EXPERIÊNCIAS DOS PRIMEIROS CLUBES ATHLETICOS DO RIO DE JANEIRO (1873-1883)

CULTURAL TRANSIT: THE EXPERIENCES OF EARLY ATHLETIC CLUBS IN RIO DE JANEIRO (1873-1883)

TRÁNSITOS CULTURALES: LAS EXPERIENCIAS DE LOS PRIMEROS CLUBES ATLÉTICOS DE RIO DE JANEIRO (1873-1883)

Resumo

No Rio de Janeiro do século XIX, na conformação do campo esportivo, em conjunto com brasileiros, houve a importante participação de estrangeiros, notadamente de oriundos do Reino Unido. Pari passu, os anglófonos criaram suas agremiações próprias. As pioneiras foram dedicadas ao críquete, modalidade muito relacionada ao ethos britânico. Na década de 1870, fundaram sociedades dedicadas a promover competições de “esportes atléticos” - provas de corridas, arremessos e saltos, primórdios do atletismo no Brasil. Importa perguntar: essas iniciativas influenciaram o desenvolvimento de hábitos esportivos dos fluminenses? Para responder tal questão, este estudo teve por objetivo discutir as experiências dos clubes atléticos criados na Corte entre os anos de 1873 e 1883, primeiro momento de estruturação da nova prática. Como fontes, foram utilizados periódicos publicados na cidade. Ao fim, percebe-se que se tratou de um processo de trânsito cultural, entendido como uma postura ativa de apropriação e ressignificação de bens e representações.

Palavras chave: História; Esportes; Atletismo; Rio de Janeiro

Abstract

In 19th century Rio de Janeiro, when the sports field was being shaped, foreigners’ participation- notably UK nationals - played a major role, together with Brazilians. At the same time, Anglophones created their own associations. The early ones were dedicated to cricket, which was highly connected to British ethos. In the 1870s, they founded societies dedicated to promoting competitions of “athletic sports” - running, throwing and jumping, the beginnings of athletics in Brazil. Did these initiatives influence the development of sports habits in Rio de Janeiro? To answer such question, this study discusses the experiences of athletic clubs created under the Court between 1873 and 1883, the first stage in structuring the new practice. Newspapers and magazines published in the city were used as sources. At the end, it is perceived that it was a process of cultural transit, understood as an active stance of appropriation and re-signification of goods and representations.

Keywords: History; Sports; Athletics; Rio de Janeiro

Resumen

En el Rio de Janeiro del siglo XIX, en la conformación del campo deportivo hubo, en conjunto con brasileños, importante participación de extranjeros, especialmente de oriundos del Reino Unido. Pari passu, los anglófonos crearon sus propios gremios. Los pioneros fueron dedicados al cricket, modalidad muy relacionada al ethos británico. En la década de 1870 fundaron sociedades dedicadas a promocionar competiciones de “deportes atléticos” -pruebas de carreras, lanzamientos y saltos, que marcaron el comienzo del atletismo en Brasil. Es importante preguntar: ¿esas iniciativas influenciaron el desarrollo de hábitos deportivos de los habitantes de Rio de Janeiro? Para responder a esta cuestión, este estudio tuvo por objetivo discutir las experiencias de los clubes atléticos creados en la Corte entre los años 1873 y 1883, primer momento de estructuración de la nueva práctica. Como fuentes, se utilizaron periódicos publicados en la ciudad. Se percibe que se trató de un proceso de tránsito cultural, entendido como una postura activa de apropiación y resignificación de bienes y representaciones.

Palabras clave: Historia; Deportes; Atletismo; Rio de Janeiro

1 INTRODUÇÃO

No Rio de Janeiro, a pioneira gestação de um mercado de entretenimentos se pode observar no último quartel do século XVIII, pari passu com uma nova estruturação urbana decorrente da sua assunção à condição de capital do Vice-Reinado1 (MELO, 2016a). Outro impulso houve com a chegada da família real portuguesa ao Brasil (1808). A transformação da cidade em sede do Império desencadeou um processo de mudanças que impactou o desenvolvimento das diversões públicas2 (MELO, 2016b). Na década de 1850, essa conformação se tornou ainda mais notável com os movimentos de consolidação da jovem nação independente. O delineamento de divertimentos foi estimulado pelos novos ordenamentos no âmbito da política, cultura e economia3 (MELO; PERES, 2014; MELO; KARLS, 2018).

Depois de um período de latência - na segunda metade da década de 1860, sentiu-se o impacto da Guerra do Paraguai, de uma crise financeira e de epidemias diversas - nos anos 1870, recrudesceu na cidade a estruturação de um mercado de entretenimentos4 (MELO, 2017a; MELO, 2018), alguns dos quais, oriundos do exterior, chegaram ao Brasil mais amiúde a bordo de navios a vapor mais rápidos, noticiados por uma imprensa progressivamente conectada com o mundo, em muitas ocasiões dirigidos por estrangeiros que desembarcavam esperando aproveitar as oportunidades de negócios que surgiam no jovem país.

A conformação do campo esportivo integrou a estruturação desse mercado de entretenimentos na cidade. Nos seus momentos iniciais, em conjunto com brasileiros, houve a importante participação de estrangeiros - notadamente oriundos do Reino Unido -, algo notável nas primeiras iniciativas relacionadas ao turfe e ao remo (MELO, 2001; MELO, 2014; MELO, 2015). Pari passu, os anglófonos criaram suas agremiações esportivas próprias. As pioneiras foram dedicadas ao críquete, uma modalidade muito ligada ao ethos britânico (BIRLEY, 1999; MALCON, 2012; MELO, 2017b).

Outras agremiações dedicadas a diferentes esportes também foram criadas pelos britânicos, caso de alguns clubes atléticos fundados no Rio de Janeiro nos anos 1870. Essas sociedades se dedicavam a promover provas de “corridas a pé” (denominação adotada para que não se confundisse com as “corridas de cavalos” e “corridas de barcos”) e “jogos atléticos” (termo que englobava os arremessos e saltos, mas também atividades como cabo de guerra, corrida do ovo na colher ou corrida de saco). A modalidade era chamada de athletic sports (“esportes atléticos”). Trata-se dos primórdios do atletismo no Brasil.

Importa perguntar: essas iniciativas influenciaram o desenvolvimento de hábitos esportivos dos fluminenses? Para responder tal questão, este estudo teve por objetivo discutir as experiências dos clubes atléticos criados no Rio de Janeiro entre os anos de 1873 e 1883, momento em que as provas de corridas a pé e jogos atléticos começaram a ser promovidas e se tornar conhecidas.

Como fontes, foram utilizados periódicos publicados na Corte, tratados a partir do que sugere Luca (2005). O material foi consultado na Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional tendo-se em conta todos os títulos disponíveis na base. Foram utilizadas palavras-chave para localizar as citações ao tema, selecionadas a partir da estruturação do artigo para debate do problema central.

Consideraram-se os escritos de cronistas como posicionamentos que devem ser prospectados na sua materialidade, entendidos a partir do perfil do jornal/revista, embora nem sempre se limitem ou se enquadrem nesse modelo. Como boa parte das informações foram obtidas em anúncios ou pequenos informes dos clubes, nesses casos não se teve em conta o perfil do veículo (até mesmo porque usualmente eram publicados em vários ao mesmo tempo).

Outros estudos já se dedicaram a discutir os trânsitos culturais promovidos no âmbito esportivo a partir das iniciativas de britânicos. Alguns deles se debruçaram mais sobre ocorrências da década final do século XIX (MELO, 2017b; MELO, 2017c; MELO; SANTOS JUNIOR, 2018; MELO; GONÇALVES, 2019), se somando àqueles que buscaram compreender os primeiros movimentos de estruturação do campo esportivo (MELO, 2001; MELO, 2014; MELO, 2015). O intuito deste artigo é contribuir para entender os movimentos intermediários desse processo, descortinando as ações entabuladas ao redor de uma modalidade, no Brasil, ainda pouco investigada academicamente do ponto de vista de sua história: o atletismo.

2 AS PRIMEIRAS INICIATIVAS: O PAPEL DOS BRITÂNICOS (1873-1880)

Sempre originais os ingleses! As corridas sendo um meio de melhorar a raça, enquanto os outros povos fazem correr o cavalo, eles, os ingleses, são os próprios a correr. Está aí um egoísmo bem entendido (REVISTA ILUSTRADA, 1881, p. 3)5.

Até os anos 1860, não encontramos evidências da promoção de competições de corridas a pé e jogos atléticos na cidade do Rio de Janeiro. Todavia, já é possível identificar referências à modalidade em notícias sobre a Inglaterra publicadas nos periódicos fluminenses6. A prática era identificada como tipicamente britânica.

Assim sendo, não é impossível que a modalidade tenha sido experenciada no âmbito do British Cricket Club, primeira agremiação de críquete fundada no Rio de Janeiro, pioneira sociedade esportiva dos anglófonos estabelecidos no Brasil (MELO, 2017b)7. Criada em meados da década de 1850, foi mais uma das iniciativas associativas da colônia8, se somando, por exemplo, entre outras, à British Subscription Library, criada em 1826, dedicada à difusão de literatura na língua inglesa.

No Rio de Janeiro do século XIX, a criação de agremiações por estrangeiros tinha em conta fortalecer os interesses dos envolvidos e cultuar laços culturais em comum (FONSECA, 2008). Os britânicos já traziam esse hábito de seus países de origem9. Além disso, para eles era uma estratégia relacionada ao quadro de tensões que os cercavam na cidade em função de sua posição protagonista na economia e na política. Eram um grupo pouco integrado, encarado mesmo com alguma estranheza, ainda que isso não tenha impedido iniciativas de contato e de trânsito cultural (GRAHAM, 1973; FREYRE, 1977). Em vários âmbitos, se percebe sua influência.

Nos anos 1850, o British Cricket Club não deixou muitos indícios de funcionamento, mas sabe-se que chegou a participar de regatas e que tinha caráter multiesportivo. Nos anos 1860, renomeado para Rio British Cricket Club, se tornou mais bem estruturado, mais ativo e mais visível para uma parte da população, ainda que tenha enfrentando interrupções em sua trajetória (MELO, 2017b).

Há que se ter em conta que, naquela década, a agremiação sentiu os já citados impactos que penderam sobre o mercado de entretenimento. Apesar disso, a beneficiou o aumento da presença de britânicos no Brasil em função da sua participação na instalação de infraestrutura urbana, bem como de ferrovias e fábricas (LOBO, 1978; CASTRO, 1979; PAULA, 2012). Se a rotatividade ainda era marca da colônia, em maior número passaram a constituir famílias e se enraizar, o que facilitou a organização de iniciativas mais duradouras.

Não surpreende, assim, que, nos anos 1870, tenha surgido uma mais duradoura e estruturada agremiação esportiva de britânicos, o Rio Cricket Club, fundado em 1872, com sede no bairro de Botafogo. Entre seus associados se encontravam alguns importantes nomes da colônia, entre os quais George Cox, um dos mais ativos líderes de iniciativas de anglófonos em todos os âmbitos, inclusive no esportivo. Além de competidor e dirigente, foi pai de Oscar Cox, que se tornou, na virada dos séculos, um dos protagonistas na estruturação do futebol no Rio de Janeiro (MELO, 2017b; MELO, 2017c).

Mesmo se tratando de um terreno aquém do que desejava a diretoria, claros foram os esforços para dotar a sede de boas condições para acolher a prática de diferentes modalidades, o que acabou atraindo e estimulando a estruturação de outras iniciativas esportivas da colônia britânica. No mesmo ano de fundação do Rio Cricket Club, um grupo de anglófonos se organizou para promover athletic sports (JORNAL DO COMÉRCIO, 1872, p. 4). As reuniões, realizadas na British Library, tiveram como líder E. W. May10, dirigente da agremiação de críquete e um dos artífices da criação do The British and American Club11.

Em 1873, essa agremiação começou a promover festivais atléticos na sede do Rio Cricket Club: provas de corridas, arremessos e saltos, de formatos diversos, à moda do que era usual na Grã-Bretanha. Somente sócios poderiam competir, mas, mediante pagamento de ingressos, a entrada para os eventos era franqueada a todos. De toda forma, eram mesmo os britânicos os principais interessados e assistentes esperados. Os anúncios e informes, a propósito, somente eram publicados em inglês. Poucos brasileiros puderam ou tiveram interesse de se envolver com a prática.

Figura 1
Anúncio de evento do The British and American Club

O The British and American Club promoveu durante muitos anos, com certa regularidade, tais eventos. Muitos membros da colônia britânica tomaram parte como organizadores, corredores e público. A diplomacia do Reino Unido, Estados Unidos e França era presença constante. A família imperial também, sinal de prestígio para a agremiação.

Foram sempre amistosas as relações entre as duas agremiações esportivas que compartilhavam associados e dirigentes. Em 1878, quando o The British and American adquiriu uma sede social no bairro das Laranjeiras, constantemente a cedeu para reuniões de diretoria e eventos sociais do Rio Cricket. De toda forma, o clube atlético tentou promover seus eventos em outros espaços, como no Prado Fluminense, hipódromo pioneiro da cidade (REVISTA DA SOCIEDADE JOCKEY-CLUBE, 1875). Nesse momento, percebe-se que já havia certa intenção em difundir a nova modalidade, embora jamais se abandonasse a sua mobilização como estratégia de fortalecimento da identidade da colônia britânica.

A partir de 1878, foi aberta a possibilidade de não sócios do clube participarem como competidores, desde que fossem membros das colônias britânica e norte-americana (THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 1878a, p. 2)12. Nesse ano, observou-se a presença de muitos brasileiros nas arquibancadas (THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 1878b, p. 3). Trata-se do que já identificara Melo (2017b, p. 185) acerca das sociedades de críquete: “A despeito de serem atividades muito direcionadas à colônia, aparentemente havia algum grau de abertura para a participação de fluminenses”.

Paulatinamente, a imprensa passou a dar mais atenção às iniciativas atléticas. Para um cronista, as atividades do “Clube Anglo-Americano” seriam “um testemunho do zelo com que a raça anglo-saxona cuida do aperfeiçoamento da sua educação física” (O GLOBO, 1877, p. 2)13. Sintonizados com as mudanças em curso na sociedade fluminense, indicador do aumento das preocupações com a saúde e higiene (SAMPAIO, 2001; CHALHOUB et al., 2003), alguns periodistas passaram a expressar o desejo de que os brasileiros também participassem desses eventos e se envolvessem com a modalidade.

Reconhecia-se, contudo, que os athletic sports eram ainda pouco conhecidos fora da colônia britânica, sendo de maior interesse para as “muitíssimas famílias inglesas” que enchiam as arquibancadas (GAZETA DE NOTÍCIAS, 1877, p. 1)14. Logo isso começaria a mudar, graças, inclusive, às ações de uma nova agremiação.

3 O ENVOLVIMENTO DE BRASILEIROS

Em 1880, o British Amateur Athletic Sports assumiu o protagonismo da promoção de eventos da modalidade. Liderava a iniciativa gente conhecida da colônia britânica, entre os quais o já citado George Cox. Os anglófonos seguiam protagonistas - eram os organizadores, árbitros e maior parte dos corredores, mas a participação nas provas foi aberta “para amadores de qualquer nacionalidade” (GAZETA DE NOTÍCIAS, 1880a, p. 6), inclusive brasileiros.

Os anúncios passaram a ser publicados em inglês e português, indício de que se pretendia alcançar públicos maiores. O informe na língua nacional foi mesmo mais descritivo, deixando claro não só que os brasileiros interessados poderiam tomar parte como competidores, como também os procedimentos para que a inscrição para tal fosse realizada.

Figura 2
Anúncio de evento a ser realizado em 7 de setembro

Figura 3
Anúncio de evento a ser realizado em 7 de setembro

A promoção de um evento nas dependências do Rio Cricket, no dia 7 de setembro de 1880, celebração da independência do Brasil que contou com a presença do Imperador e família, foi um indício da maior relação dos britânicos com o governo, bem como da intenção de promover mais contatos com os fluminenses. Como sugere Fonseca (2008, p. 159): “No caso das sociedades ligadas a uma nacionalidade, é comum que garantam comemorar não só as datas nacionais do país de origem, como também as brasileiras, demonstrando assim o enraizamento na sociedade de acolhimento”.

Naquele ano, teve início uma nova fase do Rio Cricket, quando se transferiu para um grande terreno localizado no bairro de Laranjeiras, em frente ao palácio onde viviam a Princesa Isabel e o Conde D’Eu, proprietários do espaço onde foi instalada a nova sede (MELO, 2017b). Certamente sua presença nos eventos do clube de críquete e do The British and American Club foi um dos fatores que os aproximou.

A diretoria do Rio Cricket não planejou a nova sede apenas para os jogos de críquete, mas também para a prática de outros esportes, entre os quais os “atléticos” (se construiu pista para corridas e instalações para arremessos e saltos). Na verdade, mais do que acolher eventos de outras agremiações, o clube de críquete passou a organizar suas próprias competições de athletic sports.

Uma de suas inovações foi dar maior atenção e sempre inserir provas para meninas, fortalecendo um hábito adotado por outras agremiações. Os eventos atléticos se tornaram uma das ocasiões em que as mulheres desempenharam protagonismo em um momento em que se distendiam os costumes no que tange à sua participação social. As moças, a propósito, ocuparam espaço também em outras modalidades incentivadas pela agremiação, especialmente no tênis, até mesmo no críquete (MELO, 2017b). Deve-se considerar a importância desse envolvimento no que tange ao processo de aceitação de novos papéis femininos desempenhados.

Há também que se registrar que nos clubes atléticos sempre houve provas para crianças e adolescentes. De um lado, tratava-se de oferecer uma prática que, de alguma forma, já conheciam por suas brincadeiras cotidianas. De outro, apresentavam-se, desde cedo, as peculiaridades do esporte, um processo educacional típico dos britânicos que depois foi adotado pelas agremiações nacionais.

Por vezes, nem sequer se instituíram apostas nesses páreos. Mas, já que houve em algumas ocasiões, se discutiram formas de melhor controlar a idade a fim de ninguém lograr vantagem. Na verdade, muitas foram as críticas aos excessos de competitividade que ocorreram em certas provas infantis (DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 1885, p. 1)15. Havia a preocupação de não perder de vista que a participação nas corridas deveria ser considerada como uma estratégia educacional para os petizes.

Assim como no caso do British Amateur Athletic Sports, os eventos do Rio Cricket costumavam contar com grande público e a constante presença da família imperial, que participava inclusive nas cerimônias de premiação, um sinal de prestígio e de que os monarcas estavam sintonizados com iniciativas de modernização da sociedade fluminense (THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 1883, p. 3). Seus anúncios eram publicados em inglês e português, um sinal de que também pretendiam ampliar o perfil dos envolvidos. Nas competições dessas agremiações, os brasileiros começaram a se envolver como corredores, não mais só como público.

Figura 4
Anúncios de evento

Uma crônica publicada na Gazeta de Notícias (1880b, p. 1) foi dedicada a comentar a performance de dois brasileiros que tomaram parte nas corridas como competidores16. O periodista retomava um antigo argumento: os nacionais ganhariam muito se aprendessem com os anglófonos costumes que cada vez mais se impunham para uma sociedade que desejava progredir. Para ele, a boa performance dos fluminenses era um exemplo a ser seguido.

Julio Dast, cronista da Revista Illustrada, um atento crítico das mudanças em curso na sociedade fluminense, também registrou o frenesi de um dia de athletic sports no ground do Rio Cricket, percebendo que, mesmo tratando-se de uma típica celebração dos britânicos, os páreos contavam cada vez mais com a participação de brasileiros (REVISTA ILLUSTRADA, 1882, p. 1). O periodista do The Anglo-Brazilian Times sugeriu algo semelhante:

Foi especialmente agradável ver, pelo aumento e grande participação de brasileiros, que os esportes atléticos estão se tornando cada vez mais apreciados pela sociedade nativa, assim como por jovens atletas brasileiros, alguns dos quais levaram prêmios de uma maneira muito crível (THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 1881, p. 2).

Entre esses brasileiros que começaram a tomar parte nas provas, um merece destaque: Alberto do Couto. Ele foi um dos artífices da primeira agremiação atlética de Niterói, o Clube Atlético Brasileiro, pioneira iniciativa da modalidade conduzida por brasileiros (ainda que Couto fosse de origem britânica por parte de mãe, não era habituée das iniciativas da colônia) (MELO, 2019). Sua família toda se envolvia com a prática, inclusive sua irmã, Julieta do Couto, um dos destaques nas corridas realizadas no Rio de Janeiro e na capital fluminense.

Fundado em 1881, no bairro do Barreto, o Clube Atlético Brasileiro foi uma das mais longevas e ativas sociedades dedicadas à modalidade, promovendo eventos celebrados como verdadeiras “festas de educação física” e contributos para o progresso e processo civilizacional (MELO, 2019). Ainda que organizadas em Niterói, tais ocasiões contavam com a presença usual de gente do Rio de Janeiro. Os anúncios da agremiação eram também publicados nos periódicos da capital nacional, inclusive aqueles de natureza administrativa (assembleias e reuniões de diretoria).

Um cronista chegou a observar: “É longe, é muito longe, quase na roça, entretanto quem assistiu às corridas do dia 15 não teve saudades da Corte” (GUANABARA, 1883, p. 1)17. Para ele, tratou-se de uma louvável civilizada celebração: “Rapazes e moças, mais moças do que rapazes, aglomeradas numa comunhão de alegria sem convencionalismo, um divertimento sadio e higiênico é o que se encontra no Barreto em dias de corridas”. Percebe-se o exaltar da função educativa do espetáculo, a performance pública informando novas maneiras de ser e se portar.

Com esse aumento do interesse pela modalidade, surgiram novas iniciativas no Rio de Janeiro, inclusive agremiações, como o Clube Atlético Inglês, que também se apresentava como British Athletic Club (GAZETA DE NOTÍCIAS, 1882a, p. 4). Fundado em 1882, era uma sociedade que, distintamente das anteriores, era formada por brasileiros e britânicos. Suas atividades eram promovidas nas dependências do Rio Cricket. Cada vez mais, estrangeiros e nacionais compartilhavam o gosto pelas provas atléticas, sempre se ressaltando seu caráter educacional, algo que ia ao encontro dos interesses de certos setores que pretendiam ver “civilizada” a sociedade fluminense e o país18.

No ano seguinte, surgem notícias do Clube Anglo-Brasileiro, ao que parece não uma agremiação tradicional, mas uma iniciativa empresarial com fins lucrativos dirigida por alguns britânicos (REVISTA ILLUSTRADA, 1883, p. 5). Para realizar seu primeiro evento, aventou contar com a presença da família imperial e arrendar as instalações do Rio Cricket. Os monarcas gentilmente declinaram o convite (O GLOBO, 1883, p. 1), o clube de críquete informou pelos jornais que não tinha qualquer relação com a iniciativa (JORNAL DO COMÉRCIO, 1883b, p. 7).

Na verdade, não se aceitou o formato proposto. Para os líderes dos esportes atléticos e alguns cronistas, não se devia macular o caráter educacional da prática, a transformando num negócio mais à moda das corridas de cavalos. Nessa modalidade, as apostas eram até mais aceitas, mas isso não seria tão adequado no que tange ao atletismo, cujo fim deveria ser o desenvolvimento humano e social.

De toda forma, vale o registro de que se tenha identificado a maior popularidade da modalidade a ponto de se empreender ao seu redor tendo em vista obter lucros. A propósito, é relevante identificar, nesse quadro de ampliação dos envolvidos com a prática, que uma sociedade não esportiva, como a Tenentes do Diabo, uma agremiação carnavalesca renomada, tenha promovido eventos nos quais as corridas (a pé, de bicicletas e de patins) e jogos atléticos tenham tido destaque (GAZETA DE NOTÍCIAS, 1882b, p. 4). Da mesma forma, é digno de nota a fundação do Clube Atlético General Osório, em Nova Friburgo (GAZETA DE NOTÍCIAS, 1883, p. 3). O atletismo se espraiava para o interior do estado do Rio de Janeiro.

Aprendidas as peculiaridades e exaltados os possíveis benefícios dos athletic sports, não tardariam a surgir mais clubes protagonizados por brasileiros. A partir de 1884, esse movimento se tornou mais notável. Trata-se de um tema para outro artigo.

4 À GUISA DE CONCLUSÃO

A despeito de, a princípio, os eventos atléticos serem muito direcionados à colônia britânica, no decorrer do tempo foram se gestando espaços de interface nos quais a sociedade fluminense tomou conhecimento e foi ampliando seu grau de envolvimento com a modalidade. Como sugeriu um cronista: “Ao lado do grande comparecimento de famílias britânicas e americanas, muitos brasileiros e suas famílias com sua presença contribuíram com o embelezamento e brilhantismos dos esportes” (THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 1878c, p. 3). Tratou-se de um processo de trânsito cultural, que deve ser entendido como uma postura ativa de apropriação e ressignificação de bens e representações (CANCLINI, 1997).

No período em tela, percebemos apenas o início de tal processo. Inicialmente, os brasileiros ocupavam as arquibancadas para ver estrangeiros correndo. Posteriormente, também passaram a tomar parte como competidores nas provas promovidas por agremiações de anglófonos. Logo, surgiram os clubes liderados por nacionais e outras iniciativas que chegariam mesmo a causar choque com os membros da colônia britânica, sempre ciosos em defender certos princípios.

Para a consolidação do novo hábito, contribuíram algumas dimensões que marcavam o contexto da época. A melhor estruturação de um mercado de entretenimentos ajudou a chamar a atenção para a nova modalidade, cujo diferencial era explicitamente ser compreendida como uma contribuição à educação social, especialmente dos mais jovens, algo que foi ao encontro dos desejos de progresso e civilização que grassavam em certos setores da sociedade fluminense.

Ao final desse período investigado, ainda não estava instituído um gosto pela modalidade, mas nos primeiros anos da década de 1880 houve passos significativos nesse sentido, algo que se exponenciou a partir de 1884, tema, contudo, de outro estudo.

REFERÊNCIAS

  • THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 23 maio 1878a, p. 2.
  • THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 8 jul. 1878b, p. 3.
  • THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 8 jul. 1878c, p. 3.
  • THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 9 jul. 1881, p. 2.
  • THE ANGLO-BRAZILIAN TIMES, 1 jul. 1883, p. 3.
  • BIRLEY, Derek. A social history of English cricket. Londres: Aurum, 1999.
  • CANCLINI, Néstor García. Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 1997.
  • CASTRO, Ana Célia. As empresas estrangeiras no Brasil: 1860-1913. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.
  • CAVALCANTI, Nireu. O Rio de Janeiro setecentista. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2004.
  • CHALHOUB, Sidney et al. (org.). Artes e ofícios de curar no Brasil: capítulos de história social. Campinas: Ed. Unicamp, 2003.
  • CORREIO Mercantil, 14 ago. 1868, p. 2.
  • DIÁRIO DE NOTÍCIAS, 22 jul. 1885, p. 1.
  • FONSECA, Vitor Manoel Marques da. No gozo dos direitos civis: associativismo no Rio de Janeiro, 1903-1916. Niterói: Muiraquitã, 2008.
  • FREYRE, Gilberto. Ingleses no Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio/MEC, 1977.
  • GAZETA DE NOTÍCIAS, 16 ago. 1877, p. 1.
  • GAZETA DE NOTÍCIAS, 1 ago. 1880a, p. 6.
  • GAZETA DE NOTÍCIAS, 27 jun. 1880b, p. 1.
  • GAZETA DE NOTÍCIAS, 15 jul. 1882a, p. 4.
  • GAZETA DE NOTÍCIAS, 29 out. 1882b, p. 4.
  • GAZETA DE NOTÍCIAS, 13 abr. 1883, p. 3.
  • O GLOBO, 15 ago. 1877, p. 2.
  • O GLOBO, 5 jan. 1883, p. 1.
  • GRAHAM, Richard. Grã-Bretanha e o início da modernização no Brasil. 1850-1914. São Paulo: Brasiliense, 1973.
  • GUANABARA, 21 jul. 1883, p. 1.
  • JEHA, Silvana Cassab. Anphitheatrical Rio! Marítimos americanos na baía do Rio de Janeiro - século XIX. Almanack, n. 6, p. 110-132, 2013.
  • JORNAL DO COMÉRCIO, 13 jun. 1872, p. 4.
  • JORNAL DO COMÉRCIO, 28 maio 1873, p. 3.
  • JORNAL DO COMÉRCIO, 24 maio 1883a, p. 4.
  • JORNAL DO COMÉRCIO, 4 mar. 1883b, p. 7.
  • LOBO, Eulália Maria Lahmeyer. História do Rio de Janeiro: do capital comercial ao capital industrial e financeiro. Rio de Janeiro: IBMEC, 1978.
  • LUCA, Tânia Regina de. História dos, nos e por meio dos periódicos. In: PINSKY, Carla B. (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005. p. 111-153.
  • MALCOLM, Dominic (org.). Globalizing cricket: Englishness, empire and identity. Londres: Blomsburry, 2012.
  • MELO, Victor Andrade de. Cidade Sportiva: primórdios do esporte no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Relume Dumará/Faperj, 2001.
  • MELO, Victor Andrade de. Antes do club: as primeiras experiências esportivas na capital do império (1825-1851). Projeto História, v. 49, p. 1 - 40, 2014.
  • MELO, Victor Andrade de. O sport em transição: Rio de Janeiro, 1851-1866. Movimento, v. 21, n. 2, p. 363 - 376, 2015.
  • MELO, Victor Andrade de. Mudanças nos padrões de sociabilidade e diversão: o jogo da bola no Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX). História, v. 35, e105, p. 1 - 23, 2016a.
  • MELO, Victor Andrade de. Experiências de ensino da dança em cenários não escolares no Rio de Janeiro do século XIX (décadas de 1820-1850). Movimento, v. 22, n. 2, p. 497 - 508, 2016b.
  • MELO, Victor Andrade de. Uma diversão civilizada - a patinação no Rio de Janeiro do século XIX (1872-1892). Locus, v. 23, n. 1, p. 81 - 100, 2017a.
  • MELO, Victor Andrade de. A sociabilidade britânica no Rio de Janeiro do século XIX: os clubes de cricket. Almanack, v. 16, p. 168 - 205, 2017b.
  • MELO, Victor Andrade de. Evidência e especulação: “a origem” do futebol no Rio de Janeiro (1898-1902). Movimento, v. 23, n. 3, p. 819-934, set. 2017c.
  • MELO, Victor Andrade de. Saudável e fashionable: a patinação no Rio de Janeiro do século XIX (1878-1892). Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 40, n. 1, p. 17-23, 2018.
  • MELO, Victor Andrade de. O espetáculo que educa o corpo: clubes atléticos na cidade de Niterói dos anos 1880. História da Educação, v. 23, e85836, p. 1-34, 2019.
  • MELO, Victor Andrade de; GONÇALVES, Michelle Carreirão. Antes do American way of life: experiências com o baseball no Rio de Janeiro e São Paulo da transição dos séculos XIX e XX. História Unisinos, v. 22, n. 3, p. 442-452, set.-out. 2018.
  • MELO, Victor Andrade de, GONÇALVES, Michelle Carreirão. À sombra do futebol: experiências com o rugby nas duas primeiras décadas do século XX. Movimento, v. 25, 2019. Disponível em: https://www.seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/79984/52192 Acesso em: 24 nov. 2019.
    » https://www.seer.ufrgs.br/Movimento/article/view/79984/52192
  • MELO, Victor Andrade de; KARLS, Thaina Schwan. Novas dinâmicas de lazer: as fábricas de cerveja no Rio de Janeiro do século XIX (1856-1884). Movimento, v. 24, n. 1, p. 147 - 160, 2018.
  • MELO, Victor Andrade de; PERES, Fabio de Faria. A gymnastica no tempo do Império. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2014.
  • MELO, Victor Andrade; SANTOS JUNIOR, Nei Jorge. O esporte nos arrabaldes do Rio de Janeiro: o cricket em Bangu (1904-1912). Movimento, v. 24, n. 3, p. 843-858, set. 2018
  • NEEDELL, Jeffrey D. Belle Époque tropical. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
  • NEVES, Lucia Bastos Pereira das. A vida política. In: SILVA, Alberto da Costa (coord.). História do Brasil Nação (1808-2010) - volume 1 - Crise colonial e independência (1808-1830). Rio de Janeiro: Objetiva, 2011. p. 75-114.
  • PAULA, João Antônio de. O processo econômico. In: CARVALHO, José Murilo (coord.). História do Brasil Nação (1808-2010). v 2: A construção nacional (1830-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2012. p. 179-224.
  • REVISTA DA SOCIEDADE JOCKEY-CLUBE, ano. 1, n. 1, 1875.
  • REVISTA ILLUSTRADA, ano 6, n. 254, 1881, p. 3.
  • REVISTA ILLUSTRADA, ano 7, n. 312, 1882, p. 1.
  • REVISTA ILLUSTRADA, ano 8, n. 333, 1883, p. 5.
  • THE RIO NEWS, 15 ago. 1880, p. 4.
  • SAMPAIO, Gabriela dos Reis. Nas trincheiras da cura: as diferentes medicinas no Rio de Janeiro Imperial. Campinas: Ed. Unicamp, 2001.
  • SCHWARCZ, Lilia Moritz. As barbas do Imperador. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
  • SOARES, Luiz Carlos. A Albion revisitada. Rio de Janeiro: 7 Letras/Faperj, 2007.
  • Apoio:
    CNPq, Faperj e Ministério do Esporte.
  • 1
    Para mais informações sobre o período, ver Cavalcanti (2004).
  • 2
    Para mais informações sobre o período, ver Neves (2011).
  • 3
    Para mais informações sobre o período, ver Schwarcz (1998).
  • 4
    Para mais informações sobre o período, ver Paula (2012).
  • 5
    Esse periódico, criado por Angelo Agostini, se caracterizava pela abrangência de assuntos abordados e pelo seu caráter crítico e olhar atento às mudanças em curso na sociedade fluminense.
  • 6
    Ver, por exemplo, Correio Mercantil, 1868, p. 2.
  • 7
    De forma espontânea, há indícios de que, no Rio de Janeiro, já nos anos 1820, os britânicos se envolviam com a prática de esporte, especialmente o críquete.
  • 8
    A colônia britânica era formada por nascidos no Reino Unido, mas também descendentes natos no Brasil ou em outros países. O que importava era um grau de relação familiar e a assunção identitária.
  • 9
    Soares (2007) discute a importância do costume, no Reino Unido usual desde o século XVIII, de criar clubes.
  • 10
    May era diretor da Real Companhia de Paquetes, empresa de navegação que fazia a ligação entre Southampton e Rio de Janeiro.
  • 11
    Era bem menor o número de norte-americanos estabelecidos no Rio de Janeiro. A despeito de suas diferenças com os britânicos, em geral frequentavam e protagonizavam iniciativas em comum (JEHA, 2013). Ver também, Melo e Gonçalves (2018).
  • 12
    Publicado em inglês, dirigido à colônia, analisava os acontecimentos nacionais a partir de uma ótica britânica. Noticiava os acontecimentos sociais do seu público-alvo, inclusive atividades esportivas. O editor e proprietário, William Scully, era sócio do Rio Cricket Club.
  • 13
    Tratou-se de um periódico relacionado à primeira agência de notícias do Brasil, a Agência Americana Telegráfica. Sintonizados com o que ocorria no mundo, seus cronistas defendiam a modernização da sociedade fluminense.
  • 14
    Periódico popular, ocupou espaço de relevância na sociedade fluminense do último quartel do século XIX, divulgando constantemente os principais acontecimentos da capital, inclusive da esfera cultural. Alguns de seus cronistas estiveram engajados na promoção de melhorias na cidade. Há que se ter em conta que a, a essa época, era um jornal destinado a defender a modernização da sociedade brasileira, lutando inclusive pela abolição da escravatura e proclamação da República.
  • 15
    Periódico de perfil republicano, bateu-se constantemente pela modernização do país.
  • 16
    Tratava-se de E. F. Ramos e E. de Moraes, que venceu a prova de 100 jardas. Não conseguimos mais informações sobre ambos.
  • 17
    Trata-se de um pequeno periódico dedicado aos interesses dos que viviam no bairro de Botafogo. Em geral, suas posições alinhavam-se à ideia de modernização da capital nacional.
  • 18
    Para um debate sobre desejos e iniciativas de civilizar a sociedade fluminense, ver Needell (1993) e Schwarcz (1998).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    25 Jul 2022
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    01 Mar 2019
  • Aceito
    01 Set 2019
  • Publicado
    24 Dez 2019
location_on
Universidade Federal do Rio Grande do Sul Rua Felizardo, 750 Jardim Botânico, CEP: 90690-200, RS - Porto Alegre, (51) 3308 5814 - Porto Alegre - RS - Brazil
E-mail: movimento@ufrgs.br
rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
Acessibilidade / Reportar erro