Open-access PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO EM EDUCAÇÃO FÍSICA NAS PESQUISAS COM ABORDAGENS QUALITATIVAS: ÁREAS DE CONHECIMENTO E TEMÁTICAS

PRODUCCIÓN DE CONOCIMIENTO EN EDUCACIÓN FÍSICA EN INVESTIGACIÓN CON ENFOQUES CUALITATIVOS: CONOCIMIENTO Y ÁREAS TEMÁTICAS

Resumo

Objetivou-se identificar as áreas de conhecimento e compreender as temáticas com abordagens qualitativas em Educação Física no Brasil, a partir de uma pesquisa documental com os seguintes critérios: estudos desenvolvidos no Brasil; estudos em colaboração com profissionais de Educação Física; artigos originais; indexados na base SciELO; textos completos online; publicados entre janeiro/2008 e agosto/2020. Foram analisados 191 artigos. Os resultados apontaram que as pesquisas qualitativas concentram suas produções nas áreas de conhecimento sociocultural e pedagógica. Na área sociocultural foram predominantes as temáticas: esporte, práticas corporais, atividade física e exercício físico. Na área pedagógica observaram-se as temáticas: formação inicial; formação continuada; formação de treinadores; formação de pesquisadores; educação básica. Conclui-se que os estudos qualitativos em Educação Física se concentram apenas nas áreas sociocultural e pedagógica, com temáticas diversificadas, mas dentro da especificidade das áreas de conhecimento, para atender à Educação Física.

Palavras-chave: Educação Física; Pesquisa qualitativa; Revisão; Brasil.

Resumen

El objetivo fue identificar las áreas de conocimiento y comprender los temas de investigación cualitativos en Educación Física en Brasil, en una investigación documental con los criterios: estudios brasileños; estudios realizados en colaboración con un profesor de Educación Física; estudios originales; publicación indexada en la base SciELO; textos completos; publicado entre enero de 2008 y agosto de 2020. Se analisaram 191 artículos. Los resultados mostraron que la investigación cualitativa concentra su producción en las áreas de conocimiento sociocultural y pedagógica. En el área sociocultural, se identificaron los temas: deporte, prácticas corporales, actividad física y ejercicio físico. En el área pedagógica, los temas fueran: formación inicial; educación continua; entrenador de entrenadores; formación de investigadores; Educación básica. Se concluye que los estudios cualitativos en Educación Física se enfocan en las áreas socioculturales y pedagógicas, con temáticas diversificadas, pero dentro de las áreas de conocimiento, con el fin de atender la Educación Física.

Palabras clave: Educación Física; Investigación cualitativa; Revisión; Brasil.

Abstract

The objective was to identify the areas of knowledge and to understand research themes with qualitative approaches in Physical Education in Brazil, based on documentary research and the following criteria: studies developed in Brazil; studies in collaboration with Physical Education professionals; original studies; indexed in the SciELO database; full texts online; and published between January/2008 and August/2020. In total, 191 articles were analysed. The results pointed out that qualitative research concentrates its productions in the sociocultural and pedagogical knowledge areas. In the sociocultural area, the following themes were predominant: sport, bodily practices, physical activity and physical exercise. In the pedagogical area, the following themes were observed: initial training; continuous training; training of trainers; training of researchers; basic education. In conclusion, qualitative studies in Physical Education concentrate in the sociocultural and pedagogical areas only, with diverse themes, but within the specificity of areas of knowledge, in order to meet Physical Education.

Keywords: Physical Education; Qualitative research; Review; Brazil.

1 INTRODUÇÃO

A produção do conhecimento em Educação Física vem sendo discutida desde o século passado a partir de três grandes questões: a) Quais as áreas de concentração dos programas de pós-graduação? b) Como se desenvolve a produção em periódicos e quais as abordagens teórico-metodológicas que dão suporte às pesquisas? (GAYA, 1994; SILVA, 1987). Os estudos mais recentes têm analisado, principalmente, as produções dos programas de pós-graduação de Educação Física (CASTRO; SILVA; LUDORF, 2019; CASTRO et al., 2017; MANOEL; CARVALHO, 2011; ROSA; LETA, 2011) e de alguns periódicos da área de Educação Física (ROSA; LETA, 2010). De acordo com Silva e Gamboa (2014) esses estudos se caracterizam como “pesquisa sobre pesquisa”, uma vez que investigam a tessitura das pesquisas e seus aspectos epistemológicos em uma determinada área de conhecimento.

Os estudos acima evidenciam uma relativa fragilidade na discussão sobre a Educação Física como campo científico que já vinha sendo indicada sobretudo nas discussões de Bracht (2015; 2000); sobre a predominância da biodinâmica como área de conhecimento (MANOEL; CARVALHO, 2011; CASTRO et al. 2017); e sobre a predominância das abordagens genericamente classificadas como quantitativas, positivistas, presentes nos estudos de Souza e Silva (1997), ou nomotéticas citadas no estudo de Castro, Silva e Ludorf (2019) e de Gaya (2008).

Os conhecimentos científicos produzidos em Educação Física carregam um traço forte e histórico das ciências naturais, de caráter biológico, com abordagens nomotéticas, com características quantitativas, de objetividade e imparcialidade do pesquisador (GAYA, 2008). Assim, a pesquisa qualitativa em Educação Física, centrada nas ciências sociais e humanas é considerada relativamente “recente”, a partir de década de 80, quando os estudos qualitativos começaram a ser divulgados no país (THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012; VARANDA; BENITES; SOUZA NETO, 2019). Esse período é marcado pelo questionamento acadêmico sobre a prevalência das pesquisas com abordagens quantitativas, resultando em um aumento na quantidade de estudos sobre a Educação Física numa perspectiva social e cultural (SILVA; VELOZO; RODRIGUES JÚNIOR, 2008).

As pesquisas com abordagens qualitativas (CRESWELL, 2007) têm sua origem no campo da antropologia, psicologia, sociologia e filosofia, se caracterizam por apresentar descrição detalhada e densa, buscando compreender as manifestações sociais, fatos, locais, culturas e valores, atribuindo sentidos e significados ao objeto de estudo (CHIZZOTTI, 2003). Responde a questões particulares, numa realidade complexa, não resumida à operacionalização de variáveis. Enquanto a pesquisa qualitativa tem aprofundamento nas relações humanas e nos significados das suas ações, as pesquisas com abordagens quantitativas buscam explicar a realidade de forma objetiva, dando ênfase aos aspectos populacionais, a serem estudados na verificação de teorias e conceitos elencados aprioristicamente. (MINAYO; DESLANDES, 2007). Ambas contribuem para a ampliação do entendimento da Educação Física como campo de conhecimento, quando realizadas com rigor metodológico e coerência ética, podendo ser complementares apesar de suas bases ontológicas, axiológicos, epistemológicas e metodológicas diferenciadas. (CRESWELL, 2007)

Como afirmam Manoel e Carvalho (2011), as pesquisas com abordagens qualitativas em Educação Física se destacam por tomar como objeto a intervenção nas suas formas mais diretas, na quadra, no campo, nas academias de ginástica e musculação, nas escolas, entre outros. Ou, como apontam Hallal e Knuth (2011), as pesquisas qualitativas no âmbito, por exemplo, específico da epidemiologia da atividade física, precisam ser incentivadas para desvelar o que está por trás das motivações, significações para a prática da atividade física.

Apesar dos autores citados anteriormente indicarem a relevância das pesquisas com abordagens qualitativas (intervenção direta, atividade física e saúde), as pesquisas sobre produção do conhecimento em Educação Física não têm sido claras sobre as temáticas específicas abordadas nessas investigações. Na maioria, concentram-se na caracterização das áreas de conhecimento gerais (biodinâmica, sociocultural e pedagógica) e/ou discutindo suas bases teóricas. Os estudos identificados sobre áreas temáticas específicas na produção do conhecimento em Educação Física como em Moraes, Amaral e Bastos (2021), Mendes e colaboradores (2017), Rojo, Mezzadri e Silva (2019), que elegem uma área temática, respectivamente: gestão no esporte, atividade física e saúde, políticas públicas de esporte e lazer.

Para alguns autores (ALMEIDA; BRACHT; VAZ, 2012; BRACHT, 2015; SILVA; GAMBOA, 2014), a Educação Física necessita de um “reencantamento”, a partir do aprofundamento e da reformulação das referências analíticas das pesquisas na área. Dessa forma, nosso estudo estabelece-se no âmbito da Educação Física como uma área de conhecimento que se constitui como um campo científico (BOURDIEU, 1983) em constante produção, tensão e desconfiança de si mesma e da ciência (BRACHT, 2000), a partir das suas produções identificadas como minoritárias, na vertente das ciências sociais e humanas, desenvolvidas em abordagens de pesquisa denominadas, genericamente, de qualitativas.

Assim, diante da especificidade das abordagens qualitativas, do seu lugar na produção recente em Educação Física no Brasil, e dos escassos estudos sobre suas áreas temáticas, os objetivos deste estudo foram: identificar as áreas de conhecimentos e compreender as temáticas das pesquisas com abordagens qualitativas em Educação Física no Brasil. Para tanto, tomamos como fonte de pesquisa, divergindo dos estudos anteriormente citados, artigos publicados em periódicos indexados na Scientific Electronic Library Online (SciELO)1, que se caracteriza como uma biblioteca digital de índice geral, porque recebe artigos das diversas áreas do conhecimento, entre elas: ciências da saúde, sociais e humanas, com critérios de inclusão que garantem o alto padrão das publicações. Dessa forma, foi possível capturar um movimento do campo científico para além das suas demarcações e delimitações (programas de pós-graduação e periódicos da área).

2 MÉTODO

Este é um estudo documental realizado em fontes secundárias e públicas, artigos publicados na SciELO1, desenvolvida a partir de quatro critérios (MOGALAKWE, 2006), sendo: autenticidade (significa respeito aos documentos originais); credibilidade (indica se a referência está livre ou não de distorções); representatividade (se a amostra coletada corresponde à realidade investigada); e compreensão (remete a quão compreensíveis ou claras são as fontes utilizadas). De forma a garantir a autenticidade e a credibilidade, todos os artigos foram retirados da biblioteca digital indicada. Quanto à representatividade e à compreensão, foram evidenciadas através da aplicação dos critérios de inclusão e exclusão definidos a seguir.

Após a definição da pergunta norteadora (Quais as áreas de conhecimento gerais e as temáticas das pesquisas com abordagens qualitativas na Educação Física no Brasil?) foram estabelecidos os seguintes critérios para a busca: I) estudos conduzidos no Brasil; II) estudos conduzidos por, pelo menos, um autor com área de atuação e/ou formação em Educação Física (para a certificação desse critério, em alguns estudos consultamos o currículo lattes dos autores); III) estudos originais; IV) publicação indexada na base de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), por sua abrangência na indexação da produção científica no Brasil; V) textos completos disponíveis online.

A partir daí, as buscas na literatura foram limitadas aos artigos publicados no período compreendido entre janeiro de 2008 (ano em que se inicia um processo de expansão e descentralização da pós-graduação em Educação Física no Brasil, com a abertura do primeiro programa no Nordeste (BARROS et al, 2010) e 31 de agosto de 2020. Foram realizadas por dois pesquisadores independentes e um terceiro pesquisador foi o responsável por dirimir dúvidas na inclusão ou exclusão de algum artigo. A coleta de dados ocorreu no período compreendido entre setembro e dezembro de 2020.

Em função da amplitude da pesquisa qualitativa em Educação Física no Brasil, não necessariamente associada apenas à área da saúde (a pós-graduação em Educação Física no Brasil está vinculada a área 21 do Conselho Nacional de Pesquisa - CNPq), foram definidos termos que apontassem para a multiplicidade de entendimentos e abordagens tanto da Educação Física como da pesquisa qualitativa. O Quadro 1 apresenta os termos exatos que foram combinados através dos operadores booleanos “e” e “ou”. Foram definidos a partir da literatura que orienta as pesquisas com abordagens qualitativas em Educação Física no Brasil (BARDIN, 1977; CRESWELL, 2007; DEMO, 1995; LUDKE; ANDRÉ, 1986; MINAYO, 1992; ORLANDI, 1999; THIOLLENT, 1986; THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2012), as pesquisas sobre produção do conhecimento na Educação e na Educação Física brasileira (BRACHT, 2000, 2015; SILVA; GAMBOA, 2014; GAYA, 2008; MANOEL; CARVALHO, 2011; SOUZA E SILVA, 1997), e ainda os estudos em Educação Física que a situam no campo da virada culturalista (COSTA; ALMEIDA, 2018).

Quadro 1
Termos combinados com os operadores booleanos “e” e “ou”

Após a inclusão dos artigos que atendiam aos critérios de inclusão, nosso corpus documental foi composto da seguinte forma: a) leitura do título; b) leitura do resumo; c) leitura da metodologia do artigo. Na busca inicial foram encontrados um total de 335 artigos. Destes foram retirados os duplicados e, a partir da leitura do título, foram excluídos 63 artigos (n=272). A partir da análise do método utilizado foram excluídos 59 artigos (n=213), inclusive aqueles que se auto intitulavam quanti-qualitativos ou estudos mistos (com análises quantitativas e qualitativas). As dúvidas (n=22) foram discutidas com uma terceira pesquisadora e, por fim, a amostra final para análise dos dados foi composta por 191 artigos.

A partir da leitura dos resumos foram extraídos os dados descritivos de cada estudo: ano de publicação, autoria, estado e região dos autores, título do artigo, periódico e os resultados foram apresentados através de análise de frequências, na caracterização do corpus documental em estudo. Além desses, foram também identificados os objetivos, a caracterização metodológica do estudo e os desfechos.

A seguir, foram realizadas análises qualitativas dos dados de: objetivos, metodologia e resultados nos resumos dos artigos e, sempre que necessário, foi realizada a leitura dos artigos na íntegra. Para identificação das áreas de conhecimento e das temáticas dos estudos foi empreendida a análise dos objetos em estudo. Dessa forma, foram identificadas, através de análise categorial temática (BARDIN, 1977), inicialmente as categorias a priori referentes às áreas de conhecimento gerais (CASTRO et al., 2019; MANOEL; CARVALHO, 2011). E, por último, a partir da abordagem indutivo-construtiva, foram definidas, as categorias a posteriori que caracterizavam as temáticas em estudo. (MORAES, AMARAL, BASTOS, 2021).

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

O corpus documental do estudo foi composto por 191 artigos na área de Educação Física, conduzidos no Brasil. Para caracterização dos estudos, identificação das áreas de conhecimento e compreensão das temáticas desenvolvidas, serão apresentados, a seguir, os resultados em duas etapas, sendo: a) análise descritiva; b) análise de conteúdo para áreas de conhecimento e temáticas desenvolvidas.

3.1 CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DESCRITIVA DO CORPUS DOCUMENTAL

Referente ao intervalo de anos de 2008 a 2020, observou-se que ocorreu um pico com um número maior de publicações no ano de 2012; e com exceção dos anos de 2008 e 2009 com uma e duas publicações respectivamente, os demais anos mantiveram-se com um fluxo de publicações constante (Gráfico 1). Uma das hipóteses que levantamos é o fato deste período coincidir com o Decreto nº 6.096, de 24 de abril de 2007 (BRASIL, 2007) que instituiu o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI), que teve como principal objetivo ampliar o acesso e a permanência na educação superior. Este período foi marcado pelo investimento na expansão física, acadêmica e pedagógica das instituições públicas de ensino superior3. Entretanto, ainda que tenha ocorrido uma expansão da pós-graduação no Brasil em Educação Física, após 2008, dados da pesquisa de Corrêa, Corrêa e Rigo (2019), sobre os programas Stricto Sensu apontam que a variação no número de docentes cadastrados nas três subáreas de conhecimento da Educação Física, no período de 2010 a 2017, estabeleceu-se de maneira desigual, com a subárea biodinâmica apresentando um aumento de 260 para 478 docentes; e as subáreas pedagógicas e socioculturais, de 142 para 165. Dessa forma, pode-se inferir que a estabilidade do quantitativo de artigos publicados no período investigado (2008-2020) tenha alguma relação com a pequena variação no número de docentes que têm se dedicado aos temas socioculturais e pedagógicos em Educação Física, conforme pesquisa acima indicada, uma vez que pesquisas com abordagens eminentemente qualitativas, como as aqui investigadas, parecem ser afetas a esses temas no campo de conhecimento da Educação Física no Brasil, como será verificado posteriormente.

Gráfico 1
Evolução de publicações de estudos qualitativos em Educação Física no Brasil (2008-2020)

Em relação às regiões (Gráfico 2), o Sudeste mantém a sua hegemonia e se destacou pelo maior volume de estudos (54,97%), seguido do Sul (29,31%), Nordeste (12,56%) e Centro-oeste (3,14%), a região Norte não apresentou estudos (Gráfico 2). Essa desigualdade regional corrobora com os estudos recentes sobre a produção do conhecimento em Educação Física no Brasil (CASTRO et al., 2017; MORAES; AMARAL; BASTOS, 2021) e reflete diretamente a presença dos programas de pós-graduação Strictu Senso em Educação Física no Brasil por região, com um maior número de programas nas regiões Sudeste e Sul e a inexistência de programa na região norte, no período de 2010-2017 (CORRÊA, CORRÊA; RIGO, 2019).

Gráfico 2
Quantidade de publicações por região

Em relação aos periódicos que abrigam a produção investigada (n=191), identifica-se na Tabela 1 que quando agrupados por área científica geral, 70,15% dessa produção de pesquisas com abordagens qualitativas em Educação Física estão publicadas em periódicos com escopo definido na área das Ciências da Saúde, nas Ciências Humanas e Sociais obteve-se 20,41% e híbridos (Ciências Humanas/Sociais e Ciências da Saúde) estão 9,42% das publicações4. A predominância da área das Ciências da Saúde reitera a predominância dos periódicos da área de Educação Física, aos quais estão enquadrados, em sua maioria, no escopo científico da área 21 do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), afeto a áreas de conhecimento no âmbito das Ciências da Saúde, a saber: educação física, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional.

Tabela 1
Quantitativo de publicações em periódicos por área (n=191)

Por outro lado, uma descrição mais detalhada do quantitativo de publicações em periódicos da área específica da Educação Física (n=141) e das classificações das áreas científicas para esses periódicos (Tabela 2), apontou que a maior parte dessa produção encontra-se nos periódicos da Educação Física, identificados como das Ciências da Saúde, com destaque para o Journal of Physical Education5 (27,65%), seguido por outros quatro periódicos: Revista Brasileira de Educação Física e Esporte (22,69%), Revista Brasileira de Ciências do Esporte (19,65%) e Motriz (19,14%).

Tabela 2
Quantitativo de publicações em periódicos na área Educação Física (área 21- CNPq)

Levando-se em consideração as análises empreendidas por Corrêa, Corrêa e Rigo (2019), pode-se afirmar que as investigações com abordagens qualitativas de pesquisa no Brasil, estão divulgadas em periódicos da Educação Física de estratos inferiores do Qualis Periódicos (2013-2016),6 uma vez que, como apontaram os autores, há poucos periódicos nacionais da área 21 nos estratos superiores e a maioria deles têm escopo no campo das ciências biológicas e da saúde e poucos têm adesão ao campo das ciências sociais e humanas ou são híbridos, campos científicos que ancoram a maior parte da produção do conhecimento das pesquisas com abordagens qualitativas em Educação Física. A Movimento é um desses periódicos classificados no estrato A2, classificada atualmente como híbrida pelo SCIELO e com 3 artigos identificados.

De uma maneira geral, a publicação da produção do conhecimento em Educação Física no Brasil se estabelece de forma estável no período analisado (2008-2020); predominantemente, é realizada em grupos de pesquisa do sudeste e do sul do país; está publicada em sua maioria em periódicos da área as Ciências da Saúde, mais especificamente da Educação Física e com classificações inferiores nos estratos do Qualis Periódicos.

Como vêm apontando Manoel e Carvalho (2011), Hallal e Knust (2011) e Corrêa, Corrêa e Rigo (2019), a situação revelada ameaça a produção do conhecimento em Educação Física nas suas relações com as intervenções diretas dos nossos profissionais, bem como com a sobrevivência das áreas sociocultural e pedagógica nos programas de pós-graduação no Brasil, ainda que a produção dessas áreas não esteja limitada apenas às pesquisas com abordagens qualitativas.

3.2 ÁREAS DE CONHECIMENTO E TEMÁTICAS DESENVOLVIDAS

A análise de conteúdo foi realizada em duas etapas. Na primeira identificamos as áreas de conhecimento, tomando como referência as caracterizações propostas por Manoel e Carvalho (2011) e reafirmadas por Castro et al. (2017). E, na segunda, num processo indutivo-construtivo, emergiram as temáticas dos estudos para cada uma das áreas de conhecimento.

O Gráfico 3 evidencia que os/as pesquisadores/as que se dedicam às abordagens qualitativas concentram suas produções nas áreas de conhecimento sociocultural (52,35%) e pedagógica (47,64%), não sendo identificado nenhum estudo na área biodinâmica. Esse resultado corrobora com estudos anteriores que apontam que entre os estudos socioculturais e pedagógicos na área de Educação Física, há uma predominância dos estudos socioculturais, ainda que nesse nosso corpus documental essa diferença tenha se apresentado inferior aos estudos anteriores sobre a produção de conhecimento em programas de pós-graduação em Educação Física (CASTRO et al., 2017; MANOEL, CARVALHO, 2011). Essa diferença inferior pode ser atribuída ao fato da produção pedagógica em Educação Física, capturada nesse nosso corpus documental alcançar a produção realizada também em programas de educação e outras áreas afins.

Gráfico 3
Relação de artigos por área de conhecimento

Foram interpretados como pedagógicos todos os estudos que desenvolviam seu objeto a partir de discussões relativas a: a) a formação profissional ou com intervenção sobre a prática na formação profissional; b) a educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) ou com intervenção sobre a prática pedagógica na educação básica; c) ao desenvolvimento curricular, sobretudo referentes a documentos prescritivos (legislações, documentos institucionais etc.); d) temáticas diversas relativas à educação.

Foram analisados como socioculturais todos os estudos que desenvolviam temáticas de atividade física, exercícios físicos, práticas corporais e esportes com diferentes significados e em diferentes campos de atuação, excetuando-se aqueles com intencionalidade claramente educacional de formação e/ou escolarização e curricularização.

3.2.1 Temáticas socioculturais em Educação Física

Na Figura 1 pode-se identificar as temáticas identificadas na área sociocultural: esporte (33 estudos); práticas corporais (28 estudos); atividade física e exercício físico (25 estudos); outros temas socioculturais (14 estudos), totalizando 100 artigos.

Figura 1
Temáticas socioculturais

O esporte emergiu como a categoria temática geral mais recorrente nos estudos socioculturais. Foram identificados como estudos de esporte: as investigações de elementos próprios de modalidades esportivas específicas, como gestão, códigos de pontuação, protocolos de avaliação, ética da modalidade, com ênfase na perspectiva de seus fazedores (atletas, familiares, treinadores); estudos que revelavam ações político-pedagógicas em torno do esporte, fossem estas relativas a documentos de políticas públicas da área e análises de produções da mídia na criação de discursos sobre o esporte, as modalidades esportivas e elementos do esporte; estudos sobre temáticas socioculturais como gênero, corpo, violência em modalidades esportivas específicas ou no esporte como fenômeno em geral.

O esporte como categoria temática mais presente nos estudos socioculturais indica que esse fenômeno, entendido como social, histórico, cultural e político continua tendo centralidade na produção do conhecimento na área. Entretanto, essa produção parece revelar o impacto de dois movimentos empreendidos pela Educação Física brasileira nos anos 80 e 90: num primeiro assistiu-se ao questionamento do monopólio esportivo no âmbito das práticas pedagógicas na Educação Física, propondo abordagens que apontassem para outras práticas corporais, para além dos esportes (BRACHT, 1989; 1999); e, um outro movimento pode-se atribuir às perspectivas advindas das Ciências Humanas e Sociais que colocavam ao Esporte questões sociais e culturais (DAOLIO; VELOZO, 2008; KUNZ, 1994). E, pode-se afirmar que esses deslocamentos se estabeleceram conjuntamente com a aproximação das abordagens qualitativas de pesquisa.

Para além disso, Moraes, Amaral e Bastos (2021), ao avaliarem as temáticas das teses de doutorado no âmbito específico da Gestão do Esporte no Brasil, identificaram a predominância dos estudos qualitativos, divergindo da literatura internacional dessa área de conhecimento, que apontava para estudos quantitativos. Nesse nosso estudo, alguns estudos qualitativos no campo da gestão do esporte foram também identificados.

Já Rojo, Mezzadari e Silva (2019), num estudo sobre as dinâmicas de produção de pesquisas na área de políticas públicas de esporte e lazer, apontam para a consolidação dessa temática de estudo ainda que não identifiquem as metodologias abordadas nos estudos.

Práticas corporais foi uma categoria que emergiu a partir da identificação de estudos sobre aspectos próprios das danças, dos jogos, das práticas corporais complementares ou “alternativas” e de temáticas socioculturais como corpo, gênero, relações étnico-raciais, drogas, envelhecimento desenvolvidas no âmbito dessas práticas corporais específicas ou de aulas de Educação Física na escola, com ênfase nas percepções, perspectivas, sentidos e significados atribuídos pelos responsáveis pela produção dessas práticas. A emergência dessa categoria como segunda temática sociocultural mais presente remete-nos à virada culturalista descrita e analisada por Costa e Almeida (2018), a qual aponta uma apropriação cultural do corpo, no seu movimento de afastamento das perspectivas biologicistas do corpo. Ainda que esses autores não indiquem diretamente a ampliação das práticas corporais em estudo no campo da Educação Física para além do esporte, pode-se inferir que esta é uma relação possível.

A terceira categoria temática identificada nas pesquisas socioculturais em Educação Física foi a atividade física e o exercício físico. Foram identificados nessa categoria os estudos sobre sentido, significados e percepções de atividades físicas em academias de ginástica e musculação; em programas governamentais ou sociais; em escolas e outros locais. A emergência dessa categoria corrobora com o apontado por Hallal e Knuth (2011), quando indicaram para Educação Física nacional a necessidade de estabelecer estudos qualitativos e com abordagens socioculturais no campo da saúde, para um melhor entendimento dos motivos, dos desejos, dos sentidos e significados atribuídos pelos clientes, usuários, participantes de programas, projetos, ações e intervenções que têm centralidade no atendimento à saúde em seus sentidos restrito (físico) e/ou ampliado (biopsicossocial).

As demais temáticas ficaram em torno da atuação profissional (6 estudos); a produção do conhecimento em Educação Física, como este estudo (4 estudos), e outros temas.

3.2.2 Temáticas pedagógicas em Educação Física

As temáticas pedagógicas em Educação Física foram: formação inicial, formação continuada, formação de treinadores, formação de pesquisadores, educação básica e outros temas de educação (Figura 2).

Figura 2
Temáticas pedagógicas

A educação básica foi uma temática que emergiu com o maior número de estudos. Foram identificados como educação básica os estudos realizados na educação infantil, no ensino fundamental e médio sobre aspectos específicos do fazer pedagógico: ações pedagógicas (avaliação, metodologias, outros), conhecimentos da Educação Física (práticas corporais) e documentos curriculares. Apenas um estudo foi identificado no contexto da educação especial como modalidade da educação.

Considerando a trajetória da Educação Física Escolar e as propostas pedagógicas que se desenvolveram no âmbito da Educação Física, desde os anos 80 do século passado (BRACHT, 1999), a aproximação da Educação Física com as Ciências Sociais e Humana (ALMEIDA, 2018), corroboram para a presença expressiva de estudos qualitativos na Educação Básica.

Paralela à educação básica, na segunda categoria com o maior número de investigações, formação inicial, foram identificadas pesquisas em cursos de bacharelado e de licenciatura, com predominância desse segundo, em torno de diferentes aspectos da formação inicial, fossem estas ações pedagógicas (avaliação, estágio, outros), conhecimentos da Educação Física (práticas corporais) e documentos curriculares (nacionais, estaduais, municipais e institucionais).

Contrariando as constatações de Silva e Gamboa (2014) sobre a educação em geral, esses estudos apresentaram-se como estudos qualitativos que procuraram compreender como a formação inicial se estabelece em seus diversos aspectos, a partir dos sujeitos que a desenvolvem, sejam eles, docentes e/ou discentes.

Por sua vez, os estudos sobre documentos curriculares procuraram compreender as orientações político-pedagógicas dos documentos na sequência do processo de implementação e consolidação de orientações e propostas curriculares prescritivas (CBCE, 1997; GENTILI; SILVA, 1996), desde os anos 90 do século passado com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e que culminaram com a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e, no caso da formação de professores, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores - DCNFP (BRASIL, 2019). Na contramão dos estudos apresentados neste último documento regulador e orientador, o qual se apoia em estudos quantitativos acerca da educação, com ênfase no desenvolvimento de competências, num retorno a modelos “tecnicistas” de formação, os estudos curriculares qualitativos em Educação Física procuram compreender as lições político-pedagógicas acionadas pelos documentos (FITCHER FILHO; OLIVEIRA; COELHO, 2021).

As demais temáticas identificadas no âmbito dos estudos pedagógicos em Educação Física, formação continuada, formação de treinadores, formação de pesquisadores emergem como temáticas incipientes na área, uma vez que os estudos pedagógicos em Educação Física aparecem identificados, sobretudo, com a formação de professores/as. (CASTRO et al., 2017; MANOEL; CARVALHO, 2011).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo buscou compreender as áreas de conhecimento e as temáticas que emergiam das investigações em pesquisas com abordagens qualitativas na Educação Física no Brasil. Para tal, constituiu um corpus documental composto por 191 artigos publicados em periódicos indexados no portal SCIELO, no período de 2008 a 2020.

Uma análise descritiva revelou que esses estudos são empreendidos predominantemente em grupos de estudo do Sudeste e Sul do país e publicados em periódicos da Educação Física com área de concentração nas Ciências da Saúde.

A análise de conteúdo mostrou que as áreas de conhecimentos de maior concentração nas pesquisas com abordagens qualitativas em Educação Física no Brasil, são a sociocultural e pedagógica.

Em relação às categorias que emergiram, destaca-se a pluralidade de temáticas identificadas entre os estudos socioculturais com a predominância do esporte e suas modalidades investigadas do ponto de vista dos significados atribuídos pelos seus fazedores e também para as temáticas socioculturais que o atravessam; e, a emergência da atividade física e do exercício físico como uma temática em processo de consolidação nos estudos socioculturais.

Já entre as temáticas pedagógicas salientam-se, seja na educação básica como na formação inicial, os estudos sobre ações pedagógicas e conhecimentos da Educação Física. A pluralidade de temáticas nos estudos pedagógicos constitui-se, de forma ainda incipiente, na ampliação dos estudos no campo da formação que vão para além da formação de professores.

Diante disso, observa-se que as alterações significativas que ocorreram na Educação Física como campo científico no Brasil, desde os anos 80 do século passado, refletem-se nos estudos com abordagens exclusivamente qualitativas nas áreas socioculturais e pedagógicas com pluralidade de temáticas, ainda que sejam divulgados em periódicos avaliados em estratos inferiores do Qualis Periódicos, ameaçando a sobrevivência dessas áreas e das pesquisas com abordagens qualitativas na Educação Física no Brasil, uma vez que as mesmas, como afirmaram Corrêa, Corrêa e Rigo (2019) se realizam, sobretudo, nos programas de pós-graduação em Educação Física, os quais estão capturados pela lógica perversa dos modelos de avaliação da produção dos seus docentes.

Ainda que se entenda a existência de carência de investigações sobre essa produção de conhecimento mais específica, em pesquisas com abordagens exclusivamente qualitativas, em Educação Física no Brasil, identifica-se que autores e autoras que estudam a produção do conhecimento mais ampla nesse campo, como alguns dos aqui referenciados, têm se destacado por suas propostas para qualificá-lo como campo de investigação amplo, diverso e rigoroso, fazendo emergir as instabilidades e disputas que o caracterizam como campo. Nesse sentido, atenta-se para a necessidade de maiores estudos que possibilitem uma ampliação dos conhecimentos.

  • 1
    SciELO - Scientific Electronic Library Online. Disponível em: www.scielo.org. Acesso em: 20 jun. 2022
  • 2
    O acordo ortográfico da língua portuguesa ratificado pelo Brasil em 2008 e implementado em 2009 sem obrigatoriedade, aboliu a utilização de hífen nos casos em que o prefixo termina com uma vogal diferente da vogal que inicia a palavra seguinte.
  • 3
    BRASIL. Ministério da Educação. REUNI. Disponível em: http://reuni.mec.gov.br/o-que-e-o-reuni. Acesso em: 20 jun. 2022.
  • 4
    Para identificar o escopo de cada revista, foram visitadas as páginas das revistas no SCIELO. Dessa forma, foi acatada a classificação que o próprio SCIELO estabelece para as áreas científicas. Quando As revistas eram classificadas em duas áreas científicas, adotamos aqui a classificação de híbridos como em Corrêa, Corrêa e Rigo (2019).
  • 5
    No ano de 2015 a Revista de Educação Física da UEM alterou seu perfil para Journal of Physical Education. Em nossa descrição os dados da Revista de Educação Física da UEM foram agrupados com o quantitativo de publicações no Journal of Physical Education.
  • 6
    “O Qualis Periódicos representa a totalidade dos periódicos que publicaram artigos de docentes pertencentes aos programas de pós-graduação reconhecidos pela Capes.” (CORRÊA, CORRÊA, RIGO, 2019, p. 362). Para o triênio (2017-2020), o Qualis Periódicos passou por um processo de reestruturação da análise para a classificação dos periódicos, que ainda não resultou na divulgação oficial de um Qualis Pediódicos posterior ao triênio (2013-2016). Dessa forma, para a classificação dos periódicos investigados, seguimos com o que se encontra ainda em vigor em 2022.
  • FINANCIAMENTO
    O presente trabalho foi realizado sem o apoio de fontes financiadoras.

RESPONSABILIDADE EDITORIAL

Alex Branco Fraga *, Elisandro Schultz Wittizorecki *, Mauro Myskiw *, Raquel da Silveira *

* Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto Alegre, RS, Brasil.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    11 Nov 2022
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    30 Dez 2021
  • Aceito
    10 Maio 2022
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