Resumos
Esse artigo procura mostrar a crítica de Thomas Kuhn a algumas concepções da historiografia da ciência contemporânea que radicalizaram muitas das posições formuladas inicialmente pelo próprio Kuhn. Pretende-se ainda mostrar que um reposicionamento de Kuhn, a partir de sua crítica a seus sucessores, o aproxima mais de suas influências iniciais, em especial, de Ludwig Wittgenstein e Ludwik Fleck.
historiografia da ciência; conhecimento científico; Thomas Kuhn.
This article tries to show the Thomas Kuhn's critics to some conceptions of the contemporary historiography of science that became radical many of the positions formulated initially by Kuhn himself. It is still intended to show that the new orientation of Kuhn, starting from his critic to his successors, approaches him more of his initial influences, especially, Ludwig Wittgenstein and Ludwik Fleck.
science historiography; scientific knowledge; Thomas Kuhn.
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Referências bibliográficas
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O capitão se chamava Bellman. Na excelente tradução de Álvaro Antunes que estamos utilizando, ele é o Campainha.
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A tradução desse texto se encontra disponível no site www. fafich.ufmg.br/~scientia
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Programa Forte aqui é o Programa Forte de Sociologia da Ciência de D. Bloor e B. Barnes que procura mostrar a radicalidade da dimensão sociológica envolvida na produção do conhecimento científico. Em outras palavras, para esses autores, os aspectos sociais não são apenas complementares na produção da ciência, mas determinantes (Cf. BLOOR, 1976)
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"Práticas humanas em geral e as científicas em particular têm evolvido em longos períodos de tempo e seus desenvolvimentos formam algo bastante parecido com uma árvore evolutiva"(Kuhn, 2000, 116).
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"O desenvolvimento científico, tal como o biológico, é um processo unidirecional e irreversível. As teorias cientificas mais recentes são melhores que as mais antigas, no que toca à resolução de quebra-cabeças nos contextos freqüentemente diferentes aos quais são aplicadas. Essa não é uma posição relativista e revela em eu sentido sou um crente convicto do progresso científico"(Kuhn, 1978, 252-3).
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Essa insistência em não aceitar a mudança das idéias de Kuhn ao longo do desenvolvimento de sua obra parece ser devido a um certo "didatismo" de seus conceitos desde a primeira edição de A Estrutura das RevoluçõesCientíficas . O fácil entendimento e a possibilidade de uso imediato em várias áreas, por exemplo, do conceito de paradigma impedem, ainda hoje, o seu abandono, embora esse conceito tenha apresentado dificuldades filosóficas (em especial a questão da descontinuidade) que Kuhn tentou resolver abandonando ele próprio o conceito de paradigma.
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Essas semelhanças com o livro de Fleck publicado em 1935 são muitas e até mesmo, sob um certo aspecto, chocantes ao leitor habituado a atribuir a Thomas Kuhn muitas das idéias que vê passar pelos seus olhos no livro de Fleck. Para explicar essas semelhanças, Kuhn utiliza o conceito de "serendipismo" ou descoberta acidental. (Fleck, 1979, viii).
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Em certo sentido, o trabalho de Kuhn é o ápice dessa tradição na medida em que ele eleva ao extremo a idéia de revolução científica . Não apenas a ciência moderna se constituiu a partir de uma revolução, mas toda ciência é revolucionária. Pressupondo essa concepção é que Kuhn procura explicar "a estrutura das revoluções científicas".
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Desde a publicação da Segunda edição de A Estrutura das Revoluções Científicas em 1970 isso se mostra, em especial, com a criação do conceito kuhniano de "matriz disciplinar" para evitar alguns proble mas trazidos pelo conceito de "paradigma".
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Esse problema é tratado tanto por Wittgenstein quanto por Fleck, para quem, por exemplo, não existe uma incomensurabilidade total entre os Estilos de Pensamento , mas dificuldades na comunicação entre eles.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Dez 2002