Open-access Jogos Olímpicos de Londres 2012: brasileiros e brasileiras em foco

London 2012 Olympic Games: Brazilian men and women in focus

Resumos

O objetivo deste estudo é analisar as imagens exibidas nos Jornais "O Globo" e "O Dia" durante os Jogos Olímpicos de Londres 2012, sob a luz da hierarquia de gênero. Buscamos desvendar a forma com que esses jornais exibiram imagens masculinas e femininas durante os Jogos. Foram analisadas ao todo 519 fotos, utilizando como técnica a análise de imagens. Inferimos que a cobertura jornalística (re)produz estereótipos, preconceitos, sexismo, resistências e até mesmo novos valores e atitudes que enaltecem visões dominantes entre homens e mulheres na sociedade atual.

Esporte; Imprensa; Gênero


We intend to analyze the images displayed in the newspapers "O Globo" and "O Dia", based on the gender hierarchy. We going to show how do these newspapers displays male and female athletes pictures? We analyzed 519 using the technique of image analysis. We conclude that the media coverage (re) produce stereotypes, prejudice, sexism and even new values and attitudes that praises dominant views of men and women in today's society.

Sports; Press; Gender


INTRODUÇÃO

O termo "gênero", segundo Scott (1995), além de substituto para o termo mulher é uma categoria social imposta sobre o corpo sexuado. Estudá-lo abrange não só informações sobre elas como também implica nos saberes relativos ao homem como ser social, onde um não pode ser visto historicamente separado do outro. O que se vê é uma desigualdade sexual no processo sócio-histórico cultural que se reflete em relações assimétricas de poder entre homens e mulheres, encontradas desde a antiguidade até a Era Contemporânea, passando pelos primórdios dos Jogos Olímpicos.

Desde sua criação, os Jogos Olímpicos tiveram lugar de destaque na sociedade. Em sua terra de origem, a Grécia, somente eles promoviam a unidade ao povo, separado não só geograficamente, mas por divergências políticas e históricas (RAMOS, 1982; MELO, 1999; SCHNEIDER, 2004). Apesar deste sentimento de união, a participação nos Jogos era restrita e seguia regras rígidas que sugeriam uma significação moral. Dentre tais, o competidor deveria ser do sexo masculino e para que tal norma não fosse burlada, os atletas competiam nus. No período Olímpico, uma vitória significava não somente a sua glória, mas também o prestígio de sua cidade. As mulheres não poderiam assistir as competições e as casadas, se flagradas nas arquibancadas, eram condenadas a morte sem direito de defesa (MARINHO, 1980; SCHNEIDER, 2004). Segundo Miragaya (2002), elas tinham seus próprios jogos de caráter religioso (semelhantes aos Olímpicos) realizados em Olímpia em honra a Deusa Hera.

Na Era Moderna dos Jogos, as mulheres tiveram sua primeira participação, de acordo com Miragaya (2007), em Paris no ano de 1900, resultado da ascensão social feminina em alguns países. Já a presença feminina de atletas brasileiras nos Jogos só foi registrada em Los Angeles no ano de 1932 pela nadadora Maria Lenk (VIEIRA; FREITAS, 2006). Até então a atividade física feminina consistia em exercícios delicados, que ressaltavam a forma e, principalmente, a beleza corporal feminina. A própria medicina contraindicava a prática de exercícios extenuantes e combativos, alegando riscos à saúde e masculinização do físico.

As revistas da década de 30 reforçavam a exposição de mulheres se exercitando, e estas atividades eram "negociadas" como medicamento, pois ter uma boa saúde passava por apresentar curvas bem delineadas (AZEVEDO, 1997; BATISTA; DEVIDE, 2009). Nessa esteira, o comportamento ideal da mulher envolvia ser submissa econômica e socialmente ao homem, recatada, introvertida, emotiva e passiva, sem expressiva representatividade social e praticamente nula participação na política, o que, segundo Scott (1995), significava não opinar nas questões tidas como masculinas. Isso por si só já configura a assimetria nas relações de poder entre gêneros, uma vez que à masculinidade hegemônica (aquela detentora do status social) são atribuídos valores contrapostos aos da feminilidade.

Conforme Pereira (2008), para o indivíduo do sexo masculino se fazer homem, deveria preencher requisitos que vão desde o aspecto do corpo, até o social, familiar, laboral, verbal e gestual. Valores como a agressividade e indiferença sentimental corroboram com a concepção hegemônica de virilidade, que traduz a imagem da masculinidade dos homens que controlam o poder (NOLASCO, 2000 apud PEREIRA, 2008). No esporte, caracterizado por Gomes, Silva e Queirós (2008), Lacerda (2010) e Devide et al. (2011) como instituição generificada, se institui às modalidades uma identificação masculina ou feminina. Dessa forma homens e mulheres que se aventuram em práticas contrapostas ao seu gênero se tornam alvos de discriminação. Para o ser masculino, a atividade física sempre foi parte integrante de seus hábitos diários.

O esporte é tido como um espaço de reserva masculina, onde se aprende a valorizar o ser homem e desvalorizar o ser mulher (SABO, 2002). É também nele que a masculinidade é posta a prova (SABO, 2002). O poder social conferido ao homem estabelece em seu interior a necessidade de ser sempre superior à mulher como forma de comprovar sua virilidade, o que segundo Saffioti (1987) e Belotti (1985), pode ser fonte de angústia e sofrimento caso não corresponda a essa expectativa. Nesse sentido, perder para elas constitui humilhação e vergonha para eles, assim como praticar atividades tidas femininas estigmatiza o homem pela conexão dessas práticas com a homossexualidade (KNIJNIK; MACHADO, 2008; LACERDA, 2010). As pressões culturais a que o homem está submetido são ainda mais intensas no universo dos esportes, pois ele é um dos meios onde se reforça o modelo de masculinidade ideal aceito pela sociedade e perpetuado pela mídia.

Desde o século XIX, com a popularização do esporte, as mídias impressas foram disponibilizando espaços para o noticiário esportivo, desde pequenas notas espalhadas pelas páginas ao caderno específico de esportes no jornal. Essa relação entre a atividade desportiva e a imprensa torna-se favorável a ambos, já que algumas matérias desportivas aumentaram as vendas de jornais. Para além da grande repercussão do esporte, algumas propagandas se utilizam de sua imagem para divulgar marcas, produtos e serviços, retratando atletas de sucesso em alguma modalidade esportiva. Dessa forma, atrelam as qualidades do que se quer vender ao desempenho do atleta. A partir dessa conjetura, as fotos possuem uma ou mais finalidades, seja individual ou coletiva, que está agregada a valores culturais e históricos (AUMONT, 1995; MAUAD, 1996, 2004). Seguindo o pensamento de Leite (1998), as imagens possuem uma serie de mediações que nos permitem recriá-las, a partir de experiências passadas.

A partir das décadas de 60 e 70, com os movimentos feminista e homossexual e, mais recentemente, o metrossexual (FREITAS, 2011), as questões e o conceito de gênero foram se organizando e ganhando espaços em discussões no meio científico e social. Nas últimas décadas, as relações de gênero vêm ganhando destaque no meio acadêmico e social (PEREIRA, 2008), vindo adentrar o campo da Educação Física, no qual ainda se encontra como uma lacuna no conhecimento. Com o intuito de disseminar os estudos das relações de gênero no âmbito da imprensa esportiva, uma vez que desde muito cedo essas diferenças e desigualdades são reforçadas em nossa sociedade, e tendo em vista que a mídia é invadida por essas diversidades, o objetivo do presente estudo é analisar as imagens dos Jogos Olímpicos de Londres 2012 divulgadas nos jornais "O Dia" e "O Globo", à luz dos estudos de gênero. A partir destes pressupostos, emergem as seguintes questões: de que maneira os Jornais "O Globo" e "O Dia" exibem as imagens de atletas masculinos e femininos? Existem diferenças de tratamento na mídia impressa com relação aos homens e mulheres? Se positivo, como se configuram estas diferenças em jornais de grande circulação?

Fazendo uso da técnica da análise de imagens, selecionamos dentre as 519 fotos catalogadas aquelas mais representativas, que nos permitiram averiguar o quanto a cobertura jornalística faz julgamentos velados de comportamentos masculinos e femininos, (re)produzem estereótipos e (re)criam valores e atitudes que enaltecem visões dominantes entre homens e mulheres na sociedade, indo ao encontro dos estudos de Muhlen (2008, 2009, 2010, 2012) e Romero (2005). Para um melhor entendimento, as imagens representativas são aquelas que congregam em si traços, focos, ângulos, tons, símbolos, signos, entre outras características comuns às categorias de imagens que compuseram o objeto do estudo.

MÉTODO

Esta pesquisa foi avaliada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), sob o parecer 515.325 e protocolo 256-13. Vale lembrar que a mesma foi retirada de análise por não se tratar de pesquisa envolvendo seres humanos.

Na esteira de Haguette (1987), Santos Filho e Gamboa (1997), Demo (2001) e Goldenberg (2004), este estudo é descritivo e de natureza qualitativa, utilizando a técnica de análise de imagens. Nessa estrategia, é necessário identificar seus significados dentro da representação social e estar atentos às várias condições que permitem à imagem representar um objeto. A análise das imagens não deve ser feita através da verificação de uma condição apenas, pois todas são importantes para responder com clareza sobre o modo de representação das imagens. Antes mesmo de realizar o processo de análise das imagens é imprescindível atentar para os vários sentidos que uma foto é capaz de proporcionar (JOLY, 1996). Estas múltiplas leituras, que denominamos de caráter polissêmico da imagem, não significam que a foto possua vários "sentidos", e sim que seu sentido explícito cria classes de correspondências que permitem múltiplas interpretações. Esta capacidade que a imagem tem de possuir vários significados nasce da relação existente entre a imagem, o objeto e o observador.

Para a autora, por possuir uma condição de semelhança com o seu referente, a imagem adquire uma relação com o objeto de sua representação através dos diversos sentidos incorporados. Neste estudo optamos por abordar a imagem num plano da representação (o que ela mostra), num plano de conteúdo (o que ela significa), e num plano do significante (a realidade exterior a que ela faz referência). Ou seja, procuramos identificar qual a semelhança e ou diferença com a realidade exterior que a imagem remete. Com isso, procuramos o sentido, a interpretação que determinado grupo ou indivíduo apresenta para determinado objeto da sua realidade.

Flusser (1998) comenta que o significado decifrado é resultante tanto das intencionalidades do emissor quanto das do receptor, o que confere aos leitores e leitoras um espaço interpretativo. Ao vaguear pela imagem, o olhar vai estabelecendo relações entre os diferentes elementos que a compõem, através de uma leitura circular, onde cada signo influencia o significado do outro.

Partimos, então, do pressuposto de que o receptor tem participação ativa na formulação dos significados associados às imagens, logo as mensagens decifradas não são inequívocas ou únicas. Imagens são signos polissêmicos que possibilitam diferentes leituras, de acordo com o repertório simbólico de quem a interpreta e das relações estabelecidas entre os diferentes elementos que a compõem.

Para Joly (1996), a significação global de uma mensagem visual é constituída pela interação de três diferentes tipos de signos, a saber, plásticos, icônicos e linguísticos. Os signos plásticos compreendem cores, formas, linhas, texturas e a própria composição interna da imagem. Os signos icônicos correspondem às figuras que podemos reconhecer através da semelhança visual com o que representam, por exemplo, um desenho de uma árvore pode ser considerado como ícone na medida em que essa representação, de alguma forma, se pareça com uma árvore. Os signos linguísticos, por sua vez, dizem respeito à linguagem verbal, aos textos que podem acompanhar a mensagem visual e que muitas vezes cumprem o papel de ancorar o significado da imagem.

Foram analisadas 165 imagens do Jornal "O Dia" e 354 fotos do jornal "O Globo" no período dos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Para além das imagens, as legendas e as manchetes também foram alvos de nossas análises e para tal nos reportamos às leituras de Aumont (1995), Flusser (1998), Joly (1996), Rocha-Trindade (1998), Peixoto (1998) e Moreira Leite (1998), na obra de Feldman-Bianco e Moreira Leite (1998); Karam (2004) e Ciavatta (2004) citados no livro de Ciavatta e Alves (2004).

Como etapas de uma análise de imagem, Joly (1996)nos propõe os seguintes passos: 1- Observar os tipos de significantes plásticos, icônicos e lingüísticos co-presentes na imagem; 2- Fazer com que a eles correspondam os significados que lembram por convenção ou hábito; 3- Observar o cruzamento destes diferentes tipos de signos e os significados que emergem desse cruzamento e; 4- Formular uma síntese desses diversos significados, ou seja, uma versão plausível da mensagem implícita vinculada à imagem.

Feita esta análise, nosso estudo foi agrupado em duas unidades que assim se denominam: 1- Números que falam; 2- Em ação: o tratamento desigual, como será exposto a seguir.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Números que falam

Durante o período Olímpico foram catalogadas 519 imagens, sendo 165 (aproximadamente 31,8%) do Jornal "O Dia" e 354 (aprox. 68,2%) do Jornal "O Globo". A escolha pelos jornais como objeto de análise se justifica por sua popularidade: conforme a Associação Nacional de Jornais (ANJ, 2012), o primeiro é o jornal de maior tiragem do Rio de Janeiro e o segundo, aparece como o sexto da lista. Ao optarmos pelo sexto colocado, levamos em consideração o quesito tradição, uma vez que o Jornal "O Dia" está em circulação desde 1951. O segundo colocado, apesar de também se enquadrar nesse requisito, pertence às Organizações Globo, o que, no nosso entender, não ofereceria diferenças significativas do primeiro colocado. O terceiro colocado, um tabloide voltado às classes C e D, nas bancas desde 2005, pertence ao grupo O Dia, o que nos levou a optar pelo mais antigo. Quarto e quinto colocados também iniciaram suas atividades recentemente, nos anos de 1997 e 2006 respectivamente, sendo que o último é também ligado às Organizações Globo.

Para facilitar a compreensão dos resultados e contemplar o objetivo específico, separamos as fotos segundo suas dimensões, classificando-as em pequenas (10,5cm por 6,5cm), médias (20cm por 14cm) ou grandes (43,5cm por 30,5cm), como mostram os Gráficos 1 e 2. Em todas as categorias e em ambos os jornais, as fotos masculinas são apresentadas em maior número, totalizando 353 fotos masculinas (aprox. 68% das imagens) e 166 fotos femininas (aprox. 32% das imagens). Pereira (2008) e Devide et al. (2008) nos mostram, em meio às relações desiguais de poder, um prestígio e valorização do homem em detrimento da mulher. São escassas as pesquisas sobre a visibilidade delas na mídia e ao que tudo indica o espaço destinado ao esporte feminino é reduzido quando comparado ao masculino. Nas palavras de Sabo (2002) e Romero (2005), a imprensa esportiva nos ajuda a perceber as relações de gênero na sociedade, ao disseminar estereótipos de masculinidades e de feminilidades. Sendo o esporte uma categoria criada por homens e para homens, os Jogos Olímpicos são vistos como campo para exaltação de masculinidades hegemônicas. A diminuta atenção dada às atletas femininas pelos jornais analisados reflete o quanto o esporte ainda é visto como uma propriedade inseparável da masculinidade e impenetrável na esfera da feminilidade.

Figura 1.
Gráfico 1 - Jornal "O Globo". Fonte: Edições do jornal "O Globo".

Figura 2.
Gráfico 2 - Jornal "O Dia". Fonte: Edições do jornal "O Dia".

Nas classificações propostas, as diferenças na quantidade de imagens de atletas femininos e masculinos nos Jornais 'O Dia' e 'O Globo' reforçam o debate da visibilidade da mulher no esporte, ratificando que a mídia, independente do jornal e das dimensões das imagens, expõe atletas masculinos em maior quantidade do que atletas femininos em todos os aspectos, sem mencionar a forma como essas imagens são expostas (seu caráter técnico; o apelo estético; e a visibilidade facial dos atletas); questão essa que será desenvolvida a seguir.

Em ação: o tratamento desigual

Para consecução de nossos objetivos, organizamos os mosaicos abaixo apresentando as imagens mais impactantes e significativas seguidas de suas respectivas legendas e/ou manchetes, publicadas nos jornais "O Dia" e "O Globo" durante o período de vigência das Olimpíadas de 2012 em Londres. A escolha por esses jornais se justifica, para além dos argumentos apresentados anteriormente, por dois outros motivos: o público alvo diferenciado a que são destinados, pertencente a distintas classes sociais, e pelo fato de terem publicado edições específicas para os Jogos. Podemos dividir nossas análises nas seguintes categorias:

Esta primeira categoria engloba imagens e textos que dizem respeito à vitória dos atletas. As referentes ao voleibol de quadra masculino e feminino são classificadas como de grandes dimensões, sendo que duas são encontradas em capas de edições do jornal "O Globo" (Figuras 1 e 5). As Figuras 4 e 7 foram classificadas como de pequenas dimensões e as demais, de médias dimensões. A primeira impressão é que o tratamento que a mídia destina a homens e mulheres não se difere. Entretanto, as desigualdades de gênero vão muito além das legendas e manchetes que acompanham as imagens, e podem ser detectadas analisando-se as particularidades de seus conteúdos.

Figura 1.
À esquerda e acima. Manchete: "Os pés pelas mãos". Legenda: "Ouro. Se no futebol a seleção decepcionou pelos pés de Neymar e Cia., pelas mãos de Natália, Fabiana e Sheilla, o vôlei feminino pôde festejar o bicampeonato olímpico no lugar mais alto da quadra com o espetacular 3 a 1 sobre os EUA". (JORNAL O GLOBO, 2012k). Figura 2 - À esquerda e ao centro. Manchete: "Renascemos". "A desacreditada equipe de vôlei arrasa Rússia com atuação espetacular". Legenda: "Festa brasileira. Lucão comemora mais um ponto no triunfo da seleção brasileira masculina de vôlei sobre a Rússia por 25/21, 25/23, 25/21. Amanhã, a equipe volta à quadra para enfrentar os Estados Unidos, campeões olímpicos" (JORNAL O GLOBO, 2012d, capa). Figura 3 - À esquerda e abaixo. Legenda: "Murilo fez um partidaço e vibra com mais um ponto em cima dos gigantes russos. O Brasil está na frente dos EUA". (JORNAL O GLOBO, 2012d, p. 7). Figura 4 - Duplicada; Ào centro e acima. Legendas: "Bronze em Pequim nos 100m livre, Cielo quer outra medalha na prova". / "Ruta: grande surpresa na natação". (JORNAL O DIA, 2012a, p. 39). Figura 5 - Centralizada. Manchete: "Muralha". "Brasil massacra Itália e está na luta pelo tri olímpico no vôlei masculino". Legenda: "Triplo. Bruninho, um dos maiores destaques do jogo, Lucão e Murilo formam uma muralha e param mais um ataque italiano na espetacular vitória da seleção brasileira por 25/21, 25/12 e 25/21, que garantiu à ida à final contra a Rússia" (JORNAL O GLOBO, 2012j, Capa). Figura 6 - Ao centro e abaixo. Legenda: "Em êxtase: Tandara (11), Natália (12) e Paula Pequeno (4) não se contêm e comemoram a fácil vitória sobre o Japão dando cambalhotas na quadra como se fossem crianças". (JORNAL O GLOBO, 2012i). Figura 7 - À direita e acima. Legenda: "Parceiro de Emanuel, Alison vibra com mais uma vitória em Londres". (JORNAL O DIA, 2012c, p.38). Figura 8 - Duplicada; À direita e abaixo. Legendas: "Surpresa. Ruta Meilutyte, da Lituânia, chora após melhor marca do ano e oitava da historia nos 100m peito". / "Superação. Jennet Saryeva, do Turcomenistão, fecha os 400m livre com tempo mais rápido da historia do país" (JORNAL O GLOBO, 2012c, p. 2).

Nas vitórias

Ao observar os momentos de comemoração dos atletas exibidos nesse mosaico, logo destoa uma divergência de representação no que tange as emoções desencadeadas. O masculino é, na grande maioria das fotos, retratado em momentos de exaltação e de vibração, com foco na musculatura superior e no rosto expressivo, o que transmite ao observador a ideia de que se trata do atleta ou equipe vencedora (como nas Figuras 2, 3 e 7). Quando não é representado dessa forma, sua vitória é vinculada à execução de um movimento inerente ao esporte - como a saída do bloco na Figura 4 e o bloqueio triplo na Figura 5. Já nas imagens femininas, os rostos são ocultados, exibindo atletas de costas, abraçadas, chorando ou com as mãos encobrindo parte da face. Frequentemente, sem o acompanhamento das legendas e/ou manchetes há dificuldade em definir se a atleta ou a equipe venceu ou não. Na quase totalidade das fotos, a mulher é retratada em poses que vendem o erotismo e o fetiche de um público hegemonicamente masculino, que se agrada pelo aspecto sensual da mulher. À luz de Silva e Gomes (2010), o elemento erótico, tido como algo sujo e pervertido, é associado ao feminino e às classes subordinadas à masculinidade hegemônica. É relatado como a forma de demonstrarem o amor, o qual, para os subjugados, é um sentimento periférico, lascivo e sensual. Ao analisarmos as imagens masculinas e não encontrarmos essa "erotização", encontramos guarida nesses autores, uma vez que, nas imagens sua representação está associada a demonstrações de poder frente, prioritariamente, a essas classes.

Podemos confirmar esta assertiva através das Figuras 1, 4 e 8. A primeira imagem do mosaico, inclusive, foi publicada após a conquista do ouro pela equipe feminina de voleibol. Era de se esperar que fosse publicada uma foto no lugar mais alto do pódio ou do gesto técnico de um dos momentos decisivos do jogo. No entanto, o que se delineia na capa do jornal são as atletas de costas, de corpo inteiro e em cima do poste, ironicamente "no lugar mais alto da quadra" como descreve a legenda. Quando a atleta é retratada durante a execução de gestos técnicos, o que dificilmente acontece, a foto é de proporções menores e no interior do caderno de esportes, perdida em meio às demais reportagens.

Ao analisarmos as legendas, podemos inferir que a mídia enfatiza os ganhos masculinos, cria expectativas por resultados positivos e destaca proezas técnicas de um jogador ou equipe. No caso específico deste primeiro conjunto de fotos, a observância de palavras como "triunfo" e "enfrentar" descrevem atos heroicos executados bravamente por atletas masculinos, assim como "partidaça" e "gigantes", sendo inclusive termos aceitáveis de serem utilizados para se referir aos homens sem causar qualquer estranhamento (MUHLEN, 2010). A autora elucida que os termos empregados para homens fazem menção a símbolos que reforçam suas qualidades atléticas imbatíveis. "Muralha", nessa esteira, refere-se à eficiência do bloqueio brasileiro, relacionando-o ao sentido literal da palavra. "Massacre" e "luta" enfatizam o caráter guerreiro, bravo e lutador do homem, sendo esses adjetivos utilizados em grande parte das legendas como forma de engrandecer a virilidade, sendo mais uma evidencia de que a "[...] representação da beleza masculina está ligada a construção de homens fortes" (MUHLEN, 2010, p. 8). Portanto, caso algumas dessas palavras fossem atribuídas às mulheres, muito provavelmente não seriam entendidas como um elogio ao seu desempenho pelos leitores (MUHLEN, 2010, p. 8). Sabo (2002, p. 34-35, grifos do autor) versa sobre esse assunto sugerindo que o esporte se caracteriza como um espaço no qual "[...] se aprende a valorizar o 'ser homem' e a desvalorizar o 'ser mulher'", além de serem eles os detentores do controle do que se discute e de como se aborda determinado assunto na mídia esportiva.

Quanto à relação entre a legenda e a imagem veiculadas nas reportagens sobre vitórias de mulheres atletas, utilizaremos a Figura 4 a título de ilustração. O que se observa é que a imagem empregada para se referir a surpresa pelos resultados de Ruta na natação em nada tem a ver com o comentário tecido. Esta peculiaridade é encontrada em um número significante de fotos femininas, onde o descrito e o exibido divergem. Legendas técnicas são comumente utilizadas concomitantemente à exibição da atleta em posições estáticas e/ou em poses que denotam apelo sexual.

Figura 1.
À esquerda e acima. Legenda: "Decepção. Jogadoras caem no choro após eliminação dos Jogos Olímpicos" (JORNAL O GLOBO, 2012g). Figura 2 - À esquerda e abaixo. Manchete: "Derrota, revolta e choro na esgrima" (JORNAL O DIA, 2012a, p. 33). Figura 3 - Central-esquerda e acima. Legenda: "Paula Pequeno (E) e Dani Lins não escondem o abatimento após a derrota para as norte-americanas" (JORNAL O DIA, 2012a, p. 34). Figura 4 - Central-direita e acima. Legenda: "Decepção. Marta, atuação apagada" (JORNAL O GLOBO, 2012e, p. 7). Figura 5 - Centro e abaixo. Manchete: "Fracasso e conformismo em 'dia ruim' de maurren maggi". "Campeã em Pequim cai nas eliminatórias e perde chance de defender título olímpico". Legenda: "Decepção. Maurren cai na caixa de areia após mais um salto ruim. Décima quinta colocada no geral, ela vai tirar férias antes de voltar aos treinos" (JORNAL O GLOBO, 2012h). Figura 6 - À direita e acima. Legenda: "Decepção. As inglesas comemoram a vitória diante da brasileira Marta, que teve atuação discreta" (JORNAL O GLOBO, 2012d, p. 7). Figura 7 - À direita e abaixo. Manchete: "Vermelha de vergonha pela eliminação". "Honduras despacha a Espanha e precisa vencer o Japão para fugir do Brasil nas quartas de final". Legenda: "Queda. Botia consola Dominguez após a derrota" (JORNAL O GLOBO, 2012c).

Nas derrotas

Nos raros momentos em que a mulher é flagrada em movimento ou durante a execução de gestos técnicos, as legendas reportam-se a comentários sobre sua beleza física ou estão envolvidas com a derrota e decepção sofridas.

No entanto, grande parte das reportagens sobre mulheres faz uso de imagens na qual as atletas estão fora de ação ou em poses infames e as legendas, em vez de fornecerem detalhes técnicos, aludem a sua beleza, a maternidade ou a infantilidade (como mostra a Figura 6). Martins e Moraes (2007) e Muhlen (2009) elucidam que para elas, o fato de serem atletas fica em segundo plano, o que importa para os leitores é que a beleza seja mostrada. Assim como Romero (2005), não encontramos qualquer alusão à criatividade nas jogadas das atletas femininas, além de poucos elogios para elas.

Nesta categoria, quase que totalmente associada às mulheres, submergem momentos de derrota olímpica. De todas as imagens analisadas, apenas duas, uma média e uma pequena, representam o momento da frustração masculina onde um atleta aparece chorando como se observa na Figura 7. Todas as demais reportagens sobre perdas de títulos de atletas homens exibem fotos dos mesmos durante a execução de gestos técnicos, sugerindo que lutaram bravamente, porém não alcançaram o ouro. Segundo Romero (2005), raramente cita-se derrotas, erros ou decepções advindas deles, e quando isso acontece, utiliza-se de palavras atenuadoras, na tentativa de minimizar as consequências desses equívocos.

Figura 1.
Duplicada; À esquerda, acima. Legenda: "Animadoras de torcida empolgam a galera, e mesmo as jogadoras não ficam atrás no quesito beleza" (JORNAL O DIA, 2012a). Figura 2 - Triplicada; À esquerda e abaixo. Manchete: "De tirar o fôlego". Redação: "A mexicana Maria Fernández González, que vai nadar os 100m e 200m costas, roubou a cena no treino de ontem na piscina principal do Centro Aquático de Londres e chamou mais atenção que os supernadadores Michael Phelps e Ryan Lochte. Com um maiô cavado, que deixava à mostra a marca do biquíni e uma discreta tatuagem com os anéis olímpicos, a bela morena posou para Phelps [...], ajeitou os óculos de Lochte [...], e depois desfilou sua formosura, objeto da lente dos fotógrafos. A nadadora mexicana não é favorita para as suas provas, mas teve seus minutos de fama, ofuscando Phelps, que conquistou oito medalhas de ouro em Pequim, o maior número em uma só edição, e Lochte, dono de cinco medalhas de ouro no último Mundial" (JORNAL O GLOBO, 2012a, p. 3). Figura 3 - Central-esquerda e acima. Legenda: "Alison e Emanuel estão invictos e perto de conquistar uma medalha" (JORNAL O DIA, 2012d). Figura 4 - Centralizada à esquerda. Manchete: "Instabilidade em Londres". Legenda: "No verão inglês, sol e chuva se alternam num mesmo dia. Como o Brasil nos jogos, dos ensolarados vôlei de Jaqueline e Thaisa, de Alison e Emanuel e do futebol de Leandro Damião. As areias de Maurren e Juliana/Larissa ficaram molhadas de frustação" (JORNAL O GLOBO, 2012g, capa). Figura 5 - Central-esquerda e abaixo. Manchete: "Realidade nada uniforme para homens e mulheres". Legendas: "Com mãos na cintura e a nova camisa, Neymar é o craque da moda". / "Com o modelo antigo, Marta arma o chute: por contrato, uniforme do feminino é renovado a cada dois anos, enquanto no masculino a troca é anual" (JORNAL O GLOBO, 2012b, p. 3). Figura 6 - Duplicada; Central-direita e acima. Legendas: (ALTO) "Ao ataque. Lucão (16) arma a cortada, enquanto Dante faz a finta: um time em evolução depois do fracasso da Liga Mundial e das oscilações em Londres". / (BAIXO) "Expectativa. Marcelo Huertas (9) estará na equipe que enfrenta a Argentina hoje e que poderá ter o desfalque de Nenê, com dores na sola do pé esquerdo" (JORNAL O GLOBO, 2012g). Figura 7 - Centralizada à direita. Legenda: "De vermelho, a dinamarquesa Caroline Wozniacki, no último treino, chama a atenção dos militares" (JORNAL O GLOBO, 2012b). Figura 8 - Central-direita e abaixo. Legenda: "O bloqueio brasileiro foi ineficiente durante os três sets ontem" (JORNAL O DIA, 2012b). Figura 9 - Duplicada; À direita e acima. Legendas: (ALTO) "Londres 2012. Bolt vence a prova com segurança, mas com Blake, um provável sucessor, em seu encalço". / (BAIXO) "Pequim (2008). Quatro anos antes, o jamaicano cruza a linha de chegada com folga e novo recorde mundial" (JORNAL O GLOBO, 2012f). Figura 10 - Triplicada; À direita e abaixo. Legenda: "Sem medo. Wallace se joga em cima das placas para salvar um ponto contra a Argentina. O jogador não mediu esforços para pegar a bola e "atropelou" até os fotógrafos" (JORNAL O GLOBO, 2012h).

Em cena e nos bastidores

No caso da Figura 7, a manchete referente à vergonha pela derrota faz-nos depreender que perder não é comum ao masculino.

As fotos femininas, em todas as imagens analisadas, ilustram atletas no derradeiro momento: chorando, abatidas, fracassadas e decepcionadas. Ao lermos os textos que as acompanham, a maioria concerne conotação agravadora às derrotas, às falhas, às incapacidades, às expectativas frustradas aos erros e desapontamentos, bem como realçam as grandes dificuldades no caminho até a vitória improvável. Tais expressões sintetizam as atribuições "próprias" do feminino, que levam o leitor a desacreditar no desempenho da equipe ou das atletas, mesmo que possuam qualidade técnica igual ou superior à masculina. Ao debruçarmos sobre termos que envolvem "decepção", "choro", "derrota", "revolta", "frustração", "atuação apagada", "fracasso", "dia ruim", "atuação discreta", "esconder o abatimento" e "derrota", comprovamos tais considerações e inferimos que, embora inseridas no palco dos esportes, este não parece ser um território apropriado às mulheres sob a ótica da mídia, provavelmente por aproximarem-nas da masculinização e afastarem-nas do padrão mulher, feminilidade e beleza por ela perpetuado. Concordamos com Goellner (2005) quando diz que o esporte é, para as mulheres, um espaço ainda a conquistar e a atrelar novos significados.

Optamos por deixar o mosaico anterior por último devido ao seu conteúdo fazer um resumo da querela até aqui discriminada. Ele reforça que a mídia, ainda que de forma velada, vem sendo um instrumento de propagação das desigualdades de gênero na sociedade por impor padrões de feminilidade e masculinidade ligados à beleza. Esta seleção de fotos reporta-se a todas as situações que não se enquadram nas categorias acima apresentadas, tendo esta conjuntura treinos, partidas ou provas não decisivas, fatos curiosos ou acontecimentos inusitados.

Voltando a atenção para os gramados, observamos uma "realidade nada uniforme" no que tange as representações de gênero nas imagens e nos textos que acompanham a Figura 5. Mesmo Neymar apresentando feição de derrota, esta não é citada nas legendas, que se referem à troca dos uniformes das equipes. No que tange a manchete e a legenda que abordam a troca de uniformes das equipes femininas e masculinas, ao que tudo indica, as mulheres atletas são avaliadas pela imprensa de acordo com sua hierarquia no esporte (ROMERO, 2005), onde se insere o futebol, que é visto socioculturalmente como uma reserva de dominação masculina. Esta é interpretada como a explicação para o fato de o contrato para a equipe masculina definir a troca anual de seu uniforme, enquanto que o feminino ocorre bienalmente. A legenda ainda se refere à Neymar como sendo o craque da moda em seu novo uniforme, enquanto à Marta nenhum comentário é tecido acerca de suas qualidades atléticas ou físicas, apenas menciona a discrepância supracitada. Goellner (2005) e Martins e Moraes (2007)versam sobre a inserção e visibilidade das mulheres futebolistas, aludindo que ainda é problemática a estruturação da modalidade no país, são efêmeras as contratações de atletas e quase inexistentes as leis de incentivo à prática feminina do futebol. Embora uma valorização tenha ocorrido, esta fora desencadeada sazonalmente, em decorrência dos Jogos Olímpicos. Ainda permanecem preconceitos e estigmas relacionados às suas praticantes, que levantam suspeitas por não estarem abraçando os moldes da imagem ideal de ser feminina.

Atentando-nos a Figura 2, intui-se que esta evidencia e descreve a sensualidade e os atributos físicos da nadadora mexicana. O lado belo da atleta é exibido, mesmo que a beleza não seja o foco principal do evento. Em sua pesquisa, Muhlen (2010) nomeou alguns atletas como "Musos e Musas", e especificou de que forma são retratados. A autora sustenta que muitas atletas somente foram (e são) fotografadas por serem belas, e não por sua performance. Tal ideia afigura-se como sendo o caso da nadadora Maria Fernandéz, que somente recebeu tal destaque por seu maiô deixar à mostra marcas de biquíni e por ter dividido a raia com superatletas como Michael Phelps e Ryan Lochte. Sob a esteira de Paulson (2002), alguns artefatos culturais atribuídos ao sexo feminino provocam reações fisiológicas ao ser masculino que lhe despertam o prazer. A autora intitula sapatos de saltos altos e calcinhas de renda como símbolos sexuais, e aqui identificamos o bronzeado da nadadora delineando marcas de biquíni como um dos símbolos que vendem o erotismo e o fetiche a um público predominantemente masculino. A ênfase dada aos glúteos, tanto nas imagens quanto no texto, comprova esta identificação e reforça o padrão de feminilidade imposto pela mídia. Corrobora também com o já mencionado anteriormente sobre o caráter subjugado da mulher no esporte ao fazer uso de expressões como "de tirar o fôlego", "roubou a cena", "bela morena", "desfilou sua formosura", entre outras, reafirmando os dizeres de Romero (2005) de que as mulheres são desvalorizadas em suas habilidades atléticas e enaltecidas por seus atrativos físicos, e ainda assim, quando se enquadram no conceito de beleza pré-determinado para o contexto histórico vigente. As Figuras 1 e 7 comprovam a contenda exemplificada pela reportagem da nadadora mexicana. Ambas fazem menção apenas a beleza das atletas, corroboradas com a ausência de linguagem técnica nos escritos e o uso de imagens grotescas e que suscitam a sensualidade, características já citadas anteriormente como corriqueiras às representações do sexo feminino. Gomes, Silva e Queirós (2008)elucidam tais exposições ao afirmar que o corpo feminino é explorado e muitas vezes maltratado pela mídia, dependendo dos interesses e dos estereótipos que se queriam mostrar. Isso leva a uma sobre-exposição ou a uma subexposição do feminino, uma vez que o corpo da mulher jovem que corresponde ao padrão aceito pela mídia serve para vender de tudo. Ainda nesse viés, algumas atletas, após finalizarem suas carreiras esportivas, tornam-se repórteres ou comentaristas de sua modalidade, o que torna dúbio se a permanência delas nos meios de comunicação objetiva divulgar o esporte feminino ou seduzir os espectadores (DEVIDE et al., 2008).

As Figuras 3, 6, 9 e 10 também reforçam as considerações arquitetadas sobre atletas homens. Todas mostram os desportistas em movimento, mesmo a reportagem não se referindo à sua vitória. As legendas empregadas idealizam a vitória certa (Figura 3), a garra e a coragem dos jogadores (Figura 10), comparam seus bons desempenhos prévios com os atuais (Figura 9) ou atenuam as más performances anteriores pelo uso de linguagens técnicas e referências à "volta por cima" que se espera seja dada pelos atletas masculinos (Figura 6). Traçando um paralelo entre essas imagens e a retratada na Figura 8, uma das poucas em que mulheres aparecem executando gestos técnicos, percebe-se que a forma de representação delas nessa situação também é divergente da masculina. Elas aparecem de costas e/ou com rosto oculto. As desigualdades (re)construídas pela mídia perpassam a fronteira do gênero e invadem a questão racial: As jogadoras que aparecem de costas e de rosto oculto são negras, enquanto a jogadora considerada branca aparece com o rosto semioculto. Outro fato curioso ao analisarmos por este viés é que o número de registros de atletas brancas é superior ao de atletas negras, o que nos leva a crer que a mídia não consegue dissociar beleza de etnia caucasiana. As legendas utilizadas apontam ainda falhas e ineficiência do bloqueio brasileiro, mas nenhuma referência aos pontos positivos da equipe que levaram a vitória nessa partida - a equipe feminina de voleibol conquistou o bicampeonato olímpico e a masculina ficou com a medalha de prata. Podemos inferir que as reportagens sobre homens apontam para as expectativas e os pontos positivos de seus desempenhos, enquanto que as femininas evidenciam seus erros (ou sua beleza), ainda que tenham obtido bons resultados. Essa discussão pode ser observada na Figura 4, onde uma metáfora que envolve elementos meteorológicos descreve as atuações masculinas como ensolaradas e a maioria das femininas como chuvosas. A única imagem que se refere à atuação brilhante por parte das atletas ratifica que, pela análise isolada da foto, não é possível se certificar de que se trata de uma vitória ou uma derrota.

CONCLUSÃO

Justificamos a importância dos estudos abordando questões de gênero e mídia na área da Educação Física pelo fato de representarem parcela diminuta, evidenciando uma lacuna no conhecimento. Almejamos contribuir com os que partilham da ideia de que a segregação de gêneros poderá ser menor, se empenharmo-nos na tentativa de redução das influências de preconceitos e estereótipos. Também buscamos dar contributo àqueles que divergem desta análise (PEREIRA, 2005).

Corroborando com estudiosos como Boschilia e Meurer (2006), Knijnik e Souza (2004, 2007), Romero (2005, 2006, 2008), Luz e Arantes (2010) e Muhlen (2008, 2009, 2010, 2012) a mídia corrobora com a segregação de sexos, ao divulgar imagens diferenciadas de atletas masculinos e femininos. O que se verifica é que, para o homem atleta, a imagem construída é a de guerreiro, viril e imbatível, com foco acima da cintura (membros superiores), e em posições que não põem em dúvida sua masculinidade (hegemônica). Predomina a representação de execuções vigorosas e dinâmicas de movimentos inerentes à sua modalidade, ou em demonstrações de força, raça e garra ou comemorando de forma exaltada. É comum o uso de assertivas que enaltecem seu desempenho atlético e os feitos incríveis empregados para alcançar a vitória, o que também é citado por Sabo (2002) como forma de comprovar sua masculinidade.

Já o feminino é retratado pondo-se em evidência o corpo belo da atleta, na maioria das vezes de costas, com foco nos glúteos e rosto oculto. Utiliza-se de imagens e palavras pejorativas, esdrúxulas e difamatórias, como forma de vender o erotismo e o fetiche a um público majoritariamente masculino. É corriqueira a utilização de termos unicamente relacionados ao ser feminino nas manchetes e legendas, fazendo alusão à sensibilidade e ao sexo frágil. À luz de Sabo (2002), este é um indicativo de que os homens dominam e controlam aquilo que se vê e se discute na imprensa esportiva. A ausência de palavras técnicas, elogios e comentários a respeito de sua performance se chocam com as alusões a sua fineza, elegância e charme. Em muitos casos, a atleta vira notícia por ter um corpo belo aos olhos da mídia e não por se destacar na sua modalidade. Quando não está de acordo com o padrão de beleza vigente, as legendas enfatizam aspectos negativos, erros técnicos, derrotas ou decepções. Este fato sugere que o esporte feminino, mesmo que alcance bons resultados, será retratado em segundo plano a fim de que seja evidenciada a sexualidade enfatizada.

Para o masculino, quando este não alcança os resultados esperados, a decepção decorrente da derrota é exposta de forma atenuada pela imprensa. É evidente nas imagens e nas legendas a valorização, dominação e imponência do homem frente à subordinação da mulher, onde mais precisamente o aspecto técnico masculino se relaciona com a vitória, enquanto o feminino se relaciona ao erro (COLLING, 2004).

Ao analisarmos as publicações nos jornais selecionados, é gritante a quantidade superior de imagens masculinas frente às femininas. Este estudo revelou que é maior o número de fotos de atletas homens classificadas como grandes. Nas poucas vezes em que o homem é retratado denotando emotividade, choro ou decepção, as imagens divulgadas são de dimensões médias ou pequenas. E nas raras vezes em que a mulher é registrada durante a execução de gestos técnicos, vale-se do mesmo ocorrido no masculino: fotos médias ou pequenas e restritas ao interior do jornal.

Torna-se imprescindível a reconstrução e desconstrução do gênero sem lhe impor valores, pois é um fator que está em contínuo processo de desenvolvimento. Muhlen (2008) reafirma tal propósito ao expor que a mídia deve mostrar as diferentes possibilidades do ser atleta, ao invés de criar, confirmar e reconfirmar convenções sociais. Esse é um debate que deve ser estimulado ao nos depararmos com imagens que refletem esses conceitos e diferenças com relação ao gênero, diferenciando e expondo características distintas de acordo com o sexo e o corpo generificado dos atletas. Ambos os valores e as características devem ser expostos de maneira livre; sem que haja tal segregação.

Não estamos aqui em posição de impor tais considerações, pois entendemos que os jornais analisados alcançam públicos advindos de contextos históricos diferenciados e que o olhar para as imagens é construído com bases socioculturais. Não é nosso objetivo, como bem elucida Muhlen (2009), estender as análises feitas à compreensão generalizada do público alvo. A imagem é sempre modelada por estruturas profundas, mas é também um meio de comunicação e de representação do mundo. Assim sendo, ela pode refletir o elemento cultural do contexto de determinado sujeito. Conforme Aumont (1995, p. 131), "[...] a imagem é universal, mas sempre particularizada".

Nossa discussão segue além das fronteiras de gênero e vai de encontro às lentes dos que produzem essas imagens, pois no caso da fotografia, como esclarece Mauad (2004), é evidente o papel do autor imputado ao fotógrafo. Sugerimos a continuidade dos estudos englobando a temática do gênero na imprensa esportiva e seus desdobramentos na área da Educação Física e Esporte, com vistas a suprimir as lacunas existentes neste campo que mantém vivas as desigualdades e hierarquizações de gênero.

REFERÊNCIAS

  • ANJ. Associação Nacional de Jornais. Maiores Jornais do Brasil. Os maiores jornais do Brasil de circulação paga, por ano. 2012. Disponível em: <http://www.anj.org.br/a-industria-jornalistica/jornais-no-brasil/maiores-jornais-do-brasil>. Acesso em: 10 jun. 2013.
    » http://www.anj.org.br/a-industria-jornalistica/jornais-no-brasil/maiores-jornais-do-brasil
  • AUMONT, J. A imagem. Campinas: Papirus, 1995.
  • AZEVEDO, T. A mulher na educação física e no esporte. In: ROMERO, E. (Org.). Mulheres em movimento. 1. ed. Vitória: Edufes, 1997. v. 1. p. 137-163.
  • BATISTA, R. S.; DEVIDE, F. P. Mulheres, futebol e gênero: reflexões sobre a participação feminina numa área de reserva masculina. Revista Digital EFDeportes, Buenos Aires, Año14, n. 137, Out. 2009. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd137/mulheres-futebol-e-genero.htm>. Acesso em: 01 jun. 2013.
    » http://www.efdeportes.com/efd137/mulheres-futebol-e-genero.htm
  • BELOTTI, E. Educar para a submissão: o descondicionamento da mulher. Petrópolis: Vozes, 1985.
  • BOSCHILIA, B.; MEURER, S. S. Refletindo sobre a participação da mulher no esporte moderno: algumas relações entre gênero e mídia impressa. Revista Digital EFDeportes, Buenos Aires, Año 11, n. 97, p. 01-01, jun. 2006.
  • CIAVATTA, M. Educando o trabalhador da grande "Família da fábrica - A fotografia como fonte histórica". In: CIAVATTA, M.; ALVES, N. A leitura de imagens na pesquisa social: história comunicação e educação. São Paulo: Cortez, 2004. p. 37-39.
  • COLLING, A. A Construção histórica do feminino e do masculino. In: STREY, M. N.; CABEDA, S. T. L.; PREHN, D. R. (Org.). Gênero e cultura: questões contemporâneas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004. p. 13-38.
  • DEMO, Pedro. Pesquisa e informação qualitativa: aportes metodológicos. Campinas: Papirus, 2001.
  • DEVIDE, F. P.; LIMA, F. R.; RODRIGUES, F. S. J.; BATISTA, R. S. Produção de sentidos sobre a visibilidade de mulheres atletas no jornalismo esportivo: interpretações a partir do Caderno de Esportes do Jornal "O GLOBO". In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. B. (Org.). O universo do corpo: masculinidades e feminilidades. Rio de Janeiro: Shape/Faperj, 2008. p. 401-416.
  • DEVIDE, F. P.; OSBORNE, R.; SILVA, E. R.; FERREIRA, R. C.; CLAIR, E. S.; NERY, L. C. P. Estudos de gênero na Educação Física Brasileira. Motriz, Rio Claro, v. 17, n. 1, p.93-103, jan./mar. 2011.
  • FELDMAN-BIANCO, B.; MOREIRA LEITE, M. (Org.). Desafios da imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. Campinas: Papirus, 1998.
  • FLUSSER, V. Ensaio sobre a fotografia: para uma filosofia da técnica. Lisboa: Relógio D'Água, 1998.
  • FREITAS, L. K. M. R. Novos modos de (a)enunciar o masculino na mídia: o discurso da publicidade sobre o metrossexual. Revista Litteris, v. 7, mar. 2011. Disponível em: <http://revistaliter.dominiotemporario.com/doc/Novos_modos_de_%28a%29enunciar_o_masculino_na_midia_o_discur_so_da_publicidade_sobre_o_metrossexual.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2012.
    » http://revistaliter.dominiotemporario.com/doc/Novos_modos_de_%28a%29enunciar_o_masculino_na_midia_o_discur_so_da_publicidade_sobre_o_metrossexual.pdf
  • GOELLNER, S. V. Mulheres e futebol no Brasil: entre sombras e visibilidades. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 143-151, 2005.
  • GOLDENBERG, M. A arte de pesquisar: como fazer pesquisa qualitativa em Ciências Sociais. 8. ed. Rio de Janeiro: Record. 2004.
  • GOMES, P. B.; SILVA, P.; QUEIRÓS, P. Distintos registros sobre o corpo feminino: beleza, desporto e mídia. In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. B. (Org.). O universo do corpo: masculinidades e feminilidades. Rio de Janeiro: Shape/Faperj, 2008. p. 387-399.
  • HAGUETTE, T. Metodologia qualitativa na sociologia. Petropólis: Vozes, 1987.
  • JOLY, M. Introdução à análise da imagem. Campinas: Papirus, 1996.
  • JORNAL O DIA. Rio de Janeiro, n. 21.956, 31 jul. 2012a. 1. ed. Olimpíadas Londres 2012.
  • JORNAL O DIA. Rio de Janeiro, n. 21.958. 02 ago. 2012b. 1. ed. Olimpíadas Londres 2012.
  • JORNAL O DIA. Rio de Janeiro, n. 21.959, 03 ago. 2012c. 1. ed. Olimpíadas Londres 2012.
  • JORNAL O DIA. Rio de Janeiro, n. 21.963. 07 ago. 2012d. 1. ed. Olimpíadas Londres 2012.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.842, 25 jul. 2012a. 3. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas 2012.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.845, 28 jul. 2012b. 6. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas 2012.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.847, 30 jul. 2012c. 8. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.849, 01 ago. 2012d. 10. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.852, 04 ago. 2012e. 13. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas 2012.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.854, 06 ago. 2012f. 15. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas 2012.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.856, 08 ago. 2012g. 17. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas 2012.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.857, 09 ago. 2012h. 18. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas 2012.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.858, 10 ago. 2012i. 19. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas 2012.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.859, 11 ago. 2012j. 20. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas 2012.
  • JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, Ano LXXXVIII, n. 28.860, 12 de Ago. 2012k. 21. ed. do Caderno de Esportes Olimpíadas 2012.
  • KARAM, T. Fotografia jornalísrtica, discurso visual e direitos humanos na imprensa da cidade do México. In: CIAVATTA, M.; ALVES, N. A leitura de imagens na pesquisa social: história comunicação e educação. São Paulo: Cortez, 2004. p. 37-39.
  • KNIJNIK, J. D.; MACHADO, A. A. Bailarinos do esporte: notas sobre novas masculinidades em campo. In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. B. (Org.). O universo do corpo: masculinidades e feminilidades. Rio de Janeiro: Shape/Faperj, 2008, p. 137-150.
  • KNIJNIK, J. D.; SOUZA, J. S. S. Diferentes e desiguais: relações de gênero na mídia esportiva brasileira. In: SIMÕES, A. C.; KNIJNIK, J. D. (Org.). O mundo psicossocial da mulher no esporte: comportamento, gênero, desempenho. São Paulo: Aleph, 2004, p. 191-212.
  • KNIJINIK, J. D.; SOUZA, J. S. S. A mulher invisível: gênero e esporte em um dos maiores jornais diários do Brasil. Revista Brasileira Educação Física e Esporte. São Paulo, v. 21, n. 1, p. 35-48, jan./mar. 2007.
  • LACERDA, C. Representações de masculinidade na dança e nos esportes: um olhar sobre Nijinski e Jeux. Recife: O Autor, 2010.
  • LEITE, M. (Org.). Desafios da imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. Campinas: Papirus, 1998. p. 213-224.
  • LUZ, T. R.; ARANTES, J. P. A cobertura do jornalismo esportivo em relação ás mulheres atletas. In: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES, 13., 2010, Mogi das Cruzes. Anais... Bauru: Copyright UMC, 2010. v. único. p. 1-132.
  • MARINHO, I. P. Historia geral da educação física. São Paulo: Brasil Editora, 1980.
  • MARTINS, L. T.; MORAES, L. O futebol feminino e sua inserção na mídia: a diferença que faz uma medalha de prata. Pensar a Prática, Goiânia, v. 1, n. 10, p. 69-81, jan./jun. 2007.
  • MAUAD, A. M. Através da imagem: fotografia e história interfaces. Tempo, Rio de Janeiro, v. 1, n. 2, p. 73-98, 1996.
  • MAUAD, A. M. Fotografia e história - possibilidades de análise. In: CIAVATTA, M.; ALVES, N. A leitura de imagens na pesquisa social: história comunicação e educação. São Paulo: Cortez, 2004. p. 37-39.
  • MELO, V. A. História da educação física e do esporte: panorama e perspectivas. 2. ed. São Paulo: IBRASA, 1999.
  • MIRAGAYA, A. A mulher olímpica: tradição versus inovação na busca pela inclusão. In: DA COSTA, L. P.; TURINI, M. Coletânea de textos em estudos olímpicos. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2002. v. 1.
  • MIRAGAYA, A. As mulheres nos Jogos Olímpicos: participação e inclusão social. In: RUBIO, K. Megaeventos esportivos, legado e responsabilidade social. 1. ed. São Paulo: Casa do Psicologo, 2007. p. 229-231.
  • MOREIRA LEITE, M. L. Texto visual e texto verbal. In: FELDMAN-BIANCO, B.; MOREIRA LEITE, M. (Org.). Desafios da imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. Campinas: Papirus, 1998. p. 37-49.
  • MUHLEN, J. C. V. Pan-Americano Rio 2007. Análise dos discursos sobre gênero e sexualidade produzidos pela mídia esportiva. In: CONGRESSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E CIÊNCIAS DO DESPORTO DOS PAÍSES DE LÍNGUA PORTUGUESA, 12., 2008. Disponível em: <http://www2.ufrgs.br/XIIPALOPS/relatorio_trabalhos_aceitos_convertido.html>. Acesso em: 25 ago. 2012.
    » http://www2.ufrgs.br/XIIPALOPS/relatorio_trabalhos_aceitos_convertido.html
  • MUHLEN, J. C. V. Esporte e mídia: representações de gênero para atletas no Pan-Americano Rio 2007. In: SEMINÁRIO CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE. COMPOSIÇÕES E DESAFIOS À FORMAÇÃO DOCENTE. FURG, 06-08 maio 2009. Disponível em: <http://www2.ufrgs.br/XIIPALOPS/relatorio_trabalhos_aceitos_convertido.html>. Acesso em: 21 ago. 2012.
    » http://www2.ufrgs.br/XIIPALOPS/relatorio_trabalhos_aceitos_convertido.html
  • MUHLEN, J. C. V. Musos e musas: a beleza dos atletas "rouba a cena" nos Jogos Olímpicos de Pequim. In: FAZENDO GÊNERO, 9. Diásporas, Diversidades, Deslocamentos. 2010. Disponível em: <http://www.fazendogenero.ufsc.br/9/resources/anais/1278295335_ARQUIVO_FazendoGeneroMusosMusasModeloPadrao.pdf>. Acesso em: 21 ago. 2012.
    » http://www.fazendogenero.ufsc.br/9/resources/anais/1278295335_ARQUIVO_FazendoGeneroMusosMusasModeloPadrao.pdf
  • MUHLEN, J. C. V. Jogos de gênero em Pequim 2008: representações de feminilidades e masculinidades (re)produzidas pelo site terra. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 1, p. 165-184, jan./mar. 2012.
  • PAULSON, S. Sexo e gênero através das culturas. In: ADELMAN, M.; SILVESTRIN, C. B. (Org.). Coletânea gênero plural. Curitiba: UFPR. 2002. (Pesquisa: 66).
  • PEIXOTO, C. E. Caleidoscópio de imagens: o uso do vídeo e a sua contribuição à análise das relações sociais. In: FELDMAN-BIANCO, B.; MOREIRA LEITE, M. (Org.). Desafios da imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. Campinas: Papirus, 1998. p. 213-24.
  • PEREIRA, E. G. B. O ser masculino na ótica de alunos e professores de educação física. Cadernos de Estudos e Pesquisas, Niterói, ano IX, n. 21, p. 75-87, 2005.
  • PEREIRA, E. G. B. Discutindo gênero, corpo e masculinidade. In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. B. (Org.). O universo do corpo: masculinidades e feminilidades. Rio de Janeiro: Shape/Faperj, 2008. p. 87-101.
  • RAMOS, J. J. Os exercícios físicos na história e na arte. M. José Gomes Tubino e Cláudio de Macedo Reis (Org.). São Paulo: IBRASA, 1982.
  • ROCHA-TRINDADE, M. B. Imagens e aprendizagens na sociologia e na antropologia. In: FELDMAN-BIANCO, B.; MOREIRA LEITE, M. (Org.). Desafios da imagem: fotografia, iconografia e vídeo nas ciências sociais. Campinas: Papirus, 1998. p. 159-171.
  • ROMERO, E. E agora, vão fotografar o quê? As mulheres no esporte de alto rendimento. Labrys. Estudos Feministas (Online), Brasília, v. 8, p. 1-29, 2005.
  • ROMERO, E. A hierarquia de gêneros nos Jogos Olímpicos de 2004 e a imprensa esportiva. Seminários España-Brasil. Rio de Janeiro: Universidade Autônoma de Barcelona e Universidade Gama Filho, 2006.
  • ROMERO, E. Construção e reprodução da masculinidade e da femininlidade no esporte pela mídia escrita. In: ROMERO, E.; PEREIRA, E. G. B. (Org.). O universo do corpo: masculinidades e feminilidades. 1. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2008. v. 1. p. 333-385.
  • SABO, D. O estudo crítico das masculinidades. In: ADELMAN, M.; SILVESTRIN, C. B. (Org.). Coletânea gênero plural. Curitiba: UFPR. 2002. p. 33-46.
  • SAFFIOTI, H. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987.
  • SANTOS FILHO, J. C.; GAMBOA, S. S. (Org.). Pesquisa educacional: qualidade-quantidade. São Paulo: Cortez, 1997.
  • SCHNEIDER, R. A fascinante Grécia. São Paulo: Loyola, 2004.
  • SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, jul./dez. 1995.
  • SILVA, P. N. G.; GOMES, E. S. L. O erótico no imaginário brasileiro: as palavras e a corporeidade. Revista Religare, Paraíba, v. 2, n. 7, p. 164-171, 2010.
  • VIEIRA, S.; FREITAS, A. O que é Natação? Rio de Janeiro: Casa da Palavra; COB, 2006.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2014

Histórico

  • Recebido
    22 Mar 2014
  • Revisado
    13 Jun 2014
  • Aceito
    22 Jun 2014
location_on
Universidade Estadual de Maringá Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá - PR, Tel.: (55 44) 3011 4470 - Maringá - PR - Brazil
E-mail: revdef@uem.br
rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
Acessibilidade / Reportar erro