Open-access Tradutores audiovisuais e o tabu: um estudo de atitudes relativas à tradução para legendagem na televisão portuguesa

Audiovisual translators and taboo: Attitudes on subtitling on Portuguese television

Resumo

No âmbito dos Estudos da Tradução Audiovisual, vários estudos têm sido dedicados à investigação da tradução da linguagem tabu, na área da dobragem, da legendagem, o fansubbing, e mais recentemente até na área da Acessibilidade. Contudo, esta investigação tem se visto restrita à análise de textos, sendo mais escassa à investigação do agente humano no processo da tradução. Neste enquadramento, este estudo empírico tem por objetivo investigar as atitudes de tradutores audiovisuais relativamente à tradução para legendagem na televisão de sinal aberto em Portugal. Aplicou-se, com esse fim, um questionário a tradutores. Os resultados demostraram um alto nível de concordância com a manutenção do tabu, tal como a relevância de diferentes aspectos relacionados com o papel que o tabu assume nas narrativas fílmicas. Não obstante, estas atitudes diferem da estratégia mais comum na tradução e legendagem de tabu no contexto português, a omissão, o que pode indiciar um novo paradigma na tradução de linguagem tabu.

Palavras-chave Estudos de Tradução; atitudes; Portugal; televisão; estratégias de tradução

Abstract

Many studies have focused on the translation of taboo words within Audiovisual Translation, either in subtitling, dubbing, fansubbing, or more recently within Media Accessibility studies. However, most of this research has been restricted to textual analysis, and less on the human agents behind the process of translation. Relatedly, this study aims to assess the attitudes of audiovisual translators regarding the subtitling of taboo words on Portuguese FTA (free-to-air, open-signal) television. An online questionnaire was distributed to respondents matching the profile. Results show a high level of agreement towards maintaining the taboo, as well as the high relevance of different aspects relating to the role taboo plays in film narratives. Nonetheless, these attitudes differ from the most common strategy for the subtitling of taboo found within the Portuguese context – omission, which could mean a new paradigm is emerging.

Keywords Translation Studies; attitudes; Portugal; television; translation strategies

1. Introdução

Os Estudos de Tradução assistiram, nos últimos anos, a um interesse crescente pelos agentes humanos envolvidos no processo de tradução (Chesterman, 2017/2009; Saldanha & O’Brien, 2013). Contudo, Chesterman (2017/2009) enfatiza que os estudos do Tradutor não estão contemplados na subdivisão inicial da disciplina, proposta no mapa seminal de Holmes (2004/1988). Para o autor, este mapeamento exclui os estudos na área da sociologia da tradução, do ato de tradução ou da história da tradução, propondo um novo ramo, cujo objeto central de estudo seja o tradutor e assim orientando os estudos relativos à sociologia dos tradutores e à sociologia do processo de tradução. Assim, sugere um novo ramo “Estudos do Tradutor”, por sua vez, tripartidos em 1) Culturais (ideologias, ética, história...); 2) Cognitivos (processo mental, emoções, atitudes...); e 3) Sociológicos (rede, instituições, estatuto, processos no local de trabalho...). Saldanha e O’Brien acrescentam:

Ever since the publication of Douglas Robinson’s The Translator Turn (1991) there have been calls for more attention to be paid to the human agents in the translation process, in particular, to translators and interpreters. In 2009, Chesterman suggested adding a branch called “Translator Studies” to Holmes’ famous map of the discipline. In the last decade or so, this trend can be linked to the development of a new sociological approach to the study of translation, with several publications proposing new theoretical frameworks in order to explain the interaction between human agents, translated texts and their context of production and reception from a sociological perspective

(Saldanha & O’Brien, 2013, p. 150).

Não obstante esta mudança, a maioria dos estudos na área da tradução audiovisual de linguagem tabu tem focado apenas os textos, do ponto de vista das estratégias de tradução (Alsharhan, 2020; Ávila Cabrera, 2014; Beseghi, 2016; Chen, 2004; Enell-Nilsson, 2014; Filmer, 2012; Han & Wang, 2014; Hjort, 2009; Khoshsaligheh et al., 2018; Özbudak, 2021; Lie, 2013; Mattsson, 2006; Midjord, 2013; Sæther, 2022; Scandura, 2004; Xavier, 2009). Estes estudos providenciam abordagens quantitativas e/ou qualitativas a estratégias específicas de tradução de linguagem tabu, em diferentes contextos, sendo possível concluir sobre tendências transcontextuais relativas a este problema de tradução. Ainda assim, apesar da pertinência do estudo de atitudes dos tradutores audiovisuais no enquadramento da tradução e legendagem de linguagem tabu, a sua investigação tem sido comedida. Alguma da bibliografia mencionada faz alusão aos tradutores audiovisuais sem que, contudo, aborde a sua opinião sobre estratégias de tradução ou sobre as suas próprias opções quando lidam com o problema. Pelo contrário, o estudo de Hjort (2009) fornece um olhar detalhado sobre as atitudes de tradutores audiovisuais finlandeses relativamente à tradução e legendagem de linguagem tabu, aludindo também às orientações dadas aos tradutores. Mais recentemente, os estudos têm vindo a recair sobre o tabu em novas plataformas (streaming) (Alsharhan, 2020; Özbudak, 2021; Sæther, 2022) ou em modalidades acessíveis (Sanz-Moreno, 2017, 2018, 2020).

Neste enquadramento, é objetivo deste estudo investigar as atitudes de tradutores audiovisuais portugueses face à tradução para legendagem de linguagem tabu, no contexto específico da televisão de sinal aberto em Portugal, no século XXI, através da aplicação de um questionário. Desta forma, várias perguntas de investigação orientam o estudo proposto:

  • Qual é a estratégia de tradução para legendagem de linguagem tabu identificada pelos tradutores audiovisuais como mais comum na televisão portuguesa de sinal aberto?

  • Quais são as atitudes dos tradutores audiovisuais perante as estratégias de tradução para legendagem de linguagem tabu na televisão portuguesa de sinal aberto?

  • A avaliação por parte dos tradutores audiovisuais de estratégias de tradução de linguagem tabu está dependente do facto de a tradução ser emitida em canais públicos de sinal aberto ou em canais privados de sinal aberto?

  • Que motivações apontam os tradutores audiovisuais para diferentes estratégias de tradução para legendagem de linguagem tabu na televisão portuguesa de sinal aberto, e que relevância lhes atribuem?

  • Os tradutores audiovisuais dizem receber indicações ou parâmetros de tradução para legendagem de linguagem tabu na televisão portuguesa de sinal aberto?

De acordo com o anterior, este artigo apresenta, em primeiro lugar, o método de análise escolhido para dar resposta ao objetivo orientador do estudo. Em seguida, são apresentados os resultados, a par da discussão, e, por fim, a conclusão do estudo, onde se recuperam os aspectos mais relevantes dos resultados e se apresentam as limitações do estudo e caminhos de investigação futura.

2. Enquadramento Teórico

2.1 A Linguagem tabu

A linguagem tabu abarca palavras e expressões proibidas relacionadas com o imaginário tabu, (órgãos e atos sexuais, escatologia, o corpo, seres sagrados, alimentos e morte) (Allan & Burridge, 2006, p. 1). Baseia-se, portanto, em temas que se viram censurados pela cultura e vistos como proibidos e ofensivos devido às características comunicativas, pragmáticas e semióticas do contexto em que são proferidas. Assim, o que torna uma palavra tabu é a cultura, uma vez que do ponto de vista linguístico em nada diferem de outras palavras (Allan & Burridge, 2006; McEnery, 2006). Apesar da grande variedade de termos que se referem à linguagem tabu, i.e., palavrões, linguagem ofensiva, profanidades, calúnias, insultos ou palavras tabu (Bednarek, 2019; Beers Fägersten, 2012; Goddard, 2015), neste estudo utilizaremos o termo “linguagem tabu” enquanto hiperônimo dos anteriores.

Pertinente é também a distinção da linguagem tabu e do calão pela confusão que se assiste entre os dois termos, frequentemente utilizados de forma indistinta. Denham e Lobeck (2013, p. 194), a linguagem tabu distingue-se do calão “because they have staying power; many of our taboo words have been around, with approximately the same meanings, for hundreds and hundreds of years”. Para além disso, os autores apontam para a efemeridade de uns em detrimento de outros: “the substitutes for the taboo words, which may have exactly the same meaning and are clearly a substitute, do not carry the same power as the taboo words themselves. Consider shoot for shit, darn for damn, heck for hell” (Denham & Lobeck, 2013, p. 194).

2.2 Tradução para legendagem e a linguagem tabu

Devido à sua multifuncionalidade, a linguagem tabu é um recurso cinematográfico cada vez mais comum (Bednarek, 2019). Neste sentido, porque as obras audiovisuais são exportadas para outras culturas, exigindo a sua tradução, os tradutores audiovisuais têm de lidar com diversas questões relacionadas com o papel da linguagem tabu na narrativa, tais como situações emotivas específicas, a posição hierárquica dos personagens, o seu estatuto sociocultural, a representação de idioletos ou socioletos, o humor ou a ideologia relacionada com os vilões da história (Ávila Cabrera, 2014; Soler Pardo, 2011; Xavier, 2009). Relativamente à legendagem, os tradutores audiovisuais lidam com a multimodalidade dos textos audiovisuais, as restrições de espaço no texto de chegada, a formalidade do modo escrito da legenda, as instruções de outros agentes de tradução, a censura na revisão, as diretivas internas de canais e distribuidores e ainda com as expectativas de um público muito inespecífico, que podem levar à autocensura da linguagem tabu na legenda.

Vários estudos apontam para o predomínio da omissão e eufemização das palavras tabu na legendagem (Ameri & Ghazizadeh, 2015; Chen, 2004; Enell-Nilsson, 2014; García Manchón, 2013; Han & Wang, 2014; Lie, 2013; Mattsson, 2006; Roberto & Veiga, 2003; Scandura, 2004; Xavier, 2009, 2019). Para além disso, Mattsson (2006), Xavier (2009), García Manchón (2013), Lie (2013), Enell-Nilsson (2014), Ferklová (2014), e Briechle e Eppler (2019) confirmam que os campos semânticos do tabu também são frequentemente alterados de acordo com as normas da cultura de chegada, por exemplo a linguagem tabu relacionada com o sexo é alterada para escatologia ou para religião.

3. Método de análise: questionário

Recorreu-se a um inquérito por questionário para avaliar as atitudes de tradutores audiovisuais portugueses relativamente à tradução para legendagem de linguagem tabu na televisão portuguesa de sinal aberto. Os respondentes intencionais deste questionário são tradutores audiovisuais que trabalham em Portugal tendo o português europeu como língua de chegada, sendo o perfil do respondente: 1) tradutor para legendas; 2) trabalha com pares de línguas EN-PT; 3) trabalha/já trabalhou frequentemente na área da tradução e legendagem no século XXI; e 4) trabalha/já trabalhou para canais de sinal aberto da televisão portuguesa no século XXI. A população-alvo foi discriminada na introdução do questionário. Na página introdutória, foi incluída informação relativa ao objetivo do questionário e às características específicas do respondente. O questionário foi concebido no software SmartSurvey e é composto por vinte e três perguntas fechadas e abertas, divididas em seis secções1.

Para a disseminação do questionário, foram contatadas: 1) a Associação Portuguesa de Tradutores, 2) o grupo da rede Facebook Tradutores Com Vida, 3) o grupo da rede Facebook Associação de Tradutores Audiovisuais de Portugal; 4) o grupo da rede Facebook Tradutores de Portugal. Assim, os pedidos de colaboração foram feitos por via directa (contacto disponibilizado por cada tradutor inscrito na Associação Portuguesa de Tradutores) e indirecta (nos grupos referidos). O questionário circulou durante um período de um mês e meio (Novembro/Dezembro de 2016). Após a aplicação dos inquéritos e validadas as respostas, os dados foram tratados usando o programa electrónico de análise estatística IBM SPSS (versão 22.0).

4. Resultados e discussão

Recebemos 106 respostas, contudo este estudo apenas analisa 39 (respondentes que preencheram o questionário completo). Relativamente à idade, os respondentes têm entre 22 e 55 anos (média de 36,4 anos, a maioria no intervalo 30-40) e a maior parte é do sexo feminino (32 do sexo feminino e 7 do sexo masculino). Relativamente ao seu estatuto profissional, a maioria (33 respondentes) é freelance. No que diz respeito à experiência profissional, estes tradutores apontam para o intervalo 6-15 anos (46%), até 5 anos, (40%), e mais de 15 anos (14%).

4.1 Sobre a perceção de estratégias de tradução para legendagem de linguagem tabu frequentes em televisão

Os estudos de Roberto e Veiga (2003) e Xavier (2009, 2019) relativos à tradução para legendagem de linguagem tabu no contexto português apontam para a omissão enquanto estratégia mais frequente no tratamento da linguagem tabu. Contudo, à questão 5 a maioria destes tradutores responde que o tradutor tende a traduzir a palavra tabu do TP por uma palavra não padrão menos ofensiva no TC, ou seja, uma estratégia de eufemismo.

Figura 1
Q5 – Qual considera ser a estratégia de tradução de linguagem tabu mais frequente na legendagem televisiva em Portugal?

As questões 6 (“Q6: Qual considera ser a estratégia de tradução de linguagem tabu mais frequente na legendagem nos canais públicos RTP1 e RTP2?”) e 7 (“Q7: Qual considera ser a estratégia de tradução de linguagem tabu mais frequente na legendagem nos canais privados SIC e TVi?”) identificavam a (não)variação entre as respostas relativas à estratégia indicada como mais frequente na legendagem televisiva, no geral, e as respostas relativas à estratégia apresentada como mais frequente nos canais públicos RTP1 e RTP2, por um lado, e nos canais privados SIC e TVi, por outro. Relativamente aos canais públicos, estes tradutores consideraram (46%) que o tradutor tende a apresentar uma palavra não padrão de teor menos ofensivo do que a palavra tabu do texto de partida, ou seja, mantêm o eufemismo como primeira escolha, contudo, em valores consideravelmente inferiores à legendagem televisiva no geral (80%). Em apenas 8% dos casos consideram que o tradutor tende a manter a linguagem tabu nos canais públicos RTP1 e RTP2. Os valores da omissão apontados pelos tradutores igualmente variam. Quando o contexto é relativo à RTP1 e RTP2, os valores de omissão sobem para 23% dos casos, o que pode indiciar expectativas mais restritivas em relação à presença da linguagem tabu na legenda nos canais públicos.

Relativamente à questão 7, sobre os canais privados, os resultados variam inexpressivamente relativamente à questão anterior, o que pode indiciar as mesmas atitudes em relação à tradução para legendagem em canais de sinal aberto, no geral.

4.2 Atitudes relativamente a estratégias tradutórias na tradução para legendagem de linguagem tabu em televisão

No que diz respeito à questão 8 (“Como avalia as estratégias de tradução de linguagem tabu em contexto de legendagem em Portugal nos canais públicos RTP1 e RTP2?”), os tradutores audiovisuais repartem as suas respostas entre “há demasiada omissão de vocabulário tabu” (49%) e “há uma distribuição adequada de vocabulário tabu ao longo dos filmes” (43%). A distribuição próxima destas percentagens não permite chegar a conclusões sobre a avaliação, positiva ou negativa, dos respondentes relativamente à tradução para legendagem de linguagem tabu na RTP1 e RTP2. Adicionalmente, nenhum respondente refere existir “demasiado vocabulário tabu”.

Relativamente à questão 9 (“Como avalia as estratégias de tradução de linguagem tabu em contexto de legendagem em Portugal nos canais privados de sinal aberto SIC e TVi?”), a variação relativamente à questão anterior é inexpressiva, concluindo-se a impossibilidade de conclusões sobre a avaliação positiva ou negativa já que se nota, uma vez mais, a distribuição quase equitativa entre a percepção de demasiada omissão de palavras tabu e a percepção de distribuição adequada destas palavras ao longo dos filmes.

Os respondentes foram ainda convidados a avaliar diferentes estratégias tradutórias: omissão, padronização, eufemismo, disfemismo, manutenção e adição, resumidas na Figura 2:

Figura 2
Estratégias de tradução para legendagem de linguagem tabu
4.2.1 Exemplo de Omissão

A questão 10 apresentava um exemplo de uma estratégia de omissão no filme American Pie: A Fraternidade Beta, contextualizada pela imagem (Figura 3). Os respondentes selecionaram a opção “Concordo” (38,5%), que, em conjunto com a opção “Concordo totalmente” (12,8%), avaliando assim positivamente uma estratégia de omissão da linguagem tabu. Por outro lado, cerca de um terço dos respondentes refere discordar ou discordar totalmente desta estratégia de omissão.

Figura 3
Exemplo de Omissão [Texto de partida: Beta House fucking rules!]

O facto de os respondentes conseguirem identificar, na imagem, elementos relativos a uma residência universitária, tais como o nome da fraternidade, a frase “Back to school” ou os jovens figurantes, pode influenciar a avaliação positiva uma vez que ponderam o público-alvo de um filme para jovens. Para além disso, estes tradutores podem considerar que a expressão informal “é a maior” já preenche alguns dos significados associados à linguagem não padrão.

Adicionalmente, é relevante sublinhar que os respondentes afirmavam, na maioria das respostas às duas questões anteriores, existir demasiada omissão de linguagem tabu nos canais públicos e privados de sinal aberto. Contudo, avaliam positivamente a estratégia de omissão, o que pode indiciar um processo inconsciente, modulado pelas expectativas destes tradutores relativamente à tradução adequada de linguagem tabu.

4.2.2 Exemplo de padronização
Figura 4
Exemplo de padronização [Texto de partida: Did he at least have the balls to die there?]

A questão 11 apresentava um exemplo de padronização (uma palavra tabu é substituída por uma palavra padrão na legenda). Neste exemplo do filme JarheadMáquina Zero (Figura 4), em que a expressão “have the balls” (EN) é traduzida por “ser corajoso” (PT), os respondentes maioritariamente discordam ou discordam totalmente (71,8%%).

4.2.3 Exemplo de Eufemismo
Figura 5
Exemplo de Eufemismo [Texto de partida: - We don't even know this guy. - You are like a fucking cunt.]

A questão 12 do questionário apresentava um exemplo de eufemismo no filme Another Day in Paradise – Um dia no Paraíso (Figura 5), em que a palavra tabu “cunt” é traduzida pela palavra calão “gaja”. A avaliação negativa é predominante já que equivale a 61,6% das respostas, no conjunto “Discordo” e “Discordo totalmente”. Neste exemplo, contudo, o estatuto da palavra “cunt” pode ser pertinente (“[i]t is generally accepted that cunt is the most tabooed word in English”, Allan & Burridge, 2006, p. 52). É, portanto, possível considerar que os respondentes tenham ponderado o estatuto especial desta palavra e, por isso, avaliado negativamente a tradução por uma palavra calão, por não preencher os mesmos significados associados à palavra tabu do texto de partida.

4.2.4 Exemplo de Disfemismo
Figura 6
Exemplo de Disfemismo [Texto de partida: Are my kids a mess?]

A questão 13 apresentava um exemplo do filme The Departed - Entre Inimigos (Figura 6). Neste excerto, identificou-se como disfemismo a estratégia em que o tradutor faz corresponder uma palavra tabu no texto de chegada (PT-“merda”) à palavra padrão do texto de partida (EN-“mess”). Os respondentes referem maioritariamente discordar (66,7%) ou discordar totalmente (15,3%), avaliando, portanto, esta estratégia negativamente em 82% dos casos.

4.2.5 Exemplo de Manutenção

Neste excerto do filme Pulp Fiction (Figura 7), identificámos como manutenção a estratégia no par tradutório [TP: “Is it as bad as eating her pussy out?” / TC: “É tão mau como lamber a rata dela?”]. Nesta questão, os tradutores audiovisuais inquiridos respondem maioritariamente concordar ou concordar totalmente com a estratégia de manutenção, em 89,7% dos casos. Das estratégias avaliadas pelos tradutores neste questionário, esta é, aliás, a questão em que as percentagens de concordância são maiores. Este exemplo foi escolhido por retratar uma palavra tabu muito ofensiva no português europeu, principalmente na sua versão escrita.

Figura 7
Exemplo de Manutenção [Texto de partida: Is it as bad as eating her pussy out? No.]

A divergência entre os baixos valores de manutenção encontrados em estudos relativos à tradução para legendagem de linguagem tabu no contexto português (Roberto & Veiga, 2003; Xavier, 2009, 2019) e a importância dada a esta estratégia pelos tradutores audiovisuais identificada neste trabalho pode encontrar justificação em diferentes fatores como a formulação de um perfil conservador do receptor e a consideração da sua má avaliação do trabalho, as próprias expectativas dos tradutores relativamente ao que a tradução para legendagem deve ser, moduladas pela história discursiva da tradução para legendagem de linguagem tabu, as indicações de agentes de tradução e os parâmetros de tradução para legendagem, entre outros.

4.2.6 Exemplo de Adição

A questão 15 apresentava um exemplo de adição retirado do filme Goodfellas − Tudo Bons Rapazes (Figura 8). Estes tradutores avaliam negativamente a opção pela inserção da palavra tabu “cabrões”, em 61,6% das respostas. Estes resultados encontram paralelo nos resultados da pergunta à avaliação da estratégia de disfemismo, atrás apresentados. Em ambos os casos, os tradutores rejeitam estratégias no sentido da inclusão de elementos não padrão na legenda.

Por fim, a questão 16 auscultava os tradutores relativamente à relevância da tipologia do canal televisivo (canal público vs. canal privado) na sua avaliação dos exemplos. A maioria dos respondentes refere que a sua avaliação não está dependente da tipologia do canal (77%).

Figura 8
Exemplo de Adição [Texto de partida: - What happened? - They whacked them.]

4.3 Motivações para as estratégias de traduçãopara legendagem de linguagem tabu em televisão

A questão 19 auscultava a opinião dos tradutores relativamente a diferentes fatores relevantes nas estratégias de omissão ou eufemismo de linguagem tabu na tradução para legendagem, sugeridos pela bibliografia relacionada. Entre os treze fatores referidos, nove apresentam médias superiores a 60% no conjunto das categorias “Muito relevante” e “Relevante” (vide Tabela 1.)

Tabela 1
Q19: Caso opte por omitir ou eufemizar a linguagem tabu no texto de chegada, que relevância atribui a cada um destes fatores?

O fator apontado como mais relevante na omissão ou eufemismo da linguagem tabu é a restrição de espaço já que 92,2% dos respondentes consideram este fator “Muito relevante” ou “Relevante”. As restrições de espaço são uma das principais características da legendagem. Ao associarmos este fator à redundância, muitas vezes frequente, da linguagem tabu nos filmes, depreende-se que a necessidade de redução do texto de chegada pode justificar a omissão de palavras tabu na legenda.2 O segundo fator com maior percentagem nesta questão, com 89,7% de respostas “Muito relevante” ou “Relevante”, diz respeito às indicações ou parâmetros de tradução para legendagem no sentido da omissão da linguagem tabu. Finalizando o conjunto dos três fatores avaliados como mais importantes, a redundância da linguagem tabu no texto de partida é considerada como “Muito relevante” ou “Relevante” em 84,6% das respostas. A bibliografia relacionada sugere que tradução para legendagem tipicamente omite palavras redundantes ou repetidas (Díaz Cintas, 2003, 2010; Díaz Cintas & Remael, 2020) e, paralelamente, que a linguagem tabu era muitas vezes redundante no texto de partida (Han & Wang, 2014; Hjort, 2009; Xavier, 2009). Estes resultados comprovam que, para estes tradutores, a identificação de palavras tabu repetidas ou de carácter expletivo é uma motivação muito importante para a omissão.

“Os significados associados ao vocabulário tabu são transmitidos igualmente pela imagem e pelo som” (71,8%) é outro dos fatores considerado mais pertinente. Na tradução para legendagem de linguagem tabu, o tradutor audiovisual pode considerar que a componente audiovisual contribui com os significados necessários para o bom entendimento da história e, por isso, pode optar pela omissão deste tipo de palavras e expressões. Hjort (2009, s.p.) refere: “Translators reduce the number of swearwords […] because they feel that the message of the swearwords comes across by other means, for example the facial expressions or the tone of voice of the characters.”

Adicionalmente, a bibliografia relativa à tradução para legendagem recorrentemente justifica a omissão das palavras tabu na legenda com a maior ofensividade da linguagem tabu na sua versão escrita (Chen, 2004; Díaz Cintas, 2003; Díaz Cintas & Remael, 2020; Han & Wang, 2014; Hjort, 2009; Xavier, 2009). Díaz Cintas, por exemplo, comenta:

The transition from oral to written poses certain challenges and raises the question of whether non-standard speech, like accents and very colloquial traits, can be effectively rendered in writing. More often than not, this type of linguistic variation is neutralised in the subtitles. Swearwords and other taboo expressions are also particularly sensitive to this media migration as there is the tacit belief that they are more offensive when starkly reproduced in text than when verbalised, which in turn tends to lead to the indiscriminate deletion of most effing and blinding in the TL subtitles

(Díaz Cintas, 2010, p. 347).

Hjort igualmente refere:

I also asked explicitly whether the translators thought that swearwords were stronger when written in a subtitle than when spoken. As many as 93 per cent agreed. When I asked the informants whether translators should use swearwords that are milder than the originals because the translation is written and the original spoken, 67 per cent said yes

(Hjort, 2009, s.p.).

Seguindo a bibliografia, colocámos em hipótese que o conservadorismo prototípico do modo escrito na tradução para legendagem de linguagem tabu seria um dos fatores considerados mais pertinentes para a omissão.3 Contrariamente ao expectável, na avaliação da influência do modo escrito na omissão da linguagem tabu, a soma do conjunto de respostas “Muito relevante” e “Relevante” situou-se nos 66,7%, somente o sétimo fator mais relevantes para estes tradutores. Para além disto, 23,1% dos respondentes considera este fator “Indiferente”.

O horário de emissão dos filmes é, para os tradutores inquiridos, o oitavo fator mais relevante para a omissão ou eufemização da linguagem tabu na legenda, com 65,8% de respostas no conjunto de categorias “Muito relevante” e “Relevante”. Este resultado surpreende pelo desfasamento relativamente à regra das 22h, que daria alguma liberdade ao tradutor para a manutenção das palavras tabu além desse horário. Esta regra baseia-se nos números 3 e 4 do artigo 27.º da Lei da Televisão Portuguesa, onde se lê:

  • 3 - Não é permitida a emissão televisiva de programas susceptíveis de prejudicar manifesta, séria e gravemente a livre formação da personalidade de crianças e adolescentes, designadamente os que contenham pornografia, no serviço de programas de acesso não condicionado ou violência gratuita.

  • 4 - A emissão televisiva de quaisquer outros programas susceptíveis de influírem de modo negativo na formação da personalidade de crianças e adolescentes deve ser acompanhada da difusão permanente de um identificativo visual apropriado e só pode ter lugar entre as 22 horas e 30 minutos e as 6 horas.

É, então, provável que a emissão do programa seja invalidada por não cumprir estes critérios, que parecem recomendar a exclusão da linguagem tabu no horário compreendido entre as 6h e as 22h30. Não obstante, este critério não é particularmente relevante para os tradutores inquiridos.

A par da relevância das indicações e parâmetros de tradução, auscultámos os tradutores relativamente à sua ponderação da potencial avaliação negativa por parte de revisores ou outros agentes de tradução, caso não omitisse a linguagem tabu. Uma vez que estes parâmetros foram o segundo fator com maior percentagem de respostas “Muito relevante” ou “Relevante” (89,7%) e aquele com maior percentagem de respostas “Muito relevante” (56,4%), seria expectável que os tradutores considerassem igualmente relevante a má avaliação no caso de não cumprimento dos parâmetros, principalmente porque a maioria é freelance e a má avaliação pode invalidar uma nova distribuição de trabalho. Não obstante, apenas 61,6% dos respondentes consideram este fator “Muito relevante” ou “Relevante”. Adicionalmente, 20,5% consideram-no “Nada relevante”. A discrepância entre estes dados pode também sugerir que os tradutores audiovisuais recebem indicações e parâmetros no sentido da omissão ou eufemismo da linguagem tabu e cumprem-nos, pelo que não temem uma má avaliação.

Por outro lado, quatro dos fatores considerados na questão 19 obtiveram resultados médios superiores a 50% no conjunto de categorias “Indiferente”, “Pouco relevante” e “Nada relevante”. Ao interrogarmos os respondentes relativamente à relevância da tipologia do canal televisivo, a maioria, ou seja, 76,9% no conjunto de categorias “Indiferente”, “Pouco relevante” e “Nada relevante”, considera que este fator não é relevante para a omissão da linguagem tabu na legenda. De facto, a tipologia do canal televisivo não só é considerada como o fator menos relevante para a omissão ou eufemismo como também é o fator que apresenta maior percentagem de respostas “Nada relevante”, dos treze em estudo.

A propósito da exposição global dos receptores à língua inglesa, que tornaria redundante a tradução de algumas palavras tabu como “fuck” ou “fucking”, Hjort sugere:

Particularly in the case of swearwords in the English and Swedish languages, a great number of Finns are likely to understand the words without the translation. Thus, translators save space for content that is not as easily understood. They may also feel that if they use swearwords in the subtitles and the viewers also recognize the originals, they are in a way adding emphasis to the swearing

(Hjort, 2009, s.p.).

Assim, questionámos os tradutores relativamente à influência deste fator na omissão do tabu na legenda. “Os receptores reconhecem o significado das palavras tabu na língua de partida” recolheu 65,8% das respostas no conjunto de categorias “Indiferente”, “Pouco relevante” e “Nada relevante”, sendo possível identificá-lo como o segundo fator menos relevante dos treze.

Questionámos, ainda, os tradutores audiovisuais relativamente à relevância da tradição da omissão da linguagem tabu na tradução para legendagem no contexto português nas estratégias, contemporâneas, de omissão da linguagem tabu na legenda. Os dados identificaram 61,6% de respostas no conjunto de categorias “Indiferente”, “Pouco relevante” e “Nada relevante”, o que permite concluir que, para estes tradutores, a história discursiva da tradução para legendagem no sentido da omissão da linguagem tabu não promove a tendência para a omissão ou eufemismo no século XXI, sendo, assim, o terceiro fator menos relevante pelos respondentes do questionário.

Por fim, “a potencial má recepção do público em relação ao vocabulário tabu na legenda” é o quarto fator considerado menos relevante na omissão ou eufemização da linguagem tabu na tradução para legendagem. Disto pode inferir-se que estes tradutores audiovisuais não só não formulam um perfil conservador do público de chegada como também avaliam positivamente as expectativas destes receptores em relação à manutenção da linguagem tabu na legenda. Contudo, apesar de corresponder a uma maioria das respostas (53,9%), a soma do conjunto de categorias “Indiferente”, “Pouco relevante” e “Nada relevante” varia inexpressivamente em relação ao conjunto “Muito relevante” e “Relevante” (46,1%), o que impossibilita conclusões mais amplas sobre o papel das expectativas que os tradutores julgam existir no pólo da recepção relativamente à omissão ou manutenção da linguagem tabu na tradução para legendagem em contexto televisivo.

A questão 20 auscultava a opinião dos tradutores relativamente a fatores relevantes na caracterização das personagens nos filmes, sugeridos nos trabalhos de Xavier (2009), Soler Pardo (2011), Ávila Cabrera (2014) e Bednarek (2019), aqui entendidos como pertinentes para a manutenção da linguagem tabu na tradução para legendagem. Os resultados são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2
Q20: Caso opte por manter a linguagem tabu no texto de chegada, que relevância atribui a cada um destes fatores?

Dos resultados, é relevante destacar as médias de 91,9% no conjunto das categorias “Muito relevante” e “Relevante” e de 9,1% no conjunto das categorias “Indiferente”, “Pouco relevante” e “Nada relevante”. Adicionalmente, a média de respostas classificadas como “Muito relevante” é 47,9%, o que revela a pertinência destes fatores na manutenção das palavras tabu. Ainda assim, não obstante a reduzida variação entre os fatores apresentados, a produção do cómico pelo recurso à linguagem tabu é considerado o aspeto mais relevante para os respondentes (97,4%).

4.4.Existência de parâmetros de tradução para legendagem relativos à linguagem tabu

Na questão 21 (Alguma vez recebeu indicações/parâmetros a cumprir no que diz respeito à tradução e legendagem de linguagem tabu?), os tradutores referem, na sua maioria (61,1%), receber “Frequentemente” indicações ou parâmetros relativamente à tradução para legendagem de linguagem tabu. Já 22,3% dos respondentes diz recebê-los “Por vezes”. Um reduzido número de tradutores refere recebê-los “Raramente” ou “Nunca”. Destes dados é possível deduzir que a tendência para a omissão da linguagem tabu identificável nas traduções para legendagem no contexto português (Roberto & Veiga, 2003; Xavier, 2009, 2019) pode dever-se às indicações ou parâmetros recebidos pelos tradutores audiovisuais. Neste sentido, aponta também Hjort4:

The most obvious external influence on a translator’s decisions is employer instructions. The questionnaire showed that audiovisual translators regularly receive instructions for translating swearwords. As many as 70 per cent of the audiovisual translators reported having received instructions or some sort of guidance for translating swearwords

(Hjort, 2009, s.p.).

As respostas à questão 22 (“Q22: Se respondeu afirmativamente refira por favor o cargo desempenhado por quem forneceu as indicações/os parâmetros de tradução”) variam mas podem ser resumidas e agrupadas de acordo com o seguinte: “gestor de projeto”, “cliente” e “diretor/responsável pela tradução do canal”. Nas respostas à questão 23 (“Q23: Se respondeu afirmativamente à pergunta 21, refira por favor que indicações/parâmetros de tradução lhe foram fornecidos”), a maioria dos tradutores audiovisuais refere que as instruções e parâmetros que recebe são orientados para a omissão, a “eufemização” ou “suavização” da linguagem tabu, o que pode significar optar por palavras menos ofensivas, no sentido do calão ou da linguagem informal5. Para além disto, a alusão a um número limite de palavras tabu na tradução para legendagem por filme/série e a instrução de manter a linguagem tabu em streaming (Netflix) e omitir em canais televisivos portugueses são também referências pertinentes.

5. Considerações finais

Este estudo das atitudes de tradutores audiovisuais baseou-se na aplicação de um questionário. A apresentação dos resultados e da interpretação dos dados permitiu identificar diferentes aspectos. Assim, para estes tradutores: 1) a estratégia mais frequente na tradução para legendagem de linguagem tabu no contexto televisivo é o eufemismo; 2) as estratégias mais frequentes na tradução para legendagem de linguagem tabu nos canais públicos e privados de sinal aberto são o eufemismo e a omissão; 3) há demasiada omissão de linguagem tabu na tradução para legendagem dos canais públicos e privados de sinal aberto; 4) as estratégias de omissão e de manutenção da linguagem tabu na tradução para legendagem são avaliadas positivamente; 5) as estratégias de eufemismo, disfemismo, padronização e adição da linguagem tabu na tradução para legendagem são avaliadas negativamente; 6) a tipologia do canal televisivo não é uma variável relevante; 7) os fatores mais relevantes na tradução para legendagem de linguagem tabu são: as funções intratextuais da linguagem tabu, com especial incidência da função ofensiva, e a função extratextual cómica; 8) os fatores mais relevantes na omissão da linguagem tabu na tradução para legendagem são: as restrições de espaço na legenda, os parâmetros e indicações de tradução para legendagem no sentido da omissão e a redundância da linguagem tabu no texto de partida; 9) o fator mais relevante na manutenção da linguagem tabu na tradução para legendagem é a produção do cómico; 10) são dadas frequentemente indicações ou parâmetros de tradução no sentido da omissão e da eufemização da linguagem tabu.

Os estudos de Roberto e Veiga (2003) e de Xavier (2009, 2019) sobre a tradução para legendagem de linguagem tabu no contexto português revelaram o predomínio da estratégia de omissão. Porém, os tradutores audiovisuais inquiridos neste estudo demonstraram uma atitude muito positiva relativamente à manutenção do tabu, sendo mesmo o exemplo de estratégia com maior grau de concordância entre os apresentados. Para além disto, os inquiridos valorizam, destacadamente, vários aspectos relacionados com o papel da linguagem tabu nas narrativas fílmicas. Estes dados podem sugerir uma alteração nas normas de tradução para legendagem da linguagem tabu, no sentido de maior manutenção.

Este estudo apresenta algumas limitações que, como tal, abrem caminhos de investigação. Em primeiro lugar, como o objetivo do estudo era investigar as atitudes dos tradutores audiovisuais relativamente à tradução para legendagem de linguagem tabu na televisão de sinal aberto em Portugal, restringimos o perfil do respondente a tradutores que tivessem trabalhado/trabalhassem para estes canais. Consequentemente, a maior abrangência de perfis de respondente e um maior número de respostas ao questionário permitiria atingir conclusões mais abrangentes sobre as atitudes de tradutores audiovisuais no geral. Para além disto, apesar de termos colocado à consideração dos tradutores um número considerado razoável de motivações para as estratégias de omissão e de manutenção, a bibliografia sugere outras, pelo que num estudo futuro outras opções podem ser testadas.

  • 1
    As secções avaliam: 1) a identificação do respondente (Q1 a Q4); 2) a percepção de estratégias de tradução para legendagem de linguagem tabu frequentes em televisão por parte do respondente (Q5 a Q7); 3) as atitudes do respondente relativamente a seis estratégias tradutórias na tradução para legendagem de linguagem tabu em televisão (Q8 a Q17); 4) as atitudes dos respondentes relativamente a diferentes variáveis dos textos (Q18); 5) as motivações do respondente para as estratégias de tradução para legendagem de linguagem tabu em televisão (Q19 e Q20); e 6) a existência de parâmetros de tradução para legendagem de linguagem tabu recebidos pelo respondente (Q21 a Q23).
  • 2
    Hjort (2009, s.p.) concorda: “I did not ask about the omission strategy directly, it came out in the answers. However, when I asked whether swearwords are secondary content in that they can be left out when there is too little space, 84 per cent agreed with the statement”.
  • 3
    Contudo, veja-se a pertinência do estudo de Briechle e Eppler (2019) que analisaram a ofensividade das palavras tabu em filmes legendados e dobrados e concluíram que os participantes em estudo não consideraram as palavras tabu (escritas) na legenda como mais ofensivas do que ouvidas em dobragem.
  • 4
    De entre as instruções recebidas, os respondentes ao questionário aplicado pela autora frisavam a proibição de palavras específicas, a inclusão de menos palavras tabu ou a opção por palavras tabu com ofensividade mais reduzida.
  • 5
    Hjort (2009, s.p.) apresenta os mesmos resultados no seu estudo: “The large majority of the reported instructions stated that the translator should use milder and/or less swearwords in the subtitles compared to the originals. The quoted explanation was that ‘written swearwords are harsher than spoken swearwords’. Only one translator had been advised not to use milder equivalents but to translate swearwords ‘as they are’”.
  • Conjunto de dados de pesquisa
    Os dados de pesquisa fazem parte da tese de doutorado da autora (Xavier, 2019).
  • Financiamento
    Este trabalho teve o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia-FCT, Portugal, sob a bolsa SFRH/BD/72976/2010.
  • Consentimento de uso de imagem
    Consentimento dado oralmente pelas empresas/departamentos de legendagem detentores dos direitos de autor das legendas aqui recuperadas.
  • Aprovação de comitê de ética em pesquisa
    Não se aplicava aquando da pesquisa.
  • Publisher
    Cadernos de Traduçãoé uma publicação do Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, da Universidade Federal de Santa Catarina. A revista Cadernos de Traduçãoé hospedada pelo Portal de Periódicos UFSC. As ideias expressadas neste artigo são de responsabilidade de seus autores, não representando, necessariamente, a opinião dos editores ou da universidade.
  • Revisão de normas técnicas
    Alice S. Rezende – Ingrid Bignardi – João G. P. Silveira – Kamila Oliveira

Declaração de disponibilidade dos dados da pesquisa

Os dados desta pesquisa, que não estão expressos neste trabalho, poderão ser disponibilizados pela autora mediante solicitação.

Referências

  • Allan, K., & Burridge, K. (2006). Forbidden Words: Taboo and the Censoring of Language. Cambridge University Press.
  • Alsharhan, A. (2020). Netflix’s No-censorship Policy in Subtitling Taboo Language from English into Arabic. Journal of Audiovisual Translation, 3(2), 7–28. https://doi.org/10.47476/jat.v3i2.2020.127
    » https://doi.org/10.47476/jat.v3i2.2020.127
  • Ameri, S., & Ghazizadeh, K. (2015). A Norm-Based Analysis of Swearing Rendition in Professional Dubbing and Non-Professional Subtitling from English into Persian. Research in English Language Pedagogy, 3(2), 78–96.
  • Ávila Cabrera, J. J. (2014). The Subtitling of Offensive and Taboo Language: a Descriptive Study [Tese de doutorado]. UNED − Universidad Nacional de Educación a Distancia.
  • Beers Fägersten, K. (2012). Who’s Swearing Now? The Social Aspects of Conversational Swearing Cambridge Scholars Publishing.
  • Beseghi, M. (2016). WTF! Taboo Language in TV Series: An Analysis of Professional and Amateur Translation. Altre Modernità, (spe. ed.), 215−231. https://doi.org/10.13130/2035-7680/6859
    » https://doi.org/10.13130/2035-7680/6859
  • Briechle, L., & Eppler, E. (2019). Swearword strength in subtitled and dubbed films: A reception study. Intercultural Pragmatics, 16(4), 389−420. https://doi.org/10.1515/ip-2019-0021
    » https://doi.org/10.1515/ip-2019-0021
  • Chen, C. (2004). On the Hong Kong Chinese Subtitling of English Swearwords. Meta, 49(1), 135−147. https://doi.org/10.7202/009029ar
    » https://doi.org/10.7202/009029ar
  • Chesterman, A. (2017/2009). The Name and Nature of Translator Studies. In A. Chesterman (Org.), Reflections on Translation Theory: Selected papers 1993–2014(pp. 323−330). John Benjamins.
  • Denham, K., & Lobeck, A. (2013). Linguistics for Everyone: An Introduction(2ª ed.). Wadsworth.
  • Díaz Cintas, J. (2003). Teoría y práctica de la subtitulación: Inglés – Español. Ariel Cine.
  • Díaz Cintas, J. (2010). Subtitling. In Y. Gambier & L. van Doorslaer (Orgs.), Handbook of Translation Studies(pp. 344−349). John Benjamins.
  • Díaz Cintas, J., & Remael, A. (2020). Subtitling: Concepts and Practices Routledge.
  • Enell-Nilsson, M. (2014). Lost in Translation? Swearing in the Swedish Millennium Films and their German and Finnish Translations. In M. Rathje (Org.), Swearing in the Nordic Countries (pp. 99−124). Dansk Sprognævn.
  • Ferklová, S. (2014). Subtitles vs. Dubbing: Approaches to Translation of Swear Words and Slang in Film [Dissertação de mestrado]. Masaryk University.
  • Filmer, D. (2012). The ‘Gook’ Goes ‘Gay’: Cultural Interference in Translating Offensive Language. InTRAlinea, 14
  • García Manchón, P. (2013). A Corpus-Based Analysis of Swearword Translation in DVD Subtitles and Internet Fansubs [Dissertação de Mestrado]. Universidad Complutense.
  • Goddard, C. (2015). “Swear words” and “curse words” in Australian (and American) English: At the crossroads of pragmatics, semantics and sociolinguistics. Intercultural Pragmatics, 12(2), 189−218. https://doi.org/10.1515/ip-2015-0010
    » https://doi.org/10.1515/ip-2015-0010
  • Han, C., & Wang, K. (2014). Subtitling swearwords in reality TV series from English into Chinese: a corpus-based study of The Family. Translation and Interpreting, 6(2), 1−17. https://doi.org/10.12807/ti.106202.2014.a01
    » https://doi.org/10.12807/ti.106202.2014.a01
  • Hjort, M. (2009). Swearwords in Subtitles: A Balancing Act. InTRAlinea Special Issue: The Translation of Dialects in Multimedia
  • Holmes, J. S. (2004/1988). The Name and Nature of Translation Studies. In L. Venuti (Org.), The Translation Studies Reader (pp. 172−185). Routledge.
  • Khoshsaligheh, M., Ameri, S., & Mehdizadkhani, M. (2018). A socio-cultural study of taboo rendition in Persian fansubbing: an issue of resistance. Language and Intercultural Communication, 18(6), 663–680. https://doi.org/10.1080/14708477.2017.1377211
    » https://doi.org/10.1080/14708477.2017.1377211
  • Lie, S. (2013). Translate This, Motherfucker! A Contrastive Study on the Subtitling of Taboo Words [Dissertação de Mestrado]. Universitetet I Oslo.
  • McEnery, T. (2006). Swearing in English: Bad Language, Purity and Power from 1585 to the Present Routledge.
  • Mattson, J. (2006). Linguistic Variation in Subtitling: The Subtitling of Swearwords and Discourse Markers on Public Television, Commercial Television and DVD. In M. Carroll, H. Arbogast & S. Nauert (Orgs), MuTra: Audiovisual Translation Scenarios(pp. 47−56). University of Copenhagen.
  • Midjord, M. S. (2013). Swearing in Subtitling [Dissertação de Mestrado]. Aarhus University.
  • Özbudak, S. K. (2021). Turkish Subtitling of the F Word on the Digital Streaming Platform: Is There Censorship? Turkish Studies: Language and Literature, 16(3), 1991−2007. https://doi.org/10.7827/TurkishStudies.52152
    » https://doi.org/10.7827/TurkishStudies.52152
  • Roberto, M. T., & Veiga, M. J. (2003). Translating Taboo. In M. Abreu & M. Castro (Orgs.), Estudos de Tradução: Actas de Congresso Internacional Principia.
  • Sæther, M. E. (2022). The word bitch in Quentin Tarantino movies subtitled into Norwegian [Dissertação de Mestrado]. Norwegian University of Science and Technology.
  • Saldanha, G., & O’Brien, S. (2013). Research Methodologies in Translation Studies St Jerome.
  • Sanz-Moreno, R. (2017). La (auto)censura en audiodescripción: El sexo silenciado. Parallèles, 29(2), 46−63. https://doi.org/10.17462/PARA.2017.02.04
    » https://doi.org/10.17462/PARA.2017.02.04
  • Sanz-Moreno, R. (2018). Audiodescription of taboo: a descriptive and comparative approach. SKASE, 11(1), 92−105.
  • Sanz-Moreno, R. (2020). Audiodescripciones alternativas de sexo: Los usuarios opinan. Lingue e Linguaggi, 35, 295−314. https://doi.org/10.1285/i22390359v35p295
    » https://doi.org/10.1285/i22390359v35p295
  • Scandura, G. L. (2004). Sex, Lies and TV: Censorship and Subtitling. Meta: Translators’ Journal, 49(1), 125−134.
  • Soler Pardo, B. (2011). Swearing and Translation: a study of the insults in the films of Quentin Tarantino. [Tese de doutorado]. Universitat de Valencia.
  • Xavier, C. (2009). Esbatendo o tabu: estratégias de tradução para legendagem em Portugal [Dissertação de mestrado]. Universidade de Lisboa.
  • Xavier, C. (2019). Tabu e Tradução Audiovisual: um estudo descritivo de normas de tradução para legendagem de linguagem tabu em contexto televisivo [Tese de doutorado]. Universidade de Lisboa.

Editado por

  • Editor convidado
    Gian Luigi De Rosa
  • Editores de seção
    Andréia Guerini – Willian Moura

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    30 Set 2024
  • Data do Fascículo
    2024

Histórico

  • Recebido
    17 Abr 2024
  • Aceito
    10 Maio 2024
  • Revisado
    05 Jun 2024
  • Publicado
    Jun 2024
location_on
Universidade Federal de Santa Catarina Programa de Pós-Graduação em Estudos da Tradução, Centro de Comunicação e Expressão, Bloco B, Sala 301, Telefone: +55 48 3721-6649 - Florianópolis - SC - Brazil
E-mail: ecadernos@gmail.com
rss_feed Acompanhe os números deste periódico no seu leitor de RSS
Acessibilidade / Reportar erro