RESUMO
No mundo acadêmico, o desafio da pesquisa e da criatividade ronda a mente dos pesquisadores. A tecnologia tem facilitado aspectos dessa realidade. Porém, para uma boa parte e, sobretudo, para iniciantes, a construção do conhecimento mantém suas exigências. João Batista Libanio foi um teólogo que teve atenção e cuidado e procurou ser um facilitador desse processo, tanto em suas orientações quanto em seus escritos. Como construir conhecimento de forma autônoma? Ele foi estimulador de habilidades para que se desenvolvesse o método heurístico do conhecimento. Há passos a inserir nesse processo do pesquisar, eis o objetivo desta reflexão: compartilhar a experiência da relação mestre-discípulo, bem como de seus escritos, de forma a propiciar que os interessados, particularmente da área de Ciências da Religião e Teologia, desenvolvam a sua arte de construir conhecimento. Este texto não somente reflete como também propicia a manutenção metodológica da relação teoria e prática no processo e na arte de construir e compartilhar conhecimento.
PALAVRAS-CHAVE
João Batista Libanio; Método heurístico; Construção do conhecimento; Pesquisa científica
ABSTRACT
In the academic world, the challenge of research and creativity is on the minds of researchers. Technology has facilitated aspects of this reality. However, for many of them, and especially for beginners, the construction of knowledge maintains its demands. João Batista Libanio was a theologian who was attentive and careful and also sought to be a facilitator of this process, both in his guidance and in his writings. How can we build knowledge autonomously? He stimulated skills so that the heuristic method of knowledge could be developed. There are steps to be taken in this research process, and this is the aim of this reflection: to share the experience of the master-disciple relationship, as well as his writings, in order to enable those interested, particularly in the area of Religious Sciences and Theology, to develop their art of building knowledge. This text not only reflects but also promotes the methodological maintenance of the relationship between theory and practice in the process and art of building and sharing knowledge.
KEYWORDS
João Batista Libanio; Heuristic Method; Knowledge Construction; Scientific Research
Introdução
O conhecimento intriga os seres humanos desde os tempos mais remotos. Acredita-se que os desenhos rupestres são do período paleolítico superior (entre 40 mil e 10 mil anos atrás); a escrita cuneiforme origina-se na Mesopotâmia antiga (por volta de 3.500 anos AEC); e a escrita hieroglífica egípcia, no Egito antigo (por volta de 3.200 anos AEC). Essas formas de linguagem e de comunicação expressavam a capacidade cognitiva e emocional e a evolução cultural dos seres humanos daquela época. Simbolicamente, podemos dizer que expressam a sede do ser humano por um sentido que o perpassa e o transcende. A construção e a partilha do conhecimento demonstram perspectivas do âmago do ser humano, em que as dimensões psíquica e espiritual se encontram, se cruzam e se articulam.
João Batista Libanio foi um desses seres humanos inquietos pelo sentido maior e que queria fazer com que seus rupestres e suas escritas cuneiformes e hieroglíficas atingissem a maioria dos seres que quisessem ser construtores de conhecimento. Ensinou e deixou ensinamentos para quem quisesse participar dessa dinâmica e movimento de reunir sempre mais entusiastas do aprender.
Em todas as áreas do conhecimento há pessoas que se dedicaram e se dedicam a ser instrumentos vivos, ou seja, que oferecem apoio, orientação e sabedoria para os que estão dispostos a buscar sentido e significado maior para sua vida, para a vida da sociedade ou do âmbito em que estejam engajados. Libanio se destacou no campo da teologia cristã, particularmente na teologia fundamental; porém, e para além dela, foi um profundo entusiasta do conhecimento. Essa perspectiva o levou a ser instrumento vivo de presença e de inteligência, possibilitando às pessoas desenvolver suas aptidões. Mesmo aqueles que se sentissem sem talento poderiam desenvolver a disciplina e exercitar métodos que levassem à excelência pessoal e, ainda, a auxiliar outros a entrar nessa dinâmica.
Este texto não somente quer fazer memória, mas, sobretudo, pretende compartilhar o aprendizado da relação mestre-discípulo para outros que assim desejarem. Aprender a ser, a pensar, a viver, a discernir e a cuidar não se trata de algo para si próprio, mas para compartilhar. Estas reflexões, que podem ser percebidas como passos metodológicos, apresentam a pessoa ímpar que foi João Batista Libanio. Pretendem, assim, compartilhar o aprendizado realizado e possibilitar que outros se tornem instrumentos vivos de presença e de inteligência em seu meio, em suas atividades e em seus relacionamentos.
A vida acadêmica e a pesquisa científica muitas vezes parecem atividades complexas, sobretudo para os iniciantes. Algumas pistas podem facilitar e impulsionar nesse momento inicial, e esse é o propósito da presente reflexão. Nesse sentido, os passos para a construção do conhecimento serão assim expostos: primeiro será o de compreender o significado de caminho heurístico para o conhecimento; em seguida, entender a dinâmica da pesquisa acadêmica. Esta, por sua vez, se divide em dois aspectos: o sentido do projeto de pesquisa e a importância do esquema de pastas para a construção da pesquisa. O avanço no texto dependerá das perguntas progressivas que, por fim, auxiliarão em sua escrita. Depois de terminado, importante deixar o texto descansar por um tempo. A leitura posterior possibilitará fazer lapidações, e somente esse repouso permitirá perceber lacunas ou excessos. Não se trata de buscar a perfeição, somente a explicitação adequada da pesquisa realizada. Lembrando que lacunas poderão acompanhar a pesquisa, pois paradigmas mudam e perspectivas de olhares também divergem.
Que esse processo metodológico seja um caminho para o conhecimento, que sempre segue em processo de construção. A metodologia que ora se aplica refere-se à articulação entre teoria e prática, pois expressa o aprendizado na constante edificação do conhecimento. Que as perguntas progressivas ao longo do texto permitam a apreensão de um caminho de pesquisa.
1 O caminho heurístico para o conhecimento
Grandes feitos em nossa vida são artes que construímos sem termos noção de sua grandeza ou de sua importância, no campo pessoal, familiar, social, espiritual ou profissional. Arte compreendida, aqui, como expressão máxima de explicitação da criatividade. Somos profundamente criativos, audaciosos, e entendemos de quase tudo. Um exemplo seria uma partida de futebol e, se for a Copa do Mundo, tanto melhor. Ao assistir a um jogo, todos nos tornamos treinadores e técnicos e propomos as melhores táticas para vencer a partida. Mesmo sem dominar com expertise as regras, sem nem sabermos tocar na bola, temos iniciativas e as melhores soluções. A pesquisa científica também pode ser compreendida como arte. Entretanto, essa habilidade e essa compreensão das regras, diferentemente dos palpites no futebol, necessitam ser conhecidas e aplicadas.
Dominar os instrumentos e usá-los de maneira a expressar a profundidade de nosso ser que se envolveu por tanto tempo com um tema específico é uma arte. Descobrir o caminho metodológico adequado com suas variações de técnicas instiga os mais renomados pesquisadores. Como a arte, a pesquisa deve ser envolvida da criatividade, individual ou coletiva, que em várias ocasiões desafia paradigmas e inspira novas formas de pensar e de agir. Em épocas de epidemia ou pandemia, não somente a criatividade, mas também a agilidade científica, ficam mais desafiadas. Nesse sentido, tanto a arte quanto a pesquisa científica podem ser expressões heurísticas. Como isso pode ocorrer?
A palavra heurística tem sua origem na cultura grega e significa encontrar, descobrir, inventar. Nesse sentido, ela faz referência à resolução de problemas que emergem, seja na realidade, seja em alguma área do conhecimento. Libanio trabalha a heurística como um método de pesquisa para o conhecimento criativo. Sem dúvida alguma, ele valoriza a pesquisa científica na particularidade de seus métodos, porém faz críticas à academia, sobretudo à pós-graduação, em que as dissertações e as teses devem ser carregadas de citações de autores e de outras pesquisas e, em grande parte, há contentamento com essa repetição. Em sua concepção, a aplicação do método heurístico faz o estudante avançar em suas correlações, articulações e, portanto, na construção autônoma do conhecimento. Depois de ler autores e estudos afinados com seu tema, o pesquisador deve ir além e se perguntar: o que faço com todo esse aprendizado? Ou: em que esse estudo me faz avançar ante as demais pesquisas? Nas palavras do autor:
Não nos contentamos em reproduzi-lo ou citá-lo eruditamente. Nem mesmo avançamos organizando-lhe o pensamento em torno do tema de que estamos tratando. Nem mesmo ousamos alguma interpretação original desse texto ou autor. Até aqui nos sentimos presos ao texto ou autor em questão. Algo importante no universo acadêmico para dissertações e teses. A percepção heurística vai noutra direção. Deixamos o texto ou o autor para trás e pomo-nos a pensar, a refletir e a escrever algo diferente, cuja inspiração, sugestão ou provocação, contudo, vieram do texto lido. No final, já não se trata do texto ou do autor em questão, mas de reflexão pessoal, desencadeada, porém, por eles. Portanto, não nos dedicamos a pesquisar até os meandros do texto, muito a gosto da atual academia, e sim de pensar, de arquitetar outros arcabouços teóricos
(Libanio, 20122 LIBANIO, João Batista. Entrevista de Libanio a Flávio Senra. In: MURAD, Afonso; BOMBONATO, Vera (org.). Teologia para viver com sentido: homenagem aos 80 anos do teólogo João Batista Libanio. São Paulo: Paulinas, 2012. p. 97-210., p. 209).
A leitura e a curiosidade são fundamentais para a atividade de pesquisa. No caso de dissertações e de teses, será a leitura que proporcionará discernimento para o recorte temático e para onde se direcionará o foco da pesquisa. A dificuldade de vários discentes em delimitar o tema da pesquisa pode estar neste ponto: a falta ou a escolha de leituras que direcionarão sua atenção ou que estimularão sua intuição, às vezes adormecida. Para Bachelard (2009)1 BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009., a intuição possibilita novas perspectivas e insights que a análise racional não alcança1 1 “A imaginação tenta um futuro. A principio, ela é um fator de imprudência que nos afasta das pesadas estabilidades. Veremos que certos devaneios poéticos são hipóteses de vidas que alargam a nossa vida dando-nos confiança no universo […] Um mundo se forma no nosso devaneio, um mundo que é o nosso mundo. E esse mundo sonhado ensina-nos possibilidades de engrandecimento de nosso ser nesse universo que é o nosso. Existe um futurismo em todo universo sonhado” (Bachelard, 2009, p. 8). . Esse tópico torna-se fundamental, pois ajuda o discente a escolher o tema e a demarcar seu foco de análise. Nesse momento da delimitação do tema, caso a leitura fique escassa, o risco torna-se grande em querer ampliar ou mudar o foco depois, com a pesquisa em andamento, pois novas leituras trazem novas possibilidades. Escolhas sempre teremos que fazer, pois elas direcionarão nossos estudos.
Observação que sempre se faz presente, relacionada às leituras, está na atenção aos autores, pesquisas ou documentos referenciados no texto que estiver lendo. Quando se perceber que as mesmas referências estão presentes em várias ocasiões, importante se faz vasculhar esses textos, autores, documentos. Em muitas ocasiões, a pesquisa torna-se um ato solitário. Porém, torna-se mais amena com a leitura dialogada com os textos e autores lidos, ao mesmo tempo que provocam inquietações e estimulam novos insights. Quebrar a cabeça para entender determinados parágrafos pode gerar percepções da temática em questão, até então despercebidas. Entretanto, há alguma forma de ler que gere maior apreensão e possibilite estímulo ao método heurístico do conhecimento?
Ao longo do processo educacional, todos desenvolvem estilos de estudo e, portanto, de leituras e maneiras de apreensão do lido. Porém, nem sempre nos atentamos ao estilo que fomos praticando. Por isso, é importante refletir qual é seu método de estudos e de leitura. Há várias maneiras de realizar esse percurso; porém, caso o seu não esteja dando os resultados que você espera, siga uma proposta que pode somar ou ajudar a lapidar o seu estilo.
Podemos dizer que em toda leitura, no campo da pesquisa científica, especialmente em sua parte teórica, há três momentos importantes: a preparação para a leitura, a leitura propriamente dita e o armazenamento do que foi lido. Vamos compreender melhor esses três momentos:
1.1 A preparação para a leitura
Antes de começar a fazer a leitura, é fundamental dar atenção ao título do texto, ao autor que escreveu e, sobretudo, à estrutura proposta. No caso de livro, importante abrir o sumário e o índice, quando há os dois, e entender como o autor organizou a obra. Essa análise ajudará tremendamente no próximo momento. Assim, haverá uma visão do todo e, em alguns casos, a leitura pode ser canalizada para capítulos ou tópicos específicos. Seja em livro, seja em artigo científico, folhear as páginas com a atenção direcionada para os títulos e subtítulos do texto, isso apontará para a tese que ali está sendo proposta. Portanto, os títulos e os subtítulos não podem ser saltados, pois lhe indicarão a resposta à pergunta: o que o texto diz? Tema do próximo momento.
1.2 A leitura propriamente dita
A visão do todo, proporcionada pelo passo anterior, auxiliará o que será lido e, especialmente, despertará para as ideias centrais que serão expostas. Importante que nessa leitura – que pode ser feita duas, três ou mais vezes – sejam destacadas e articuladas as ideias centrais, pois estas indicarão que tese está sendo desenvolvida. Podemos dizer que em um texto há ideias centrais ou primárias, ideias explicativas ou secundárias e a tese. As ideias centrais apontam para a tese, porém elas serão mais bem entendidas por meio das explicações. Há caso em que primeiro será exposta a ideia central e somente depois a explicação, e há casos em que ocorrerá o contrário. Na leitura, importante que se perceba o estilo do autor que escreve o texto, assim, a leitura se torna ainda mais bem direcionada para o que está sendo proposto ou defendido. Fundamental manter a pergunta sempre à frente: o que o texto diz?2 2 O livro Em busca de lucidez, de Libanio (2008), além de apresentar com o olhar do teólogo cristão grandes temas que perpassaram e ainda movimentam a cultura ocidental, ao final de cada capítulo ele propõe o exercício hermenêutico em perspectiva heurística, por meio de três perguntas, atualizadas às temáticas de cada capítulo. São elas: 1. O que o texto diz?; 2. O que o texto me diz?; 3. O que o texto me faz dizer? Elas remetem às demarcações centrais do texto; o que despertou a sua atenção; a dimensão heurística: em que consigo avançar ou transformar a realidade em que vivo, a partir do texto lido.
1.3 O armazenamento
Com a clareza das ideias centrais do texto lido – momento anterior –, trata-se de armazenar o que foi compreendido. Das várias possibilidades, destacaremos duas. Uma é por meio do esquema, que pode ser textual ou temático. O textual ocorre com a demarcação das ideias centrais e algumas ideias explicativas. A vantagem desse esquema é a clareza que ele proporcionará tempos depois, quando for reler o feito. O temático refere-se ao esquema das ideias centrais, não há ideias explicativas. A vantagem é ser sucinto, porém, o risco é não proporcionar a clareza devida tempos depois de ter lido. Os esquemas podem ser por tópicos, numerais, organograma ou chaves. Importante que se faça o que proporcionará melhor apreensão da tese defendida. Outra forma refere-se ao armazenamento via transcrição literal, muito recomendada na academia. Trata-se de copiar partes literais do texto e, nesse caso, registram-se a ideia central e a explicativa. A vantagem está, sobretudo, na releitura posterior, pois, além de proporcionar melhor compreensão, facilitará em sua fundamentação teórica quando estiver escrevendo o seu texto. As transcrições literais se tornarão citações diretas ou indiretas e indicarão os autores e os textos usados na preparação do tema em questão.
Ter método de leitura e ater-se a ele nos momentos da pesquisa científica possibilita maior e melhor utilização do tempo. No corre-corre do dia a dia, ter planejamento e segui-lo torna-se essencial para que o tempo seja suficiente para as várias demandas. Dois termos gregos, vindos da mitologia, auxiliam na compreensão do tempo: chronos e kairós. Enquanto chronos refere-se ao tempo cronológico, ao tempo físico, do relógio, o kairós indica a maneira como vivemos esse tempo, ou seja, diz da qualidade e do significado que damos a ele. Vivemos no emaranhado de chronos e kairós. Quanto maior a clareza dessa distinção, melhor será o planejamento e o aproveitamento que cada um proporcionará para o dia a dia.
Como esses momentos podem ser concretizados na produção intelectual?
2 A dinâmica da pesquisa acadêmica
Como nossa vida, a pesquisa científica também está em movimento. A realidade questiona a todo tempo as teorias e paradigmas das várias áreas do conhecimento, particularmente a área de Ciências da Religião e Teologia. No ano de 2001, Libanio publicou dois livros que foram fundamentais, de modo especial para o ambiente educacional. A arte de formar-se (Libanio, 2001a4________. A arte de formar-se. São Paulo: Loyola, 2001a.), inicialmente com cinco capítulos, depois ampliado para oito. Pelo título e estrutura dos capítulos, compreende-se a tese que está sendo anunciada. Está assim composta: aprender a conhecer e a pensar; aprender a fazer; aprender a viver juntos, aprender a viver com os outros; aprender a ser; aprender a discernir a vontade de Deus; aprender a amar; aprender a ser lúcido: exercício de pensar e, por fim, aprender a cuidar da terra. Ele propicia um mergulho nas águas mais profundas da intimidade humana que acontece em seu ciclo de relações: consigo, com os outros, com o transcendente e com o cosmos.
Outro livro, desse mesmo ano, intitulado Introdução à vida intelectual, está dividido em duas partes: atitudes fundamentais da vocação intelectual e aspectos da vida de estudo. A primeira parte aponta para uma perspectiva teórica e a segunda, para a prática. Ele sugere aprendizados possíveis e aponta caminhos para o desenvolvimento da vida intelectual, para qualquer pessoa que queira desenvolver esse talento. Libanio (2001b, p. 18)5________. Introdução à vida intelectual. São Paulo: Loyola, 2001b. diz: “Dedicar-se à vida intelectual implica uma vocação, que envolve seguramente talentos da ordem cognitiva, mas que exige muito mais. É uma questão de personalidade. E esta se forma por meio de atitudes, de comportamentos, de valores básicos”. Entretanto, todo o livro segue um roteiro teórico-prático, pois se propõe a realizar o que o título indica: auxiliar a todos na introdução à vida intelectual.
Na pesquisa acadêmica, seja nos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC), seja nas dissertações de mestrado ou nas teses de doutorado, fazer o que tem sido denominado de “estado da arte” torna-se fundamental. Trata-se de verificar o que tem sido pesquisado, nos últimos tempos, sobre o tema escolhido. Isso auxilia a encontrar lacunas ou a dar novos direcionamentos para a temática em questão. A utilização de métodos adequados de leitura possibilita aprofundamento ao mesmo tempo que se selecionam referenciais para análise posterior. Esse processo é essencial para a escolha e delimitação do tema de pesquisa; inclusive possibilita uma construção original na estruturação da própria pesquisa, expectativa para o mestrado, e avanços nas reflexões ou proposições de novas teorias, no caso do doutorado.
Essa dinâmica favorece a construção do projeto de pesquisa que, na perspectiva de Libanio, trata-se do processo de produção intelectual. Sem dúvida, há fatores e passos fundamentais para que essa produção ocorra e para que haja um salto qualitativo na pesquisa.3 3 Os capítulos 10, 11 e 12 do livro Introdução à vida intelectual indicam: o processo de produção intelectual, estudo de um tema ou de uma tese, confecção de uma monografia ou dissertação. Os insights acontecem na articulação entre três leituras: a da realidade (estar atento e ser observante a tudo que ocorre a sua volta, próximo ou distante), a dos textos (atenção ao rastreamento das referências que possibilitarão aprofundamento do campo ou da temática escolhida) e da própria interioridade (da profundidade do próprio ser e das perguntas não respondidas que continuam a inquietar). Isso exige atenção e escutas variadas que possibilitarão a própria expressão na construção do projeto de pesquisa.
Enquanto estiver na fase das leituras iniciais, para maior clareza do projeto a ser pesquisado, é fundamental fazer o que tradicionalmente tem sido chamado de fichamento. Nesse caso, o melhor é fazê-lo em forma de transcrição literal, ou seja, fazer cópias literais do conteúdo que despertou a atenção ante a problemática que deseja pesquisar. Isso será importante para a construção do esquema de pastas, que será desenvolvido abaixo.
2.1 Projeto de pesquisa
Guardando as devidas proporções, um projeto de pesquisa equivale à planta de uma residência. Antes de se iniciar uma construção, é fundamental planejar como será a casa; nesse caso, quanto mais detalhes, tanto melhor para orçá-la no tempo e no custo financeiro da obra. A construção de uma pesquisa também necessita ser pensada e planejada. Tradicionalmente, esse processo tem sido chamado de projeto de pesquisa; porém, há novas iniciativas promovendo perguntas diretivas, com a função similar: apontar o que será investigado por meio da pesquisa científica.
Independentemente de qual caminho seja seguido – do projeto ou das perguntas diretivas –, há demarcações que perpassam qualquer trajetória. Fundamental que se tenha clareza (a) do tema: sobre qual assunto será a pesquisa? Sugere-se apontar com um título amplo e com um subtítulo que faça o recorte do objeto que será pesquisado. Na tradição falava-se em objeto material e objeto formal. O primeiro diz da especificidade do que será analisado, por exemplo: o pluralismo religioso; o aumento dos sem-religião; o ensino religioso escolar; religião e política. O segundo aspecto refere-se às teorias que serão usadas para analisar tal fenômeno ou realidade proposta. Essa clareza propicia ao pesquisador se concentrar em focos específicos e não se perder em variações especulativas ou sem nexo. Por isso, é fundamental saber sua (b) pergunta central: das várias perguntas que são feitas ao objeto de análise, importante definir uma pergunta central, a que conduzirá toda a pesquisa. As perguntas específicas conduzirão os capítulos da dissertação ou da tese. Em seguida, é hora de demarcar os (c) objetivos: com verbo no infinitivo, indicar as metas, as proposições finais que o pesquisador quer com a pesquisa sobre tal tema. Eles fornecem a clara direção da pesquisa. Nessa linha, importante se faz ter clareza da sua (d) justificativa: diz da relevância de sua pesquisa sobre tal tema. Demarque em três vertentes: para você, para sua área de conhecimento e para a sociedade, ou seja, aponte qual será sua contribuição para cada uma dessas dimensões. Assim, o pesquisador perceberá a especificidade de sua pesquisa ante as demais, compreendida a partir do levantamento do estado da arte. Saber qual (e) metodologia será empregada: ela indica não somente a direção, mas os passos concretos para se desenvolver excelente análise e obter os resultados pretendidos4 4 Há vários tipos de pesquisa e técnicas de coleta de dados, bem com vasta referência sobre o tema. Sugerimos: Lakatos e Marconi (2023). . Entretanto, nada acontece se não tiver o (f) plano da dissertação ou tese: nessa área do conhecimento, podemos dizer que ele é o coração e o cérebro da pesquisa. Sem ele, dificilmente a pesquisa terá vida própria e crescimento progressivo. O plano refere-se ao detalhamento da pesquisa. Ou seja, quantos capítulos haverá e os tópicos necessários que serão propostos para melhor atingir seus objetivos. Aqui se estabelece uma relação de mútua implicação, pois quanto maior a clareza dos tópicos anteriores, melhor será o plano ou o roteiro da pesquisa e, por sua vez, quanto melhor a efetivação dessa estruturação, maior será a escrita desses mesmos tópicos. Aspecto que também se destaca, porém, poucos se atentam para ele, trata-se do (g) cronograma: a clareza do que será realizado em cada tempo da pesquisa auxilia a minimizar o estresse que algumas pessoas sentem durante a pesquisa. Pode ajudar nessa compreensão retomar a distinção entre dois termos gregos para o tempo: chronos e kairós. A clareza dessa relação permite ao pesquisador planejar e organizar seu tempo para que haja espaço para os vários afazeres que permitem que viva a vida com mais sentido, rumo à realização, pessoal e profissional. Fazer o (h) levantamento e, sobretudo, o rastreamento das suas referências e ter leitura direcionada permite efetivar o que foi planejado. Em alguns casos, pede-se que haja um (i) planejamento dos gastos, pois pode haver viagens e custos variados, dependendo do enfoque e da metodologia da pesquisa. Em casos de bolsas ou de editais de agências de fomento, fundamental seguir os passos indicados com clareza e precisão para adequação da pesquisa com os objetivos dos editais.
Para que a pesquisa se desenvolva de forma planejada, a leitura ocupa papel central. Como desenvolver um aproveitamento do tempo da leitura?
2.2 Esquema de pastas
Na atualidade, os aplicativos digitais têm facilitado a dinâmica da leitura e do armazenamento do que foi lido. Entretanto, há um método que Libanio chamava de esquema de pastas e que continua sendo muito relevante. Há, praticamente, duas formas de aplicá-lo: quando ainda não se tem o plano da dissertação ou tese, e depois que já possui a estrutura demarcada. Como seriam esses dois movimentos?
a) Esquema de pastas sem o plano da pesquisa estruturado: de toda a leitura que acontecer inicialmente, buscando maior delimitação temática, é fundamental já guardar o que considerar importante numa perspectiva mais ampla, a partir da temática geral da pesquisa. Esse fichamento ficaria assim: primeiro, insira a referência completa do livro, capítulo de livro, artigo, e-book, documento. Em seguida, faça a pré-leitura e atente à estrutura proposta pelo autor: os títulos e subtítulos do texto. Como dito, já nesse momento é possível perceber para onde o texto aponta. À medida que a leitura avança, faça transcrição literal de excertos mais importantes, colocando entre aspas e inserindo a página ou já deixe em forma de citação: (Sobrenome, ano, página). Caso queira fazer um comentário, faça em cor diferente da usada na transcrição, posteriormente fica mais fácil identificar a citação do autor e os próprios comentários, críticas ou articulações com outras leituras. Cada texto fica em pasta separada.
b) Esquema de pastas com o plano da pesquisa estruturado: nesse momento, supõe-se que há certa bagagem de leituras realizadas. Então, cria-se o grande arquivo “dissertação” ou “tese” e, dentro dele, uma pasta para cada capítulo; dentro de cada capítulo, uma pasta para cada subtítulo, por exemplo: 1.1 Subtítulo dado; 1.2 Subtítulo dado; 1.3 Subtítulo dado. Importante manter a mesma numeração e nomeação da estruturação que consta na última versão do projeto de pesquisa. Agora é momento de reler as transcrições literais dos fichamentos realizados e passar os excertos para os subtítulos de cada capítulo. Veja onde as citações melhor se encaixam. Depois, das novas leituras que for realizando, insira as transcrições diretamente na pasta adequada. Importante inserir em forma de citação e colocar a referência completa em uma pasta somente das referências de toda a pesquisa. Provavelmente, você terá lido e feito muito mais transcrições literais do que serão usadas em seu texto, porém essa leitura possibilita ampliação de horizontes para poder desenvolver o seu texto.
Antes de começar a escrita do seu texto propriamente dito, essencial que abra o arquivo e a pasta do subtítulo que for escrever, por exemplo, 1.1. Leia todas as transcrições que ali constam e, em seguida, faça o roteiro de como será a estrutura desse subtítulo. Agora há clareza suficiente para iniciar a escrita e fundamentá-la com as leituras realizadas. Repita esses passos para os demais subtítulos. Isso possibilitará que sua escrita fique clara, objetiva e progressiva.
3 Perguntas progressivas
Há várias maneiras de organizar uma pesquisa, desenvolver um relatório, escrever um texto ou um artigo. Em todos eles, mas particularmente na escrita da dissertação ou da tese, a clareza, a coerência interna e a perspectiva progressiva da escrita tornam-se fundamentais. Para avançar nesse desafio, há várias estratégias. No livro já referido, Introdução à vida intelectual, Libanio (2001b, p. 192-195)5________. Introdução à vida intelectual. São Paulo: Loyola, 2001b. faz uma proposição intitulada de “Método de perguntas progressivas”. Pude fazer esse exercício com ele, na época como orientando de mestrado, e surtiu muito bom resultado. A estrutura está publicada nesse seu livro, no capítulo já mencionado, “Processo de produção intelectual”5 5 Além dessa obra, a estrutura geral desse método bem como todo o texto produzido está disponível em Panasiewicz (1999). .
A proposta de criar perguntas não é novidade no âmbito da construção de projetos de pesquisa. A criatividade aplicada, na perspectiva de Libanio, está em proporcionar que as perguntas criem movimento e que, portanto, movimentem a inteligência dos pesquisadores. A organicidade básica do método decorre da seguinte forma: uma pergunta condutora de uma reflexão gera uma resposta que, por sua vez, produz nova pergunta. Essa mútua implicação entre pergunta e resposta gera o efeito progressivo no texto, pois não se trata de qualquer pergunta ou resposta.
No projeto de pesquisa aflora a pergunta central que desafia o pesquisador a pensar o todo que desabrochará. No plano da dissertação ou tese, no momento de pensar a estrutura dos capítulos, com seus subtítulos, será exigido o exercício da criatividade para propor perguntas progressivas que exijam respostas de mesmo rigor. Aí está o grande desafio: aprender a pensar criativamente. Assim, cada capítulo terá a sua pergunta geradora da reflexão, estruturada de forma progressiva, nos tópicos que o compõem. Ou seja, para cada um dos tópicos cria-se uma pergunta que aponta para o objetivo do capítulo. Ante essa pergunta, propõe-se a resposta que, ao ser desenvolvida, emerge a escrita do tópico que, por sua vez, terminará com a pergunta do próximo tópico. A resposta será a escrita do tópico seguinte. E, assim, sucessivamente até o término dos capítulos.
Na pesquisa teórica ou, pelo menos, na parte teórica dela, ater-se à pergunta e à sua resposta permite que o objetivo do capítulo seja atingido de forma clara. Encerrar um tópico com a pergunta focal que conduzirá a escrita do tópico seguinte torna o texto compreensivo, em seu desenvolvimento evolutivo. Dessa forma, a grande exigência desse método refere-se à leitura atenta dos referenciais teóricos que o conduzem.
Então, como explorar adequadamente o esquema de pastas para obter maior facilidade e fundamentação na escrita da pesquisa?
4 Escrita do texto
Há pessoas com habilidade natural para a escrita, provavelmente desenvolvida na infância por escuta atenta às leituras de seus cuidadores ou pelo hábito desenvolvido de ler. Entretanto, mesmo quem não se percebe com grandes habilidades para a escrita, pode desenvolvê-las. Há vários métodos disponíveis. O esquema de pastas, apresentado acima, tem sido ferramenta muito eficaz, tanto para os que têm facilidade quanto para os que se percebem com mais dificuldades.
Este é o momento de articular o que podemos denominar de movimentos da pesquisa: esquema de pastas e perguntas progressivas. O primeiro permitirá ao pesquisador, principalmente ao iniciante, selecionar e arquivar as leituras que for realizando de forma ordenada. Mesmo que inicialmente não haja o plano definido da pesquisa, a ordenação será feita assim que for confirmado o plano. Nesse momento, grande parte do que foi arquivado – senão todo ele – será migrada para as pastas correspondentes ao plano da pesquisa, seja dissertação, seja tese.
Feito isso, trata-se de dar novo movimento à pesquisa por meio da escrita e das perguntas progressivas. Cada grande pasta refere-se a um capítulo e, dentro dele, as subpastas correspondentes a um subtítulo ou subtópico da pesquisa. No plano da pesquisa, para cada um dos capítulos com seus subtítulos foi proposta uma pergunta e sua respectiva resposta, previamente elaboradas. Trata-se, agora, de abrir a primeira pasta do capítulo 1, ou seja, o subtítulo 1.1, e ler atentamente todos os excertos que foram colocados nessa pasta. Voltando-se para a pergunta e para a resposta propostas no plano da pesquisa, agora o novo movimento será a criação de um breve roteiro da resposta desse subtópico de forma lógica, clara e com crescimento progressivo. Esse roteiro conduzirá a escrita desse subtítulo, e as transcrições literais arquivadas na pasta 1.1 servirão de inspiração e de fundamentação teórica para a escrita dessa parte do texto. Esse respaldo teórico permitirá aos leitores saberem quais foram as fontes teóricas utilizadas para embasar tal pesquisa.
As perguntas progressivas e o breve roteiro que servirá como articulação e orientação da resposta auxiliarão no desenvolvimento de uma escrita mais objetiva. Essa forma de construir o texto contribuirá para que os prolixos não excedam ou mesmo divaguem no desenvolvimento da resposta, como permitirá que os concisos avancem de maneira lúcida, possibilitando melhor clareza na argumentação. Tanto para um estilo quanto para outro, a construção de frases curtas propicia maior clareza e objetividade ao texto.
Tendo como perspectiva que o movimento perpassa a construção de uma pesquisa, o aprofundamento do tema e leituras mais apuradas podem ocasionar alteração no momento de escrever algum capítulo ou subtítulo. Isso ocorrendo, é importante que se altere também a estrutura geral da pesquisa para mantê-la sempre atualizada. Essa estrutura será a companheira de toda a pesquisa.
Terminada a escrita de cada tópico, é importante deixar o texto descansar, ou seja, dar certo distanciamento do texto por um tempo. Depois, retome a leitura. Caso ainda apareçam frases longas, parágrafos curtos ou frases com pouco conteúdo, é hora de alterar. Outra opção pode ser solicitar para outra pessoa, preferencialmente técnica e da mesma área, fazer a leitura e demarcar para você pontos que devam ser alterados ou melhorados. Com sua proximidade com o texto, pode ocorrer de não visualizar detalhes que outro olhar percebe com certa facilidade. Assim, o texto fica claro, coerente e auxilia interessados a compreender melhor aquela temática.
Conclusão
A maioria dos iniciantes na pesquisa acadêmica a considera um grande desafio, sobretudo por falta de habilidades com as regras gerais e com as exigências de cada área do conhecimento científico. Essa realidade pode ser minimizada quando se descobrem textos ou orientadores que os conduzem por esses caminhos. O conhecimento metodológico e a estruturação da pesquisa têm suas especificidades. Libanio foi uma dessas pessoas com grande atenção, cuidado e aptidão para compartilhar seu aprendizado com os interessados que quisessem se inserir na autonomia e na criatividade exigidas pela pesquisa científica. Seus livros continuam exercendo sua missão.
O percurso realizado nesta reflexão destinou-se a compartilhar os caminhos apreendidos na relação discípulo-mestre. A atenção particularizada faz diferença, pois cada qual tem seu tempo, seus desafios e interesses próprios. A clareza do percurso a ser seguido auxilia qualquer peregrino a seguir com entusiasmo. Porém, nem sempre esse caminho fica claro, por isso a necessidade de conhecer estratégias para novos desbravamentos. Nesse caso, a observação, a tentativa e erro ou acerto são definidos pela criatividade do pesquisador. Há casos em que os mais hábeis também ficam surpreendidos com a dificuldade, aspereza e porosidade da realidade a ser investigada.
Saber do caminho heurístico a ser percorrido permite que todo iniciante à pesquisa científica tenha clareza da habilidade que deve ser descoberta para não se tornar dependente de pesquisas e de autores, mas desenvolva suas intuições e percepções de forma autônoma. A pesquisa científica tem sua dinâmica própria, porém independentemente da área do conhecimento e de sua forma, torna-se fundamental ter o projeto ou o planejamento da pesquisa para saber de suas possibilidades, de seu tempo e de seus custos. Nesse planejamento, está incluído o esquema de pastas, que permite que o pesquisador arquive suas descobertas desde o início e possa organizar com qualidade e fundamentação o que quer pesquisar. Nesse ritmo, as perguntas progressivas tornam o texto claro e coerente, avançando em cada capítulo a ser desenvolvido. Além disso, facilita a escrita do texto, pois a partir desse esquema, estrutura-se o roteiro a ser trilhado. Com o percurso realizado, torna-se provável que o aprendiz se transforme em pesquisador e descubra seu próprio caminho heurístico. A clareza metodológica não elimina os desafios da pesquisa, porém, auxilia a permanecer na busca criativa por novos caminhos.
Que esse percurso feito estimule e permita que os iniciantes no processo da pesquisa sintam-se confiantes e tenham sabedoria para adentrar suas áreas de conhecimento. Particularmente, aqueles que estão na área das Ciências da Religião e Teologia possam adicionar esses informes à própria experiência e aos apontamentos de seus orientadores. A abertura existencial à verdade e ao diálogo permite que arestas sejam cortadas e a construção do conhecimento seja efetivada para o bem dos envolvidos e da sociedade, razão de ser das pesquisas científicas.
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“A imaginação tenta um futuro. A principio, ela é um fator de imprudência que nos afasta das pesadas estabilidades. Veremos que certos devaneios poéticos são hipóteses de vidas que alargam a nossa vida dando-nos confiança no universo […] Um mundo se forma no nosso devaneio, um mundo que é o nosso mundo. E esse mundo sonhado ensina-nos possibilidades de engrandecimento de nosso ser nesse universo que é o nosso. Existe um futurismo em todo universo sonhado” (Bachelard, 20091 BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009., p. 8).
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O livro Em busca de lucidez, de Libanio (2008)3 LIBANIO, João Batista. Em busca de lucidez: o fiel da balança. São Paulo: Loyola, 2008., além de apresentar com o olhar do teólogo cristão grandes temas que perpassaram e ainda movimentam a cultura ocidental, ao final de cada capítulo ele propõe o exercício hermenêutico em perspectiva heurística, por meio de três perguntas, atualizadas às temáticas de cada capítulo. São elas: 1. O que o texto diz?; 2. O que o texto me diz?; 3. O que o texto me faz dizer? Elas remetem às demarcações centrais do texto; o que despertou a sua atenção; a dimensão heurística: em que consigo avançar ou transformar a realidade em que vivo, a partir do texto lido.
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Os capítulos 10, 11 e 12 do livro Introdução à vida intelectual indicam: o processo de produção intelectual, estudo de um tema ou de uma tese, confecção de uma monografia ou dissertação.
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Há vários tipos de pesquisa e técnicas de coleta de dados, bem com vasta referência sobre o tema. Sugerimos: Lakatos e Marconi (2023)6 LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Mariana. Fundamentos de metodologia científica. 9. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2023..
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Além dessa obra, a estrutura geral desse método bem como todo o texto produzido está disponível em Panasiewicz (1999)7 PANASIEWICZ, Roberlei. Diálogo e revelação: rumo ao encontro inter-religioso. Belo Horizonte: Arte, 1999..
Referências
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1BACHELARD, Gaston. A poética do devaneio 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
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2LIBANIO, João Batista. Entrevista de Libanio a Flávio Senra. In: MURAD, Afonso; BOMBONATO, Vera (org.). Teologia para viver com sentido: homenagem aos 80 anos do teólogo João Batista Libanio. São Paulo: Paulinas, 2012. p. 97-210.
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3LIBANIO, João Batista. Em busca de lucidez: o fiel da balança. São Paulo: Loyola, 2008.
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4________. A arte de formar-se. São Paulo: Loyola, 2001a.
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5________. Introdução à vida intelectual São Paulo: Loyola, 2001b.
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6LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Mariana. Fundamentos de metodologia científica 9. ed. rev. ampl. São Paulo: Atlas, 2023.
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7PANASIEWICZ, Roberlei. Diálogo e revelação: rumo ao encontro inter-religioso. Belo Horizonte: Arte, 1999.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
24 Maio 2024 -
Data do Fascículo
Jan-Apr 2024
Histórico
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Recebido
08 Mar 2024 -
Aceito
01 Abr 2024