RESUMO
O estudo parte do seguinte problema: a reconexão de pessoas com o seu órgão uterino facilita o autoconhecimento e desenvolvimento da espontaneidade-criatividade? Tal problema implica a necessidade de se compreender em que momento da história do Ocidente o útero passou a ser locus de doenças e preconceitos; e, a partir de uma análise sociopsicodramática, compreender os reflexos desta narrativa hegemônica na atualidade político-cultural brasileira. As dores históricas que bloqueiam a espontaneidade-criatividade são chamadas de conserva colonial. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e psicodramática, com estudos de casos que apresentam o sofrimento de consulentes firmados pela desconexão com seu órgão uterino. Utiliza-se um método específico, denominado uterodrama, que facilitou o desenvolvimento da espontaneidade-criatividade das consulentes1 a partir da reaproximação com seu útero.
PALAVRAS-CHAVE Conserva colonial; Colonialidade; Relações de gênero; Espontaneidade-criatividade
ABSTRACT
The study starts from the following issue question: does the reconnection between people and their uterine organ ease self-knowledge and the development of spontaneity-creativity? This problem requires the comprehension of what moment of Western history, the uterus became a locus of disease and prejudice; and, from a social-psychodramatic analysis, understanding the consequences of this hegemonic narrative in the Brazilian current political-cultural reality. For being historical sorrows that block our spontaneity-creativity, we name it of colonial conservatism. This is qualitative and psychodramatic research, with the study of cases presenting the suffering of consultants caused by the disconnection with their uterine organ. We used a specific approach, called uterodrama, which facilitated the development of consultants’ spontaneity and creativity as they experienced the reapproximation with their uterus.
KEYWORDS Uterus; Colonial conserve; Coloniality; Gender relations; Spontaneity-creativity
RESUMEN
El estudio parte del siguiente tema: ¿La reconexión de las personas con su órgano uterino facilita el autoconocimiento y el desarrollo de la espontaneidad-creatividad? Tal tema requiere la necesidad de comprender en qué momento de la historia de Occidente el útero se ha convertido en locus de enfermedades y prejuicios; y, a partir de un análisis sociopsicodramático, comprender los reflejos de esta narrativa hegemónica en la actualidad político-cultural brasileña. Al seren dolores históricos que bloquean la espontaneidad-creatividad, se le denomina conserva colonial. Se trata de una investigación cualitativa y psicodramática, con estudios de casos que presentan el sufrimiento de consultores causados por la desconexión con su órgano uterino. Se utiliza una obra específica, llamada uterodrama, que ha facilitado el desarrollo de la espontaneidad-creatividad de las consultores en la reaproximación con su útero.
PALABRAS CLAVE Conserva colonial; Colonialidad; Relaciones de genero; Espontaneidad-creatividad
INTRODUÇÃO
O estudo teve origem a partir da aproximação crítica entre útero, psicodrama, história, medicina e ginecologia natural (de base sociológica), com o propósito de reaproximar pessoas com útero das experiências do paraíso perdido moreniano – em que se é espontâneo(a), criador(a) e livre – partindo da premissa de que, em algum momento da história, essas pessoas foram cindidas, cristalizadas e impedidas de desenvolver a sua espontaneidade-criatividade. Essa reflexão se fundamenta a partir da afirmação de Moreno (2008), de que o esforço para fugir do mundo conservado aparece como uma tentativa de voltar ao paraíso perdido. Esse paraíso, passo a passo, foi substituído e ultrapassado ao longo da história do Ocidente. O ser humano passou a viver a robotização e, o homem branco cisgênero, a abusar de poder em relação às minorias de representatividade política. Neste momento, não estamos relacionando o paraíso perdido ao desenvolvimento emocional, mas a um lugar que não existe. De acordo com Mascarenhas (2008), Moreno denomina a utopia quando aponta para um lugar de não existência e que contradiz de modo crítico a algum lugar atual. Para ampliarmos essa compreensão, podemos atribuir as contribuições de Birri (s.d.) sobre a utopia a fim de pensarmos nesse espaço inexistente que estamos chamando de paraíso perdido moreniano:
Ela está no horizonte, diz Fernando Birri. Eu me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Eu ando dez passos e o horizonte corre dez passos mais adiante. Por mais longe que eu caminhe, nunca vou alcançá-la. Para que serve a utopia? É para isso que serve: para caminhar.2
(Galeano, 1993, p. 230, tradução nossa).
De certo modo, aproximar-nos desse lugar faz com que permaneçamos nos movimentando em busca de uma sociedade mais justa e inclusiva. Particularmente, o Brasil atravessa uma crise sociopolítica e ambiental, agravada entre os períodos de 2016 a 2022, no qual o país viveu o desmonte de políticas públicas devido aos ataques recorrentes à democracia, à equidade social e aos direitos humanos. Tal retrocesso nos afastou do horizonte e deixou a caminhada mais árdua e angustiante.
O objetivo geral deste estudo é demonstrar a contribuição do método denominado uterodrama para o desenvolvimento da espontaneidade-criatividade das pessoas acompanhadas em sessão de psicodrama. Os objetivos específicos são: trazer a compreensão sobre o útero e dos corpos que o carregam ao longo da história do Ocidente; analisar a partir do psicodrama as implicações da colonialidade na contemporaneidade brasileira e, então, apresentar como o uterodrama, por meio de estudos de caso, pode facilitar a manifestação da espontaneidade-criatividade das consulentes ao reconectá-las com seu órgão uterino.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA
Segundo Pissinati (2018), no período da Idade Média, o discurso herdado do período clássico – que marcou as diferenças hierárquicas entre os órgãos sexuais masculinos e femininos – foi precursor da construção dos papéis sociais de gênero. A ideia do lugar inferior da mulher na sociedade foi construído, a priori, no seu corpo, o que depreendeu-se da leitura de tratados médicos responsáveis por propagar o dessaber e o misticismo em torno do corpo da mulher cisgênero. Um exemplo disso é a interpretação falaciosa de que mulheres eram inteiramente venenosas no período menstrual. Afirmava-se, então, que:
As mulheres são totalmente venenosas no período de sua menstruação que elas envenenam animais pelo seu olhar; elas infectam crianças no berço; elas mancham o mais limpo espelho; e sempre que um homem tiver relações sexuais com elas, elas produzem leprosos e algumas vezes cancerosos
(Pseudo-Alberto, 1992 citado por Pissinati, 2018, p. 4).
Segundo Martins (2004), no período moderno, a feminilidade fora definida pelo útero e pelos ovários, no entanto, eram realizadas cirurgias para a retirada destes órgãos para o tratamento de disfunções fisiológicas, como a cura de inúmeras patologias de etiologia sexual. Essa ação médica chocava-se com a função e visão social e orgânica da mulher na época, já que com a retirada dos ovários a mulher perderia a capacidade de reprodução e, por conseguinte, sua feminilidade.
Neste ponto se instala uma contradição, afinal, é impossível, a partir do discurso binário, a separação dos órgãos sexuais do ser mulher. A própria tentativa de domesticação da mulher cisgênero pelos médicos, com a retirada de seus ovários, contrapõe o que a cisheteronormatividade havia guardado para seu papel social e orgânico. A mulher não deixa de ser mulher pela retirada de seus ovários, assim como as mulheres não são necessariamente mulheres por possuírem ovários e útero. O discurso hegemônico se perde em sua própria arbitrariedade, ficando espaço para complementar que homens também podem menstruar ou ficar grávidos.
Os discursos em relação ao medo do diabo e da bruxaria ganharam força no início da modernidade (Oltamari, 2012). Como encontrado numa busca eletrônica no site Quimera Rosa (s.d.) – um grupo que investiga identidades, corpo e tecnologia, dentro da perspectiva transfeminista – a base do estabelecimento da sociedade moderna Ocidental foi a caça às bruxas, que se firmava num projeto de extermínio com o objetivo de eliminar qualquer manifestação contrária e diferente da norma em expansão naquele momento. O grupo supracitado parafraseou Ziga (2011) para denunciar que nesse período foi negado que as bruxas eram mais que mulheres, pois tinham práticas sexuais opostas à heterossexualidade e viviam de forma autônoma e independente do patriarcado. É preciso ter cuidado para não minimizar a violência desta ordem vigente e não transformar as bruxas em mulheres “normais”, sob o entendimento cisgênero e binário, pois sob o pretexto paternalista foram punidas pelo simples fato de serem feministas ao se definirem fora da norma do heteropatriarcado. A caça às bruxas não ocorreu no Brasil Colônia, neste território houve outro tipo de genocídio com a aterrissagem do colonizador.
Nonoya (2020) em seus estudos bibliográficos discorre sobre os estupros sofridos pelas mulheres negras e indígenas – e outras formas de violência – na colonização. Era legalizada a prática de vendas de crianças negras ainda dentro do útero de suas mães, sendo tratadas como mercadorias desde antes do nascimento. As sequelas dessa história do colonizador escravizando pessoas, segundo Malaquias (2020), acarretou – e acarreta – na fragmentação da identidade negra devido a uma narrativa de não existência dos negros e negras como pessoas. A partir dessa tentativa de aniquilamento, se faz necessário romper com a ideologia colonial e com o processo de embranquecimento cultural, para, assim, resgatar a herança sociocultural africana. Esse retorno de potencial emancipador é chamado de negritude, o tornar-se negro.
Não há necessidade de se realizar grandes esforços para encontrar as conservas culturais coloniais (Vomero, 2022) na contemporaneidade, como a menstruação relegada ao tabu e a naturalização da cultura do estupro. Em 2014, o deputado Jair Messias Bolsonaro, que mais tarde assumiu a liderança como presidente do Brasil, declarou a uma colega deputada que ela não merecia ser estuprada; Bolsonaro se coaduna com a cultura cisheteropatriarcal capitalista, e seus discursos e ações durante o seu ofício como representante do povo apontaram que pessoas com útero valiam menos, como depreendeu-se de seu inoportuno relato sobre considerar ter “fraquejado” por ocasião da concepção de sua filha mulher.
A partir dessa síntese histórica, compreendemos que, coexistente ao conceito de conserva cultural proposta por Moreno, há, também, as conservas culturais coloniais denominadas por Vomero (2022). Essa compreensão foi elaborada para minuciar e identificar “de onde partem e como trafegam algumas violências cristalizadas na nossa atualidade” (Vomero, 2022, p. 3); violências constantemente atualizadas para manter conservada uma ordem econômica, emocional, cultural, psicológica e social da sociedade escravagista.
Desfrutamos da própria teoria psicodramática para refletir e ampliar a ideia de conserva cultural, discernimento que emerge a partir dos danos encontrados na nossa realidade como sequela das invasões coloniais. Ao repensarmos o conceito de conserva cultural e diferenciá-lo da conserva colonial, pesquisamos para que ele desempenhe, de maneira mais inclusiva e consciente, sua função de denunciar e de trabalhar as relações (de poder) na contemporaneidade, seja no âmbito micro-sociopolítico ou macro-sociopolítico. Sendo assim, conserva colonial é pensada a partir da articulação dos conceitos de colonialidade e de conserva cultural.
A partir das contribuições de Núñez et al. (2022), a colonização não teve o seu fim, ela permanece atualizando as formas de pensar, sentir e de se relacionar com o mundo como a única maneira possível. Quijano (2005) denominou a colonialidade como a atualização das violências coloniais.
Uma “conserva cultural” é a matriz, tecnológica ou não, em que uma ideia criadora é guardada para sua preservação e repetição. Duas formas de conserva cultural têm sido mencionadas em meus escritos: a conserva tecnológica, como livros, filmes, robôs; e a conserva humana, aquela que utiliza o organismo humano como veículo. Mas a ideia criadora é intrinsecamente “espontânea” e à qualidade correspondente à concepção e materialização dessa ideia dá-se o nome de “espontaneidade”. A espontaneidade deve ocorrer sempre como o primeiro passo no sentido da formação de uma conserva cultural
(Moreno, 1975, p. 175).
Segundo Moreno (2008), a conserva cultural também pode atuar como força disciplinadora e, assim, ser reproduzida na atualidade por meio dos dispositivos que dominam a cultura. Deste modo, conserva colonial está sendo compreendida como o resultado de ações cristalizadas de características eurocêntricas e coloniais; e, como agente de restrição e desencorajamento de espontaneidade-criatividade que interfere diretamente nas relações afetivas no campo microssociológico. Neste sentido, buscamos ampliar a compreensão de Moreno (2008) acerca da conserva cultural por acreditar na importância de um conceito – conserva colonial – que exponha a existência de um locus de violência causador de mortes físicas e simbólicas e que está diretamente relacionado ao capitalismo, à modernidade e à colonialidade. O ápice da espontaneidade-criatividade desencorajada em pessoas com útero é o assassinato das mulheres cisgêneros, das pessoas transgêneros e intersexuais; como, por exemplo, pelas violências cometidas por conta do feminicídio, transfobia e intersexofobia. O Brasil, segundo levantamento realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transsexuais, é o país que mais mata pessoas trans no mundo pelo 14º ano consecutivo (Euler, 2023). Dos 131 assassinatos registrados em 2022, 130 foram de mulheres e 1 de um homem; mesmo assim, existem correntes supostamente feministas que escolhem desconsiderar o quanto o machismo e a misoginia atravessam – de maneira nefasta e mortífera – a vida das travestis e das mulheres trans.
No Brasil, o pacto da branquitude narcísica – manutenção dos privilégios e do status quo social, político e econômico de pessoas brancas (Bento, 2002) – é coexistente à conserva colonial. As pessoas de espontaneidade-criatividade restrita e desencorajada são aquelas que permanecem assassinadas pelo racismo estrutural e pelo abandono do Estado. Não é o ser espontâneo-criativo que permanece vivo, mas sim aquele que pratica o espontaneísmo – patologia da espontaneidade que são respostas não adequadas ao contexto e/ou reativas e impulsivas.
Com o espontaneísmo propagado por meio das relações de poder, encontramos vínculos fabricados e destituídos de sensibilidade. A disseminação do ódio e as notícias falsas em circulação incessante servem como exemplos em tempos de pós-verdade. Moreno (2008) reconhece que as relações transferenciais são responsáveis pela dissociação e desintegração dos grupos sociais, sendo definida como ramo psicopatológico da tele. Identifica-se a patologia da tele intensificada diante da atual desintegração dos programas de cunho social desde o golpe político de 2016, quando ocorreu o impeachment da então presidenta Dilma Rousseff, e a sucessão de caráter democrático duvidoso de seu vice, Michel Temer. Esse contexto potencializou a ascensão de movimento neofascista e de extrema-direita após as eleições de 2018 (Souza, 2022).
O psicodrama corre o risco de se tornar um meio de opressão (Vieira, 2020) e contingente ao discurso hegemônico pela ausência de crítica social. Isso pode ocorrer tanto na aplicação do método quanto na aplicação de suas teorias, tal como no uso dos elementos coletivos e privados dos papéis sociais. Refletir apenas sobre o que se é esperado do papel de mulher na sociedade é universalizar essa categoria de gênero, violentar e invisibilizar os privilégios e as diferenças entre as mulheres, como, por exemplo, das mulheres trans, cisgêneras, travestis, lésbicas, bissexuais, brancas, com deficiência, negras e indígenas. Também ignora os fatores limitantes para o desempenho do papel de cada mulher no âmbito individual.
Compreender a fusão entre os elementos privados e coletivos do papel é ter consciência do lugar social do qual uma mulher está falando, conforme a contribuição de Ribeiro (2019). É de responsabilidade teórico-filosófica da(o) psicodramatista reconhecer o contexto social da mulher com quem se está trabalhando. Caso contrário, atua-se dentro de um movimento psicodramático que se alia às normas cisheteropatriarcais, ao pacto narcísico da branquitude e à conserva colonial, de modo incoerente à revolução criadora e às transformações coletivas inclusivas propostas por Moreno.
O breve levantamento histórico permite sustentar a compreensão de que, para ocorrer a reaproximação uterina – o que levaria uma pessoa a se aproximar de uma experiência corpórea em sua totalidade – é necessário superar as camadas ideológicas opressoras do cisheteropatriarcado – ou das conservas coloniais – responsáveis pelo enrijecimento do corpo e das emoções.
No presente estudo, o fenômeno a ser analisado pela socionomia é a reconexão uterina. Por isso há a necessidade de um resgate histórico, pois, se hoje o útero, e o que se relaciona a ele, é – veementemente – interpretado como problemático, nojento e inferior, isto não deve ser tomado como algo natural. Há um momento de rompimento na história que tornara possível a reprodução desta compreensão, o que faz dela uma conserva colonial. É com essa ruptura que o útero, locus primário social comum a todas as pessoas, passa a ser interpretado como foco de veneno, doença, violência e controle.
Ao se problematizar onde, quando e como se deram as relações sociais constituídas a partir dos estigmas e cisão de corpos de pessoas com útero dentro do discurso eurocêntrico, é possível refletir que o locus (lugar) em questão se origina no Neolítico, no continente europeu, a partir da passagem do nomadismo à fixação territorial, período em que se inicia o processo de dessacralização da figura de pessoas férteis (Adaid, 2016). O status nascendi (quando) abarca todo o decorrer histórico de desumanização dessas pessoas julgadas como inferiores por se distinguirem do padrão de corpo e de comportamento impostos imperativamente como ideais ou corretos: masculino, branco, cisgênero, heterossexual, monogâmico, cristão. Como consequência, a matriz social se forma conservada por relações hierárquicas transmitidas pela cisheteronormatividade e pela branquitude Ocidental, essa última aplicada em propagar relações de poder por meio da sua sensação de superioridade e dificuldade de realizar o reconhecimento do eu e do tu fora do seu espelho narcísico (Vomero, 2021).
A proposta deste estudo é apresentar o método uterodrama para o tratamento do sofrimento das dores das(os) consulentes relacionadas às conservas coloniais e à desconexão da pessoa com seu útero. Para isso, realizou-se estudos de casos clínicos que tiveram a autora como psicoterapeuta.
É pelo combate à hegemonia e pelo interesse na pesquisa de corpo e útero que floresce o uterodrama, na disputa pelo reflorestamento do corpo-território afim de cicatrizar as dores ocasionadas pelo aborto, pelas doenças ginecológicas tratadas com leviandades, pela cólica submetida à normalidade e pela menstruação compreendida pelas lentes do tabu. E, para além do seu nascimento inspirado nas queixas físicas recorrentes no espaço clínico, o uterodrama confronta o imaginário colonial na busca de desmistificar para encorajar a autonomia e a livre expressão de cada corpo. É um trabalho de compromisso ético-político pautado na prática de aproximar as pessoas com útero das vivências do paraíso perdido moreniano, para que, por meio do método de ação profunda, a lógica hegemônica de segregar e inferiorizar corpos que sangram seja superada.
Para aplicar o uterodrama, é importante se aproximar das necessidades do contexto social, grupal e dramático da(o) consulente, para integrar suas particularidades às compreensões críticas advindas dos seus papéis históricos (Naffah Neto, 1997) que compõem os papéis sociais, ao reproduzir os aprendizados das lutas de classes no campo econômico (dominadas e dominantes) e entre opressores e oprimidos na sociedade. No sentido de superar as conservas coloniais, o uterodrama emerge como um trabalho-direção para descolonizar útero, corpo, emoção e percepção, o que favorece o desenvolvimento da espontaneidade-criatividade. Mas, para a descolonização do útero, se faz também necessário que a(o) profissional descolonize a sua prática, a sua escuta, os seus afetos e o seu próprio corpo, para que o vínculo seja vivenciado com a menor possibilidade possível de distorções ocasionadas pela colonialidade.
A proposta de manejo clínico é trabalhar tanto as queixas trazidas relacionadas à essa região corporal, quanto à abertura para explorar o desconhecido – e o que surgirá daí. É um misto de confiança no método aqui apresentado, nos instrumentos e técnicas do psicodrama, no vínculo consulente-psicoterapeuta e na entrega e criatividade da(o) pessoa acompanhada para vivenciar um método que engloba tanto o sentido filosófico quanto o didático (Romaña, 1992).
Em uma existência cujo desenvolvimento foi barrado, o corpo se apresenta como um fantoche, envolvido em suas fantasias e perdido num passado em que não teve condições de se transformar, cumprindo o destino de repetir a verdade mascarada que o constitui como ser
(Freire, 2000, p. 46).
O uterodrama propõe desvendar essa verdade mascarada que está encoberta pela analítica da colonialidade. O pensamento descolonial, segundo Mignolo (2016), direciona possibilidades de ação para desvendar a eficiência da matriz colonial. Para o pensador, a opção descolonial é um caminho de resistência e de escapatória das armadilhas da modernidade e da colonialidade. Portanto, o psicodrama e o uterodrama apresentam instrumentos potentes para superar a racionalidade da conserva colonial, que faz do corpo um território de infertilidades e, nesta linha, trabalha também na superação do fantoche, o qual foi cristalizado pelo papel sócio-histórico de reduzir as pessoas com útero como inferiores, mães, histéricas e mulheres cisgêneros.
Segundo Freire (2000), toda pessoa que tem o seu desenvolvimento incompleto passará a ter uma perda parcial de sua identidade corporal, pois uma parte de si mesma(o), embora exista, não é conhecida, nem explicada, nem controlada. Pode-se refletir na espontaneidade-criatividade desencorajada experienciada pelas pessoas que menstruam ao longo de sua vida e como o útero, os ovários e a menstruação tiveram compreensões dissimuladas e de naturalizações ideológicas pelo poder do saber, principalmente, do campo médico. Tais desafetos corporais, propagados pelo discurso da hegemonia, provocaram rupturas na experimentação do próprio corpo-pensamento de pessoas com útero.
Durante a presente pesquisa, deparamo-nos com o trabalho de Guerra (2008), em que o autor descreve um estudo de caso no qual, durante a dramatização de um psicodrama interno, sua consulente iniciara uma viagem descendente pelo próprio esôfago, até chegar em seu útero. Essa descrição se assemelha às vivências alcançadas por meio do uterodrama, método que compreende esse órgão como um poço infinito de descobertas e revelações coinconscientes que poderão permanecer reverberando em diversas sessões. E foi o que Guerra (2008) experimentou na sessão com sua consulente Regina: de seu útero (lago de óleo) surgiram temas relacionados à sua gravidez, aos problemas alimentares e bucais vividos pela filha e ao falecimento de seu marido.
Corpos com útero carregam historicamente conservas coloniais que bloqueiam a espontaneidade-criatividade e, segundo Rodrigues (2020), corpos que foram adulterados – e colonizados – desde muito cedo, praticamente desconhecem seus movimentos naturais, como por exemplo, o seu ciclo menstrual. Portanto, o caminho seria desnaturalizar a doença e a falta de espontaneidade para descolonizar esse corpo e favorecê-lo à exposição máxima à saúde. Para descolonizar a menstruação, o sangramento deveria passar a ser compreendido como mais um dos fluídos produzidos pelo corpo, assim como a urina, a lágrima, o gozo, o suor, e não como doença, algo ruim e doloroso, a ponto de se considerar a menarca como momento inicial de necessário tratamento medicamentoso.
O uterodrama se conecta à conceituação do corpo poético de Rodrigues (2020), e valoriza uma abordagem comprometida na qual o conflito de uma micropolítica possa ter ocasionado ou impedido o livre movimento social e psicoemocional. Trata-se de uma direção que busque pelo corpo poético transformador e potente das(os) consulentes, e que possibilite a fruição por linguagens simbólicas e pouco realistas. Podemos considerar que não existe autonomia, espontaneidade e criatividade sem a desconstrução ou superação – e até destruição – do cisheteropatriarcado colonial e capitalista ou, em outras palavras, sem dissolver as amarras da conserva colonial facínora. A possibilidade de destruição segue sentido ao horizonte, da utopia, como bússola voraz de justiça e de liberação de E-C, para se apoderar – entre desvios e brechas – principalmente no campo da micropolítica, dos momentos de realizações e de resistências que ganham espaços em combate ao poder.
APRESENTAÇÃO DE CASOS E PROCESSAMENTO TEÓRICO
Este é um estudo psicodramático que contém estudos de casos clínicos em que algumas sessões são analisadas qualitativamente. Contamos com a participação de uma mulher cisgênero branca (denominada como Alfazema) e uma mulher cisgênero negra (denominada como Lótus). Foi assinado pelas participantes do estudo o termo de consentimento livre e a coleta das informações foi realizada logo após às sessões.
Alfazema
Alfazema retoma as sessões de psicoterapia para trabalhar os seus sentimentos de culpa e de medo pelo aborto sofrido; e, também, a sua preocupação por estar no trigésimo sétimo dia de hemorragia uterina. Segundo especialista da ginecologia, a consulente não sofre de nenhuma causa orgânica para que o sangramento permaneça. Apresentara-se, além do mais, desestabilizada e com muita raiva de si mesma por ter se permitido engravidar.
Na tentativa de realizar um trabalho que una as queixas físicas e emocionais, é realizado um relaxamento mental e corporal e, em seguida, pedido para que a consulente fechasse os olhos e passasse a se visualizar dentro do seu útero. Neste momento, o útero se transforma em um palco psicodramático. Após isto, é solicitado que Alfazema explore o seu útero. Ela o descreve como um lugar escuro no qual encontra uma criança chorosa. Após acolhimento e diálogo, descobre-se que a mãe pela qual essa criança buscava era a própria consulente. Neste momento, Alfazema se derrama em choro e diz: “Me desculpa por tudo. Agora eu estou com você e você não vai mais ficar sozinha. Me desculpa, eu quero te ajudar”. Dá-se consentimento para ela chegar ao desfecho que desejar. Então, Alfazema escolhe sair de dentro do seu útero, encontra uma linda floresta e diz à criança: “Eu me sinto bem em te ver tranquila e alegre brincando, mas lá dentro não era o seu lugar, quem sabe nós nos encontramos num outro momento, aqui não é o seu lugar”. Despede-se, aliviada, enquanto a observa partir dando saltinhos de alegria.
O uterodrama se torna um método específico ao transformar o útero da consulente em palco psicodramático a ser explorado para trabalhar suas dores emocionais atravessadas pelas conservas coloniais (mulher que aborta é pecadora). Tais conservas podem ser encontradas pela demanda da Alfazema de se trabalhar o tema do aborto (temática pessoal/social), o medo e a culpa (emoções) e o sangramento (adoecimento físico).
Nesse uterodrama, é utilizado o psicodrama interno e a fantasia dirigida. Ambos ocorrem em estado de relaxamento e com os olhos fechados. O psicodrama interno é onde se monta cenas protagônicas da(o) consulente e se trabalha as(os) personagens, por meio do uso das técnicas de ação. Na fantasia dirigida, propõe-se imagens ou condutas para auxiliar a(o) consulente em sua exploração, ou a deixar-se livre para produzir suas próprias imagens/cenas, vivê-las ou recriá-las em uma ação imaginária.
Na fantasia dirigida em questão, deu-se espaço para o roteiro ser preenchido com o imaginário da consulente, o que possibilitou espontaneamente o encontro com a “Criança” (personagem). O psicodrama interno tem início quando Alfazema é aquecida no papel da criança (role playing). A partir do encontro com essa personagem, a consulente tem a oportunidade de trabalhar o luto que está vivendo com a sua perda.
No encontro seguinte, Alfazema relata que a sua hemorragia havia cessado logo após a sessão de psicoterapia.
Lótus
Em determinada sessão, Lótus chega preocupada por não se lembrar da curetagem realizada há três anos para retirar seus miomas do ovário, e pelo fato de os miomas terem reaparecido, o que fora verificado em consulta médica na semana anterior. Opta-se, então, pelo uterodrama para intercomunicar a queixa da consulente às suas emoções por meio do aprofundamento de suas percepções corporais.
No aquecimento, Lótus – enquanto está deitada, de olhos fechados e visualizando internamente cada ovário – queixa-se de não conseguir enxergar o seu ovário esquerdo, apenas o direito. Ao ser direcionada para assumir o personagem “Ovário Esquerdo”, relata estar muito dolorido e necessitado de cuidados da própria Lótus. Ao retornar para o seu papel, a consulente diz: “Aqui é muito escuro. Meu útero é muito escuro. Meu útero e meu ovário esquerdo são escuros. É como se o meu útero fosse um bicho negro e acinzentado, de olhos arregalados olhando para mim como se estivesse pedindo ou suplicando alguma coisa. Por mais que eu o veja como velho e enrugado, é como se ele fosse novo dentro de mim”. Ao entrar no personagem “Útero Bicho”, expressa ser constituído de tristeza, e a necessidade de ser visto pela Lótus. Também relata que não poderá continuar falando, pois seria muito doloroso para a consulente: “Eu não tenho mais nada pra falar. Mas eu ainda não falei tudo”. Ainda na dramatização, ao pegar a sua lanterna interna para tentar conseguir visualizar melhor seu ovário esquerdo e seu útero, a consulente relata: “Eu tô iluminando aqui, mas ainda é difícil ver o meu ovário esquerdo. Consigo enxergar o meu útero, vejo umas manchas de um vermelho sem vida nele”.
Lótus compartilha ter vivido uma experiência forte, à qual ainda não se sentia capaz de falar sobre tudo. Relata ter ouvido e sentido o seu útero se mexendo e de ter visto uma espécie de pus branco e verde ser expelido – no momento de desaquecer para retornar da dramatização – o que a fez se sentir mais leve. Segundo a consulente, ainda havia mais coisas para sair dali.
Quando Lótus diz, “por mais que eu o veja como velho e enrugado, é como se ele fosse novo dentro de mim”, pode estar descrevendo, nas suas palavras, uma das funções do método do uterodrama, que é resgatar o útero como um poço de possibilidades e de acesso a conteúdos anteriormente não acessados pela consulente. É possível pensar a sua caracterização do útero como “velho” relacionando-a a algo de si própria que fora conservado – como lógicas afetivas de conduta (Nery, 2014) e relações coinconscientes. Porém, quando relata o sentir como se fosse novo, revela a possibilidade de acessar essa memória, essa cena ou essa relação. Isso foi facilitado pelo método aplicado, o que favoreceu a sua tomada de consciência e a possibilidade de se iniciar o desbloqueio da sua espontaneidade e criatividade.
Nesta sessão, o útero aparece como o personagem “Útero bicho”, o que apresenta a possibilidade do uso do uterodrama com outras estratégias, expresso não apenas como palco psicodramático, mas também como personagem – o que pode se desdobrar em uma cena. Portanto, o método pode ser realizado não apenas como fantasia dirigida ou psicodrama interno, mas também em cena aberta. Na sessão, o “Útero bicho”, ao ser entrevistado pela diretora, trouxe à tona a tristeza e o medo da consulente. Lótus é uma mulher cisgênero e negra na menopausa, e essas características atravessadas pelas coservas coloniais a fazem definir o seu útero como: bicho, negro, velho e enrugado. A consulente se queixa constantemente sobre se sentir inferior e humilhada, as lógicas sociais e violentas são reproduzidas no modo como compreende o seu útero e ovários. Segundo a lógica opressora, a mulher na menopausa perde a sua função social: a da reprodução.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Realizou-se um percurso sociocrítico por meio da história e da análise sociopsicodramática sobre o útero, a menstruação e o psicodrama. Compreendeu-se a necessidade e urgência de se dispor do psicodrama para acolher as pessoas que sofrem com questões corporais, relativas ao útero e problemas afins, que carregam conservas coloniais da violência e do preconceito que as impedem de serem quem são e de viverem com espontaneidade-criatividade.
Os estudos de casos apontaram que o método do uterodrama, proposto nesta pesquisa, é um caminho viável para o desenvolvimento da espontaneidade-criatividade de pessoas com útero e de pessoas que tragam essa temática numa sessão de psicodrama ou de sociodrama.
Reafirma-se, porém, a necessidade de um aprofundamento analítico para a utilização do método, de modo que se possa aperfeiçoá-lo. Em hipótese alguma interpreta-se o atual trabalho como acabado. Pelo contrário, seu inacabamento – entendido em consonância com as considerações de Almeida (1988, p. 28) – está “muito longe de ser um empecilho, é a própria definição da existência e é o que faz o método fenomenológico-existencial um método aberto”.
A partir dos casos apresentados, é possível compreender o sofrimento das consulentes como produto de uma matriz sociocultural histórica e ancestral, cristalizadora de subjetividades e ações. Do mesmo modo, com o desbloqueio da espontaneidade, o psicodrama atua na micropolítica ao trabalhar o sofrimento específico de cada consulente em relação ao seu corpo e às violências sofridas e vivenciadas nas relações transferenciais.
O papel de psicoterapeuta, em atendimento clínico bipessoal, e os trabalhos sociátricos extramuros se fortalecem ao se considerar os contextos grupais e socioculturais em que as pessoas acompanhadas estão inseridas. Com o a priori de que consulente e psicoterapeuta partem de localidades e experiências socioculturais distintas, os marcadores políticos de gênero, raça, território, etnia, corpo, classe e cultura, foram igualmente relevantes para compreender de onde emergem e para onde trafegam as dores individuais, sociais e estruturais que as marcam. Diante disso, também o autoconhecimento da(o) psicoterapeuta contribui para a cocriação.
No psicodrama, propiciar um espaço acolhedor para que úteros se expressassem, seja por meio da fala, da fantasia, personagens, ou apenas tendo a possibilidade de serem percebidos e sentidos, permitiu que essa parte tratada sem importância do corpo fosse resgatada e reintegrada. Promoveu-se uma percepção mais próxima da totalidade de si (processo de reconhecimento do eu), dos papéis históricos-sociais – compostos por conservas coloniais – e estratégias e possibilidades para superar as injustiças e violências suscitadas pelas relações de poder presentes nas desigualdades de gênero e raça – como conservas coloniais do período medieval existentes na atualidade contemporânea brasileira. Na esperança de continuar a contribuir para a saúde mental individual e coletiva, são sugeridas, portanto, novas pesquisas sobre o tema e sobre o método proposto neste estudo: o uterodrama.
NOTAS
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1
Escolhemos, neste artigo, a palavra “consulente” para se referir àquela ou àquele que busca por consulta especializada e por tratamento de sofrimentos psíquicos. Essa expressão – pensada e repensada –, abre caminhos para desvencilharmos do termo utilizado pelo meio médico – paciente –, e, também, como alternativa ao uso do termo “cliente”, por compreendermos esse último arraigado de sentidos mercadológicos.
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2
Ella está en el horizonte — dice Fernando Birri—. Me acerco dos pasos, ella se aleja dos pasos. Camino diez pasos y el horizonte se corre diez pasos más allá. Por mucho que yo camine, nunca la alcanzaré. ¿Para qué sirve la utopía? Para eso sirve: para caminar.
AGRADECIMENTOS
Não aplicável.
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FINANCIAMENTO
Não aplicável.
DISPONIBILIDADE DE DADOS DE PESQUISA
O compartilhamento de dados não é aplicável.
ERRATUM
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No artigo UTERODRAMA: DESCOLONIZANDO CORPO E MENSTRUAÇÃO (https://doi.org/10.1590/psicodrama.v31.597), publicado na Revista Brasileira de Psicodrama, v31, e1023, 2023, na página 5, segundo parágrafo, última linha:Onde se lê:(Vomero, 2021)Deve ser:(Vomero, 2022)
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Editado por
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Editora de seção: Oriana Hadler https://orcid.org/0000-0001-9736-2224
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
02 Jun 2023 -
Data do Fascículo
2023
Histórico
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Recebido
29 Set 2022 -
Aceito
09 Mar 2023