Acessibilidade / Reportar erro

UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DO ÁTOMO SOCIAL NO PROCESSO DE PSICODIAGNÓSTICO

USE OF THE SOCIAL ATOM TECHNIQUE IN THE PSYCHODIAGNOSTIC PROCESS

USO DE LA TÉCNICA DEL ÁTOMO SOCIAL EN EL PROCESO PSICODIAGNOSTICO

RESUMO

A sociometria tem como propósito a investigação/mensuração das relações interpessoais. Uma das técnicas sociométricas para uso na prática individual é o átomo social, que é caracterizado como o conjunto das relações emocionalmente significativas que o indivíduo estabelece e desenvolve. O objetivo do presente artigo é investigar o uso do átomo social para o procedimento de psicodiagnóstico. Fez-se uso de uma abordagem qualitativa, utilizando como método o estudo de caso. A análise do caso clínico serviu para entender como o átomo pode auxiliar na construção de uma avaliação psicológica mais integral, possibilitando a investigação da dinâmica psíquica do indivíduo e da sua demanda de forma mais lúdica e participativa. Também foi interessante constatar que as informações trazidas pelo átomo confirmaram os achados das outras técnicas empregadas.

PALAVRAS-CHAVE
Psicodrama; Psicologia clínica; Avaliação em saúde

ABSTRACT

Sociometry aims to investigate/measure interpersonal relationships. One of the sociometric techniques for use in individual practice is the social atom, which is characterized as the set of emotionally significant relationships that the subject establishes. The objective of the article was to investigate the use of the social atom for the psychodiagnosis procedure. A qualitative approach was used, using the experience report as a method. The analysis of the clinical case served to understand how the atom can help in the construction of a more comprehensive psychological assessment, enabling the ludic and participatory investigation of the psychic dynamics of the subject and his demand. It was interesting to note that the information brought by the atom collaborated with the findings of the other techniques employed.

KEYWORDS
Psychodrama; Psychology clinical; Health evaluation

RESUMEN

La sociometría tiene como objetivo investigar/medir las relaciones interpersonales. Una de las técnicas sociométricas a utilizar en la práctica individual es el átomo social, que se caracteriza como el conjunto de relaciones emocionalmente significativas que establece el sujeto. El objetivo del artículo fue investigar el uso del átomo social para el procedimiento de psicodiagnóstico. Se utilizó un enfoque cualitativo, utilizando como método el relato de experiencia. El análisis del caso clínico sirvió para comprender cómo el átomo puede ayudar en la construcción de una evaluación psicológica más integral, posibilitando la investigación lúdica y participativa de la dinámica psíquica del sujeto y su demanda. Fue interesante notar que la información aportada por el átomo colaboró con los hallazgos de las otras técnicas empleadas.

PALABRAS CLAVE
Psicodrama; Psicología clínica; Evaluación en salud

INTRODUÇÃO

O psicodrama é uma abordagem teórica da psicologia criada por Jacob Levy Moreno, no início do século XX, e tem como base o estudo das relações humanas por métodos dramáticos. Durante o desenvolvimento de sua teoria, Moreno buscou analisar e medir as relações interpessoais, surgindo assim uma ramificação do psicodrama denominada de sociometria (Moreno, 1993Moreno, J. L. (1993). Psicodrama. São Paulo - SP: Cultrix).

A técnica sociométrica é utilizada em grupos e objetiva diagnosticar as interações entre seus membros, identificando relações de aceitação, de rejeição, de ambivalência, trabalhando assim as percepções de cada membro do grupo sobre os demais (Granjeiro & Reis, 2014Granjeiro, I. C. B. & Reis, D. K. (2014) A técnica sociométrica e seu emprego pelo psicólogo. Faef – Garça, Revista Eletrônica Científica, 22, 1–7. Recuperado de https://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/CPqsPpkw79aASLZ_2014-4-16-1-14-47.pdf
https://faef.revista.inf.br/imagens_arqu...
).

O teste sociométrico idealizado por Moreno tem viés grupal, provavelmente, porque seu criador focou seu trabalho nas intervenções grupais. Segundo o psicodramatista Bustos (1992)Bustos, D. M. (1992). Novos rumos em psicodrama. São Paulo - SP: Ática, Moreno considerava as intervenções individuais, tais como a psicoterapia individual, métodos pouco eficazes. Fonseca (2000)Fonseca, J. (2000). Psicoterapia da relação: elementos de psicodrama contemporâneo. São Paulo - SP: Ágora complementa afirmando:

O psicodramatista, habituado a uma técnica grupal, sente-se tolhido psicodramaticamente, quer confesse ou não, na psicoterapia individual. Frequentemente ele emprega técnicas originadas de outros referenciais teóricos, uma vez que Moreno nada deixou sobre o tema. E não deixou, justiça seja feita, por coerência, visto que propunha a psicoterapia de grupos, de preferência grupos abertos, e não a psicoterapia individual, privada, de confessionário, como dizia. (p. 55–56)

Essa angústia levou psicodramatistas pós-morenianos a adaptarem técnicas de intervenção grupal para a psicoterapia individual e desenvolverem novas ferramentas que auxiliassem o profissional de psicodrama em sua prática clínica além do grupo. São exemplos disso: Bustos (1979Bustos, D. M. (1979). O teste sociométrico: fundamentos, técnica e aplicação. São Paulo - SP: Brasiliense; 1992)Bustos, D. M. (1992). Novos rumos em psicodrama. São Paulo - SP: Ática, Dias (1994)Dias, V. R. C. S. (1994). Análise psicodramática e teoria da programação cenestésica. São Paulo - SP: Ágora, Fonseca (2000)Fonseca, J. (2000). Psicoterapia da relação: elementos de psicodrama contemporâneo. São Paulo - SP: Ágora e Cukier (1992)Cukier, R. (1992). Psicodrama bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo - SP: Ágora.

Dentre tais técnicas está o átomo social. Concebido por Moreno como o conjunto de todas as pessoas com quem um determinado indivíduo se relaciona emocionalmente, é considerado a estrutura mínima de um padrão interpessoal emocionalmente acentuado. Já enquanto ferramenta sociométrica, foi definido por Moreno como o conjunto das relações que o indivíduo estabelece e desenvolve a partir de seu nascimento, sendo por meio dessas relações que o indivíduo formará seu eu. Portanto, para o autor, ao entender o modo como o indivíduo estabeleceu e estabelece suas relações, tal movimento permite ao profissional entender o próprio indivíduo (Romano, 2011Romano, C. T. (2011). Tempo para se relacionar: átomo social e a saúde física e mental. Revista Brasileira de Psicodrama, 19(1), 123–134. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932011000100010&lng=pt&tlng=pt.
https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?sc...
).

Além de tais características, o átomo social pode ser utilizado como técnica na clínica psicodramática e tem como função a investigação das relações que determinada pessoa estabelece, explorando assim o contexto social ao qual o indivíduo está inserido. As relações representadas no átomo social podem ser sua família, as pessoas de seu trabalho, ou ainda os colegas de escola ou os funcionários desta etc. Conforme Cukier (1992)Cukier, R. (1992). Psicodrama bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo - SP: Ágora coloca, é um recurso que pode ser utilizado nos processos iniciais de psicoterapia, sendo um ótimo auxiliar da anamnese.

Por sua vez, o psicodiagnóstico é um processo que tem como objetivo analisar e identificar potencialidades e dificuldades no funcionamento psicológico com foco na existência ou não de psicopatologia. Para isso, utilizam-se técnicas e testes psicológicos, seja para entender as questões a partir de pressupostos teóricos, identificar e avaliar aspectos específicos; seja para classificar o caso e prever seu curso possível, comunicando os resultados e, se possível, propor soluções (Cunha, 2000Cunha, J. A. (2000). Psicodiagnóstico. Porto Alegre - RS: Artmed).

A Organização Mundial de Saúde (OMS), define saúde como um estado de bem-estar físico, psíquico e social, o que orienta profissionais da saúde a buscarem um olhar mais abrangente e integrado do indivíduo. Um dos desafios do psicodiagnóstico na atualidade é poder desenvolver avaliações que possam ir além de rótulos, dando mais espaço à subjetividade, tendo a história de vida como elemento crucial para o entendimento do estado de saúde de um indivíduo (Araújo, 2007Araújo, M. F. (2007). Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicologia: Teoria e Prática, 9(2), 126–141. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/v9n2a08.pdf
https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/...
).

Para isso, existem vários instrumentos que o psicólogo utiliza para realizar o psicodiagnóstico, tais como: testes psicológicos, entrevistas e anamnese. Porém, é importante que o profissional utilize recursos complementares para que a avaliação seja mais fidedigna. Uma visão mais integradora e totalizadora da personalidade é possível quando se busca conhecer a dinâmica familiar, social e cultural do indivíduo. Desenhos, observações situacionais, reuniões com a escola e demais profissionais que acompanham o indivíduo, vídeos, fotografias, contação de estórias são algumas das estratégias complementares possíveis (Araújo, 2007).

Dentre os testes psicométricos permitidos para a elaboração não há um específico que avalie as relações ou fale sobre psicodrama. No entanto, o profissional psicodramatista que trabalha com psicoterapia individual tem, em seu arcabouço de técnicas, o átomo social que auxilia a ter uma visão mais ampliada da forma que o indivíduo se relaciona com seu meio social, familiar e cultural. Diante disso, surge a questão central do presente artigo: como a técnica psicodramática do átomo social, utilizada para avaliar as relações de uma determinada pessoa, poderia contribuir para o processo de psicodiagnóstico?

Para isso, o artigo trará uma discussão a respeito do conceito de psicodiagnóstico para, posteriormente, analisar o átomo social de uma paciente que buscou o processo de psicodiagnóstico.

PSICODIAGNÓSTICO E ÁTOMO SOCIAL

A palavra diagnóstico significa estudo aprofundado realizado com o objetivo de conhecer determinado fenômeno ou realidade, por meio de um conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos. Para a psicologia, a prática e o estudo do diagnóstico e da avaliação psicológica têm fundamental papel para a atuação e formação do psicólogo (Araújo, 2007Araújo, M. F. (2007). Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicologia: Teoria e Prática, 9(2), 126–141. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/v9n2a08.pdf
https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/...
).

A avaliação psicológica envolve princípios teóricos, métodos e técnicas de investigação tanto da personalidade quanto das demais funções cognitivas. Durante o procedimento são utilizados instrumentos de avaliação tais como: entrevista, observações clínicas, testes psicológicos, técnicas projetivas, desenhos etc. Os instrumentos são escolhidos de acordo com a finalidade do procedimento e podem ser complementados com outros procedimentos clínicos, com o objetivo de integrar dados levantados para uma compreensão global da personalidade (Araújo, 2007Araújo, M. F. (2007). Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicologia: Teoria e Prática, 9(2), 126–141. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/v9n2a08.pdf
https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/...
).

Segundo o Art. 1º da Resolução CFP N.º 002/2003, “os testes psicológicos são instrumentos de avaliação e mensuração de características psicológicas, constituindo-se um método ou técnica de uso privativo do psicólogo” (Conselho Federal de Psicologia, 2003Conselho Federal de Psicologia. (2003) Resolução CFP nº 002/2003. Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos e revoga a Resolução CFP nº 025/0001. Brasília, DF. Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2003/03/resolucao2003_02_Anexo.pdf. Acesso em: 01 out. 2022.
http://site.cfp.org.br/wp-content/upload...
). E, de acordo com o parágrafo único da mesma resolução,

[...] os testes psicológicos são procedimentos sistemáticos de observação e registro de amostras de comportamentos e respostas de indivíduos com o objetivo de descrever e/ou mensurar características e processos psicológicos compreendidos tradicionalmente nas áreas emoção/afeto, cognição/inteligência, motivação, personalidade, psicomotricidade, atenção, memória, percepção, dentre outras, nas suas mais diversas formas de expressão, segundo padrões definidos pela construção dos instrumentos

(Conselho Federal de Psicologia, 2003Conselho Federal de Psicologia. (2003) Resolução CFP nº 002/2003. Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos e revoga a Resolução CFP nº 025/0001. Brasília, DF. Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2003/03/resolucao2003_02_Anexo.pdf. Acesso em: 01 out. 2022.
http://site.cfp.org.br/wp-content/upload...
).

A psicologia conta com uma diversidade de testes que permitem avaliar as várias funções cognitivas e a personalidade. Esses precisam estar de acordo com critérios de validação e normatização para que sejam os mais eficientes possíveis.

Apesar do criterioso estudo ao qual um teste psicológico é submetido, Araújo (2007)Araújo, M. F. (2007). Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicologia: Teoria e Prática, 9(2), 126–141. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/v9n2a08.pdf
https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/...
fala sobre a existência de autores que consideram o fato de o processo de psicodiagnóstico não poder se restringir à aplicação de testes psicológicos, colocando a importância do uso de técnicas menos estruturadas (como o desenho e o brincar de forma livre) que explorem com criatividade e profundidade os recursos da entrevista diagnóstica. Essa flexibilização do uso de técnicas menos estruturadas durante a entrevista clínica consolida a realização do psicodiagnóstico como um procedimento predominantemente clínico. Surgiram assim modelos de psicodiagnóstico, como o modelo compreensivo e o modelo fenomenológico-existencial (Ancona-Lopez, 1995Ancona-Lopez, M. (1995). Psicodiagnóstico: processo interventivo. São Paulo - SP: Cortez; Cupertino, 1995Cupertino, C. M. B. (1995). O psicodiagnóstico fenomenológico e os desencontros possíveis. In M. Ancona-Lopez (Org.), Psicodiagnóstico: processo interventivo. (pp. 135–178). São Paulo - SP: Cortez; Yehia, 1995Yehia, G. Y. (1995). Reformulação do papel do psicólogo no psicodiagnóstico fenomenológico-existencial e sua repercussão sobre os pais. In M. Ancona-Lopez (Org.), Psicodiagnóstico: processo interventivo. (pp. 115-134). São Paulo - SP: Cortez).

No modelo compreensivo, o processo diagnóstico busca uma visão totalizadora e integradora da personalidade a partir da compreensão das dinâmicas psíquica, intrafamiliar e sociocultural. Ele é estruturado de acordo com o contexto de aplicação e pode haver uso ou não de testes psicológicos, dependendo do pensamento clínico empregado. Em relação à interpretação dos dados, o pensamento clínico deve funcionar como o princípio organizador, definindo critérios e procedimentos para a integração e análise dos dados. Esse modelo é influenciado pela teoria norteadora utilizada pelo psicólogo e também pela experiência clínica do profissional, e pela relação entre o cliente e o psicólogo (Araújo, 2007Araújo, M. F. (2007). Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicologia: Teoria e Prática, 9(2), 126–141. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/v9n2a08.pdf
https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/...
).

No modelo fenomenológico destacam-se quatro características, sendo a primeira considerar o psicodiagnóstico um processo interventivo. A segunda propõe que a devolutiva seja feita durante o processo e não apenas ao final. Outra característica é considerar relevante a experiência dos envolvidos no processo. A quarta característica é uma compreensão diferente da relação profissional paciente. Para esse modelo, o examinando é visto como um colaborador ativo e envolvido no processo de avaliação. O psicólogo, por sua vez, sai da posição de detentor do saber, estando ele e o examinando juntos no processo de observação e compreensão do que surgir durante a avaliação (Ancona-Lopez, 1995Ancona-Lopez, M. (1995). Psicodiagnóstico: processo interventivo. São Paulo - SP: Cortez; Cupertino, 1995Cupertino, C. M. B. (1995). O psicodiagnóstico fenomenológico e os desencontros possíveis. In M. Ancona-Lopez (Org.), Psicodiagnóstico: processo interventivo. (pp. 135–178). São Paulo - SP: Cortez; Yehia, 1995Yehia, G. Y. (1995). Reformulação do papel do psicólogo no psicodiagnóstico fenomenológico-existencial e sua repercussão sobre os pais. In M. Ancona-Lopez (Org.), Psicodiagnóstico: processo interventivo. (pp. 115-134). São Paulo - SP: Cortez).

A partir dos instrumentos e técnicas do psicodiagnóstico é possível o entendimento da dinâmica psíquica do examinando (Cunha, 2000Cunha, J. A. (2000). Psicodiagnóstico. Porto Alegre - RS: Artmed). Assim, é admissível observar que o processo de psicodiagnóstico pode ser flexível, contando com diversas ferramentas, cabendo ao profissional decidir quais as melhores estratégias para utilizar no momento de atender à demanda.

No psicodrama, a avaliação do estado psicológico do indivíduo é importante para conhecer suas relações e as respostas que ele desenvolveu para lidar com elas. Mesmo não havendo um instrumento psicométrico nos moldes clássicos, há no psicodrama técnicas de avaliação. Uma das técnicas de maior uso é o átomo social. Seu objetivo é entender as relações que o indivíduo estabelece com aqueles que o cercam e consigo mesmo, sendo assim crucial para o sentimento de pertencimento, bem como para o desenvolvimento e desempenho dos papéis variados que acabam por nos constituir.

Para compreender melhor como essa técnica foi construída e porque o contexto social tem tanta importância para compreensão de um paciente, cabe à apresentação da sociometria, locus nascendi do átomo social.

Para Moreno, o humano é um ser social, pois nasce de uma sociedade e necessita de outros para sobreviver. Ao nascer, o indivíduo é inserido num universo de relações constituído por seus pais, parentes e/ou responsáveis. É por meio desse contato e das ações realizadas por tais que o indivíduo inicia seu processo de integração na sociedade e aprende os costumes, normas e padrões desta (Gonçalves et al., 1988Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de psicodrama: introdução ao pensamento de J.L. Moreno. São Paulo - SP: Ágora).

Bustos (1979)Bustos, D. M. (1979). O teste sociométrico: fundamentos, técnica e aplicação. São Paulo - SP: Brasiliense coloca que “a sociometria nasceu para servir ao propósito de investigação/mensuração das relações interpessoais” (p. 15). Saravali (2005)Saravali, E. G. (2005). Dificuldades de aprendizagem e interação social: implicações para a docência. Taubaté - SP: Cabral cita que “Moreno criou a sociometria objetivando relacionar as formas pelas quais se davam as relações de afinidade, indiferença, rejeições, com fatores psicológicos, sociais, biológicos observáveis” (p. 65). Moreno desenvolveu o teste sociométrico que, resumidamente, é uma ferramenta de intervenção grupal, na qual os membros do grupo escolhem, a partir de uma consigna, indivíduos com quem realizariam uma determinada atividade, indivíduos com quem não realizariam tal atividade e indivíduos cuja escolha seria neutra.

Apesar de ser pensado primeiramente como um método de intervenção grupal, autores pós-morenianos desenvolveram ferramentas para o estudo das relações em intervenções individuais (Fonseca, 2000Fonseca, J. (2000). Psicoterapia da relação: elementos de psicodrama contemporâneo. São Paulo - SP: Ágora). Entre elas está o átomo social. Segundo Gonçalves et al. (1988)Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de psicodrama: introdução ao pensamento de J.L. Moreno. São Paulo - SP: Ágora:

Para Moreno átomo social é a configuração social das relações interpessoais que se desenvolvem a partir do nascimento. Em sua origem, compreende a mãe e o filho. Com o correr do tempo vai aumentando em amplitude com todas as pessoas que entram no círculo da criança e que lhe são agradáveis ou desagradáveis e para as quais, reciprocamente, ele é agradável ou desagradável. As pessoas que não lhe causam impressão alguma, nem positiva nem negativa, ficam fora do átomo social como meros “conhecidos”. É por isso que o “átomo social tem uma tele-estrutura característica e uma constelação em permanente mudança” (p. 63).

Assim como o teste sociométrico grupal, o átomo social tem o objetivo de entender as relações que o indivíduo estabelece com aqueles que o cercam e consigo mesmo. Todo indivíduo tem uma imagem de si mesmo e com esta se relaciona; nela estão presentes suas crenças e convicções, e uma vez que estas possam mudar, é preciso levar em conta que a autoimagem também entra em processo de mudança, alterando também a estrutura do átomo social e vice-versa (Gonçalves et al., 1988Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de psicodrama: introdução ao pensamento de J.L. Moreno. São Paulo - SP: Ágora).

Para facilitar o processo, é interessante ter disponível para o paciente objetos como almofadas e cadeiras que o indivíduo possa utilizar para representar figuras de sua vida. O processo do átomo pode ser realizado seguindo as etapas abaixo descritas (Cukier, 1992Cukier, R. (1992). Psicodrama bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo - SP: Ágora):

  • Delimitar um espaço na sala para realização do átomo social;

  • Solicitar que o indivíduo coloque um objeto no centro desse espaço para representar ele próprio;

  • Solicitar que o paciente coloque as relações mais significativas para ele (família, amigos, companheiro, colegas etc.) localizando-os espacialmente, de acordo com a distância afetiva que sente em relação a eles. A distância é baseada em relação ao centro, o próprio indivíduo;

  • Pede-se ao indivíduo que fique no centro e conte como se sente estando no centro desses relacionamentos;

  • Em seguida, solicita-se ao indivíduo que assuma o lugar de cada uma dessas relações e converse como se ele fosse aquela pessoa. O psicólogo deve realizar uma entrevista com cada um dos personagens, pedindo para que ele se descreva como pessoa, como ele se relaciona com o paciente, o que ele acha do paciente, falar aquilo que ele gostaria de colocar para o paciente, deixar um recado para o paciente etc;

  • Pedir que o paciente volte ao centro e interaja com cada um desses personagens.

Cukier (1992)Cukier, R. (1992). Psicodrama bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo - SP: Ágora coloca que “é importante observar não só o material verbal obtido através desse recurso, mas também toda a atitude corporal do paciente, as distâncias definidas por ele e as sutilezas das personalidades dos diferentes personagens que ele vai revelando” (p. 77).

COMPREENSÃO DOS PAPÉIS PRESENTES NO ÁTOMO SOCIAL

O psicodrama de J. L. Moreno teve o teatro como uma das grandes influências. Muitos de seus conceitos usam nomenclatura similar à usada pelo teatro. Entre esses está o conceito de papel (Gonçalves et al., 1988Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de psicodrama: introdução ao pensamento de J.L. Moreno. São Paulo - SP: Ágora).

O termo “papel” tem origem no teatro grego. Na Grécia e na Roma Antiga, nas representações teatrais as falas de cada personagem eram escritas em rolos. O significado da palavra “rôle” é o de uma folha contendo um escrito, e o de “papel”, o material utilizado na confecção da folha. Em português, a palavra “papel” significa o material utilizado para a escrita. Os significados originais de rotulus foram aglutinados à Língua Portuguesa pela palavra “papel”. Pois, além de indicar o material utilizado na escrita, papel refere-se também à personagem representada por um ator, e à função social, como papel de pai, juiz, médico, por exemplo (Rubini, 1995Rubini, C. (1995). O conceito de papel no psicodrama. Revista Brasileira de Psicodrama, 3(1), 45–62. Recuperado de https://pt.scribd.com/document/355757555/Conceito-papel-No-Psicodrama
https://pt.scribd.com/document/355757555...
).

Para o psicodrama, os papéis são unidades de cultura e é a partir deles que o eu surge. Para Moreno (1993, p. 25)Moreno, J. L. (1993). Psicodrama. São Paulo - SP: Cultrix “o desempenho de papéis é anterior ao surgimento do eu. Os papéis não emergem do eu; é o eu quem, todavia, emerge dos papéis”.

Para que o eu se constitua, é necessário que este esteja envolto em papéis, muitas vezes dados por outros eus. Basta imaginar um bebê que está ainda a um mês de seu nascimento. Antes mesmo de nascer, os pais dele, juntamente com o ambiente onde vivem, formam uma espécie de berço simbólico com o qual o pequeno irá interagir depois de seu nascimento (ou até já interage mesmo dentro da barriga de sua mãe). Apesar de ainda não ter “vindo ao mundo”, ele já é o filho de sicrano e beltrana, brasileiro, cearense, da capital, falante de português, que irá torcer pelo time preferido do pai, que irá ser o príncipe da mãe, ou nascerá com uma condição congênita diagnosticada durante o pré-natal. Nesse breve relato, é possível identificar vários papéis que envolvem esse hipotético indivíduo, com os quais ele se relacionará, incorporando-os, refutando-os ou modificando-os durante sua vida (Dedomenico, 2013Dedomenico, A. M. (2013). A funcionalidade do conceito de papel. Revista Brasileira de Psicodrama, 21(2), 81–92. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S0104-53932013000200007&lng=pt&tlng=p
https://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscr...
).

O papel é uma unidade da estrutura do eu que engloba um conjunto de comportamentos e atitudes perante determinada situação (Moreno, 1993Moreno, J. L. (1993). Psicodrama. São Paulo - SP: Cultrix). Cada papel traz questões e posturas próprias que favorecem a adaptação necessária às condições de uma determinada situação e/ou relação.

Existem três tipos de papéis: psicossomático, social e psicodramático. O primeiro grupo compreende questões ligadas ao corpo/ou instinto, tais como: o papel sexual, o papel de comedor, bebedor e todos aqueles ligados às reações naturais do corpo também fazem parte desse grupo, ansiedade, tremor etc. Os papéis sociais englobam as posições e funções que o indivíduo assume perante os outros com quem se relaciona: pai, filho, professor, aluno, psicólogo, paciente, amigo, namorado, namorada, médico, engenheiro, diretor, funcionários, dentre outros (Dedomenico, 2013Dedomenico, A. M. (2013). A funcionalidade do conceito de papel. Revista Brasileira de Psicodrama, 21(2), 81–92. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S0104-53932013000200007&lng=pt&tlng=p
https://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscr...
).

Também fazem parte dos papéis sociais, as representações culturais comuns em uma determinada sociedade, por exemplo, a postura esperada que uma mãe assuma em um país ser diferente da forma como essa age em outro. O psicodrama compreende o ser humano como um ser relacional, assim, cada papel social existe em relação a outro papel, que no psicodrama é denominado de contrapapel. O contrapapel de pai é filho, o contrapapel de professor é aluno. Já os papéis psicodramáticos têm função estruturante para o eu. Aqui estão presentes os papéis de ciumento, do medroso, da baixa autoestima, do fraco, do intransigente; porém não somente aqueles ligados a sintomas psicológicos, compreendendo também papéis com características positivas para o indivíduo, como o papel de superação, enfrentamento, independência, paciência, acolhimento etc. Esses papéis foram desenvolvidos pelo indivíduo para lidar com situações significativas de sua história de vida, influenciando-o em seu cotidiano nas relações que este estabelece consigo e com outras pessoas (Moreno, 1993Moreno, J. L. (1993). Psicodrama. São Paulo - SP: Cultrix).

Todos esses papéis se inter-relacionam e influenciam uns aos outros. Por exemplo, o caso hipotético de uma adolescente de 16 anos cujo papel psicossomático sexual está aflorando, desencadeando reações hormonais significativas quando ela está desempenhando seu papel social de namorada. Mas, ao mesmo tempo que essa adolescente sente as influências dessas reações, ela também sente a do papel psicodramático do medo de decepcionar seus pais, fazendo pensar e repensar várias vezes sobre iniciar ou não sua vida sexual com seu atual namorado. Ao trazer esses três tipos de papéis, o psicodrama pretende elucidar a complexidade da experiência humana, em que as esferas social, biológica e psicológica atuam simultaneamente (Oliveira, 2016Oliveira, R. B. (2016). Símbolos e psicodrama. Fortaleza - CE: Editora Premius).

A teoria de papéis permite compreender a dinâmica psíquica de um indivíduo ao identificar e analisar os papéis que esse exerce e assim as relações que ele estabelece consigo mesmo e com os demais (Dedomenico, 2013Dedomenico, A. M. (2013). A funcionalidade do conceito de papel. Revista Brasileira de Psicodrama, 21(2), 81–92. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S0104-53932013000200007&lng=pt&tlng=p
https://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscr...
).

Como dito anteriormente, no átomo social são representadas as relações significativas do indivíduo. Olhar o átomo social, a partir da teoria de papéis, é colocar que ali estão representados os papéis sociais e seus contrapapéis. Se alguém coloca em seu átomo três relações, seu filho, sua esposa e seu chefe; estarão ali representados os papéis sociais do indivíduo de pai, marido e empregado/profissional. Os personagens de filho, esposa e chefe representam, respectivamente, os contrapapéis de cada papel exercido por essa pessoa. As características desses três papéis sociais do indivíduo serão possíveis de serem observadas e compreendidas na etapa do átomo em que são realizadas entrevistas com cada personagem (Cukier, 1992Cukier, R. (1992). Psicodrama bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo - SP: Ágora).

É válido colocar que existem outros papéis além dos sociais e que estes podem também ser representados no átomo social. A representação de papéis psicossomáticos e psicodramáticos pode ser feita por meio da técnica psicodramática da concretização (Gonçalves et al., 1988Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de psicodrama: introdução ao pensamento de J.L. Moreno. São Paulo - SP: Ágora).

Ela permite levar à corporificação e à espacialização no cenário psicodramático daquilo que é abstrato. Um sintoma e um pensamento adquirem forma concreta ao serem desempenhados psicodramaticamente e orientam a busca do papel e do vínculo em conflito (Cukier, 1992Cukier, R. (1992). Psicodrama bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo - SP: Ágora).

Na psicoterapia psicodramática, a técnica da concretização é utilizada quando se faz necessário conhecer a dinâmica de alguma relação que o indivíduo estabelece com figuras não humanas ou com questões abstratas, tais como: sentimentos, animais, figuras míticas, personagens de ficção, obras de arte etc. Ao trabalhar com conflitos ligados a relacionamentos, o psicodramatista pode pedir ao indivíduo para assumir o lugar dessa outra pessoa para, a partir daí, ter acesso a elementos fundamentais que estruturam a dinâmica daquela relação. No entanto, existem momentos durante o processo terapêutico em que é necessário explorar o significado de algum sintoma ou sentimentos do indivíduo, mas estes não têm vida própria, nem uma boca pela qual possam expressar o seu discurso. Não há um “tu” cujo discurso pode ser explorado. Na concretização, é trabalhada a relação do indivíduo com seu sintoma, trabalhando a relação que o indivíduo estabelece consigo mesmo (Oliveira, 2016Oliveira, R. B. (2016). Símbolos e psicodrama. Fortaleza - CE: Editora Premius).

O outro não está ausente quando se trabalha com a concretização, pois muitas vezes concretizar o sintoma de uma pessoa poderá levar a um entendimento mais nítido da relação que ele estabelece com outras. Ao concretizar a ansiedade de um indivíduo, é possível entender melhor como esta age nele e o quê da vida do indivíduo influencia o estado de ansiedade, pode ser uma relação mal resolvida com o chefe, uma dificuldade de desagradar o cônjuge, a dificuldade em lidar com a expectativa de seus pais, dentre outras. Ao dar voz a esses elementos não humanos, que aparecem durante o processo terapêutico, estar-se-á dando voz a partes do próprio indivíduo que até então estavam obscuras, e traz a possibilidade de que a mensagem contida nelas possa ser decodificada (Oliveira, 2016Oliveira, R. B. (2016). Símbolos e psicodrama. Fortaleza - CE: Editora Premius).

Ao realizar a concretização, ao representar algo não humano a partir de uma personagem, é possível conversar com esta personagem e realizar o processo de entrevista feito com as demais relações trazidas no átomo social. Alguns exemplos de perguntas são: quem é você? Em quais momentos você aparece para o paciente? O que acontece quando você aparece? Como o paciente reage nos momentos em que você surge? O que você acha do paciente? Desde quando você está na vida do paciente? Fale um episódio em que você apareceu para o paciente (Cukier, 1992Cukier, R. (1992). Psicodrama bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo - SP: Ágora; Oliveira, 2016Oliveira, R. B. (2016). Símbolos e psicodrama. Fortaleza - CE: Editora Premius).

Assim, o átomo social consegue proporcionar uma visão totalizadora do indivíduo, dando a oportunidade de conhecer suas vivências relacionais e as respostas adaptativas construídas para lidar com determinadas situações de sua vida.

TELE, TRANSFERÊNCIA E A AVALIAÇÃO DO VÍNCULO

O ser humano para Moreno é um ser relacional. O autor considerava que se a relação deixava o ser doente, era onde estava o patológico, e era na relação que se curava. Ao propor essa concepção, o criador do psicodrama estabelece a existência de relações as quais o ser humano vive de forma saudável e outras que ele vive com distorções (Bustos, 1992Bustos, D. M. (1992). Novos rumos em psicodrama. São Paulo - SP: Ática).

Para o psicodrama, existem dois tipos de relações: télicas e transferenciais. No psicodrama dá-se o nome de transferência às distorções na percepção de si mesmo ou do outro. Ela é a influência que experiências anteriores exercem em uma nova situação, levando à repetição de uma resposta antiga, criando uma relação transferencial consigo mesmo ou com o outro. Moreno fala que tele é uma capacidade intrínseca ao ser humano de perceber corretamente a realidade que o cerca. Essa capacidade permite, ao entender de forma correta seu meio e sua realidade, traçar estratégias eficazes para lidar com as complexidades, problemas, conflitos e desafios da vida cotidiana. As relações télicas são baseadas na visão sem distorção sobre si mesmo e sobre o outro. As relações consigo mesmo dizem respeito às concepções sobre si e as atitudes para consigo. Alguém pode ter um orgulho de sua história de vida ou aversão pela mesma; pode reconhecer seus defeitos e potencialidades em uma atitude crítico-construtiva ou entrar numa postura introspectiva e depreciativa (Santos & Vasconcelos, 2016Santos, F. & Vasconcelos, T. T. (2016). Leitura conceitual sobre o fenômeno da transferência na cena psicodramática. Revista Brasileira de Psicodrama, 24(1), 7–15. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932016000100002
https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?sc...
).

O psicodrama considera que a percepção télica é adquirida a partir da análise e do trabalho de uma situação transferencial, pois ao se detectar e trabalhar o que se encontra impregnado por distorções, por fantasias, por conclusões erradas, precipitadas, é possível proporcionar a criação de percepções “limpas”. Um exemplo hipotético seria um homem de 40 anos que passa por uma traição de sua namorada com seu melhor amigo. Meses após essa separação, inicia uma nova relação amorosa, mas evita apresentar a nova parceira para seus amigos numa tentativa de evitar uma nova traição. Mesmo sendo uma situação diferente, com uma pessoa diferente, a percepção da atual relação sofre influências de uma vivência passada, criando relações distorcidas com outras pessoas (sua nova namorada e amigos) e consigo mesmo (sintomas como medo, ansiedade, ciúmes etc.) (Oliveira, 2016Oliveira, R. B. (2016). Símbolos e psicodrama. Fortaleza - CE: Editora Premius).

Para o psicodrama, o trabalho do psicoterapeuta é auxiliar o indivíduo no processo de estabelecer relações télicas consigo e com seu meio social (Moreno, 1993Moreno, J. L. (1993). Psicodrama. São Paulo - SP: Cultrix).

METODOLOGIA

O presente estudo tem como base a utilização da pesquisa qualitativa, por ser um tema que trata do indivíduo e das relações dele com seu o meio social. De acordo com Brito (2006)Brito, V. (2006). Um convite à pesquisa: epistemologia qualitativa e psicodrama. In A. M. Monteiro, D. Merengué & V. Brito (Eds.), Pesquisa Qualitativa e Psicodrama (pp. 15-56). São Paulo - SP: Ágora:

[...] a escolha de uma metodologia de pesquisa traduz uma posição em termos epistemológicos e não apenas uma adesão a um método em oposição a outro. Uma pesquisa que emprega metodologia qualitativa mais frequentemente estará alicerçada por pressupostos compreensivos e interpretativos em relação ao fenômeno estudado (p. 27).

Teve como método o relato de experiência de um caso individual surgido de uma observação clínica, situação não planejada originalmente para pesquisa; os insights foram surgindo no decorrer do processo e, por isso, não houve como obter, de um Comitê de Ética em Pesquisa, uma aprovação prévia à sua realização. No entanto, foram observados aspectos éticos conforme a Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Saúde, tais como: o nome da paciente foi alterado para garantir a confidencialidade de sua identidade e um termo de consentimento livre e esclarecido autorizando a utilização de seu processo para fins científicos e garantindo sigilo foi assinado por ela quando da decisão de escrever o presente artigo (Goldim & Protas, 2007Goldim, J. R. & Protas, J. S. (2007). Aspectos éticos da publicação de relatos de casos em psicoterapia. Revista Brasileira de Psicoterapia, 9(2), 147–157. Recuperado de https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/en;/psi-41233
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/reso...
).

A paciente em questão tinha 19 anos quando foi encaminhada por sua psicoterapeuta para avaliação da personalidade. A chamaremos pelo nome fictício, Alice.

DISCUSSÃO DO ÁTOMO SOCIAL DE ALICE

Alice tem 19 anos, é a filha mais velha de uma prole de duas meninas. Seus pais são professores de ensino fundamental e médio. Ela e sua família são de classe média e se consideram pardos. Alice é uma mulher trans, realizou processo de transição há um ano. Faz tratamento hormonal, e realiza sessões de psicoterapia. Alice é estudante universitária de Administração em uma universidade particular de Fortaleza/CE. Alice apresentou desenvolvimento normal de suas funções fisiológicas durante seu processo de crescimento. No período escolar teve frequentes dificuldades em relação à assimilação de regras, mas sem prejuízos cognitivos. Tem poucos amigos, porém estabelece relações bastante significativas. Já namorou algumas vezes, e suas ex-namoradas são hoje amigas íntimas. Alice se coloca como uma pessoa mais tímida, fala pouco com os pais e leva tempo para estabelecer novas relações, seja de amizade ou amorosas.

Durante o processo de psicodiagnóstico de Alice foram utilizados tanto instrumentos psicométricos, como entrevistas e o átomo social. Os testes utilizados foram BFP – Bateria fatorial de personalidade, Palográfico, Pirâmides de Pfister, Inventário de Habilidades Sociais 2 (IHS-2), Bateria Psicológica de Avaliação da Atenção (BPA), Escala de Inteligência Wechsler para Adultos (WAIS-III) e o teste House-Tree-Person (HTP).

Os resultados dos testes apontaram para um quadro clínico de Transtorno de Déficit de Atenção (com dificuldade na Atenção Concentrada e na Dividida) e Transtorno de Personalidade Borderline, baseados na presença dos seguintes sintomas: de intensa labilidade emocional, irritabilidade, impulsividade, esforço desesperado para evitar a sensação de abandono/ rejeição, baixa capacidade de lidar com frustração e ideações suicidas.

A escolha de construção do átomo social deu-se como forma de ampliar os dados da anamnese, verificar a forma como ela estabelecia relações com as outras pessoas e consigo mesma; e ter uma visão mais integradora da personalidade de Alice, compreendendo sua dinâmica psíquica, intrafamiliar e sociocultural. Outro objetivo da aplicação do átomo social foi colocá-la como ativa em seu processo de avaliação, não apenas respondendo testes que iriam dizer como era seu comportamento, mas dando a ela própria a oportunidade de falar sobre si mesma e tornar-se consciente de seus sintomas e limitações.

Um dos objetivos do psicodrama é colocar o indivíduo como protagonista de sua história, analisando, compreendendo e buscando novas respostas para as situações que ele vive. Esse trabalho é feito de forma ativa, juntamente com o profissional de psicodrama (Moreno, 1993Moreno, J. L. (1993). Psicodrama. São Paulo - SP: Cultrix).

O átomo social de Alice trouxe quatro relações: duas amigas, sua mãe e seu pai. As duas amigas mencionadas por Alice são ex-namoradas que, segundo a paciente, são suas únicas amigas. O átomo social reduzido, apresentando apenas quatro relações significativas, apontaram para um universo relacional com pouca abertura para contatos. O Teste IHS-2 mostrou que o repertório de habilidades sociais da paciente é pouco desenvolvido, obtendo resultado inferior em quase todos os requisitos avaliados, o que corrobora com o átomo social reduzido.

Passou-se, então, para o momento de Alice assumir o papel de cada uma dessas pessoas. Por meio dessa etapa do átomo social é possível olhar o indivíduo através dos olhos daqueles que fazem parte de seu convívio, o que pode proporcionar a exposição de informações importantes para o entendimento da dinâmica psíquica do indivíduo, dos comportamentos que emite em sua vida relacional, e do modo como a paciente é percebida pelas pessoas de seu meio. Isso facilita a identificação de distorções na forma que o indivíduo percebe a si mesmo e como é percebido pelos demais.

Foi visto que Alice apresenta uma ótima relação com a mãe, no entanto, essa relação se dá através de uma preocupação acentuada, na qual sua mãe sempre está disposta a colocar o bem-estar de Alice como prioridade, o que começou a ocorrer com maior frequência após tentativas de suicídio de Alice. Durante a entrevista no papel da mãe, foi possível observar que houve uma aproximação após esses eventos, a mãe assumindo maior disponibilidade para a construção de uma relação mais télica com sua filha. No entanto, criou-se uma maior dependência de sua filha, perceptível nas reações irritadiças de Alice quando entende não ser colocada como prioridade ou que a frustre.

O relacionamento com o pai é distante, porém respeitoso. Quando no papel do pai, Alice traz poucos conteúdos, mesmo colocando que está mais disposto a ajudar a filha em seu processo. Fala que sabe que a filha tem algumas mágoas que dificultam a aproximação, mesmo ele tendo mudado. Consegue colocar uma estratégia de aproximação que poderia obter sucesso. Aqui há um ponto importante: como essa estratégia é falada pela própria paciente, ela pode ser uma construção télica ou transferencial. É possível pedir para que o indivíduo reassuma seu papel real e discutir sobre a proposta colocada, facilitando a identificação da dinâmica tele/transferência. No caso do presente estudo, a estratégia proposta era algo que a paciente almejava, porém com dificuldade de verbalizar isso para seu pai, esperando que “ele tome” a iniciativa correta. Isso corrobora com o que foi visto nos testes de personalidade, que evidenciaram a tendência de Alice em assumir uma postura passiva diante de objetivos que apresentem grau de dificuldade moderado ou cuja resolutividade implique em lidar com frustração.

O relacionamento com as amigas se assemelha à dinâmica que Alice estabelece com a mãe, sendo afetuosos e pautados pelo cuidado. O elevado temor do abandono evidenciado nos testes (principalmente no BFP, Pfister e Palográfico) também é presente na vivência dessas relações.

É comum no átomo social aparecerem de forma explícita personagens que são contrapapéis para os principais papéis sociais do indivíduo. Os contrapapéis “pai” e “mãe” trazem aspectos essenciais do papel de filha vivido por Alice, possibilitando o entendimento de como ela vivencia relações assimétricas (níveis diferentes de responsabilidade, direitos e deveres). Os contrapapéis “amigas” mostram questões relacionadas ao papel de Alice amiga. Como uma dessas amigas é também uma ex-namorada de Alice, foi possível entender também questões relevantes sobre como ela vivencia o papel de “namorada”. Assim, sendo possível perceber a maneira que Alice vivencia suas relações simétricas (níveis iguais de responsabilidade, direitos e deveres). Ver aspectos do indivíduo através dos olhos das personagens, é um método que promove uma visão mais ampliada das relações e questões do indivíduo que possivelmente não apareceriam no relato direto. Assim, é possível perceber melhor a existência de conflitos, distorções de percepção, graus de afetos e expectativas.

Mesmo sendo ausentes no átomo de Alice, os papéis psicossomáticos costumam aparecer quando o referido método é realizado. Papéis como ansiedade, nervosismo etc. são primeiramente relatados em psicoterapia como os sintomas que justificam a busca por acompanhamento especializado. O indivíduo assume o papel desses sintomas através da concretização e, assim, conseguimos saber mais sobre a dinâmica psíquica dele.

Os papéis psicodramáticos são peças fundamentais na dinâmica psíquica do indivíduo, eles dão forma à vivência das relações, porém são mais silenciosos e tendem a estarem implícito no átomo social. Os papéis psicodramáticos são padrões de funcionamento, respostas repetitivas. Podem ser aspectos positivos da psique, que a estruturam em prol de uma vivência adequada de suas relações e costumes; ou aparecerem como distorcidas, com baixos graus télico e de espontaneidade. Ao montar um átomo social, o indivíduo quase sempre coloca pessoas (contrapapéis para seus papéis sociais) e sintomas (que representam seus papéis psicossomáticos). A busca pelo papel (ou papéis) psicodramático(s) é empreendida pelo psicodramatista, ao analisar o discurso que cada um desses elementos traz durante a aplicação do átomo. O profissional vai em busca daquilo que é similar nos discursos e de falas, que tragam conteúdo afetivo distorcido, importantes evidências dos papéis psicodramáticos.

Quase todas as personagens do átomo social de Alice trouxeram o fato de ela se irritar com facilidade, e tomar atitudes impulsivas, como: “se fechar”, ir embora repentinamente e discutir alto quando diante de algo que não gostou ou que considerou como falta de apoio. Foi solicitado que Alice colocasse essa nova personagem no átomo, ela escolheu o nome de Raiva de Ser Abandonada (doravante, RSA), e foi colocada em cima da almofada da própria Alice. Durante a concretização, conseguimos entender que aquele papel era antigo, que Alice o construiu na relação com os pais: achava que sempre precisaria ser ótima nos estudos, já que seus pais eram professores e Alice os observava comentando sobre os bons alunos e os alunos para quem eles não queriam ter que dar aula. A RSA lembra de um momento que Alice era pequena e era a criança mais agitada da turma. A RSA conta que nesses momentos ela mostra para Alice que ela faz parte dos maus alunos, faz parte das pessoas que ninguém quer por perto e que ela deve abandonar antes de ser abandonada.

Essa é a resposta cristalizada na paciente, resposta essa que trouxe uma adaptação à época, resposta que passou a se estabelecer como uma lente pela qual Alice passou a enxergar todas as suas relações. Resposta esta que, caso não seja trabalhada, resultará na continuidade da presença de percepções distorcidas, transferenciais, sendo alicerce para os comportamentos impulsivos, para o humor irascível, para conflitos relacionais, constituindo-se num campo fértil para ideações suicidas, por mais que o tratamento medicamentoso esteja sendo seguido e por mais que as pessoas com quem o indivíduo se relaciona estejam dispostas à tele.

Quando Moreno (1993)Moreno, J. L. (1993). Psicodrama. São Paulo - SP: Cultrix coloca que a tele é uma via de mão dupla, ele atenta para o fato de que o desenvolvimento saudável de uma relação é diretamente influenciado pela maneira que cada membro desta atua e interpreta sua atuação e a do outro. Mesmo que o outro se disponibilize conscientemente a ser télico e atue de forma mais télica, é essencial disponibilidade do indivíduo para questionar a sua própria maneira de perceber a relação e atuar; tirando, assim, sua ação da emissão automática e dando a si mesmo o tempo necessário e a oportunidade para a construção de uma nova resposta.

Para Bustos (1992)Bustos, D. M. (1992). Novos rumos em psicodrama. São Paulo - SP: Ática, é preciso colocar que o trabalho de um psicoterapeuta, de um psicodramatista, não é questionar o que foi vivido pelo indivíduo, mas sim a resposta construída por ele para lidar com o que viveu. Tornar o indivíduo consciente das respostas que emite, da responsabilidade deste na perpetuação da repetição, e da possibilidade de desenvolvimento de novas respostas é o objetivo principal de um trabalho terapêutico eficaz.

Aqui foi possível não apenas o profissional entender o papel psicodramático de Alice, mas torná-lo perceptível para a examinanda, mostrando que a resposta impulsiva vem como uma repetição da sensação de abandono, de não ser desejada por perto, uma avaliação negativa significando rejeição. Essa percepção era algo tão vivo nela que todas as suas relações eram vistas através desse prisma do abandono (no átomo social, a RSA foi representada em cima de Alice, prejudicando de forma global a percepção assertiva das relações). Apenas relações com alto grau de dependência traziam uma sensação distorcida de segurança para Alice. Torná-la consciente desse processo facilita a possibilidade de questionar sua percepção padrão quando esta ocorrer novamente; e desenvolver novas respostas diante de uma colocação que considera negativa.

E, assim, a aplicação do átomo social pode representar um ponto de partida interessante para a construção de respostas adequadas, de papéis psicodramáticos mais saudáveis que auxiliem Alice em seu convívio, estruturando uma psique mais espontânea e télica. Além de ser um momento do processo de psicodiagnóstico que pode ajudar o indivíduo a entender suas questões, tomando consciência de seus padrões, facilitando a adesão aos encaminhamentos propostos ao final do psicodiagnóstico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente estudo, foi possível perceber que o processo de psicodiagnóstico é amplo, havendo linhas metodológicas que permitem a utilização de técnicas menos estruturadas para o processo de avaliação das condições emocionais e da dinâmica psicológica de um indivíduo. Entre essas linhas estão o modelo compreensivo e o modelo fenomenológico-existencial, que consideram que o processo de avaliação psicológica está além da aplicação de testes padronizados, sendo indispensável o pensamento clínico aparado por um referencial teórico para o entendimento do indivíduo e da dinâmica sociocultural da qual ele faz parte, percebendo como ele a influencia e por ela é influenciado. Esses modelos consideram o psicodiagnóstico como um procedimento interventivo, no qual o indivíduo é uma figura ativa para a compreensão e alteração de seu estado psicológico.

O estudo sobre o átomo social, técnica já utilizada por psicodramatistas em sua prática clínica, principalmente como parte da entrevista de anamnese para entender as relações que o indivíduo estabelece, mostrou-se extremamente útil como ferramenta auxiliar no processo de psicodiagnóstico, confirmando ou aprofundando questões levantadas pelos testes e servindo, também, de instrumento de tomada de consciência para a paciente: Alice pôde entender sua dinâmica relacional, a maneira como lida com frustrações e a possibilidade de desenvolver outras respostas além do comportamento impulsivo.

Talvez esse processo de propor um átomo social como ferramenta de avaliação e durante sua execução solicitar que o indivíduo represente também sua(s) demanda(s) possa trazer um importante entendimento da dinâmica desse indivíduo. O átomo social pode ser uma ferramenta útil no processo de psicodiagnóstico, uma vez que um dos objetivos do psicodiagnóstico é a observação e a análise da dinâmica psíquica do indivíduo.

Aqui cabe uma ressalva: os testes psicométricos necessitam ser submetidos a critérios normativos e de padronização que garantirão uma avaliação fidedigna. Já no átomo social, a garantia de uma aplicação satisfatória e de uma análise fidedigna estará diretamente relacionada ao conhecimento que o psicólogo tem da teoria e da práxis psicodramática.

A inclusão da técnica do átomo social no psicodiagnóstico da paciente Alice foi importante, também, para ampliar o entendimento da dinâmica psicológica pela própria paciente, que percebeu a forma como vivenciava suas relações. Isso possibilitou a realização de uma avaliação interventiva que fosse além de um processo para evidenciar um transtorno psicológico por meio de testes psicométricos, mas enquanto um método de compreensão integral da estrutura psicológica, tomando seus sintomas como um constructo emocional, familiar e social. Foi possível observar o papel psicodramático que estava engessando a percepção de Alice sobre suas relações, levando a comportamentos impulsivos e, com isso, apresentar dados relevantes para o processo psicoterápico dela ainda no momento da avaliação.

Finalmente, foi observada a escassez de artigos sobre o uso do átomo social como parte do processo psicodiagnóstico. Não foi encontrado nenhum artigo que estabelecesse uma relação direta entre esses dois temas. Contudo, foram encontrados materiais abordando esses assuntos de forma separada, permitindo reflexões por parte do pesquisador. De tal forma, sugere-se que novos trabalhos científicos possam ser realizados sobre o uso do átomo social e de outras técnicas e conceitos do psicodrama para o processo de psicodiagnóstico, a fim de enriquecer a interlocução entre essas duas áreas de conhecimento da psicologia, bem como sua prática.

AGRADECIMENTOS

Não aplicável.

  • FINANCIAMENTO

    Não aplicável.

DISPONIBILIDADE DE DADOS DE PESQUISA

Os dados estarão disponíveis mediante solicitação.

REFERÊNCIAS

  • Ancona-Lopez, M. (1995). Psicodiagnóstico: processo interventivo. São Paulo - SP: Cortez
  • Araújo, M. F. (2007). Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicologia: Teoria e Prática, 9(2), 126–141. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/v9n2a08.pdf
    » https://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v9n2/v9n2a08.pdf
  • Brito, V. (2006). Um convite à pesquisa: epistemologia qualitativa e psicodrama. In A. M. Monteiro, D. Merengué & V. Brito (Eds.), Pesquisa Qualitativa e Psicodrama (pp. 15-56). São Paulo - SP: Ágora
  • Bustos, D. M. (1992). Novos rumos em psicodrama São Paulo - SP: Ática
  • Bustos, D. M. (1979). O teste sociométrico: fundamentos, técnica e aplicação. São Paulo - SP: Brasiliense
  • Cukier, R. (1992). Psicodrama bipessoal: sua técnica, seu terapeuta e seu paciente. São Paulo - SP: Ágora
  • Cunha, J. A. (2000). Psicodiagnóstico Porto Alegre - RS: Artmed
  • Cupertino, C. M. B. (1995). O psicodiagnóstico fenomenológico e os desencontros possíveis. In M. Ancona-Lopez (Org.), Psicodiagnóstico: processo interventivo. (pp. 135–178). São Paulo - SP: Cortez
  • Dedomenico, A. M. (2013). A funcionalidade do conceito de papel. Revista Brasileira de Psicodrama, 21(2), 81–92. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S0104-53932013000200007&lng=pt&tlng=p
    » https://pepsic.bvsalud.org/scielo.phpscript=sci_arttext&pid=S0104-53932013000200007&lng=pt&tlng=p
  • Dias, V. R. C. S. (1994). Análise psicodramática e teoria da programação cenestésica São Paulo - SP: Ágora
  • Fonseca, J. (2000). Psicoterapia da relação: elementos de psicodrama contemporâneo. São Paulo - SP: Ágora
  • Gonçalves, C. S., Wolff, J. R. & Almeida, W. C. (1988). Lições de psicodrama: introdução ao pensamento de J.L. Moreno. São Paulo - SP: Ágora
  • Goldim, J. R. & Protas, J. S. (2007). Aspectos éticos da publicação de relatos de casos em psicoterapia. Revista Brasileira de Psicoterapia, 9(2), 147–157. Recuperado de https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/en;/psi-41233
    » https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/en;/psi-41233
  • Granjeiro, I. C. B. & Reis, D. K. (2014) A técnica sociométrica e seu emprego pelo psicólogo. Faef – Garça, Revista Eletrônica Científica, 22, 1–7. Recuperado de https://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/CPqsPpkw79aASLZ_2014-4-16-1-14-47.pdf
    » https://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/CPqsPpkw79aASLZ_2014-4-16-1-14-47.pdf
  • Moreno, J. L. (1993). Psicodrama São Paulo - SP: Cultrix
  • Oliveira, R. B. (2016). Símbolos e psicodrama Fortaleza - CE: Editora Premius
  • Conselho Federal de Psicologia. (2003) Resolução CFP nº 002/2003 Define e regulamenta o uso, a elaboração e a comercialização de testes psicológicos e revoga a Resolução CFP nº 025/0001. Brasília, DF. Disponível em: http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2003/03/resolucao2003_02_Anexo.pdf Acesso em: 01 out. 2022.
    » http://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2003/03/resolucao2003_02_Anexo.pdf
  • Romano, C. T. (2011). Tempo para se relacionar: átomo social e a saúde física e mental. Revista Brasileira de Psicodrama, 19(1), 123–134. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932011000100010&lng=pt&tlng=pt.
    » https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932011000100010&lng=pt&tlng=pt
  • Rubini, C. (1995). O conceito de papel no psicodrama. Revista Brasileira de Psicodrama, 3(1), 45–62. Recuperado de https://pt.scribd.com/document/355757555/Conceito-papel-No-Psicodrama
    » https://pt.scribd.com/document/355757555/Conceito-papel-No-Psicodrama
  • Santos, F. & Vasconcelos, T. T. (2016). Leitura conceitual sobre o fenômeno da transferência na cena psicodramática. Revista Brasileira de Psicodrama, 24(1), 7–15. Recuperado de https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932016000100002
    » https://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-53932016000100002
  • Saravali, E. G. (2005). Dificuldades de aprendizagem e interação social: implicações para a docência. Taubaté - SP: Cabral
  • Yehia, G. Y. (1995). Reformulação do papel do psicólogo no psicodiagnóstico fenomenológico-existencial e sua repercussão sobre os pais. In M. Ancona-Lopez (Org.), Psicodiagnóstico: processo interventivo. (pp. 115-134). São Paulo - SP: Cortez

Editado por

Editora de seção: Kim Boscolo https://orcid.org/0000-0003-4177-2093

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    18 Set 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    08 Mar 2023
  • Aceito
    27 Jul 2023
Federação Brasileira de Psicodrama Rua Barão de Itapetininga, 37 conj. 402 , cep: 01042-001 - São Paulo - SP / Brasil, tel: +55 (11) 3673 3674 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: rbp@febrap.org.br