Open-access Discutindo níveis de generalização na gramática de construções baseada no uso: a rede construcional [(x) chegar sn]foc no PB

Discussing levels of generalization in the usage-based construction grammar: the [(x) chegar sn]foc construction network on BP

RESUMO

O artigo apresenta um estudo sobre a rede taxonômica [(X) CHEGAR SN]FOC no Português do Brasil (PB) e as relações de herança mantidas entre o esquema [(X)VSN]FOC, o subesquema [(X) CHEGAR SN]FOC e microconstruções [(X) CHEGAR SN]FOC com propriedwades próprias de forma e sentido. O trabalho se desenvolve a partir do modelo da Gramática de Construções Baseada no Uso (GCBU), associado à Linguística Cognitivo-Funcional, que defende a emergência da gramática como processo resultante da experiência com o uso da língua e da atuação dos Processos Cognitivos de Domínio Geral. Argumentamos a favor de uma representação em rede de microconstruções [(X) CHEGAR SN]FOC - de sentido apresentacional de tempo, evento e referentes inespecíficos -, ligadas ao esquema [(X) CHEGAR SN]FOC - de sentido introdutório/apresentacional -, por sua vez, ligado ao padrão mais abstrato [(X)VSN]FOC - de natureza pragmática fortemente associada à informatividade, em particular à focalização. Assim, o artigo discute limites e possibilidades para a representação cognitiva da gramática, em uma perspectiva bottom-up de aquisição da linguagem, pautando-se no compromisso com o realismo psicológico e os limites da categorização. Ainda, a discussão tangencia os pressupostos apresentados em Perek (2015) acerca da hipótese da valência verbal baseada no uso e da emergência de novas representações de maior grau de emancipação e acessibilidade cognitiva.

PALAVRAS-CHAVE: Construções de Estrutura Argumental; GCBU; Informatividade

ABSTRACT

The article presents a study on the [(X) CHEGAR SN]FOC taxonomic construction network in Brazilian Portuguese and on the relations maintained between the [(X)VSN]FOC schema, the [(X) CHEGAR SN]FOC subschema and [(X) CHEGAR SN]FOC microconstructions of proper form/meaning characteristics. The research is developed under the Usage-Based Construction Grammar model, associated with Cognitive-Functional Linguistics, an area that defends the emergence of grammar as resulting from language experience and the role of Domain-General Cognitive Processes. We argue in favor of a network representation of [(X) CHEGAR SN]FOC microconstructions with meaning characteristics of presentation of time, event and nonspecific referents. These microconstructions are headed by the subschema [(X) CHEGAR SN]FOC of introductory/presentational meaning which is also headed by the more abstract schema [(X)VSN]FOC that has pragmatic nature strongly associated with informativiness, in particular regarding focus strategies. Thus the article discusses limits and possibilities for the cognitive representation of grammar, in a bottom-up perspective of language acquisition, and is based on the commitment to psychological realism and the limits of categorization. The discussion also touches on the assumptions originated in Perek (2015) about the usage-based valency hypothesis and the emergence of new representations with a higher degree of cognitive accessibility and emancipation.

Keywords: Argument Structure Constructions; UBCG; Informativeness

Introdução

O presente artigo visa a apresentar uma discussão sobre limites categoriais à luz da Gramática de Construções Baseada no Uso (GOLDBERG, 2006; HILPERT, 2014; PEREK, 2015; BYBEE, 2008, 2010), doravante GCBU, um aporte teórico sobre a arquitetura e a emergência da gramática, associado à Linguística Cognitivo-Funcional. Para a GCBU, por sua própria natureza de base conexionista, a gramática consiste em uma arquitetura em rede de pareamentos de forma/sentido, organizados entre si por links estabelecidos a partir de características que os aproximam, refletindo múltiplas motivações sobre como eles se inter-relacionam. Ademais, a GCBU defende a emergência da gramática como um processo resultante da experiência direta com o uso da língua e pela atuação de Processos Cognitivos de Domínio Geral (BYBEE, 2010). Nesse sentido, a gramática é intrinsecamente emergente, tal como já proposto em Hopper (1987), estando constantemente sujeita a modificações internas, o que aconteceria ao longo de processo continuado de aquisição da linguagem.

A partir da atuação de processos cognitivos de domínio geral, como a analogia, a categorização, a memória rica, entre outros, o usuário da língua forma, gradualmente, representações mais gerais, abstrações, desde fonemas a padrões esquemáticos de natureza procedural, a partir da exposição a instâncias entre si associadas, particularmente emergentes em contextos comunicativos semelhantes, tal como já defendia Langacker (1987). Nesse sentido, as representações linguísticas estão intimamente ligadas aos eventos de uso de três maneiras: (a) os eventos de uso são as experiências a partir das quais o próprio sistema é abstraído; (b) a relação entre as representações gramaticais e os eventos de uso é direta, se pensarmos do ponto de vista do realismo psicológico; e (c) os eventos de uso são cruciais para a estruturação e operação contínuas do sistema linguístico.

Pautado nas referidas premissas, o presente artigo apresenta, assim, uma discussão sobre as possibilidades de formação de construções de estrutura argumental, de diferentes níveis de esquematicidade e abstração, tendo por pano de fundo a análise da emergência dos padrões que compõem a rede taxonômica [(X) CHEGAR SN]FOC no Português do Brasil (PB)1. Aborda ainda os postulados apresentados no trabalho de Perek (2015) sobre a hipótese da valência verbal baseada no uso e da emergência de novas representações, construções de estrutura argumental, de maior grau de emancipação e acessibilidade cognitiva. Os dados abaixo foram criados para exemplifcar o objeto de estudo em questão, pois instanciariam alguns dos padrões aqui referenciados:

  • Chegou o homem que vai organizar minha festa de aniversário;

  • Chegou o dia da minha festa de aniversário;

  • Chegou o meu aniversário;

A pesquisa utilizada como pano de fundo de nossa discussão possui natureza bottom-up, na medida em que busca generalizações a partir da identificação do conhecimento linguístico refletido no uso empiricamente verificado e que supostamente reflete o armazenamento de construções na gramática dos falantes do PB. Essa investigação parte, então, da coleta e análise de dados do século XXI, extraídos da aba News On the Web (NOW) do Corpus do Português (https://www.corpusdoportugues.org/), que instanciariam construções de estrutura argumental, pareamentos forma-sentido de características próprias, com o verbo CHEGAR, apresentando SNs pós-verbais e possivelmente encabeçadas por um constituinte (X) de natureza anafórica.

Por outro lado, a pesquisa proporciona uma discussão top-down sobre os padrões, na medida em que discute a associação de possíveis construções intermediárias de uma rede encabeçada por um suposto padrão mais abstrato, a construção monoargumental de focalização, representada pelo esquema [(X)VSN]FOC, e seu papel informacional relacionado à focalização no PB (FREITAS Jr. et al., 2016; 2019, 2020). Da mesma forma, este trabalho defende a associação de um suposto subesquema intermediário de sentido introdutório/apresentacional, [(X) CHEGAR SN]FOC, a três microconstruções [(X) CHEGAR SN]FOC de sentido introdutório/apresentacional de tempo, evento e referentes inespecíficos. A arquitetura da rede refletiria, assim, as relações de forma e sentido taxonomicamente organizadas das construções de estrutura argumental com o verbo CHEGAR seguido por um SN.

Em outras palavras, postulamos neste artigo a existência do subesquema [(X) CHEGAR SN]FOC , de sentido introdutório/apresentacional, supostamente emergente no PB a partir dos demais padrões identificados nos níveis mais baixos de uma mesma rede construcional: as microconstruções [(X) CHEGAR SN]FOC de sentido apresentacional de tempo, evento e referentes inespecíficos. Tais construções, ou microconstruções, seguindo a nomenclatura de Traugott e Trousdale (2013), apresentariam propriedades de forma e sentido individuais e outras em algum grau compartilhadas. Nesse sentido, propriedades de forma e sentido relacionadas à informatividade e focalização estariam taxonomicamente compartilhadas entre elas, por relação de herança com o esquema mais abstrato [(X)VSN]FOC. Já propriedades de forma e sentido relacionadas ao papel apresentacional e introdutório de tempo, evento e referentes inespecíficos estariam taxonomicamente e horizontalmente compartilhadas entre essas microconstruções e um subesquema intermediário entre essas e o esquema mais abstrato, a saber, o subesquema [(X) CHEGAR SN]FOC.

Especificando, pela atuação de processos cognitivos de domínio geral, como a analogia e a categorização, no curso de aquisição da linguagem, é possível apostar na emergência da construção monoargumental de focalização, o esquema [(X)VSN]FOC, advinda de relações analógicas mantidas nas experiências, via uso da língua, com outras construções monoargumentais de sujeito posposto, como [(X) MORRER SN], [(X) CORRER SN] etc. Da mesma forma, seguindo os pressupostos de Perek (2015) sobre a hipótese da valência baseada no uso, a depender da frequência com que determinados verbos ocorram em determinada grade combinatória de itens é possível pensar em uma gama maior de construções de estrutura argumental, armazenadas como padrões de valência diferentes.

Destacamos que a identificação dos padrões da construção [(X) CHEGAR SN]FOC, a partir da metodologia de orientação bottom-up, ou seja, de dados para generalizações, encontra forte sustentação no argumento da plausibilidade psicológica, referente ao status mais ou menos realístico da representação gramatical. O argumento da plausibilidade psicológica decorre do compromisso com uma abordagem baseada no uso, sobre o que de fato armazenamos em termos construcionais, seja no que há de relação com construções de maior grau de abstração, seja em termos da formação de pareamentos forma-função independentes e diretamente instanciados por usos mais frequentes. Em outros termos, construções de maior grau de abstração podem ser encaradas, em abordagem baseada no uso, como menos psicologicamente plausíveis, enquanto usos mais frequentes e específicos, mesmo sendo índices de redundância construcional, poderiam justificar a existência de construções emancipadas, localizadas em nível mais baixo da rede e por eles diretamente instanciadas.

Se por um lado, o argumento da plausibilidade psicológica aponta para a tendência de representações menos generalizantes, por outro, a aposta teórica da GCBU sobre a atuação dos processos cognitivos de domínio geral, em particular a do raciocínio analógico e o da capacidade cognitiva de categorização, suporta a ideia da formação de categorias mais abstratas.

Parte da aposta descritiva deste trabalho prevê a emergência de categorias de maior/menor grau de abstração. A questão teórica, dos Modelos Baseados no Uso, sobre a plausibilidade psicológica da representação de categorias altamente abstratas é, portanto, vista aqui apenas como uma suposta contradição, já que não necessariamente contradiz os próprios princípios dos MBU, em particular, sobre o que diz respeito à atuação dos processos cognitivos de domínio geral. A descrição aqui apresentada sobre a rede [(X) CHEGAR SN]FOC permite-nos, portanto, discutir, ao mesmo tempo, os limites categoriais e a relação entre frequência de uso e representação cognitiva de construções de estrutura argumental à luz da Gramática de Construções Baseada no Uso.

Fundamentação teórica - um breve panorama

A Linguística Cognitivo-Funcional assume que a representação cognitiva da gramática é formada a partir da experiência com a língua e pela atuação dos processos cognitivos de domínio geral, como a categorização e a analogia (BYBEE, 2010). O modelo da GCBU, aqui adotado, caracteriza-se como proposta teórica dentro dos Modelos Baseados no Uso e está alinhado aos princípios da Linguística Cognitivo-Funcional.

Nessa perspectiva, a natureza do conhecimento linguístico consiste em um conjunto de construções gramaticais (GOLDBERG, 1995, 2006, 2019), pareamentos forma-sentido, organizadas entre si por relações de diferentes naturezas (DIESSEL, 2015) em uma grande rede de construções: o constructicon. Salientamos que a construção é uma generalização emergente a partir da experiência concreta com a língua e da identificação da convencionalização de usos de diferentes formas linguísticas associadas a sentidos e funções semânticas e discursivo-pragmáticas identificadas nas múltiplas situações comunicativas.

Para a GCBU, a recorrência da (re)negociação intersubjetiva de significados e a emergência de novos itens, entre diversos fenômenos linguísticos, refletem a fluidez da gramática internalizada, vista aqui como objeto emergente e sujeito a mudanças internas resultantes das pressões externas do uso.

Nesse contexto, o modelo da GCBU entende, que a frequência com que dados linguísticos particulares emergem e são manipulados no uso faz com que, para além da natural emergência categorial, formas linguísticas recorrentemente utilizadas acabem sendo internalizadas de modo independente das possíveis categorias a elas mais fortemente associadas, tornando-se cognitivamente acessíveis como um todo, como uma nova generalização. Em relação às categorias mais esquemáticas e abstratas a elas associadas, passam a ser ativadas e processadas de modo independente, uma vantagem decorrente da atuação, particularmente, de dois processos cognitivos de domínio geral - chunking e memória rica - na formação da gramática. Uma discussão importante que é tangenciada pelo artigo refere-se, portanto, à questão sobre como o papel da frequência define a emergência de representações mais autônomas e não necessariamente apenas facilita a aceleração da computação online das construções.

Assumimos, portanto, que propriedades de forma e função empiricamente identificadas, associadas ao papel da frequência desses usos, são as evidências mais importantes para a aposta acerca do que sejam as representações gramaticais. Trabalhos na área de aquisição da linguagem, como os de Tomasello (1992 e 2003), mostram o impacto da frequência na aquisição de expressões complexas, na emergência e na organização do conhecimento linguístico. O papel da frequência, segundo os Modelos Baseados no Uso, permanece ao longo da vida do indivíduo em função de suas experiências linguísticas, novas ou antigas.

A relação entre experiência, frequência de uso e abstração que trazemos à baila está no cerne epistemológico da GCBU. Nessa perspectiva, construções de diferentes níveis de abstração podem ser observadas na representação gramatical, por sua vez intimamente dependente do que empiricamente o usuário da língua sobre ela constata. Nesse sentido, no constructicon, encontram-se construções ligadas entre si por compartilhamento de características de forma e sentido e que são, independentemente de seu grau de abstração e esquematicidade, psicologicamente realísticas por serem resultantes diretas da experiência com o uso da língua, da frequência e da atuação dos processos cognitivos de domínio geral. Tal fato refletiria o conhecimento linguístico armazenado na mente do falante, em diferentes níveis de representação.

Encontramos em Perek (2015) as bases para a discussão sobre a relação do modelo da GCBU no que tange à formação das construções de estrutura argumental. Em seu trabalho, o autor testa a hipótese de que a informação sobre a valência, convencionalmente associada ao item verbal em si, está, na verdade, relacionada ao seu uso em diferentes construções e que os diferentes padrões de valência de um verbo estão associados a diferentes graus de acessibilidade cognitiva, determinados pela frequência desses padrões em uso.

O conceito de padrão de valência aponta para um determinado conjunto de papéis participantes identificados no quadro semântico de um verbo, que em integração com a grade argumental das construções de estrutura argumental, formam uma determinada perspectivização, um determinado construal. Assim, a integração do item verbal com uma determinada construção de estrutura argumental há de corresponder a um perfilamento particular, uma perspectiva de atenção, acerca dos eventos do mundo extralinguístico. A relação entre itens verbais e construções gramaticiais de estrutura argumental determinará diferentes formas de depreensão da realidade, sendo ainda sujeitas a maior ou menor potencial de acessibilidade cognitiva a depender de fatores como a própria frequência de uso.

O autor lança, assim, a hipótese da valência baseada no uso, que, resumidamente, aponta que o status cognitivo de certo padrão de valência de um verbo está relacionado à frequência de ocorrência, ou seja, ao uso. Em outras palavras, a frequência com que determinados verbos ocorrem em determinada grade combinatória de itens, por exemplo, pode refletir e determinar o armazenamento de padrões de valência diferentes de um mesmo item verbal.

Vários padrões de valência de um mesmo verbo podem ser armazenados como tais ou podem ser derivados composicionalmente pela combinação com construções particulares, com graus intermediários de emancipação. Os padrões de valência mais frequentes de um verbo devem ser mais acessíveis cognitivamente. Assim, o grau de emancipação de uma valência se correlacionaria ao grau de “acessibilidade cognitiva”, fator relacionado a vários aspectos da cognição da linguagem, como a facilidade de recuperação de informação, preferências de produção, expectativas sintáticas etc.

Imaginar a existência de microconstruções de estrutura argumental em diferentes níveis de uma rede taxonômica é resultado natural da hipótese em questão. A grade prototípica de valência do verbo CHEGAR, seus papeis participantes, em unificação, pela frequência de uso, com a grade argumental da construção monoargumental de focalização, representada pelo esquema [(X)VSN]FOC pode implicar a formação de uma representação única, emancipada no constructicon do falante do PB, guardando o sentido introdutório/apresentacional herdado do item verbal e o papel informacional, ligado à focalização de eventos ou referentes, herdado do esquema [(X)VSN]FOC. Ainda, a depender da frequência com que determinados itens de mesma base semântica possam surgir nesses contextos, pela própria hipótese da valência baseada no uso, novas representações de maior grau de emanipação e acessibilidade cognitiva podem também emergir.

Sobre o conjunto de dados aos quais se refere o presente artigo, estes seriam, portanto, construtos gerados diretamente a partir do conhecimento construcional representado em diferentes níveis de uma mesma rede hierárquica e taxonômica de construções, a [(X) CHEGAR SN]FOC. Tais construtos ainda se relacionam em termos hierárquicos com o esquema [(X)VSN]FOC (FREITAS Jr. et al., 2016; 2019, 2020), a construção monoargumental de focalização, supostamente mais esquemático e abstrato, também oriundo da categorização resultante da analogia natural que associa usos da construção com diferentes itens verbais monoargumentais em uma única generalização, entre outros aspectos, com papel pragmático voltado para a informatividade.

O esquema [(X)VSN]FOC, segundo defendem Freitas Jr. et al. (2016) e Freitas Jr. et al. (2019, 2020), é uma representação de uma construção de estrutura monoargumental do PB, com características de forma e sentido próprias e compartilhadas por diversos subesquemas, associados ao que tradicionalmente chamamos de ordem VS (verbo-sujeito) no PB, como [(X) ACONTECER SN], [(X) OCORRER SN], [(X) MORRER SN] entre outros. Em termos gerais, o esquema [(X)VSN]FOC como pareamento forma/sentido apresentaria as seguintes características construcionais:

  1. no plano da forma: prototipicamente, se constitui estruturalmente por um verbo, em geral de natureza intransitiva, seguido de um SN e pode estar encabeçado por um elemento (X), em geral de natureza anafórica - com frequência, um adverbial ou dêitico;

  2. no plano do sentido: prototipicamente, o SN apresentaria traço semântico de [- Animado/ - Agente] e teria função pragmática relacionada à focalização, via status informacional do SN de maior novidade, ou à apresentação de um evento, em forma de bloco informativo, no nível do discurso.

Como veremos mais à frente, identificamos, a partir da análise dos dados separados para a presente discussão, diferentes agrupamentos de usos com compartilhamento de características de forma e função, o que sugere a formação de padrões construcionais específicos por eles instanciados. Conforme já pontuado anteriormente, tais padrões construcionais estariam organizados em diferentes níveis hierárquicos em uma mesma rede taxonômica de construções de estrutura argumental: a rede [(X) CHEGAR SN]FOC.

O que os dados nos permitem afirmar sobre a construção [(X) CHEGAR SN]FOC? Quais as especificidades de seus padrões e de seu armazenamento no constructicon?

Na pesquisa, trabalhamos com dados do PB do ano de 2018, encontrados na entrada NOW do Corpus do Português, via dados de jornais e revistas on-line. A coleta foi feita a partir de usos de orações VS (verbo-sujeito), cujos itens verbais fossem as conjugações <chegar> <chega> e <chegou>, sendo excluídos dados de orações SV e idiomatismos.

Assim, pesquisamos a relação da construção verbal [CHEGAR] com a construção de estrutura argumental [(X)VSN]FOC, buscando identificar a possível existência de padrões microconstrucionais de uma rede construcional [(X) CHEGAR SN]FOC. A identificação de tais microconstruções seria um fato associado às características semânticas (possibilidades e restrições) do slot referente ao SN da construção, a começar por suas características de, maior ou menor, agentividade/animacidade, mas não apenas.

A partir da identificação, por análise qualitativa, de grupos de dados de natureza comum, propomos possíveis representações para usos que, segundo o que sugeriram os dados, refletem o conhecimento construcional, gramatical, armazenado na mente do falante do PB. A diversidade de padrões possivelmente armazenados é uma possibilidade fortemente articulada aos princípios da GCBU, em particular, no que diz respeito à frequência, à memória e à possibilidade de armazenamento redundante. Analisamos, portanto, as características de forma e sentido dos dados, a fim de identificarmos possíveis pareamentos que refletiriam a relação mais direta entre uso e representação de tais construções de estrutura argumental.

Observamos também a presença/ausência do elemento configurando o slot (X) e sua natureza, provavelmente anafórica (FREITAS Jr. et al., 2016; 2019, 2020), fato relacionado ao papel informacional, pragmático, possivelmente ligado aos esquemas. Pretendíamos analisar, observando ainda a informatividade dos SNs, a possibilidade de refletirem a hipótese da focalização ligada à construção mais abstrata [(X)VSN]FOC. A presença de um referente (X) de caráter anafórico e a de um SN de menor carga pressuposicional falaria a favor da hipótese da informatividade, da focalização de eventos e SNs relacionada à construção monoargumental de focalização, o esquema [(X)VSN]FOC.

A partir da identificação de reiterados usos de determinados dados, apostamos na hipótese de identificação de padrões de sentidos ainda mais especializados, idiomáticos, e que, em decorrência de um padrão diferenciado de forte frequência de uso, poderiam ser armazenados de modo emancipado no constructicon.

A análise dos dados selecionados demonstrou diferentes padrões semanticamente especificados. Por meio da manipulação de 109 dados que supostamente instanciariam a construção [(X) CHEGAR SN]FOC, foram identificadas três microconstruções de estruturas monoargumentais, com o verbo <CHEGAR>, que estariam localizadas em nível mais baixo de uma mesma rede construcional. Tais agrupamentos foram propostos, após os dados terem sido analisados quantitativa e qualitativamente.

A identificação dos três padrões exemplifica o viés da abordagem proposta pela GCBU e a possibilidade de representação a partir da formação, mesmo que em algum grau redundante, de categorias com características de forma e sentindo próprias ou de frequência de uso robustamente suficiente para a representação gramatical direta. Por outro lado, a análise sobre o papel anafórico de (X), a informatividade do SN e suas relações com a função pragmática de focalização exemplificam o caráter de integração construcional entre os padrões mais gerais e esquemáticos da rede e o mais geral [(X)VSN]FOC.

O traço semântico do SN foi fator basilar a ser considerado na análise e determinante para a divisão, na amostra, dos três grupos maiores de dados. Juntos, os três grupos apresentaram sentido global de apresentação/introdução de referentes e, especificamente, de SN inespecíficos [+/- ANIMADOS/AGENTIVOS], de SN tempo e de SN evento. Assim, percebeu-se que a especificidade da natureza semântica do sujeito posposto permitiu uma leitura inicial do comportamento geral das microconstruções [(X) CHEGAR SN]FOC, a partir de regularidades que decorrem especificamente nos padrões [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS], [(X) CHEGAR SNTEMPORAL], e [(X) CHEGAR SNEVENTO].

Os construtos que decorrem do padrão [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS] denotam sentido geral de apresentação/introdução, especificamente, de SNs [+/- ANIMADOS/AGENTIVOS], o que ocorreu em 46,79% dos casos. Os construtos que decorrem do padrão [(X) CHEGAR SNTEMPORAL] constituíram-se em 43,12% dos casos e os do padrão [(X) CHEGAR SNEVENTO] em 10,09% . Esses resultados permitem-nos afirmar, portanto, que, a partir dos três padrões, haveria a formação de uma categoria mais abstrata, o subesquema [(X) CHEGAR SN]FOC, de sentido global introdutório/apresentacional de referentes no nível do discurso e que abarcaria as três microconstruções aqui citadas.

O quadro abaixo identifica as três microconstruções da rede [(X) CHEGAR SN]FOC, exemplificando os tipos semânticos de SNs associados a cada configuração:

Exemplos de SN [(X) CHEGAR SN INESPECÍFICOS] Exemplos de SN [(X) CHEGAR SNEVENTO] Exemplos de SN [(X) CHEGAR SNTEMPORAL] a mensagem a encomenda Neymar o carteiro o natal o carnaval o dia da festa os 70 anos o dia o tempo

A observação da natureza semântica dos SNs permite o destaque de um ponto importante de nossa discussão acerca da possibilidade de maior ou menor grau de generalização/emancipação das construções. Os SNs arrolados como parte integrante da microconstrução [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS] possuem natureza semântica subespecificada para os fatores AGENTIVIDADE e ANIMACIDADE, mas comportam-se de modo semelhante, compondo um tipo específico de referentes introduzidos no nível do discurso. Por outro lado, observamos que os SNs desse grupo são, em grande parte, de natureza [-ANIMADO/-AGENTE], fato alinhado com as características semânticas do esquema mais abstrato [(X)VSN]FOC, que prevê a focalização, em geral, de SNs [-ANIMADOS/-AGENTIVOS] no nível do discurso.

As microconstruções [(X) CHEGAR SNTEMPORAL] e [(X) CHEGAR SNEVENTO] apresentam SNs que evidenciam certa extensão metafórica de sentidos na medida em que os SNs identificados como pertencentes ao grupo EVENTOS possuem sobreposição de sentido com os SNs de natureza TEMPO. O que ocorre, entretanto, é que identificamos 10% de SNs que especificam eventos do total de 53% que poderiam ser arrolados como SNs de natureza temporal. Nosso ponto, portanto, é que a alta frequência dos dados com SNs eventos (10%) e a idiomaticidade emergente a partir desse uso (a focalização de datas específicas) indicaria a possibilidade de especialização desta construção, que, como pareamento de alta frequência e de informações de forma e sentido mais específicas, pode ser identificada como representação cognitiva emancipada, sendo ativada de modo independente do padrão [(X) CHEGAR SNTEMPORAL] da qual se originou.

De todo modo, ainda sob o ponto de vista da articulação entre esquemas mais ou menos abstratos - generalizações de uma mesma rede - houve a necessidade da observação da possível articulação com a construção [(X)VSN]FOC e seu papel relacionado à informatividade e focalização de eventos/SNs. Observamos que, a despeito das especificações construcionais dos exemplares constituintes da rede [(X) CHEGAR SN]FOC, eles mantém com o esquema [(X)VSN]FOC suas características pragmáticas relacionadas à focalização de referentes e/ou eventos via, principalmente, introdução de SNs novos, ou menos disponíveis, no nível do discurso.

De fato, dos 109 dados analisados, observamos 77% de SNs novos e 71% de preenchimento da posição (X), com 93% de elementos anafóricos ocupando a posição nos três esquemas [(X) CHEGAR SN]FOC em questão. O equilíbrio entre elementos anafóricos à esquerda do item verbal com a presença de SNs de maior grau de novidade à direita do verbo foi fator já detectado nos trabalhos de AUTOR (2016). A presença de um constituinte anafórico na posição (X) está associada à tendência observada de que as orações que instanciam a construção [(X)VSN]FOC possuam papel pragmático de focalização de eventos e/ou referentes, tal como previsto na estrutura TÓPICO-COMENTÁRIO, que com frequência orienta a ordenação vocabular no PB e que apresenta a informação de menor pressuposição após a de maior recuperação no nível do discurso.

Posto isso, apresentamos, agora, a análise e discussão de cada uma das microconstruções identificadas, destacando as características individuais de forma/sentido que as constituem como supostos padrões emancipados, além de suas relações com os papéis de informatividade e focalização da construção monoargumental de focalização, a construção [(X)VSN]FOC. Apresentamos também discussões sobre a possibilidade de padrões identificados em níveis ainda mais baixos na rede, seja por suas características de forma e sentido, que apontam para especificidades idiomáticas e formais de novas construções, seja pelo impacto da frequência de uso.

(i). [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS]

A análise dos dados permitiu a identificação de um padrão cujos SNs possuem natureza semântica subespecificada para os fatores AGENTIVIDADE e ANIMACIDADE, mas que se comportam de modo semelhante, compondo um tipo específico de referentes introduzidos no nível do discurso, o que evidencia a instanciação da microconstrução, aqui denominada, [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS]. Os dados abaixo, de (1 - 4) exemplificam o grupo de itens com SNs [+ANIMADOS/+AGENTIVOS] identificados nesse padrão:

(1) “Davi e Daniel tentam se disfarçar de manequim para o dono não perceber, mas chega o tio de Kokimoto com as demais crianças. O dono exige explicações. O policial entra com Cirilo e Mário e diz que ele deve fazer parte desta quadrilha”.

(2) “Precisava de um lugar assim, ao mesmo tempo belo e impregnado de ressonâncias míticas e religiosas. “Yara conta a história dessa garota que vive com a avó”. Chega o rapaz, Elias. Iniciam um dos romances mais pudicos do cinema. Ele quer levá-la para a Austrália. Ela gostaria de ir, mas não pode. Tem a avó”.

(3) “Os pequenos agricultores contaram à reportagem que a área foi doada por uma empresa há mais de 20 anos e, por isso, eles construíram casas na região. “Construímos nosso espaço, mas agora chega um grupo e quer ser dono. Assim fica difícil para nós”, disse uma moradora de a região. De acordo com a Promotoria de Justiça, a propriedade pertence a um banco, que ficou responsável pelo patrimônio de uma usina.”

(4) “Ele ressalva que, normalmente, o movimento no sábado é menor que o da sexta, quando chega a maior parte de os turistas. “Temos de esperar o próximo fim de semana, com o feriado em São Paulo, na sexta-feira, pelo aniversário da cidade, para termos uma noção melhor “, disse o catamarã, que só leva pedestres e ciclistas, transportou 1.198 pessoas em 14 viagens, média de 85 por viagem, bem abaixo da capacidade de 370 pessoas.”

Como exemplificado acima, vários exemplares do padrão [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS] apresentaram SNs de maior grau de ANIMACIDADE/AGENTIVIDADE. Tais dados representaram 21,1% do total dos 109 dados analisados e 45% do total de 51 SNs deste grupo específico.

Do ponto de vista formal, destaca-se que 83% dos dados dessa microconstrução apresentaram o slot (X) preenchido. Do ponto de vista funcional, tal elemento apresentou caráter anafórico em 79% dos casos, enquanto os SNs apresentaram caráter de maior grau de novidade em 69,56% das ocasiões. Observa-se a tendência de preenchimento do slot (X) por um constituinte de função adverbial anafórica e da escolha de todo o evento veiculado como mais focalizado, com a entrada de um SN [+ANIMADO/+AGENTE] no nível do discurso. O equilíbrio entre uma informação de natureza mais pressuposta com a entrada de um SN de menor grau pressuposicional aponta para a estrutura Tópico-Comentário, como já dito, em que (X) alinha-se como item de maior carga de topicidade e a cláusula VSN como comentário, ou seja, com maior grau de focalização.

Nesse sentido, percebemos que, no padrão citado, houve tendência de focalização em todo evento em 52% dos dados, o que exemplifica a articulação desta microconstrução com o esquema [(X)VSN]FOC e sua função pragmática relacionada à informatividade. Nos dados apresentados acima, respectivamente em (1), (3) e (4), os itens ‘mas’, ‘agora’, e ‘quando’ cumprem com o papel de anáfora discursiva associado ao slot (X) da construção: estabelecem relação referencial com o fluxo discursivo anterior, organizando-o em função da apresentação, introdução, de novos referentes ou eventos, ou ao menos de referentes mais focalizados. Tal equilíbrio informacional evidencia o caráter pragmático, ligado à informatividade da construção monoargumental de focalização: a [(X)VSN]FOC.

Com relação à ocorrência de SNs [-ANIMADOS/-AGENTIVOS], notou-se a recorrência desses usos, que particularizam uma propriedade da produtividade da microconstrução [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS]. Há, neste padrão, a tendência de que o sentido introdutório/apresentacional de referentes esteja associado a SNs majoritariamente [-ANIMADOS/-AGENTIVOS], o que ocorreu em 78,9% dos 109 dados e em 55% do total de SNs do grupo [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS]. Os dados abaixo evidenciam os usos em questão:

(5) “Eu baixo e coloco para instalar, ele gasta uns 10 minutos em o processo e em menos de 20 minutos já chega a mensagem novamente.”

(6) “Nesta semana, chega a segunda temporada de a aclamada série American Crime Story. Série que conta a história de acontecimentos reais, como o julgamento de O. J. Simpson ou ainda o caso do assassinato de Versace, em a década de 70.”

(7) “A gente acredita que existe demanda. Eu sendo do interior, sei como é, chega pouca coisa. Não adianta se queixar que o pessoal só ouve um determinado tipo de música. É muito fácil falar disso e não ir lá. A gente vai.” diz Marília Parente, nascida em Exu, no Sertão do Araripe, que começou a se apresentar em público aos 15 anos, passou por Raízes da Várzea e só entrou em carreira solo começou em o ano passado.

(8) “O pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Guaracy Minguardi, disse que as apreensões são importantes, mas que também é preciso trabalho de inteligência das polícias nas áreas urbanas. “Na verdade, você tem que fechar as duas pontas de uma rota. Uma ponta lá na fronteira com o Paraguai, como aqui, onde chega a droga para a distribuição “, disse o especialista.”

Os dados que instanciam a microconstrução [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS] tenderam a manter as características prototípicas de SN [-ANIMADO/-AGENTE] da base [(X)VSN]FOC. Ainda sobre a análise percentual, tem-se o slot (X) predominantemente preenchido por constituinte anafórico, principalmente por sintagmas adverbiais (76% dos dados), e SN com maior carga de novidade (64,28%). Os dados desse padrão apresentaram focalização recaída majoritariamente sobre o SN. Note-se que o grupo de dados apresentado acima apresenta nos itens (5), (6) e (8) elementos adverbiais, cuja leitura reflete o caráter anafórico associado ao slot (X), característica aparentemente herdada da construção monoargumental de focalização [(X)VSN]FOC. A presença dos elementos anafóricos, repetimos, está associada ao papel de focalização de eventos ou referentes associado às orações verbo-sujeito com verbo CHEGAR.

Um uso interessante identificado em quatro (4) dados do padrão [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS] diz respeito à possibilidade de introdução de SNs a partir de um recorte de suas características de forma e sentido, movimento estabelecido por relação metonímica, como vemos nos exemplos a seguir:

(9) “Durante conversa com o G1, em a noite de esta quarta-feira, em o Hospital 28 de Agosto, ele afirmou que a falta de material impede diferentes tipos de procedimentos médicos. “Estou cansado de trabalhar sem material adequado, de amputar membros por falta de angioplastia [procedimento de reparo de vaso deformado]. Eu faço visita a 44 pacientes e todos estão aguardando arteriografia por uma cirurgia. Chega um pé diabético infectado aqui e não tem sala. Aí, quando tem sala, amputa o membro”.

(10) “O atacante entrega para Nico López acionar a passagem de Iago, que vai ao fundo e faz o cruzamento em a direção de Tréllez. O colombiano pega de primeira e o goleiro se estica para evitar o gol colorado. # 13min - Não valeu! D’ Ale bate com categoria e a bola explode em o travessão. No rebote, Rodrigo Moledo empurra para o fundo de as redes, mas a arbitragem já marcava impedimento. # 16min - Chega o Inter mais uma vez! Iago aciona Nico López, que tenta o passe de calcanhar para Tréllez, mas a bola pega muita velocidade e foge do alcance do colombiano”.

(11) “Então é natural que eu receba todos os dias uma série de convites a defender interesses dessas empresas. Quando chega uma empresa e quer me contratar, a análise que eu faço e que fiz dessa empresa, especificamente, é se ela tem legitimidade. A segunda análise é se o direito que ela está pleiteando é legítimo. Nesse caso, eu aceitei defender os interesses dessa empresa porque esses requisitos foram preenchidos.”

Nos dados (9), (10) e (11), percebemos o papel de sentido introdutório/apresentacional de referentes da microconstrução [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS] em questão: os SNs ‘um pé diabético infectado’, ‘o Inter’ e ‘uma empresa’ estabelecem uma relação de parte/todo com a ideia ‘grupo de pacientes’ ‘grupo de jogadores de um time em específico’ e ‘empresários/diretores’, focalizando a introdução/apresentação de SNs [-ANIMADOS/-AGENTIVOS], apesar de sua referência primária serem seres [+ANIMADOS/+AGENTIVOS]. É importante notarmos o fator informacional do SN, de maior novidade em (9) e de retomada em (10) e (11), fato que ilustra o papel de focalização de evento/SN herdado da construção mais abstrata [(X)VSN]FOC.

A baixa frequência no corpus de usos em que atestamos a relação metonímica supracitada não nos permite defender, entretanto, a possibilidade desta se constituir em um padrão emancipado. Do ponto de vista do realismo psicológico das representações gramaticais (LANGACKER, 1987) e da própria hipótese da valência verbal baseada no uso (PEREK, 2015), segundo os Modelos Baseados no Uso em geral, a frequência significativa de usos específicos poderia se constituir em argumento para tal proposição, o que de fato não ocorre.

Fazemos aqui essa observação na tentativa de exemplificar o outro lado da nossa discussão sobre limites e possibilidades categoriais para a representação cognitiva da gramática: apesar de possíveis evidências para uma especificidade de uso idiomático e, portanto, de instanciação de uma nova construção, os dados de SNs metonímicos não ocorreram com frequência suficiente para apostarmos em tal possibilidade. Obviamente, a ampliação do número de dados, além da escolha de outros corpora, poderia, por outro lado, indicar uma possibilidade mais saliente para tal generalização.

(ii) [(X) CHEGAR SN TEMPORAL]

A análise dos dados permitiu a identificação da microconstrução [(X) CHEGAR SN TEMPORAL], que apresenta SNs, cuja informação semântica refere-se à apresentação e marcação de tempo, como ilustrado abaixo:

(12) “Passaram os anos, passaram duas mil cirurgias. Chegaram os 70 anos, chegou a reforma e a homenagem. Sem falsa modéstia, como lição para o futuro, Eduardo Barroso honra o passado.”

(13) “Mas a partida entre Cruzeiro e Atlético fugiu à regra. Foram inúmeras situações de interpretação, para as quais sobraram reclamações por parte de quem se sentiu prejudicado. E, para aumentar a dramaticidade, teve até substituição do árbitro por lesão. O clássico mineiro foi tema principal das conversas desde a TV ao botequim. Já ouvidos jogadores, treinadores, comentaristas, dirigentes e torcedores, chegou a hora de dar a palavra aos árbitros da partida, Wanderson Alves de Souza e Ronei Cândido Alves.”

(14) “Mas, apesar de torcer pela volta da série em que interpretou um psicopata, parece que Gagliasso não tem só boas lembranças do período de gravações. Ele aprovou um tuíte que detonava (com bom humor) uma de suas colegas de elenco. “Portugal nos mandou assassinos, jesuítas e degredados. Chegou a hora da vingança. Luana Piovani, adeus!”, disparou o perfil.”

A microconstrução de sentido temporal correspondeu a 43,12% do total de 109 dados coletados (47 itens), apresentando o slot (X) preenchido com constituinte anafórico em 53% dos casos, SN de maior novidade em 85,10% dos dados e focalização em todo o evento em 47% das ocorrências e no sujeito posposto em 53%.

A análise qualitativa permitiu a observação sobre o papel de transição discursiva de tópico. A transição discursiva ali observada está associada ao papel de focalização da construção base [(X)VSN]FOC, que abarca este e os demais esquemas aqui apresentados. Novamente, temos um bloco de informação que é introduzido no discurso e que encaminha o fluxo conversacional, apresentando, portanto, o caráter de focalização já identificado no padrão mais esquemático.

Um fato importante a respeito desse padrão foi a distribuição de dados com SNs plenos e SNs modificados por restrição, ou seja, por uma oração subordinada. Dos 47 dados desse grupo, 21 apresentaram modificação do SN por subordinação, o que representou 44,68% das ocorrências. Os exemplos (15), (16) e (17) e ilustram esse uso:

(15) “Esse será o 9º Super Bowl disputado por Tom Brady. São tantas idas à grande final da NFL que chega uma hora que não há mais o que dizer. E foi isso que o quarterback e Rob Gronkowski fizeram, postando um vídeo apenas sorrindo para a câmera sem ter o que falar: Ex-goat em campo.”

(16) “Segundo Lobato, a banda entrou em um limbo e a situação, ao longo do tempo, se mostrou insustentável. “O disco não começou nunca. Chega uma hora que somos homens, somos pessoas, temos família. A gente não pode ficar aqui. Se o Yuka não quer estar com a gente, o que a gente pode fazer é continuar a nossa vida.”, disse, no documentário, o guitarrista Xandão.”

(17) “Bruno Milanez, professor do Departamento de Engenharia de Produção Mecânica de a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), explica o que causa instabilidade no segundo modelo. “A barragem à montante é construída em direção aos rejeitos. À medida que a barragem vai se tornando mais alta - fazendo os subsequentes alteamentos, os ‘degraus’ que vemos -, ela tem uma inclinação, subindo sobre o rejeito. Chega um momento em que se faz a barragem sobre o próprio rejeito, um material, que por o seu teor de água, não é muito estável.” analisa.”

A microconstrução em questão reflete a recorrência de um uso idiomatizado que, apesar do caráter semântico de temporalidade, difere-se por ser o SN que veicula a informação de TEMPO modificado por uma oração subordinada relativa restritiva, encabeçada pelo SN “uma hora/um momento que”, o que ocorreu significativamente em todo o grupo.

O padrão identificado foi o único a ter maior ocorrência de não preenchimento do slot (X) (57%). Tal fato sugere que nesse padrão talvez tenhamos a função de focalização herdada do esquema mais abstrato [(X)VSN]FOC recaindo, particularmente, sobre o SN, por sua vez, [+EXTENSO], fator que também favorece o caráter de menor pressuposição e maior focalização do evento introduzido no discurso.

A observação acerca da existência de SNs de natureza temporal com especificação oracional aponta para a discussão sobre maior ou menor grau de generalização/emancipação das construções. Dado o aporte teórico aqui adotado, apostamos na representação de um padrão [(X) CHEGAR SNTEMPORAL DE SN ESPECIFICADO] de características de forma e função próprias, que, também por sua alta frequência no uso da língua, poderia ser representado como nó independente na rede, ou seja, uma construção específica.

Mesmo diante das informações de natureza formal que propiciam uma indagação inicial a respeito do grau de emancipação deste padrão, precisamos ratificar que a natureza semântica do SN ao qual se anexa a cláusula restritiva pressupõe relação do subesquema com [(X) CHEGAR SNTEMPORAL], haja vista o fato de que, neste caso, o SN possui característica semântica de informação de tempo, como atestam os SNs ‘uma hora’ e ‘um momento’ nos dados apresentados em (18) e (19):

(18) “As vítimas vulneráveis se sentem ameaçadas pelos companheiros e não procuram ajuda”, disse a delegada, reforçando a importância de denunciar. “No primeiro indício denuncia porque a tendência é só piorar. Chega um momento que eles acham que são donos porque a gente vai passando por cima e perdoando”.

(19) “O Everton chegou a mim por uma pessoa, que ia chegar essa proposta (Renato falou, em entrevista a o jornal O Globo, em oferta de 50 milhões de euros). Não sei nem como não chegou, é jogador de seleção brasileira. Foi até bom, mas se ele voltar a jogar o que jogou vai receber e até demais. Chega uma hora que fica difícil segurar um jogador com proposta alta”.

Claramente, a discussão sobre a maior ou menor emancipação construcional da microconstrução [(X) CHEGAR SNTEMPORAL DE SN ESPECIFICADO] em relação à microconstrução [(X) CHEGAR SNTEMPORAL] evidencia nossa discussão sobre limites e possibilidades para a representação cognitiva da gramática, na medida em que apresenta uma nova possibilidade de organização taxonômica na rede, evidenciando diferentes graus de abstração/generalização e emancipação/especialização construcional. Há de se destacar, ainda, o caráter de novidade associado aos SNs dos itens em questão, vide dados (18) e (19), que retoma a discussão sobre a função pragmática herdada da construção monoargumental de focalização.

(iii) [(X) CHEGAR SN EVENTO]

Este padrão abarca construtos que, apesar de apresentarem traços que tangenciam a semântica de temporalidade, apontam para datas, períodos e eventos sociais específicos que são introduzidos ou recuperados, em termos de referenciação, no nível do discurso. Vejamos:

(20) “O Festival de Berlim divulgou 22 títulos da Mostra Panorama, que inclui dois filmes brasileiros com estreia mundial no evento. ‘Estou me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar’, documentário de Marcelo Gomes, é um deles. O diretor visitou a cidade de Toritama, conhecida como a capital do jeans e onde os trabalhadores de a indústria têxtil só têm folga em sua pesada rotina, quando chega o carnaval”.

(21) “A gente reclama disso todo ano quando chega o verão. Mas esses estacionamentos não têm donos, muitas vezes os terrenos são ocupados sem o conhecimento do proprietário. O problema é: denunciar a quem? A prefeitura também fica amarrada, já que é difícil identificar os donos do terreno”.

(22) “Em Fortaleza, no Mercado São Sebastião, há carimã fresca para comprar durante o ano. Quando chega a época das festas junina, o consumo é tão grande que vendem também a farinha que foi sendo produzida ao longo do ano, para atender à demanda para papas, bolos como o pé-de-moleque etc.”

A principal motivação para a proposição de uma microconstrução específica de sentido introdutório/apresentacional de eventos aponta para a frequência com que tais usos ocorreram no corpus e para a idiomaticidade diferenciada atestada na análise desses dados. Novamente, fazemos aqui a ponte com a nossa discussão sobre limites e possibilidades para a representação cognitiva da gramática.

Apesar da inegável sobreposição de sentido existente entre a semântica de temporalidade e a de evento, do ponto de vista da possibilidade de redundância da representação gramatical, fato caro à GCBU, como já dito, é possível pensarmos em uma construção, de características de forma e sentido próprias, representada como item independente na rede construcional.

A possibilidade de apresentação/introdução de eventos, e não exatamente de informações que focalizam a temporalidade em si, constitui-se na própria carga idiomática da construção. Os itens ‘o carnaval’, ‘o verão’ e ‘a época das festas juninas’ exemplificam essa discussão: se por um lado, ilustram o caráter temporal metaforicamente herdado da microconstrução [(X) CHEGAR SNTEMPORAL], por outro enfatizam, na verdade, eventos particulares e de grande relevância social. Trata-se, portanto, de um uso que evidencia um caráter de especificidade idiomática que justifica a possibilidade de serem tais orações instanciações de um padrão emancipado, a saber, a microconstrução [(X) CHEGAR SN EVENTO].

Nos 11 dados referentes à microconstrução [(X) CHEGAR SN EVENTO], portanto, identificamos o papel de apresentação do SN evento, o que representou 10,09% dos 109 dados analisados. O preenchimento do slot (X) por um constituinte anafórico, principalmente um sintagma adverbial, ocorreu em 90% dos casos e os SNs de maior carga de novidade informacional representaram 90,9% dos dados. A presença de SAdvs anafóricos à esquerda do item verbal e o próprio papel de informatividade, [+NOVO], do SN estão associados ao papel de focalização do evento introduzido no discurso. Ao mesmo tempo, os dados desse grupo compartilham uma mesma natureza semântica de evento, o que o define como grupo de idiomaticidade própria e, portanto, uma microconstrução, refletindo, ainda, os traços de herança da função pragmática relacionada ao foco informacional do esquema mais abstrato [(X)VSN]FOC.

Considerações finais

Apresentamos um estudo sobre as construções da rede [(X) CHEGAR SN]FOC no português brasileiro à luz da GCBU. Identificamos especializações e relações de herança construcional internas da rede que exemplificam a discussão sobre representação da gramática à luz dos Modelos Baseados no Uso, em particular, do ponto de vista do realismo psicológico das representações gramaticais (LANGACKER, 1987) e da hipótese da valência verbal baseada no uso (PEREK, 2015). Constatamos, também, relações de herança construcional das microconstrucões identificadas com a construção monoargumental de focalização, o esquema [(X)VSN]FOC, especificamente no que tange ao papel da informatividade, ou seja, à tendência de focalização dos eventos e SNs apresentados/introduzidos no nível do discursivo via instanciação dessa construção, uma característica pragmática do esquema aparentemente espraiada na representação gramatical de construções monoargumentais de SNs pospostos no PB.

Observamos, a partir da análise dos dados obtidos, que é possível apontar, por uma série de caracterizações semânticas, a existência de diferentes padrões ligados ao subesquema [(X) CHEGAR SN]FOC. Apesar de os construtos de [(X) CHEGAR SN]FOC terem um ponto de interseção no fato de o SN tender a apresentar os traços semânticos [-ANIMACIDADE/-AGENTIVIDADE], os dados demonstram a maneira como uma especialização semântica do SN é capaz de ampliar o repertório de uso dessa construção em vista de demandas pragmático-discursivas que lhe conferem atributos altamente idiomáticos e, supostamente, formando novas microconstruções.

Ainda, além de tais padrões terem sido categorizados de acordo com o teor semântico veiculado, sobretudo pela abrangência informativa de seus SN, destacam-se, também, as informações do ponto de vista formal tomadas como norteadoras da análise, como a presença/ausência do elemento (X) anafórico.

Em suma, a análise dos dados permitiu desenvolvermos a discussão sobre as possibilidades de formação de construções, de diferentes níveis de esquematicidade e abstração, tendo por pano de fundo a discussão sobre a formação de construções de uma rede construcional taxonômica, a rede [(X) CHEGAR SN]FOC, no PB. Assim, como resultado da observação qualitativa e quantitativa dos dados, para a discussão sobre limites e possibilidades para a representação cognitiva da gramática na perspectiva da plausibilidade psicológica da representação, sugerimos a seguinte rede construcional:

Esquema 1:
Rede Construcional [(X) CHEGAR SN]FOC

Esta figura evidencia a relação entre os diferentes níveis da rede taxonômica de construções de diferentes graus de generalização e especificidade. A rede destaca, ainda, a formação de pareamentos, que mesmo com algum grau de redundância em relação a esquemas mais gerais, possuem alto grau de frequência e/ou características próprias de forma e função, o que sugere a representação emancipada desses itens. Assim, destacam-se a especificidade do padrão [(X) CHEGAR SNTEMPORAL DE SN ESPECIFICADO], localizado em nível mais baixo da rede, a emergência das três microconstruções de sentido apresentacional de tempo, evento e referentes inespecíficos, além da representação do subesquema [(X) CHEGAR SN]FOC, intermediário entre as microconstruções e o esquema [(X)VSN]FOC, de sentido introdutório/apresentacional mais geral.

Por fim, a rede destaca a relação de herança de aspectos formais com o padrão [(X)VSN]FOC, como a monoargumentalidade e a tendência de realização de um elemento (X) anafórico, e de aspectos funcionais, como a tendência de o SN possuir papeis semânticos [-ANIMADOS/-AGENTIVOS] e papel pragmático relacionado à informatividade, em particular à focalização de eventos/SNs.

Assim sendo, o artigo permitiu a discussão acerca dos limites e possibilidades para a representação cognitiva da gramática, em uma perspectiva bottom-up (e top-down) de modo comprometido com a condição do realismo psicológico e os limites da categorização, tal como discutido desde Langacker (1987) até hoje, seja pelo modelo da GCBU, seja pelas diversas abordagens representantes dos Modelos Baseados no Uso.

Ainda, buscou contribuir para a discussão sobre a hipótese de valência baseada no uso de Perek (2015). Tal hipótese pôde ser aqui comprovada, na medida em que a análise quali-quantitativa dos dados ratificou a tese de que o estado cognitivo das propriedades de valência de um verbo está relacionado ao uso desse verbo em diferentes situações comunicativas e que os padrões mais frequentes são mais acessíveis cognitivamente. Desta forma, ao apostar na representação dos padrões [(X) CHEGAR SNREFERENTES INESPECÍFICOS], [(X) CHEGAR SNTEMPORAL] e [(X) CHEGAR SNEVENTO], argumentamos que se tratam de padrões de emancipação de valência verbal, sendo, por conseguinte, cognitivamente mais acessíveis. Resumidamente, afirmamos que, pelo uso, pela frequência com que SNs de natureza semântica especificada emergem no slot do argumento da construção, formaram-se novos padrões, microconstruções, na gramática do PB sincrônico.

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  • TOMASELLO, Michael. Constructing a language: A usage-based theory of language acquisition. Cambridge: Harvard University Press, 2003.

Notas

  • 1
    O capítulo de Freitas Jr e Cezario (2021) faz uma revisão importante sobre o que já foi dito no âmbito dos estudos funcionalistas sobre o fenômeno da ordem VS no PB e mostra como tal fenômeno vem sendo analisado hoje, numa perspectiva construcionista, ainda olhando para a informatividade. Especificamente, o texto trata do uso da ordem VS em construções passivas.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Maio 2023
  • Data do Fascículo
    2022

Histórico

  • Recebido
    14 Set 2021
  • Aceito
    10 Out 2021
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