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Modelo explicativo do impacto da globalização na educação empreendedora: Políticas globais, comportamentos empreendedores e redes internacionais

Resumo

Objetivo:

explicar o impacto da globalização no surgimento de tendências para a educação empreendedora.

Método:

realizou-se uma revisão teórico-reflexiva da literatura, utilizando a análise temática, de modo a responder às questões de pesquisa; foram analisados 51 artigos recolhidos na Scopus, WOS e Google Scholar, organizados em três grupos temáticos.

Originalidade/Relevância:

constatava-se a falta de um estudo qualitativo que, tendo como base a literatura, demonstrasse o impacto da educação empreendedora.

Resultados:

foram reconhecidas três dimensões temáticas que explicam o impacto da educação empreendedora: a identificação de contextos e problemáticas socioeducativas; a definição de políticas educativas globais; e a criação de redes internacionais de investigação e desenvolvimento.

Contribuições teóricas/metodológicas:

estas dimensões explicativas de impacto da educação empreendedora permitiram especificar os seguintes contributos específicos: as políticas educacionais, laborais e sociais; os comportamentos relacionados com a capacidade de pensar criativamente, de agir com iniciativa e de fazer acontecer; e as redes internacionais que estimulam as habilidades empreendedoras, a empregabilidade e a coesão social.

Palavras-chave:
Globalização; Educação empreendedora; Políticas de empreendedorismo; Redes internacionais; Comunidades educativas globais

Abstract

Objective:

explain the impact of globalization on the emergence of trends for entrepreneurial education.

Method:

a theoretical-reflective review of the literature was carried out, using thematic analysis, to answer the research questions; 51 articles collected from Scopus, WOS and Google Scholar were analyzed and organized into three thematic groups.

Originality/Relevance:

there was a lack of a qualitative study that, based on literature, demonstrated the impact of entrepreneurial education.

Results:

three thematic dimensions were recognized that explain the impact of entrepreneurial education: identifying socio-educational contexts and problems, defining global educational policies, and creating international research and development networks.

Theoretical/methodological contributions:

these explanatory dimensions of the impact of entrepreneurial education made it possible to specify the following specific contributions: educational, labour and social policies; behaviours related to the ability to think creatively, act with initiative and make things happen; and international networks that stimulate entrepreneurial skills, employability and social cohesion.

Keywords:
Globalization; Entrepreneurial education; Entrepreneurship policies; International networks; Global educational communities

INTRODUÇÃO

Nas últimas duas décadas, o fenómeno da globalização tem influenciado todas as dimensões da atividade humana, possibilitando uma análise, à escala global, da maioria das realidades e fenómenos. E isso pode ser verificado, a título exemplificativo, nas investigações realizadas nos seguintes domínios: a educação para a cidadania global, que pressupõe um aumento da consciência da interdependência e necessidade de cooperação entre todas as pessoas e nações (Bosio & Torres, 2019Bosio, E., & Torres, C. A. (2019). Global citizenship education: An educational theory of the common good? A conversation with Carlos Alberto Torres. Policy Futures in Education, 17(6), 745-760. https://doi.org/10.1177/1478210319825517
https://doi.org/10.1177/1478210319825517...
; Davies et al., 2005Davies, I., Evans, M., & Reid, A. (2005). Globalising citizenship education? A critique of "global education" and "citizenship education." British Journal of Educational Studies, 53(1), 66-89. https://doi.org/10.1111/j.1467-8527.2005.00284.x
https://doi.org/10.1111/j.1467-8527.2005...
, Davies et al., 2018; Goren & Yemini, 2017bGoren, H., & Yemini, M. (2017b). The global citizenship education gap: Teacher perceptions of the relationship between global citizenship education and students' socio-economic status. Teaching and Teacher Education, 67, 9-22. https://doi.org/10.1016/j.tate.2017.05.009
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, Goren & Yemini, 2017a; Jardim, 2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
https://doi.org/10.3390/educsci11080398...
; Marshall, 2011Marshall, H. (2011). Instrumentalism, ideals and imaginaries: Theorising the contested space of global citizenship education in schools. Globalisation, Societies and Education, 9(3-4), 411-426. https://doi.org/10.1080/14767724.2011.605325
https://doi.org/10.1080/14767724.2011.60...
; Tanner, 2007Tanner, J. (2007). Global citizenship. In Teaching the Global Dimension: Key Principles and Effective Practice. https://doi.org/10.4324/9780203962770
https://doi.org/10.4324/9780203962770...
; VanderDussen Toukan, 2018VanderDussen Toukan, E. (2018). Educating citizens of 'the global': Mapping textual constructs of UNESCO's global citizenship education 2012-2015. Education, Citizenship and Social Justice, 13(1), 51-64. https://doi.org/10.1177/1746197917700909
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); a liderança global, que supõe a relevância das diretrizes gerais comuns (Cantón & Garcia, 2018Cantón, A., & Garcia, B. I. (2018). Global Citizenship Education. New Directions for Student Leadership, 2018(160), 21-30. https://doi.org/10.1002/yd.20307
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; Cavey, 2020Cavey, R. (2020). Global leadership in the 21 st century: A "Micro" Perspective. Cadmus, 4(2), 301-307. https://www.cadmusjournal.org/files/pdfreprints/vol4issue2/GL-in-the-21-century-A-Micro-Perspective-RCavey-Cadmus-V4-I2-P3-Reprint.pdf
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; Kyvik, 2018Kyvik, O. (2018). The global mindset: a must for international innovation and entrepreneurship. International Entrepreneurship and Management Journal, 14(2), 309-327. https://doi.org/10.1007/s11365-018-0505-8
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; Likhotal, 2020Likhotal, A. (2020). Global leadership in the 21 st century. Cadmus, 4(2), 134-140.; Rosser et al., 2020Rosser, E., Buckner, E., Avedissian, T., Cheung, D. S. K., Eviza, K., Hafsteinsdóttir, T. B., Hsu, M. Y., Kirshbaum, M. N., Lai, C., Ng, Y. C., Ramsbotham, J., & Waweru, S. (2020). The Global Leadership Mentoring Community: building capacity across seven global regions. International Nursing Review, 1-11. https://doi.org/10.1111/inr.12617
https://doi.org/10.1111/inr.12617...
; Winck et al., 2016Winck, M. F., Froehlich, C., Bohnenberger, M. C., Bessi, V. G., & Schreiber, D. (2016). O desenvolvimento das competências de líderes globais: Uma abordagem baseada nos estudos de global mindset leadership. Internext, 11(2), 35. https://doi.org/10.18568/1980-4865.11235-48
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); o turismo, que presume deslocações entre múltiplos países (Fu et al., 2019Fu, H., Okumus, F., Wu, K., & Köseoglu, M. A. (2019). The entrepreneurship research in hospitality and tourism. International Journal of Hospitality Management, 78, 1-12. https://doi.org/10.1016/j.ijhm.2018.10.005
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; Jardim, 2019b; Rusu et al., 2016Rusu, S., Isac, F., & Cureteanu, R. (2016). Worldwide tourism entrepreneurship, a global perspective. In Lucrări Ştiinţifice (Vol. 17, Issue 4, pp. 64-68). https://lsma.ro/index.php/lsma/article/download/643/pdf
https://lsma.ro/index.php/lsma/article/d...
).

E têm sido também pesquisados temas específicos deste fenómeno, tais como o do governo global (Auld et al., 2019Auld, E., Rappleye, J., & Morris, P. (2019). PISA for Development: how the OECD and World Bank shaped education governance post-2015. Comparative Education, 55(2), 197-219. https://doi.org/10.1080/03050068.2018.1538635
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), da ética global (von Eschenbach, 2020von Eschenbach, W. J. (2020). Can public virtues be global? Journal of Global Ethics, 16(1), 45-57. https://doi.org/10.1080/17449626.2020.1722728
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), da saúde global (Huster et al., 2017Huster, K., Petrillo, C., O’Malley, G., Glassman, D., Rush, J., & Wasserheit, J. (2017). Global Social Entrepreneurship Competitions: Incubators for Innovations in Global Health? Journal of Management Education, 41(2), 249-271. https://doi.org/10.1177/1052562916669965
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; Rosser et al., 2020Rosser, E., Buckner, E., Avedissian, T., Cheung, D. S. K., Eviza, K., Hafsteinsdóttir, T. B., Hsu, M. Y., Kirshbaum, M. N., Lai, C., Ng, Y. C., Ramsbotham, J., & Waweru, S. (2020). The Global Leadership Mentoring Community: building capacity across seven global regions. International Nursing Review, 1-11. https://doi.org/10.1111/inr.12617
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; Zeanah et al., 2018Zeanah, P., Burstein, K., & Cartier, J. (2018). Addressing Adverse Childhood Experiences: It's All about Relationships. Societies, 8(4), 115. https://doi.org/10.3390/soc8040115
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) e dos nascidos globais (Gabrielsson et al., 2014Gabrielsson, M., Gabrielsson, P., & Dimitratos, P. (2014). International Entrepreneurial Culture and Growth of International New Ventures. Management International Review, 54(4), 445-471. https://doi.org/10.1007/s11575-014-0213-8
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; Jones & Coviello, 2005Jones, M. V., & Coviello, N. E. (2005). Internationalisation: conceptualising an entrepreneurial process of behaviour in time. Journal of International Business Studies, 36(3), 284-303. https://doi.org/10.1057/palgrave.jibs.8400138
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; Lopez et al., 2009Lopez, L. E., Kundu, S. K., & Ciravegna, L. (2009). Born global or born regional Evidence from an exploratory study in the Costa Rican software industry. Journal of International Business Studies, 40(7), 1228-1238. https://doi.org/10.1057/jibs.2008.69
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; Thai & Chong, 2008Thai, M. T. T., & Chong, L. C. (2008). Born-global: The case of four Vietnamese SMEs. Journal of International Entrepreneurship, 6(2), 72-100. https://doi.org/10.1007/s10843-008-0021-y
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). Neste contexto, também a educação para o empreendedorismo é influenciada e estudada enquanto uma realidade global (Coulibaly et al., 2018Coulibaly, S. K., Erbao, C., & Metuge Mekongcho, T. (2018). Economic globalisation, entrepreneurship, and development. Technological Forecasting and Social Change, 127(November 2016), 271-280. https://doi.org/10.1016/j.techfore.2017.09.028
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; Kiss et al., 2012Kiss, A. N., Danis, W. M., & Cavusgil, S. T. (2012). International entrepreneurship research in emerging economies: A critical review and research agenda. Journal of Business Venturing, 27(2), 266-290. https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2011.09.004
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; Nguyen, 2016Nguyen, L. (2016). Entrepreneurial culture: Some initial assessments in Vietnam. Ekonomski Horizonti, 18(3), 233-246. https://doi.org/10.5937/ekonhor1603233N
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; Othman et al., 2012Othman, N., Othman, N. H., & Ismail, R. (2012). Impact of Globalisation on Trends in Entrepreneurship Education in Higher Education Institutions. International Journal of Trade, Economics and Finance, 3(4), 267-271. https://doi.org/10.7763/IJTEF.2012.V3.212
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; Radović-Marković et al., 2019Radović-Marković, M., Brnjas, Z., & Simović, V. (2019). The Impact of Globalization on Entrepreneurship. Economic Analysis, 52(1), 56-68. https://doi.org/10.28934/ea.19.52.12.pp56-68
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; Zajda, 2015Zajda, J. (2015). Second international handbook on globalisation, education and policy research. In Second International Handbook on Globalisation, Education and Policy Research. https://doi.org/10.1007/978-94-017-9493-0
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). Mas para a identificação do seu real impacto, importa explicitar o significado do fenómeno da globalização e em que consiste o processo de educação para o empreendedorismo.

Tendo em conta as múltiplas abordagens deste fenómeno, constata-se que existe uma convergência na definição do termo globalização, sendo entendido como o processo de interação e integração entre pessoas, empresas e governos de todo o mundo, resultante dos progressos verificados sobretudo nas tecnologias de transporte e comunicação (Bottazzi & Dindo, 2013Bottazzi, G., & Dindo, P. (2013). Globalising knowledge: How technological openness affects output, spatial inequality, and welfare levels. Journal of Regional Science, 53(4), 631-655. https://doi.org/10.1111/jors.12034
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; Ndidiamaka et al., 2019Ndidiamaka, E. C., Charity, E., James, A., Benedict, I., Lawrence, O., & Fabian, U. (2019). Economic globalisation and entrepreneurship development in an emerging economy. Academy of Entrepreneurship Journal, 25(3), 1-11.), mas também na cultura, na educação e na resolução de problemas sociais e ambientais (Coulibaly et al., 2018Coulibaly, S. K., Erbao, C., & Metuge Mekongcho, T. (2018). Economic globalisation, entrepreneurship, and development. Technological Forecasting and Social Change, 127(November 2016), 271-280. https://doi.org/10.1016/j.techfore.2017.09.028
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; Halunko et al., 2018Halunko, V., Ivanyshchuk, A., & Popovych, T. (2018). Global experience of social entrepreneurship development. Baltic Journal of Economic Studies, 4(1), 62-67. https://doi.org/10.30525/2256-0742/2018-4-1-62-67
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; Nyame-Asiamah et al., 2020Nyame-Asiamah, F., Amoako, I. O., Amankwah-Amoah, J., & Debrah, Y. A. (2020). Diaspora entrepreneurs' push and pull institutional factors for investing in Africa: Insights from African returnees from the United Kingdom. Technological Forecasting and Social Change, 152, 119876. https://doi.org/10.1016/j.techfore.2019.119876
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; Radović-Marković et al., 2019Radović-Marković, M., Brnjas, Z., & Simović, V. (2019). The Impact of Globalization on Entrepreneurship. Economic Analysis, 52(1), 56-68. https://doi.org/10.28934/ea.19.52.12.pp56-68
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; Ramsey & Lorenz, 2016Ramsey, J. R., & Lorenz, M. P. (2016). Exploring the impact of cross- cultural management education on cultural intelligence, student satisfaction, and commitment. Academy of Management Learning and Education 15(1), 79-99. https://doi.org/10.5465/amle.2014.0124
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). Assim, o aumento exponencial das trocas e interações entre múltiplos países originou a integração de aspetos económicos, sociais, culturais, políticos e educativos. Por sua vez, a educação para o empreendedorismo, que se refere à promoção das capacidades individuais que permitem converter ideias em atos (European Commission, 2019), sendo esta uma competência relevante para toda e qualquer pessoa, independentemente da profissão e da função que desempenhe, da região e contexto cultural em que resida. Por ser um campo, por excelência, do desenvolvimento das sociedades, uma vez que se constatou ser um fator desencadeador do crescimento económico, da coesão social, do sucesso organizacional e da realização pessoal (Jardim, 2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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; Sarkar, 2014Sarkar, S. (2014). Empreendedorismo e Inovação (3a. ed). Escolar Editora.; Timmons, 1989Timmons, J. A. (1989). The entrepreneurial mind. Brick House.), ao longo das últimas décadas têm aumentado exponencialmente os programas de educação para o empreendedorismo em todos os continentes (Abdelkarim, 2018Abdelkarim, A. (2018). Toward Establishing Entrepreneurship Education and Training Programmes in a Multinational Arab University. Journal of Education and Training Studies, 7(1), 1. https://doi.org/10.11114/jets.v7i1.3833
https://doi.org/10.11114/jets.v7i1.3833...
; Basu, 2014Basu, R. (2014). Entrepreneurship Education in India: A Critical Assessment and a Proposed Framework. Technology Innovation Management Review, 4(8), 5-10. https://doi.org/10.22215/timreview817
https://doi.org/10.22215/timreview817...
; Byun et al., 2018Byun, C.-G., Sung, C., Park, J., & Choi, D. (2018). A Study on the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs in Higher Education Institutions: A Case Study of Korean Graduate Programs. Journal of Open Innovation: Technology, Market, and Complexity, 4(3), 26. https://doi.org/10.3390/joitmc4030026
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; Carree et al., 2011Carree, M., Della Malva, A., Santarelli, E., Carree, M., Malva, A. D., & Santarelli, E. (2011). The contribution of universities to growth: empirical evidence for Italy. J Technol Transf, 39, 393-414. https://doi.org/10.1007/s10961-012-9282-7
https://doi.org/10.1007/s10961-012-9282-...
; Cheung, 2008Cheung, C. K. (2008). Entrepreneurship education in Hong Kong's secondary curriculum: Possibilities and limitations. Education and Training, 50(6), 500-515. https://doi.org/10.1108/00400910810901827
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; Hernández-Sánchez et al., 2019Hernández-Sánchez, B. R., Sánchez-García, J. C., & Mayens, A. W. (2019). Impact of Entrepreneurial Education Programs on Total Entrepreneurial Activity: The Case of Spain. Administrative Sciences, 9(25), 1-16. https://doi.org/10.3390/admsci9010025
https://doi.org/10.3390/admsci9010025...
; Nieuwenhuizen et al., 2016Nieuwenhuizen, C., Groenewald, D., Davids, J., Van Rensburg, L. J., & Schachtebeck, C. (2016). Best practice in entrepreneurship education. Problems and Perspectives in Management, 14(3), 528-536. https://doi.org/10.21511/ppm.14(3-2).2016.09
https://doi.org/10.21511/ppm.14(3-2).201...
; Solomon, 2007Solomon, G. (2007). An examination of entrepreneurship education in the United States. Journal of Small Business and Enterprise Development, 14(2), 168-182. https://doi.org/10.1108/14626000710746637
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; Valerio et al., 2014Valerio, A., Parton, B., & Robb, A. (2014). Entrepreneurship Education and Training Programs around the World: Dimensions for Success. In World Bank Publications. The World Bank. https://doi.org/10.1596/978-1-4648-0202-7
https://doi.org/10.1596/978-1-4648-0202-...
; Vang, 2017Vang, J. (2017). Entrepreneurship in Western Europe: a contextual perspective. European Planning Studies, 25(6), 1099-1100. https://doi.org/10.1080/09654313.2017.1294380
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).

De modo a contextualizar, importa referir que este fenómeno educativo teve origem na Harvard Business School, onde foi realizado o primeiro curso de empreendedorismo, denominado Management of New Enterprises, disponibilizado por Myles Mace. Um ano depois foi criado um centro de investigação neste domínio, o denominado Research Center in Entrepreneurial History (Cooper, 2005Cooper, A. (2005). Entrepreneurship: The Past, the Present, the Future. In Handbook of Entrepreneurship Research (pp. 21-34). Springer-Verlag. https://doi.org/10.1007/0-387-24519-7_2
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; Landström, 2020Landström, H. (2020). The Evolution of Entrepreneurship as a Scholarly Field. Foundations and Trends® in Entrepreneurship, 16(2), 65-243. https://doi.org/10.1561/0300000083
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). Entretanto, começaram a surgir cursos por várias universidades dos Estados Unidos da América (USA), e em 1967 foram realizados os primeiros Master Bussiness Administration (MBA) sobre empreendedorismo, na Universidade de Stanford e na Universidade de Nova Iorque (Katz, 2003Katz, J. A. (2003). The chronology and intellectual trajectory of American entrepreneurship education. Journal of Business Venturing, 18(2), 283-300. https://doi.org/10.1016/S0883-9026(02)00098-8
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). No ano seguinte, 1968, o Babson College disponibiliza a primeira licenciatura em empreendedorismo (Cooper, 2005). Este fenómeno, paulatinamente, espalhou-se por todo o mundo, dada a sua relevância na solução de problemas emergentes. No entanto, se inicialmente o foco estava na criação e gestão de empresas, nas últimas décadas o foco abriu-se também às competências, atitudes e comportamentos empreendedores (Comissão Europeia, 2004; 2006b; Jardim, 2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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; Krueger, 2015Krueger, N. (2015). Entrepreneurial Education in Practice: Part 1 - The Entrepreneurial Mindset. Secretary-General of the OECD. https://doi.org/10.1017/CBO9781107415324.004
https://doi.org/10.1017/CBO9781107415324...
).

Assim, a educação para o empreendedorismo começou a assumir uma abordagem que permite abranger os alunos de todos os cursos do ensino superior, como também em todos os níveis de ensino, que necessitam desenvolver essas competências, sem as quais torna-se muito difícil enfrentar os desafios profissionais; mas também a população em geral necessita desse ‘mindset’, uma vez que permite criar soluções originais e de valor para vários problemas sociais e económicos emergentes, tais como o desemprego, o ambiente, a pobreza e a exclusão. Deste modo, a EE assumiu o objetivo da promoção desta cultura (Mwasalwiba et al., 2010Mwasalwiba, E. S., Samwel Mwasalwiba, E., & Mwasalwiba, E. S. (2010). Entrepreneurship education: A review of its objectives, teaching methods, and impact indicators. Education and Training, 52(1), 20-47. https://doi.org/10.1108/00400911011017663
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; Plourde & Pelletier, 2007Plourde, H., & Pelletier, D. (2007). Introduction to Entrepreneurial Culture. Gouvernement du Québec - Ministère de l’Éducation, du Loisir et du Sport. https://doi.org/10.2307/3034656
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; Römer-Paakkanen & Suonpää, 2017Römer-Paakkanen, T., & Suonpää, M. (2017). Multiple Objectives and Means of entrepreneurship education at Finnish universities of applied sciences. Haaga-Helia University of Applied Sciences. https://esignals.fi/wp-content/uploads/2020/11/Multiple-Objectives.pdf
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).

Mas para ser eficaz, organizou-se também do ponto de vista pedagógico. Nesse sentido, desenvolveu-se como uma educação baseada em critérios, tais como na definição precisa dos objetivos a serem atingidos, na progressão do processo de ensino-aprendizagem ao longo de todos os níveis de educação, integração do ensino do empreendedorismo nos currículos e em abordagens interdisciplinares (Eurofound, 2015Eurofound, Mascherini, M., Bisello, M. (2015). (2015). Youth entrepreneurship in Europe: Values, attitudes, policies. Publications Office of the European Union. https://data.europa.eu/doi/10.2806/274560.
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; Fayolle et al., 2019Fayolle, A., Kariv, D., & Matlay, H. (2019). The Role and Impact of Entrepreneurship Education: Methods, Teachers and Innovative Programmes (A. Fayolle, D. Kariv, & H. Matlay, Eds.). Edward Elgar. https://doi.org/10.4337/9781786438232
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; Gibb, 2011Gibb, A. (2011). Concepts into practice: meeting the challenge of development of entrepreneurship educators around an innovative paradigm. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 146-165. https://doi.org/10.1108/13552551111114914
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). Consequentemente, e em termos de métodos de ensino, a literatura da especialidade privilegia estratégias bem diversificadas, tais como o learning-by-doing (Banha, 2016Banha, F. (2016). Educação para o empreendedorismo: O triunfo dos professores. Bnomics Editora: Lisboa, Portugal.; Chang et al., 2014Chang, J., Benamraoui, A., & Rieple, A. (2014). Learning-by-doing as an approach to teaching social entrepreneurship. Innovations in Education and Teaching International, 51(5), 459-471. https://doi.org/10.1080/14703297.2013.785251
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; Jardim & Silva, 2019Jardim, J., & Silva, H. (2019). Estratégias de educação para o empreendedorismo. In J. Jardim & J. E. Franco (Eds.), Empreendipédia - Dicionário de Educação para o Empreendedorismo (pp. 338-342). Gradiva.), a investigação-ação (Warner, 2016Warner, K. D. (2016). Action Research for Social Entrepreneurship Education. Miller Center for Social Entrepreneurship.), a integração desta temática no currículo académico (Daraban, 2016Daraban, B. (2016). Building a Curriculum for Social Business Entrepreneurship. Studies in Business and Economics, 11(2), 19-25. https://doi.org/10.1515/sbe-2016-0017
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), o paradigma da inovação (Gibb & Price, 2014) e o design thinking (Baldacchino et al., 2014Baldacchino, L., Geurts, J., Migoń, M. P., Politańska, J., Xerxen, S. P., & Weiner, E. (2014). Best Practices in Teaching Entrepreneurship and Creating Entrepreneurial Ecosys. Fundacja Światowego Tygodnia Przedsiębiorczości. https://www.researchgate.net/publication/290955195_Best_Practices_in_Teaching_Entrepreneurship_and_Creating_Entrepreneurial_Ecosystems_in_Europe
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).

No entanto, não existe unanimidade na aceitação desta abordagem educativa. Efetivamente, constata-se a existência de pensadores e escolas que se opõem à EE, como a corrente denominada estudos críticos de empreendedorismo (Ayers & Saad-Filho, 2015Ayers, A. J., & Saad-Filho, A. (2015). Democracy against Neoliberalism: Paradoxes, Limitations, Transcendence. Critical Sociology, 41(4-5), 597-618. https://doi.org/10.1177/0896920513507789
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; Campos & Soeiro, 2016Campos, A., & Soeiro, J. (2016). A Falácia do Empreendedorismo (1a. edição). Bertrand Editora.; Dashtipour & Rumens, 2018Dashtipour, P., & Rumens, N. (2018). Entrepreneurship, incongruence and affect: Drawing insights from a Swedish anti-racist organisation. Organisation, 25(2), 223-241. https://doi.org/10.1177/1350508417720022
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; Essers et al., 2018Essers, C., Dey, P., Tedmanson, D., & Verduyn, K. (2018). Critical entrepreneurship studies - A manifesto. In Critical Perspectives on Entrepreneurship, 1-14. https://doi.org/10.4324/9781315675381-1
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; Jardim, 2019aJardim, J., & Silva, H. (2019). Estratégias de educação para o empreendedorismo. In J. Jardim & J. E. Franco (Eds.), Empreendipédia - Dicionário de Educação para o Empreendedorismo (pp. 338-342). Gradiva.; Verduijn et al., 2014Verduijn, K., Dey, P., Tedmanson, D., & Essers, C. (2014). Emancipation and/or oppression? Conceptualising dimensions of criticality in entrepreneurship studies. International Journal of Entrepreneurial Behaviour and Research, 20(2), 98-107. https://doi.org/10.1108/IJEBR-02-2014-0031
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), que aponta para a necessidade de uma reflexão crítica sobre este fenómeno global, que pode levar à defesa de uma economia desumana, à ansiedade de querer sempre mais, à criação de expetativas erróneas sobre o processo moroso e trabalhoso de ser empreendedor, à incongruência de pretender mudanças sociais, mas de um modo em que somente alguns usufruam dos benefícios do crescimento económico. As maiores críticas visam a desocultação do pretenso objetivo neoliberal que domina o pensamento político e a prática dos estados atuais, chegando à democracia neoliberal, e o seu neoliberalismo, incompatível com a afirmação da democracia em áreas-chave das sociedades. Apesar dessas perspetivas críticas, a necessidade da EE tornou-se uma realidade incontornável no atual mundo global. Por isso mesmo, este estudo visa explicar e avaliar os efeitos da globalização na promoção da cultura empreendedora.

Segue-se uma secção sobre a metodologia seguida neste estudo. Sendo um estudo concetual, na secção seguinte são sistematizadas as razões que justificam a promoção do empreendedorismo, as políticas empreendedoras globais, as redes internacionais que interligam os profissionais e investigadores que atuam neste domínio. Por fim, conclui-se com os desafios globais subjacentes à temática das políticas educativas, tanto locais, como regionais e internacionais.

METODOLOGIA

Este estudo baseia-se numa revisão teórico-reflexiva da literatura, visando explicar os dados existentes sobre o impacto da globalização na educação para o empreendedorismo. E visa responder às seguintes questões de investigação: de que forma a globalização afeta a EE no mundo atual? Quais são as problemáticas socioeducativas que justificam a promoção global da EE? Que organizações internacionais têm disseminado políticas globais de EE? Quais são as principais redes mundiais focadas no empreendedorismo?

Para encontrar a resposta a estas questões, recorreu-se à análise temática, a qual, enquanto técnica qualitativa de investigação, permite a identificação e interpretação de padrões temáticos num conjunto de dados (Braun & Clarke, 2021Braun, V., & Clarke, V. (2021). Thematic analysis: A practical guide. SAGE Publications.; Christou, 2023Christou, P. A. (2023). How to use thematic analysis in qualitative research. Journal of Qualitative Research in Tourism, 3(2), 79-95. https://doi.org/10.4337/jqrt.2023.0006
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). E foram seguidos os procedimentos preconizados na literatura sobre esta técnica. Numa primeira fase foram identificados 51 artigos publicados por especialistas no domínio; foram encontrados 35 documentos ou relatórios de instituições internacionais, como a OCDE, a Comissão Europeia, o Global Entrepreneurship Monitor; também foram identificados 18 livros e 9 capítulos de livros. Todos eles respondiam de algum modo às questões de investigação previamente colocadas. Após a familiarização com esses dados, os documentos foram organizados por temas, sendo realizada uma leitura dos artigos com base nessas temáticas, ou seja, contextos e problemática, políticas globais de educação empreendedora, comportamentos empreendedores e redes internacionais promotoras do empreendedorismo. Tendo em conta cada uma das temáticas, a escrita dos textos resultou num quadro de referência sobre as tendência da educação empreendedora no mundo atual.

É de referir ainda que um dos principais motivos, que justificou o recurso por esta técnica, foi a flexibilidade da análise temática, o que, diferentemente de outros métodos mais rígidos, permite aos pesquisadores adaptar o processo de análise às necessidades específicas do seu estudo (Braun & Clarke, 2021Braun, V., & Clarke, V. (2021). Thematic analysis: A practical guide. SAGE Publications.; Lochmiller, 2021Lochmiller, C. R. (2021). Conducting thematic analysis with qualitative data. Qualitative Report, 26(6), 2029-2044. https://doi.org/10.46743/2160-3715/2021.5008
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). Também foram consideradas outras abordagens sobre a pesquisa qualitativa, nomeadamente a revisão teórico-reflexiva (Creswell & Creswell, 2022Creswell, J. W., & Creswell, J. D. (2022). Research Design: Qualitative, Quantitative, and Mixed Methods Approaches (5th ed.). SAGE Publications.; Creswell & Poth, 2017; Saldaña, 2021Saldaña, J. (2021). The Coding Manual for Qualitative Researchers. SAGE Publications. https://doi.org/10.1108/qrom-08-2016-1408
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; Tuckman, 2012Tuckman, B. W. (2012). Manual de investigação em educação: metodologia para conceber e realizar o processo de investigação científica (4a. ed). Fundação Calouste Gulbenkian.; Wee & Banister, 2016Wee, B. Van, & Banister, D. (2016). How to Write a Literature Review Paper? Transport Reviews, 36(2), 278-288. https://doi.org/10.1080/01441647.2015.1065456
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).

A pesquisa foi realizada em diversas bases de dados de artigos académicos reconhecidos, como Scopus, Web of Science e Google Scholar, entre outros, para obter uma visão abrangente e atualizada. Os critérios de pesquisa envolveram as palavras-chave “globalização”, “educação empreendedora”, “políticas de empreendedorismo”, “redes internacionais”, “comportamentos empreendedores” e “comunidades educativas globais”. Além disso, foram considerados artigos que abordassem organizações relevantes neste campo de estudo. Dado que esta não é uma revisão sistemática da literatura, mas uma revisão teórica, o que pressupõe ser crítica e reflexiva, não elencamos os documentos analisados, mas foram simplesmente colocados nas referências bibliográficas deste artigo.

A seleção dos artigos foi realizada em duas etapas. Inicialmente, com base na leitura dos títulos e resumos, foram excluídos os estudos que não abordassem diretamente este tema. Em seguida, os demais artigos foram lidos na íntegra e incluídos na revisão se apresentassem abordagem pertinente, metodologia adequada e resultados significativos sobre o objetivo da pesquisa. Os dados extraídos dos artigos selecionados incluíram o objetivo do estudo, metodologia, principais achados e conclusões. Essas informações foram posteriormente analisadas criticamente para identificar padrões, semelhanças, divergências e lacunas na literatura existente.

Ao longo do processo, dado que se tratou de uma revisão teórico-reflexiva da literatura, adotamos uma postura crítica relativamente aos dados, considerando as possíveis limitações dos estudos incluídos e a necessidade de mais pesquisas em determinadas áreas. Esta abordagem permitiu-nos formular uma visão abrangente e diferenciada dos efeitos da globalização na educação para o empreendedorismo e sugerir direções para pesquisas futuras, conforme se apresenta a seguir. A Figura 1, que prova a utilidade deste tipo de revisão, sintetiza a proposta das tendências emergentes no atual mundo global em três partes: as políticas globais, os comportamentos empreendedores e as redes internacionais de educação para o empreendedorismo.

As categorias explicativas apresentadas na referida figura resultaram do processo reflexivo e crítico desenvolvido ao longo do processo de análise temática. Para isso, foram procuradas as temáticas que sobressaíssem em cada uma das questões e a leitura reflexiva dos temas permitiu definir e nomear cada uma das categorias apresentadas neste modelo do impacto da globalização na educação para o empreendedorismo.

CONTEXTOS E PROBLEMÁTICAS SOCIOEDUCATIVAS QUE JUSTIFICAM A EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO

Entre os múltiplos contextos e necessidades da atualidade que justificam a introdução da educação para o empreendedorismo globalmente, a literatura destaca as problemáticas educativas, sociais e laborais (Bornstein & Davis, 2010Bornstein, D., & Davis, S. (2010). Social Entrepreneurship: What everyone needs to know. Oxford University Press. https://doi.org/10.1093/wentk/9780195396348.001.0001
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; Jardim, 2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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; Lopes, 2010Lopes, R. M. A. (2010). Educação Empreendedora: Conceitos, modelos e práticas. Elsevier., 2017; Maritz et al., 2015Maritz, A., Jones, C., & Shwetzer, C. (2015). The status of entrepreneurship education in Australian universities. Education and Training, 57(8-9), 1020-1035. https://doi.org/10.1108/ET-04-2015-0026
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; Porfírio et al., 2023Porfírio, J. A., Augusto Felício, J., Carrilho, T., & Jardim, J. (2023). Promoting entrepreneurial intentions from adolescence: The influence of entrepreneurial culture and education. Journal of Business Research, 156, 113521. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2022.113521
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; Seikkula-Leino et al., 2019Seikkula-Leino, J., Ruskovaara, E., Pihkala, T., Rodríguez, I. D., & Delfino, J. (2019). Developing entrepreneurship education in Europe: teachers' commitment to entrepreneurship education in the UK, Finland and Spain. In A. Fayolle, D. Kariv, & H. Matlay (Eds.), The Role and Impact of Entrepreneurship Education, 130-145. EE Elgar. https://doi.org/10.4337/9781786438232.00014
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; Vanclay, 2020Vanclay, F. (2020). Reflections on Social Impact Assessment in the 21st century. Impact Assessment and Project Appraisal, 38(2), 126-131. https://doi.org/10.1080/14615517.2019.1685807
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). Estas problemáticas estão presentes em muitos países, sobretudo naqueles onde não se verificou o aperfeiçoamento da qualidade da educação, da saúde, da democracia e trabalho. A análise que se segue, na sua generalidade, tem em consideração esses países, estando focada fundamentalmente nos que possuem menores índices de empreendedorismo, conforme os dados mais recentes do GEM (Global Entrepreneurship Monitor, 2017, 2018, 2020).

Começando pelas problemáticas educativas, por exemplo, no contexto português, sobressaem os baixos níveis de qualificação profissional e de escolaridade, tanto da população em geral como dos líderes das organizações (Assembleia da República, 1986; Barata et al., 2012Barata, M. C., Calheiros, M. M., Patrício, J., Graça, J., & Lima, M. L. (2012). Avaliação do Programa Mais Sucesso Escolar. CIS-IUL/ISCTE/IUL. https://www.researchgate.net/publication/273120694_Avaliacao_do_Programa_Mais_Sucesso_Escolar
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; European Commission, 2019; Jardim, 2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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; Martins, 2017Martins, G. d’Oliveira. (2017). Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Ministério da Educação/Direção-Geral da Educação (DGE).). Sem formação, é difícil a inovação enquanto predominam os comportamentos coerentes com o status quo, estrangulando qualquer tentativa de mudança organizacional e social. A tendência para a persistência do problema do insucesso escolar evidencia, por um lado, a incapacidade do sistema educativo em assegurar a igualdade de oportunidades a todos os alunos e, por outro lado, a dificuldade do sistema em conciliar uma educação de qualidade com uma educação para todos. Nesse sentido, segundo Simão et al. (2005Simão, J. V., Santos, S. M. dos, & Costa, A. de A. (2005). Ambição Para a Excelência: A Oportunidade de Bolonha. Gradiva.), prevê-se que, apesar das iniciativas desenvolvidas em Portugal nas últimas décadas, no sentido da qualificação dos portugueses, a média europeia será atingida pelos portugueses somente em 2050.

Por sua vez, a escola tradicional habituou-se a um ensino estandardizado, em que tudo deve ser ensinado e avaliado do mesmo modo, como se não existissem diferenças notórias nos reais interesses e nos talentos mais promissores de cada um (Jardim, 2010Jardim, J. (2010). Programa de Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais: Estudo para a Promoção do Sucesso Académico. Instituto Piaget., 2021a; Marques, 1999Marques, R. (1999). Modelos Pedagógicos Actuais. Plátano Editora.). Por isso, as disciplinas apareciam isoladas umas das outras, como também os professores e os alunos. Na realidade, esta educação em série serviu para o período da expansão da era industrial, mas não serve para um período da história como o atual, caracterizado pela diferenciação, pela criatividade e pela inovação. Assim, a ligação ao mundo da realidade exige deixar de ensinar e aprender em série. E tendo em consideração que quando o foco do ensino está mais no saber-saber do que no saber-fazer, no saber-ser, no saber conviver e no saber-ter, a escola tem dificuldade em cumprir a sua missão na promoção de uma educação integral, auxiliando os alunos a terem consciência dos seus talentos (Delors, 1996Delors, J. (1996). Educação: Um tesouro a descobrir. Cortez Editora.). Por isso mesmo, interessa entender o potencial da educação para o empreendedorismo, para a ativação do código que potencia os talentos e as inteligências diferenciadas e complementares. Somente assim, os melhores talentos serão valorizados e bem pagos, também no contexto nacional.

Já relativamente às problemáticas sociais, é de referir que se o desenvolvimento não acontece através do talento e do mérito, alguns encontram a solução na dependência de subsídios (Fairlie et al., 2015Fairlie, R. W., Karlan, D., & Zinman, J. (2015). Behind the GATE experiment: Evidence on effects of and rationales for subsidised entrepreneurship training. American Economic Journal: Economic Policy, 7(2), 125-161. https://doi.org/10.1257/pol.20120337
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; Fong, 2019Fong, G. R. (2019). Export Dependence versus the New Protectionism: Constraints on Trade Policy in the Industrial World. Routledge.; Jardim, 2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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). E deixam-se levar pelo facilitismo dos subsídios que infantilizam e não possibilitam uma verdadeira aposta na formação, na inovação e na mudança (Sousa, 2011Sousa, L. de. (2011). Corrupção. Fundação Francisco Manuel dos Santos.). E a vida social fica ainda mais complicada quando o tempo é gasto nas desculpas, lamentos e subserviência ao poder político, atraindo a incompetência, em vez da melhoria e da produtividade. O círculo vicioso torna-se ainda mais grave quando a corrupção fica instalada nas instituições, a ponto de se tornar cultural e endémica. E constata-se que existem condições objetivas que incentivam os atos individuais de corrupção, nomeadamente o monopólio do poder de decisão, a pouca transparência e responsabilização. Verifica-se também que a corrupção, enquanto forma de influência ou compra de decisões, permaneceu invariável ao longo dos séculos, apesar de ter evoluído, com base em novas oportunidades e novos retornos compensadores destes atos ilícitos (Jardim, 2021b).

Somam-se às duas questões anteriores as problemáticas laborais. E este terceiro domínio das razões, que justificam a disseminação da cultura empreendedora na sociedade, começa por ser percebido quando se constata uma procura preferencial de emprego no Estado. Quando encontrar um trabalho público é uma ambição para a maioria dos cidadãos, torna-se complicado promover a realização de projetos socioprofissionais conformes com as aptidões pessoais e as reais necessidades societárias, viciam o desenvolvimento da sociedade e da afirmação do mérito próprio (Lodi et al., 2020Lodi, E., Zammitti, A., Magnano, P., Patrizi, P., & Santisi, G. (2020). Italian Adaption of Self-Perceived Employability Scale: Psychometric Properties and Relations with the Career Adaptability and Well-Being. Behavioral Sciences, 10(5), 82. https://doi.org/10.3390/bs10050082
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; Small et al., 2018Small, L., Shacklock, K., & Marchant, T. (2018). Employability: a contemporary review for higher education stakeholders. Journal of Vocational Education and Training, 70(1), 148-166. https://doi.org/10.1080/13636820.2017.1394355
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; Succi & Canovi, 2020Succi, C., & Canovi, M. (2020). Soft skills to enhance graduate employability: comparing students and employers' perceptions. Studies in Higher Education, 45(9), 1834-1847. https://doi.org/10.1080/03075079.2019.1585420
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). Assim, a oportunidade de trabalhar na função pública, mais do que a preferência das preferências, deveria ser mais um trabalho entre os vários a escolher. E o ciclo continua com a saída dos cidadãos mais talentosos e mais qualificados para o estrangeiro. Porque no estrangeiro são mais valorizados, tantos socialmente como financeiramente, muitos optam por uma carreira profissional no estrangeiro. Apesar da evolução positiva verificada nos últimos anos, ainda existe muito trabalho a ser realizado, a fim de que os estudantes, quando concluam um curso profissional ou um curso superior, ingressem no mercado de trabalho. Daí a importância de a educação para o empreendedorismo preparar os estudantes com as soft skills e as hard skills necessárias para o mercado de trabalho atual.

Finalmente, este ciclo oponente ao desenvolvimento prende-se com os baixos níveis de empreendedorismo verificados em muitas regiões (Carvalho et al., 2015Carvalho, L. C., Dominguinhos, P., Baleiras, R. N., & Dentinho, T. P. (2015). Empreendedorismo e Desenvolvimento Regional: Casos Práticos. Edições Sílabo.; Committee of the Regions, 2015; Etzkowitz & Klofsten, 2005Etzkowitz, H., & Klofsten, M. (2005). The innovating region: Toward a theory of knowledge-based regional development. R&D Management, 35(3), 243-255. https://doi.org/10.1111/j.1467-9310.2005.00387.x
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; Jardim, 2020Jardim, J. (2020). Regiões Empreendedoras: Descrição e avaliação dos contextos, determinantes e políticas favoráveis à sua evolução. Revista de Divulgação Científica AICA, 12(1), 197-212. https://www.calameo.com/read/00216777380176cf8705a
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; Lawton Smith et al., 2013Lawton Smith, H., Glasson, J., Romeo, S., Waters, R., & Chadwick, A. (2013). Entrepreneurial regions: Evidence from Oxfordshire and Cambridgeshire. Social Science Information, 52(4), 653-673. https://doi.org/10.1177/0539018413499978
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; Obschonka et al., 2015Obschonka, M., Stuetzer, M., Gosling, S. D., Rentfrow, P. J., Lamb, M. E., Potter, J., & Audretsch, D. B. (2015). Entrepreneurial regions: Do macro-psychological cultural characteristics of regions help solve the "knowledge paradox" of economics? PLoS ONE, 10(6), 1-21. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0129332
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). Assim, constata-se que as regiões com níveis de empreendedorismo mais elevados tendem a observar menores índices de pobreza. E são estes índices que justificam um empenho cada vez mais intenso e coletivo para que todos tenham acesso a uma lógica para ter espírito de iniciativa e de cultura empreendedora. E a gravidade destas problemáticas está precisamente no facto de originarem um círculo vicioso que desencadeia uma sucessão de acontecimentos que impedem a qualidade de vida das sociedades. Nesse sentido, importa introduzir ideias estratégicas que parem este círculo. E é precisamente isso que se pretende com a promoção de políticas de EE em todo o mundo. E nisso beneficia-se do fenómeno da globalização, que entre os seus múltiplos impactos, destaca-se por originar políticas globais de EE, redes internacionais de suporte à promoção da cultura empreendedora e um conjunto de comportamentos empreendedores, que alavancam a transformação da sociedade através do desenvolvimento das capacidades para criar produtos e serviços originais e de valor, e para inovar na solução dos problemas mais prementes.

POLÍTICAS GLOBAIS DE EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO

Além da literatura permitir sistematizar as problemáticas subjacentes à educação para o empreendedorismo, também faculta uma descrição da definição de políticas (Da Silva & Fernandes, 2019Fernandes, N. (2019). SEBRAE. In J. Jardim & J. E. Franco (Eds.), Empreendipédia - Dicionário de Educação para o Empreendedorismo (pp. 691-693). Gradiva: Lisboa, Portugual.; European Commission, 2006c, 2014b, 2020; European Commission/EACEA/Eurydice, 2012; Gomes et al., 2013Gomes, M. V. P., Alves, M. A., & Fernandes, R. J. R. (2013). Políticas Públicas de Fomento ao Empreendedorismo e às Micro e Pequenas Empresas. Programa Gestão Pública e Cidadania.; O’Connor, 2013O'Connor, A. (2013). A conceptual framework for entrepreneurship education policy: Meeting government and economic purposes. Journal of Business Venturing, 28(4), 546-563. https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2012.07.003
https://doi.org/10.1016/j.jbusvent.2012....
; Xu, 2012Xu, X. (2012). Analysis of national policies for entrepreneurship education in China. Globalisation, Societies and Education, 10(3), 403-420. https://doi.org/10.1080/14767724.2012.710483
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). Para isso aponta-se para a necessidade de serem sinergicamente conjugados os esforços dos atores locais, tais como as universidades, a indústria e os governos, de modo a originar ecossistemas empreendedores, de ‘clusters’ empresariais e regiões empreendedoras (Jardim, 2020Jardim, J. (2020). Regiões Empreendedoras: Descrição e avaliação dos contextos, determinantes e políticas favoráveis à sua evolução. Revista de Divulgação Científica AICA, 12(1), 197-212. https://www.calameo.com/read/00216777380176cf8705a
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). Nesta interação sinérgica, universidade, indústria e governos intervêm com os seus conhecimentos, competências e recursos, concretizando projetos numa trajetória de crescimento, para responder aos desafios e pressões, tanto locais como externos, e realizando atividades devidamente planificadas e coordenadas.

Numa perspetiva histórica, a literatura mostra como este fenómeno, permitiu paulatinamente definir políticas concretas de promoção do empreendedorismo. E entre os conteúdos dessas políticas destaca-se em primeiro lugar o facto de, se inicialmente o foco estava na criação e gestão de empresas, nas últimas décadas o foco abriu-se também às competências, atitudes e comportamentos empreendedores (Comissão Europeia, 2004; 2006b; Jardim, 2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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; Krueger, 2015Krueger, N. (2015). Entrepreneurial Education in Practice: Part 1 - The Entrepreneurial Mindset. Secretary-General of the OECD. https://doi.org/10.1017/CBO9781107415324.004
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). Assim, a educação para o empreendedorismo começou a assumir uma abordagem que permite abranger os alunos de todos os cursos do ensino superior, como também de todos os níveis de ensino, que necessitam de desenvolver essas competências, sem as quais torna-se muito difícil enfrentar os desafios profissionais; mas também a população em geral necessita desse ‘mindset’, uma vez que permite criar soluções originais e de valor para vários problemas sociais e económicos emergentes, tais como o desemprego, o ambiente, a pobreza e a exclusão. Deste modo, a EE assumiu o objetivo da promoção desta cultura (Mwasalwiba et al., 2010Mwasalwiba, E. S., Samwel Mwasalwiba, E., & Mwasalwiba, E. S. (2010). Entrepreneurship education: A review of its objectives, teaching methods, and impact indicators. Education and Training, 52(1), 20-47. https://doi.org/10.1108/00400911011017663
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; Plourde & Pelletier, 2007Plourde, H., & Pelletier, D. (2007). Introduction to Entrepreneurial Culture. Gouvernement du Québec - Ministère de l’Éducation, du Loisir et du Sport. https://doi.org/10.2307/3034656
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; Römer-Paakkanen & Suonpää, 2017Römer-Paakkanen, T., & Suonpää, M. (2017). Multiple Objectives and Means of entrepreneurship education at Finnish universities of applied sciences. Haaga-Helia University of Applied Sciences. https://esignals.fi/wp-content/uploads/2020/11/Multiple-Objectives.pdf
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).

Para alcançar este objetivo, foram desenhados os mais diversos programas que, por definição, consistem em intervenções intencionais e sistemáticas, resultantes da identificação das necessidades de uma população, dirigidas a objetivos específicos, fundamentadas em modelos teóricos, e sugerindo atividades e recursos pedagógicos para a sua execução e avaliação (Jardim, 2010Jardim, J. (2010). Programa de Desenvolvimento de Competências Pessoais e Sociais: Estudo para a Promoção do Sucesso Académico. Instituto Piaget.). Relativamente a programas de EE importa referir que a sua presença é realmente global, tendo os mais diversos destinatários, tais como os alunos do ensino superior (Dolabela, 2006Dolabela, F. (2006). O segredo de Luísa - Uma ideia, uma paixão e um plano de negócios: como nasce o empreendedor e se cria uma empresa. Editora de Cultura., Dolabela, 2008; Soundarajan et al., 2016Soundarajan, N., Camp, S. M., Lee, D., Ramnath, R., & Weide, B. W. (2016). NEWPATH: An innovative program to nurture IT entrepreneurs. Advances in Engineering Education, 5(1), 1-27. https://files.eric.ed.gov/fulltext/EJ1090561.pdf
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), da escola primária (Barba-Sánchez & Atienza-Sahuquillo, 2016Barba-Sánchez, V., & Atienza-Sahuquillo, C. (2016). The development of entrepreneurship at school: the Spanish experience. Education and Training, 58(7-8), 783-796. https://doi.org/10.1108/ET-01-2016-0021
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; Cárcamo-Solís et al., 2017Cárcamo-Solís, M. de L., Arroyo-López, M. del P., Alvarez-Castañón, L. del C., & García-López, E. (2017). Developing entrepreneurship in primary schools. The Mexican experience of "My first enterprise: Entrepreneurship by playing." Teaching and Teacher Education, 64, 291-304. https://doi.org/10.1016/j.tate.2017.02.013
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; Hercz et al., 2021Hercz, M., Pozsonyi, F., & Flick-Takács, N. (2021). Supporting a Sustainable Way of Life-Long Learning in the Frame of Challenge-Based Learning. Discourse and Communication for Sustainable Education, 11(2), 45-64. https://doi.org/10.2478/dcse-2020-0018
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; Jardim et al., 2015, Jardim et al., 2018; Pinho et al., 2019Pinho, M. I., Fernandes, D., Serrão, C., & Mascarenhas, D. (2019). Youth Start Social Entrepreneurship Program for Kids: Portuguese UKIDS-Case Study. Discourse and Communication for Sustainable Education, 10(2), 33-48. https://doi.org/10.2478/dcse-2019-0016
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), do ensino secundário (Jardim et al., 2019; Kirkley, 2017Kirkley, W. W. (2017). Cultivating entrepreneurial behaviour: entrepreneurship education in secondary schools. Asia Pacific Journal of Innovation and Entrepreneurship, 11(1), 17-37. https://doi.org/10.1108/apjie-04-2017-018
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; Steenekamp et al., 2011Steenekamp, A. G., Van der Merwe, S. P., & Athayde, R. (2011). An investigation into youth entrepreneurship in selected South African secondary schools: An exploratory study. Southern African Business Review, 15(3), 46-75. https://hdl.handle.net/10520/EJC92936
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); como também os mais diversos contextos fora da escola, tais como municipal (Audretsch et al., 2017Audretsch, D. B., Obschonka, M., Gosling, S. D., & Potter, J. (2017). A new perspective on entrepreneurial regions: linking cultural identity with latent and manifest entrepreneurship. Small Business Economics, 48(3), 681-697. https://doi.org/10.1007/s11187-016-9787-9
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; Karlsson, 2011Karlsson, H. (2011). Summer Entrepreneur an Activity for stimulating Entrepreneurship Among Youths: A Case Study in a Swedish County. US-China Education Review, 1(5), 715-725. https://files.eric.ed.gov/fulltext/ED527682.pdf
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), agrícola (Forcher-Mayr & Mahlknecht, 2020Forcher-Mayr, M., & Mahlknecht, S. (2020). A Capability Approach to Entrepreneurship Education: The Sprouting Entrepreneurs Programme in Rural South African Schools. Discourse and Communication for Sustainable Education, 11(1), 119-133. https://doi.org/10.2478/dcse-2020-0011
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; Ulvenblad et al., 2020Ulvenblad, P., Barth, H., Ulvenblad, P.-O., Ståhl, J., & Björklund, J. C. (2020). Overcoming barriers in agri-business development: two education programs for entrepreneurs in the Swedish agricultural sector. The Journal of Agricultural Education and Extension, 26(5), 443-464. https://doi.org/10.1080/1389224X.2020.1748669
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), de reforma (Cumberland, 2017Cumberland, D. M. (2017). Training and Educational Development for "Vetrepreneurs." Advances in Developing Human Resources, 19(1), 88-100. https://doi.org/10.1177/1523422316682948
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; Kerrick et al., 2016Kerrick, S. A., Cumberland, D. M., & Choi, N. (2016). Comparing military veterans and civlians responses to an Entrepreneurship education program. Journal of Entrepreneurship Education, 19(1), 9-23.).

Entre as instituições que promovem estas políticas globais destaca-se a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que tem emanado numerosos estudos sobre o empreendedorismo (OECD, 2012, 2016, 2018, 2019b, 2019a; OECD/EU, 2020b, 2020a). Na perspetiva da promoção de políticas globais, este organismo publicou recentemente um documento em que destaca a riqueza e a desigualdade como aquilo que influencia a educação (OECD, 2019c). Esta publicação, que reúne evidências internacionais e úteis para a reflexão estratégica sobre a educação, estabelece uma base sobre os desafios atuais. Sobre a globalização afirma que as rápidas mudanças tecnológicas e custos de transporte decrescentes, os fluxos de indivíduos entre países e continentes têm aumentado, trazendo com eles maior diversidade étnica, linguística e cultural para os países da OCDE.

Também a United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO), que tem a educação como um dos seus principais objetivos, possuiu nos seus documentos múltiplas referências à promoção do empreendedorismo (UNESCO, 2019, 2012, 2016, 2020b, 2020a; UNESCO and ILO, 2006). E aponta as competências empreendedoras como fundamentais para o desenvolvimento de pequenas empresas, que deverão ser adquiridas sobretudo pelos mais jovens, que possuem a alfabetização necessária a se fazer, como foi demonstrado através do programa inovador administrado pela Campaing for Female Education (CAMFED), uma organização não governamental (ONG) que apoia a educação de meninas e mulheres em todo continente africano. Também na América Latina, vários programas inovadores focados no desenvolvimento de competências empreendedoras e de pequenos empresários junto de jovens desfavorecidos, como mulheres e jovens indígenas, demonstrando resultados positivos (UNESCO, 2012). Além disso, este organismo internacional, que há muito promove o sentido de iniciativa em todo o mundo, também tem desafiado todos a terem uma cosmovisão do mundo, definindo a cidadania global como o sentimento de pertencer a uma comunidade mais ampla e a uma humanidade comum, e enfatizando a interdependência e a interconexão política, económica, social e cultural entre os níveis local, nacional e global (Lázaro et al., 2018Lázaro, L. M., Rosa, V. M. de la, & Montes, C. P. (2018). A Educação para a Cidadania Mundial como aposta de construção de um novo paradigma educativo. Roteiro. https://doi.org/10.18593/r.v43i1.13089
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).

Por sua vez, a Comissão Europeia também tem promovido insistentemente políticas de empreendedorismo (Bacigalupo et al., 2016Bacigalupo, M., Kampylis, P., Punie, Y., & Van den Brande, G. (2016). EntreComp: the entrepreneurship competence framework. Publication Office of the European Union. https://doi.org/10.2791/593884
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; European Commission, 2004; European Commission, 2006c, 2006b; European Commission, 2008; European Commission, 2011, 2013, 2014a, 2015, 2020; European Commission/EACEA/Eurydice, 2016, European Commission/EACEA/Eurydice, 2019). Aqui importa destacar um dos documentos recentes deste organismo europeu que aponta para as competências fundamentais a desenvolver, denominado Quadro de referência das competências para o empreendedorismo (Bacigalupo et al., 2016). Este documento parte do princípio de que o desenvolvimento da capacidade empreendedora das organizações e dos cidadãos europeus é um dos principais objetivos políticos da União Europeia (UE) e dos Estados-Membros. Já em 2006, a Comissão Europeia identificara o sentido de iniciativa e de empreendedorismo como uma das oito competências-chave necessárias para uma sociedade baseada no conhecimento (European Commission, 2006a). O quadro do EntreComp propõe uma definição compartilhada do empreendedorismo como competência, visando obter consenso entre todas as partes interessadas e estabelecer uma ponte entre os mundos da educação e do trabalho. Tudo desenvolvido mediante uma abordagem de métodos mistos, o quadro EntreComp deverá tornar-se uma referência de facto para qualquer iniciativa que vise promover a capacidade empreendedora dos cidadãos europeus. Este quadro pode ser utilizado como base para o desenvolvimento de currículos e de atividades de aprendizagem que promovam o empreendedorismo como uma competência. Além disso, pode ser usado para a definição de parâmetros destinados a avaliar as competências empreendedoras dos alunos e dos cidadãos.

COMPORTAMENTOS EMPREENDEDORES

A revisão da literatura permitiu evidenciar que as políticas de educação empreendedora se concretizam através da promoção de comportamentos concretos relacionados com as atitudes empreendedoras (Henley, 2017Henley, A. (2017). Does religion influence entrepreneurial behaviour? International Small Business Journal, 35(5), 597-617. https://doi.org/10.1177/0266242616656748
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; Kirkley, 2016Kirkley, W. W. (2016). Entrepreneurial behaviour: the role of values. International Journal of Entrepreneurial Behavior & Research, 22(3), 290-328. https://doi.org/10.1108/IJEBR-02-2015-0042
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; Schmidt et al., 2018Schmidt, S., Bohnenberger, M. C., Panizzon, M., Silvana Regina Ampessan, M., Toivonen, E., & Lampinen, M. (2018). Students entrepreneurial behaviour: an eight-construct scale validation. International Journal of Entrepreneurship, 22(2), 1-20. https://www.abacademies.org/articles/students-entrepreneurial-behaviour-an-eightconstruct-scale-validation-7254.html
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). Um exemplo disso é a proposta de Jardim (2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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, 2022b), que define comportamento empreendedor como a forma de pensar e agir que visa a concretização de ideias e o desenvolvimento de projetos inovadores. Tendo em conta os vários modelos explicativos deste tipo de comportamento, é proposto um quadro útil para os vários contextos socioeducativos e socioeconómicos.

Tendo em consideração as necessidades mais prementes da sociedade atual e o perfil dos empreendedores, destacam-se dez comportamentos empreendedores organizados em três grupos: (1) pensar criativamente, que pressupõe conhecer a realidade e lidar com as suas circunstâncias, reconhecer e valorizar os talentos individuais, e aprender com os erros; (2) ter espírito de iniciativa, que aponta para a capacidade de tomar decisões estratégicas, de avançar com determinação até ao fim e de manter a mente aberta às novas realidades; (3) fazer acontecer, que significa desenvolver a capacidade de melhorar continuamente as práticas, de usar ferramentas para ser mais eficaz e de cultivar relações significativas. Estes são comportamentos necessários para qualquer profissional ser bem-sucedido perante as transformações inerentes às sociedades humanas, daí a sua relevância progressiva nos projetos educativos atuais (Jardim, 2022aJardim, J. (2022a). 365+ Dicionário de Empreendedorismo. Mais Leituras.).

Relativamente à expressão “pensar criativamente”, importa referir a capacidade de examinar um problema considerando ideias e soluções distintas daquelas já experimentadas. Significa abordar uma questão de uma maneira diferente para conseguir resultados singulares. Neste processo, a imaginação assume um papel fundamental, uma vez que permite entrar no mundo das ideias, criando cenários e histórias, produtos e serviços, sendo fora do comum. Também a originalidade permite ser criativo e expressar ideias diferentes (de Bono, 2005de Bono, E. (2005). O Pensamento Lateral: Um Manual de Criatividade. Editora Pergaminho.). Por sua vez, o pensamento visual ajuda na exploração de ideias incomuns e situadas além das “caixas” habituais. Num mundo altamente competitivo, a inovação torna-se uma exigência permanente para se ser bem-sucedido. E a educação para o empreendedorismo contribui para se ser competitivo, uma vez que o pensar criativamente é uma das suas estratégias pedagógicas essenciais (Sternberg, 2005Sternberg, R. (2005). Inteligência de sucesso: Como a inteligência prática e criativa são determinantes para uma vida de sucesso. Coleção Psykhé. Ésquilo.).

Já sobre o espírito de iniciativa refere-se à capacidade de alguém agir ousando empreender algo (Jardim, 2022aJardim, J. (2022a). 365+ Dicionário de Empreendedorismo. Mais Leituras.). É uma das atitudes mais característica dos empreendedores, que consiste em ser mais proativo do que reativo. É este espírito que permite fazer novas experiências e procurar alternativas na resolução dos problemas emergentes (Brooks, 2012Brooks, D. (2012). O Animal Social. Dom Quixote.). Por isso, os empreendedores não esperam que os acontecimentos ocorram, mas fazem acontecer e determinam o rumo dos eventos. A iniciativa assemelha-se a um catalisador que ativa a motivação para dar os passos necessários até chegar à meta, criando o que foi sonhado e projetado. Algumas razões justificam a educação para o espírito de iniciativa (Jardim, 2022a). Em primeiro lugar, é a base da promoção do autoemprego: o espírito de iniciativa constitui a base da promoção do autoemprego, estando presente em pessoas de todas as idades, com ideias e projetos que respondem às necessidades de nichos de mercado. Em segundo lugar, é a chave para a realização de pequenos e grandes projetos: a iniciativa fez com que muitos inventores, compositores e escritores iniciassem os seus trabalhos a partir da imaginação, mas depois realizaram todo o seu potencial. Em terceiro lugar, é a manifestação da tomada de decisão de alguém: a iniciativa é a expressão de uma tomada de decisão, sem a qual ninguém concretiza uma compra, viagem ou projeto, permitindo escolher o que ajuda a concretizar objetivos. Em quarto lugar, é a manifestação da confiança: a iniciativa pressupõe que a pessoa assuma as responsabilidades e as consequências das suas ações. E, finalmente, é a expressão da criatividade e inovação: os inventores, cientistas e empreendedores têm o hábito de fazer várias experiências, tentando e recomeçando continuamente até conseguirem o que almejaram antes.

Sobre a concretização de ideias importa referir que esta aponta para o ato ou efeito de realizar um conceito, tornando concreto algo que é abstrato. Os empreendedores distinguem-se por serem pragmáticos na materialização dos seus propósitos. Concretizam as suas ideias porque têm uma inteligência prática (Isaacson, 2019Isaacson, W. (2019). Leonardo da Vinci. Porto Editora.; Sternberg, 2005Sternberg, R. (2005). Inteligência de sucesso: Como a inteligência prática e criativa são determinantes para uma vida de sucesso. Coleção Psykhé. Ésquilo.). E desenvolvem ideias apropriadas às circunstâncias envolventes. Por isso, o ato de empreender não pode ser transmitido simplesmente a alguém como se fosse uma teoria; mas é apreendido pelo próprio através da sua ação e reflexão. A aprendizagem está associada à prática, à tentativa e erro, à exploração das novas tecnologias e ao pensamento crítico. A qualidade de uma ideia é avaliada pelo facto de ser exequível ou não (Isaacson, 2016; Sternberg, 2005). Por isso, a ação é a verdadeira medida da inteligência. Não importa tanto o que se pensa, diz ou planeia, mas sim o que se faz. O sucesso nunca reside no saber, mas sim no fazer. Os livros lidos, as conferências assistidas e as aulas apreendidas interessam enquanto levam a agir. Os empreendedores, sendo pessoas de ação, sabem como fazer, como resolver problemas, como concretizar uma decisão. E descobrem os modos mais adequados para começar, desenvolver e terminar os seus projetos. Além disso, o seu pragmatismo ensinou-lhes que o segredo da concretização consiste em dar particular atenção ao começar e ao terminar a ação. Manifestam essa capacidade de concretização na prototipagem, que permite tornar tangível uma ideia, seja através do papel, da encenação ou simulação de artefactos materiais. Pode ser uma miniatura, maquete, ou simulação o mais aproximada possível de um produto, serviço, processo ou modelo de negócio. Uma pedagogia dos sonhos, que se pretende conducente ao sucesso, requer este tipo de inteligência. Daí a relevância de a educação apostar na concretização das ideias dos alunos por intermédio de projetos que resolvem problemas locais e que trazem mais-valias para os próprios e para a sociedade.

REDES INTERNACIONAIS DE INVESTIGAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO PARA O EMPREENDEDORISMO

A revisão da literatura também permitiu verificar que o fenómeno da globalização proporcionou a criação de um conjunto de redes que têm favorecido tanto a observação e avaliação global do empreendedorismo, bem como a investigação e a sua promoção.

A rede que se destaca internacionalmente neste domínio é o Global Entrepreneurship Monitor (GEM), que realiza sistematicamente estudos abrangentes sobre a atividade empreendedora no mundo mediante relatórios globais, como, por exemplo, os mais recentes (Global Entrepreneurship Monitor, 2017, 2018, 2019, 2020), mas existem também outros relatórios e estudos originados por esta instituição que demonstram a pertinência desta rede internacional no desenvolvimento da cultura empreendedora (Arafat et al., 2020Arafat, M. Y., Saleem, I., Dwivedi, A. K., & Khan, A. (2020). Determinants of agricultural entrepreneurship: a GEM data based study. International Entrepreneurship and Management Journal, 16(1), 345-370. https://doi.org/10.1007/s11365-018-0536-1
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; Coduras et al., 2010Coduras, A., Jonathan, L., Kelley, D., Saemundsson, R., & Schott, T. (2010). GEM special report: a global perspective on entrepreneurship education and training. GEM. https://www.gemconsortium.org/file/open?fileId=47119
https://www.gemconsortium.org/file/open?...
; Dvouletý & Orel, 2020Dvouletý, O., & Orel, M. (2020). Individual determinants of entrepreneurship in visegrád countries: Reflection on gem data from the Czech Republic, Hungary, Poland, and Slovakia. Entrepreneurial Business and Economics Review, 8(4), 123-137. https://doi.org/10.15678/EBER.2020.080407
https://doi.org/10.15678/EBER.2020.08040...
; Schott et al., 2015Schott, T., Kew, P., & Cheraghi, M. (2015). Future Potential - A GEM perspective on youth entrepreneurship 2015. Global Entrepreneurship Research Association (GERA). https://www.gemconsortium.org/file/open?fileId=49200
https://www.gemconsortium.org/file/open?...
; Singer et al., 2003Singer, S., Šarlija, N., Pfeifer, S., & Peterka, S. O. (2003). What makes Croatia a (non) entrepreneurial country? CEPOR - SMEs and Entrepreneurship Policy Centre. https://www.cepor.hr/wp-content/uploads/2015/03/EN-GEM-2017-za-web.pdf
https://www.cepor.hr/wp-content/uploads/...
; Thurik & Dejardin, 2012Thurik, R., & Dejardin, M. (2012). Entrepreneurship and culture. In M. van Gelderen & E. Masurel (Eds.), Entrepreneurship in Context (pp. 1-9). Routledge.; Velilla & Ortega, 2017Velilla, J., & Ortega, R. (2017). Determinants of entrepreneurship using fuzzy set methods: Europe vs. non-Europe. Applied Economics Letters, 24(18), 1320-1326. https://doi.org/10.1080/13504851.2016.1276262
https://doi.org/10.1080/13504851.2016.12...
). Reunindo dados de mais de 300 instituições académicas e de pesquisa distribuídas por mais de 100 países, geram informações que permitem dinamizar e desenvolver serviços e atividades organizacionais e administrativas, tendo assim um papel significativo na elaboração de ideias de negócio e oportunidades económicas ao nível global.

A Fundação Kauffman, fundada pelo empreendedor e filantropo Ewwing Marion Kauffman (1916-2016), na cidade de Kansas, aspira promover a independência financeira dos indivíduos e o envolvimento dos cidadãos na melhoria das suas comunidades (Dees, 2001Dees, J. G. (2001). The Meaning of Social Entrepreneurship. In Hamschmidt, J., & Pirson, M. (Eds.). Case Studies in Social Entrepreneurship and Sustainability, 34-42. Greenleaf Publ. https://web.stanford.edu/group/e145/cgi-bin/spring/upload/handouts/dees_SE.pdf
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; Foundation, 2004Foundation, E. M. K. (2004). Entrepreneurship Education: Learning by Doing. Kaufman Foudation. https://www.iicseonline.org/Educational_Entrepreneurship2.pdf.
https://www.iicseonline.org/Educational_...
; Foundation et al., 2017; Torrance & Rauch, 2013Torrance, C. J., & Rauch, J. (2013). Entrepreneurship Education Comes of Age on Campus: The challenges and rewards of bringing entrepreneurship to higher education. Kauffman Foundation. https://doi.org/10.2139/ssrn.2307987
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). Para isso, atua no âmbito da disseminação do empreendedorismo e da melhoria da educação das crianças e jovens. Ao nível do empreendedorismo, a fundação trabalha nos USA de modo a contribuir para a sociedade americana ser mais empreendedora através da criação de emprego, inovação e prosperidade económica. Com equipas de educadores e investigadores, atua com os seus parceiros procurando explicar o impacto económico do empreendedorismo, treinar os jovens empreendedores, desenvolver programas de competências empreendedoras. Além de dar particular atenção às crianças menos favorecidas, apoiando a sua formação académica, promove a matemática, as ciências, a engenharia e a tecnologia, como forma privilegiada de contribuir para a preparação dos profissionais necessários para o mundo atual. Entre as suas iniciativas principais, destaca-se o programa global Kauffman, que promove o empreendedorismo internacional através da imersão de jovens empreendedores de todo o mundo na cultura empresarial americana; a iniciativa Kauffman ‘campus’ que visa renovar a maneira como as universidades formam para o empreendedorismo; o programa FastTrac é uma simulação de projeto para elaborar, gerir e expandir uma ideia de negócio; o programa Kauffman fellows destina-se a empresários de capital de risco, no âmbito do investimento na inovação global; e a publicação do índice de atividade empreendedora Kauffman, sendo um dos principais indicadores da criação de novos negócios nos USA. Deste modo, constata-se que esta fundação desenvolve um conjunto de atividades que estão conforme as políticas globais de educação para o empreendedorismo, fundamentando tanto a intervenção pedagógica como a investigação científica.

Outra rede internacional é a Ashoka, destacada por interligar os empreendedores sociais (Ashoka U, 2011Ashoka U, & Brock D. D. (2011). Social Entrepreneurship Education Resource Handbook. Ashoka. http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1872088
http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.1872088...
; Ashoka U & Brock, 2011; Brock, 2008; McAnany, 2013McAnany, E. (2013). Social Entrepreneurship and Communication for Development and Social Change. Nordicom Review, 33(Special-Issue), 205-217. https://doi.org/10.2478/nor-2013-0036
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). É uma organização sem fins lucrativos, com foco em empreendedorismo social, fundada na Índia por Bill Drayton em 1980, tendo ficado muito conhecida através da obra Como mudar o mundo (Bornstein, 2007Bornstein, D. (2007). Como mudar o mundo: Os empreendedores sociais e o poder de novas ideias. Editora: Estrela Polar.), sobre o modo como os empreendedores sociais concretizam ideias inovadoras. Bill Drayton inspirou-se em Mahatma Gandhi e no Movimento dos Direitos Civis, tendo como objetivo principal diminuir as desigualdades através do empreendedorismo social. A organização recebeu o nome do imperador Ashoka, o governante do Império Máuria durante o século III a.C.. O imperador Ashoka reconheceu o sofrimento que causou pela unificação do seu império e promoveu a tolerância religiosa e filosófica e a importância primordial da moral ao trabalhar para o público.

Também é de referir a Red EmprendeSur, oficialmente constituída em 2004 na Argentina, que desempenha um papel relevante no panorama do empreendedorismo e inovação na América Latina. Inicialmente focada no Mercosul, a rede ampliou a sua atuação para toda a região latino-americana a partir de 2008, reforçando a sua importância no contexto da globalização e formação de redes de empreendedorismo. Tem como missão encorajar o empreendedorismo e a inovação como uma condição de cidadania no século XXI. Os objetivos específicos da Red EmprendeSur incluem a promoção da educação para o empreendedorismo e inovação em todos os níveis do sistema educativo formal, desde a educação básica até a superior (Vera Castillo, 2015Vera Castillo, P. (2015). Red Emprendesur: universidad, educación, emprendimiento e innovación. Ingeniería Solidaria, 11(18), 57-63. https://doi.org/10.16925/in.v11i18.991
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; Vera Castillo et al., 2019). Esta rede é constituída por uma comunidade de indivíduos voluntários, focados no desenvolvimento solidário e sustentável dos povos latino-americanos. Em suma, a Red EmprendeSur emerge como um catalisador para a inovação e o desenvolvimento sustentável na América Latina.

Já no contexto brasileiro, destaca-se o SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Da Silva & Fernandes, 2019Fernandes, N. (2019). SEBRAE. In J. Jardim & J. E. Franco (Eds.), Empreendipédia - Dicionário de Educação para o Empreendedorismo (pp. 691-693). Gradiva: Lisboa, Portugual.; Rosa et al., 2015Rosa, C. A., Couto, G. M., & Lage, M. G. (2015). Guia Essencial para Empreendedores: 1 Descoberta. SEBRAE/MG.; SEBRAE, 2013). O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) é uma entidade privada e sem fins lucrativos, cuja missão principal reside na criação, apoio, desenvolvimento e promoção de micro e pequenas empresas em território brasileiro. Com 700 postos de atendimento e cerca de 5000 colaboradores diretos, alocados em todos os estados do Brasil, a agência presta serviços de consultoria a empreendedores, presentes e futuros, nas mais variadas áreas do mundo empresarial, desde as finanças, a gestão, o ‘marketing’, os recursos humanos, a produção, o direito, a qualidade, a tecnologia da informação, o comércio internacional, entre outros (Da Silva & Fernandes, 2019).

No contexto português, uma rede que adquire cada vez mais uma dimensão internacional é o Gabinete Empreende - Gabinete de Educação para o Empreendedorismo e Cidadania (GabEECG, CEG-CIPSH, UAb) (Jardim, 2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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; Jardim & Franco, 2013, 2019). Iniciado em 2008 no contexto do Instituto Europeu de Ciências da Cultura - Padre Manuel Antunes (IECC-PMA), tem como missão principal a promoção da cultura empreendedora através do desenvolvimento das competências, emoções, valores e ferramentas daquela cultura. Conta com uma equipa marcadamente transdisciplinar de investigadores, professores e formadores, coadjuvada por colaboradores nacionais e internacionais, que desenvolve projetos de investigação e programas de intervenção numa abordagem interdisciplinar de modo a contribuir para a autorrealização das pessoas, o sucesso das organizações, a coesão social e o crescimento económico. O Gabinete Empreende alia a investigação, a intervenção e avaliação, para garantir o impacto social da sua ação. Nesse sentido, tem como base modelos teóricos e estratégias de ensino e aprendizagem reflexivas e empiricamente validadas. Entre esses modelos destacam-se os modelos cognitivo-comportamentais, a pedagogia diferenciada, a aprendizagem cooperativa, a psicologia positiva e a abordagem humanista. Por outro lado, privilegia as estratégias de construção e aplicação de programas, bem como a realização de eventos académicos e formativos sobre temáticas relacionadas com as ciências do empreendedorismo.

Concluindo a apresentação destes resultados, constata-se que este estudo apresentou evidências sobre o modo como a globalização influencia o desenvolvimento recente da educação para o empreendedorismo, desencadeando, internacionalmente, a criação de tendências comuns (Banha et al., 2022Banha, F., Coelho, L. S., & Flores, A. (2022). Entrepreneurship Education: A Systematic Literature Review and Identification of an Existing Gap in the Field. Education Sciences, 12(5). https://doi.org/10.3390/EDUCSCI12050336
https://doi.org/10.3390/EDUCSCI12050336...
; Jardim, 2021bJardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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; Pittaway & Cope, 2007Pittaway, L., & Cope, J. (2007). Entrepreneurship education: A systematic review of the evidence. International Small Business Journal, 25(5), 479-510. https://doi.org/10.1177/0266242607080656
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; Seikkula-Leino et al., 2019Seikkula-Leino, J., Ruskovaara, E., Pihkala, T., Rodríguez, I. D., & Delfino, J. (2019). Developing entrepreneurship education in Europe: teachers' commitment to entrepreneurship education in the UK, Finland and Spain. In A. Fayolle, D. Kariv, & H. Matlay (Eds.), The Role and Impact of Entrepreneurship Education, 130-145. EE Elgar. https://doi.org/10.4337/9781786438232.00014
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). Tendo em conta esses dados, esta revisão teórico-reflexiva permitiu-nos conceber um modelo do impacto da globalização na educação para o empreendedorismo, conforme pode ser observado na Figura 1.

Figura 1
Modelo do impacto da globalização na educação empreendedora

Neste modelo destacam-se os contextos e problemáticas emergentes no atual mundo global e digital, bem como os desafios e oportunidades educativas que proporciona. Assim, tendo em consideração as múltiplas consequências da globalização, organizou-se o impacto da globalização na educação para o empreendedorismo em três grandes domínios: a definição conjunta de políticas educativas globais, a criação de redes internacionais de investigação e desenvolvimento, e a promoção de comportamentos empreendedores.

DISCUSSÃO

Este estudo, que se baseou na revisão teórico-reflexiva, seguindo a abordagem da análise temática, permitiu descrever os padrões mais relevantes e os temas emergentes sobre o impacto da globalização na educação empreendedora. A discussão que se segue analisa com mais profundidade e implicações estes temas, estabelecendo ligações com a literatura existente e destacando as novas perspetivas que surgem dos nossos resultados. Além disso, refletimos sobre as limitações deste estudo e as perspetivas para as investigações futuras.

Tendo em consideração os dados recolhidos e analisados criticamente, constata-se que no atual mundo global, caraterizado pelas mudanças rápidas e pelas tecnologias, a literatura converge para serem promovidas políticas de educação para o empreendedorismo, privilegiando, para isso, os ambientes educativos criativos que otimizem os talentos individuais e habilitem à inovação e à flexibilidade no exercício de responsabilidades profissionais em profissões completamente novas (Adedeji et al., 2020Adedeji, S. B., Rahman, M. M., Abdul, M. B., Ghani, M. F. B. A., Uddin, M. J., & Rahaman, Md. S. (2020). Innovative Teaching Methods and Entrepreneurship Education: a Synthesised Literature Review. Educational Administration Research and Review, 2(1). https://doi.org/10.17509/earr.v2i1.21713
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; Nikolov & Timpe-Laughlin, 2021Nikolov, M., & Timpe-Laughlin, V. (2021). Assessing young learners' foreign language abilities. Language Teaching, 54(1), 1-37. https://doi.org/10.1017/S0261444820000294
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; Susskind & Susskind, 2019Susskind, R., & Susskind, D. (2019). O Futuro das Profissões: Como a tecnologia transformará o trabalho dos especialistas humanos. Gradiva.). Esta perspetiva situa-se na mesma senda daquelas que defendem a relevância das redes internacionais neste domínio, dado que permitem usufruir de suporte especializado focado na solução dos problemas emergentes ao nível internacional, tais como aqueles relacionados com o meio ambiente, saúde, pobreza e desemprego (Awogbenle & Iwuamadi, 2010Awogbenle, a. C., & Iwuamadi, K. C. (2010). Youth unemployment: Entrepreneurship development programme as an intervention mechanism. African Journal of Business Management, 4(6), 831-835. https://academicjournals.org/journal/AJBM/article-abstract/841B08423424
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; Olasehinde et al., 2015Olasehinde, M. O., Akanmode, O. A., Alaiyemola, A. T., & Babatunde, O. T. (2015). Promoting the Reading Culture Towards Human Capital and Global Development. English Language Teaching, 8(6), 194-200. https://doi.org/10.5539/elt.v8n6p194
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; Zoberman, 2020Zoberman, Y. (2020). Uma História do Desemprego: Da Antiguidade aos Nossos Dias. Teodolito.).

Também constatamos que a promoção qualitativa do empreendedorismo só será conseguida mediante o desenvolvimento de um conjunto de procedimentos socioeducacionais e formativos, que desenvolvam predisposições nas gerações mais jovens para criarem e inovarem (Awogbenle & Iwuamadi, 2010Awogbenle, a. C., & Iwuamadi, K. C. (2010). Youth unemployment: Entrepreneurship development programme as an intervention mechanism. African Journal of Business Management, 4(6), 831-835. https://academicjournals.org/journal/AJBM/article-abstract/841B08423424
https://academicjournals.org/journal/AJB...
; Bottazzi & Dindo, 2013Bottazzi, G., & Dindo, P. (2013). Globalising knowledge: How technological openness affects output, spatial inequality, and welfare levels. Journal of Regional Science, 53(4), 631-655. https://doi.org/10.1111/jors.12034
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; Jardim et al., 2021Jardim, J., Bártolo, A., & Pinho, A. (2021). Towards a Global Entrepreneurial Culture: A Systematic Review of the Effectiveness of Entrepreneurship Education Programs. Education Sciences, 11(8), 398. https://doi.org/10.3390/educsci11080398
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). Efetivamente, o desenvolvimento de comportamentos empreendedores pressupõe um contexto educativo onde valorizam-se os talentos individuais das crianças e jovens (Henley, 2017Henley, A. (2017). Does religion influence entrepreneurial behaviour? International Small Business Journal, 35(5), 597-617. https://doi.org/10.1177/0266242616656748
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; Isaacson, 2016Isaacson, W. (2016). Os inovadores. Porto Editora.; Jardim, 2021c). Com base numa pedagogia ativa e interativa é possível dar dinamismo à aprendizagem, sobretudo quando são identificados, respeitados e promovidos os talentos individuais e a sua consequente maximização, bem como a minimização das fragilidades pessoais (Chang et al., 2014Chang, J., Benamraoui, A., & Rieple, A. (2014). Learning-by-doing as an approach to teaching social entrepreneurship. Innovations in Education and Teaching International, 51(5), 459-471. https://doi.org/10.1080/14703297.2013.785251
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; Foundation, 2004Foundation, E. M. K. (2004). Entrepreneurship Education: Learning by Doing. Kaufman Foudation. https://www.iicseonline.org/Educational_Entrepreneurship2.pdf.
https://www.iicseonline.org/Educational_...
).

Também constatámos que, uma vez que um dos impactos principais da globalização na EE consiste na ativação de comportamentos empreendedores, que estão a ser trabalhados em todos os continentes, prevê-se o sucesso na superação dos desafios deste tempo, tais como aqueles relacionados com a empregabilidade e a coesão social (Da Silva & Fernandes, 2019Fernandes, N. (2019). SEBRAE. In J. Jardim & J. E. Franco (Eds.), Empreendipédia - Dicionário de Educação para o Empreendedorismo (pp. 691-693). Gradiva: Lisboa, Portugual.; Jardim, 2020Jardim, J. (2020). Regiões Empreendedoras: Descrição e avaliação dos contextos, determinantes e políticas favoráveis à sua evolução. Revista de Divulgação Científica AICA, 12(1), 197-212. https://www.calameo.com/read/00216777380176cf8705a
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; Sarkar, 2014Sarkar, S. (2014). Empreendedorismo e Inovação (3a. ed). Escolar Editora.). E isso acontecerá enquanto as escolas forem verdadeiras comunidades educadoras globais, grupos e equipas que atuam tendo em consideração o contexto socioeconómico atual, caracterizado pelas exigências de desenvolvimento económico, de superação das problemáticas relacionadas com o desemprego, de um mercado de trabalho que mudou radicalmente na última década e também caracterizado pela exigência de todos os profissionais possuírem competências empreendedoras (Mitra, 2017Mitra, J. (2017). Holistic experimentation for emergence: A creative approach to postgraduate entrepreneurship education and training. Industry and Higher Education, 31(1), 34-50. https://doi.org/10.1177/0950422216684072
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; Souto et al., 2022Souto, I., Brito, E., & Pereira, A. (2022). Self-Efficacy, Resilience and Distress: Challenges in Education for Sustainable Entrepreneurship in a Health Context. Education Sciences, 12(10), 720. https://doi.org/10.3390/educsci12100720
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).

Nesse sentido, a investigação realizada aponta para a necessidade de a educação para o empreendedorismo atingir três finalidades essenciais. A primeira refere-se ao reforço do potencial de empregabilidade, permitindo o acesso a formações específicas e de carácter prático nos diversos domínios do empreendedorismo, nomeadamente, o empreendedorismo social, o empreendedorismo tecnológico, o empreendedorismo cooperativo, o empreendedorismo local e noutros domínios de interesse (European Commission, 2006c, 2006b, European Commission, 2019; European Commission/EACEA/Eurydice, 2016, 2019). A segunda relaciona-se com o desenvolvimento de competências, atitudes e processos inovadores, criativos e proativos de autoemprego, potenciando e maximizando os conhecimentos teóricos, científicos e experienciais adquiridos anteriormente (Jardim et al., 2023Jardim, J., Pereira, A., Bartolo, A., Pinho, A., Cardoso, M., & Catanho, P. (2023). Promoting an Entrepreneurial Culture: Development, Feasibility and Acceptability of a Primary School-Based Program Focused on Soft Skills. Education Sciences, 13(11), 1074. https://doi.org/10.3390/educsci13111074
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). E a terceira refere-se à habilitação dos cidadãos com algumas ferramentas conducentes à concretização de projetos e organizações que criem produtos e serviços inovadores, disponibilizando-se para isso, recursos técnicos e estruturais para iniciarem com sucesso os seus projetos empreendedores (European Commission, 2006c; Hernández-Sánchez et al., 2019Hernández-Sánchez, B. R., Sánchez-García, J. C., & Mayens, A. W. (2019). Impact of Entrepreneurial Education Programs on Total Entrepreneurial Activity: The Case of Spain. Administrative Sciences, 9(25), 1-16. https://doi.org/10.3390/admsci9010025
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).

No que diz respeito aos contextos e questões socioeducativas, a análise reafirmou a necessidade de educação para o empreendedorismo, particularmente em países com menores taxas de empreendedorismo (Dvouletý & Orel, 2020Dvouletý, O., & Orel, M. (2020). Individual determinants of entrepreneurship in visegrád countries: Reflection on gem data from the Czech Republic, Hungary, Poland, and Slovakia. Entrepreneurial Business and Economics Review, 8(4), 123-137. https://doi.org/10.15678/EBER.2020.080407
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; Global Entrepreneurship Monitor, 2020). As questões educacionais, sociais e laborais identificadas na literatura refletem desafios relativos à qualidade da educação, saúde, democracia e trabalho. Estas questões sublinham a necessidade de medidas educativas e políticas para combater estas questões. O papel do espírito empresarial como meio de promover o crescimento económico e de abordar estas questões é crucial.

No âmbito das políticas globais de educação para o empreendedorismo, ficou evidente que a globalização facilitou a definição de tais políticas globalmente (Datta, 2015Datta, A. (2015). New urban utopias of postcolonial India: 'Entrepreneurial urbanisation' in Dholera smart city, Gujarat. Dialogues in Human Geography, 5(1), 3-22. https://doi.org/10.1177/2043820614565748
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; Jardim, 2022bJardim, J. (2022b). As Soft Skills dos Políticos com Impacto Social: Quadro de Referência das Competências Políticas Criado com Base na Obra Antuniana. In J. E. Franco & G. d’Oliveira Martins (Eds.), Repensar Portugal, a Europa e a Globalização: Saber Padre Manuel Antunes, SJ, 100 Anos (pp. 547-569). Imprensa da Universidade de Coimbra.; Vickery, 2019Vickery, J. (2019). Creative economy, cultural economics and entrepreneurship - Questions for a masters programme in its adolescence. An Interview with Mariangela Lavanga and Ellen Loots. Arts and Humanities in Higher Education, 18(2-3), 269-278. https://doi.org/10.1177/1474022219831613
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). Verificou-se que a colaboração sinérgica entre os diferentes atores locais - universidades, indústria e governos - é essencial para a criação de ecossistemas empreendedores. Estas interações permitem desenvolver projetos coordenados e planeados que respondem aos desafios locais e externos.

Finalmente, esta revisão aponta que a globalização criou uma multiplicidade de redes relativamente às redes internacionais de pesquisa e desenvolvimento (Arafat et al., 2020Arafat, M. Y., Saleem, I., Dwivedi, A. K., & Khan, A. (2020). Determinants of agricultural entrepreneurship: a GEM data based study. International Entrepreneurship and Management Journal, 16(1), 345-370. https://doi.org/10.1007/s11365-018-0536-1
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; Coduras et al., 2010Coduras, A., Jonathan, L., Kelley, D., Saemundsson, R., & Schott, T. (2010). GEM special report: a global perspective on entrepreneurship education and training. GEM. https://www.gemconsortium.org/file/open?fileId=47119
https://www.gemconsortium.org/file/open?...
; Dvouletý & Orel, 2020Dvouletý, O., & Orel, M. (2020). Individual determinants of entrepreneurship in visegrád countries: Reflection on gem data from the Czech Republic, Hungary, Poland, and Slovakia. Entrepreneurial Business and Economics Review, 8(4), 123-137. https://doi.org/10.15678/EBER.2020.080407
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; Schott et al., 2015Schott, T., Kew, P., & Cheraghi, M. (2015). Future Potential - A GEM perspective on youth entrepreneurship 2015. Global Entrepreneurship Research Association (GERA). https://www.gemconsortium.org/file/open?fileId=49200
https://www.gemconsortium.org/file/open?...
; Singer et al., 2003Singer, S., Šarlija, N., Pfeifer, S., & Peterka, S. O. (2003). What makes Croatia a (non) entrepreneurial country? CEPOR - SMEs and Entrepreneurship Policy Centre. https://www.cepor.hr/wp-content/uploads/2015/03/EN-GEM-2017-za-web.pdf
https://www.cepor.hr/wp-content/uploads/...
; Thurik & Dejardin, 2012Thurik, R., & Dejardin, M. (2012). Entrepreneurship and culture. In M. van Gelderen & E. Masurel (Eds.), Entrepreneurship in Context (pp. 1-9). Routledge.; Velilla & Ortega, 2017Velilla, J., & Ortega, R. (2017). Determinants of entrepreneurship using fuzzy set methods: Europe vs. non-Europe. Applied Economics Letters, 24(18), 1320-1326. https://doi.org/10.1080/13504851.2016.1276262
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). Estes permitiram uma observação e avaliação global do empreendedorismo, investigação e promoção. Estas redes são vitais para a divulgação de conhecimentos e boas práticas e para estabelecer parcerias estratégicas.

Importa referir ainda que este estudo evidenciou que os métodos qualitativos, nomeadamente através da revisão teórico-reflexiva, revelam-se úteis e adequados à construção do conhecimento científico, como é demonstrado noutras áreas de estudo (Cheng et al., 2016Cheng, Y.-L., Lee, C.-Y., Huang, Y.-L., Buckner, C. A., Lafrenie, R. M., Dénommée, J. A., Caswell, J. M., Want, D. A., Gan, G. G., Leong, Y. C., Bee, P. C., Chin, E., Teh, A. K. H., Picco, S., Villegas, L., Tonelli, F., Merlo, M., Rigau, J., Diaz, D., … Mathijssen, R. H. J. (2016). Thematic Analysis in Social Work: A Case Study. Intech, 11(tourism), 13. https://www.intechopen.com/books/advanced-biometric-technologies/liveness-detection-in-biometrics
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; Fischer & Walker, 2022Fischer, S., & Walker, A. (2022). A qualitative exploration of trust in the contemporary workplace. Australian Journal of Psychology, 74(1). https://doi.org/10.1080/00049530.2022.2095226
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). Adotando uma postura crítica relativamente aos dados e considerando as suas possíveis limitações, esta abordagem permitiu a formulação de uma visão abrangente dos efeitos da globalização na educação para o empreendedorismo.

A presente pesquisa forneceu informações relevantes sobre o impacto da globalização na educação empreendedora, mas é importante reconhecer as suas limitações. Em primeiro lugar, a natureza da nossa análise temática e revisão teórico-reflexiva, embora abrangente, pode ter deixado de lado perspetivas ou casos específicos que poderiam enriquecer ainda mais a nossa compreensão do tema. Adicionalmente, as particularidades do contexto ou dos dados selecionados podem limitar a generalização dos nossos resultados em diferentes contextos geográficos e culturais.

Ao analisarmos o futuro, percebemos que este é um campo promissor para investigações adicionais. A pesquisa poderia ser expandida para incluir uma maior variedade de contextos educacionais e culturais, para avaliar a aplicabilidade e a consistência dos nossos resultados. Além disso, estudos longitudinais poderiam fornecer uma compreensão mais aprofundada das tendências emergentes e do progresso do impacto da globalização na educação empreendedora ao longo do tempo. Um estudo interdisciplinar, que acompanhe a perspetiva de áreas como economia, sociologia e tecnologia da informação, poderia contribuir significativamente para a ampliação da compreensão deste tema complexo e dinâmico.

Na continuação deste estudo, sugere-se também a criação de instrumentos de avaliação do impacto da globalização, de modo a serem medidos com rigor os seus resultados na ativação de mudanças comportamentais, que se pretendem conforme os indicadores da qualidade de vida e os objetivos do desenvolvimento sustentável. Deste modo, verificar-se-á quais são os comportamentos mais promovidos através da educação global para o empreendedorismo, bem como aqueles que se revelem eficazes na superação dos problemas atuais, como são aqueles relacionados com o ambiente, a pobreza, a saúde e a qualidade de vida.

CONCLUSÃO: RUMO À CONSTRUÇÃO DE COMUNIDADES EDUCADORAS GLOBAIS

Esta revisão teórica da literatura apresentou e analisou vários aspetos relacionados com a influência da globalização na educação para o empreendedorismo. A análise centrou-se principalmente nos contextos socioeducativos e nas questões que justificam a educação para o empreendedorismo, nas políticas globais de educação para o empreendedorismo e nas redes internacionais de investigação e desenvolvimento sobre educação para o empreendedorismo.

Conclui-se que a globalização desempenha um papel crucial na formação da educação para o empreendedorismo. Os desafios e oportunidades identificados nesta análise realçam a importância da educação para o empreendedorismo como uma componente essencial do crescimento económico e da solução para problemas sociais e educativos. Recomenda-se que pesquisas futuras se concentrem em como maximizar o impacto positivo da globalização nesta área e na criação e validação de instrumentos que possam efetivamente avaliar esse impacto.

Este estudo sublinhou a necessidade de políticas e ações estratégicas que coloquem a educação no centro da construção de comunidades educadoras globais. A educação empreendedora não se apresenta apenas como um meio de incentivar competências e comportamentos inovadores. Porque suscita comportamentos inovadores e interliga profissionais e instituições, constitui e desempenha um papel essencial na resolução de alguns dos desafios mais urgentes da humanidade, tais como a busca da paz entre nações e a sustentabilidade social e ambiental.

É imperativo que os sistemas educativos se adaptem e evoluam para promoverem uma mentalidade empreendedora, que não se limite ao âmbito económico, mas que permeie todas as esferas da vida humana. Esta abordagem educativa deve visar o desenvolvimento de competências críticas, criativas e colaborativas, capacitando os indivíduos a contribuirem ativamente para sociedades mais justas, pacíficas e sustentáveis.

As políticas educativas devem, portanto, ser desenhadas com uma visão holística, integrando a educação empreendedora no currículo e incentivando parcerias entre escolas, universidades, empresas e governos. Esta colaboração multidimensional é fundamental para criar um ecossistema educativo que não só responda aos desafios globais, mas também os antecipem, promovendo uma cultura de inovação responsável e sustentável.

Em suma, a análise crítica e temática dos dados recolhidos nos documentos permitiu elaborar um modelo explicativo do impacto da globalização na educação para o empreendedorismo. Este modelo identifica três dimensões explicativas desse impacto: as políticas educacionais, laborais e sociais; os comportamentos relacionados com a capacidade de pensar criativamente, de agir com iniciativa e de fazer acontecer; e as redes internacionais que estimulam as habilidades empreendedoras, a empregabilidade e a coesão social. E permitiu ainda concluir sobre a necessidade de serem definidas políticas e ações estratégicas que coloquem a educação como fator determinante da construção de comunidades educadoras globais promotoras de comportamentos empreendedores, o que pressupõe a execução de programas educativos e projetos de pesquisa no âmbito da educação empreendedora.

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Editado por

Editor Chefe1 ou Adjunto2:

1Dr. Edmundo Inácio Júnior https://orcid.org/0000-0003-0137-0778 Univ. Estadual de Campinas, UNICAMP

Editor Associado Responsável:

Dra. Rose Mary Almeida Lopes https://orcid.org/0000-0003-2359-7519 ANEGEPE

Editora Executiva1 ou Assistente2:

2M. Eng. Patrícia Trindade de Araújo2 Camille Guedes Melo

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    26 Ago 2024
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2024

Histórico

  • Recebido
    11 Jul 2023
  • Aceito
    03 Maio 2024
  • Publicado
    01 Jul 2024
Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (ANEGEPE) Av. Casa Verde, 2515 - Sala 05, Bairro Casa Verde, CEP 02519-200., Telefone +55 (19) 3701-6673 / 6683 - São Paulo - SP - Brazil
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