Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice: atualização e validação de conteúdo

Palmore-Neri-Cachioni Questionnaire on Basic Knowledge about Old Age: Update and content validation

RESUMO

O objetivo do estudo foi atualizar e avaliar a validade de conteúdo do Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice. A atualização contou com três especialistas em gerontologia. Realizou-se duas rodadas de validação de conteúdo. Utilizou-se o Índice de Validade de Conteúdo a nível de item, traduzido pelo Kappa modificado e a Razão de Validade de Conteúdo, adotando pontuações ≥ 0,78, 0,74 e 1,00, respectivamente. A validade de conteúdo global foi avaliada pelo Índice de Validade de Conteúdo a nível de escala de acordo com a média, assumindo ponto de corte de 0,90. Uma reunião com a autora da versão brasileira foi realizada para esclarecimentos. O estudo piloto foi conduzido com indivíduos da população alvo e avaliado pela taxa de concordância, com ponto de corte 80%. Atualizou-se as respostas de sete itens, 14 itens foram revisados e após a segunda rodada, a validade geral do instrumento foi de 0,96. Quatro itens e a instrução foram discutidos com a autora. O estudo piloto contou com 34 respondentes e alcançou satisfatoriedade. Foi possível obter o Questionário Palmore-Neri-Cachioni | Atualizado e Revisado (2022) que evidenciou validade de conteúdo e de face quando aplicado a uma amostra de profissionais e gestores de saúde.

PALAVRAS-CHAVES
Estudo de validação; Gestor de saúde; Pessoal de saúde; Envelhecimento; Longevidade

ABSTRACT

The aim of the study was to update and assess the content validity of the Palmore-Neri-Cachioni Questionnaire on Basic Knowledge of Old Age. Three gerontology specialists were involved in the update. Two rounds of content validation were carried out. The Content Validity Index at item level was used, translated by the modified Kappa and the Content Validity Ratio, adopting scores ≥ 0.78, 0.74 and 1.00, respectively. Overall content validity was assessed by the Content Validity Index at scale level according to the mean, assuming a cut-off point of 0.90. A meeting was held with the author of the Brazilian version for clarification. The pilot study was conducted with individuals from the target population and assessed by the agreement rate, with a cut-off point of 80%. The answers to seven items were updated, 14 items were revised and after the second round, the overall validity of the instrument was 0.96. Four items and the instruction were discussed with the author. The pilot study had 34 respondents and was satisfactory. It was possible to obtain the Palmore-Neri-Cachioni Questionnaire | Updated and Revised (2022), which showed content and face validity when applied to a sample of health professionals and managers.

KEYWORDS
Validation study; Health manager; Health personnel; Aging; Longevity

Introdução

O envelhecimento populacional tem ocorrido aceleradamente no Brasil¹, mas não tem sido acompanhado pela expectativa de vida saudável², o que pode estar relacionado ao incremento da morbidade associada ao envelhecimento³. Tal fato explica a maior utilização dos serviços de saúde pela população idosa, que necessita de um cuidado continuado e longitudinal⁴.

Nesse sentido, é essencial a reorganização dos serviços de saúde⁵, destacando-se a Atenção Primária à Saúde (APS), nível assistencial de saúde prioritário para as pessoas idosas⁶, apropriado para solucionar a maioria das questões de saúde desses indivíduos⁷, podendo contribuir para a promoção de um envelhecimento saudável.

À vista disso, evidenciam-se dois importantes atores: os profissionais e os gestores de saúde. Os profissionais de saúde devem ter conhecimento dos aspectos teóricos de cunho biológico, psicológico, social e cultural do envelhecimento⁸, assim como os gestores, que devem promover educação permanente aos profissionais, garantir a utilização de todos os serviços de saúde necessários, além de implementar as políticas públicas voltadas ao envelhecimento⁹.

Portanto, a avaliação de conhecimentos gerontológicos no contexto da APS é um importante objeto de investigação. Além disso, a maioria dos instrumentos relacionados ao envelhecimento aborda questões atitudinais¹⁰ e são escassos aqueles que avaliam exclusivamente conhecimentos. Nessa perspectiva, dentre os instrumentos para avaliação de conhecimentos gerontológicos, destaca-se o Questionário de Palmore¹⁰, o Facts on Aging Quiz, um instrumento edumétrico¹¹,¹²,¹³ elaborado apenas com itens fatuais e que podem ser respaldados pela literatura, com o intuito de identificar os principais equívocos e fatos básicos sobre o envelhecimento¹⁰,¹⁴.

O instrumento apresenta 25 itens que cobrem quatro aspectos do envelhecimento (físico, cognitivo, psicológico e social) e originalmente as opções de resposta eram do tipo verdadeiro ou falso¹⁰. Contudo, em 1996, este foi revisado para o formato múltipla escolha a fim de resolver o acerto por adivinhação, no qual determinou-se um gradiente de preconceito para as alternativas incorretas de cada item¹⁵.

No Brasil, em 2002, o Facts on Aging Quiz revisado foi traduzido para o português e adaptado, descartando-se a ideia de níveis de preconceito. A autora realizou uma validação de conteúdo e teste de confiabilidade, com resultados satisfatórios. Nomeado como Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice¹⁴, é amplamente utilizado em estudos brasileiros e em diferentes contextos¹⁶,¹⁷,¹⁸,¹⁹,²⁰.

Entretanto, devido ao seu caráter edumétrico e as respostas pautadas na literatura, o questionário precisa de atualizações periódicas¹⁰,¹³. Consequentemente, novas avaliações da validade de conteúdo podem ser necessárias, pois modifica-se com o tempo e com alterações na dinâmica curricular/educacional que busca representar²¹. Desse modo, o Questionário Palmore-Neri-Cachioni se encontrava desatualizado. Assim, a obtenção de um instrumento para avaliação de conhecimentos gerais gerontológicos atualizado e validado constitui uma lacuna a ser preenchida. Logo, o objetivo do estudo foi atualizar o Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice e avaliar a validade de conteúdo, incluindo a de face da versão atualizada, considerando uma amostra de profissionais e gestores de saúde da APS.

Material e métodos

Desenho e período do estudo

Trata-se de um estudo metodológico conduzido em três etapas: atualização do Questionário Palmore-Neri-Cachioni, validação de conteúdo e estudo piloto. O período de execução se deu de março a setembro de 2022 e foi realizado on-line.

Instrumento: Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice

O instrumento contém 25 itens que abarcam 4 domínios do envelhecimento (físico, cognitivo, psicológico e social). A análise do escore é dada pela média aritmética e/ou pela taxa de acertos total e por domínios¹⁴. A pontuação total é de 25 pontos, mas, devido a alguns itens abarcarem mais de um domínio, estes pontuam uma vez para cada domínio, de forma que a pontuação na avaliação por domínios é de 30 pontos²². Não há pontos de corte ou classificação do escore. Sua interpretação parte do pressuposto que quanto maior a pontuação, maior o conhecimento.

Procedimentos-análise dos dados

ETAPA 1: ATUALIZAÇÃO DAS RESPOSTAS DO QUESTIONÁRIO PALMORE-NERI-CACHIONI

Foram selecionados, por indicação, profissionais de saúde experientes em geriatria/ gerontologia. Verificou-se a adequação aos critérios de seleção (graduação na área da saúde; publicação de artigos científicos; envolvimento atual e pesquisa na área gerontológica).

Após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), solicitou-se a indicação dos itens desatualizados, qual seria a resposta considerada correta (atualizada) e a bibliografia atualizada e adequada ao contexto brasileiro, de respaldo. As sugestões foram analisadas e definidas pelo comitê de avaliação formado pelas pesquisadoras e então incorporadas ao instrumento.

ETAPA 2: VALIDAÇÃO DE CONTEÚDO

O instrumento atualizado foi avaliado por um comitê de especialistas em geriatria/ gerontologia, que pesquisavam e publicavam sobre o tema e que atuaram anteriormente como juízes em validação de conteúdo. Estes foram selecionados mediante consulta nos sítios eletrônicos dos programas de pós-graduação em gerontologia das universidades brasileiras.

A literatura em geral recomenda 5 a 10 juízes²³. Assim, convidou-se via e-mail 29 profissionais. Receberam o TCLE para assinatura e, após isso, a carta explicativa com os objetivos do estudo, motivo de escolha do profissional, origem e especificidades do instrumento, formato das respostas, orientações acerca do procedimento de validação de conteúdo²³,²⁴, bem como o instrumento atualizado e o formulário avaliativo. Entretanto, apenas cinco especialistas retornaram a avaliação, tendo o estudo seguido com os mesmos.

Os juízes avaliaram quantitativamente os domínios do instrumento quanto à abrangência, o instrumento como um todo e características (título, formato, instruções, escore dos domínios e total) quanto à clareza e os itens quanto à clareza e à representatividade, por uma escala do tipo Likert de 4 pontos²³,²⁴.

Posteriormente, a análise da avaliação quantitativa se deu pelo Índice de Validade de Conteúdo a nível de item (I-IVC)²⁵ traduzido por uma estatística Kappa modificada (k*), que ajusta a concordância ao acaso, limitação do IVC, conforme Polit, Beck, Owen²⁶ para os domínios e características. Quanto aos itens, também utilizou-se a Razão de Validade de Conteúdo (RVC)²⁷,²⁸.

Deste modo, os pontos de corte foram: > 0,78 para IVC e 0,74 para k*²⁶, e, para RVC, o ponto de corte foi 1,0, pois além do ajuste casual, ajusta a concordância ao número de juízes²⁸.

Também calculou-se o Índice de Validade de Conteúdo a nível de escala de acordo com a média (S-IVC/Ave) para clareza e representatividade, adotando o ponto de corte de 0,90²⁵,²⁶. Assim, os domínios e características inadequados foram revisados²⁶. Quanto aos itens, na presença de inadequação em pelo menos um índice (IVC/k* ou RVC), para quaisquer dos atributos avaliados, os mesmos foram revisados. Os dados foram analisados no Microsoft Excel 2016.

Para a avaliação qualitativa, os comentários dos juízes foram analisados pelo comitê avaliativo para subsidiar a revisão nos itens, domínios e características inadequados, que em seguida foram submetidos à reavaliação. Após isso, realizou-se uma reunião on-line com a autora do instrumento para definição dos pontos inconclusivos.

ETAPA 3: ESTUDO PILOTO

Um estudo piloto foi conduzido para verificar a validade de face, ou seja, a compreensão do instrumento pelo público-alvo²⁹. Assim, o questionário atualizado e validado quanto ao conteúdo foi preenchido e avaliado, através do Google Formulários, por uma amostra de profissionais e gestores de saúde da APS em Minas Gerais. Todos os participantes declararam a concordância com o TCLE.

Para isso, adaptou-se o questionário de avaliação da praticabilidade de Coluci e Alexandre³⁰. A praticabilidade foi determinada pela taxa de concordância, considerando-se o ponto de corte de 80%, ao somar as respostas 4 e 5 da escala Likert de cada pergunta²³,³¹. Os dados foram analisados no Microsoft Excel 2016. Após essas etapas, foi possível obter a versão do instrumento, resultante desse estudo.

Aspecto ético do estudo

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Alfenas (CAAE: 43590621.4.2001.5142), parecer nº 5.600.376 e seguiu as normas estabelecidas pelas resoluções nº 466/2012³² e nº 510/2016³³ do Conselho Nacional de Saúde. A autora do instrumento na sua versão traduzida e adaptada ao contexto brasileiro concedeu anuência para realização do estudo.

Resultados

Na etapa de atualização, participaram três profissionais, na faixa etária de 25 a 65 anos de idade, sendo a maioria do sexo masculino (n = 2). Um profissional era bacharel em Gerontologia (n = 1) e os demais, enfermeiros (n = 2). Dois profissionais eram doutores e um, mestrando. Um profissional era especialista em Gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG).

Os profissionais apontaram a sugestão de atualização das respostas de seis itens do questionário. Entretanto, após deliberação e análise criteriosa de tais sugestões e das referências bibliográficas indicadas, o comitê avaliativo determinou a atualização nas respostas de sete itens (1, 3, 11, 18, 19, 20 e 21), conforme o quadro 1.

Quadro 1
Relação da atualização das respostas dos itens do Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice, Alfenas, Minas Gerais, Brasil, 2022

Item	Status	Resposta correta
1. A proporção de pessoas de mais de 65 anos que apresentam problemas cognitivos severos é:	Atualizada*	Versão original: 1 em 10 Versão atualizada: Entre 2 e 30%34
2. Os sentidos que tendem ao enfraquecimento na velhice são:	Mantida	Todos os sentidos
3. A maioria dos casais acima de 65 anos:	Atualizada	Versão original: Perdem o interesse por sexo Versão atualizada: Mantém o interesse por sexo, mas pode ocorrer baixa frequência de atividade sexual35,36
4. A capacidade pulmonar nos idosos saudáveis:	Mantida	Tende a declinar
5. A satisfação com a vida entre idosos:	Mantida	Tende a ser maior do que entre os jovens
6. A força física em idosos saudáveis:	Mantida	Tende a declinar com a idade
7. A proporção de brasileiros de mais de 65 anos que residem em asilos e casas de repouso é de:	Mantida*	1 para 100
8. O número de acidentes em motoristas com mais de 65 anos, em comparação com os de 30 a 40 anos	Mantida*	Menor
9. Em comparação com os trabalhadores de 25 a 35 anos, os de 50 a 60 anos apresentam:	Mantida	Depende do tipo de trabalho
10. A proporção de pessoas de 60 a 70 anos que se mantêm ativas é:	Mantida	Grande
11. A flexibilidade para adaptar-se a mudanças entre pessoas de 60 a 70 anos é:	Atualizada	Versão original: Pequena Versão atualizada: Depende das circunstâncias enfrentadas ao longo da vida37
12. Em comparação com os jovens, a capacidade de aprender de pessoas de 60 a 70 anos é:	Mantida	Menor
13. Em comparação com os jovens, os velhos têm a seguinte propensão à depressão:	Mantida	Maior
14. Em comparação com os jovens, a velocidade de reação das pessoas de 60 a 70 anos é:	Mantida	Menor
15. Em comparação com os jovens, os velhos:	Mantida	Valorizam mais as amizades chegadas/próximas
16. Em comparação com os jovens, os velhos são:	Mantida	Não depende de idade
17. A proporção de pessoas de 60 a 70 anos que vivem sozinhas é:	Mantida*	Pequena
18. A taxa de acidentes de trabalho entre adultos mais velhos tende a ser:	Atualizada*	Versão original: Depende do tipo de tarefa Versão atualizada: Menor38
19. A porcentagem de brasileiros acima de 60 anos é:	Atualizada*	Versão original: 8,20% Versão atualizada: 15%39,40
20. No sistema público de saúde o tratamento dos idosos em comparação com os jovens tem prioridade:	Atualizada*	Versão original: Menor Versão Atualizada: Maior41,42
21. A maioria dos idosos brasileiros tem rendimento mensal de:	Atualizada	Versão original: Até 1 salário mínimo Versão atualizada: Até 2 salários mínimos43
22. A maioria dos idosos são:	Mantida	Socialmente produtivos e economicamente inativos
23. A religiosidade tende a:	Mantida	Crescer com a idade
24. Com a idade, a maioria dos idosos:	Mantida	Torna-se emocionalmente mais seletiva
25. Em comparação com as velhas gerações, as próximas gerações de idosos serão:	Mantida*	Mais escolarizadas

• Fonte: elaboração própria.
• ^*
  Item com pequenas melhorias em seu enunciado.

Além disso, oito itens tiveram melhorias em seus enunciados (quadro 1): no item 1, ‘problemas cognitivos severos’ foi alterado para ‘demência’; no item 7, ‘asilos e casas de repouso’ foi substituído por ‘Instituições de Longa Permanência para Idosos (Ilpis)’; no item 8, o termo ‘em’ foi alterado para ‘envolvendo’; no item 17, acrescentou-se o termo ‘no Brasil’; no item 18, acrescentou-se o termo ‘em relação aos jovens’; no item 19, acrescentou-se o termo ‘é cerca de’; no item 20, retirou-se o termo ‘em comparação com os jovens’ e no item 25 o termo ‘velhas gerações’ foi substituído por ‘gerações passadas’.

Padronizou-se o termo ‘idoso’ para se referir à pessoa com 60 anos de idade em detrimento dos termos ‘velho’ e ‘velhice’.

Já a etapa de validação de conteúdo contou com cinco profissionais do sexo feminino, na faixa etária de 30 a 55 anos de idade. A formação foi enfermagem (n = 1), psicologia (n = 1), farmácia-bioquímica (n = 1), fisioterapia (n = 1) e assistência social (n = 1). Todas eram doutoras e atuavam na área gerontológica em âmbito acadêmico (n = 5). Ainda, duas profissionais eram especialistas em gerontologia pela SBGG. Todas (n = 5) relataram atuação prévia como membro de comitê de juízes.

Quanto à avaliação dos domínios, todos tiveram adequação com 100% de concordância entre as juízas. Todas as características do instrumento estavam adequadas onde apenas o título e a instrução não tiveram pontuação máxima, obtendo 0,78 e 0,76 pontos para IVC/k*.

Dos 25 itens, 14 não alcançaram adequação, conforme apresentado na tabela 1 e foram, portanto, revisados.

Tabela 1
Análise quantitativa da rodada inicial de validade de conteúdo dos itens do Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice atualizado, Alfenas, Minas Gerais, Brasil, 2022

Item	Clareza		Representatividade		Clareza	Representatividade	Classificação
	I-IVC	k *	I-IVC	k *	RVC	RVC
01	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
02	0,60	...	1,00	1,00	0,20	1,00	Revisar
03	0,80	0,76	1,00	1,00	0,60	1,00	Revisar
04	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
05	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
06	0,80	0,76	0,80	0,76	0,60	0,60	Revisar
07	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
08	1,00	1,00	0,80	0,76	1,00	0,60	Revisar
09	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
10	0,60	...	1,00	1,00	0,20	1,00	Revisar
11	1,00	1,00	0,80	0,76	1,00	0,60	Revisar
12	0,60	...	0,60	...	0,20	0,20	Revisar
13	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
14	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
15	0,80	0,76	1,00	1,00	0,60	1,00	Revisar
16	0,60	...	0,80	0,76	0,20	0,60	Revisar
17	0,60	...	1,00	1,00	0,20	1,00	Revisar
18	0,80	0,76	0,60	...	0,60	0,20	Revisar
19	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
20	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
21	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
22	0,80	0,76	0,60	...	0,60	0,20	Revisar
23	1,00	1,00	0,80	0,76	1,00	0,60	Revisar
24	0,60	...	0,80	0,76	0,20	0,60	Revisar
25	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter

• Fonte: elaboração própria.
• I-IVC: Índice de Validade de Conteúdo no nível de item;
• k *: Kappa modificado;
• RVC: Razão de Validade de Conteúdo;
• ‘...’: valor não disponível em Polit, Beck, Owen²⁶.

O atributo clareza obteve a maior parte das inadequações, sendo confirmado pelos comentários das juízas e pelo resultado do S-IV/ Ave, em que somente a ‘representatividade’ alcançou adequação, com 0,90, enquanto a clareza pontuou 0,86.

Majoritariamente a falta de clareza advinha dos enunciados incompletos, como no item 16: ‘Em comparação com os jovens, os idosos são’ que após revisão, passou a abordar: ‘No que diz respeito às questões emocionais, as pessoas idosas em comparação com os jovens, são’.

Ademais, os itens 4, 5, 7, 13, 14, 20, 21 e 25 apresentaram melhorias, mas, por não sofrerem alteração no seu conteúdo e estarem adequadas quantitativamente, não foram reavaliados. Seguindo as sugestões, substituiu-se o termo ‘idoso’ para ‘pessoas idosas’⁴⁴ e a idade referente a pessoas idosas foi padronizada para ‘60 anos’⁴¹,⁴², conforme legislação brasileira.

Para a reavaliação do instrumento, uma nova especialista foi convidada, pois uma das cinco juízas da rodada anterior não retornou o contato. A escolha atendeu aos critérios de inclusão estabelecidos, garantindo o quantitativo mínimo exigido para o painel de especialistas.

Assim, esta aconteceu para os 14 itens revisados; para o título, devido a um acréscimo a fim de distinção da versão de 2002 e; para a instrução, que mesmo adequada quantitativamente, apresentou uma sugestão de alteração cujas pesquisadoras consideraram pertinente um novo julgamento. Com isso, após análise da avaliação das juízas, 04 itens ainda permaneceram sem consenso, conforme apresentado na tabela 2.

Tabela 2
Análise quantitativa da reavaliação da validade de conteúdo dos itens do Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice atualizado, Alfenas, Minas Gerais, Brasil, 2022

Itens	Clareza	Representatividade			Clareza	Representatividade	Classificação
	I-IVC	k *	I-IVC	k *	RVC	RVC
02	0,80	0,76	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
03	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
06	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
08	1,00	1,00	0,80	0,76	1,00	0,60	Revisar
10	0,80	0,76	1,00	1,00	0,60	1,00	Revisar
11	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
12	0,80	0,76	0,80	0,76	0,60	0,60	Revisar
15	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
16	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
17	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
18	1,00	1,00	0,80	0,76	1,00	0,60	Revisar
22	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
23	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter
24	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	1,00	Manter

• Fonte: elaboração própria.
• I-IVC: Índice de Validade de Conteúdo no nível de item;
• k *: Kappa modificado;
• RVC: Razão de Validade de Conteúdo.

O título alcançou pontuação máxima para I-IVC/k*, sendo definido como: Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice – Atualizado e Revisado (2022). A instrução: ‘Assinale a alternativa correta em cada questão’, também alcançou pontuações máximas de I-IVC/k*, contudo, recebeu uma sugestão de alteração, pois uma das juízas acreditava que existiam itens com mais de uma resposta correta.

Novamente foi tomado o S-IVC/Ave para verificar o efeito das revisões nos itens, em que clareza e representatividade alcançaram 0,96 pontos, portanto, adequados, refletindo a efetividade das alterações. No entanto, devido à falta de consenso nos itens 8, 10, 12 e 18 e à instrução, realizou-se uma reunião com a autora.

Os itens 08 e 18 receberam a indicação de migrarem para o domínio físico, mas permaneceram no domínio cognitivo, considerando a opinião da autora e os objetivos do estudo.

O item 10 passou a abordar o conceito ampliado de envelhecimento ativo da Organização Mundial da Saúde (OMS), que considera 4 pilares: saúde, aprendizagem ao longo da vida, participação e segurança/proteção⁴⁵.

O item 12, em que a ‘capacidade de aprender’ fora substituído por ‘memória’, após a rodada inicial de avaliação pelos especialistas, foi alterado para ‘velocidade de processamento da informação’, baseado no paradigma Lifespan, pois, segundo a autora, ‘memória’ não era o que o item buscava medir originalmente.

Finalmente a instrução fora definida como: ‘Assinale a alternativa que você considera correta em cada questão’.

Quanto à etapa de estudo piloto, participaram 34 indivíduos, sendo a maioria do sexo feminino (n = 29; 85,3%), na faixa etária de 20 a 60 anos de idade, distribuídos entre 64,7% (n = 22) profissionais de saúde e 35,3% (n = 12) gestores. A área de formação de 70% dos 10 gestores que tinham ensino superior completo era enfermagem (n = 7) e de 45,5% (n = 10) dos profissionais de saúde era nutrição. Em relação aos gestores, 58,3% (n = 7) eram coordenadores da APS.

Ainda, 75,0% (n = 9) dos gestores atuavam na Secretaria Municipal de Saúde e 95,5% (n = 21) dos profissionais atuavam em Unidades Básicas de Saúde (UBS). 67,7% (n = 23) da amostra eram vinculados a equipes de Saúde da Família (eSF) ou a equipes do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (Nasf).

Na avaliação da praticabilidade, a instrução obteve 88,2% de concordância, a compreensibilidade das questões e a facilidade de assinalar as respostas obtiveram 85,3% de concordância, sendo o instrumento considerado adequado e compreensível ao público-alvo.

Como não houve comentário, não foi necessária alteração no instrumento, tendo então sido finalizada a validação de conteúdo, incluindo a validade de face. A versão atualizada e revisada, resultante deste estudo, encontra-se no quadro 2.

Quadro 2
Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice –Atualizado e Revisado (2022), Alfenas, Minas Gerais, 2022

Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice – Atualizado e Revisado (2022) INSTRUÇÃO : Assinale a alternativa que você considera correta em cada questão.

1. A proporção de pessoas acima de 60 anos que apresentam demência é: a) menor que 1% b) entre 2 e 30% * c) entre 40 e 70% d) maior que 80% Cognitivo 2. Os sentidos que tendem a sofrer declínio nas pessoas idosas são: a) somente a visão e a audição b) somente o paladar e o olfato c) somente a visão, a audição e o tato d) todos os sentidos* Físico 3. No que diz respeito à vida sexual de pessoas a partir de 60 anos, a maioria: a) mantém o interesse por sexo, mas pode ocorrer baixa frequência de atividade sexual* b) não é capaz de ter relações sexuais c) mantém o interesse por sexo e tem alta frequência de atividade sexual d) perde o interesse por sexo e tem baixa frequência de atividade sexual Físico/ psicológico 4. Considerando as alterações do processo natural do envelhecimento, a capacidade pulmonar nas pessoas idosas: a) tende a declinar * b) tende a manter-se c) tende a melhorar d) não tem relação com a idade Físico 5. A satisfação com a vida entre as pessoas idosas: a) não existe b) tende a ser maior do que entre os jovens * c) tende a ser menor do que entre os jovens d) não tem relação com a idade Psicológico 6. Considerando as alterações do processo natural do envelhecimento, a força física nas pessoas idosas: a) tende a declinar * b) tende a manter-se c) tende a aumentar d) não tem relação com idade Físico 7. A proporção de brasileiros com mais de 60 anos que residem em Instituições de Longa Permanência (Ilpis) é: a) 1 para 100 * b) 10 para 100 c) 25 para 100 d) 50 para 100 Social 8. O número de acidentes envolvendo motoristas com mais de 60 anos, em comparação com motoristas mais jovens é: a) maior b) o mesmo c) menor * d) desconhecido Físico 9. Em comparação com os trabalhadores de 25 a 35 anos, os de 50 a 60 anos apresentam: a) maior eficiência b) a mesma eficiência c) menor eficiência d) depende do tipo de trabalho * Físico/cognitivo 10. O envelhecimento ativo abrange quatro pilares: saúde; aprendizagem ao longo da vida; participação e segurança/proteção, e não somente a capacidade de estar fisicamente ativo. Assim, considerando estes pilares, a proporção de pessoas de 60 a 70 anos que se mantém ativas é: a) pequena b) média c) grande * d) não tem relação com a idade Psicológico/social/físico 11. A flexibilidade para adaptar-se a mudanças entre pessoas idosas: a) depende das circunstâncias enfrentadas ao longo da vida * b) tende a diminuir c) tende a manter-se d) tende a aumentar Psicológico 12. Em comparação com os jovens, a velocidade de processamento da informação de pessoas idosas: a) tende a declinar * b) tende a manter-se c) tende a aumentar d) não tem relação com a idade Cognitivo 13. Em comparação com os jovens, as pessoas idosas têm a seguinte propensão à depressão: a) maior * b) menor c) igual d) não tem relação com a idade Psicológico 14. Em comparação com os jovens, a velocidade de reação, caracterizada como o intervalo de tempo entre o início do estímulo e o começo da resposta voluntária, das pessoas de 60 a 70 anos é: a) menor * b) igual c) maior d) não tem relação com a idade Físico 15. No que diz respeito às amizades, as pessoas idosas em comparação com os jovens: a) valorizam mais as amizades chegadas/próximas * b) buscam mais fazer novos amigos c) têm pouco interesse em amizades d) as amizades não têm relação com a idade Psicológico/social 16. No que diz respeito às questões emocionais, as pessoas idosas em comparação com os jovens, são: a) mais emotivas b) menos emotivas c) igualmente emotivas d) as questões emocionais não têm relação com a idade * Psicológico 17. A proporção de pessoas idosas que vivem sozinhas no Brasil é: a) menor que 25% * b) próxima a 50% c) acima de 70% d) não tem relação com a idade Social 18. A taxa de acidentes de trabalho entre as pessoas idosas em relação aos jovens: a) tende a ser maior b) tende a ser igual c) tende a ser menor * d) não é conhecida, pois existem poucas pessoas idosas trabalhadoras Físico 19. A porcentagem de brasileiros acima de 60 anos é cerca de: a) 7% b) 15%* c) 25% d) 30% Social 20. No sistema público de saúde o atendimento das pessoas idosas tem prioridade: a) menor b) igual c) maior * d) não tem relação com a idade Social 21. A maioria das pessoas idosas brasileiras tem rendimento mensal de: a) até 2 salários mínimos * b) 2 a 3 salários mínimos c) 3 a 5 salários mínimos d) 5 a 10 salários mínimos Social 22. No que diz respeito ao trabalho, a maioria das pessoas idosas: a) mantém vínculo empregatício formal b) está trabalhando ou gostaria de estar trabalhando (incluindo trabalho doméstico ou voluntário) * c) está fazendo somente trabalho voluntário d) não se interessa pelo trabalho Social 23. Em pessoas idosas, a crença religiosa e/ou espiritualidade: a) tende a aumentar com a idade * b) tende a diminuir com a idade c) tende a manter-se com a idade d) não tem relação com a idade Psicológico 24. No que diz respeito ao comportamento emocional, a maioria das pessoas idosas: a) busca relacionamentos que promovam status social e bem-estar emocional b) busca relacionamentos que promovam bem-estar social e emocional* c) busca relacionamentos que promovam popularidade e bem-estar emocional d) busca não se relacionar Psicológico 25. Em comparação com as gerações passadas, as próximas gerações de pessoas idosas serão: a) mais escolarizadas* b) menos escolarizadas c) tão escolarizadas quanto d) não é possível prever Social

• Fonte: elaboração própria.
• ^*
  Resposta considerada correta.

Discussão

O objeto de estudo foi o Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice, que se encontrava desatualizado. Assim, atualizaram-se os itens 01, 03, 11, 18, 19, 20 e 21. A rodada inicial da validação de conteúdo apresentou adequação para 11 itens, sendo necessária uma segunda rodada, em que ainda quatro itens não alcançaram consenso e foram definidos em reunião com a autora. Realizou-se o estudo piloto com uma amostra de profissionais e gestores de saúde atuantes na APS em Minas Gerais e o questionário apresentou evidência de validade de face.

As etapas do estudo objetivaram garantir que o questionário apresentasse itens cujas respostas fossem atualizadas de acordo com a literatura e adequadas ao contexto brasileiro, como a alteração da idade referente à pessoa idosa de 65 anos para 60 anos⁴¹,⁴². A terminologia também foi considerada, visando a redução do estigma e combate ao idadismo, a discriminação devido à idade⁴⁶, como na substituição dos termos ‘velho/ velhice/idoso’ por pessoa idosa⁴⁴. Essas modificações contribuíram para atestar a validade de face do instrumento pelo público-alvo.

Quanto a atualização, Vieira⁴⁷ atualizou os itens 01, 03, 19 e 20. As referências utilizadas diferiram daquelas que apoiaram nosso estudo, exceto para o item 20, cuja bibliografia foi a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, importante política com vistas à promoção do envelhecimento saudável baseado nas diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS)⁴². Outro estudo, de 2018, atualizou os itens 19 e 22, não sendo disponibilizadas as referências²⁰. Desse modo, o presente estudo se destaca dos acima citados devido ao maior número de itens atualizados, visto que é mais recente e utiliza uma metodologia criteriosa, já que foram consideradas os apontamentos de três profissionais com profundo conhecimento sobre gerontologia, além de contar com uma etapa de deliberação pelas pesquisadoras para verificação cuidadosa de cada sugestão.

Quanto à validação, estudos internacionais que adaptaram o instrumento original de Palmore¹⁰ também procederam com a validação de conteúdo⁴⁸,⁴⁹. Já no Brasil, nosso estudo é pioneiro na validação de conteúdo da versão atualizada.

Ainda, nosso estudo seguiu as recomendações da literatura²³. Embora a maioria indique 5 a 20 juízes²⁴,²⁵,⁵⁰, existem trabalhos realizados com números superiores⁵¹, de acordo com recomendações recentes⁵²,⁵³. Entretanto, apenas cinco de um total de 29 profissionais convidados participaram da presente pesquisa, o que evidencia a dificuldade em adotar um painel extenso de juízes. Esse impasse também foi descrito por Dias et al.⁵⁴ que contou com cinco dos 40 profissionais convidados. Tendo em vista isso, o uso de estratégias que assegurem a qualidade da avaliação deve ser considerado, como a utilização do RVC, pois adequa a concordância ao número de juízes⁵⁵, em que quanto menor o número de juízes, mais rígido é o ponto de corte para permanência do item, e considera um painel que varia de 1 até 40 sujeitos²⁸.

Quanto à análise quantitativa dos itens pelo IVC traduzido pelo k* e o RVC, observa-se que a combinação de índices é recorrente em estudos de validação de conteúdo⁵⁴,⁵⁶,⁵⁷,⁵⁸,⁵⁹,⁶⁰,⁶¹. Nosso estudo foi executado em duas fases de avaliação pelos juízes, seguindo o que recomendam Polit, Beck, Owen²⁶, pois em caso de alterações substanciais nos itens, estes devem ser reavaliados para garantia da validade de seu conteúdo.

Qualitativamente, a maioria dos comentários foram relativos à clareza dos itens, revelando que apesar disso, estes eram relevantes para o conceito abordado e para o domínio designado. Todavia, para evitar esses problemas, os pesquisadores que se propõem a construir instrumentos de medidas devem se atentar aos critérios descritos na literatura que asseguram o correto desenvolvimento dos itens⁶². Ainda, ressalta-se que no estudo atual não foram executadas inclusões e exclusões de itens, pois esses só são realizados com segurança mediante a outras análises, como a análise fatorial confirmatória⁶³, que não contemplavam os objetivos deste estudo.

Como pontos fortes, o estudo apresenta a atualização das respostas do questionário que foi feita rigorosamente, considerando a literatura pertinente e adequada ao contexto brasileiro e contando com a expertise de profissionais da área. Também a avaliação da validade de conteúdo, incluindo a de face, que foi realizada rigorosamente, utilizando-se do IVC e RVC²⁴,²⁵,²⁸,⁵⁵, garantindo que o instrumento apresente itens claros e representativos para o construto avaliado e compreensíveis pela população a que se destina.

Este estudo apresenta como limitação a avaliação exclusiva da validade de conteúdo da versão atualizada do questionário, pois é subjetiva e pode refletir avaliações tendenciosas, equivocadas e insuficientes dos juízes²⁶,⁶⁴. Para minorar esses vieses, foram adotados critérios rigorosos para a escolha dos profissionais, avaliando seu conhecimento prático e científico sobre a temática mediante a consulta do currículo Lattes, além de verificar a atuação prévia em avaliações de validade de conteúdo e conhecimento sobre os procedimentos de construção e adaptação de instrumentos. Também os autores devem tomar as devidas providências ao identificarem avaliações extremas e incoerentes²⁶. Além disso, a interação com a autora do instrumento, como realizado no presente estudo, é uma forma de proteção para que o conteúdo do instrumento não se distancie de sua essência.

Considerações finais

Foi possível obter o Questionário Palmore-Neri-Cachioni de Conhecimentos Básicos sobre a Velhice – Atualizado e Revisado (2022), que apresentou evidência de validade de conteúdo e de face, considerando-se uma amostra de profissionais e gestores de saúde da APS.

Sua aplicabilidade está na identificação do nível de conhecimento de profissionais e gestores de saúde em relação ao envelhecimento, podendo fomentar discussões sobre mudanças na formação e dinâmica curricular dos cursos e para que os gestores se mobilizem na oferta adequada de educação permanente aos profissionais de saúde. Indica-se a aplicação deste instrumento principalmente em contextos similares ao de nosso estudo, devendo-se ter cautela ao extrapolar o uso do instrumento em cenários muito distintos.

Acerca das recomendações para trabalhos futuros, recomenda-se que avaliem as demais evidências de validade e confiabilidade do Questionário Palmore-NeriCachioni – Atualizado e Revisado (2022). Do mesmo modo, devido ao caráter edumétrico do instrumento e dos itens baseadas em dados empíricos, alerta-se que novas atualizações e avaliações de validade podem ser necessárias com o decorrer dos anos.

Finalmente, recomenda-se que os pesquisadores brasileiros que pretendem medir os conhecimentos básicos gerontológicos de sua amostra ou população de estudo, por meio do instrumento de Cachioni¹⁴, utilizem a versão resultante deste presente trabalho.

Disponibilidade de dados

Os dados do presente estudo serão disponibilizados mediante solicitação ao autor correspondente.

• Suporte financeiro: este trabalho teve apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MS/Depros 442317/2020-4), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig – APQ 03954-22) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior-Brasil (Capes) – Código de Financiamento 001

Agradecimentos

Ao projeto de pesquisa Rede para Enfrentamento da Obesidade e Doenças Crônicas Não Transmissíveis – Renob-MG. Aos juízes, profissionais e gestores de saúde que atuaram na pesquisa. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela concessão de bolsa de estudos para a primeira autora deste trabalho.

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Editado por

Editora responsável: Maria Lucia Frizon Rizzotto

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  15 Jul 2024
• Data do Fascículo
  Apr-Jun 2024

Histórico

• Recebido
  27 Out 2023
• Aceito
  23 Abr 2024