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ECOSSISTEMA DE INOVAÇÃO E TEORIA DAS TROCAS SOCIAIS: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA

INNOVATION ECOSYSTEM AND SOCIAL EXCHANGE THEORY: A SYSTEMATIC LITERATURE REVIEW

ECOSISTEMA DE INNOVACIÓN Y TEORÍA DEL INTERCAMBIO SOCIAL: UNA REVISIÓN SISTEMÁTICA DE LA LITERATURA

RESUMO

Ecossistema de inovação representa uma série de atores que possuem parcerias e envolvimento para disseminar conhecimento e tecnologia. A teoria das trocas sociais é constituída por elementos que incentivam as pessoas a pensarem nos benefícios e riscos potenciais de seus relacionamentos. Visto que há uma lacuna na literatura referente à baixa quantidade de artigos que relacionem ecossistema de inovação com a teoria das trocas sociais, o objetivo do estudo foi analisar as contribuições teóricas e gerenciais e as indicações de estudos futuros de artigos científicos que relacionaram os temas para propor categorias de análise. A revisão sistemática da literatura ocorreu por meio de análise bibliométrica e de conteúdo com auxílio do software Iramuteq®. As categorias propostas foram: planejamento geral; atores do ecossistema; ações dos atores; tecnologia e pesquisa; e características das trocas sociais no ecossistema de inovação. O relacionamento entre atores de um ecossistema por meio de seus profissionais promove interação, confiança, cooperação e colaboração - trocas sociais -, que possibilitam um ambiente propício à inovação. A cooperação para a transferência de conhecimento e o compartilhamento se mostram como oportunidade ou suporte para novos produtos e serviços.

Palavras-chave:
Ecossistema de Inovação; Atores do Ecossistema de Inovação; Teoria das Trocas Sociais; Relacionamento; Revisão Sistemática da Literatura

Innovation ecosystem represents a series of actors that have partnerships and involvement to disseminate knowledge and technology. The theory of social exchange is made up of elements that encourage people to think about the potential benefits and risks of their relationships. Given the gap in the literature regarding the low number of articles that relate innovation ecosystem with the theory of social exchanges, the objective of the study was to analyze the theoretical and managerial contributions and indications for future studies of scientific articles that related the themes to propose categories of analysis. The systematic review of the literature occurred through bibliometric and content analysis with the aid of the Iramuteq® software. The proposed categories were: general planning, ecosystem actors, actors' actions, technology and research, and characteristics of social exchanges in the innovation ecosystem. The relationship between actors in an ecosystem through its professionals promotes interaction, trust, cooperation and collaboration (social exchanges) to provide an environment conducive to innovation. Cooperation for knowledge transfer and sharing is an opportunity or support for new products and services.

Keywords:
Innovation Ecosystem; Innovation Ecosystem Actors; Social Exchange Theory; Relationship; Systematic Literature Review


El ecosistema de innovación representa una serie de actores que tienen alianzas e involucramiento para difundir conocimiento y tecnología. La teoría del intercambio social se compone de elementos que alientan a las personas a pensar en los posibles beneficios y riesgos de sus relaciones. Dado el vacío en la literatura respecto al bajo número de artículos que relacionan el ecosistema de innovación con la teoría de los intercambios sociales, el objetivo del estudio fue analizar los aportes teóricos y gerenciales e indicaciones para futuros estudios de artículos científicos que relacionen los temas a proponer categorías de análisis. La revisión sistemática de la literatura ocurrió a través de análisis bibliométrico y de contenido con ayuda del software Iramuteq®. Las categorías propuestas fueron: planificación general, actores del ecosistema, acciones de los actores, tecnología e investigación, y características de los intercambios sociales en el ecosistema de innovación. La relación entre los actores de un ecosistema a través de sus profesionales promueve la interacción, la confianza, la cooperación y la colaboración (intercambios sociales) para proporcionar un entorno propicio para la innovación. La cooperación para la transferencia y el intercambio de conocimientos es una oportunidad o apoyo para nuevos productos y servicios.

Palabras clave:
Ecosistema de Innovación; Actores del Ecosistema de Innovación; Teoría del Intercambio social; Relación; Revisión Sistemática de la Literatura


INTRODUÇÃO

O relacionamento em si faz parte de um quadro mais amplo, no qual as necessidades dos parceiros, posições estratégicas e formação de ecossistemas mudam ao longo do tempo (Usman; Vanhaverbeke, 2017USMAN, M.; VANHAVERBEKE, W. How start-ups successfully organize and manage open innovation with large companies. European Journal of Innovation Management, 2017.). As sinergias geradas entre as atividades inovadoras trazem mais recursos em ambientes locais como em clusters, ecossistemas locais ou hubs tecnológicos (Ferras-Hernandez; Nylund, 2019FERRAS-HERNANDEZ, X.; NYLUND, P. A. Clusters as innovation engines: The accelerating strengths of proximity. European Management Review, v. 16, n. 1, p. 37-53, 2019.). Para o processo de inovação colaborativa, como um conjunto de sistemas de atividades interativas, percebe-se a necessidade de alcançar uma interconexão entre regras e normas de um ambiente de trabalho (Bueno; Balestrin, 2012BUENO, B.; BALESTRIN, A. Inovação colaborativa: uma abordagem aberta no desenvolvimento de novos produtos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 52, n. 5, p. 517-530, 2012.; Baloutsos; Karagiannaki; Pramatari, 2022BALOUTSOS, S.; KARAGIANNAKI, A.; PRAMATARI, K. Identifying contradictions in an incumbent-startup ecosystem-an activity theory approach. European Journal of Innovation Management, v. 25, n. 6, p. 527-548, 2022.).

As empresas que são relativamente independentes, em termos de propriedade, mas que enfrentam níveis altos de interdependência, tendem a se beneficiar da participação em um ecossistema de inovação (Knockaert; Deschryvere; Lechyse, 2019). Elas podem se envolver em ecossistemas de inovação aprimorados por interações sociais, em que as capacidades tecnológicas necessárias para cocriar soluções complexas são abordadas em conjunto (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.). Cada empresa deve sentir, mapear e identificar os atores relevantes do ecossistema externo que são necessários para desenvolver e fornecer serviços inovadores, incluindo suas contribuições de valor (Xie; Wang, 2020XIE, X.; WANG, H. How can open innovation ecosystem modes push product innovation forward? An fsQCA analysis. Journal of Business Research, v. 108, p. 29-41, 2020.; Bagley; Gifford; Mckelvey, 2022BAGLEY, M. J.; GIFFORD, E.; MCKELVEY, M. The evolution of niche: variety in knowledge networks in the global music industry.Industry and Innovation, v. 29, n. 3, p. 425-462, 2022.).

O conceito de ecossistema de inovação se constitui sobre a criação e compartilhamento de conhecimento entre empresas, instituições de ensino superior, poder público e sociedade (Ma et al., 2019MA, L.; LIU, Z.; HUANG, X.; LI, T. The impact of local government policy on innovation ecosystem in knowledge resource scarce region: case study of Changzhou, China. Science, Technology and Society v. 24, n. 1, p. 29-52, 2019.). Por sua vez, gestores e formuladores de políticas devem reconhecer as contribuições inovadoras de empreendedores em novas formas de inovação ecossistêmica (Plata; Aparício; Scott, 2021PLATA, G.; APARICIO, S.; SCOTT, S. The sum of its parts: Examining the institutional effects on entrepreneurial nodes in extensive innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 99, p. 136-152, 2021.). A inovação mantém e impulsiona a mudança dentro de um ecossistema, alterando as regras de interação e as relações coevolutivas entre os atores (Breslin et al., 2021BRESLIN, D.; KASK, J.; SCHLAILE, M.; ABATECOLA, G. Developing a coevolutionary account of innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 98, p. 59-68, 2021.).

Empreendimentos de interação entre atores se tornam ainda mais importantes devido ao contínuo crescimento dos ecossistemas, das tecnologias em rede e das empresas e instituições que os apoiam (Ranganathan; Ghosh; Rosenkopf, 2018RANGANATHAN, R.; GHOSH, A.; ROSENKOPF, L. Competition-cooperation interplay during multifirm technology coordination: The effect of firm heterogeneity on conflict and consensus in a technology standards organization. Strategic Management Journal, v. 39, n. 12, p. 3193-3221, 2018.). Da mesma forma, podem surgir novos atores que atuam ao promover interação e reciprocidade no ecossistema (Gupta et al., 2016GUPTA, A. K.; DEY, A. R.; SHINDE, C.; MAHANTA, H.; PATEL, C.; PATEL, R.; TOLE, P. Theory of open inclusive innovation for reciprocal, responsive and respectful outcomes: Coping creatively with climatic and institutional risks. Journal of Open Innovation: Technology, Market, and Complexity, v. 2, n. 3, p. 16, 2016.; Abdulkader et al., 2020ABDULKADER, B.; MAGNI, D.; CILLO, V., PAPA, A. MICERA, R. Aligning firm's value system and open innovation: a new framework of business process management beyond the business model innovation.Business Process Management Journal v. 26, n. 5, p. 999-1020, 2020.).

Entre os principais elementos da teoria das trocas sociais estão a confiança e a reciprocidade. Indicam apoio à interdependência na estrutura do ecossistema ao longo de sua evolução (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.). A confiança promove a participação no ecossistema, reduzindo a ansiedade dos atores, promovendo a reciprocidade e permitindo a tomada de decisões (Alam; Rooney; Taylor, 2022ALAM, M. A.; ROONEY, D.; TAYLOR, M. From ego-systems to open innovation ecosystems: A process model of inter-firm openness. Journal of Product Innovation Management v. 39, n. 2, p. 177-201, 2022.; Steinbruch; Nascimento; Menezes, 2022STEINBRUCH, F. K.; NASCIMENTO, L. da S.; MENEZES, D. C. de. The role of trust in innovation ecosystems.Journal of Business & Industrial Marketing, v. 37, n. 1, p. 195-208, 2022.). Vale ressaltar que a cooperação entre os atores promove um crescimento abrangente no ecossistema de inovação (Spicka, 2022SPICKA, J. Cooperation in a minimum-waste innovation ecosystem: a case study of the Czech Hemp Cluster. International Journal of Emerging Markets1204286621, n. ahead-of-print, 2022.).

O desequilíbrio entre as experiências colaborativas favorece a reciprocidade entre os membros das comunidades (Ranganathan; Ghosh; Rosenkopf, 2018RANGANATHAN, R.; GHOSH, A.; ROSENKOPF, L. Competition-cooperation interplay during multifirm technology coordination: The effect of firm heterogeneity on conflict and consensus in a technology standards organization. Strategic Management Journal, v. 39, n. 12, p. 3193-3221, 2018.). A colaboração com aqueles que possuem tais recursos pode ajudá-los a economizar custos, preencher uma lacuna de conhecimento, superar a obsolescência, lidar com a escassez de recursos e inovar em produtos para criar uma vantagem competitiva sustentável (Alam; Rooney; Taylor, 2022ALAM, M. A.; ROONEY, D.; TAYLOR, M. From ego-systems to open innovation ecosystems: A process model of inter-firm openness. Journal of Product Innovation Management v. 39, n. 2, p. 177-201, 2022.).

Alguns autores aplicaram pesquisas que focaram diretamente as trocas sociais nos ecossistemas de inovação. Knockaert, Deschryvere e Lechyse (2019) descreveram a relação entre ecossistemas de inovação e competitividade regional e nacional por meio da interdependência organizacional e teoria das trocas sociais que contribuem para o surgimento e funcionamento de novos atores. Para Benitez, Ayala e Frank (2020)BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020., os ecossistemas podem se consolidar e evoluir ao compreender como o valor é cocriado dentro deles. À medida que a confiança e o compromisso - trocas sociais - cresceram, a estrutura de poder passou da centralidade da associação empresarial para um mecanismo de coordenação neutra dos projetos.

Além disso, a lacuna na literatura é referente à baixa quantidade de artigos que relacionam diretamente ecossistema de inovação com a teoria das trocas sociais. Outra percepção foram as contribuições e indicações desses artigos para estudos futuros, em que não foi priorizada uma categorização dos mecanismos e elementos das trocas sociais em um ecossistema de inovação. Desse modo, ficaram restritos ao avanço na análise do dinamismo dos elementos das trocas socais em um contexto evolutivo do ecossistema de inovação (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.). Outro apontamento foi referente à criação de sanções sociais, uma reciprocidade generalizada forçada ou uma macrocultura, de acordo com a teoria da troca social, que podem ser desenvolvidas em benefício de todo o ecossistema de inovação (Knockaert; Deschryvere; Lechyse, 2019KNOCKAERT, M.; DESCHRYVERE, M.; LECLUYSE, L. The relationship between organizational interdependence and additionality obtained from innovation ecosystem participation. Science and Public Policy v. 46, n. 4, p. 490-503, 2019.).

Assim, o objetivo do presente estudo foi analisar as contribuições teóricas e gerenciais e as indicações de estudos futuros de artigos científicos que relacionaram ecossistema de inovação e teoria das trocas sociais para propor categorias de análise. A estruturação do artigo segue com a fundamentação teórica sobre ecossistema de inovação e teoria das trocas sociais; o método; os resultados, com sua análise, descrição e discussão; e as considerações finais.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

Para fundamentar esta pesquisa, apresenta-se um breve referencial teórico sobre as temáticas de ecossistemas de inovação e a teoria das trocas sociais no contexto desses ecossistemas.

1.1 Ecossistema de inovação

Ecossistema pode ser definido como a estrutura de alinhamento do conjunto multilateral de parceiros que precisam interagir para que uma proposta de valor local se materialize (Adner, 2017ADNER, R. Ecosystem as structure: An actionable construct for strategy. Journal of management, v. 43, n. 1, p. 39-58, 2017.). Por sua vez, a geração contínua de inovações úteis em produtos e serviços impulsiona um ecossistema, tanto em termos de desenvolvimento sustentável quanto econômica e comercialmente (Gifford; Mckelvey; Saemundsson, 2021GIFFORD, E.; MCKELVEY, M.; SAEMUNDSSON, R. The evolution of knowledge-intensive innovation ecosystems: co-evolving entrepreneurial activity and innovation policy in the West Swedish maritime system.Industry and Innovation, v. 28, n. 5, p. 651-676, 2021.). Em conjunto, ecossistema e inovação são formados por um grupo de atores (membros), atividades e artefatos, necessários para a evolução de instituições e suas relações complementares e substitutas (Ma et al., 2019MA, L.; LIU, Z.; HUANG, X.; LI, T. The impact of local government policy on innovation ecosystem in knowledge resource scarce region: case study of Changzhou, China. Science, Technology and Society v. 24, n. 1, p. 29-52, 2019.).

Os ecossistemas de inovação permitem não apenas que grandes empresas, mas sim que as micro e pequenas empresas integrem recursos e cocriem soluções para suas demandas (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.). O comportamento de inovação de uma empresa e dos mais diversos atores determina se novos produtos ou tecnologias podem ser desenvolvidos com sucesso (Song, 2016SONG, J. Innovation ecosystem: impact of interactive patterns, member location and member heterogeneity on cooperative innovation performance. Innovation, v. 18, n. 1, p. 13-29, 2016.; Laplane; Borghi; Torracca, 2023LAPLANE, M. F.; BORGHI, R. A. Z.; TORRACCA, J. Ecossistema de inovação e digitalização: uma análise da adoção digital entre as empresas da região de Campinas. Revista Brasileira de Inovação, v. 22, p. e023017, 2023.). Assim, nos ecossistemas de inovação, as organizações concorrentes muitas vezes têm a obrigação de colaborar umas com as outras em grandes fóruns para desenvolver os padrões técnicos que permitem a interoperabilidade entre seus produtos (Ranganathan; Ghosh; Rosenkopf, 2018RANGANATHAN, R.; GHOSH, A.; ROSENKOPF, L. Competition-cooperation interplay during multifirm technology coordination: The effect of firm heterogeneity on conflict and consensus in a technology standards organization. Strategic Management Journal, v. 39, n. 12, p. 3193-3221, 2018.).

Ademais, o ecossistema de inovação possui um papel crucial na colaboração entre os atores para a implementação da inovação, um processo sistêmico, ao vincular a colaboração ao desempenho da inovação (Bueno; Balestrin, 2012BUENO, B.; BALESTRIN, A. Inovação colaborativa: uma abordagem aberta no desenvolvimento de novos produtos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 52, n. 5, p. 517-530, 2012.; Aka; Enagogo, 2021AKA, K. G.; ENAGOGO, C. Agadusameso. Collaborations in innovation activities of rural SMEs: a configurational analysis. Journal of Small Business & Entrepreneurship, p. 1-25, 2021). Nessa realidade, o crowdfunding propicia a colaboração entre universidades, instituições de pesquisa e micro e pequenas empresas. Essa colaboração permite que os empreendedores atuem na coordenação de uma autoridade pública responsável pela inovação em um ecossistema (Çubukcu; Ulusoy; Boz, 2020ÇUBUKCU, A.; ULUSOY, T.; BOZ, E. Y. Crowdfunding and Open Innovation Together: A Conceptual framework of a hybrid crowd innovation model. International Journal of Innovation and Technology Management, v. 17, n. 08, p. 2150003, 2020.).

A mudança do papel das universidades no contexto da inovação altera o papel respectivo de outras partes interessadas no ecossistema de inovação (Striukova; Rayna, 2015STRIUKOVA, L.; RAYNA, T. University-industry knowledge exchange: An exploratory study of Open Innovation in UK universities. European Journal of Innovation Management, v. 18, n. 4, p. 471-492, 2015.; Bittencourt; Figueiró, 2020BITTENCOURT, B. A.; FIGUEIRÓ, P. S. A criação de valor compartilhado com base em um ecossistema de inovação.Cadernos EBAPE. BR, v. 17, p. 1002-1015, 2020.). As universidades devem fortalecer os laços internos entre os membros da comunidade acadêmica para a geração e a disseminação conjunta de conhecimento para inovações que utilizam poucos recursos no seu desenvolvimento (Fischer et al., 2021FISCHER, B.; GUERRERO, M.; GUIMÓN, J.; SCHAEFFER, P. R. Knowledge transfer for frugal innovation: where do entrepreneurial universities stand? Journal of Knowledge Management. 25, n. 2, p. 360-379, 2021.). Os empreendedores e diferentes tipos de empresas estabelecidas precisam intensificar suas conexões com o ambiente acadêmico para promover a inovação e o desenvolvimento sustentável (Bürger; Fiates, 2021BÜRGER, R.; FIATES, G. G. S. Fundamental elements of university-industry interaction from a grounded theory approach.Innovation & Management Review, 2021.).

Uma abordagem de ecossistema incentiva todas as partes interessadas a contribuir e agregar valor à evolução de um ecossistema de inovação regional (Felizola; Aragão; Silva, 2023FELIZOLA, M. P. M.; ARAGÃO, I. M. de A. de; SILVA, A. L. S. O Protagonismo do Ecossistema Catarinense de Inovação. P2P E INOVAÇÃO, v. 10, n. 1, p. 101-126, 2023.). Assim, a perspectiva do ecossistema oferece uma oportunidade melhor para o desenvolvimento sustentável de um ecossistema de inovação regional (Rong et al., 2021RONG, K.; LIN, Y.; YU, J.; ZHANG, Y.; RADZIWON, A. Exploring regional innovation ecosystems: an empirical study in China. Industry and Innovation, v. 28, n. 5, p. 545-569, 2021.). Obter informações confiáveis sobre as capacidades potenciais de sistemas regionais de inovação cria recomendações sobre o desenvolvimento inovador de temas econômicos e de uma região como um todo (Gamidullaeva et al., 2020GAMIDULLAEVA, L.; FINOGEEV, A.; LYCHAGIN, K.; VASIN, S. Study of regional innovation ecosystem based on the big data intellectual analysis. International Journal of Business Innovation and Research, v. 23, n. 3, p. 313-337, 2020.). A perspectiva baseada em transferência de tecnologia da academia para os mercados, por meio da acumulação de conhecimento, explica as contribuições das universidades para os ecossistemas regionais de inovação e, por consequência, para a sociedade (Schaeffer; Guerrero; Fischer, 2021SCHAEFFER, P. R.; GUERRERO, M.; FISCHER, B. B. Mutualism in ecosystems of innovation and entrepreneurship: A bidirectional perspective on universities’ linkages. Journal of Business Research v. 134, p. 184-197, 2021.).

1.2 Teoria das trocas sociais no ecossistema de inovação

A teoria das trocas sociais constitui um paradigma conceitual que abrange as áreas de Administração, Antropologia, Sociologia e Psicologia, associando-se com a formação, manutenção e dissolução de relacionamentos (Cropanzano et al., 2017CROPANZANO, R.; ANTHONY, E. L.; DANIELS, S. R.; HALL, A. V. Social exchange theory: A critical review with theoretical remedies. Academy of Management Annals, v. 11, n. 1, p. 479-516, 2017.). Nessa teoria, o objetivo do comportamento busca as recompensas máximas e os custos mínimos (Yin, 2018YIN, N. The influencing outcomes of job engagement: an interpretation from the social exchange theory. International Journal of Productivity and Performance Management, 2018.). As trocas sociais ajudam a compreender a dinâmica interna das relações entre os atores de um ecossistema de inovação e entre empresas, universidades, poder público e sociedade (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.).

Nessa teoria, existe uma forte interdependência entre os fatores confiança, compromisso, reciprocidade e estrutura de poder. Enquanto o primeiro impulsiona, o segundo alavanca a confiança com os outros dois fatores relacionados (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.), em que a confiança contribui para o desenvolvimento das dimensões dos ecossistemas de inovação (Steinbruch; Nascimento; Menezes, 2022STEINBRUCH, F. K.; NASCIMENTO, L. da S.; MENEZES, D. C. de. The role of trust in innovation ecosystems.Journal of Business & Industrial Marketing, v. 37, n. 1, p. 195-208, 2022.). Esse elemento está na centralidade, uma vez que as outras três dimensões - compromisso, reciprocidade e poder - evoluem à medida que a confiança se torna mais forte e mais difundida (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.).

Os atores de um ecossistema de inovação devem demonstrar sua confiabilidade no cumprimento de obrigações em uma relação de troca (Alam; Rooney; Taylor, 2022ALAM, M. A.; ROONEY, D.; TAYLOR, M. From ego-systems to open innovation ecosystems: A process model of inter-firm openness. Journal of Product Innovation Management v. 39, n. 2, p. 177-201, 2022.). Conforme a confiança o e compromisso crescem, a estrutura de poder desloca-se da centralidade empresarial para um mecanismo de coordenação neutro de projetos complexos envolvendo a universidade e as associações empresariais (Steinbruch; Nascimento; Menezes, 2022STEINBRUCH, F. K.; NASCIMENTO, L. da S.; MENEZES, D. C. de. The role of trust in innovation ecosystems.Journal of Business & Industrial Marketing, v. 37, n. 1, p. 195-208, 2022.).

Já a interdependência organizacional está fortemente relacionada à adicionalidade comportamental e de saída obtida por meio da participação no ecossistema de inovação (Knockaert; Deschryvere; Lechyse, 2019KNOCKAERT, M.; DESCHRYVERE, M.; LECLUYSE, L. The relationship between organizational interdependence and additionality obtained from innovation ecosystem participation. Science and Public Policy v. 46, n. 4, p. 490-503, 2019.). As estruturas temporárias são poderosas para aprimorar a inovação nos ecossistemas, mas requerem a orquestração de recursos específicos. As capacidades nas organizações permanentes devem corresponder às ambições nos sistemas interorganizacionais temporários (Poblete et al., 2022POBLETE, L.; KADEFORS, A.; RADBERG, K. K.; GLUCH, P. Temporality, temporariness and keystone actor capabilities in innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 102, p. 301-310, 2022.). Os gestores precisam avaliar o valor de cada relacionamento cooperativo ao criar estratégias sobre a sua configuração dentro de seus ecossistemas de inovação (Xie; Wang, 2020XIE, X.; WANG, H. How can open innovation ecosystem modes push product innovation forward? An fsQCA analysis. Journal of Business Research, v. 108, p. 29-41, 2020.).

As empresas que são relativamente independentes, em termos de propriedade, mas que enfrentam níveis relativamente altos de interdependência - colaboração e interação - tendem a se beneficiar da participação do ecossistema de inovação (Knockaert; Deschryvere; Lechyse, 2019KNOCKAERT, M.; DESCHRYVERE, M.; LECLUYSE, L. The relationship between organizational interdependence and additionality obtained from innovation ecosystem participation. Science and Public Policy v. 46, n. 4, p. 490-503, 2019.). As colaborações com clientes e fornecedores existem em pelo menos uma configuração de condições suficientes para o desempenho da inovação em micro e pequenas empresas (Aka; Enagogo, 2021AKA, K. G.; ENAGOGO, C. Agadusameso. Collaborations in innovation activities of rural SMEs: a configurational analysis. Journal of Small Business & Entrepreneurship, p. 1-25, 2021).

Por fim, o ecossistema de inovação deve estar voltado para a colaboração universidade-empresa (Bürger; Fiates, 2021BÜRGER, R.; FIATES, G. G. S. Fundamental elements of university-industry interaction from a grounded theory approach.Innovation & Management Review, 2021.), em que essa interação sofre influência por diversos fatores, como networking, suporte legal, agentes facilitadores e práticas de gestão (Baloutsos; Karagiannaki; Pramatari, 2022BALOUTSOS, S.; KARAGIANNAKI, A.; PRAMATARI, K. Identifying contradictions in an incumbent-startup ecosystem-an activity theory approach. European Journal of Innovation Management, v. 25, n. 6, p. 527-548, 2022.). Dessa forma, as universidades não apenas se encarregam de disseminar o conhecimento, mas também servem como as principais intermediárias no processo de comercialização das ciências e tecnologias, que são desenvolvidas por meio de suas atividades de pesquisa (Schaeffer; Guerrero; Fischer, 2021SCHAEFFER, P. R.; GUERRERO, M.; FISCHER, B. B. Mutualism in ecosystems of innovation and entrepreneurship: A bidirectional perspective on universities’ linkages. Journal of Business Research v. 134, p. 184-197, 2021.).

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para analisar os artigos científicos publicados sobre ecossistema de inovação relacionado com a teoria das trocas sociais, houve a realização de uma revisão sistemática da literatura (Correia et al., 2017CORREIA, E.; CARVALHO, H.; AZEVEDO, S. G.; GOVINDAN, K. Maturity models in supply chain sustainability: A systematic literature review. Sustainability, v. 9, n. 1, p. 64, 2017.). As etapas da revisão sistemática incluíram: definição dos critérios de inclusão e exclusão; busca efetiva de estudos; seleção dos artigos a serem analisados; e a análise da amostra conforme os conteúdos abordados para apresentação ao longo da descrição e discussão dos resultados (Wolfswinkel; Futmueller; Wilderom, 2013WOLFSWINKEL, J. F.; FURTMUELLER, E.; WILDEROM, C. P. M. Using grounded theory as a method for rigorously reviewing literature. European Journal of Information Systems v. 22, n. 1, p. 45-55, 2013.).

Em outubro de 2022 ocorreu a busca na base de dados Scopus por artigos científicos publicados entre janeiro de 2013 até setembro de 2022. A Scopus foi escolhida por ser uma das principais e mais abrangentes fontes de metadados de publicação e indicadores de impacto em nível mundial (Pranckutė, 2021PRANCKUTĖ, R. Web of Science (WoS) and Scopus: The titans of bibliographic information in today’s academic world. Publications, v. 9, n. 1, p. 12, 2021.). O período de busca ficou restrito aos últimos 10 anos para evitar estudos desatualizados sobre os temas propostos.

A área de pesquisa ficou restrita em “gestão e negócios” pelo rigor necessário quando há um foco de pesquisa. Não houve seleção específica quanto ao idioma dos artigos. A busca foi feita no termo puro, buscando as palavras-chave entre aspas, na categoria “Artigo, Resumo e Palavras-chave”. A definição dos termos para a busca na base de dados foi baseada nos estudos de Benitez, Ayala e Frank (2020)BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020. e Alam, Rooney e Taylor (2022)ALAM, M. A.; ROONEY, D.; TAYLOR, M. From ego-systems to open innovation ecosystems: A process model of inter-firm openness. Journal of Product Innovation Management v. 39, n. 2, p. 177-201, 2022. devido à relevância dessas pesquisas sobre os temas ecossistema de inovação e trocas sociais. O Quadro 1 apresenta os termos de busca usados na base de dados Scopus e o seu respectivo resultado na quantidade de artigos.

Quadro 1
Termos de busca

Após a análise inicial dos artigos científicos e descontando os resultados repetidos e três estudos não localizados para leitura, 50 artigos foram selecionados. Os arquivos foram baixados em um banco de dados para descrever uma lista de itens contendo título, autores, resumo, ano e outras informações editoriais organizadas na planilha do Microsoft Excel®.

A análise bibliométrica possibilitou a apuração de 36 revistas científicas com publicações e 148 autores participantes, além de cada publicação por ano. Essa organização, em uma planilha da lista de artigos científicos, visou explorar o corpo de estudos para identificar as partes do texto e com as seguintes informações descritivas: estudos com 37 temas obtidos organizados em cinco grandes áreas: inovação, empreendedorismo, relação universidade-empresa, segmentos empresariais e outras áreas.

A análise e organização do conteúdo das contribuições teóricas e gerenciais e as indicações de estudos futuros de cada artigo foi realizada com o auxílio do software Iramuteq®. Esse programa oferece ferramentas para a análise de dados qualitativos com base na estatística textual ou lexicometria (Sousa et al., 2020SOUSA, Y. S. O.; GONDIM, S. M. G.; CARIAS, I. A.; BATISTA, J. S.; MACHADO, D. C. M. O uso do software Iramuteq na análise de dados de entrevistas. Pesquisas e Práticas Psicossociais, v. 15, n. 2, 2020.). A separação em 167 segmentos de texto gerou cinco categorias definidas: planejamento geral; atores do ecossistema de inovação; ações dos atores; tecnologia e pesquisa; e características das trocas sociais no ecossistema de inovação.

As cinco categorias advindas das partições de conteúdo foram identificadas de forma a posteriori no dendrograma da classificação pelo Método de Reinert ou Classificação Hierárquica Descendente (CHD). A CHD realiza uma análise de agrupamentos (clusters) sobre os segmentos de texto de um corpus, de modo que o material é constantemente dividido em função da coocorrência de formas lexicais nos enunciados (Sousa et al., 2020SOUSA, Y. S. O.; GONDIM, S. M. G.; CARIAS, I. A.; BATISTA, J. S.; MACHADO, D. C. M. O uso do software Iramuteq na análise de dados de entrevistas. Pesquisas e Práticas Psicossociais, v. 15, n. 2, 2020.). O gráfico de similitude, gráficos de Análise Fatorial de Correspondência (AFC) e nuvem de palavras complementaram a análise de conteúdo (Bozhikin; Macke; Costa, 2019BOZHIKIN, I.; MACKE, J.; COSTA, L. F. da. The role of government and key non-state actors in social entrepreneurship: A systematic literature review. Journal of Cleaner Production, v. 226, p. 730-747, 2019.).

3 RESULTADOS

Nesta seção serão apresentadas a análise descritiva, com os dados bibliométricos; e a análise detalhada por categorias, por meio do conteúdo das contribuições teóricas e gerenciais e das indicações de estudos futuros dos 50 artigos pesquisados.

3.1 Análise descritiva

Os anos 2020 e 2021 foram os que obtiveram a maior quantidade de artigos científicos publicados, 12 e 10 artigos, respectivamente, e mostraram um crescimento em relação aos anos anteriores. Os artigos abordaram temas como crowdfunding (Çubukcu; Ulusoy; Boz, 2020ÇUBUKCU, A.; ULUSOY, T.; BOZ, E. Y. Crowdfunding and Open Innovation Together: A Conceptual framework of a hybrid crowd innovation model. International Journal of Innovation and Technology Management, v. 17, n. 08, p. 2150003, 2020.); smart cities (Ferraris; Santoro; Pellicelli, 2020FERRARIS, A.; SANTORO, G.; PELLICELLI, A. C. “Openness” of public governments in smart cities: removing the barriers for innovation and entrepreneurship.International Entrepreneurship and Management Journal, v. 16, p. 1259-1280, 2020.); micro e pequenas empresas (Song; Chen; Ganguly, 2020SONG, H.; CHEN, S.; GANGULY, A. Innovative ecosystem in enhancing hi-tech SME financing: Mediating role of two types of innovation capabilities. International Journal of Innovation Management, v. 24, n. 02, p. 2050017, 2020.; Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.); Inovação de produto (Xie; Wang, 2020XIE, X.; WANG, H. How can open innovation ecosystem modes push product innovation forward? An fsQCA analysis. Journal of Business Research, v. 108, p. 29-41, 2020.; Barykin, et al., 2021BARYKIN, S.;Y.; BOCHKAREV, A. A.; SERGEEV, S. M.; BARANOVA, T. A.; MOKHOROV, D. A.; KOBICHEVA, A. M. A methodology of bringing perspective innovation products to market.Academy of Strategic Management Journal, v. 20, p. 1-19, 2021.); universidade empreendedora (Fischer et al., 2021FISCHER, B.; GUERRERO, M.; GUIMÓN, J.; SCHAEFFER, P. R. Knowledge transfer for frugal innovation: where do entrepreneurial universities stand? Journal of Knowledge Management. 25, n. 2, p. 360-379, 2021.); mutualismo universidade-empresa (Schaeffer; Guerrero; Fischer, 2021SCHAEFFER, P. R.; GUERRERO, M.; FISCHER, B. B. Mutualism in ecosystems of innovation and entrepreneurship: A bidirectional perspective on universities’ linkages. Journal of Business Research v. 134, p. 184-197, 2021.); micro e pequenas empresas rurais (Aka; Enagogo, 2021AKA, K. G.; ENAGOGO, C. Agadusameso. Collaborations in innovation activities of rural SMEs: a configurational analysis. Journal of Small Business & Entrepreneurship, p. 1-25, 2021); cluster marítimo (Gifford; Mckelvey; Saemundsson, 2021GIFFORD, E.; MCKELVEY, M.; SAEMUNDSSON, R. The evolution of knowledge-intensive innovation ecosystems: co-evolving entrepreneurial activity and innovation policy in the West Swedish maritime system.Industry and Innovation, v. 28, n. 5, p. 651-676, 2021.); atores do ecossistema de inovação (Breslin et al., 2021BRESLIN, D.; KASK, J.; SCHLAILE, M.; ABATECOLA, G. Developing a coevolutionary account of innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 98, p. 59-68, 2021.); inovação colaborativa (Tang; Qian, 2020TANG, F.; QIAN, Z. Leveraging interdependencies among platform and complementors in innovation ecosystem. Plos one, v. 15, n. 10, p. e0239972, 2020.); ecossistema de inovação extensivo (Plata; Aparício; Scott, 2021PLATA, G.; APARICIO, S.; SCOTT, S. The sum of its parts: Examining the institutional effects on entrepreneurial nodes in extensive innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 99, p. 136-152, 2021.); interação universidade-empresa (Bürger; Fiates, 2021BÜRGER, R.; FIATES, G. G. S. Fundamental elements of university-industry interaction from a grounded theory approach.Innovation & Management Review, 2021.); ecossistema de inovação aberta (Abdulkader et al., 2020ABDULKADER, B.; MAGNI, D.; CILLO, V., PAPA, A. MICERA, R. Aligning firm's value system and open innovation: a new framework of business process management beyond the business model innovation.Business Process Management Journal v. 26, n. 5, p. 999-1020, 2020.); cultura organizacional (Krupskyi; Kuzmytska, 2020KRUPSKYI, O.; KUZMYTSKA, Y. Organizational culture and business strategy: connection and role for a company survival. Central European Business Review, v. 9, n. 4, 2020.); saúde (Boeing; Wang, 2021BOEING, P.; WANG, Y. Decoding China’s COVID-19 ‘virus exceptionalism’: Community-based digital contact tracing in Wuhan. R&D Management, v. 51, n. 4, p. 339-351, 2021.); coworking (Bouncken; Qiu; Clauss, 2020BOUNCKEN, R. B.; QIU, Y.; CLAUSS, T. Coworking-Space Business Models: Micro-Ecosystems and Platforms -Insights from China. International Journal of Innovation and Technology Management, v. 17, n. 06, p. 2050044, 2020.); startups (Gonzaga et al., 2020GONZAGA, B. S.; FIGUEIREDO, P. S.; SOUZA, E. L. R. D. C.; PASSOS, F. U. Organizational learning capacity of startups in Northeast Brazil. Revista de Gestão, v. 27, n. 3, p. 301-316, 2020.; Benton, 2020BENTON, W. Showing and coding: venture pitching and nonmaterial production. Journal of Cultural Economy, v. 13, n. 4, p. 489-501, 2020.); e ecossistema regional de inovação (Gamidullaeva et al., 2020GAMIDULLAEVA, L.; FINOGEEV, A.; LYCHAGIN, K.; VASIN, S. Study of regional innovation ecosystem based on the big data intellectual analysis. International Journal of Business Innovation and Research, v. 23, n. 3, p. 313-337, 2020.; Rong et al., 2021RONG, K.; LIN, Y.; YU, J.; ZHANG, Y.; RADZIWON, A. Exploring regional innovation ecosystems: an empirical study in China. Industry and Innovation, v. 28, n. 5, p. 545-569, 2021.). O período que inclui todo o ano de 2020 até setembro de 2022 concentrou 52% das publicações. Por outro lado, no período entre 2013 e 2019 destacaram-se os anos de 2017 e 2019, com seis e sete artigos publicados, respectivamente, o que mostra a tendência de variação das publicações.

Ao todo foram 148 autores participantes, com seis autores que tiveram duas publicações de artigos científicos no período determinado de busca na base de dados. Os autores Gifford e McKelvey participaram dos estudos sobre cluster marítimo (The evolution of knowledge-intensive innovation ecosystems: co-evolving entrepreneurial activity and innovation policy in the West Swedish maritime system, 2021) e indústria musical (The evolution of niche: variety in knowledge networks in the global music industry, 2022). Os autores Schaeffer, Guerrero e Fischer participaram dos estudos sobre mutualismo universidade-empresa (Mutualism in ecosystems of innovation and entrepreneurship: A bidirectional perspective on universities’ linkages) e sobre universidade empreendedora (Knowledge transfer for frugal innovation: where do entrepreneurial universities stand?), ambos estudos de 2021. O autor Radziwon participou das publicações sobre micro e pequenas empresas (Network-based automation for SMEs, 2017) e ecossistema regional de inovação (Exploring regional innovation ecosystems: an empirical study in China, 2021). Os demais autores participaram com um artigo publicado no conjunto de trabalhos considerados para publicação.

No geral, 36 revistas científicas tiveram publicações que foram localizadas na busca realizada. A maioria dos periódicos (72%) da amostra publicou apenas um artigo. As 10 revistas que publicaram dois ou mais artigos representaram 28%. O Quadro 2 apresenta a lista com as 10 revistas com mais artigos publicados.

Quadro 2
Lista das revistas científicas com mais publicações

A revista European Journal of Innovation Management foi o destaque na lista, com a publicação de cinco artigos nas seguintes áreas: conhecimento (Sinell; Iffländer; Muschner, 2018SINELL, A.; IFFLÄNDER, V.; MUSCHNER, A. Uncovering transfer-a cross-national comparative analysis. European Journal of Innovation Management, v. 21, n. 1, p. 70-95, 2018.), startups (Usman; Vanhaverbeck, 2017USMAN, M.; VANHAVERBEKE, W. How start-ups successfully organize and manage open innovation with large companies. European Journal of Innovation Management, 2017.; Baloutsos; Karagiannaki; Pramatari, 2022BALOUTSOS, S.; KARAGIANNAKI, A.; PRAMATARI, K. Identifying contradictions in an incumbent-startup ecosystem-an activity theory approach. European Journal of Innovation Management, v. 25, n. 6, p. 527-548, 2022.), intercâmbio de conhecimento universidade-empresa (Striukova; Rayna, 2015STRIUKOVA, L.; RAYNA, T. University-industry knowledge exchange: An exploratory study of Open Innovation in UK universities. European Journal of Innovation Management, v. 18, n. 4, p. 471-492, 2015.) e indústria criativa (Lin, 2018LIN, S. The structural characteristics of innovation ecosystem: a fashion case.European Journal of Innovation Management, v. 21, n. 4, p. 620-635, 2018.). Essa revista possui a temática de gestão e negócios e apresenta h-index 67. Com relação à abrangência regional da amostra de artigos, os países com mais publicações foram: Brasil e China, com oito artigos científicos de cada país; seguido por Reino Unido, com seis; e Rússia, com três artigos publicados. Quanto aos continentes, a Europa predominou com 27 artigos, (54%) do total; seguida pela Ásia, com 11; América do Sul, com 9; e América do Norte, com três artigos. Um conjunto de 23 países e 4 continentes tiveram artigos publicados.

O Brasil foi um dos mais países que mais se destacou com estudos sobre: mutualismo universidade-empresa (Schaeffer; Guerrero; Fischer, 2021SCHAEFFER, P. R.; GUERRERO, M.; FISCHER, B. B. Mutualism in ecosystems of innovation and entrepreneurship: A bidirectional perspective on universities’ linkages. Journal of Business Research v. 134, p. 184-197, 2021.); universidade empreendedora (Fischer et al., 2021FISCHER, B.; GUERRERO, M.; GUIMÓN, J.; SCHAEFFER, P. R. Knowledge transfer for frugal innovation: where do entrepreneurial universities stand? Journal of Knowledge Management. 25, n. 2, p. 360-379, 2021.); confiança no ecossistema de inovação (Steinbruch; Nascimento; Menezes, 2022STEINBRUCH, F. K.; NASCIMENTO, L. da S.; MENEZES, D. C. de. The role of trust in innovation ecosystems.Journal of Business & Industrial Marketing, v. 37, n. 1, p. 195-208, 2022.); micro e pequenas empresas (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.); interação universidade-empresa (Bürger; Fiates, 2021BÜRGER, R.; FIATES, G. G. S. Fundamental elements of university-industry interaction from a grounded theory approach.Innovation & Management Review, 2021.); startups (Gonzaga et al., 2020GONZAGA, B. S.; FIGUEIREDO, P. S.; SOUZA, E. L. R. D. C.; PASSOS, F. U. Organizational learning capacity of startups in Northeast Brazil. Revista de Gestão, v. 27, n. 3, p. 301-316, 2020.); e forças armadas (Silva; Olavo-Quandt, 2019SILVA, M. V. G. da; OLAVO-QUANDT, C. Defense system, industry and academy: The conceptual model of innovation of the Brazilian Army. Journal of Technology Management & Innovation v. 14, n. 1, p. 53-62, 2019.; Ramalho et al., 2019RAMALHO, T. S.; TARRACO, E. L.; YOKOMIZO, C. A.; BERNARDES, R. C. Analysis of the innovation value chain in strategic projects of the Brazilian Army. Revista de Gestão, v. 26, n. 4, p. 409-428, 2019.). A China apresentou estudos sobre: ecossistema regional de inovação (Rong et al., 2021RONG, K.; LIN, Y.; YU, J.; ZHANG, Y.; RADZIWON, A. Exploring regional innovation ecosystems: an empirical study in China. Industry and Innovation, v. 28, n. 5, p. 545-569, 2021.); micro e pequenas empresas (Song; Chen; Ganguly, 2020SONG, H.; CHEN, S.; GANGULY, A. Innovative ecosystem in enhancing hi-tech SME financing: Mediating role of two types of innovation capabilities. International Journal of Innovation Management, v. 24, n. 02, p. 2050017, 2020.); inovação de produto (Xie; Wang, 2020XIE, X.; WANG, H. How can open innovation ecosystem modes push product innovation forward? An fsQCA analysis. Journal of Business Research, v. 108, p. 29-41, 2020.); saúde (Boeing; Wang, 2021BOEING, P.; WANG, Y. Decoding China’s COVID-19 ‘virus exceptionalism’: Community-based digital contact tracing in Wuhan. R&D Management, v. 51, n. 4, p. 339-351, 2021.); inovação colaborativa (Tang; Qian, 2020TANG, F.; QIAN, Z. Leveraging interdependencies among platform and complementors in innovation ecosystem. Plos one, v. 15, n. 10, p. e0239972, 2020.); coworking (Bouncken; Qiu; Clauss, 2020BOUNCKEN, R. B.; QIU, Y.; CLAUSS, T. Coworking-Space Business Models: Micro-Ecosystems and Platforms -Insights from China. International Journal of Innovation and Technology Management, v. 17, n. 06, p. 2050044, 2020.); desenvolvimento de novos produtos (Ma et al., 2019MA, L.; LIU, Z.; HUANG, X.; LI, T. The impact of local government policy on innovation ecosystem in knowledge resource scarce region: case study of Changzhou, China. Science, Technology and Society v. 24, n. 1, p. 29-52, 2019.); e transporte ferroviário (Song, 2016SONG, J. Innovation ecosystem: impact of interactive patterns, member location and member heterogeneity on cooperative innovation performance. Innovation, v. 18, n. 1, p. 13-29, 2016.).

Entre os métodos de pesquisa utilizados, a amostra resultou em nove artigos teóricos, sendo artigos conceituais (seis), revisões de literatura (dois) e ensaio teórico (um). Referente aos artigos empíricos (41), foram apuradas 30 pesquisas qualitativas, seis pesquisas quantitativas (survey: cinco estudos e análise de simulação: um estudo) e cinco estudos com métodos mistos (entrevistas e survey). Os principais métodos utilizados na pesquisa qualitativa foram: entrevistas (12), estudo de caso (oito), estudo de múltiplos casos (três), análise comparativa (dois), ground theory (dois), pesquisa-ação (dois) e etnografia (um).

Os 37 temas obtidos dos estudos estão organizados em cinco grandes áreas. A inovação possui 11 temas com 15 artigos: Cooperação no ecossistema de inovação (Spicka, 2022SPICKA, J. Cooperation in a minimum-waste innovation ecosystem: a case study of the Czech Hemp Cluster. International Journal of Emerging Markets1204286621, n. ahead-of-print, 2022.); Confiança no ecossistema de inovação (Steinbruch; Nascimento; Menezes, 2022STEINBRUCH, F. K.; NASCIMENTO, L. da S.; MENEZES, D. C. de. The role of trust in innovation ecosystems.Journal of Business & Industrial Marketing, v. 37, n. 1, p. 195-208, 2022.); Ecossistema regional de inovação (Rong et al., 2021RONG, K.; LIN, Y.; YU, J.; ZHANG, Y.; RADZIWON, A. Exploring regional innovation ecosystems: an empirical study in China. Industry and Innovation, v. 28, n. 5, p. 545-569, 2021.; Gamidullaeva et al., 2020GAMIDULLAEVA, L.; FINOGEEV, A.; LYCHAGIN, K.; VASIN, S. Study of regional innovation ecosystem based on the big data intellectual analysis. International Journal of Business Innovation and Research, v. 23, n. 3, p. 313-337, 2020.; Kravchenko; Yusupova; Kuznetsova, 2019KRAVCHENKO, N. A.; YUSUPOVA, A. T.; KUZNETSOVA, S. A. Research and business cooperation: international practice and Siberian experience. - Журнал Сибирского-федерального-университета. -Гуманитарные-науки [Jornal da Universidade Federal da Sibéria -Ciências humanas], v. 12, n. 4, p. 643-659, 2019.); Inovação de produto (Xie; Wang, 2020XIE, X.; WANG, H. How can open innovation ecosystem modes push product innovation forward? An fsQCA analysis. Journal of Business Research, v. 108, p. 29-41, 2020.; Barykin et al., 2021BARYKIN, S.;Y.; BOCHKAREV, A. A.; SERGEEV, S. M.; BARANOVA, T. A.; MOKHOROV, D. A.; KOBICHEVA, A. M. A methodology of bringing perspective innovation products to market.Academy of Strategic Management Journal, v. 20, p. 1-19, 2021.); Livings labs (Grotenhuis, 2017GROTENHUIS, F. D. J. Living labs as service providers: From proliferation to coordination. Global Business and Organizational Excellence, v. 36, n. 4, p. 52-57, 2017.; Schuurman et al., 2016SCHUURMAN, D.; BACCARNE, B.; MAREZ, L. D.; VEECKMAN, C.; BALLON, P. Living Labs as open innovation systems for knowledge exchange: solutions for sustainable innovation development. International Journal of Business Innovation and Research, v. 10, n. 2-3, p. 322-340, 2016.); Inovação inclusiva aberta (Gupta et al., 2016GUPTA, A. K.; DEY, A. R.; SHINDE, C.; MAHANTA, H.; PATEL, C.; PATEL, R.; TOLE, P. Theory of open inclusive innovation for reciprocal, responsive and respectful outcomes: Coping creatively with climatic and institutional risks. Journal of Open Innovation: Technology, Market, and Complexity, v. 2, n. 3, p. 16, 2016.); Ecossistema de inovação extensivo (Plata; Aparício; Scott, 2021PLATA, G.; APARICIO, S.; SCOTT, S. The sum of its parts: Examining the institutional effects on entrepreneurial nodes in extensive innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 99, p. 136-152, 2021.); Ecossistema de inovação aberta (Abdulkader et al., 2020ABDULKADER, B.; MAGNI, D.; CILLO, V., PAPA, A. MICERA, R. Aligning firm's value system and open innovation: a new framework of business process management beyond the business model innovation.Business Process Management Journal v. 26, n. 5, p. 999-1020, 2020.); Inovação colaborativa (Tang; Qian, 2020TANG, F.; QIAN, Z. Leveraging interdependencies among platform and complementors in innovation ecosystem. Plos one, v. 15, n. 10, p. e0239972, 2020.); Cluster de inovação (Ferras-Hernandez; Nylund, 2019FERRAS-HERNANDEZ, X.; NYLUND, P. A. Clusters as innovation engines: The accelerating strengths of proximity. European Management Review, v. 16, n. 1, p. 37-53, 2019.); e Atores do ecossistema de inovação (Breslin et al., 2021BRESLIN, D.; KASK, J.; SCHLAILE, M.; ABATECOLA, G. Developing a coevolutionary account of innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 98, p. 59-68, 2021.). A área de empreendedorismo possui um tema e consequentemente um artigo: Universidade empreendedora (Fischer, et al., 2021FISCHER, B.; GUERRERO, M.; GUIMÓN, J.; SCHAEFFER, P. R. Knowledge transfer for frugal innovation: where do entrepreneurial universities stand? Journal of Knowledge Management. 25, n. 2, p. 360-379, 2021.). A área de relação universidade-empresa tem três temas com três artigos: Mutualismo universidade-empresa (Schaeffer; Guerrero; Fischer, 2021SCHAEFFER, P. R.; GUERRERO, M.; FISCHER, B. B. Mutualism in ecosystems of innovation and entrepreneurship: A bidirectional perspective on universities’ linkages. Journal of Business Research v. 134, p. 184-197, 2021.); Intercâmbio de conhecimento (Striukova; Rayna, 2015STRIUKOVA, L.; RAYNA, T. University-industry knowledge exchange: An exploratory study of Open Innovation in UK universities. European Journal of Innovation Management, v. 18, n. 4, p. 471-492, 2015.); e Interação universidade-empresa (Bürger; Fiates, 2021BÜRGER, R.; FIATES, G. G. S. Fundamental elements of university-industry interaction from a grounded theory approach.Innovation & Management Review, 2021.). A área de segmentos empresariais possui 12 temas com 18 artigos: Micro e pequenas empresas (Song; Chen; Ganguly, 2020SONG, H.; CHEN, S.; GANGULY, A. Innovative ecosystem in enhancing hi-tech SME financing: Mediating role of two types of innovation capabilities. International Journal of Innovation Management, v. 24, n. 02, p. 2050017, 2020.; Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.; Parizi; Radziwon, 2017PARIZI, M. S.; RADZIWON, A. Network-based automation for SMEs. International Journal of Business and Globalisation, v. 18, n. 1, p. 58-72, 2017.); Micro e pequenas empresas rurais (Aka; Enagogo, 2021AKA, K. G.; ENAGOGO, C. Agadusameso. Collaborations in innovation activities of rural SMEs: a configurational analysis. Journal of Small Business & Entrepreneurship, p. 1-25, 2021); Startups (Baloutsos; Karagiannaki; Pramatari, 2022BALOUTSOS, S.; KARAGIANNAKI, A.; PRAMATARI, K. Identifying contradictions in an incumbent-startup ecosystem-an activity theory approach. European Journal of Innovation Management, v. 25, n. 6, p. 527-548, 2022.); Benton, 2020BENTON, W. Showing and coding: venture pitching and nonmaterial production. Journal of Cultural Economy, v. 13, n. 4, p. 489-501, 2020.; Gonzaga et al., 2020GONZAGA, B. S.; FIGUEIREDO, P. S.; SOUZA, E. L. R. D. C.; PASSOS, F. U. Organizational learning capacity of startups in Northeast Brazil. Revista de Gestão, v. 27, n. 3, p. 301-316, 2020.; Usman; Vanhaverbek, 2017; Hernández; González, 2017HERNÁNDEZ, C.; GONZÁLEZ, D. Study of the start-up ecosystem in Lima, Peru: Analysis of interorganizational networks. Journal of Technology Management & Innovation, v. 12, n. 1, p. 71-83, 2017.); Desenvolvimento de produtos (Ma et al., 2019MA, L.; LIU, Z.; HUANG, X.; LI, T. The impact of local government policy on innovation ecosystem in knowledge resource scarce region: case study of Changzhou, China. Science, Technology and Society v. 24, n. 1, p. 29-52, 2019.); Musical (Bagley; Gifford; Mckelvey, 2022BAGLEY, M. J.; GIFFORD, E.; MCKELVEY, M. The evolution of niche: variety in knowledge networks in the global music industry.Industry and Innovation, v. 29, n. 3, p. 425-462, 2022.); Computação (Ranganathan; Ghosh; Rosenkopf, 2018RANGANATHAN, R.; GHOSH, A.; ROSENKOPF, L. Competition-cooperation interplay during multifirm technology coordination: The effect of firm heterogeneity on conflict and consensus in a technology standards organization. Strategic Management Journal, v. 39, n. 12, p. 3193-3221, 2018.); Indústria criativa (Lin, 2018LIN, S. The structural characteristics of innovation ecosystem: a fashion case.European Journal of Innovation Management, v. 21, n. 4, p. 620-635, 2018.); Alimentos (Amitrano et al., 2017AMITRANO, C. C.; COPPOLA, M.; TREGUA, M.; BIFULCO, F. Knowledge sharing in innovation ecosystems: a focus on functional food industry. International Journal of Innovation and Technology Management, v. 14, n. 05, p. 1750030, 2017.); Transporte ferroviário (Song, 2016SONG, J. Innovation ecosystem: impact of interactive patterns, member location and member heterogeneity on cooperative innovation performance. Innovation, v. 18, n. 1, p. 13-29, 2016.); Cluster marítimo (Gifford; Mckelvey; Saemundsson, 2021GIFFORD, E.; MCKELVEY, M.; SAEMUNDSSON, R. The evolution of knowledge-intensive innovation ecosystems: co-evolving entrepreneurial activity and innovation policy in the West Swedish maritime system.Industry and Innovation, v. 28, n. 5, p. 651-676, 2021.); Interdependência organizacional (Knockaert; Deschryvere; Lecluyse, 2019KNOCKAERT, M.; DESCHRYVERE, M.; LECLUYSE, L. The relationship between organizational interdependence and additionality obtained from innovation ecosystem participation. Science and Public Policy v. 46, n. 4, p. 490-503, 2019.); e Cultura organizacional (Krupskyi; Kuzmytska, 2020KRUPSKYI, O.; KUZMYTSKA, Y. Organizational culture and business strategy: connection and role for a company survival. Central European Business Review, v. 9, n. 4, 2020.). O item “outras áreas” tem oito temas com 13 artigos: Saúde (Boeing; Wang, 2021BOEING, P.; WANG, Y. Decoding China’s COVID-19 ‘virus exceptionalism’: Community-based digital contact tracing in Wuhan. R&D Management, v. 51, n. 4, p. 339-351, 2021.; Suominen; Dedehayir, 2017SUOMINEN, A.; DEDEHAYIR, O. Pathways to a drug: A mixed methods analysis of emergence.International Journal of Innovation Management, v. 21, n. 08, p. 1740011, 2017.; Annanperä; Liukkunen; Markkula, 2015ANNANPERÄ, E.; LIUKKUNEN, K.; MARKKULA, J. Innovation in evolving business ecosystem: A case study of information technology-based future health and exercise service. International Journal of Innovation and Technology Management-1480060851 , v. 12, n. 04, p. 1550015, 2015.); Esportes (Davies et al., 2014DAVIES, A.; MACAULAY, S.; DEBARRO, T.; THURSTON, M. Making innovation happen in a megaproject: London's crossrail suburban railway system. 1204286598 Project Management Journal, v. 45, n. 6, p. 25-37, 2014.); Crowdfunding (Çubukcu; Ulusoy; Boz, 2020ÇUBUKCU, A.; ULUSOY, T.; BOZ, E. Y. Crowdfunding and Open Innovation Together: A Conceptual framework of a hybrid crowd innovation model. International Journal of Innovation and Technology Management, v. 17, n. 08, p. 2150003, 2020.); Cidades inteligentes (Ferraris; Santoro; Pellicelli, 2020FERRARIS, A.; SANTORO, G.; PELLICELLI, A. C. “Openness” of public governments in smart cities: removing the barriers for innovation and entrepreneurship.International Entrepreneurship and Management Journal, v. 16, p. 1259-1280, 2020.); Pesquisa e desenvolvimento (Baharudin, 2017BAHARUDIN, K. Case study approach to understanding the process of successful R and D commercialization, 2017.; Leten et al., 2013LETEN, B.; VANHAVERBEKE, W.; ROIJAKKERS, N.; CLERIX, A.; VAN HELLEPUTTE, J. IP models to orchestrate innovation ecosystems: IMEC, a public research institute in nano-electronics. California Management Review, v. 55, n. 4, p. 51-64, 2013.); Conhecimento (Sinell; Iffländer; Muschner, 2018SINELL, A.; IFFLÄNDER, V.; MUSCHNER, A. Uncovering transfer-a cross-national comparative analysis. European Journal of Innovation Management, v. 21, n. 1, p. 70-95, 2018.; Alexy; George; Salter, 2013ALEXY, O.; GEORGE, G.; SALTER, A. J. Cui bono? The selective revealing of knowledge and its implications for innovative activity. Academy of management review, v. 38, n. 2, p. 270-291, 2013.); Coworking (Bouncken; Qiu; Clauss, 2020BOUNCKEN, R. B.; QIU, Y.; CLAUSS, T. Coworking-Space Business Models: Micro-Ecosystems and Platforms -Insights from China. International Journal of Innovation and Technology Management, v. 17, n. 06, p. 2050044, 2020.); e Forças armadas (Ramalho et al., 2019RAMALHO, T. S.; TARRACO, E. L.; YOKOMIZO, C. A.; BERNARDES, R. C. Analysis of the innovation value chain in strategic projects of the Brazilian Army. Revista de Gestão, v. 26, n. 4, p. 409-428, 2019.; Silva; Olavo-Quandt, 2019SILVA, M. V. G. da; OLAVO-QUANDT, C. Defense system, industry and academy: The conceptual model of innovation of the Brazilian Army. Journal of Technology Management & Innovation v. 14, n. 1, p. 53-62, 2019.).

Vale ressaltar que os temas sobre ecossistema regional de inovação (três), micro e pequenas empresas (três), startups (cinco) e saúde (três) foram os que tiveram mais artigos. O tema startups descreve artigos publicados a partir de 2017, o que mostra o quão recente esse tema é na pesquisa acadêmica. As áreas de inovação (15), segmentos empresariais (18) e outras áreas (13) obtiveram a maior quantidade de artigos publicados, além da variedade de temas, como as áreas de inovação e segmentos empresariais, com 11 e 12 temas, respectivamente. Essa abrangência mostra como a teoria das trocas sociais se aplica em áreas distintas em um ecossistema de inovação, mas percebe-se que a teoria não foi usada de forma contundente nos artigos.

3.2 Análise detalhada por categorias

O corpus geral foi constituído por 50 artigos científicos, separados em 167 segmentos de texto. Emergiram 5.842 ocorrências (palavras), sendo 1.331 distintas e 702 com uma única ocorrência. Nesse contexto, possibilitou-se observar cinco categorias definidas, advindas das partições de conteúdo, as quais são oriundas da retenção de 74,85% do total de textos. Cada categoria permitiu contextualizar os artigos científicos publicados sobre ecossistema de inovação relacionado com a teoria das trocas sociais, as quais são: planejamento geral (24,8%), atores do ecossistema de inovação (22,4%), ações dos atores do ecossistema (19,20%), tecnologia e pesquisa (16,80%) e características das trocas sociais no ecossistema de inovação (16,80%). A Figura 1 apresenta as categorias de análise identificadas no dendrograma da classificação pelo Método de Reinert.

Figura 1
Categorias de análise identificadas

O software Iramuteq® demonstrou um total de cinco categorias codificadas, segundo as contribuições teóricas e gerenciais e as indicações de estudos futuros dos artigos científicos. A classe 1 (planejamento geral) relaciona-se indiretamente com as demais classes. Essa classe refere-se à forma de construção das pesquisas analisadas, como objetivo, impacto, validade e caso. A classe 2 (tecnologia e pesquisa) retrata a aprendizagem por meios digitais e tecnológicos, com contribuições na literatura e na área de negócios. A classe tecnologia e pesquisa possui relação direta com a classe 3 (características), em que esta última classe apresenta como ocorrem as trocas sociais no ambiente do ecossistema de inovação. Envolvimento, interação, entendimento e mudança apresentam as contribuições das pesquisas.

As classes 4 (ações dos atores) e 5 (atores do ecossistema de inovação) possuem relação direta entre si. A ação dos atores inclui cooperação para a transferência de conhecimento e o compartilhamento como oportunidade ou suporte para promover produtos. Os atores do ecossistema de inovação apresentam os locais que possibilitaram a aplicação dos estudos empíricos. Universidade/academia, economia (empresas), startups, instituições em geral e governo apresentam os atores do ecossistema de inovação. A colaboração entre os atores estimula o desempenho tecnológico do ecossistema de inovação.

A teoria das trocas sociais está presente nos estudos pesquisados por meio da interação, cooperação e colaboração que ficaram evidentes nas classes 3, 4 e 5, respectivamente. As categorias esclarecem a forma como a teoria foi aplicada nos estudos pesquisados. A Figura 2 apresenta a análise de similitude para identificar as coocorrências entre as palavras.

Figura 2
Gráfico de Similitude

O termo inovação possui ligação direta com a maior quantidade de palavras. Na sua ramificação podem-se destacar os termos “contribuição” e “desenvolver”. A inovação apresenta proximidade com os termos: desempenho, dinâmica, gestão, perspectiva, estratégia e processo. A gestão da inovação faz parte de uma dinâmica na qual os estudos pesquisados envolveram estratégia e processo com perspectiva de influenciar o desempenho.

O gráfico mostra a proximidade entre inovação e ecossistema com sua relevância nesta análise. Uma ramificação exibe o entendimento que os membros do ecossistema devem ter ao construir ou explorar os negócios. O ecossistema tem relação direta com a comunidade (sociedade), o mesmo ocorre com o desenvolvimento de outros atores do ecossistema de inovação, como o governo e as universidades. Os atores revelaram nos estudos que muitas vezes realizaram a cooperação para conquistar recursos.

Após o termo ecossistema, a ramificação segue com o termo estudo. Nesse caso, os estudos apontaram uma abordagem que identificou mudança e foco nos negócios (empresa). Percebe-se essa abordagem pelos verbos descritos, entre eles: emergir, mudar e confiar. O termo empresa ficou entre as ramificações de estudo e conhecimento. Referente a conhecimento, verifica-se a presença da atuação das startups e a criação de redes.

Próximo à ramificação de inovação encontra-se o termo interação (teoria das trocas sociais). Ficaram evidentes, aqui, as atividades com elementos da teoria das trocas sociais, entre elas, a própria interação e o relacionamento. A pesquisa precisa de resultados que acontecem por um trabalho que considera sistema e projeto. A inovação depende de ações dessa natureza para possibilitar o retorno dos investimentos das parcerias com o poder público e empresas. A Figura 3, por meio da nuvem de palavras, expressa um resumo dos temas relevantes do conteúdo analisado.

Figura 3
Nuvem de palavras

A nuvem de palavras proporcionou um resumo dos temas principais desta revisão sistemática. Os termos inovação e ecossistema, seja de forma separada ou em conjunto, representam o ambiente que os estudos analisados foram realizados. A teoria das trocas sociais ficou destacada com os termos: interação, colaboração e cooperação.

O conhecimento e desenvolvimento apurados nos resultados analisados apresentam a inovação aberta como consequência das trocas sociais nos ecossistemas de inovação por meio do relacionamento entre os atores. Por sua vez, a análise fatorial de correspondência verifica a aproximação e distribuição no plano fatorial com base em uma variável.

As cinco categorias do dendrograma, a descrição dos artigos e o conteúdo das contribuições e indicações de estudos futuros fazem parte desta análise. Os gráficos da Análise Fatorial de Correspondência (AFC) possibilitaram apresentar as categorias de análise do dendrograma.

No quadrante superior direito, as classes 4 (ações dos atores) e 5 (atores do ecossistema de inovação) aparecem próximas nos textos dos artigos, enquanto a classe 1 (planejamento geral) está no quadrante superior esquerdo. As classes 4 e 5 vinculam-se com os atores e suas atuações no ecossistema de inovação, em que se complementam ao trazer no gráfico os atores e as ações realizadas em um ecossistema de inovação.

Nos quadrantes inferiores, as classes 2 (tecnologia e pesquisa) e 3 (características das trocas sociais no ecossistema de inovação) estão próximas, mas não tanto como as classes 4 e 5. A classe 2 está no quadrante inferior direito e a classe 3 está no quadrante inferior esquerdo. Nesse caso, as categorias representam áreas com menor afinidade nos textos dos artigos, classe 2: área acadêmica/profissional e classe 3: relação interpessoal. A Figura 4 do gráfico Análise Fatorial de Correspondência (AFC) apresenta a descrição dos artigos em análise.

Figura 4
Gráfico AFC: artigos em análise

A classe 1 (planejamento geral) foi representada por artigos que pesquisaram sobre: transferência bem-sucedida de conhecimento e tecnologia; living labs como prestadores de serviço; living labs como sistemas de inovação aberta; orquestração de ecossistemas de inovação; e cadeia de valor da inovação. Países como Holanda, Alemanha e Bélgica se destacaram nessa classe. Entre as cinco áreas temáticas em que os estudos foram organizados, a classe 1 apresentou nesse gráfico o item “outras áreas”, que englobam os temas: saúde; esportes; crowdfunding; cidades inteligentes; pesquisa e desenvolvimento; conhecimento; coworking; e forças armadas, com proximidade com a classe 3 (características). Os anos predominantes com publicações para a classe 1 foram 2014 e 2018.

Tecnologia e pesquisa representam a classe 2, com artigos que descreveram a abertura dos governos em cidades inteligentes, intercâmbio de conhecimento universidade-indústria, ecossistema de inovação da indústria 4.0 e capacidade de aprendizagem de startups. Ecossistema regional de inovação na big data, empreendedorismo digital no ecossistema de inovação e ecossistema de inovação na área da moda foram estudos relacionados com a classe 3 (características). O artigo referente a ecossistema de startups teve proximidade com as classes 4 (ações dos atores) e 5 (atores do ecossistema de inovação). O método predominante empírico misto tem proximidade com a classe 3 (características). A área temática empreendedorismo destacou-se nessa categoria. Os países dessa categoria incluem a Itália e o Peru, este último relacionado com as classes 4 e 5. Brasil e Finlândia possuem proximidade com a classe 3. Da mesma forma, os anos de 2015 e 2020 apresentam estudos caracterizados entre as categorias 2 e 3. Já o ano de 2019, como mostra a centralização na Figura 4, possui relação com as demais classes em um contexto mais neutro.

A classe 3 (características) apresentou os artigos sobre: inovação no ecossistema de negócios em evolução; cultura organizacional e estratégia empresarial; produtos de inovação; modelos de negócios em coworking; ecossistema de startups e a teoria da atividade; desempenho da inovação cooperativa; comercialização bem-sucedida de pesquisa; e desenvolvimento e coevolução dos ecossistemas de inovação. Crowdfunding e inovação aberta representaram a classe 3, que está relacionada com a classe 1. Por sua vez, os artigos sobre sistema de valor e inovação aberta; e clusters de inovação estavam próximos da classe 2 (tecnologia e pesquisa). Os métodos teórico conceitual e revisão teórica mostram relação direta com a classe 2. Já os estudos de países como Grécia, França, Turquia, EUA, Espanha, Malásia e Ucrânia, referentes ao ano de 2022, não tinham relação com outras categorias, e o ano de 2021 tinha relação direta com a classe 2 e proximidade com as classes 4 e 5.

A classe 4 (ações dos atores) apresentou os seguintes artigos: transferência de conhecimento para inovação frugal; colaborações em atividades de inovação de micro e pequenas empresas rurais; ecossistema regional de inovação; ecossistema de inovação aberta para impulsionar novos produtos; implicação do conhecimento na atividade inovadora; pesquisa e cooperação empresarial; empreendedorismo em ecossistemas de inovação extensivos; interação competição-cooperação; e compartilhando conhecimento em ecossistemas de inovação. O artigo sobre clusters e inovação aberta está no local do gráfico em que predomina a classe 2. A área temática tem a inovação como foco e, conforme a centralização no gráfico, percebe-se a proximidade com as demais classes em um contexto mais neutro. O método empírico quantitativo vincula-se com as classes 2 e 3. O Canadá foi um país com publicação relacionada à classe 4; Reino Unido e Rússia ficaram próximos da classe 1 (planejamento geral). O mesmo ocorreu com o ano de 2013 com publicações entre as classes 1, 4 e 5.

A classe 5 (atores do ecossistema de inovação) descreveu os seguintes artigos: a evolução dos ecossistemas de inovação intensivos em conhecimento; ecossistema inovador no aprimoramento do financiamento de micro e pequenas empresas de alta tecnologia; teoria da inovação inclusiva aberta para resultados recíprocos, responsivos e respeitosos; interação universidade-empresa; e política do governo local no ecossistema de inovação. O artigo sobre automação baseada em rede para micro e pequenas empresas tem vinculação com a classe 1. O mesmo ocorre com o método empírico qualitativo (classe 1), o método ensaio teórico não tem outra vinculação. A classe 5 consta nas áreas temáticas de relação universidade-empresa e empresa. As publicações de Indonésia, Suécia e Líbano estão vinculadas a esta classe; a Dinamarca (classe 1) e a China (classe 2) possuem relação direta com outras classes. Os anos de 2016 e 2017 estão localizados no gráfico na parte referente à classe 1 (planejamento geral). A Figura 5 do gráfico Análise Fatorial de Correspondência (AFC) apresenta a análise de conteúdo.

Figura 5
Gráfico AFC: análise de conteúdo

A relação dos atores e suas ações com o planejamento geral do ecossistema de inovação mostra a colaboração e reciprocidade (teoria das trocas sociais) para criar e explorar uma nova perspectiva ao implicar na responsabilidade dos próprios atores. No planejamento de um ator de ecossistema, as interações (teoria das trocas sociais) atuam como ferramentas estratégias para favorecer a inovação.

O gestor se mostra um agente político no ecossistema de inovação, em que cabe a ele os atos de liderar, expandir, explicar e organizar, visto que a abordagem do ecossistema precisa entender a diferença dos negócios. Ele também é responsável por analisar as mudanças e emergências que ocorrem a todo momento e pela digitalização dos processos, o que mostra a sua importância como agente político.

O conteúdo das pesquisas analisadas especificou a inter-relação dos atores dos ecossistemas de inovação com a área de tecnologia e pesquisa. As universidades representam um ator que pode realizar a aproximação de atores como os governos e empresas, com os mecanismos de tecnologia e institutos de pesquisa. A Figura 6 apresenta um resumo dos resultados analisados e descritos.

Figura 6
Resumo dos resultados

A análise das contribuições teóricas e gerenciais e as indicações de estudos futuros, além da análise descritiva, possibilitaram relacionar ecossistemas de inovação com a teoria das trocas sociais para propor categorias de análise. Por meio dos artigos pesquisados, os ecossistemas de inovação mostraram cinco classes (categorias) que, para proporcionar resultados satisfatórios no desenvolvimento dos atores envolvidos, dependem de aspectos estruturais que constituem as trocas sociais. Essa relação de interdependência ocorre devido aos setores específicos de inovação de atores como universidades, empresas e governos (interações e confiança) e os gestores, por suas características empreendedoras e capacidade de serem agentes políticos para conduzirem processos digitalizados e inovadores com as trocas realizadas (cooperação, compartilhamento e reciprocidade).

3.3 Discussão dos resultados

Os ecossistemas de inovação representam a atuação de determinadas áreas que os estudos pesquisados abordaram, em que esses estudos são focados em temas pertinentes à inovação que demonstraram sua relativa relação com a teoria das trocas sociais. Áreas como inovação, empreendedorismo, relação universidade-empresa, além de temas específicos sobre segmentos empresariais, relataram pesquisas com foco nos negócios auxiliados pela inovação e por algum elemento de trocas sociais (Fischer, et al., 2021FISCHER, B.; GUERRERO, M.; GUIMÓN, J.; SCHAEFFER, P. R. Knowledge transfer for frugal innovation: where do entrepreneurial universities stand? Journal of Knowledge Management. 25, n. 2, p. 360-379, 2021.; Rong et al., 2021RONG, K.; LIN, Y.; YU, J.; ZHANG, Y.; RADZIWON, A. Exploring regional innovation ecosystems: an empirical study in China. Industry and Innovation, v. 28, n. 5, p. 545-569, 2021.). Outras áreas foram apresentadas e mostraram uma abrangência em relação aos seus temas, entre eles, saúde; pesquisa e desenvolvimento; e conhecimento e forças armadas (Boeing; Wang, 2021BOEING, P.; WANG, Y. Decoding China’s COVID-19 ‘virus exceptionalism’: Community-based digital contact tracing in Wuhan. R&D Management, v. 51, n. 4, p. 339-351, 2021.; Baharudin, 2017BAHARUDIN, K. Case study approach to understanding the process of successful R and D commercialization, 2017.; Striukova; Rayna, 2015STRIUKOVA, L.; RAYNA, T. University-industry knowledge exchange: An exploratory study of Open Innovation in UK universities. European Journal of Innovation Management, v. 18, n. 4, p. 471-492, 2015.; Ramalho et al., 2019RAMALHO, T. S.; TARRACO, E. L.; YOKOMIZO, C. A.; BERNARDES, R. C. Analysis of the innovation value chain in strategic projects of the Brazilian Army. Revista de Gestão, v. 26, n. 4, p. 409-428, 2019.).

Nos estudos pesquisados houve variação quanto à relação entre a inovação, ecossistemas de inovação e inovação aberta. Os autores abordaram de forma específica esses temas principais (Abdulkader et al., 2020ABDULKADER, B.; MAGNI, D.; CILLO, V., PAPA, A. MICERA, R. Aligning firm's value system and open innovation: a new framework of business process management beyond the business model innovation.Business Process Management Journal v. 26, n. 5, p. 999-1020, 2020.). No geral, percebeu-se que é evidente a relevância que a transferência de conhecimento possui no ecossistema de inovação e sua relação com o empreendedorismo (Sinell; Iffländer; Muschner, 2018SINELL, A.; IFFLÄNDER, V.; MUSCHNER, A. Uncovering transfer-a cross-national comparative analysis. European Journal of Innovation Management, v. 21, n. 1, p. 70-95, 2018.).

Referente à análise de similitude, os estudos destacaram como as empresas e startups usam a transferência de conhecimento no seu ambiente de trabalho (Striukova; Rayna, 2015STRIUKOVA, L.; RAYNA, T. University-industry knowledge exchange: An exploratory study of Open Innovation in UK universities. European Journal of Innovation Management, v. 18, n. 4, p. 471-492, 2015.). Entende-se que a inovação faz parte do contexto dessas organizações, mas nem sempre faz parte dessa transferência de conhecimento entre empresas, startups e profissionais (Baloutsos; Karagiannaki; Pramatari, 2022BALOUTSOS, S.; KARAGIANNAKI, A.; PRAMATARI, K. Identifying contradictions in an incumbent-startup ecosystem-an activity theory approach. European Journal of Innovation Management, v. 25, n. 6, p. 527-548, 2022.). Constatou-se certa dificuldade que esses membros possuem para se estabelecer em um ecossistema de inovação para se relacionar com as trocas sociais (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.). As contribuições e indicações para estudos futuros mostraram que a inovação, por meio de relacionamentos (trocas sociais), colaborações, interações (trocas sociais) e pesquisas, tem capacidade de propor mudanças e melhorias aos atores de um ecossistema. Ocorre o entendimento de promover o desenvolvimento entre os atores principais como as empresas, os governos e as universidades (Bürger; Fiates, 2021BÜRGER, R.; FIATES, G. G. S. Fundamental elements of university-industry interaction from a grounded theory approach.Innovation & Management Review, 2021.).

A análise de conteúdo possibilitou organizar o que foi descrito como contribuições teóricas e gerenciais e indicações de estudos futuros em cinco categorias (classes) de um cluster. A classe 1 (planejamento geral) refere-se à forma de construção das pesquisas analisadas, como objetivo, caso, validade e impacto. Esse planejamento engloba a transferência de conhecimento e tecnologia em projetos de living labs e na orquestração de ecossistemas de inovação (Sinell; Iffländer; Muschner, 2018SINELL, A.; IFFLÄNDER, V.; MUSCHNER, A. Uncovering transfer-a cross-national comparative analysis. European Journal of Innovation Management, v. 21, n. 1, p. 70-95, 2018.). Living labs retrataram ambientes de inovação aberta em espaços físicos ou virtuais que buscam encontrar soluções inovadoras para os problemas existentes (Grotenhuis, 2017GROTENHUIS, F. D. J. Living labs as service providers: From proliferation to coordination. Global Business and Organizational Excellence, v. 36, n. 4, p. 52-57, 2017.). A classe planejamento geral possui relação indireta com todas as demais classes.

Tecnologia e pesquisa (classe 2) representam a aprendizagem por meios digitais e tecnológicos com contribuições na literatura e na área de negócios. Empreendedores e startups atuam por meio de abertura e parcerias no ecossistema de inovação. Da mesma forma, a área acadêmica, com conhecimento e aprendizagem acumulados, consegue obter resultados no ecossistema de inovação por meio da transferência de tecnologia (Schaeffer; Guerrero; Fischer, 2021SCHAEFFER, P. R.; GUERRERO, M.; FISCHER, B. B. Mutualism in ecosystems of innovation and entrepreneurship: A bidirectional perspective on universities’ linkages. Journal of Business Research v. 134, p. 184-197, 2021.). A classe tecnologia e pesquisa possui relação direta com a classe 3 (características das trocas sociais no ecossistema de inovação), que apresenta as trocas sociais no ambiente do ecossistema de inovação (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.). Essa classe tem o crowdfunding, que consiste na obtenção de capital para iniciativas de interesse coletivo por meio da agregação de múltiplas fontes de financiamento (Çubukcu; Ulusoy; Boz, 2020ÇUBUKCU, A.; ULUSOY, T.; BOZ, E. Y. Crowdfunding and Open Innovation Together: A Conceptual framework of a hybrid crowd innovation model. International Journal of Innovation and Technology Management, v. 17, n. 08, p. 2150003, 2020.). Estudos teóricos ganharam protagonismo sobre inovação e interações para facilitar a inovação aberta (Gupta et al., 2016GUPTA, A. K.; DEY, A. R.; SHINDE, C.; MAHANTA, H.; PATEL, C.; PATEL, R.; TOLE, P. Theory of open inclusive innovation for reciprocal, responsive and respectful outcomes: Coping creatively with climatic and institutional risks. Journal of Open Innovation: Technology, Market, and Complexity, v. 2, n. 3, p. 16, 2016.).

As classes 4 (ações dos atores do ecossistema de inovação) e 5 (atores do ecossistema de inovação) trouxeram os movimentos que os atores fazem ao incluir a cooperação para a transferência de conhecimento e o compartilhamento de informações, como oportunidade ou suporte para promover produtos (Barykin et al., 2021BARYKIN, S.;Y.; BOCHKAREV, A. A.; SERGEEV, S. M.; BARANOVA, T. A.; MOKHOROV, D. A.; KOBICHEVA, A. M. A methodology of bringing perspective innovation products to market.Academy of Strategic Management Journal, v. 20, p. 1-19, 2021.; Spicka, 2022SPICKA, J. Cooperation in a minimum-waste innovation ecosystem: a case study of the Czech Hemp Cluster. International Journal of Emerging Markets1204286621, n. ahead-of-print, 2022.). As classes 4 e 5 se complementam ao trazerem em conjunto os atores e as ações realizadas em um ecossistema de inovação. Os atores do ecossistema de inovação devem se envolver em atividades para agregar valor (Breslin et al., 2021BRESLIN, D.; KASK, J.; SCHLAILE, M.; ABATECOLA, G. Developing a coevolutionary account of innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 98, p. 59-68, 2021.), como a resolução de problemas em nome de clientes e parceiros para apoiar a construção de confiança por todo o ecossistema (Pattinson et al., 2022PATTINSON, S.; CUNNINGHAM, J.; PREECE, D.; DAVIES, M. A. Trust building in science-based SMEs in the North East of England: an ecosystem perspective.Journal of Small Business and Enterprise Development, v. 29, n. 6, p. 902-919, 2022.).

A teoria das trocas sociais está presente nos estudos pesquisados por meio da interação, cooperação e colaboração que ficaram evidentes nas classes características, ações dos atores do ecossistema de inovação e atores do ecossistema de inovação, respectivamente. As interações (teoria das trocas sociais) atuam como ferramentas estratégicas para favorecer a inovação (Knockaert; Deschryvere; Lechyse, 2019). A troca social repetida entre empresas interdependentes evolui para uma relação de confiança, que promove colaboração, compartilhamento de conhecimento, transparência e tomada de riscos (Benitez; Ayala; Frank, 2020BENITEZ, G. B.; AYALA, N. F.; FRANK, A. G. Industry 4.0 innovation ecosystems: An evolutionary perspective on value cocreation. International Journal of Production Economics, v. 228, p. 107735, 2020.; Steinbruch; Nascimento; Menezes, 2022STEINBRUCH, F. K.; NASCIMENTO, L. da S.; MENEZES, D. C. de. The role of trust in innovation ecosystems.Journal of Business & Industrial Marketing, v. 37, n. 1, p. 195-208, 2022.).

Empreendedorismo corporativo, teoria das trocas sociais, engajamento e inovação podem integrar a base para o desenvolvimento da competitividade organizacional (Kassa; Tsigu, 2022KASSA, A. G.; TSIGU, G. T. Corporate entrepreneurship, employee engagement and innovation: A resource-basedview and a social exchangetheory perspective.International Journal of Organizational Analysis, v. 30, n. 6, p. 1694-1711, 2022.). Os relacionamentos por áreas e de plataforma facilitam a construção da confiança dentro de um ecossistema de inovação (Pattinson et al., 2022PATTINSON, S.; CUNNINGHAM, J.; PREECE, D.; DAVIES, M. A. Trust building in science-based SMEs in the North East of England: an ecosystem perspective.Journal of Small Business and Enterprise Development, v. 29, n. 6, p. 902-919, 2022.), em que a confiança constitui um elemento fundamental das trocas sociais que podem facilitar a relação dos atores no ecossistema de inovação (Steinbruch; Nascimento; Menezes, 2022STEINBRUCH, F. K.; NASCIMENTO, L. da S.; MENEZES, D. C. de. The role of trust in innovation ecosystems.Journal of Business & Industrial Marketing, v. 37, n. 1, p. 195-208, 2022.).

A inovação depende de ações que compreendem um sistema ou projeto definido para possibilitar investimentos de parcerias com o poder público, universidades e empresas (Breslin et al., 2021BRESLIN, D.; KASK, J.; SCHLAILE, M.; ABATECOLA, G. Developing a coevolutionary account of innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 98, p. 59-68, 2021.). Os clusters de inovação indicam uma possibilidade com formatos organizacionais que apresentam um entrelaçamento de relações entre agentes públicos e privados em torno de um segmento produtivo em uma determinada área (Ferras-Hernandez; Nylund, 2019FERRAS-HERNANDEZ, X.; NYLUND, P. A. Clusters as innovation engines: The accelerating strengths of proximity. European Management Review, v. 16, n. 1, p. 37-53, 2019.). Nesse contexto, as universidades podem realizar a aproximação entre os atores por sua capacidade de conexões (Fischer, et al., 2021FISCHER, B.; GUERRERO, M.; GUIMÓN, J.; SCHAEFFER, P. R. Knowledge transfer for frugal innovation: where do entrepreneurial universities stand? Journal of Knowledge Management. 25, n. 2, p. 360-379, 2021.). Cada ator possui lideranças que podem mostrar um agente político no ecossistema de inovação (Song; Chen; Ganguly, 2020SONG, H.; CHEN, S.; GANGULY, A. Innovative ecosystem in enhancing hi-tech SME financing: Mediating role of two types of innovation capabilities. International Journal of Innovation Management, v. 24, n. 02, p. 2050017, 2020.).

A inovação aberta ocorre como uma consequência das trocas sociais nos ecossistemas de inovação por meio do relacionamento entre os atores. Pode constituir a inovação inclusiva aberta ao agregar novos atores e organizações (Gupta et al., 2016GUPTA, A. K.; DEY, A. R.; SHINDE, C.; MAHANTA, H.; PATEL, C.; PATEL, R.; TOLE, P. Theory of open inclusive innovation for reciprocal, responsive and respectful outcomes: Coping creatively with climatic and institutional risks. Journal of Open Innovation: Technology, Market, and Complexity, v. 2, n. 3, p. 16, 2016.) e representa uma jornada na qual as empresas inovadoras orquestram a consolidação de um ecossistema (Plata; Aparício; Scott, 2021PLATA, G.; APARICIO, S.; SCOTT, S. The sum of its parts: Examining the institutional effects on entrepreneurial nodes in extensive innovation ecosystems. Industrial Marketing Management, v. 99, p. 136-152, 2021.). O ecossistema de inovação aberta retrata um ambiente que prospera trocas, relações de confiança, conhecimento e tecnologia (Abdulkader et al., 2020ABDULKADER, B.; MAGNI, D.; CILLO, V., PAPA, A. MICERA, R. Aligning firm's value system and open innovation: a new framework of business process management beyond the business model innovation.Business Process Management Journal v. 26, n. 5, p. 999-1020, 2020.). Esse processo de abertura orienta como os gerentes podem agir para entrar e sair da inovação (Alam; Rooney; Taylor, 2022ALAM, M. A.; ROONEY, D.; TAYLOR, M. From ego-systems to open innovation ecosystems: A process model of inter-firm openness. Journal of Product Innovation Management v. 39, n. 2, p. 177-201, 2022.).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo analisou as contribuições teóricas e gerenciais e as indicações de estudos futuros de artigos científicos que relacionaram ecossistema de inovação e teoria das trocas sociais para propor categorias de análise. Vale salientar a diversidade de temas que os artigos abrangeram nas áreas de inovação, empreendedorismo, relação universidade-empresa, segmentos empresariais, além de outras áreas. As categorias propostas foram: planejamento geral; atores do ecossistema; ações dos atores; tecnologia e pesquisa; e características das trocas sociais no ecossistema de inovação.

Os anos de 2020 e 2021 foram os que obtiveram a maior quantidade de artigos científicos publicados. O período entre o ano completo de 2020 até setembro de 2022 concentrou 52% das 50 publicações apuradas. A revista European Journal of Innovation Management foi a que gerou mais publicações, com cinco artigos. Seis autores tiveram duas publicações de artigos científicos, a maior quantidade de publicações. Os autores Gifford e McKelvey participaram dos estudos sobre cluster marítimo e indústria musical. Os autores Schaeffer, Guerrero e Fischer participaram do estudo sobre mutualismo universidade-empresa e sobre universidade empreendedora. O autor Radziwon publicou artigos sobre micro e pequenas empresas e ecossistema regional de inovação.

Alguns estudos pesquisados apresentaram outras teorias, como a teoria da inovação inclusiva aberta (Gupta et al., 2016GUPTA, A. K.; DEY, A. R.; SHINDE, C.; MAHANTA, H.; PATEL, C.; PATEL, R.; TOLE, P. Theory of open inclusive innovation for reciprocal, responsive and respectful outcomes: Coping creatively with climatic and institutional risks. Journal of Open Innovation: Technology, Market, and Complexity, v. 2, n. 3, p. 16, 2016.) e a teoria da atividade (Baloutsos; Karagiannaki; Pramatari, 2022BALOUTSOS, S.; KARAGIANNAKI, A.; PRAMATARI, K. Identifying contradictions in an incumbent-startup ecosystem-an activity theory approach. European Journal of Innovation Management, v. 25, n. 6, p. 527-548, 2022.), mas o destaque ficou com os elementos da teoria das trocas sociais. A inovação por meio das trocas sociais por pesquisas aplicadas tem capacidade de propor mudanças e melhorias aos atores de um ecossistema. O relacionamento entre atores de um ecossistema, por meio de seus profissionais, promove interação, confiança, cooperação e colaboração para possibilitar um ambiente propício à inovação.

Nas atividades econômicas, a cooperação para a transferência de conhecimento e o compartilhamento se mostram como oportunidade ou suporte para novos produtos e serviços. A transferência de conhecimento e tecnologia no ecossistema tem sua relação com o empreendedorismo pela atuação com empresas, livings labs e startups; porém, nem sempre promove resultados satisfatórios com a inovação devido à falta de abertura. As trocas sociais nos ecossistemas de inovação ocorrem por meio do relacionamento entre os profissionais dos atores, em que esse processo de confiança e interações estabelecidos favorecem a inovação aberta, que por sua vez, vai abranger todo o ecossistema.

Sistemas e projetos com os clusters de inovação possibilitam um entrelaçamento de relações entre agentes públicos e privados ou atores de um ecossistema. As universidades representam um ator que pode realizar a aproximação entre os demais atores, em que a área acadêmica com a aprendizagem e digitalização consegue promover resultados satisfatórios no ecossistema de inovação. Essa relação de trocas sociais entre os atores do ecossistema de inovação pode resolver problemas em nome de clientes e parceiros, o que caracteriza uma interdependência organizacional. Deve-se ressaltar a importância do gestor como um agente político no ecossistema de inovação para direcionar as ações necessárias.

Com relação às limitações da pesquisa, apenas uma base de dados foi usada na busca por artigos científicos, o uso de mais bases poderia ampliar os resultados. As contribuições teóricas e gerenciais e as indicações de estudos futuros de cada artigo poderiam ter uma análise individualizada por meio de um quadro explicativo.

Como estudos futuros, pode-se indicar uma revisão sistemática da literatura com busca na base de dados Web of Science e, inclusive, o uso de outros termos referente às trocas sociais, como interdependência. São recomendáveis pesquisas empíricas qualitativas, quantitativas ou com método misto para verificar ou analisar diferentes teorias no contexto do ecossistema de inovação ou com foco em algum ator como governo, universidade, sociedade ou atividade econômica, assim como pesquisas empíricas com abordagem sobre outras teorias em um ambiente específico de inovação ou de um ecossistema de inovação.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Set 2024
  • Data do Fascículo
    May-Aug 2024

Histórico

  • Recebido
    20 Jun 2023
  • Revisado
    05 Nov 2023
  • Revisado
    10 Abr 2024
  • Aceito
    01 Jul 2024
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