APHAERETA SP. (HYMENOPTERA: BRACONIDAE) COMO PARASITÓIDE DE SARCODEXIA LAMBENS (WIEDEMANN) (DIPTERA: SARCOPHAGIDAE) NO BRASIL

APHAERETA SP. (HYMENOPTERA: BRACONIDAE) AS PARASITOID OF SARCODEXIA LAMBENS (WIEDEMANN) (DIPTERA: SARCOPHAGIDAE) IN BRAZIL

RESUMO

O objetivo do presente estudo é relatar a primeira ocorrência do parasitóide Aphaereta sp. (Hymenoptera: Braconidae) como inimigo natural de Sarcodexia lambens (Wiedemann) (Diptera: Sarcophagidae). Para coleta dos insetos foi utilizado como isca fígado bovino. Obtiveram-se 37 pupas de S. lambens, das quais, três originaram parasitóides pertencentes à espécie Aphaereta sp. A prevalência de parasitismo foi de 8,1%.

PALAVRAS-CHAVE:
Diptera; Hymenoptera; parasitóide; mosca; primeira ocorrência.

ABSTRACT

This article reports the first occurrence of the parasitoid Aphaereta sp. (Hymenoptera: Braconidae) on pupae of Sarcodexia lambens (Wiedemann) (Diptera: Sarcophagidae). Bovine liver was used as bait to collect the insects. In the study, 37 pupae of S. lambens were obtained, three of which yielded the parasitoid Aphaereta sp. The prevalence of parasitism was 8.1%.

KEY WORDS:
Diptera; Hymenoptera; parasitoid; fly; first occurrence.

Os dípteros muscóides das famílias Calliphoridae, Fanniidae, Muscidae e Sarcophagidae são potenciais vetores de agentes etiológicos como: vírus, bactérias, cistos de protozoários e ovos de helmintos (GREENBERG, 1971).

Os Sarcophagidae são insetos ovovivíparos, raramente vivíparos. São reconhecidas 600 espécies de Sarcophagidae na região Neotropical (SHEWELL, 1987). Sarcodexia lambens está amplamente distribuída nas Américas, sendo encontrada do Sul dos Estados Unidos da América até a Argentina (LOPES & LEITE 1989). Essa espécie coloniza matéria orgânica animal como fezes humanas, fezes de gado bovino e fígado bovino usadas como iscas (ROCHA & MENDES, 1996; MARCHIORI et al., 2000a).

O objetivo desta nota é relatar a primeira ocorrência do parasitóide Aphaereta sp. parasitando S. lambens no Brasil.

O estudo foi realizado no Matadouro Municipal localizado no Município de Itumbiara, GO (18º25'S- 49º13'W). Procedeu-se a atração de moscas através de armadilhas construídas com lata de coloração preta fosca, medindo cerca de 19 cm de altura por 9 cm de diâmetro, com duas aberturas tipo venezianas, localizadas no terço inferior, para permitirem a entrada dos insetos. Na parte superior das latas foram acoplados funis de nylon, abertos nas extremidades, com bases voltadas para baixo e envolvidos em sacos plásticos, cuja remoção permitiria a coleta das moscas e parasitóides. Serviu como isca fígado bovino depositado no interior das latas, sobre uma camada de terra. Utilizaram-se 10 armadilhas que foram penduradas em árvores a 1 metro do solo e a 2 metros uma das outras em uma mata. Os indivíduos coletados foram levados para o laboratório, sacrificados com éter etílico e conservados em álcool 70% para posterior identificação.

O conteúdo das armadilhas foi colocado em recipientes plásticos contendo uma camada de areia para servir de substrato à pupação das larvas. Peneirada esta areia (após 15 dias de sua colocação no campo), dela se extraíram as pupas, que em seguida foram colocadas, individualmente, em cápsulas de gelatina (número 00) para obtenção de moscas e/ou parasitóides. A prevalência de parasitismo foi calculada através do número de pupas parasitadas/ número total de pupas coletadas x 100.

Em abril de 2003, coletaram-se 37 pupas de S. lambens, das quais, 3 originaram 40 parasitóides pertencentes à espécie Aphaereta sp. (Hymenoptera: Braconidae), com uma prevalência de parasitismo de 8,1% (3/37). Essa prevalência talvez esteja sendo influenciada pela capacidade de busca dos parasitóides, pelo baixo número de coletas realizadas e/ou pela densidade dos hospedeiros. Em Itumbiara, GO, S. lambens foi encontrada com os parasitóides Pachycrepoideus vindemmiae (Rondani) (Hymenoptera: Pteromalidae) e Brachymeria podagrica (Fabricius) (Hymenoptera: Chalcididae) apresentando 18,2% e 9,0% de prevalência de parasitismo (MARCHIORI et al., 2002; MARCHIORI et al., 2003).

FIGG et al. (1983) observaram que muitas espécies de Aphaereta são gregárias. SILVA (1991) encontrou Aphaereta sp. em todos os locais de coleta em São Carlos (SP). WATTS & COMBS JUNIOR (1977) mencionam Aphaereta sp. como um componente importante parasitando pupas de Haematobia irritans (L.) (Diptera: Muscidae) em fezes bovinas no estado do Mississipi (Estados Unidos da América).

No Brasil, esta nota representa o primeiro relato do parasitóide Aphaereta sp. utilizando como hospedeiro S. lambens.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  17 Jun 2024
• Data do Fascículo
  Jul-Sep 2004

Histórico

• Recebido
  15 Jun 2004
• Aceito
  14 Jul 2004