Resumo:
O objetivo é apresentar uma proposta de metadados para a informação museológica de acervos arqueológicos, a partir de instrumentos legais no Brasil. A metodologia da pesquisa se constitui de natureza aplicada, quanto aos objetivos, se caracteriza como exploratória, quanto aos seus procedimentos, seguirá um estudo de caso com uma abordagem qualitativa. A partir dos resultados foram identificados os metadados do acervo arqueológico digital do Museu Amazônico. Mostrou-se a partir da musealização da arqueologia a importância desses metadados para a descrição dessas informações e se construiu uma proposta de metadados para a descrição da informação em acervos arqueológicos em repositório digital. Por fim, sugerimos que futuras pesquisas que possam levar em consideração este estudo de caso como uma reflexão para aperfeiçoar padrões de metadados não somente para acervos arqueológicos, mas para bens do patrimônio cultural, em geral.
Palavras-chave:
metadados; acervos arqueológicos; repositório digital; museus universitários; musealização da arqueologia
Abstract:
The objective is to present a metadata proposal for museum information on destroyed collections, based on legal instruments in Brazil. The research methodology is applied in nature, in terms of objectives, it is characterized as exploratory, in terms of its procedures, it will follow a case study with a qualitative approach. From the results, the metadata of the Amazon Museum's digital collection was identified. From the musealization of archeology, the importance of this metadata for the description of this information was shown and a metadata proposal was constructed for the description of information in archaeological collections in a digital repository. Finally, we suggest that future research can take this case study into consideration as a reflection to improve metadata standards not only for destroyed collections, but for cultural heritage assets in general.
Keywords:
metadata; archaeological collections; digital repository; university museums; musealization of archeology
1 Introdução
Hoje, nas universidades federais do Brasil, os repositórios já são uma realidade e são bastante utilizados para a salvaguarda e disseminação do que é produzido cientificamente nas instituições. Comumente são gerenciados pelos sistemas de bibliotecas, porém, já podemos observar seu uso em museus, dessa forma, faz-se necessário compreender em museus universitários como esta ferramenta vem sendo implementada nesses locais. Nesse sentido, a pesquisa parte do seguinte problema: quais metadados podem ser utilizados para descrever a informação museológica de acervo arqueológico em repositório digital no Brasil?
Nesse contexto, o artigo tem como objetivo apresentar uma proposta de metadados para a informação arqueológica, a partir de instrumentos legais no Brasil. Para isso, temos como objetivos específicos, identificar os metadados utilizados no repositório digital do Museu Amazônico, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), onde eles depositam seu acervo arqueológico. A segunda etapa foi analisar esses metadados, a partir do processo de musealização da arqueologia. Por fim, propor um esquema de metadados para informação arqueológica, a partir de dois instrumentos legais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
2 Musealização da Arqueologia
Uma das formas que podemos refletir sobre os acervos arqueológicos dentro de museus é justamente o seu processo de musealização que para Bruno (2014BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Musealização da Arqueologia: caminhos percorridos. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 26/27, n. 2/1, p. 4-15, 2013/2014. Disponível em: https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.379 . Acesso em: 2 mar. 2024.
https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.379...
, p. 7) “[...] está vinculado à valorização e à sistematização dos sentidos e significados extraídos das referências culturais que são alvo da atenção museológica”, tal processo (Figura 1) passa por diversas etapas que envolvem diferentes serviços no museu, ainda segundo Cury (2005CURY, Marília Xavier. Exposição: concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Annablume, 2005. ):
[...] o processo de musealização como uma série de ações sobre os objetos, quais sejam: aquisição, pesquisa, conservação e documentação. O processo inicia-se ao selecionar um objeto de seu contexto e completa-se ao apresentá-lo publicamente por meio de exposições, de atividades educativas e de outras formas. Compreende, ainda, as atividades administrativas como pano de fundo desse processo (Cury, 2005CURY, Marília Xavier. Exposição: concepção, montagem e avaliação. São Paulo: Annablume, 2005. , p. 26).
Para demonstrar se o que foi feito no repositório digital no Museu Amazônico dentro de uma perspectiva da musealização da arqueologia é preciso entender que alguns autores relatam sobre o processo de esquecimento desse tipo de acervo, o que dificulta o principal objetivo dos museus que é a salvaguarda, comunicação e pesquisa. Segundo Silva (2014SILVA, Abrahão Sanderson Nunes Fernandes. Musealização da Arqueologia: diagnóstico do patrimônio arqueológico em museus potiguares. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 26/27, n. 2/1, p. 59-76, 2013/2014. Disponível em: https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.382 . Acesso em: 20 jan. 2024.
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):
[...] coleções arqueológicas quando inseridas no contexto dos acervos museológicos se mostram pouco articuladas com outros conjuntos patrimoniais, o que revela então camadas de relações que foram estabelecidas para com estes artefatos e evidencia um processo que destaca o isolamento e o esquecimento dos objetos arqueológicos enquanto elementos constituintes das memórias locais, regionais ou nacionais (Silva, 2014SILVA, Abrahão Sanderson Nunes Fernandes. Musealização da Arqueologia: diagnóstico do patrimônio arqueológico em museus potiguares. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 26/27, n. 2/1, p. 59-76, 2013/2014. Disponível em: https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.382 . Acesso em: 20 jan. 2024.
https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.382... , p. 60).
Tal isolamento e abandono é descrito pela pesquisadora Maria Cristina Bruno como a estratigrafia do abandono, esse processo seria responsável pelo esquecimento das fontes arqueológicas (Bruno, 1999BRUNO, Maria Cristina Oliveira. O esquecimento das fontes arqueológicas: a estratigrafia do abandono e as trincheiras da arqueologia. Cadernos de Sociomuseologia, Lisboa, n. 17, p. 19-33,1999. Disponível em: http://hdl.handle.net/10437/4477 . Acesso em: 20 jan. 2024.
http://hdl.handle.net/10437/4477...
). Ainda em tempos atuais essa discussão onde o pesquisador Costa (2021COSTA, Matheus Pereira. Acervos pré-coloniais em museus de arqueologia brasileiros: reflexões em tempos de crises sanitárias e museológico-curatoriais. In: Seminário Internacional de Memória e Patrimônio, 11, 2021. Anais [...]. Pelotas: UFPel/ NEMPLuS, 2021., p. 1) ressalta sobre esses acervos que “[...] os objetos quando salvaguardados são isolados das possibilidades de significação, isto é, não são devidamente estudados e problematizados a partir de abordagens arqueológicas”.
Dessa forma, deve partir das universidades construir o debate sobre o processo de musealização, para que diante de um cenário onde os museus possam ainda serem compreendidos como depósitos, esses locais sejam verdadeiramente espaços de memória e representação. Quando falamos de acervos arqueológicos, estamos registrando o pouco que temos de nossos ancestrais e que a partir dos seus objetos e fragmentos, que representam a informação de outras épocas, produzem a partir das pesquisas, mais conhecimento sobre a nossa sociedade.
3 Acervos digitais e repositórios
Os acervos em museus podem compor diversos tipos de materiais, no entanto, o grande desafio das instituições é tornar acessível de forma digital, seja por questões de preservação ou de disseminação, segundo Martins e Dias (2019MARTINS, Dalton Lopes; DIAS, Calíope Víctor Spíndola de Miranda. Acervos digitais: perspectivas, desafios e oportunidades para as instituições de memória do Brasil. Panorama Setorial da Internet, São Paulo, ano 11, n. 3, p. 1-16, set. 2019., p. 1) “[...] as instituições memoriais e culturais têm desenvolvido projetos de digitalização de seus acervos, apropriando-se de novas ferramentas, sobretudo a Internet, para transformar o ciclo difusor desses bens culturais”, ainda nesse sentido Sayão diz que (2016SAYÃO, Luís Fernando. Digitalização de acervos culturais: reuso, curadoria e preservação. In: SEMINÁRIO DE SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO EM MUSEUS, 4., 2016, São Paulo. Anais [...]. São Paulo: Pinacoteca, 2016. p. 47-61. , p. 48) “[...] as representações digitais de acervos físicos podem constituir uma ferramenta imprescindível para a gestão dos acervos originais, para os processos de documentação, conservação, preservação, segurança, marketing e editoração, entre outros.” Martins e Dias (2019MARTINS, Dalton Lopes; DIAS, Calíope Víctor Spíndola de Miranda. Acervos digitais: perspectivas, desafios e oportunidades para as instituições de memória do Brasil. Panorama Setorial da Internet, São Paulo, ano 11, n. 3, p. 1-16, set. 2019.) complementam:
[...] os esforços voltados à digitalização de acervos são percebidos como solução para a reinvenção das instituições de memória. A digitalização pode proporcionar um universo de possibilidades, desde o acesso facilitado e instantâneo por mais de um usuário até a renovação de seus significados a partir da inserção em novos contextos, o que acaba por gerar interpretações e formas de utilização inéditas (Martins; Dias, 2019MARTINS, Dalton Lopes; DIAS, Calíope Víctor Spíndola de Miranda. Acervos digitais: perspectivas, desafios e oportunidades para as instituições de memória do Brasil. Panorama Setorial da Internet, São Paulo, ano 11, n. 3, p. 1-16, set. 2019., p. 2).
Segundo Reis e Zaninelli (2020REIS, S. G. O.; ZANINELLI, T. B. Uma análise em torno do repositório institucional como um recurso informacional de acesso aberto. Ponto de Acesso, Salvador, v. 14, n. 1, p. 117-137, 2020. Disponível em: https://doi.org/10.9771/rpa.v14i1.29094 . Acesso em: 28 jun. 2022.
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) o repositório digital é uma forma de armazenar objetos digitais e tem a capacidade de manter esse material por longos períodos e prover o seu acesso. Podemos encontrar alguns tipos de repositórios digitais como temáticos e institucionais. Repositórios temáticos vamos encontrar principalmente em coleções específicas, como por exemplo os de temática arqueológica, já os institucionais são caracterizados por conter o conteúdo científico que é produzido dentro de uma instituição, sendo que as universidades são as que mais utilizam essa ferramenta. Ainda segundo Monteiro (2010MONTEIRO, Fernanda. Organização da informação: proposta de elementos de arquitetura da informação para repositórios digitais institucionais, baseados na descrição física e temática. In: Robredo, Jaime; Bräscher, Marisa (org.). Passeios no bosque da informação: estudos sobre representação e organização da informação e do conhecimento - EROIC. Brasília: IBICT, 2010. cap. 7, p. 130-145. ):
[...] os repositórios digitais institucionais, contemplam diferentes tipos de documentos e ampla diversidade de formatos. Esta característica irá conduzir à definição de uma amostra de repositórios mantidos por instituições universitárias que disponibilizam coleções digitais de departamentos e faculdades (Monteiro, 2010MONTEIRO, Fernanda. Organização da informação: proposta de elementos de arquitetura da informação para repositórios digitais institucionais, baseados na descrição física e temática. In: Robredo, Jaime; Bräscher, Marisa (org.). Passeios no bosque da informação: estudos sobre representação e organização da informação e do conhecimento - EROIC. Brasília: IBICT, 2010. cap. 7, p. 130-145. . p. 132).
Nesse contexto, o uso de repositórios como ferramenta se fez mais presente não apenas nas universidades, mas também, em espaços de cultura e memória como os museus. O uso das tecnologias digitais, nesse contexto, tem se mostrado transformador para não só garantir a organização e o controle da informação sobre os acervos universitários, como principalmente para a promoção do acesso a essas coleções por um público mais amplo. É notório que na última década o uso das tecnologias digitais em museus e instituições culturais aumentou de forma significativa.
Desse modo, o repositório digital é uma ferramenta que pode auxiliar bastante seja em bibliotecas, arquivos ou museus, no sentido da divulgação e disseminação de acervos e coleções, para que se proteja e ao mesmo tempo consiga dar visibilidade a documentos, em formato digital e em diversos suportes, seja em pdf, áudio, vídeo etc.
4 Metodologia
A metodologia desta pesquisa se constitui de natureza aplicada, que segundo Almeida (2021ALMEIDA, Ítalo D’Artagnan. Metodologia do trabalho científico. Recife: Ed. UFPE, 2021. , p. 30-31) “[...] voltada à aplicação, e utilização da pesquisa, postulando possíveis consequências práticas do seu conhecimento em problemas e questões individuais e coletivas”, quanto aos objetivos se caracteriza como exploratória, onde visa “[...] proporcionar maiores informações e conhecimentos sobre uma determinada temática e facilitar a delimitação de um determinado tema de trabalho” (Almeida, 2021ALMEIDA, Ítalo D’Artagnan. Metodologia do trabalho científico. Recife: Ed. UFPE, 2021. , p. 31), quanto ao seus procedimentos seguirá um estudo de caso com uma abordagem qualitativa. Segundo o autor Yin (2015YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015., p. 4) “[...] surge do desejo de entender fenômenos sociais complexos. Em resumo, um estudo de caso permite que os investigadores foquem um ‘caso’ e retenham uma perspectiva holística e do mundo real”. Segue nos quadros abaixo (Quadros 1, 2 e 3) os métodos e técnicas utilizados para cada objetivo específico.
Para esta etapa foi utilizado como método a análise documental, onde a lista de dados foi o esquema de metadados do próprio repositório do Museu Amazônico que serviu como fonte desses dados. Para a amostra foram utilizados os 33 itens de metadados do repositório do Museu, a técnica para tratamento desses dados foi a análise da descrição desses metadados que por fim irá identificar os metadados do acervo digital arqueológico do Museu Amazônico.
Nesta etapa foi utilizado como método a pesquisa bibliográfica que deu embasamento teórico para o entendimento do objetivo específico. Os dados utilizados foram retirados da lista completa de esquema de metadados do Museu Amazônico, a amostra conta com um total de 33 itens. Para a análise desses dados a técnica de tratamento foi uma análise qualitativa a partir de uma reflexão sobre a musealização da arqueologia, a partir da fundamentação teórica. O resultado objetivou mostrar, a partir da musealização da arqueologia a importância desses metadados para descrição dessas informações no aspecto da museologia.
Por fim, nesta etapa foi utilizado como método a análise documental, que como dados usou-se os dois instrumentos legais de instituições governamentais que foram o Ibram e o IPHAN. Em relação a técnica de tratamento desses dados buscou-se através de uma análise qualitativa a partir dos elementos de descrição contidos nesses instrumentos propor um esquema de metadados para a descrição da informação em acervos arqueológicos em repositório.
5 Análise dos resultados
Para a identificar os metadados utilizados pelo Museu Amazônico, utilizamos o próprio repositório para extrair como foi feita a descrição da informação arqueológica nesse local.
O repositório que tem endereço eletrônico a seguir (https://arqamazon.ict.ufvjm.edu.br/jspui/), está dividido em coleções, doações, levantamento arqueológico de Manaus, licenciamento ambiental e vários projetos.
Na verdade, como Museu Amazônico utiliza o Dspace como ferramenta e o mesmo tem como esquema de metadados padrão o Dublin Core, logo, alguns itens foram adaptados, outros podem ser repetidos. Nesse sentido, foi solicitado ao Museu o esquema de metadados completo que foi enviado por e-mail uma lista no formato de Extensible Markup Language (XML).
Dessa forma, conseguimos mapear todos os metadados que realmente foram utilizados no Museu Amazônico para a descrição da informação arqueológica do seu acervo.
Abaixo montamos no quadro 4, baseado nas informações que conseguimos através da lista em XML descrever cada metadado e seus respectivos campos.
No quadro 4 temos todos os 33 metadados que compõem o repositório digital do Museu Amazônico, no entanto, desse total, 25 desses campos foram criados/adaptados com objetivo de fazer a representação da informação arqueológica. Abaixo a relação dos campos: “E-mail do pesquisador”, “Telefone do pesquisador”, “Empresa/universidade”, “Outros materiais”, “Estado”, “Município”, “Região geográfica”, “Descrição da área onde o material foi encontrado”, “Identificação complementar da área”, “Profundidade em que o material foi encontrado”, “Possui objetos com potencial para exposição”, “Tipo do material (categoria) (materiais)”, “Técnicas de produção”, “Decoração”, “Integridade”, “Estado de conservação”, “Descrição do estado de conservação”, “Intervenções sofridas”, “Acondicionamento”, “Quantidade de itens”, “Peso do saco”, “Peso total da caixa”, “Identificação da caixa”, “Nível da estante”, “Identificação da estante”.
Nesse sentido, o objetivo de identificar os metadados utilizados pelo Museu Amazônico foi atingido, no entanto, as informações arqueológicas realmente são cheias de detalhes que podem ter significativos dependendo do material. Na próxima etapa foi realizada uma reflexão desses campos com a musealização.
A segunda etapa desta pesquisa foi refletir sobre esses metadados, a partir do processo de musealização da arqueologia. Assim, pelo que se compreende por musealização, vamos identificar nos metadados utilizados no repositório do museu, a partir dos procedimentos de salvaguarda (conservação, documentação e acondicionamento), comunicação (exposição, ação educativo-cultural e publicação) e pesquisa.
No quadro 5 acima, podemos observar algumas informações que são solicitadas para o cadastro como: “Identificação do item” (salvaguarda); “Pesquisadores” (pesquisa); “E-mail do pesquisador” (pesquisa); “Empresa/universidade” (comunicação); “Sítios arqueológicos” (pesquisa); “Descrição sucinta” (pesquisa, comunicação e salvaguarda); “Tipo do material” (pesquisa); “Outros materiais” (pesquisa). Até então informações básicas, porém, logo nessa primeira parte já se pode identificar elementos de salvaguarda, comunicação e pesquisa. O que reflete bem a questão para museu universitário, onde essas três questões são importantes, a salvaguarda para os pesquisadores e para a instituição que gerencia esse acervo, a pesquisa para os acadêmicos e pesquisadores e a comunicação, que envolve toda a comunidade e faz com que outras pessoas possam acessar este tipo de material que pode representar a identidade de um povo, de uma região, através desse processo de musealização.
No quadro 6, há uma especificidade em descrever a parte de localização e de área onde o material foi encontrado. Daí a criação dos seguintes campos na imagem acima: “Estado”; “Município”; “Região geográfica”; “Descrição da área onde o material foi encontrado”; “Identificação complementar da área”; “Profundidade em que o material foi encontrado”. Todos esses campos consideramos como importantes para a pesquisa, pois a descrição do local é fundamental para os estudos na arqueologia, nesse contexto, Costa, Santos e Cutrim (2019COSTA, Maurício José Morais; SANTOS, Donny Wallesson; CUTRIM, Kláutenys Dellene Guedes. Educação patrimonial em bibliotecas, arquivos e museus: ações voltadas para a preservação e valorização do patrimônio cultural de São Luís-MA. ConCI: Convergências em Ciência da Informação, Aracaju, v. 2, n. 3, p. 84-103, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.33467/conci.v2i3.13672 . Acesso em: 20 jan. 2024.
https://doi.org/10.33467/conci.v2i3.1367...
), afirma que:
[...] o patrimônio arqueológico assume papel central no diálogo com a sociedade, pela sua condição material e por possibilitar que se compreenda e que se reflita sobre o continuum histórico entre os processos sociais passados e presentes, permitindo a elaboração consciente de perspectivas futuras (Costa; Santos; Cutrim, 2019COSTA, Maurício José Morais; SANTOS, Donny Wallesson; CUTRIM, Kláutenys Dellene Guedes. Educação patrimonial em bibliotecas, arquivos e museus: ações voltadas para a preservação e valorização do patrimônio cultural de São Luís-MA. ConCI: Convergências em Ciência da Informação, Aracaju, v. 2, n. 3, p. 84-103, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.33467/conci.v2i3.13672 . Acesso em: 20 jan. 2024.
https://doi.org/10.33467/conci.v2i3.1367... , p. 106).
No quadro 7, os campos remetem a uma descrição mais detalhada do material em si. Nesse sentido, se destaca a parte de tipo de material, técnica de produção e decoração. Ou seja, especificidades que são importantes para os pesquisadores dentro da arqueologia e no que se pode observar dentro de uma perspectiva na ciência da informação, para a representação da informação, quanto maior a riqueza de detalhes e da descrição, possivelmente vamos ter um campo mais amplo no que diz respeito a recuperação dessa informação.
O detalhe que chama atenção nesta descrição é o primeiro item que diz: “possui objetos com potencial para exposição” que para musealização está para a comunicação (exposição, ação educativo cultural e publicação), Bruno (2014BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Musealização da Arqueologia: caminhos percorridos. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 26/27, n. 2/1, p. 4-15, 2013/2014. Disponível em: https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.379 . Acesso em: 2 mar. 2024.
https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.379...
), afirma que:
[...] um conjunto sistêmico de ações técnicas, que assume distintas características a partir dos diferentes domínios de sua aplicação (Museologia Especial e Museologia Aplicada), permitindo a identificação de tipologias museológicas, o enfrentamento de questões socioculturais diferenciadas em função destas tipologias e a caracterização dos conteúdos essenciais para a formação profissional desta área. À essa cadeia operatória de procedimentos de salvaguarda e comunicação, são agregados outros elementos com igual importância no que se refere às dimensões operacionais da gestão e da avaliação dos mesmos procedimentos, subordinando as ações museológicas às necessidades de qualidade dos serviços, da sustentabilidade da produção de suas ações e no que se refere à participação pública nas atividades curatoriais compartilhadas ou colaborativas (Bruno, 2014BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Musealização da Arqueologia: caminhos percorridos. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 26/27, n. 2/1, p. 4-15, 2013/2014. Disponível em: https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.379 . Acesso em: 2 mar. 2024.
https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.379... , p. 10).
Dessa forma, se reforça aqui a importância da identificação dos objetos museológicos, principalmente em relação às suas diversas formas ou tipologias que podem ter num único espaço, como os museus. Tais características carregam muita responsabilidade do ponto de vista sócio cultural, pois às vezes, os acervos contam a história de um determinado povo ou de algum fato histórico sensível, no caso da comunicação e também da salvaguarda, acabam sendo procedimentos que fazem parte do processo de gestão de acervos.
No quadro 8, nota-se que nessa parte do cadastro há uma preocupação com a localização do material no acervo. Nesse sentido se destacam os seguintes campos: “identificação da caixa”; “nível na estante” e “identificação da estante”, sendo que no campo “nível na estante” se refere ao andar onde está a caixa, dessa forma pode-se observar que há uma preocupação, nesse caso, com a localização física desse material no museu.
Na verdade, dentro de uma perspectiva mais ampla, esses últimos metadados contemplam dentro da musealização tanto a parte de salvaguarda quanto de pesquisa, pois como já foi dito, a riqueza de detalhes nesse tipo de coleção é muito importante para o pesquisador, pois são usados para diferenciar materiais, suas condições de conservação e etc.
Nesse contexto, a partir da reflexão feita dos metadados pelo processo de musealização da arqueologia, foi observado que a maior parte dos campos corresponde nesse sentido. A necessidade de criar um sistema como o repositório digital do Museu Amazônico, acaba dando visibilidade ao conteúdo informacional arqueológico do museu, assim, temos essa representação da informação digital apresentada através do que foi implantado pelos servidores no intuito de garantir a organização desses materiais.
Por fim, vamos propor um esquema de metadados para informação arqueológica, a partir de dois instrumentos legais do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A Resolução Normativa n. 6, de 31 de agosto de 2021, do Ibram, Normatiza o Inventário Nacional dos Bens Culturais Musealizados, em consonância com o Decreto n. 8.124, de 17 de outubro de 2013, que regulamenta dispositivos da Lei n. 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que institui o Estatuto de Museus, e da Lei n. 11.906, de 20 de janeiro de 2009. Desta resolução o que foi extraído para compor os metadados está no capítulo II, que fala sobre “dos elementos de descrição” daí o artigo 7º ele define os 15 elementos de descrição:
I - número de registro [...]; II - outros números [...]; III - situação [...]; IV - denominação [...]; V - título [...]; VI - autor [...]; VII - classificação [...]; VIII - resumo descritivo [...]; IX - dimensões [...]; X - material/técnica [...]; XI - estado de conservação [...]; XII - local de produção [...]; XIII - data de produção [...]; XIV - condições de reprodução [...]; XV - mídias relacionadas [...] (Ibram, 2021INSTITUTO BRASILEIRO DE MUSEUS (Ibram). Resolução Normativa Ibram n. 6, de 31 de agosto de 2021. Normatiza o Inventário Nacional dos Bens Culturais Musealizados, em consonância com o Decreto n. 8.124, de 17 de outubro de 2013, [...]. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, ano 159, n. 167, p. 156, 2 set. 2021.).
Utilizamos esses elementos para complementar o esquema de metadados do Museu Amazônico com objetivo de propor algo mais amplo nesse sentido. Apesar de esses elementos de descrição corresponderem para a identificação do bem cultural de caráter museológico, como já observamos, os objetos de museus tem tipologias das mais diversas formas e suportes, cabe ao profissional da informação entender sua amplitude de informações, por isso neste estudo fazemos uma reflexão a partir da musealização.
A Portaria n. 196, de 18 de maio de 2016, do IPHAN, dispõe sobre a conservação de bens arqueológicos móveis, cria o Cadastro Nacional de Instituições de Guarda e Pesquisa, o Termo de Recebimento de Coleções Arqueológicas e a Ficha de Cadastro de Bem Arqueológico Móvel (ver anexo II da Portaria). Logo, a partir dessas recomendações, vamos utilizar como instrumento legal a Ficha de Cadastro de Bem Arqueológico Móvel, abaixo os 20 itens descritos que contém no documento:
1- Procedência e Localização Atual 1.1 Sítio: 1.2 N° do processo: 1.3 Endereço: 1.4 Instituição: 1.5 Endereço: 2 - Dados Gerais 2.1 Número (s) de registro (s): 2.2 Denominação: 2.3 Descrição: 3. Categoria: ( ) Artefato ( ) Ecofato ( ) Bioarqueológico ( ) Estrutura/feição ( ) Sedimento/solo () Arqueobotânico ( ) Zooarqueológico ( ) Outros: ____________ 4. Subcategoria: ( ) Construção/arquitetônico ( ) Insígnias ( ) Objetos cerimoniais ( ) Transporte ( ) Objetos pessoais ( ) Castigo/penitência ( ) Embalagens/recipientes()Medição/registro/observação/processamento ( ) Amostras/fragmentos ( ) Alimentação ( ) Medicinal ( ) Pintura ( ) Escultura ( ) Indeterminado ( ) Outros: ____________ 5. Materiais: ( ) Outros: _____ ( ) Borracha ( ) Carvão ( ) Cerâmica ( ) Faiança ( ) Porcelana ( ) Fóssil ( ) Lítico ( ) Madeira ( ) Malacológico ( ) Couro ( ) Osso ( ) Papel ( ) Sedimento ( ) Plástico ( ) Metal ( ) Flora ( ) Fauna ( ) Vidro ( ) Indeterminado ( ) Têxtil 6. Cor: ( ) Monocromático ( ) Policromático ( ) Indeterminado ( ) Outros: ___________ 7. Técnica de Produção: ( ) Lascado ( ) Picoteado ( ) Polido ( ) Modelado ( ) Perfurado ( ) Roletado ( ) Torneado ( ) Moldado ( ) Taxidermizado ( ) Tecido ( ) Assoprado ( ) Fundido ( ) Forjado ( ) Indeterminado ( ) Outros:_____ 8. Decoração: ( ) Alisado ( ) Brunido ( ) Corrugado ( ) Escovado ( ) Ungulado ( ) Incisão ( ) Impressão ( ) Plástica ( ) Pintado ( ) Punção ( ) Aplique ( ) Engobe ( ) Estêncil ( ) Entalhe ( ) Não se aplica ( ) Outros: _____ 9. Integridade ( ) Íntegro ( ) Fragmentado ( ) Reconstituído 10. Estado de conservação (condições físicas, grau de deterioração e a necessidade de intervenção): ( ) Bom (sem deterioração) ( ) Regular (não compromete o todo. Ex.: fissuras, esmaecimento, afloramento de sais, esfarelamento etc.) ( ) Ruim (compromete o todo. Ex.: quebradiço, com manchas, alto grau de corrosão) ( ) Péssimo (perdas irreversíveis) Descrição:_______11. Intervenções sofridas: ( ) Higienização a seco ( ) Higienização com água ( ) Colagem/refixação ( ) Restauração/reconstituição ( ) Dessalinização ( ) Remoção ( ) Consolidação ( ) Estabilização ( ) Outros ( ) Não se aplica Descrição:______12. Recomendações de conservação: 13. Invólucro/acondicionamento ( ) Saco Plástico (Polietileno ou poliéster) ( ) Tecido não tecido de polipropileno (TNT) ( ) Não tecido de polietileno de alta densidade (Tyvek) ( ) Papel livre de ácido ou ph neutro ( ) Espuma de polietileno ( ) Manta acrílica ( ) Não possui ( ) Plástico Bolha ( ) Papel ( ) Outros: _________14. Armazenamento: ( ) Caixa de papelão ( ) Caixa de papelão livre de ácido ou ph neutro ( ) Caixa de polipropileno colorida (polionda) ( ) Caixa de polipropileno sem coloração (polionda) ( ) Não possui ( ) Outros: ______________ 15. Inscrições e marcas de uso: 16. Filiação cultural: 17. Medidas (largura, comprimento, altura, diâmetro, profundidade): 18. Peso: 19. Fotografias coloridas e com escala: 20. Observações Gerais (IPHAN, 2016INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (IPHAN). Portaria n. 196, de 18 de maio 2016. Dispõe sobre a conservação de bens arqueológicos móveis, cria o Cadastro Nacional de Instituições de Guarda e Pesquisa, o Termo de Recebimento de Coleções Arqueológicas e a Ficha de Cadastro de Bem Arqueológico Móvel. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, ano 153, n. 97, p. 84, 23 maio 2016.).
A partir da Ficha de Cadastro de Bem Arqueológico Móvel, constatou-se a ausência das seguintes informações nos metadados do Museu Amazônico: “Número do processo”; “Endereço da Instituição”; “Denominação”; “Subcategoria”; “Cor”; “Armazenamento”; “Inscrições e marcas de uso”; “Filiação cultural”; “Medidas”; “Observações gerais”.
No quadro 9 abaixo, estão todos os metadados do Museu Amazônico e foram inseridos os novos campos a partir dos instrumentos legais já mencionados, tanto do IPHAN, quanto do Ibram, alguns campos foram identificados como equivalentes (cor verde) e outros similares (cor amarela).
Esse novo esquema criado a partir dessa construção poderá servir como um modelo sugerido em pesquisas futuras para a definição de metadados para a Representação da Informação Arqueológica, claro, sempre visando a preservação e respeitando os protocolos internacionais que possam fazer com que esses dados sejam interoperáveis e reutilizáveis.
Podemos ver que o total de metadados somou 57 campos, sendo que desse montante, 33 são do Museu Amazônico (metadados Dspace + Ficha de cadastro de Bem Arqueológico Móvel), pois foi dessa forma que os servidores do Museu implantaram o repositório.
Em nosso estudo, foram inseridos mais 24 dos instrumentos legais (Ficha de cadastro de Bem Arqueológico Móvel [elementos ausentes no Museu Amazônico] + Elementos de descrição para identificação do bem cultural de caráter museológico). Totalizando 57 metadados.
Cruzando os metadados do Museu Amazônico mais os de instrumentos legais, encontramos dois campos equivalentes (verde) e 19 similares (amarelo). São muitas informações que precisam ser preenchidas, isso se dá devido à complexidade na área do patrimônio arqueológico, Costa, Santos e Cutrim (2019COSTA, Maurício José Morais; SANTOS, Donny Wallesson; CUTRIM, Kláutenys Dellene Guedes. Educação patrimonial em bibliotecas, arquivos e museus: ações voltadas para a preservação e valorização do patrimônio cultural de São Luís-MA. ConCI: Convergências em Ciência da Informação, Aracaju, v. 2, n. 3, p. 84-103, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.33467/conci.v2i3.13672 . Acesso em: 20 jan. 2024.
https://doi.org/10.33467/conci.v2i3.1367...
) ressaltam que:
Assim, de forma mais elaborada, o patrimônio arqueológico corresponde a objetos e/ou espaços produzidos e/ou utilizados por diferentes populações que, uma vez convertidos em herança social, permitem tratar de questões relacionadas à memória, cultura, identidade e pertencimento, em benefício das gerações presentes e futuras (Costa; Santos; Cutrim, 2019COSTA, Maurício José Morais; SANTOS, Donny Wallesson; CUTRIM, Kláutenys Dellene Guedes. Educação patrimonial em bibliotecas, arquivos e museus: ações voltadas para a preservação e valorização do patrimônio cultural de São Luís-MA. ConCI: Convergências em Ciência da Informação, Aracaju, v. 2, n. 3, p. 84-103, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.33467/conci.v2i3.13672 . Acesso em: 20 jan. 2024.
https://doi.org/10.33467/conci.v2i3.1367... , p. 105).
Assim, temos diversos detalhes em relação ao patrimônio arqueológico que precisam ser levados em consideração, que variam entre o tempo, espaço, povo, identidade, memória e todo o objeto é importante dependendo do seu contexto, a questão da musealização ainda é um desafio no Brasil, no entanto, a autora vê um cenário positivo e afirma que “[...] as preocupações com a preservação, a divulgação e a educação a partir dos olhares da Arqueologia passaram a fazer parte das discussões acadêmicas e têm ocupado espaço significativo nos projetos de pesquisa arqueológica”, (Bruno, 2014BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Musealização da Arqueologia: caminhos percorridos. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 26/27, n. 2/1, p. 4-15, 2013/2014. Disponível em: https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.379 . Acesso em: 2 mar. 2024.
https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.379...
, p. 13), dessa forma, as universidades têm papel importantíssimo no que diz respeito à organização e gestão do patrimônio arqueológico no Brasil.
6 Considerações finais
Abordar sobre acervos arqueológicos é refletir sobre nossa ancestralidade, nossa memória e que contribui para que possamos saber um pouco mais de como se vivia e para o que chamamos de representatividade. É cada vez mais importante, em tempos de desinformação, que locais de memória se façam acessíveis e presentes para a sociedade. A experiência do Museu Amazônico não é perfeita, porém, mostra a preocupação da instituição através dos seus colaboradores em salvaguardar em formato digital seu acervo arqueológico. Por isso a busca da padronização desses acervos de museus, pois suas características podem ser das mais diversas.
Por fim, sugerimos que futuras pesquisas possam levar em consideração este estudo de caso como uma reflexão para aperfeiçoar padrões de metadados não somente para acervos arqueológicos, mas para bens do patrimônio cultural em geral. Alguns projetos na Europa já se preocupam nesse sentido e buscam através das padronizações de protocolo uma forma de comunicar as ferramentas entre si, para que além da busca e recuperação da informação, possam reutilizar esses dados para as próximas gerações e contribuindo para mais pesquisas nesta área do conhecimento.
Referências
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- BRUNO, Maria Cristina Oliveira. Musealização da Arqueologia: caminhos percorridos. Revista de Arqueologia, São Paulo, v. 26/27, n. 2/1, p. 4-15, 2013/2014. Disponível em: https://doi.org/10.24885/sab.v26i2.379 Acesso em: 2 mar. 2024.
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Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
11 Nov 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
-
Recebido
13 Mar 2024 -
Aceito
11 Jul 2024