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Panorama pré-histórico sobre as pesquisas arqueológicas no estado da Paraíba

Prehistoric panorama of archaeological research in the state of Paraíba

Resumo

O artigo discorre sobre pesquisas arqueológicas pré-históricas do estado da Paraíba, no Brasil, apresentando-as por via divisória político-administrativa em mesorregiões contemporâneas, e sugere a emergência da precaução e conservação através do dever sobre o compartilhamento e a síntese das informações desse patrimônio. Tem como objetivo sistematizar essas pesquisas, com o intuito de contribuir como parâmetro para futuros estudos. O trabalho detém como método o levantamento bibliográfico feito em diversos bancos de dados e acervos documentais, como laboratórios arqueológicos e sistemas de informações geográficos e de órgãos públicos. Como resultado, verifica-se que as pesquisas nas mesorregiões estão inseridas em panoramas arqueológicos distintos por serem reflexos dos seus processos históricos e das ocupações sociais particulares. Esse contexto não difere muito da região do Nordeste brasileiro, ao passo que as pesquisas arqueológicas estão concentradas e delimitadas em específicas áreas, devido à alta densidade de sítios arqueológicos.

Palavras-chave
Sítios arqueológicos pré-históricos; Pesquisas arqueológicas; Panorama arqueológico do estado da Paraíba

Abstract

This article discusses prehistoric archaeological research in the Brazilian state of Paraíba, presenting these investigations through a political/administrative divide in contemporary mesoregions and suggesting the emergence of precaution and conservation through duty related to the sharing and synthesis of data on this heritage. The objective is to systematize this research to serve as a parameter for future studies. Literature was surveyed in various databases and document collections including archaeological laboratories, geographic information systems, and public agencies. The findings indicate that studies in the mesoregions are located within different archaeological panoramas because they reflect specific historical processes and social occupations. This context does not differ significantly from Brazil’s Northeast, as archaeological research is concentrated and demarcated in specific areas due to the high density of archaeological sites.

Keywords
Prehistoric archaeological sites; Archaeological research; Archaeological panorama in the state of Paraíba

INTRODUÇÃO

As ocupações humanas nos atuais territórios que caracterizam o Nordeste do Brasil remontam a milhares de anos, em razão dos diferentes tipos de vestígios evidenciados pelas pesquisas arqueológicas, bem como as datações obtidas sobre os mesmos. Esses dados fornecem um quadro das ocupações pré-históricas para os territórios dos diferentes estados que compõem a região, contendo algumas unidades federativas com maior quantidade de pesquisas desenvolvidas e em desenvolvimento, quando comparadas a outras (Martin, 2008Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária.).

O atual estado da Paraíba não se encontra fora desse contexto, no qual essa presença humana é demarcada por atividades em nosso passado (Quadro 1), observada e evidenciada, inicialmente, através dos registros rupestres por cronistas que passaram a séculos atrás na região, figurando como um dos primeiros a fornecer informações sobre esses vestígios no território brasileiro.

Quadro 1
Datações localizadas sobre o atual território do estado da Paraíba.

A primeira citação histórica1 1 Citação relatada por Ambrósio Fernandes Brandão, em seu livro “Diálogos das grandezas do Brasil”, escrito em 1618. Os ‘diálogos’, divididos em seis partes, entre Brandônio, “um pregoeiro das virtudes da terra, e Alviano, um reinol recém-chegado que a tem ‘pela mais ruim do mundo’” (A. F. Brandão, 1997, p. 9). de registro arqueológico é descrita desde o fim do século XVI, durante o processo de colonização europeia no Brasil. Essa descrição é relatada pelo capitão-mor da ‘Parahyba’, Feliciano de Carvalho2 2 Feliciano Coelho de Carvalho administrou, como quarto governador, a capitania da Paraíba entre os anos de 1595 a 1599 (Pinto, 1973). , localizada no rio Araçoajipe, na região atual do município de Araçagi e no rio de mesmo topônimo:

. . . fazendo guerra ao gentio Petiguar [sic], aos 29 dias do mês de dezembro do ano de 1598, se achara junto a um rio chamado Araçoajipe, . . . . alguns soldados, que foram por ele abaixo, toparam nas suas fraldas com uma cova, na banda do poente, composta de três pedras que estavam conjuntas umas com outras, . . . . e ali por toda a redondeza que fazia na face da pedra, se achavam umas molduras que demonstravam na sua composição, serem feitas artificialmente

(A. Brandão, 1997, pp. 27-28).

No século XVII, o neerlandês Elias Herckman3 3 Enquanto esteve no processo de conquista e expansão pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais no Nordeste brasileiro (1630-1654), governou a capitania da Paraíba, de 1636 a 1639. relatou para Barlaeus haver encontrado na Serra da Cupaoba, localizada na atual região da Serra da Raiz, certas ‘pedras lavradas pela indústria humana’, “que por ordem de seu governo percorreu a capitania da Parahyba, em 1641, diz também ter visto inscrições em rochedos, mas não as copiou nem descreveu” (Barlaeus, 1647Barlaeus, C. (1647). Rervum per octennium in Brasilia et alibi gestarum sub praefectura Illustricimi comitis J. Mauritii Nassoviæ, &c. comitis, nunc Vesaliae gubernatoris & Equitatus Foederatorum Belgii Ordd. sub Avriaco ductoris, Historia. Typographeio Ioannis Blaev. citado em A. Brandão, 1937Brandão, A. (1937). A escripta pré-historica do Brasil (Ensaio de interpretação). Bibliotheca de Divulgação Scientifica., p. 18). Já em 1670, os padres capuchinhos franceses Teodoro de Lucé e Martinho de Nantes, em missão catequista entre os índios chamados Cariris, a pedido do capitão, deslocaram-se ao arraial de Boqueirão, quando, durante o percurso, encontraram:

. . . no meio de uma grande floresta . . . . uma grande pedra de grã da altura de nove pés, larga na base, muito bem talhada, sobre a qual estava gravada a imagem de uma cruz de alto a baixo e na parte inferior havia um globo, ao lado de duas figuras que não podiam ser distinguidas por causa do musgo e, em derredor, uma espécie de rosário gravado

(Nantes, 1979Nantes, M. (1979). Relação de uma missão no rio São Francisco. Companhia Editora Nacional/Instituto Nacional do Livro., p. 2).

No século XVIII, como referenciado por J. O. Santos (1990)Santos, J. O. (1990). As inscrições rupestres de Pedra Lavrada. Revista Tudo, (supl.), 1-4. , os padres Manoel Timóteo da Vera Cruz e Valetim Gonçalves de Medeiros, em 21 de janeiro de 1759, solicitaram uma porção de terra no Seridó paraibano, denominando-a como ‘Pedra Lavrada’, que indicaria referência para com os registros rupestres existentes na localidade próxima da sede do município de mesmo topônimo. Portanto:

. . . as inscrições de Pedra Lavrada foram descobertas no final do século XVIII, pelos primeiros desbravadores que ali apontaram, em busca de terras propícias à lavoura e à criação de gado. Na época, a ribeira do Seridó já se destacava por sua fertilidade, servindo de estímulo à fixação do homem naquela região. Os blocos de gnaisse cobertos de símbolos dos mais variados formatos, serviram como fonte toponomástica, fazendo com que os primeiros povoadores da região batizassem o lugar com o nome de Pedra Lavrada

(J. O. Santos, 1990Santos, J. O. (1990). As inscrições rupestres de Pedra Lavrada. Revista Tudo, (supl.), 1-4. , p. 11).

No século XIX, há breve citação sobre registro rupestre na Paraíba em Joffily (1977)Joffily, I. (1977). Notas sobre a Paraíba. Fac-símile da primeira edição publicada no Rio de Janeiro, em 1892, com prefácio de Capistrano de Abreu. Thesaurus Editora., no ano de 1892, que toma por referência o relatório do engenheiro Francisco Soares Retumba, de 1886. Ao julgar merecer “. . . a mais séria atenção de todos os homens estudiosos, o assunto de que passamos a nos ocupar, referimo-nos aos letreiros ou inscrições que encontram em grande número de rochedos em toda a Borborema, ou antes, em toda a Paraíba” (Joffily, 1977Joffily, I. (1977). Notas sobre a Paraíba. Fac-símile da primeira edição publicada no Rio de Janeiro, em 1892, com prefácio de Capistrano de Abreu. Thesaurus Editora., p. 88).

Durante o século XX, existiram duas relevantes pesquisas arqueológicas4 4 Outra citação sobre a pré-história paraibana (inclusive do Nordeste brasileiro) é de A. Brandão (1937), durante as décadas de 1910 até 1930, que resultou na publicação “A escripta pré-historica do Brasil (Ensaio de interpretação)”, ao retratar a Pedra da Retumba (no município de Pedra Lavrada) a partir das anotações de um relatório escrito pelo engenheiro Francisco Soares Retumba. Por fim, algumas outras referências podem ser encontradas em Martin (2008, pp. 23-48). para o estado paraibano direcionadas à mesorregião da Borborema5 5 Homenageado pelo nosso trabalho em razão da contribuição essencial feita nos estudos arqueológicos recentes da Paraíba: J. Dantas (1994), produzido a partir dos manuscritos feitos por ele entre os anos de 1924 e 1927, e R. Almeida (1979). Ademais, é preciso uma menção à Fundação Casa de José Américo (FCJA), por intermédio do Núcleo de Estudos Ibéricos e Americanos (NELAM), associado à Secretaria de Educação e Cultura do Governo do estado da Paraíba, que buscou “incentivar o estudo, o ensino, a pesquisa e a extensão no âmbito da Arqueologia do Nordeste e da Paraíba” (I. Costa, 1994, p. 229). : a pesquisa arqueológica de José de Azevêdo Dantas (1890-1929), na microrregião do Seridó paraibano e também no estado do Rio Grande do Norte, nos anos de 1920, relatando diversos sítios com presença de pinturas e gravuras rupestres. Posteriormente, esses manuscritos dariam origem à obra “Indícios de uma civilização antiqüíssima”, organizado pela arqueóloga Gabriela Martin (J. Dantas, 1994Dantas, J. A. (1994). Indícios de uma civilização antiqüíssima (Prefácio de Gabriela Martin). União Editora. citado em Macedo, 2005Macedo, H. A. M. (2005). José de Azevêdo Dantas: lembrando os 70 anos do início das pesquisas do primeiro arqueólogo do Seridó Potiguar em Carnaúba dos Dantas. Mneme: Revista de Humanidades, (13), 1-56, https://periodicos.ufrn.br/mneme/article/view/277/253
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); e a pesquisa desenvolvida por Ruth Trindade de Almeida, durante a década de 70, que realizou um levantamento sobre as pinturas rupestres na região dos Cariris Velhos paraibano, registrando 49 sítios arqueológicos, classificados e associados como pertencentes à Tradição Agreste6 6 Esta tradição detém um intervalo cronológico entre 5.000 BP e 2.000 BP (Martin, 2008, pp. 271-285). . Ademais:

. . . as gravuras e pinturas brasileiras e, em particular, as paraibanas, foram executadas pelos antigos habitantes da região – os indígenas – o que não quer dizer que tenham sido executadas, obrigatoriamente, pela população que os portugueses encontraram no Brasil no século XVI. Podem ter sido obra de grupos indígenas extintos ou que não mais habitavam o local à época do descobrimento

(R. Almeida, 1979Almeida, R. T. (1979). A arte rupestre nos Cariris Velho. Editora Universitária/UFPB., p. 23).

O artigo tem como objetivo sistematizar as pesquisas arqueológicas dos sítios pré-históricos7 7 Neste trabalho, o conceito de pré-história está associado aos estágios temporal e de ocupação vivenciados pelos povos autóctones antes da chegada dos colonizadores europeus, e esse processo histórico se dá em períodos e fatores históricos distintos, se forem comparadas as mesorregiões da Paraíba. no estado da Paraíba, ao buscar evidenciar as ocupações humanas no passado, apresentando-as por via divisória político-administrativa contemporânea por meio das mesorregiões (Figura 1). Portanto, nosso intuito é sintetizar os resultados dos estudos pré-históricos, de forma a contribuir como parâmetro sobre o patrimônio arqueológico paraibano.

Figura 1
Localização e divisão das mesorregiões e microrregiões no estado da Paraíba.

Como metodologia, adotamos o levantamento bibliográfico das publicações relevantes até o momento, por meio de diversos bancos de dados associados a grupos de pesquisas, laboratórios arqueológicos e sistemas de informações: como Sistema Eletrônico de Informações (SEI), Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos (CNSA), que são mantidos atrelados, normalmente, a projetos desenvolvidos pela ‘arqueologia de contrato ou preventiva’8 8 Constitui-se como prática da arqueologia que detém o direito e o planejamento da execução pela legislação federal vigente no Brasil, com finalidade de localização, identificação e resgate dos sítios arqueológicos pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro (Gnecco & Dias, 2015). . E ressaltamos a utilização dos bancos de dados de Sistemas de Informações Geográficas (SIG) na coleta de informações sobre os sítios e suas referências de localizações para a produção dos mapas (Quadro 2).

Quadro 2
Fonte dos bancos de dados pesquisados.

As listas de sítios arqueológicos e seus contextos apresentados neste trabalho não representam o real número de sítios conhecidos na Paraíba. Aqui, são citados 264 sítios arqueológicos (nome e localização), seguidos de indicadores contextuais através da inserção geomorfológica (morfologia do sítio) e arqueológica, ao serem associados à cronologia (período), à tradição cultural e ao tipo de registro arqueológico identificado.

AS PESQUISAS PRÉ-HISTÓRICAS NAS MESORREGIÕES DA ZONA DA MATA ATLÂNTICA E LITORÂNEA PARAIBANA

Como elucidado pela Guidon (1992)Guidon, N. (1992). As ocupações pré-históricas do Brasil (excetuando a Amazônia). In M. C. Cunha (Org.), História dos índios do Brasil (pp. 37-52). Companhia das Letras., a pré-história brasileira, e grande parte do trecho litorâneo do Nordeste, necessita de estudos sistêmicos para compreensão real dos processos ocupacionais ocorridos durante séculos passados. Os estudos em regiões litorâneas no Nordeste demonstram uma ocupação, em princípio, de três tipos de assentamentos: sambaquis e estearias no estado do Maranhão com datações radiocarbônicas de, respectivamente, 1.405 BP/1.245 BP e 1.380 BP, os estabelecimentos dunares no estado do Rio Grande do Norte e os sambaquis do Recôncavo Baiano com datações que chegam a 2.915 BP10 10 Discutidos por Martin (2008, pp. 137-150). .

Agregado a esse processo de ocupação, Prous (2006)Prous, A. (2006). O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história do nosso país. Editora Jorge Zahar. demonstrou que ‘a onda Tupiguarani’ dominou uma extensa área do litoral brasileiro e a mesorregião da Zona da Mata paraibana, o foi evidenciado pelos vestígios, essencialmente, do tipo cerâmico11 11 Atribuído à tradição ceramista Tupiguarani (Prous 2006, p. 95). . Além disso, demonstrou que esses vestígios são relacionados aos povos habitantes da região, os quais buscaram ocupar terraços fluviais em mata ciliares, com solo propício para uma agricultura de coivara12 12 Segundo Prous (2006, pp. 97-98), “suas plantações, davam grande importância à mandioca amarga”. ; o que é corroborado por Urban (1992)Urban, G. (1992). A história da cultura brasileira segundo as línguas nativas. In M. C. Cunha (Org.), História dos índios no Brasil (2 ed., pp. 87-102). Companhia das Letras., através da expansão linguística delimitada entre 2.500 BP até 5.000 BP.

Durante a chegada dos colonizadores europeus, conseguimos identificar a área ocupada (Figura 2) pelos grupos potiguaras, correlacionados ao tronco linguístico Tupi, na faixa territorial da atual cidade de São Luís, no Maranhão, que se seguia até os arredores do rio Paraíba, na atual cidade de João Pessoa, no estado da Paraíba, bem como pelos grupos Tabajaras13 13 Para Navarro (2013), ‘Tabajara’ não seria uma autodenominação desse grupo, mas uma exodenominação, da língua tupi antiga ‘Tobaîara’, ‘inimigos’. , advindos da margem baiana do rio São Francisco, que ocupavam a faixa territorial entre a foz do rio Paraíba e a ilha de Itamaracá, no atual estado de Pernambuco, na segunda metade do século XVI (B. Dantas et al., 1992Dantas, B. G., Sampaio, J. A. L., & Carvalho, M. R. G. (1992). Os povos indígenas no nordeste brasileiro: um esboço histórico. In M. C. Cunha (Org.), História dos índios no Brasil (2. ed., pp. 431-456). Companhia das Letras.; Gonçalves, 2007Gonçalves, R. C. (2007). Guerras e açúcares: política e economia na Capitania da Parayba (1585-1630). Edusc.).

Figura 2
Distribuição aproximada dos povos indígenas durante séculos XVII e XVIII.

Os estudos recentes14 14 Para as análises, foram utilizados os processos no SEI (IPHAN, n. d.): 01408.000390/2018-35; 01408.000144/2018-83; 01408.000930/2017-08; 01408.000020/2018-06; 01408.900112/2017-07; 01408.000280/2015-21; 01408.900131/2017-25; 01408.000910/2017-29; 01408.000595/2015-78; 01408.000233/2013-15; 01408.000055/2018-37; 01408.014810/2014-37; 01408.000332/2014-88; 01408.014224/2014-92. contribuem no estabelecimento das relações de alguns sítios de contato devido à presença de vestígios, principalmente, cerâmicos e líticos (indígenas) em sítios arqueológicos históricos, como o caso do sítio Atalaia do Mirante15 15 Localizado no Forte de São Felipe, na margem esquerda do rio Paraíba, em Forte Velho. , no município de Santa Rita. Para a caracterização desse sítio, foram levadas em “. . . consideração informações obtidas da comunidade acerca da existência de fragmentos de materiais arqueológicos (históricos e, possivelmente, pré-históricos) numa área de intensa plantação de cana-de-açúcar, no sítio denominado pelos moradores de ‘Oratório’” (J. Santos, 2018Santos, G. A. (2018). Bioarqueologia aplicada ao estudo dos remanescentes humanos do sítio Parque das Pedras - PB: uma contribuição para a arqueologia no nordeste do Brasil [Trabalho de conclusão de curso, Universidade Federal de Sergipe]. http://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/8116
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, pp. 49-50). Esse é o caso também do sítio arqueológico Árvore Alta, nos municípios de Alhandra e Caaporã, com presença de peças líticas e cerâmicas que vão da superfície até a profundidade de 50 cm, contendo vestígios pré-coloniais e históricos, caracterizados como fragmentos cerâmicos em pequeno e médio portes, além de resquícios de lascamento lítico em matéria-prima de calcedônia. De modo geral, se encontram dispersos em área de plantação, com seus contextos arqueológicos perturbados ou transportados de outras áreas, devido a processos de plantação e aterros nos locais urbanos próximos.

Os sítios arqueológicos revelados nas prospecções realizadas (Quadro 3) não apresentaram evidências de estruturas arquitetônicas. Na maioria deles, os registros arqueológicos estavam distribuídos e dispersos em superfície a céu aberto, com cerca de 84% destes sítios identificados com cerâmicas associadas à Tradição Tupiguarani, 63% com material lítico lascado e 5% com material lítico polido.

Quadro 3
Lista dos sítios arqueológicos pré-históricos e seus contextos da mesorregião da Zona da Mata. Legenda: N.A. = não associado.

Os sítios associados ao processo de ocupação da Tradição Tupiguarani estão distribuídos ao longo de uma faixa vertical afastados da zona litorânea (Figura 3), em áreas mais elevadas, localizados em tabuleiros que chegam aos 150 m de altitude e concentrados em margens de grandes redes hidrográficas, entre as porções do rio Papocas-rio Gramame; rio Paraíba-rio Miriri; e rio Mamanguape-rio Guaju (na divisa com o estado do Rio Grande do Norte).

Figura 3
Distribuição dos sítios e registros arqueológicos na mesorregião da Mata e do Agreste paraibano.

Na região, não havendo nenhum projeto institucional de pesquisa que esteja associado a grupos/laboratórios voltados à pré-história da área, verificou-se que as pesquisas estão, muitas vezes, associadas à arqueologia de contrato na construção de estradas pavimentadas, condomínios privados e área de agricultura, assim como setor de produção de energia eólica e cerâmica. Portanto, observando que as evidências estão correlacionadas, unicamente, aos povos Tupi, as pesquisas não enquadram de forma sistemática todo o litoral paraibano, bem como a região oeste das microrregiões de Sapé, Litoral Norte e Litoral Sul.

Por fim, essas pesquisas arqueológicas detêm uma problemática para os classificados sítios arqueológicos de contato ou pré-contato, nos quais há necessidade de análises mais substanciais em focos multidisciplinares, devido aos contextos pluralistas e de raízes multiculturais em processos históricos de choques entre sociedades de estágios diversos (Silliman, 2005Silliman, S. W. (2005). Culture contact or colonialism? Challenges in the archaeology of native North America. American Antiquity, 70(1), 55-74. https://doi.org/10.2307/40035268
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; Lightfoot, 1995Lightfoot, K. G. (1995). Culture contact studies: redefining the relationship between prehistoric and historical archaeology. American Antiquity, 60(2), 199-217. https://doi.org/10.2307/282137
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).

AS PESQUISAS PRÉ-HISTÓRICAS NA MESORREGIÃO DO AGRESTE PARAIBANO

Os povos indígenas que ocupavam o atual território da mesorregião do Agreste paraibano durante a chegada dos europeus (Figura 2) eram denominados, de forma genérica, pelos colonizadores de Tapuios16 16 Para discussões sobre os Tapuios no Eestado da Paraíba, ver Herckman (1886), B. Dantas et al. (1992), Borges (1993) e Puntoni (2002). . Contudo, a historiografia demostrou que a região estava ocupada por diversos grupos que se encontravam distribuídos por todo o território interiorano durante os séculos XVII e XVIII – dentre estes, temos os Cariris e os Tarairiús17 17 Para alguns estudos essa denominação é equivocada, pois seria uma exodenominação atribuída a uma oposição aos grupos Cariris (A. Oliveira, 2009). (Borges, 1993Borges, J. E. (1993). Índios paraibanos: classificação preliminar. In J. O. Melo & G. Rodriguez (Org.), Paraíba: conquista, patrimônio e povo (pp. 21-38). Edições Grafset.).

Os Cariris eram constituídos pelos grupos Carnoiós (Curinaiós), em Boqueirão e Cabaceiras; Bodopitás ou Fagundes, próximos de Campina Grande; Bultrins, na área atual da microrregião de Itabaiana e Esperança; e os Cariris, em Pilar e Alagoa Nova. Já os Tarairiús incluíam os Bucurus na microrregião do Curimataú Oriental; os Canindés, na microrregião do Curimataú Ocidental; e os Janduís, que ocupavam a área da microrregião do Seridó Oriental no estado da Paraíba (Borges, 1993Borges, J. E. (1993). Índios paraibanos: classificação preliminar. In J. O. Melo & G. Rodriguez (Org.), Paraíba: conquista, patrimônio e povo (pp. 21-38). Edições Grafset.).

As pesquisas arqueológicas estão mais norteadas pelos sítios com registros rupestres. Essa região apresenta grande concentração de pinturas e gravuras, bem como áreas com enterramentos dos grupos humanos pretéritos (Figura 3), distribuídos em abrigos, matacões, lajedos, furnas e grutas, associados, em grande parte, a habitats específicos, classificados como brejos de altitude.

Para Martin (2008)Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária. e R. Almeida (1979)Almeida, R. T. (1979). A arte rupestre nos Cariris Velho. Editora Universitária/UFPB., essas áreas são fundamentais para compreender os processos de ocupações no agreste do Nordeste brasileiro (e paraibano). Esses nichos ecológicos contêm características específicas nas áreas ocupadas por grupos humanos na pré-história, em que suas estratégias de subsistência coagulam para a manutenção dessas sociedades constituídas por pequenos grupos em grandes extensões territoriais.

Para os sítios com pinturas rupestres, foram evidenciadas algumas representações de cenas, produzidas em matacões e furnas (Figura 4A). Em referência às cores, verificou-se, com maior frequência, o vermelho e ocorrências do amarelo, do branco e do preto. Nos painéis pictóricos, existe predominância nos motivos geométricos, mas observamos algumas representações de antropomorfos, zoomorfos e fitomorfos (R. Almeida, 1979Almeida, R. T. (1979). A arte rupestre nos Cariris Velho. Editora Universitária/UFPB.; Meneses et al., 2022Meneses, L. F., Araújo, A. P. M., & Moraes, F. A. A. (2022). Inventário de sítios pré-históricos na área do projeto Geoparque Cariri Paraibano, Brasil. GEOgraphia, 24(53), e50112. https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2022.v24i53.a48274
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).

Figura 4
Sítios e registros arqueológicos localizados na mesorregião do Agreste paraibano: A) sítio Padre Bento, município de Pocinhos; B) sítio Pedra da Furna I, município de Matinhas; C) sítio Pedra do Ingá, município de Ingá; D) sítio Laranjeiras, município de Pilõezinhos; E) sítio Tambor, município de Cuité; F) sítio Pedra do Letreiro, município de Caiçara. Fontes: Monteiro (2020)Monteiro, M. (2020, jan. 11). Pinturas Rupestres Sítio Padre Bento. Pocinhos em Destaque. https://pocinhosemdestaque.com.br/pinturas-rupestres-sitio-padre-bento/
https://pocinhosemdestaque.com.br/pintur...
(A); LABAP/UEPB (B e D); LAB/NDIHR/UFPB (C); A. Santos et al. (2022)Santos, A. S. T., Moraes, M. O., Santos, J. S., Farias, A. A., Rodrigues, E. C., & Guimarães, B. F. (2022). Resultado de datação radiocarbônica em material bioarqueológico Tupiguarani e o contexto fúnebre – Sítio Tambor, município de Cuité–PB. Revista Tarairiú, 1(19), 123-135. https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/article/view/987
https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/arti...
(E); S. Costa (2019, fotografia editada) (F).

Como exemplo disso, mencione-se o estudo de J. S. Santos (2022b)Santos, J. S. (2022b). Estudos de arqueologia regional: o caso do Sítio Pinturas I: o complexo rupestre Riacho da Pintada, região de Natuba, Paraíba. Revista Tarairiú, 1(18), 65-76. https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/article/view/1142
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, realizado no município de Natuba, que correlaciona os complexos rupestres dos sítios Riacho da Pintada. Composto por cinco sítios arqueológicos e associado à Tradição Agreste, na Paraíba, informa que, ao ser representada a fauna local, “o detalhamento das pinturas demonstra o grau de sofisticação empregado pelo grupo ou grupos pré-históricos que provavelmente ocupou(aram) o lugar” (J. S. Santos, 2022bSantos, J. S. (2022b). Estudos de arqueologia regional: o caso do Sítio Pinturas I: o complexo rupestre Riacho da Pintada, região de Natuba, Paraíba. Revista Tarairiú, 1(18), 65-76. https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/article/view/1142
https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/arti...
, p. 75).

No caso das gravuras rupestres, seus contextos estão inseridos em locais próximos a cursos d’água, como tanques, rios, riachos ou lagoas (a exemplo da Figura 4B). De acordo com J. S. Santos (2014)Santos, J. S. (2014). Estudos da tradição Itacoatiara na Paraíba: subtradição Ingá? Cópias & Papéis., para as técnicas utilizadas na produção das gravuras, temos: picoteamento, raspagem e meia cana. Os motivos reconhecíveis, em sua maioria, são os geométricos, antropomorfos, zoomorfos e fitomorfos; e apresentam, em uma análise locacional,

. . . forma curva e complexa dos grafismos, pontos ou pequenas formas circulares gravadas ordenadamente e que dão a impressão de linhas de contagens, denso preenchimento dos painéis em alguns sítios, além da técnica de raspagem com polimento contínuo na elaboração do grafismo

(Martin, 2008Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária., p. 298).

Para as práticas funerárias (Lima et al., 2019Lima, B. M., Soares, T. M., & Moraes, F. A. A. (2019). O estudo das práticas funerárias com os indivíduos infantis no sítio arqueológico Lajedo do Cruzeiro, Pocinhos, Paraíba. Noctua: Arqueologia e Patrimônio, 2, 27-39. https://doi.org/10.26892/noctua.v2i4p27-39
https://doi.org/10.26892/noctua.v2i4p27-...
) no sítio arqueológico Lajedo do Cruzeiro18 18 Desenvolvidas pelo NUPEAH/UFAL (Campus Sertão). , localizado no município de Pocinhos, os grupos Cariri e Tarairiú estão especialmente associados aos povos Tapuias, demonstrando características recorrentes contextuais em torno das observações na região do semiárido nordestino do Brasil19 19 Nas escavações em Pocinhos, foram encontrados ossos de 12 indivíduos, com datações de 1,6 mil anos BP, contudo a datação ainda não foi publicada em artigo científico (Meireles, 2022). , ao serem verificados os sepultamentos em área abrigada por afloramentos rochosos relacionados a espaços com sedimentos autóctones, como verificado também por Martin (2008)Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária..

Foi estabelecendo uma compreensão dos padrões de sepultamentos, apresentando reflexões iniciais das práticas funerárias usadas em indivíduos infantis e “provindo de um enterramento coletivo com diversas faixas etárias em contexto que demonstraram marcas e sinais de manipulações intencionais no corpo do cadáver perimortem como uma prática cotidiana” (Lima et al., 2019Lima, B. M., Soares, T. M., & Moraes, F. A. A. (2019). O estudo das práticas funerárias com os indivíduos infantis no sítio arqueológico Lajedo do Cruzeiro, Pocinhos, Paraíba. Noctua: Arqueologia e Patrimônio, 2, 27-39. https://doi.org/10.26892/noctua.v2i4p27-39
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, p. 38).

Em continuidade ao estudo, Moraes et al. (2021)Moraes, F. A. A., Victor, P. A., & Mastrorosa, R. R. (2021). Rituais de sepultamentos dos sítios Lajedo do Cruzeiro e Pedra da Tesoura, Paraíba: um estudo comparativo entre sítios com deposições funerárias. Clio Arqueológica, 36(1), 13-41. https://doi.org/10.51359/2448-2331.2021.250743
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verificaram que os sepultamentos no sítio Lajedo do Cruzeiro podem estar associados aos povos indígenas que habitavam a região durante o contato com os colonizadores. E, comparando-os aos contextos funerários de sítios de sepultamentos – como os sítios Barra (Camalaú), Serrote da Macambira (São João do Cariri), Pinturas I (São João do Tigre) e Furna dos Ossos (São João do Cariri), todos na mesorregião da Borborema (microrregião do Cariri Ocidental) –, os autores, ainda que inicialmente, demonstram o processo de sepultamento secundário, onde consta um tratamento (pintura e apontamento dos ossos) e a utilização de pigmento vermelho no material ósseo.

As análises recentes20 20 Para as análises, foram utilizados os processos no SEI (IPHAN, n. d.): 01408.000304/2019-75; 01408.001590/2017-24; 01408.000616/2017-17; 01408.000029/2016-42; 01408.900052/2017-14; 01408.000373/2018-06; 01408.000787/2015-84; 01408.014786/2014-36; 01408.001521/2017-11; 01408.000040/2020-93; 01408.014224/2014-92. contribuem na identificação e distribuição de artefatos líticos em diversas áreas: a exemplo do sítio Pedra do Ingá (Figura 4C), no município de Ingá, situado a céu aberto e próximo a fonte d’água e rocha granítica, quartzito, sílex que são frequentemente matéria-prima nas indústrias líticas regionais. Como, também, em outros sítios arqueológicos, com presença de registros rupestres, no município de Cuité, e fragmentos localizados em superfície nos municípios de Campina Grande, Natuba, Massaranduba e Lagoa Seca.

Além disso, são importantes artefatos líticos associados a possíveis assentamentos com a identificação de uma

. . . estrutura de combustão, direcionando as perspectivas sobre a ocupação daquele espaço para outras dimensões, até então não considerada, como, por exemplo, a probabilidade de que aquela área poderia ter sido ocupada de forma mais intensa do que se pensava inicialmente

(Leite, 2017Leite, M. N. (2017). Relatório de pesquisa arqueológica na área do aterro sanitário da Fazenda Logradouro, Campina Grande-PB. IPHAN., p. 205).

No sítio Laranjeiras (Figura 4D), de forma breve, Medeiros (2022)Medeiros, T. R. M. (2022). Análise das cerâmicas do sítio arqueológico Laranjeiras (Pilõezinhos-PB). Revista Tarairiú, 1(19), 30-43. https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/article/view/1000
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traçou perfil descritivo das 18 peças cerâmicas, muitas com pinturas, associando-as à cultura Tupiguarani em sítio localizado em Pilõezinhos, na microrregião de Guarabira. O autor ressalta que “ainda há as possibilidades tanto de uma ocupação da região tanto pelos Aratus como pelos Tupis, . . . . como também da possível presença de tais materiais como sendo fruto de trocas entre Tupis e Aratus” (Medeiros, 2022Medeiros, T. R. M. (2022). Análise das cerâmicas do sítio arqueológico Laranjeiras (Pilõezinhos-PB). Revista Tarairiú, 1(19), 30-43. https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/article/view/1000
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, p. 42).

No sítio Tambor (Figura 4E), A. Santos et al. (2022)Santos, A. S. T., Moraes, M. O., Santos, J. S., Farias, A. A., Rodrigues, E. C., & Guimarães, B. F. (2022). Resultado de datação radiocarbônica em material bioarqueológico Tupiguarani e o contexto fúnebre – Sítio Tambor, município de Cuité–PB. Revista Tarairiú, 1(19), 123-135. https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/article/view/987
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apresentam datação radiocarbônica de 540 ± 30 BP (Quadro 1), analisada através dos materiais ósseos humanos em urna cerâmica, no município de Cuité, na microrregião do Curimataú Ocidental, associados a adornos líticos e ósseos – “urna cerâmica com engobo, pintada em policromia, preto e vermelho; pinturas em padrões geométricos; utilizada para enterramento secundário; tembetá de amazonita; ornamentos feitos a partir de conchas marinhas, colar e braceletes” (A. Santos et al., 2022Santos, A. S. T., Moraes, M. O., Santos, J. S., Farias, A. A., Rodrigues, E. C., & Guimarães, B. F. (2022). Resultado de datação radiocarbônica em material bioarqueológico Tupiguarani e o contexto fúnebre – Sítio Tambor, município de Cuité–PB. Revista Tarairiú, 1(19), 123-135. https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/article/view/987
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, p. 134). Ao delimitar um marco temporal através da identificação cerâmica da tradição Tupiguarani e da datação, criam indícios das migrações dos povos Tupis litorâneos até regiões interioranas da Paraíba antes da chegada dos colonizadores europeus.

As áreas ocupadas apresentam contextos com proximidade a cursos d’água, sendo três os tipos de sítios arqueológicos, que variam entre céu aberto, abrigo sob rocha, abrigo (não documentado) e gruta, com, respectivamente, 78% de sítios em céu aberto, 18٪ em abrigo sob rocha, 3% em abrigo (não documentado) e 1% em gruta. Sobre o registro rupestre, os sítios, por vezes, contêm pinturas e/ou gravuras que estariam associadas às pinturas da Tradição Agreste (Martin, 2008Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária., pp. 271-285) e às gravuras da Tradição Itacoatiara (Martin, 2008Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária., pp. 291-300).

Dentre os 73 sítios arqueológicos citados na região, 87% detêm a presença de registros rupestres. Desses , destaca-se que 47% contêm somente pinturas (Figura 4F), 36% possuem somente gravuras e 17% contêm os dois tipos de registros. Para os sítios com materiais arqueológicos, em relação ao número total, 11% contêm cerâmicas, 8% têm peças líticas e 2% apresentam adornos, assim como os sítios com presença de ossos humanos/sepultamento (Quadro 4).

Quadro 4
Lista dos sítios arqueológicos pré-históricos e seus contextos da mesorregião do Agreste paraibano. Legenda: N.A. =não associado.

Na mesorregião do Agreste paraibano, a situação de pesquisa arqueológica concentra-se na microrregião de Campina Grande e em seu entorno, verificando-se a necessidade sistêmica de dados sobre as microrregiões do Umbuzeiro (ao sul), Itabaiana (ao leste), Brejo paraibano e Guarabira (a nordeste), assim como Curimataú Oriental e Ocidental (ao norte).

O que se observa é que somente há dois centros de pesquisas voltados à região (LABAP/UEPB e NUPEAH/UFAL) com um relevante território-chave para compreender os processos de ocupações de diversos grupos humanos demonstrados e descritos nos estudos arqueológicos, apresentando contatos entre os divergentes grupos étnicos em suas áreas e arredores.

Com os avanços da ocupação humana atual, os processos de controle sobre a investigação do patrimônio arqueológico ficaram (até o momento) fortemente atrelados à arqueologia de contrato, tendo inserções de estudos sobre os registros rupestres (como o caso mais conhecido do sítio arqueológico de Ingá) e os sítios de sepultamentos (em Pocinhos, Pilõezinhos e Queimadas).

AS PESQUISAS PRÉ-HISTÓRICAS NA MESORREGIÃO DA BORBOREMA

A mesorregião da Borborema paraibana continha povos indígenas majoritários (Figura 2), como os Cariris, que eram formados pelos grupos Carnoiós (Curinaiós), no extremo sul, ocupando toda a área e seu entorno da rede hidrográfica do rio Paraíba; os Bodopitás ou Fagundes, no extremo leste da microrregião do Cariri Oriental; os Tarairiús, que incluíam os Xucurús, distribuídos por toda microrregião do Cariri Ocidental; e os Janduís, que ocupavam a área da microrregião do Seridó Oriental (Borges, 1993Borges, J. E. (1993). Índios paraibanos: classificação preliminar. In J. O. Melo & G. Rodriguez (Org.), Paraíba: conquista, patrimônio e povo (pp. 21-38). Edições Grafset.).

Para a microrregião do Seridó paraibano, ao norte da mesorregião da Borborema (Figura 5), na bacia hidrográfica do Piranhas-Açu, tem-se referências aos sítios de registros rupestres na região desde o início do século XX (J. Dantas, 1994Dantas, J. A. (1994). Indícios de uma civilização antiqüíssima (Prefácio de Gabriela Martin). União Editora.). As gravuras rupestres localizadas em territórios dos municípios de Santa Luzia, São Mamede, Passagem, Junco do Seridó, Várzea e São José do Sabugi estão inseridas em afloramentos horizontais e blocos graníticos e gnáissicos, localizados perto das fontes hídricas e em sopés de serras, apresentando um acervo gráfico amplo, com concentração maior de representações geométricas, assim como presença de alguns motivos zoomórficos e antropomórficos (Morais Neto, 1994Morais Neto, J. M. (1994). Contribuição ao cadastramento das Itaquatiaras do Vale do Sabugi, na fronteira da Paraíba. Revista de Arqueologia, 8(1), 133-155. https://doi.org/10.24885/sab.v8i1.470
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).

Figura 5
Mapa da distribuição dos sítios e registros arqueológicos nas mesorregiões da Borborema e no Sertão Paraibano.

Já nos municípios de Picuí, Pedra Lavrada e Nova Palmeira, na divisa com o estado do Rio Grande do Norte, foram evidenciados sítios com registros rupestres e vestígios cerâmicos e líticos. As pinturas apresentam um acervo gráfico heterogêneo, com presença de representações antropomórficas, zoomórficas, de objetos e geométricas, realizadas com pigmentos vermelho e amarelo. A exemplo do sítio Cachoeira do Pedro, no município de Picuí, as gravuras predominantes são as representações geométricas, que são associadas às pinturas em vermelho (Valle, 2008Valle, R. B. M. (2008). Gravuras pré-históricas da área arqueológica do Seridó Potiguar\Paraibano: um estudo técnico e cenográfico. Revista Fumdhamentos, 7, 492-514. https://www.academia.edu/11340169/Gravuras_pr%C3%A9_hist%C3%B3ricas_da_%C3%A1rea_arqueol%C3%B3gica_do_Serid%C3%B3_Potiguar_Paraibano_um_estudo_t%C3%A9cnico_e_cenogr%C3%A1fico
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).

Em termos gerais (Quadro 5), os sítios identificados nesses municípios encontram-se inseridos em blocos, afloramentos e abrigos, formados em rochas graníticas, quartzíticas, gnáissicas, xistos e micaxistos, próximos a fontes hídricas (Martin, 2003Martin, G. (2003). Fronteiras estilísticas e culturais na arte rupestre da área arqueológica do Seridó (RN, PB). CLIO – Arqueológica, (16), 11-32. https://periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica/article/view/246968
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; Valle, 2008Valle, R. B. M. (2008). Gravuras pré-históricas da área arqueológica do Seridó Potiguar\Paraibano: um estudo técnico e cenográfico. Revista Fumdhamentos, 7, 492-514. https://www.academia.edu/11340169/Gravuras_pr%C3%A9_hist%C3%B3ricas_da_%C3%A1rea_arqueol%C3%B3gica_do_Serid%C3%B3_Potiguar_Paraibano_um_estudo_t%C3%A9cnico_e_cenogr%C3%A1fico
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). Alguns sítios de pinturas, a exemplo do Canta Galo I, localizado no município de Pedra Lavrada, apresentam representações que podem ser vinculadas à Tradição Rupestre Nordeste, Subtradição Seridó, tendo em vista as características especificadas por Martin (2003Martin, G. (2003). Fronteiras estilísticas e culturais na arte rupestre da área arqueológica do Seridó (RN, PB). CLIO – Arqueológica, (16), 11-32. https://periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica/article/view/246968
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, 2008)Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária. e Souza et al. (2018)Souza, T. F., Rosa, C. R., Oliveira, A. M. P., & Oliveira, M. M. B. M. (2018). Relatório Final de Prospecção Arqueológica da Área de Lavra da Elizabeth Produtos Cerâmicos Ltda – Município de Pedra Lavrada, PB. Larq/CCHLA/UFRN..

Quadro 5
Lista dos sítios arqueológicos pré-históricos e seus contextos da mesorregião Borborema, exclusivamente da microrregião do Seridó paraibano. Legenda: N.A. = não associado.

Como observado por Souza et al. (2018)Souza, T. F., Rosa, C. R., Oliveira, A. M. P., & Oliveira, M. M. B. M. (2018). Relatório Final de Prospecção Arqueológica da Área de Lavra da Elizabeth Produtos Cerâmicos Ltda – Município de Pedra Lavrada, PB. Larq/CCHLA/UFRN., os sítios arqueológicos de registros rupestres estão nas áreas de baixios, ou seja, próximos a canais de drenagem ou locais de inundação, além de também estarem em afloramentos rochosos de micaxisto (a exemplo, Figura 6A). Tais blocos vêm sofrendo desgaste natural pelo intemperismo devido à sua localização em áreas de drenagem – como verificado nos sítios localizados em blocos de granitos com inscrições em relevo, a exemplo de Pedra Lavrada III, que está em canal de escoamento.

Figura 6
Sítios, registros arqueológicos e municípios localizados nas mesorregiões da Borborema e do Sertão Paraibano: A) sítio Grotão, município de Salgadinho; B) sítio Pedra do Altar, município de Barra de São Miguel; C) sítio Roça Nova, município de Camalaú; D) sítio Parque das Pedras, município de Camalaú; E) sítio Barra, município de Camalaú; F) sítio Serra Branca I, município de Vieirópolis. Fontes: LAB/NDIHR/UFPB (A, C – imagem editada, D, E e F); O. Almeida et al. (2022)Almeida, O. T., Rivero, S., & Oliveira, C. (2022). Danos antrópicos dos sítios arqueológicos dos Cariris Velhos da Paraíba. Paper do NAEA 2022, 1(1), 1-19. http://dx.doi.org/10.18542/papersnaea.v31i1.12865
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(B).

Um estudo recente tem redescoberto a Pedra da Retumba, no município de Pedra Lavrada. Em uma intervenção arqueológica no sítio, “a escavação evidenciou um belo painel rupestre com gravuras em meia cana, com certa profundidade e predominância de capsulares. No painel, não foram identificadas pinturas rupestres” (J. S. Santos, 2022aSantos, J. S. (Org.). (2022a). A intervenção arqueológica do sítio Pedra da Retumba. Resgatando a história da Pedra de Retumba: das lendas e mitos às atividades arqueológicas contemporâneas (Série Arqueologia e Paleontologia, Vol. 14, pp. 62-74). EDUEPB., pp. 71-72).

Em outro estudo recente, realizado ao sul da microrregião, com o apoio da UFPE, Nascimento (2021)Nascimento, P. Q. Z. (2021). Caracterização arqueológica e geomorfológica do entorno do sítio arqueológico Grota do Morcego, Salgadinho (PB) através de modelagem tridimensional por aerofotogrametria. UFPE. indica sítios com presença de gravuras e pinturas rupestres com traços e técnicas aproximadas aos registros dispersos por todo o Seridó paraibano, havendo o tipo geométrico dominante, com gravuras e pinturas sobrepostas em locais próximos a fontes hídricas.

Para os sítios localizados na microrregião do Seridó paraibano, são evidenciados 38 sítios arqueológicos, com 68% inseridos em céu aberto (matacões e lajedos), 14% em abrigos sob rochas, 4% encontram-se submersos e 14% dos sítios não apresentam informações desta natureza. Para os registros arqueológicos, 46% apresentam gravuras, 43%, pinturas, e, entre estes, 34% apresentam as duas formas de registros rupestres, havendo poucas evidências de peças líticas e cerâmicas (3% para cada).

Para as microrregiões do Cariri paraibano, Cariri Ocidental e Cariri Oriental, as pesquisas arqueológicas têm como fonte primária os estudos realizados por Ruth Trindade de Almeida, nos anos 1970, do século XX, vinculados à UFPB. O levantamento realizado sobre as pinturas rupestres na região dos Cariris Velhos resultou no cadastro de 49 sítios visitados em dois anos de pesquisas21 21 Além dos sítios arqueológicos cadastrados na bacia do rio Paraíba, houve visitas e cadastros de 45 sítios localizados em outras regiões e que não foram devidamente registrados (R. Almeida, 1979, pp. 115-117). (R. Almeida, 1979Almeida, R. T. (1979). A arte rupestre nos Cariris Velho. Editora Universitária/UFPB.), e, posteriormente, classificados como pertencentes à Tradição Agreste, com um intervalo cronológico entre 5.000 AP e 2.000 AP (Martin, 2008Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária.). Além das estimativas cronológicas vinculadas aos registros rupestres, temos algumas datações para a região (Quadro 1).

A área apresenta grande concentração de sítios arqueológicos com pinturas rupestres (Figura 5 e Quadro 6) e que, de acordo com Martin (2008)Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária., evidenciam uma dispersão da Tradição Agreste, representada pela Subtradição Cariris Velhos, com estilo específico para a área (Matos, 2019Matos, F. A. S. (2019). Entre semelhanças gráficas e ambientais: as recorrências das representações antropomórficas pintadas pré-históricas entre as regiões do Cariri Ocidental-PB, Parque Nacional do Catimbau-PE e Seridó Oriental-RN [Tese de doutorado, Universidade Federal de Pernambuco]. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37992
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; Souza, 2020Souza, T. F. (2020). Paisagem arqueológica e pintura rupestre zoomórfica no semiárido do nordeste brasileiro: ensaio sobre espaços persistentes mediante ocupações pré-históricas nos altos cursos dos rios Moxotó e Paraíba [Tese de doutorado, Universidade Federal de Pernambuco]. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/41420
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).

Quadro 6
Lista dos sítios arqueológicos pré-históricos e seus contextos da mesorregião Borborema, exclusivamente da microrregião do Cariri Paraibano. Legenda: N.A. = não associado.

Os grafismos e painéis da Subtradição Cariris Velhos nunca aparecem em abrigos e paredões no alto das serras e, tanto na Paraíba como em Pernambuco, os lugares preferidos são matacões arredondados de granito que emergem pela erosão, nas rochas mais brandas, nos vales e nas encostas das serras, destacando-se na paisagem (Martin, 2008Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária., pp. 275-276).

Para Amaral (2015)Amaral, M. P. V. (2015). As pinturas rupestres da tradição agreste em Pernambuco e na Paraíba - Brasil [Tese de doutorado, Universidade Federal de Pernambuco]. , as pinturas rupestres vinculadas à Tradição Agreste possuem características de dimensões gráficas específicas na região (Figura 6B). Ao pensar na relação entre os grafismos reconhecíveis e os grafismos puros, foi percebido uma conjuntura deles:

Há um forte vínculo das pinturas rupestres, no conjunto da Tradição Agreste, . . . . e uma possível conexão com os grafismos puros, com predominâncias da cor vermelha, de tonalidades variadas e, em número menor, aparecem pinturas produzidas nas cores branca, amarela e preta

(Amaral, 2015Amaral, M. P. V. (2015). As pinturas rupestres da tradição agreste em Pernambuco e na Paraíba - Brasil [Tese de doutorado, Universidade Federal de Pernambuco]. , p. 36).

Azevedo Netto et al. (2007Azevedo Netto, C. X., Kraisch, A. M. P. O., & Rosa, C. R. (2007). Territorialidade e arte rupestre – inferências iniciais acerca da distribuição espacial dos sítios de arte rupestre na região do Cariri paraibano. Revista de Arqueologia, 20(1), 51-65. https://doi.org/10.24885/sab.v20i1.228
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, 2010)Azevedo Netto, C. X., Duarte, P., & Oliveira, A. M. P. (2010). A presença da tradição Nordeste na região do Cariri Ocidental: questões classificatórias. Fumdhamentos, 9, 43-65. observaram que os sítios arqueológicos no Cariri Ocidental apresentavam as características evidenciadas anteriormente, mas verificaram manifestação de diversos estilos gráficos próprios da região (Figura 6C) em que há a presença de estilos que seriam vinculados à Tradição Nordeste, em composição com grafismos de outros estilos ou da Tradição Agreste.

Nos levantamentos de Matos (2015)Matos, F. A. S. (2015). Os antropomorfos no registro rupestre do semiárido paraibano: caracterização das representações na Microrregião do Cariri Ocidental [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Pernambuco]. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/14029
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e Mützenberg e Matos (2015)Mützenberg, D. S., & Matos, F. A. S. (2015). Padrões gráficos das representações antropomórficas pré-históricas na microrregião do Cariri Ocidental paraibano: definições e correlações. CLIO - Arqueológica, 30(2), 67-99. https://periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica/article/view/246580
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, na microrregião do Cariri Ocidental paraibano, posteriormente, evidenciaram-se padrões antropomórficos particulares, desenvolvendo o estudo em dez sítios arqueológicos localizados nas drenagens dos rios Monteiro e Paraíba. Para Matos (2015)Matos, F. A. S. (2015). Os antropomorfos no registro rupestre do semiárido paraibano: caracterização das representações na Microrregião do Cariri Ocidental [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Pernambuco]. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/14029
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, o registro rupestre detém características obtidas da classificação de agrupamentos, próximas às formas de apresentações gráficas determinadas no Nordeste brasileiro.

As representações antropomórficas são distribuídas na rede de drenagem do rio Paraíba, contendo variabilidades ambientais particulares. Para a drenagem do rio Monteiro, não foi observado esse tipo de representação, o que poderia evidenciar um comportamento social de inserção espacial na área, relacionado aos grupos que ocuparam e delimitaram esses espaços sociais. Mais tarde, Matos (2019)Matos, F. A. S. (2019). Entre semelhanças gráficas e ambientais: as recorrências das representações antropomórficas pintadas pré-históricas entre as regiões do Cariri Ocidental-PB, Parque Nacional do Catimbau-PE e Seridó Oriental-RN [Tese de doutorado, Universidade Federal de Pernambuco]. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/37992
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verificou que as representações antropomórficas apresentam padrões gráficos associados também a características geoambientais para a área.

Souza (2020)Souza, T. F. (2020). Paisagem arqueológica e pintura rupestre zoomórfica no semiárido do nordeste brasileiro: ensaio sobre espaços persistentes mediante ocupações pré-históricas nos altos cursos dos rios Moxotó e Paraíba [Tese de doutorado, Universidade Federal de Pernambuco]. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/41420
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, posteriormente, averiguou, a partir das representações zoomórficas, que esses espaços atribuídos a padrões gráficos locacionais são determinados pela formação dos espaços persistentes, como é o caso do alto curso do rio Paraíba, na atual região da Área de Proteção Ambiental (APA) das Onças, no município de São João do Tigre. Ao realizar relações entre os registros arqueológicos e as espacialidades, Souza (2020)Souza, T. F. (2020). Paisagem arqueológica e pintura rupestre zoomórfica no semiárido do nordeste brasileiro: ensaio sobre espaços persistentes mediante ocupações pré-históricas nos altos cursos dos rios Moxotó e Paraíba [Tese de doutorado, Universidade Federal de Pernambuco]. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/41420
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demonstrou que essa produção do espaço social, entre sociedades étnicas semelhantes, é um espelho de sua organização social, ao persistir localmente enquanto fenômeno cultural pela recorrência do comportamento através da espacialidade constituída.

Para além dos estudos sobre registro rupestre, existem outros diversos tipos de sítios arqueológicos, com a existência de sepultamento e vestígios cerâmicos e líticos. Segundo Matos e Souza (2010)Matos, F. A. S., & Souza, T. F. (2010). Distribuição espacial dos vestígios arqueológicos do sítio Cemitério Barra - PB. In Anais do I Encontro Regional Nordeste Sociedade de Arqueologia Brasileira, Recife. ou Azevedo Netto et al. (2011)Azevedo Netto, C. X., Rosa, C. R., & Miranda, P. G. (2011). Semiótica dos sítios cerâmicos da região do Cariri Ocidental, PB. CLIO – Arqueológica, 26(2), 265-288. https://periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica/article/view/246691
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, no sítio de sepultamento Barra, foram encontrados vestígios associados a sepultamentos humanos que vão de ósseos a cerâmicos, líticos, cestarias, entre outros. Já o estudo de Azevedo Netto et al. (2010)Azevedo Netto, C. X., Duarte, P., & Oliveira, A. M. P. (2010). A presença da tradição Nordeste na região do Cariri Ocidental: questões classificatórias. Fumdhamentos, 9, 43-65., no sítio do Parafuso, verifica a presença de vestígios cerâmicos e líticos, além de retratar o sítio Várzea Grande II, que se encontra em um abrigo com vestígios de cerâmica com registro rupestre.

O primeiro estudo sobre sepultamento na área é advindo de J. S. Santos (2009)Santos, J. S. (2009). Práticas funerárias e cultura material nos Sertões da Paraíba: a necrópole sítio pinturas I, em São João do Tigre [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Pernambuco]. https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/450
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, que escavou parte do sítio Pinturas I, no município de São João do Tigre. O autor indica que há semelhanças no sepultamento, como observado em outros sítios arqueológicos pelo semiárido nordestino22 22 O autor cita os sítios arqueológicos Furna do Estrago, Sítio Justino, Pedra do Alexandre, Gruta do Padre e Furna dos Ossos. , com uma variável distinta, ao apresentar pinturas rupestres no sítio arqueológico, e semelhante, ao verificar materiais líticos lascados na utilização de cerâmica e adornos corporais no sepultamento. Com as datações recentemente obtidas no sítio, não houve a possibilidade de associar as pinturas rupestres a esse grupo, mas a continuidade das escavações do sítio Pinturas I e estudos com base nos outros sítios arqueológicos com sepultamentos na região, como Pinturas II e Jucurutu, poderiam esclarecer essa prática cultural.

Através das escavações nas campanhas arqueológicas do LAB/NDIHR/UFPB, no Cariri paraibano23 23 Em campanhas arqueológicas do LAB/NDIHR/UFPB, é de conhecimento a existência de diversos sítios de sepultamento e a presença de ossos humanos na região de Barra, Parque das Pedras e Mateus, no município de Camalaú, e no sítio Cadeia I, no município de São João do Tigre. , G. Santos (2018)Santos, J. S. (2018). Relatório Final das Atividades Arqueológicas desenvolvidas do Sítio Atalaia do Mirante, Santa Rita, Paraíba, Brasil. IPHAN. obteve algumas características de sepultamento no sítio Parque das Pedras, no município de Camalaú, ao constatar a possibilidade de enterramento secundário através da observação de pintura ocre em alguns fragmentos ósseos e pela sua cremação, além de alguns exemplares de sepultamentos primários com presença de adornos (a exemplo de colares, Figura 6D). As análises dos dentes determinaram que os indivíduos, em sua maioria, são adultos, o que poderia indicar “um local onde se enterravam preferencialmente indivíduos adultos, enquanto outro local pode ter sido escolhido para o enterramento de indivíduos não adultos” (G. Santos, 2018Santos, G. A. (2018). Bioarqueologia aplicada ao estudo dos remanescentes humanos do sítio Parque das Pedras - PB: uma contribuição para a arqueologia no nordeste do Brasil [Trabalho de conclusão de curso, Universidade Federal de Sergipe]. http://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/8116
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, pp. 65-66).

Nesse sentido, H. Oliveira (2019)Oliveira, H. M. S. (2019). Ossos de indivíduos não adultos provenientes do sítio Barra, Camalaú-PB: um estudo bioarqueológico [Trabalho de conclusão de curso, Universidade Federal de Sergipe]. http://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/11458
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verificou no sítio Barra (Figura 6E), também no município de Camalaú, que a idade dos indivíduos sepultados está na classe de morte entre 0 e 20 anos. Com os dados verificados em fragmentos ósseos de marcas queimadas, pode-se evidenciar um tipo de sepultamento secundário, que poderia demonstrar rituais de enterramento, já que também está associado a agrupamentos de ossos humanos amarrados com cordões e trançados de fibra.

Para Soares (2020)Soares, T. M. (2020). Caracterização e análise dos adornos funerários dos sítios Pedra da Tesoura e Lajedo do Cruzeiro, Paraíba Brasil [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Sergipe]. https://ri.ufs.br/jspui/handle/riufs/14282
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, as escavações no sítio Pedra da Tesoura24 24 Como já citado, advindo do projeto de pesquisa arqueológica realizado no sítio Pedra da Tesoura, Boqueirão, Paraíba, em 2017, desenvolvido pelo NUPEAH/UFAL (Campus do Sertão). , localizado no município de Boqueirão25 25 O sítio Pedra da Tesoura, localizado no Lajedo do Marinho, em Boqueirão, detém ossos humanos com datações de 1.480 anos AP, contudo a datação ainda não foi publicada em artigo científico (Meireles, 2022). , demonstraram grandes diversidade e quantidade de contas e pingentes nos sepultamentos secundários, com intuito de adornar os rituais funerários desses indivíduos, verificando os adornos associados a ossos de animais e líticos. Para esse sítio, dado o andamento da pesquisa (Moraes et al., 2021Moraes, F. A. A., Victor, P. A., & Mastrorosa, R. R. (2021). Rituais de sepultamentos dos sítios Lajedo do Cruzeiro e Pedra da Tesoura, Paraíba: um estudo comparativo entre sítios com deposições funerárias. Clio Arqueológica, 36(1), 13-41. https://doi.org/10.51359/2448-2331.2021.250743
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), já foram identificados quatro enterramentos secundários: três apresentando vestígios de cremação e um esqueleto com presença de pigmentação avermelhada.

No caso do Cariri paraibano, foram obtidas duas datações em sítios de sepultamento (Azevedo Netto et al., 2021Azevedo Netto, C. X., Rosa, C. R., & Souza, T. F. (2021). Situação geomorfológica dos sítios arqueológicos no município de Camalaú - Paraíba. Revista de Arqueologia, 34(1), 177-195. https://doi.org/10.24885/sab.v34i1.752
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), uma para o sítio Barra, de 1.220 ± 30 AP (Beta 400646) – realizada sobre material ósseo humano de sepultamentos depositados em um abrigo sob rocha, acompanhados de cestarias, trançados de algodão, restos vegetais, cerâmica e material lítico lascado e seixos, ambos em quartzo, e algumas lascas de calcedônia –, e a outra para o sítio Serrote da Macambira, no município de São João do Cariri, de 1.880 ± 30 (Beta 400647) – datado de ossos humanos em abrigo sob rocha, com o sepultamento de 15 indivíduos, adultos e crianças, com evidências de enterramento secundário, contendo materiais cerâmicos, muito revolvidos por interferência de terceiros.

Para além do quadro ora evidenciado, tem-se alguns dados de ocupações pré-históricas para a mesorregião provenientes da arqueologia de contrato26 26 Processos no SEI (IPHAN, n. d.): 01408.001344/2017-72; 01408.000240/2017-41; 01408.000239/2017-16; 01408.000242/2017-30; 01408.000317/2018-63; 01408.001511/2017-85; 01408.000175/2019-15; 01408.000181/2020-14. . Para os municípios de Santa Luzia, São Mamede, Areia de Baraúnas, São José do Sabugi, Assunção e Taperoá, foi evidenciada grande diversidade de material arqueológico pré-histórico, constituído, em sua maioria, de material lítico e/ou cerâmico, associado a sítios a céu abertos. A maior parte desse material foi evidenciada em superfície, mediante as prospecções realizadas nos espaços de implementação dos empreendimentos, com pouca quantidade evidenciada em subsuperfície, seja no processo de prospecção, seja no salvamento dos poucos sítios identificados.

Dentro dos processos consultados, evidenciou-se, no município de Assunção, sítio de registro rupestre constituído de pinturas na cor vermelha, de motivos reconhecíveis e não reconhecíveis, distribuídos em dois painéis gráficos em um matacão granítico; bem como, no processo IPHAN/SEI n.º 01408.000181/2020-14, são citados sítios com registro rupestre no município de Taperoá (IPHAN, n. d.Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (n. d.). SEI! - Consulte seu processo. https://www.gov.br/iphan/pt-br/servicos/sei
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).

Em termos gerais, dos 126 sítios verificados, observa-se predominância das ocorrências de sítios em abrigos sobre rocha (43%) e céu aberto (56% - matacões e lajedos), com o predomínio de registros rupestres, seja em pinturas e gravuras, seja em ambas, associados, em certos casos, a material lítico e cerâmico. Por fim, houve uma ocorrência de um sítio submerso, com pinturas, no município de Monteiro.

Para as ocorrências dos registros arqueológicos, 66% detêm somente pinturas e 17% detêm somente gravuras; entre esses, a presença dos dois tipos de registros rupestres é de 9%. Há também uma forte presença de fragmentos de material lítico (8%) e cerâmico (9%). Para os casos de sítios-sepultamento (5%), há uma relevante distribuição para a região localizada em abrigos sobre rochas.

Sem sombra de dúvida, a mesorregião da Borborema representa a região de maior concentração de pesquisas arqueológicas no estado, com densidades nas microrregiões, em sua parte sudeste, do Cariri Ocidental e na parte central, do Seridó Oriental paraibano, havendo, contudo, lacunas de pesquisas no Cariri Oriental e Ocidental (parte norte), no Seridó Ocidental paraibano e no Seridó Oriental paraibano (partes sul e norte).

Verificou-se, para as microrregiões do Seridó paraibano, que as pesquisas estão vinculadas em grande parte à arqueologia de contrato, relacionadas a empresas de mineração e de produção de energia eólica, com poucas pesquisas arqueológicas institucionais. Contudo, a partir de R. Almeida (1979)Almeida, R. T. (1979). A arte rupestre nos Cariris Velho. Editora Universitária/UFPB. e pela expansão da pesquisa pela UFPE, advindo do Seridó rio-grandense, há evidências, em sua maioria, da presença de sítios com registros rupestres (gravuras e pinturas).

De modo geral, para as pesquisas arqueológicas nas microrregiões do Cariri paraibano, observa-se o contexto dos sítios com presença de registros rupestres, sepultamentos e indícios ósseos humanos, artefatos cerâmicos e líticos, com boa parte encontrando-se em duas importantes bacias hidrográficas da região, os rios Paraíba e Taperoá. Ademais, essas documentações são advindas de instituições como a UFPB, a UEPB e a UFPE, que ainda têm poucos registros significativos resultantes de relatórios de arqueologia de contrato.

AS PESQUISAS PRÉ-HISTÓRICAS NA MESORREGIÃO DO SERTÃO PARAIBANO

Durante o século XVIII, a mesorregião do Sertão Paraibano era ocupada por diversos povos indígenas, contatados no processo de colonização (Figura 2): os Tarairiús, que eram formados pelos grupos Panatis, no extremo leste, ocupando toda área e o entorno da rede hidrográfica do rio Taperoá; Pegas, ocupando toda a microrregião de Sousa e Catolé do Rocha, no entorno da rede hidrográfica do rio Piranhas-Açu; os Ariús e Palacus, no extremo noroeste da mesorregião; e os Cariris, que incluíam os Coremas, pelas microrregiões de Piancó e Serra do Teixeira; e os Icós, que ocupavam as áreas das microrregiões de Itaporanga e Cajazeiras (Borges, 1993Borges, J. E. (1993). Índios paraibanos: classificação preliminar. In J. O. Melo & G. Rodriguez (Org.), Paraíba: conquista, patrimônio e povo (pp. 21-38). Edições Grafset.).

Para a região, evidenciaram-se, até o momento, alguns sítios arqueológicos pré-históricos (Figura 5 e Quadro 7), principalmente de registros rupestres, com predominância de sítios de gravuras localizados em afloramentos graníticos/gnáissicos/areníticos, inseridos próximos aos cursos hídricos que constituem a bacia hidrográfica do rio Piranhas-Açu, a qual engloba os estados da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

Quadro 7
Lista dos sítios arqueológicos pré-históricos e seus contextos da Mesorregião do Sertão. Legenda: N.A. = não associado.

Nos municípios de Sousa, São Francisco, Vieirópoles, Bernardino Batista, São José de Piranhas, Condado e Malta, foram evidenciados sítios com presença de gravuras rupestre, pinturas, outros vestígios associados e um sítio-acampamento (Rocha, 1998Rocha, F. E. P. G. (1998). Caracterização macroespacial de sítios arqueológicos no alto sertão da Paraíba [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Pernambuco]. ; Fernandes, 2012Fernandes, A. A. (2012). A arte rupestre na Paraíba: um estudo sobre o sítio arqueológico da localidade Algodões, no município de Condado. Revista Brasileira de Filosofia e História, 1(1), 6-10. https://www.gvaa.com.br/revista/index.php/RBFH/article/view/2492
https://www.gvaa.com.br/revista/index.ph...
; Matos et al., 2018Matos, F. A. S., Oliveira, A. M. P., & Oliveira, M. M. B. M. (2018). Relatório de avaliação de impacto ao patrimônio arqueológico na área destinada à instalação de uma usina solar fotovoltaica – UFV Malta e uma usina solar fotovoltaica – UFV Angico. UFV.). Os sítios de gravuras localizam-se, geralmente, em áreas baixas, próximos a fontes hídricas e em suportes horizontais e verticais.

Como exemplo, temos o sítio Lagoa dos Estrelas, localizado no município de Sousa, sobre um suporte arenítico. Apresenta representações geométricas com alto grau de desgaste, devido à exposição aos agentes intempéricos e à ação da água. As gravuras localizadas no sítio encontram-se próximas a pegadas de dinossauros, vestígios da fauna jurássica amplamente encontrados na região, na área denominada Vale dos Dinossauros (Rocha, 1998Rocha, F. E. P. G. (1998). Caracterização macroespacial de sítios arqueológicos no alto sertão da Paraíba [Dissertação de mestrado, Universidade Federal de Pernambuco]. ).

Dentre os sítios de pinturas, destaca-se o Serra Branca I (Figura 6F), localizado no contraforte sul da Serra Branca, município de Vieirópoles, e que possui a datação, através de carvão vegetal e ossos faunísticos, mais antiga da Paraíba (Quadro 1). Trata-se de um abrigo sob rocha gnáissica/granítica com presença de pinturas localizadas em dois painéis. As pinturas são todas monocrômicas, na cor vermelha. No conjunto gráfico, observamos representações de antropomorfos, zoomorfos, possíveis fitomorfos e grafismos puros.

Por apresentar um pacote sedimentar considerável, e pouco remexido, foram realizadas duas sondagens de 1,5 m x 1,5 m. Nelas, foram evidenciados material cerâmico em superfície, material lítico e orgânico (carvão e ossos da microfauna) em camadas estratigráficas. As sondagens apresentaram profundidades de 90 a 95 cm, respectivamente, chegando à rocha-base.

Ademais, em visitas às regiões próximas ao extremo leste da mesorregião (microrregião de Patos), são citados, pelas comunidades, sítios arqueológicos com presença de registros rupestres em diversos municípios, como Areia de Baraúnas, Passagem, Cacimba de Areia e Cacimbas.

Relacionado esse contexto à arqueologia de contrato, com dados provenientes de relatórios finalizados na plataforma SEI, no processo 01408.001482/2012-47 (IPHAN, n. d.Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (n. d.). SEI! - Consulte seu processo. https://www.gov.br/iphan/pt-br/servicos/sei
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), podem-se evidenciar algumas ocorrências arqueológicas para três municípios – Uiraúna, Joca Claudino e Poço Dantas –, as quais são constituídas de material lítico e cerâmico.

Foi verificado que, no sítio Moconha, no município de Serra Grande, o material cerâmico, segundo análises preliminares, apresenta características da Tradição Tupiguarani. Os vestígios cerâmicos com essas características estão sendo localizados nessa região. Para o sítio, foi encontrada uma vasilha completa e alguns fragmentos com presença de decoração pintada que se assemelha à tradição citada, segundo comparações feitas com vestígios de outros sítios localizados no território brasileiro (Cavalcante et al., 2022Cavalcante, T. S., Medeiros, T. R. M., & Santos, J. S. (2022). Análise das cerâmicas do sítio arqueológico Moconha e a possível presença Tupi no interior da Paraíba. Revista Tarairiú, 1(19), 1-29. https://revista.uepb.edu.br/REVELAP/article/view/1001
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).

Dentre os sítios cadastrados, até o momento, para a mesorregião do Sertão tem-se o predomínio de sítios a céu aberto (50% de ocorrência) com presença, sobremaneira, de registros rupestres. Os abrigos sob rochas representam 37%, com forte presença de registros rupestres, associados a vestígios cerâmicos e líticos, como é o caso do sítio Serra Branca. Por fim, tem-se a presença de um sítio submerso (13%) com registro rupestre no município de Bernardino Batista.

O que se verificou é que as pesquisas se concentram em duas microrregiões: Patos, no extremo leste e associado à bacia hidrográfica do rio Taperoá; e Sousa, na região central e associado à bacia do rio Piranhas-Açu. Como demonstrado nas informações analisadas, é possível considerar uma mesorregião de poucas pesquisas institucionais e de arqueologia de contratos. O segundo caso está relacionado à implementação de indústrias produtoras de energia eólica e solar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os estudos arqueológicos do estado da Paraíba estão inseridos em panoramas distintos por serem reflexos dos processos históricos de suas pesquisas, com pouca quantidade de trabalhos sistêmicos que contribuem para uma compreensão ampla do contexto dos estudos arqueológicos localizados nessa região.

O contexto não difere muito em relação ao Nordeste como um todo, ao passo que as pesquisas arqueológicas, principalmente de cunho pré-histórico, estão concentradas e apresentam resultados substanciais em espaços onde existem os cursos de graduação (e pós-graduação) e instituições financiadoras contínuas de pesquisas em suas regiões, a exemplo da Universidade Federal de Pernambuco, com ampla atividade no estado de Pernambuco, Rio Grande do Norte (Seridó Potiguar) e Piauí; da Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF) e da Universidade Federal do Piauí, com pesquisas para o Piauí, principalmente para o Parque Nacional Serra da Capivara; a Universidade Federal de Sergipe, com pesquisas voltadas para o estado de Sergipe através do Museu de Arqueologia de Xingó (MAX); e as pesquisas vinculadas ao Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Numa visão ampla, no estado da Paraíba, uma problemática verificada está no banco de dados: não integrado, nem padronizado, com falta de inserções contínuas de dados e com fracionamento de informações. Isso é demonstrado pela desigualdade regional nas pesquisas e na produção do conhecimento arqueológico, resultante da concentração de pesquisas feitas na mesorregião da Borborema, desenvolvidas por instituições como UEPB, UFPB, UFPE, UFAL e UFS.

Tal fato é refletido nos estudos sobre os registros arqueológicos (cerâmicos, líticos etc.) resgatados durante prospecções e salvamentos, que são mantidos (e resguardados) em laboratórios, necessitando de pesquisas contínuas e comparativas que poderiam, posteriormente, ser relacionáveis com vários outros tipos de sítios e registros arqueológicos, pois a finalidade de compreender a complexidade do nosso passado é preencher, enquanto conhecimento, as lacunas cronológicas, de classificação e dos padrões de ocupações no território.

Essas lacunas podem ser averiguadas através dos dados sobre a associação dos registros arqueológicos apresentados neste estudo, em que faltam análises técnicas laboratoriais apuradas, sendo dadas classificações genéricas para a região, a exemplo de cerâmicas e líticos restritas a estudos descritivos, os quais não apresentam análises comparativas regionais que auxiliem a elaboração de um quadro macro de padrões ocupacionais, possibilitando, posteriormente, a proposta de estudos classificatórios. E, como se observou, há somente classificações preliminares, como as das peças cerâmicas, associadas à tradição Tupiguarani e Aratu, e as das líticas, associadas às ocupações de grupos sociais ligados à tradição Tupiguarani.

Os casos de registros rupestres ainda permanecem em classificações iniciais, propostas desde a década de 1980/1990. Quando analisadas as gravuras rupestres, há uma tendência em associá-las, de modo geral, à Tradição Itacoatiara, assim como os registros pictóricos são associados somente à Tradição Agreste (Subtradição Cariris Velhos), concentrados ao sul por todo a região interiorana do estado, e à Tradição Nordeste (Subtradição Seridó), localizados nas microrregiões do Seridó paraibano e que se estendem por todo o Seridó potiguar.

Ao serem abordados os sítios com sepultamentos humanos conhecidos, a maioria deles apresentam problemas contextuais, pois essas áreas acabam sofrendo nos processos de ações antrópicas e biológicas graves, que podem provocar desgaste sobre os ossos e os registros arqueológicos orgânicos, impossibilitando certas inferências devido à descontextualização dessa prática cultural.

As práticas de sepultamentos verificadas apresentam algumas semelhanças entre os sítios distribuídos pelo Nordeste brasileiro: 1 - nas mesorregiões da Borborema e do Agreste, de modo geral, são demonstrados sepultamentos primários, acompanhados de contas de colar, peças líticas e/ou cerâmicas, e secundários, por vezes com ossos queimados ou pintados, acompanhados de matérias fúnebres, como cestaria, amarrado com fibra vegetal, buquê e concha; e 2 - na mesorregião da Zona da Mata, como também no Agreste, são demonstrados sepultamentos em urnas funerárias, associadas às tradições Tupiguarani e Aratu.

Como vimos, os contextos distributivos de sítios e registros arqueológicos no território paraibano atual não estão limitados à sua região, ao verificarmos que os padrões ocupacionais e as práticas culturais apresentam analogias nas suas extensões espaciais, localizadas em estados adjacentes, como Pernambuco (ao sul) e Rio Grande do Norte (ao norte).

Ao pensarmos arqueologicamente, fundamentados na literatura já citada, a região do Nordeste brasileiro e as áreas litorâneas (de mata atlântica) contêm sítios, majoritariamente, localizados a céu aberto, com grande presença de materiais cerâmicos e líticos. Na região do Agreste nordestino, os contextos dos sítios estão localizados em áreas próximas de curso d’água, sendo encontrada uma diversidade de registros rupestres, compostos, em sua maioria, por gravuras.

Na região em torno dos complexos de serras da Borborema, os sítios estão localizados em abrigos sob rochas e detêm uma vasta presença de sítios de registros rupestres, em sua maioria com pinturas em cor vermelha, sendo também conhecida a presença de vários sítios de sepultamento. E, por último, a região do Sertão nordestino e paraibano possui grande presença de registros rupestres em áreas abrigadas, contudo representa uma extensa região com pouca pesquisa arqueológica.

Por fim, ao criar esse panorama pré-histórico sobre as pesquisas arqueológicas no estado da Paraíba, o intuito é relatar a emergência da precaução e conservação desse patrimônio, através da discussão sobre o dever no que concerne ao compartilhamento e à síntese das informações geradas pelas pesquisas. Para isso, um ponto fundamental é o acesso público aos acervos arqueológicos por via educacional na criação de adequados materiais didáticos sobre a pré-história no território paraibano.

  • 1
    Citação relatada por Ambrósio Fernandes Brandão, em seu livro “Diálogos das grandezas do Brasil”, escrito em 1618. Os ‘diálogos’, divididos em seis partes, entre Brandônio, “um pregoeiro das virtudes da terra, e Alviano, um reinol recém-chegado que a tem ‘pela mais ruim do mundo’” (A. F. Brandão, 1997Brandão, A. F. (1997). Diálogos das grandezas do Brasil. Ed. Massangara, Fundação Joaquim Nabuco. , p. 9).
  • 2
    Feliciano Coelho de Carvalho administrou, como quarto governador, a capitania da Paraíba entre os anos de 1595 a 1599 (Pinto, 1973Pinto, L. (1973). Fundamentos da história e do desenvolvimento da Paraíba, 1574-1970. Editora Leitura.).
  • 3
    Enquanto esteve no processo de conquista e expansão pela Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais no Nordeste brasileiro (1630-1654), governou a capitania da Paraíba, de 1636 a 1639.
  • 4
    Outra citação sobre a pré-história paraibana (inclusive do Nordeste brasileiro) é de A. Brandão (1937)Brandão, A. (1937). A escripta pré-historica do Brasil (Ensaio de interpretação). Bibliotheca de Divulgação Scientifica., durante as décadas de 1910 até 1930, que resultou na publicação “A escripta pré-historica do Brasil (Ensaio de interpretação)”, ao retratar a Pedra da Retumba (no município de Pedra Lavrada) a partir das anotações de um relatório escrito pelo engenheiro Francisco Soares Retumba. Por fim, algumas outras referências podem ser encontradas em Martin (2008, pp. 23-48)Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária..
  • 5
    Homenageado pelo nosso trabalho em razão da contribuição essencial feita nos estudos arqueológicos recentes da Paraíba: J. Dantas (1994)Dantas, J. A. (1994). Indícios de uma civilização antiqüíssima (Prefácio de Gabriela Martin). União Editora., produzido a partir dos manuscritos feitos por ele entre os anos de 1924 e 1927, e R. Almeida (1979)Almeida, R. T. (1979). A arte rupestre nos Cariris Velho. Editora Universitária/UFPB.. Ademais, é preciso uma menção à Fundação Casa de José Américo (FCJA), por intermédio do Núcleo de Estudos Ibéricos e Americanos (NELAM), associado à Secretaria de Educação e Cultura do Governo do estado da Paraíba, que buscou “incentivar o estudo, o ensino, a pesquisa e a extensão no âmbito da Arqueologia do Nordeste e da Paraíba” (I. Costa, 1994Costa, I. F. L. (1994). O Núcleo de Estudos Ibéricos e Americanos e sua atuação no resgate e preservação do patrimônio histórico-cultural da Paraíba. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, 4, 228-229. https://www.revistas.usp.br/revmae/article/view/109212/107692
    https://www.revistas.usp.br/revmae/artic...
    , p. 229).
  • 6
    Esta tradição detém um intervalo cronológico entre 5.000 BP e 2.000 BP (Martin, 2008Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária., pp. 271-285).
  • 7
    Neste trabalho, o conceito de pré-história está associado aos estágios temporal e de ocupação vivenciados pelos povos autóctones antes da chegada dos colonizadores europeus, e esse processo histórico se dá em períodos e fatores históricos distintos, se forem comparadas as mesorregiões da Paraíba.
  • 8
    Constitui-se como prática da arqueologia que detém o direito e o planejamento da execução pela legislação federal vigente no Brasil, com finalidade de localização, identificação e resgate dos sítios arqueológicos pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro (Gnecco & Dias, 2015Gnecco, C., & Dias, A. S. (2015). Sobre arqueologia de contrato. Revista de Arqueologia, 28(2), 3-19. http://hdl.handle.net/10183/184816
    http://hdl.handle.net/10183/184816...
    ).
  • 9
    Neste levantamento, consta a produção documental dos projetos “Arqueologia do Cariri” (agosto de 2005 a julho de 2007), “Programa arqueológico do Cariri paraibano” (agosto de 2007 a julho de 2009), “Arqueologia simétrica no semiárido paraibano – Uma proposta teórico-metodológica” (agosto de 2009 a julho de 2012), “Processos classificatórios simétricos de grafismos rupestres” (agosto de 2012 a julho de 2015), “Caracterização dos grafismos rupestres do Cariri ocidental” (agosto de 2013 a julho de 2016), “Arte rupestre e agências semióticas: as semioses encontradas nos painéis de arte rupestre” (agosto de 2015 a 2018), “Os agenciamentos semióticos na constituição dos painéis rupestres: a dinâmica entre os grafismos reconhecíveis e puros, no Cariri ocidental paraibano” (2018 a 2021), “Os agenciamentos sígnicos no Cariri ocidental: a dinâmica entre os grafismos rupestre e demais componentes do registro arqueológico” (2019 a atualidade), “Diversos fazeres na constituição dos painéis rupestres: a abordagem pragmática dos grafismos rupestres no Cariri ocidental paraibano” (2021 a atualidade).
  • 10
    Discutidos por Martin (2008, pp. 137-150)Martin, G. (2008). Pré-história do Nordeste do Brasil (5. ed.). Ed. Universitária..
  • 11
    Atribuído à tradição ceramista Tupiguarani (Prous 2006Prous, A. (2006). O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história do nosso país. Editora Jorge Zahar., p. 95).
  • 12
    Segundo Prous (2006, pp. 97-98)Prous, A. (2006). O Brasil antes dos brasileiros: a pré-história do nosso país. Editora Jorge Zahar., “suas plantações, davam grande importância à mandioca amarga”.
  • 13
    Para Navarro (2013)Navarro, E. A. (2013). Dicionário de Tupi Antigo: a língua indígena clássica do Brasil. Ed. Global., ‘Tabajara’ não seria uma autodenominação desse grupo, mas uma exodenominação, da língua tupi antiga ‘Tobaîara’, ‘inimigos’.
  • 14
    Para as análises, foram utilizados os processos no SEI (IPHAN, n. d.Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (n. d.). SEI! - Consulte seu processo. https://www.gov.br/iphan/pt-br/servicos/sei
    https://www.gov.br/iphan/pt-br/servicos/...
    ): 01408.000390/2018-35; 01408.000144/2018-83; 01408.000930/2017-08; 01408.000020/2018-06; 01408.900112/2017-07; 01408.000280/2015-21; 01408.900131/2017-25; 01408.000910/2017-29; 01408.000595/2015-78; 01408.000233/2013-15; 01408.000055/2018-37; 01408.014810/2014-37; 01408.000332/2014-88; 01408.014224/2014-92.
  • 15
    Localizado no Forte de São Felipe, na margem esquerda do rio Paraíba, em Forte Velho.
  • 16
    Para discussões sobre os Tapuios no Eestado da Paraíba, ver Herckman (1886)Herckman, E. (1886). Descripção (sic) Geral da Capitania da Parahyba. Revista do Instituto Archeologico e Geographico Pernambucano, 5(31), 239-288. http://etnolinguistica.wdfiles.com/local--files/biblio%3Aherckman-1886-parahyba/herckman_1886_parahyba.pdf
    http://etnolinguistica.wdfiles.com/local...
    , B. Dantas et al. (1992)Dantas, B. G., Sampaio, J. A. L., & Carvalho, M. R. G. (1992). Os povos indígenas no nordeste brasileiro: um esboço histórico. In M. C. Cunha (Org.), História dos índios no Brasil (2. ed., pp. 431-456). Companhia das Letras., Borges (1993)Borges, J. E. (1993). Índios paraibanos: classificação preliminar. In J. O. Melo & G. Rodriguez (Org.), Paraíba: conquista, patrimônio e povo (pp. 21-38). Edições Grafset. e Puntoni (2002)Puntoni, P. (2002). A guerra dos bárbaros: povos indígenas e a colonização do sertão nordeste do Brasil, 1650-1720. Edusp/Hucitec..
  • 17
    Para alguns estudos essa denominação é equivocada, pois seria uma exodenominação atribuída a uma oposição aos grupos Cariris (A. Oliveira, 2009Oliveira, A. M. P. (2009). Entre a pré-história e a história: em busca de uma cultura histórica sobre os primeiros habitantes do Cariri paraibano [Dissertação de mestrado, Universidade Federal da Paraíba]. https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/5955
    https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle...
    ).
  • 18
    Desenvolvidas pelo NUPEAH/UFAL (Campus Sertão).
  • 19
    Nas escavações em Pocinhos, foram encontrados ossos de 12 indivíduos, com datações de 1,6 mil anos BP, contudo a datação ainda não foi publicada em artigo científico (Meireles, 2022Meireles, L. (2022, ago. 21). Achada ossada de 1,6 mil anos na PB: escavações arqueológicas no município de Pocinhos foram feitas por equipe da Universidade Federal de Alagoas. A União. https://auniao.pb.gov.br/servicos/copy_of_jornal-a-uniao/2022/agosto/jornal-em-pdf-21-08-22-cdepc.pdf
    https://auniao.pb.gov.br/servicos/copy_o...
    ).
  • 20
    Para as análises, foram utilizados os processos no SEI (IPHAN, n. d.Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (n. d.). SEI! - Consulte seu processo. https://www.gov.br/iphan/pt-br/servicos/sei
    https://www.gov.br/iphan/pt-br/servicos/...
    ): 01408.000304/2019-75; 01408.001590/2017-24; 01408.000616/2017-17; 01408.000029/2016-42; 01408.900052/2017-14; 01408.000373/2018-06; 01408.000787/2015-84; 01408.014786/2014-36; 01408.001521/2017-11; 01408.000040/2020-93; 01408.014224/2014-92.
  • 21
    Além dos sítios arqueológicos cadastrados na bacia do rio Paraíba, houve visitas e cadastros de 45 sítios localizados em outras regiões e que não foram devidamente registrados (R. Almeida, 1979Almeida, R. T. (1979). A arte rupestre nos Cariris Velho. Editora Universitária/UFPB., pp. 115-117).
  • 22
    O autor cita os sítios arqueológicos Furna do Estrago, Sítio Justino, Pedra do Alexandre, Gruta do Padre e Furna dos Ossos.
  • 23
    Em campanhas arqueológicas do LAB/NDIHR/UFPB, é de conhecimento a existência de diversos sítios de sepultamento e a presença de ossos humanos na região de Barra, Parque das Pedras e Mateus, no município de Camalaú, e no sítio Cadeia I, no município de São João do Tigre.
  • 24
    Como já citado, advindo do projeto de pesquisa arqueológica realizado no sítio Pedra da Tesoura, Boqueirão, Paraíba, em 2017, desenvolvido pelo NUPEAH/UFAL (Campus do Sertão).
  • 25
    O sítio Pedra da Tesoura, localizado no Lajedo do Marinho, em Boqueirão, detém ossos humanos com datações de 1.480 anos AP, contudo a datação ainda não foi publicada em artigo científico (Meireles, 2022Meireles, L. (2022, ago. 21). Achada ossada de 1,6 mil anos na PB: escavações arqueológicas no município de Pocinhos foram feitas por equipe da Universidade Federal de Alagoas. A União. https://auniao.pb.gov.br/servicos/copy_of_jornal-a-uniao/2022/agosto/jornal-em-pdf-21-08-22-cdepc.pdf
    https://auniao.pb.gov.br/servicos/copy_o...
    ).
  • 26
    Processos no SEI (IPHAN, n. d.Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). (n. d.). SEI! - Consulte seu processo. https://www.gov.br/iphan/pt-br/servicos/sei
    https://www.gov.br/iphan/pt-br/servicos/...
    ): 01408.001344/2017-72; 01408.000240/2017-41; 01408.000239/2017-16; 01408.000242/2017-30; 01408.000317/2018-63; 01408.001511/2017-85; 01408.000175/2019-15; 01408.000181/2020-14.

AGRADECIMENTOS

T. F. Souza agradece ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de pós-doutorado.

  • Azevedo Netto, C. X., Matos, F. A. S., & Souza, T. F. (2023). Panorama pré-histórico sobre as pesquisas arqueológicas no estado da Paraíba Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 18(3), e20220078. doi: 10.1590/2178-2547-BGOELDI-2022-0078.

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Editado por

Responsabilidade editorial: Cristiana Barreto

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    13 Nov 2023
  • Data do Fascículo
    2023

Histórico

  • Recebido
    17 Nov 2022
  • Aceito
    24 Maio 2023
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