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ENGAJAMENTO DO CONSUMIDOR COM DESTINOS TURÍSTICOS: ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO DE UMA ESCALA

CUSTOMER ENGAGEMENT WITH TOURIST DESTINATIONS: ADAPTATION AND VALIDATION OF A SCALE

COMPROMISO DEL CONSUMIDOR CON DESTINOS TURÍSTICOS: ADAPTACIÓN Y VALIDACIÓN DE UNA ESCALA

Resumo:

A relação dos consumidores com as marcas passa por novas perspectivas, a partir do maior uso de mídias sociais. A relação entre clientes e empresas, com base na lógica de serviço dominante, torna-se recíproca, interativa e colaborativa. O engajamento do consumidor representa essa relação do consumidor com marcas. Identifica-se, na literatura, vários modelos para mensuração de engajamento do consumidor, todavia, esses modelos não consideram o papel do engajamento negativo. Com isso, o objetivo do presente estudo é contribuir com a validade externa de uma escala de engajamento do consumidor, adaptando-a ao contexto de destinos turísticos. O modelo de mensuração é composto por quatro constructos de primeira ordem (engajamento de conteúdo, cocriação de valor, advocacia e engajamento negativo). Após a realização da tradução reversa e validade de conteúdo, os dados foram aplicados a uma amostra final de 239 turistas que deveriam responder o seu engajamento com o último destino que visitaram pela primeira vez. Após a verificação das cargas fatoriais, confiabilidade dos dados e relação com outros constructos, identificou-se a validade de constructo (validade discriminante, convergente e validade nomológica). Os resultados indicam a necessidade de adequação do modelo para verificação do engajamento com destinos turísticos e representa o primeiro estudo que adapta e replica a escala proposta. Além dessas contribuições acadêmicas, o estudo apresenta um modelo para gestores verificarem o engajamento dos turistas com destinos. A principal limitação de pesquisa decorre da aplicação da escala, sem comparação com outros modelos, sugerindo-se que novos estudos ampliem o debate sobre dimensionalidade do constructo, a partir da comparação de modelos distintos.

Palavras-chave:
engajamento do consumidor; lógica de serviço dominante; destinos turísticos; validade de constructo

Abstract:

The relationship between customers and brands is gaining new perspectives based on the greater use of social media. The relationship between customers and companies, based on the service-dominant logic, becomes reciprocal, interactive, and collaborative. Customer engagement represents this relationship between costumers and brands. Several models for measuring customer engagement are identified in the literature, however, these models do not consider the role of negative engagement. Therefore, the aim of this study is to contribute to the external validity of a consumer engagement scale, adapting it to the context of tourist destinations. The measurement model is composed of four first-order constructs (content engagement, value co-creation, advocacy, and negative engagement). After the back translation and content validity, the data were applied to a final sample of 239 tourists who should describe their engagement with the last destination they visited for the first time. After checking the factor loadings, data reliability and relationship with other constructs, the construct validity was identified (discriminant, convergent and nomological validity). The results indicate that the model is suitable for measuring engagement with tourist destinations and represents the first study that adapts and replicates the proposed scale. In addition to these academic contributions, the study presents a model that allows managers to measure the engagement of tourists with destinations. The main limitation of the research stems from the application of the scale, without comparison with other models, suggesting that further studies broaden the debate on the dimensionality of the construct, based on the comparison of different models.

Keywords:
consumer engagement; service dominant logic; tourist destination; construct validity

Resumen:

La relación de los consumidores con las marcas pasa por nuevas perspectivas, desde una mayor utilización de las redes sociales. La relación entre clientes y empresas, basada en la lógica de servicio dominante, se vuelve recíproca, interactiva y colaborativa. El compromiso del consumidor representa esa relación del consumidor con las marcas. En la literatura se encuentran distintos modelos para mensuración del compromiso del consumidor, sin embargo, esos modelos no consideran el compromiso negativo. Por lo tanto, el objetivo de este estudio es contribuir a la validez externa de una escala de compromiso del consumidor., adaptándola al contexto de los destinos turísticos. El modelo de mensuración se compone de cuatro constructos de primer orden (interacción con el contenido, co-creación de valor, abogacía y compromiso negativo). Luego de realizar la traducción reversa y la validez de contenido, los datos se aplicaron a una muestra final de 239 turistas que debían responder cuál su compromiso con el último destino que visitaron por primera vez. Después de verificar las cargas factoriales, la confiabilidad de los datos y la relación con otros constructos, se identificó la validez de constructo (validez discriminante, convergente y nomológica). Los resultados indican que el modelo es adecuado para verificar el compromiso con los destinos turísticos y representa el primer estudio que adapta y replica la escala propuesta. Además de esas contribuciones académicas, el estudio presenta un modelo para que los administradores verifiquen el compromiso de los turistas con los destinos. La principal limitación de la investigación radica en la aplicación de la escala, sin comparación con otros modelos, proponiéndose que estudios posteriores amplíen el debate sobre la dimensionalidad del constructo, desde la comparación de diferentes modelos.

Palabras Claves:
Compromiso del consumidor; lógica de servicio dominante; destino turístico; validez de constructo

INTRODUÇÃO

Os avanços tecnológicos revolucionaram a forma com que o consumidor se comunica, trazendo novas perspectivas, sobretudo no uso das mídias sociais, pois características como a intangibilidade e a experiência do consumidor no setor do turismo tendem a influenciar o comportamento do turista, gerar engajamento e reconhecimento da marca (Rocha et al., 2022Rocha, E. da S., Clavé, S. A., & Zucco, F. D. (2022). O ENGAJAMENTO DO TURISTA NA MÍDIA SOCIAL VIRTUAL DURANTE VISITAS EM PARQUES TEMÁTICOS - ESTUDO APLICADO AO BETO CARRERO WORLD, BRASIL. Turismo: Visão e Ação, 24(2), 219-244. https://doi.org/10.14210/RTVA.V24N2.P219-244
https://doi.org/10.14210/RTVA.V24N2.P219...
). Esses fatores fazem com que as marcas do destino e associadas ao turismo utilizem uma série de elementos em seu conteúdo de mídia social para maximizar o envolvimento do consumidor, como texto escrito, hashtags, links, imagens, vídeos, emojis e outros estilos retóricos (Y.-J. A. Lee et al., 2020Lee, Y.-J. A., Jang, S., & Kim, J. (2020). Tourism clusters and peer-to-peer accommodation. Annals of Tourism Research , 83, 102960. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.annals.2020.102960
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
).

Esse envolvimento ampliado do consumidor, a partir de melhores tecnologias para informação e interação, vai ao encontro com a proposição da lógica de serviço dominante (Vargo & Lusch, 2004Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2004). Evolving to a new dominant logic for marketing. Journal of Marketing , 68(1), 1-17.), pois ela advoga mudanças no entendimento do papel dos clientes e sua relação com empresas, focando em uma relação recíproca, interativa e colaborativa entre companhias e consumidores (Behnam et al., 2021Behnam, M., Hollebeek, L. D., Clark, M. K., & Farabi, R. (2021). Exploring customer engagement in the product vs. service context. Journal of Retailing and Consumer Services , 60, 102456. https://doi.org/10.1016/J.JRETCONSER.2021.102456
https://doi.org/10.1016/J.JRETCONSER.202...
; Vivek et al., 2014Vivek, S. D., Beatty, S. E., Dalela, V., & Morgan, R. M. (2014). A Generalized Multidimensional Scale for Measuring Customer Engagement. Journal of Marketing Theory and Practice, 22(4), 401-420. https://doi.org/10.2753/MTP1069-6679220404
https://doi.org/10.2753/MTP1069-66792204...
), resultando em experiências de cocriação de valor dos clientes com demais stakeholders (Brodie et al., 2011Brodie, R. J., Hollebeek, L. D., Jurić, B., & Ilić, A. (2011). Customer engagement: Conceptual domain, fundamental propositions, and implications for research. Journal of Service Research, 14(3), 252-271. https://doi.org/10.1177/1094670511411703
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; Vargo & Lusch, 2016Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2016). Institutions and axioms: an extension and update of service-dominant logic. Journal of the Academy of Marketing Science , 44(1), 5-23. https://doi.org/10.1007/s11747-015-0456-3
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).

A lógica de serviço dominante foi escolhida como a teoria que embasa o estudo, pois associado aos preceitos da lógica de serviço dominante, o conceito de engajamento do consumidor apresenta-se como uma vertente da lógica proposta por agregar conceitos de cocriação de valor, relacionamento com o cliente e recursos - operando e operantes (Hollebeek et al., 2019Hollebeek, L. D., Srivastava, R. K., & Chen, T. (2019). S-D logic-informed customer engagement: integrative framework, revised fundamental propositions, and application to CRM. Journal of the Academy of Marketing Science, 47(1), 161-185. https://doi.org/10.1007/S11747-016-0494-5/TABLES/5
https://doi.org/10.1007/S11747-016-0494-...
). Aliado à proposição da lógica de serviço dominante, as mídias sociais permitem interações maiores entre clientes e empresas, bem como o compartilhamento de informações sobre marcas, facilitando o processo de engajamento, tornando a relação entre consumidor e empresa mais relacional e não transacional (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.1...
).

O engajamento do consumidor com uma marca reflete uma interação do cliente com a empresa, não gerando, necessariamente, um comportamento ou intenção de compra (Vivek et al., 2012Vivek, S. D., Beatty, S. E., & Morgan, R. M. (2012). Customer engagement: Exploring customer relationships beyond purchase. Journal of Marketing Theory and Practice, 20(2), 122-146. https://doi.org/10.2753/MTP1069-6679200201
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). O engajamento do consumidor é um “estado psicológico que ocorre em virtude de experiências interativas e cocriadas com um agente/objeto” (Brodie et al., 2011Brodie, R. J., Hollebeek, L. D., Jurić, B., & Ilić, A. (2011). Customer engagement: Conceptual domain, fundamental propositions, and implications for research. Journal of Service Research, 14(3), 252-271. https://doi.org/10.1177/1094670511411703
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, p. 260).

Estudos sobre engajamento do consumidor buscam identificar a relação nomológica do engajamento em produtos e serviços (Behnam et al., 2021Behnam, M., Hollebeek, L. D., Clark, M. K., & Farabi, R. (2021). Exploring customer engagement in the product vs. service context. Journal of Retailing and Consumer Services , 60, 102456. https://doi.org/10.1016/J.JRETCONSER.2021.102456
https://doi.org/10.1016/J.JRETCONSER.202...
), mídias sociais (Hollebeek et al., 2014Hollebeek, L. D., Glynn, M. S., & Brodie, R. J. (2014). Consumer Brand Engagement in Social Media: Conceptualization, Scale Development and Validation. Journal of Interactive Marketing , 28(2), 149-165. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.intmar.2013.12.002
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
; Santini et al., 2020Santini, F. de O., Ladeira, W. J., Pinto, D. C., Herter, M. M., Sampaio, C. H., & Babin, B. J. (2020). Customer engagement in social media: a framework and meta-analysis. Journal of the Academy of Marketing Science , 48(6), 1211-1228. https://doi.org/10.1007/s11747-020-00731-5
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), empresas sem fins lucrativos (Algharabat et al., 2018Algharabat, R., Rana, N. P., Dwivedi, Y. K., Alalwan, A. A., & Qasem, Z. (2018). The effect of telepresence, social presence and involvement on consumer brand engagement: An empirical study of non-profit organizations. Journal of Retailing and Consumer Services , 40, 139-149. https://doi.org/10.1016/j.jretconser.2017.09.011
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) e engajamento com uma marca (Hepola et al., 2017Hepola, J., Karjaluoto, H., & Hintikka, A. (2017). The effect of sensory brand experience and involvement on brand equity directly and indirectly through consumer brand engagement. Journal of Product and Brand Management , 26(3), 282-293. https://doi.org/10.1108/JPBM-10-2016-1348
https://doi.org/10.1108/JPBM-10-2016-134...
).

Observam-se, ainda, estudos que ampliam análises do engajamento do consumidor para empresas relacionadas com o turismo e hospitalidade (Abou-Shouk & Soliman, 2021Abou-Shouk, M., & Soliman, M. (2021). The impact of gamification adoption intention on brand awareness and loyalty in tourism: The mediating effect of customer engagement. Journal of Destination Marketing and Management, 20, 100559. https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2021.100559
https://doi.org/10.1016/j.jdmm.2021.1005...
), destinos turísticos (Quoquab et al., 2021Quoquab, F., Mohammad, J., & Mohd Sobri, A. M. (2021). Psychological engagement drives brand loyalty: evidence from Malaysian ecotourism destinations. Journal of Product and Brand Management , 30(1), 132-147. https://doi.org/10.1108/JPBM-09-2019-2558
https://doi.org/10.1108/JPBM-09-2019-255...
; Rather et al., 2021Rather, R. A., Hollebeek, L. D., & Rasoolimanesh, S. M. (2021). First-Time versus Repeat Tourism Customer Engagement, Experience, and Value Cocreation: An Empirical Investigation. Journal of Travel Research . https://doi.org/10.1177/0047287521997572
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) e mídias sociais e turismo (Harrigan et al., 2018Harrigan, P., Evers, U., Miles, M. P., & Daly, T. (2018). Customer engagement and the relationship between involvement, engagement, self-brand connection and brand usage intent. Journal of Business Research , 88, 388-396. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.11.046
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2017.1...
; Rocha et al., 2022Rocha, E. da S., Clavé, S. A., & Zucco, F. D. (2022). O ENGAJAMENTO DO TURISTA NA MÍDIA SOCIAL VIRTUAL DURANTE VISITAS EM PARQUES TEMÁTICOS - ESTUDO APLICADO AO BETO CARRERO WORLD, BRASIL. Turismo: Visão e Ação, 24(2), 219-244. https://doi.org/10.14210/RTVA.V24N2.P219-244
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).

Vários modelos foram desenvolvidos e buscaram capturar e mensurar o engajamento do consumidor (Dessart et al., 2016Dessart, L., Veloutsou, C., & Morgan-Thomas, A. (2016). Capturing consumer engagement: duality, dimensionality and measurement. Journal of Marketing Management, 32(5-6), 399-426. https://doi.org/10.1080/0267257X.2015.1130738
https://doi.org/10.1080/0267257X.2015.11...
). Conforme indicado por esses frameworks, o conceito de engajamento se revela como uma construção multidimensional (Brodie et al., 2011Brodie, R. J., Hollebeek, L. D., Jurić, B., & Ilić, A. (2011). Customer engagement: Conceptual domain, fundamental propositions, and implications for research. Journal of Service Research, 14(3), 252-271. https://doi.org/10.1177/1094670511411703
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; Dessart et al., 2015, 2016). Entretanto, esses modelos não capturam a essência do conceito de engajamento (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.1...
).

O engajamento do consumidor é um constructo multidimensional e mensurado a partir do engajamento de conteúdo, cocriação de valor, advocacia e engajamento negativo (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.1...
). O maior entendimento do conceito perpassa pela análise do engajamento negativo (Fang et al., 2020Fang, S., Zhang, C., & Li, Y. (2020). Physical attractiveness of service employees and customer engagement in tourism industry. Annals of Tourism Research , 80, 102756. https://doi.org/10.1016/J.ANNALS.2019.102756
https://doi.org/10.1016/J.ANNALS.2019.10...
). Observa-se a necessidade da validação desse modelo e sua aplicação em contexto distinto do original - marcas que o consumidor não considera substituir (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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).

A dimensionalidade, bem como antecedentes e consequências do engajamento, revela-se um tópico com altaneiro interesse na pesquisa na área de Turismo e Hospitalidade (So et al., 2021So, K. K. F., Kim, H., & King, C. (2021). The thematic evolution of customer engagement research: a comparative systematic review and bibliometric analysis. International Journal of Contemporary Hospitality Management , 33(10), 3585-3609. https://doi.org/10.1108/IJCHM-04-2021-0470/FULL/PDF
https://doi.org/10.1108/IJCHM-04-2021-04...
). Novos estudos sobre engajamento do consumidor e destinos turísticos devem considerar questões demográficas, como país do estudo (M. Lee et al., 2021Lee, M., Hong, J. H., Chung, S., & Back, K. J. (2021). Exploring the Roles of DMO’s Social Media Efforts and Information Richness on Customer Engagement: Empirical Analysis on Facebook Event Pages. Journal of Travel Research, 60(3), 670-686. https://doi.org/10.1177/0047287520934874
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), impacto do gênero nas percepções dos respondentes (Quoquab et al., 2021Quoquab, F., Mohammad, J., & Mohd Sobri, A. M. (2021). Psychological engagement drives brand loyalty: evidence from Malaysian ecotourism destinations. Journal of Product and Brand Management , 30(1), 132-147. https://doi.org/10.1108/JPBM-09-2019-2558
https://doi.org/10.1108/JPBM-09-2019-255...
) e novas relações estruturais sobre engajamento e experiência de consumo (Rather et al., 2021Rather, R. A., Hollebeek, L. D., & Rasoolimanesh, S. M. (2021). First-Time versus Repeat Tourism Customer Engagement, Experience, and Value Cocreation: An Empirical Investigation. Journal of Travel Research . https://doi.org/10.1177/0047287521997572
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).

A partir dessas considerações, o objetivo geral deste estudo é contribuir com a validade externa da escala de engajamento proposta por Obilo, Chefor e Saleh (2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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), a validando em um contexto distinto do original (destinos turísticos). O valor acadêmico deste estudo se situa sobretudo em acrescentar uma ferramenta que capture de forma mais completa o engajamento do consumidor com destinos turísticos, através de uma escala que alinhe às proposições da lógica do serviço dominante e considere as dimensões do engajamento negativo.

O artigo é dividido em outras quatro seções, além da introdução: no referencial teórico se debate o conceito de engajamento do consumidor e são apresentados os conceitos relacionados com cada dimensão da escala proposta; o terceiro capítulo apresenta o método de pesquisa, indicando os passos de obtenção dos dados e a validação do constructo; os resultados são elencados no quarto capítulo; e a última seção apresenta as principais conclusões do estudo, bem como as contribuições e limitações.

REFERENCIAL TEÓRICO

Engajamento do consumidor

O conceito de engajamento despertou grande interesse acadêmico e gerencial, tornando-se uma importante métrica sobre a gestão de marcas (Hollebeek et al., 2022Hollebeek, L. D., Sharma, T. G., Pandey, R., Sanyal, P., & Clark, M. K. (2022). Fifteen years of customer engagement research: a bibliometric and network analysis. Journal of Product & Brand Management, 31(2), 293-309. https://doi.org/10.1108/JPBM-01-2021-3301
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;So et al., 2021So, K. K. F., Kim, H., & King, C. (2021). The thematic evolution of customer engagement research: a comparative systematic review and bibliometric analysis. International Journal of Contemporary Hospitality Management , 33(10), 3585-3609. https://doi.org/10.1108/IJCHM-04-2021-0470/FULL/PDF
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), havendo o entendimento, por parte de pesquisadores e gestores, de que o engajamento do consumidor é um fator para o sucesso no longo prazo (Barari et al., 2021Barari, M., Ross, M., Thaichon, S., & Surachartkumtonkun, J. (2021). A meta-analysis of customer engagement behaviour. International Journal of Consumer Studies, 45(4), 457-477. https://doi.org/10.1111/IJCS.12609
https://doi.org/10.1111/IJCS.12609...
).

A conectividade entre consumidores é crescente, através das redes e mídias sociais, atingindo um alcance considerável da população mundial (Santos et al., 2022Santos, S., Gonçalves, H. M., & Teles, M. (2022). Social media engagement and real-time marketing: Using net-effects and set-theoretic approaches to understand audience and content-related effects. Psychology & Marketing. https://doi.org/10.1002/MAR.21756
https://doi.org/10.1002/MAR.21756...
). Essa maior conectividade permite ao consumidor a participação em comunidades nas mídias sociais que debatem temas de seu interesse, como marcas específicas (Santos et al., 2022Santos, S., Gonçalves, H. M., & Teles, M. (2022). Social media engagement and real-time marketing: Using net-effects and set-theoretic approaches to understand audience and content-related effects. Psychology & Marketing. https://doi.org/10.1002/MAR.21756
https://doi.org/10.1002/MAR.21756...
).

Conforme os pressupostos da lógica de serviço dominante, o valor é cocriado por vários atores envolvidos no processo, sempre incluindo o beneficiário, bem como é centrada ao relacionamento entre os múltiplos atores (Vargo & Lusch, 2016Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2016). Institutions and axioms: an extension and update of service-dominant logic. Journal of the Academy of Marketing Science , 44(1), 5-23. https://doi.org/10.1007/s11747-015-0456-3
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). Depreende-se que os consumidores cocriam valor para marca entre si, engajando-se em ambientes de relacionamento para busca e compartilhamento de informações e, consequentemente, cocriar valor à marca.

Os estudos sobre engajamento do consumidor no turismo ganharam notoriedade e atenção a partir do trabalho de Cabiddu, Carlo e Piccoli (2014Cabiddu, F., Carlo, M. De, & Piccoli, G. (2014). Social media affordances: Enabling customer engagement. Annals of Tourism Research, 48, 175-192. https://doi.org/10.1016/J.ANNALS.2014.06.003
https://doi.org/10.1016/J.ANNALS.2014.06...
), que defendiam o engajamento, enquanto um fenômeno virtual, composto por três fatores, o engajamento persistente, engajamento personalizado e engajamento desencadeado (Cabiddu et al., 2014Cabiddu, F., Carlo, M. De, & Piccoli, G. (2014). Social media affordances: Enabling customer engagement. Annals of Tourism Research, 48, 175-192. https://doi.org/10.1016/J.ANNALS.2014.06.003
https://doi.org/10.1016/J.ANNALS.2014.06...
). No que tange ao conceito de engajamento, trata-se um investimento emocional, que tem natureza multidimensional amplamente reconhecida e normalmente caracterizada por engajamento cognitivo, engajamento emocional e engajamento comportamental (Hollebeek, 2011Hollebeek, L. D. (2011). Exploring customer brand engagement: definition and themes. Journal of Strategic Marketing, 19(7), 555-573. https://doi.org/10.1080/0965254X.2011.599493
https://doi.org/10.1080/0965254X.2011.59...
; Hou & Pan, 2023Hou, L., & Pan, X. (2023). Aesthetics of hotel photos and its impact on consumer engagement: A computer vision approach. Tourism Management , 94, 104653. https://doi.org/10.1016/J.TOURMAN.2022.104653
https://doi.org/10.1016/J.TOURMAN.2022.1...
)

O engajamento da marca facilita processos de reconhecimento e identificação do consumidor com ela, gera valor, a partir do estabelecimento de conexões com o conteúdo criado, gerando comunicação entre os usuários de mídias sociais (K. Wang et al., 2023Wang, K., Tai, J. C. F., & Hu, H. fen. (2023). Role of brand engagement and co-creation experience in online brand community continuance: A service-dominant logic perspective. Information Processing & Management, 60(1), 103136. https://doi.org/10.1016/J.IPM.2022.103136
https://doi.org/10.1016/J.IPM.2022.10313...
). O destino turístico, percebido e construído como uma marca, deve incorporar as mesmas estratégias para desenvolvimento e valoração de marcas de produtos (Séraphin et al., 2019Séraphin, H., Zaman, M., Olver, S., Bourliataux-Lajoinie, S., & Dosquet, F. (2019). Destination branding and overtourism. Journal of Hospitality and Tourism Management , 38, 1-4. https://doi.org/10.1016/J.JHTM.2018.11.003
https://doi.org/10.1016/J.JHTM.2018.11.0...
). A partir disso, a construção de uma marca de destino irá refletir em comportamentos do consumidor, tais como engajamento (Quoquab et al., 2021Quoquab, F., Mohammad, J., & Mohd Sobri, A. M. (2021). Psychological engagement drives brand loyalty: evidence from Malaysian ecotourism destinations. Journal of Product and Brand Management , 30(1), 132-147. https://doi.org/10.1108/JPBM-09-2019-2558
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).

A próxima seção irá destacar os modelos de mensuração do engajamento do consumidor identificados na literatura. Busca-se apresentar a construção de cada escala, bem como suas características (unidimensional ou multidimensional) e constructos que formam o modelo.

Escalas de mensuração de engajamento do consumidor

A literatura acadêmica apresenta múltiplas concepções e mensurações do constructo engajamento, em função do crescente interesse acadêmico e gerencial acerca do conceito (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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). Esses modelos foram revistos em uma revisão sistemática da literatura (Hollebeek et al., 2022Hollebeek, L. D., Sharma, T. G., Pandey, R., Sanyal, P., & Clark, M. K. (2022). Fifteen years of customer engagement research: a bibliometric and network analysis. Journal of Product & Brand Management, 31(2), 293-309. https://doi.org/10.1108/JPBM-01-2021-3301
https://doi.org/10.1108/JPBM-01-2021-330...
) O modelo proposto por Hollebeek, Glynn e Brodie (2014Hollebeek, L. D., Glynn, M. S., & Brodie, R. J. (2014). Consumer Brand Engagement in Social Media: Conceptualization, Scale Development and Validation. Journal of Interactive Marketing , 28(2), 149-165. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.intmar.2013.12.002
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
) representa o “trabalho mais próximo do consenso sobre engajamento do consumidor” (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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, p. 634).

Segundo esse modelo, o engajamento do consumidor é um constructo multidimensional, capturado através de processamento cognitivo, afeição e ativação (Hollebeek et al., 2014Hollebeek, L. D., Glynn, M. S., & Brodie, R. J. (2014). Consumer Brand Engagement in Social Media: Conceptualization, Scale Development and Validation. Journal of Interactive Marketing , 28(2), 149-165. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.intmar.2013.12.002
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
). A construção desse modelo considera o engajamento como um processo positivo na relação consumidor com a marca e é uma atividade do consumidor cognitiva, emocional e comportamental (Hollebeek et al., 2014Hollebeek, L. D., Glynn, M. S., & Brodie, R. J. (2014). Consumer Brand Engagement in Social Media: Conceptualization, Scale Development and Validation. Journal of Interactive Marketing , 28(2), 149-165. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.intmar.2013.12.002
https://doi.org/https://doi.org/10.1016/...
).

A partir do entendimento que o engajamento é um constructo multidimensional e uma coleção de experiências com sites (Calder et al., 2009Calder, B. J., Malthouse, E. C., & Schaedel, U. (2009). An Experimental Study of the Relationship between Online Engagement and Advertising Effectiveness. Journal of Interactive Marketing, 23(4), 321-331. https://doi.org/10.1016/J.INTMAR.2009.07.002
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), os autores mensuram o engajamento com base em dois constructos de primeira ordem correlacionados: engajamento pessoal e engajamento social-interativo. O modelo de engajamento de marca autoconceito avalia o engajamento com base em oito itens e sob prisma unidimensional (Sprott et al., 2009Sprott, D., Czellar, S., & Spangenberg, E. (2009). The Importance of a General Measure of Brand Engagement on Market Behavior: Development and Validation of a Scale. Journal of Marketing Research , 46(1), 92-104. https://doi.org/10.1509/JMKR.46.1.92
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). Reitera-se a multidimensionalidade dos constructos, atestadas em estudos quantitativos (por exemplo, Hollebeek et al., 2014Hollebeek, L. D., Glynn, M. S., & Brodie, R. J. (2014). Consumer Brand Engagement in Social Media: Conceptualization, Scale Development and Validation. Journal of Interactive Marketing , 28(2), 149-165. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.intmar.2013.12.002
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; Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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) e qualitativo (Dessart et al., 2015Dessart, L., Veloutsou, C., & Morgan-Thomas, A. (2015). Consumer engagement in online brand communities: A social media perspective. Journal of Product and Brand Management, 24(1), 28-42. https://doi.org/10.1108/JPBM-06-2014-0635
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).

O modelo proposto por Vivek et al. (2014Vivek, S. D., Beatty, S. E., Dalela, V., & Morgan, R. M. (2014). A Generalized Multidimensional Scale for Measuring Customer Engagement. Journal of Marketing Theory and Practice, 22(4), 401-420. https://doi.org/10.2753/MTP1069-6679220404
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), elaborado a partir da lógica de serviço dominante, mensura o engajamento do consumidor a partir de três constructos: atenção consciente (interesse que a pessoa tem ou deseja ter em interagir com algo); participação entusiasmada (reações e sentimentos zelosos da pessoa com aquilo que ela se engaja); e conexão social (aumento da interação a partir da presença de outras pessoas) (Vivek et al., 2014Vivek, S. D., Beatty, S. E., Dalela, V., & Morgan, R. M. (2014). A Generalized Multidimensional Scale for Measuring Customer Engagement. Journal of Marketing Theory and Practice, 22(4), 401-420. https://doi.org/10.2753/MTP1069-6679220404
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).

Ampliando a dimensionalidade para participação em comunidades de marcas, Baldus, Voorhees e Calantone (2015Baldus, B. J., Voorhees, C., & Calantone, R. (2015). Online brand community engagement: Scale development and validation. Journal of Business Research, 68(5), 978-985. https://doi.org/10.1016/J.JBUSRES.2014.09.035
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) identificam 11 dimensões do engajamento do consumidor nessas comunidades - influência da marca; paixão à marca; conexão; ajuda; discussão semelhante; recompensas hedônicas; recompensas utilitárias; busca por ajuda; autoexpressão; informação atualizada e validação (Baldus et al., 2015Baldus, B. J., Voorhees, C., & Calantone, R. (2015). Online brand community engagement: Scale development and validation. Journal of Business Research, 68(5), 978-985. https://doi.org/10.1016/J.JBUSRES.2014.09.035
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, p. 409).

Da mesma forma, o modelo de Kumar e Pansari (2016Kumar, V., & Pansari, A. (2016). Competitive Advantage through Engagement: Journal of Marketing Research , 53(4), 497-514. https://doi.org/10.1509/JMR.15.0044
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) utiliza o paradigma multidimensional para mensuração do constructo, compondo o engajamento pelas dimensões referências, compras dos clientes influência e conhecimento (V. Kumar & Pansari, 2016Kumar, V., & Pansari, A. (2016). Competitive Advantage through Engagement: Journal of Marketing Research , 53(4), 497-514. https://doi.org/10.1509/JMR.15.0044
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). Com base na definição de “engajamento é um estado que reflete disposições individuais dos consumidores em relação ao foco do engajamento, que são específicos do contexto. O engajamento é expresso por meio de várias manifestações afetivas, cognitivas e comportamentais” (Dessart et al., 2016Dessart, L., Veloutsou, C., & Morgan-Thomas, A. (2016). Capturing consumer engagement: duality, dimensionality and measurement. Journal of Marketing Management, 32(5-6), 399-426. https://doi.org/10.1080/0267257X.2015.1130738
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, p. 11), os autores propuseram que o engajamento é um constructo de terceira ordem, a segunda ordem é formada pelas dimensões afetiva (entusiasmo e prazer); cognitiva (atenção e absorção); e comportamental (compartilhar, aprender e endossar) (Dessart et al., 2016Dessart, L., Veloutsou, C., & Morgan-Thomas, A. (2016). Capturing consumer engagement: duality, dimensionality and measurement. Journal of Marketing Management, 32(5-6), 399-426. https://doi.org/10.1080/0267257X.2015.1130738
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).

A partir do entendimento que modelos anteriores apresentavam limitações discriminatória e na dimensionalidade do modelo, Obilo, Chefor e Saleh (2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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) propuseram a mensuração com base em quatro dimensões: engajamento de conteúdo, cocriação de valor, advocacia e engajamento negativo (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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). A proposição vai ao encontro da lógica de serviço dominante (Vargo & Lusch, 2004Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2004). Evolving to a new dominant logic for marketing. Journal of Marketing , 68(1), 1-17.), considerando na escala o relacionamento dos clientes, os recursos operantes e operando, a cocriação de valor e a codestruição de valor (Echeverri & Skålén, 2021Echeverri, P., & Skålén, P. (2021). Value co-destruction: Review and conceptualization of interactive value formation. Marketing Theory, 21(2), 227-249. https://doi.org/10.1177/1470593120983390
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; Vargo & Lusch, 2016). Entende-se que o modelo, além de alinhado às proposições da lógica de serviço dominante, contempla dimensões do engajamento a partir de experiências insatisfatórias ou não positivas, tornando-o mais completo à dimensionalidade do construto, capturando o comportamento de forma mais completa.

Considerando o contexto do turismo e hospitalidade, os estudos mensuram o engajamento do consumidor com base em atitudes comportamentais e psicológicas, apoiado no paradigma da multidimensionalidade e considerando a cocriação de valor, ou seja, sem considerar o engajamento negativo (Hao, 2020Hao, F. (2020). The landscape of customer engagement in hospitality and tourism: a systematic review. International Journal of Contemporary Hospitality Management, 32(5), 1837-1860. https://doi.org/10.1108/IJCHM-09-2019-0765/FULL/PDF
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).

As próximas subseções irão apresentar os constructos que compõem a escala de engajamento proposta por Obilo et al. (2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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), discutindo suas definições e papel no modelo de mensuração de engajamento.

Engajamento de conteúdo

O conteúdo das mídias sociais é categorizado como conteúdo gerado pelo usuário e conteúdo gerado pelos profissionais de marketing (Liang et al., 2020Liang, S., Schuckert, M., Law, R., & Chen, C. C. (2020). The importance of marketer-generated content to peer-to-peer property rental platforms: Evidence from Airbnb. International Journal of Hospitality Management, 84, 102329. https://doi.org/10.1016/J.IJHM.2019.102329
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). Nesse contexto, o engajamento de conteúdo se refere a interações dos consumidores com suas marcas, no mundo físico ou virtual, incluindo sites, fanpages, eventos de mídia, entre outras fontes de envolvimento (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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). As mídias sociais representam um canal em que as empresas interagem com seus clientes atuais e em potencial, engajando o consumidor com a marca e buscando a melhora de sua performance, gerando uma comunicação de duas vias das organizações com seus consumidores (Kim; Kim, 2020). Essa comunicação de duas vias é composta por uma série de elementos como texto escrito, hashtags, links, imagens, vídeos, emojis e outros estilos retóricos em seu conteúdo visando a maximizar o engajamento do consumidor (X. Wang et al., 2023Wang, X., Cheng, M., Li, S., & Jiang, R. (2023). The interaction effect of emoji and social media content on consumer engagement: A mixed approach on peer-to-peer accommodation brands. Tourism Management , 96, 104696. https://doi.org/10.1016/J.TOURMAN.2022.104696).

No contexto do turismo, o conteúdo das mídias sociais tende a ajudar as organizações nos seus distintos objetivos, sobretudo os de marketing, incluindo nesse contexto a conscientização dos consumidores, o aumento do seu conhecimento, o desenvolvimento de suas percepções e estímulos para visitar os destinos turísticos (Abbasi et al., 2023Abbasi, A. Z., Tsiotsou, R. H., Hussain, K., Rather, R. A., & Ting, D. H. (2023). Investigating the impact of social media images’ value, consumer engagement, and involvement on eWOM of a tourism destination: A transmittal mediation approach. Journal of Retailing and Consumer Services, 71, 103231. https://doi.org/10.1016/J.JRETCONSER.2022.103231
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).

Advocacia

Em um destino existe a construção da identidade da marca onde residentes e turistas desenvolvem conexões e com os esforços de branding de um destino podem se tornar defensores e seguidores da marca, promovendo-a para outras pessoas - estimulando a adoção da marca (Kemp et al., 2012Kemp, E., Childers, C. Y., & Williams, K. H. (2012). Place branding: Creating self-brand connections and brand advocacy. Journal of Product and Brand Management , 21(7), 508-515. https://doi.org/10.1108/10610421211276259/FULL/XML
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). A advocacia está associada à identificação com a marca, o que leva ao aumento da fidelidade do consumidor e tende a desenvolver relacionamentos de longo prazo entre o cliente e a marca (Vikas Kumar & Kaushik, 2017Kumar, Vikas, & Kaushik, A. K. (2017). Achieving destination advocacy and destination loyalty through destination brand identification. Journal of Travel & Tourism Marketing , 34(9), 1247-1260. https://doi.org/10.1080/10548408.2017.1331871
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).

A defesa da marca por meio da advocacia é um resultado positivo, indicando um relacionamento forte, que pode levar a recompra e recomendação (Jillapalli & Wilcox, 2010Jillapalli, R. K., & Wilcox, J. B. (2010). Professor Brand Advocacy: Do Brand Relationships Matter? Journal of Marketing Education, 32(3), 328-340. https://doi.org/10.1177/0273475310380880
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). A advocacia da marca online compreende aspectos visuais cognitivos, afetivos e virtuais em que o conhecimento e o gosto por uma marca defendida resultam em postagem com comportamento positivo do consumidor (Wilk et al., 2022Wilk, V., Lambert, C., & Meek, S. (2022). Online brand detraction in an online opinion platform. International Journal of Hospitality Management , 107, 103345. https://doi.org/10.1016/J.IJHM.2022.103345
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). Os autores ainda salientam que consumidores aceitam as perspectivas de outros clientes sobre as experiências de marca em suas tomadas de decisão, portanto, a advocacia, especialmente a online, é influente no processo de decisão do consumidor (Wilk et al., 2022)Wilk, V., Lambert, C., & Meek, S. (2022). Online brand detraction in an online opinion platform. International Journal of Hospitality Management , 107, 103345. https://doi.org/10.1016/J.IJHM.2022.103345
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.

Cocriação de valor

Observa-se que o engajamento do consumidor está amplamente associado com o entendimento de cocriação de valor, a partir de um levantamento bibliométrico nas áreas de “turismo e hospitalidade” e “marketing e serviços” que identificou um cluster exclusivo para avaliar o engajamento do consumidor na cocriação de valor (So et al., 2021So, K. K. F., Kim, H., & King, C. (2021). The thematic evolution of customer engagement research: a comparative systematic review and bibliometric analysis. International Journal of Contemporary Hospitality Management , 33(10), 3585-3609. https://doi.org/10.1108/IJCHM-04-2021-0470/FULL/PDF
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).

A lógica de serviço dominante normatiza que a criação de valor entre cliente e marca não é um processo unilateral e determinado pela empresa, mas sim a construção de múltiplos atores envolvidos, direta ou indiretamente, na cocriação de valor e sempre considerando o beneficiário (cliente) (Vargo & Lusch, 2016Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2016). Institutions and axioms: an extension and update of service-dominant logic. Journal of the Academy of Marketing Science , 44(1), 5-23. https://doi.org/10.1007/s11747-015-0456-3
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). Ou seja, o consumidor deve ser reconhecido pela empresa como um agente que atuará no processo de cocriação de valor, e não apenas receber uma oferta de valor (Oertzen et al., 2018Oertzen, A. S., Odekerken-Schröder, G., Brax, S. A., & Mager, B. (2018). Co-creating services-conceptual clarification, forms and outcomes. Journal of Service Management, 29(4), 641-679. https://doi.org/10.1108/JOSM-03-2017-0067/FULL/PDF
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).

A cocriação de valor auxilia a relação da empresa com distintos atores que podem colaborar no processo de construção e oferta de valor de uma marca (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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). Similar à visão da lógica de serviço dominante, do papel ativo de distintos atores na oferta de valor da lógica de serviço dominante (Vargo & Lusch, 2016Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2016). Institutions and axioms: an extension and update of service-dominant logic. Journal of the Academy of Marketing Science , 44(1), 5-23. https://doi.org/10.1007/s11747-015-0456-3
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), a construção da imagem de um destino leva em consideração o papel de diferentes stakeholders ou a construção do valor durante a experiência no destino (Giannopoulos et al., 2021Giannopoulos, A., Piha, L., & Skourtis, G. (2021). Destination branding and co-creation: a service ecosystem perspective. Journal of Product and Brand Management , 30(1), 148-166. https://doi.org/10.1108/JPBM-08-2019-2504/FULL/XML
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).

O processo de cocriação de valor entre turistas e destinos é potencializado a partir da tecnologia, permitindo a troca de informações entre os atores (Buonincontri et al., 2017Buonincontri, P., Morvillo, A., Okumus, F., & van Niekerk, M. (2017). Managing the experience co-creation process in tourism destinations: Empirical findings from Naples. Tourism Management, 62, 264-277. https://doi.org/10.1016/J.TOURMAN.2017.04.014
https://doi.org/10.1016/J.TOURMAN.2017.0...
). A cocriação, como processo de engajamento do consumidor, é avaliada a partir do processo de comunicação ativa do consumidor em construir valor com marcas (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.1...
).

Engajamento negativo

Ao abordar o engajamento negativo, Obilo, Chefor e Saleh (2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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) indicam que o consumidor engajado tende a comunicar a marca que apresenta um desempenho abaixo do esperado, ao invés de simplesmente trocar por outra marca. O relacionamento entre consumidor e empresa deve ser baseado na colaboração entre os atores em busca de benefícios mútuos (Zeithaml et al., 2018Zeithaml, V. A., Bitner, M. J., & Gremler, D. D. (2018). Services marketing: Integrating customer focus across the firm. McGraw-Hill Education.). A partir disso, o consumidor engajado busca comunicar a empresa acerca de experiências negativas.

Conforme pressupõe a lógica de serviço dominante, a visão centrada em serviço é orientada ao cliente e baseada no relacionamento (Vargo & Lusch, 2016Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2016). Institutions and axioms: an extension and update of service-dominant logic. Journal of the Academy of Marketing Science , 44(1), 5-23. https://doi.org/10.1007/s11747-015-0456-3
https://doi.org/10.1007/s11747-015-0456-...
), ou seja, os atores buscam relações de trocas recíprocas e que beneficiem ambos os lados da relação (Vargo & Lusch, 2016Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2016). Institutions and axioms: an extension and update of service-dominant logic. Journal of the Academy of Marketing Science , 44(1), 5-23. https://doi.org/10.1007/s11747-015-0456-3
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). Depreende-se que o consumidor, ao realizar engajamento negativo, busca alertar a marca para melhora do processo e oferta de valor, beneficiando o usuário no futuro.

Observa-se que o engajamento negativo, da mesma forma que o positivo, influencia positivamente o boca a boca, pois o consumidor, por razões variadas, irá comunicar sua experiência negativa, gerando informações sobre as marcas (Naumann et al., 2020Naumann, K., Bowden, J., & Gabbott, M. (2020). Expanding customer engagement: the role of negative engagement, dual valences and contexts. European Journal of Marketing, 54(7), 1469-1499. https://doi.org/10.1108/EJM-07-2017-0464/FULL/PDF
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). A ação de engajamento negativo é motivada por uma experiência negativa do consumidor com a marca (Do et al., 2020Do, D. K. X., Rahman, K., & Robinson, L. J. (2020). Determinants of negative customer engagement behaviours. Journal of Services Marketing, 34(2), 117-135. https://doi.org/10.1108/JSM-02-2019-0050/FULL/PDF
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), todavia o consumidor engajado relata suas experiências com o objetivo de gerar feedback e informar a marca às desconformidades da oferta de valor (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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).

O modelo final de Obilo, Chefor e Saleh (2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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) é apresentado na figura 1.

Figura 1
modelo de engajamento de Obilo, Chefor e Saleh (2021)

MÉTODO DE PESQUISA

Para atingir os objetivos propostos, realizou-se uma coleta de dados quantitativa, descritiva e transversal (Malhotra, 2012Malhotra, N. K. (2012). Pesquisa de marketing. Bookman.). Os dados foram coletados em um momento do tempo, buscando descrever percepções dos turistas quanto seu engajamento com o destino visitado.

A coleta de dados compreende uma amostra composta por seres humanos. Conforme o item III da resolução CNS n. 466, “as pesquisas envolvendo seres humanos devem atender aos fundamentos éticos e científicos pertinentes”. Dessa forma, “os projetos de pesquisa serão inscritos na Plataforma Brasil, para sua avaliação ética, da forma prevista nesta Resolução e na Resolução específica de gradação, tipificação de risco e tramitação dos protocolos”, conforme Resolução CNS n. 510 de 2016, Art. 23. Respeitando essas normativas, o presente projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande, através da Plataforma Brasil (CAAE: 52769421.0.0000.5324). O projeto foi aprovado pelo comitê de ética, conforme o parecer 5.230.498.

Os questionários foram divididos em cinco partes. a) Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - TCLE; b) apresentação da pesquisa e instrução de preenchimento; c) as questões que irão mensurar os construtos; d) questões sociodemográficas; e) agradecimentos.

A coleta ocorreu através escala do tipo Likert e com seis opções de resposta, variando de discordo totalmente a concordo totalmente (Simms et al., 2019Simms, L. J., Zelazny, K., Williams, T. F., & Bernstein, L. (2019). Does the Number of Response Options Matter? Psychometric Perspectives Using Personality Questionnaire Data. Psychological Assessment, 31(4), 557-566. https://doi.org/10.1037/PAS0000648
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). Optou-se pela seleção amostral por conveniência, ou seja, compartilhamento dos questionários a partir das redes sociais dos autores, solicitando-se novas respostas.

A partir dos itens apresentados por Obilo, Chefor e Saleh (2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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), realizou-se a tradução reversa das variáveis. Quatro pessoas com conhecimento em língua inglesa traduziram ao português e as versões foram unificadas. A versão unificada foi encaminhada a outra pessoa com domínio do idioma e foi traduzida ao inglês. A semelhança da versão original com a retraduzida atestou a eficácia dos itens. Após essa etapa, os itens foram encaminhados a um painel de especialistas. Cinco doutorandos e professores das áreas de Marketing e Turismo encaminharam suas avaliações. Nessa etapa, dois itens foram retirados do questionário, pois entendeu-se que tais itens não se adequavam ao contexto em estudo. Após essa etapa, consolidou-se a validade de conteúdo, ou seja, adequação do texto dos itens àquilo que se pretende medir (Hair et al., 2018Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2018). Multivariate Data Analysis. Cengage.).

Antes da coleta de dados, foi realizado um pré-teste com 22 respondentes. A partir das sugestões e dificuldades identificadas pelos respondentes, consolidou-se o instrumento final de coletas. A coleta ocorreu no período de 9/9/2022 a 30/9/2022, em redes sociais (Facebook e Instagram). Para o preenchimento do questionário, foi solicitado aos respondentes que indicassem a última ocasião que visitaram um destino pela primeira vez e respondessem com base nessa experiência, caracterizando-se como questionário autopreenchido. A amostra final foi composta por 239 respondentes.

Análise dos dados

Iniciou-se a análise com a verificação da normalidade da distribuição dos dados. Para isso, foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov, sendo que os resultados apontaram que a distribuição dos dados é não normal (p<0,05) (Hair et al., 2018Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2018). Multivariate Data Analysis. Cengage.). Ao constatar o tipo de distribuição, decidiu-se utilizar a modelagem de equações estruturais baseadas na variância, pois modelagens baseadas na covariância são sensíveis aos dados cuja distribuição não é normal (Hair et al., 2016Hair, J. F., Hult, G. T. M., Ringle, C., & Sarstedt, M. (2016). A primer on partial least squares structural equation modeling (PLS-SEM). Sage publications.).

Em um primeiro momento, foram verificadas as medidas de confiabilidade dos dados, nomeadamente Alpha de Cronbach e confiabilidade composta, para atestar se o conjunto de itens é consistente com o que pretende medir, devendo ambas as medidas superarem o valor de 0,7 (Hair et al., 2018Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2018). Multivariate Data Analysis. Cengage.).

Ainda verificou-se - no modelo de caminhos - a carga fatorial dos itens, devendo exceder o valor de corte de 0,7, bem como calculou-se o valor da variância extraída média, esperando-se valor superior a 0,5 (Hair et al., 2016Hair, J. F., Hult, G. T. M., Ringle, C., & Sarstedt, M. (2016). A primer on partial least squares structural equation modeling (PLS-SEM). Sage publications.). Ao se atingir esses valores, identificou-se a validade convergente, pois demonstrou-se que as variáveis do constructo estão compartilhando e mensurando o conceito teórico que pretendem medir (Carlson & Herdman, 2012Carlson, K. D., & Herdman, A. O. (2012). Understanding the Impact of Convergent Validity on Research Results. Organizational Research Methods, 15(1), 17-32. https://doi.org/10.1177/1094428110392383
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; Hair et al., 2018Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2018). Multivariate Data Analysis. Cengage.).

A última etapa analisada no modelo de caminhos é a validade discriminante, indicando o quanto os constructos de primeira ordem diferenciam-se entre si (Hair et al., 2018Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2018). Multivariate Data Analysis. Cengage.). A validade discriminante é obtida quando se identifica que o valor da raiz quadrada da variância extraída é superior à correlação entre os constructos (Fornell & Larcker, 1981Fornell, C., & Larcker, D. F. (1981). Evaluating Structural Equation Models with Unobservable Variables and Measurement Error. Journal of Marketing Research, 18(1), 39-50. https://doi.org/10.1177/002224378101800104
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; Hair et al., 2016)Hair, J. F., Hult, G. T. M., Ringle, C., & Sarstedt, M. (2016). A primer on partial least squares structural equation modeling (PLS-SEM). Sage publications..

Após a conclusão dessas análises, se verifica a validade nomológica. Busca-se identificar o quanto o constructo em análise se relaciona como endógeno ou exógeno a outros, ou seja, se os dados suportam relações teóricas esperadas desses constructos (Koufteros, 1999Koufteros, X. A. (1999). Testing a model of pull production: a paradigm for manufacturing research using structural equation modeling. Journal of Operations Management, 17(4), 467-488. https://doi.org/10.1016/S0272-6963(99)00002-9
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; Ruel et al., 2021Ruel, S., El Baz, J., Ivanov, D., & Das, A. (2021). Supply chain viability: conceptualization, measurement, and nomological validation. Annals of Operations Research, 1-30. https://doi.org/10.1007/S10479-021-03974-9/TABLES/7
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). Foi testada a satisfação do hóspede como antecedente do engajamento e boca a boca e lealdade como variáveis endógenas, essas variáveis apresentam uma relação consolidada com o constructo de engajamento (Barari et al., 2021Barari, M., Ross, M., Thaichon, S., & Surachartkumtonkun, J. (2021). A meta-analysis of customer engagement behaviour. International Journal of Consumer Studies, 45(4), 457-477. https://doi.org/10.1111/IJCS.12609
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; Santini et al., 2020Santini, F. de O., Ladeira, W. J., Pinto, D. C., Herter, M. M., Sampaio, C. H., & Babin, B. J. (2020). Customer engagement in social media: a framework and meta-analysis. Journal of the Academy of Marketing Science , 48(6), 1211-1228. https://doi.org/10.1007/s11747-020-00731-5
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). O engajamento foi mensurado como paradigma de segunda ordem, assim os constructos de primeira ordem refletem o constructo engajamento (Diamantopoulos & Siguaw, 2006Diamantopoulos, A., & Siguaw, J. A. (2006). Formative Versus Reflective Indicators in Organizational Measure Development: A Comparison and Empirical Illustration. British Journal of Management, 17(4), 263-282. https://doi.org/10.1111/J.1467-8551.2006.00500.X
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).

Além do modelo de engajamento (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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), os demais constructos foram mensurados a partir de estudos anteriores: satisfação (Gosling & Machado, 2010Gosling, M., & Machado, D. F. C. (2010). A imagem do destino turístico Ouro Preto e seus reflexos na lealdade, na satisfação e na divulgação boca a boca. Revista Acadêmica Observatório de Inovação Do Turismo, V(3), 1-28. https://doi.org/10.12660/OIT.V5N3.5776
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), lealdade (Frio & Brasil, 2016Frio, R. S., & Brasil, V. S. (2016). Comportamento de cocriação de valor do consumidor como antecedente da satisfação e lealdade. REGE - Revista de Gestão, 23(2), 135-147. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.rege.2015.12.003
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; Marques, 2008Marques, L. T. (2008). Validação de um modelo de lealdade do estudante com base na qualidade do relacionamento [Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul]. http://tede2.pucrs.br:80/tede2/handle/tede/5544; Sirdeshmukh et al., 2002Sirdeshmukh, D., Singh, J., & Sabol, B. (2002). Consumer trust, value, and loyalty in relational exchanges. Journal of Marketing, 66(1), 15-37. https://doi.org/10.1509/JMKG.66.1.15.18449
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) e boca a boca (Gosling & Machado, 2010Gosling, M., & Machado, D. F. C. (2010). A imagem do destino turístico Ouro Preto e seus reflexos na lealdade, na satisfação e na divulgação boca a boca. Revista Acadêmica Observatório de Inovação Do Turismo, V(3), 1-28. https://doi.org/10.12660/OIT.V5N3.5776
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).

Ao se atingir as validades de conteúdo, convergente, discriminante e nomológica, se atinge a validade de constructo - o grau em que as variáveis efetivamente medem o constructo que elas devem mensurar (Hair et al., 2018Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2018). Multivariate Data Analysis. Cengage.).

RESULTADOS

A amostra foi composta por um público majoritariamente feminino (73,2%). A maior parte dos respondentes afirmou possuir renda de mais de R$ 6.000 (18,8%) e de R$ 2.001 a R$ 3.000 (17,6%). Com relação ao destino visitado, apresentou-se uma variedade de cidades, destacando-se Florianópolis (9 respostas); Rio de Janeiro (8) e Gramado (7).

Conforme apresentado na seção de métodos, a primeira análise realizada foi a confiabilidade dos dados, atestada pelos valores de Alpha de Cronbach e confiabilidade composta. Nenhum valor identificado apresentou resultado inferior a 0,8 - acima do valor mínimo recomendado na literatura (0,7). Dessa forma, os dados atestam a confiabilidade dos constructos.

A verificação da validade convergente ocorreu com base nas cargas fatoriais e variância extraída, esperando-se valores mínimos de 0,7 e 0,5, respectivamente. Apesar de se identificar valores de cargas fatoriais levemente inferiores ao limite mínimo sugerido na literatura, todos os itens foram mantidos, a partir de dois critérios: não existe impacto significativo dos itens nos valores de confiabilidade composta e variância extraída (Hair et al., 2016Hair, J. F., Hult, G. T. M., Ringle, C., & Sarstedt, M. (2016). A primer on partial least squares structural equation modeling (PLS-SEM). Sage publications.); e evitar a exclusão de itens pautados exclusivamente nos resultados estatísticos (Hair et al., 2018). A obtenção desses valores indica que as variáveis estão associadas ao constructo de origem e que os constructos apresentam consistência.

Os resultados podem ser observados na tabela 1.

Tabela 1:
Cargas fatoriais e confiabilidade

A tabela 2 apresenta o resultado da validade discriminante. Conforme apresentado na seção de métodos de pesquisa, os constructos são considerados distintos quando a correlação for inferior ao valor da raiz quadrada da variância extraída. Conforme pode ser observado na tabela 2, o critério foi atendido e constatou-se a validade discriminante dos constructos de primeira ordem, indicando a diferença estatística entre os constructos que são distintos teoricamente.

Tabela 2:
Validade discriminante

Após a verificação dos resultados no modelo de caminhos, inicia-se o teste do modelo estrutural, com a verificação da adequação da escala ao paradigma de segunda ordem, ou seja, o engajamento reflete os constructos de primeira ordem (advocacia, cocriação, engajamento de conteúdo e engajamento negativo) (Diamantopoulos & Siguaw, 2006Diamantopoulos, A., & Siguaw, J. A. (2006). Formative Versus Reflective Indicators in Organizational Measure Development: A Comparison and Empirical Illustration. British Journal of Management, 17(4), 263-282. https://doi.org/10.1111/J.1467-8551.2006.00500.X
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). O resultado da regressão nos constructos advocacia (β = 0,878, p <0,01); cocriação de valor (β = 0,762, p <0,01); engajamento de conteúdo (β = 0,929, p <0,01); e engajamento negativo (β = 0,314, p <0,01) confirmam a estrutura de segunda ordem do constructo de engajamento.

Após a confirmação da estrutura hierárquica proposta, analisou-se a validade nomológica. Os resultados indicam que a satisfação explica o engajamento do consumidor (β = 0,466, p <0,01), bem como o apontam o impacto do engajamento na lealdade (β = 0,442, p <0,01) e boca a boca (β = 0,581, p <0,01), confirmando relações previamente identificadas (Barari et al., 2021Barari, M., Ross, M., Thaichon, S., & Surachartkumtonkun, J. (2021). A meta-analysis of customer engagement behaviour. International Journal of Consumer Studies, 45(4), 457-477. https://doi.org/10.1111/IJCS.12609
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; Santini et al., 2020Santini, F. de O., Ladeira, W. J., Pinto, D. C., Herter, M. M., Sampaio, C. H., & Babin, B. J. (2020). Customer engagement in social media: a framework and meta-analysis. Journal of the Academy of Marketing Science , 48(6), 1211-1228. https://doi.org/10.1007/s11747-020-00731-5
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) e atestando a validade nomológica. Dessa forma, o impacto do engajamento do consumidor demonstrou maior valor no boca a boca, indicando que o aumento de uma unidade no engajamento aumentaria o boca a boca em 0,58, além disso, o crescimento da satisfação irá elevar a percepção de engajamento em 0,46.

A partir dos resultados obtidos, perpassando pela validação qualitativa e quantitativa dos dados, a validade de constructo engajamento foi confirmada para o contexto de destinos turísticos, pois conclui-se que os itens propostos operacionalizam fidedignamente a medida que se pretende medir (Flake & Fried, 2020Flake, J. K., & Fried, E. I. (2020). Measurement Schmeasurement: Questionable Measurement Practices and How to Avoid Them. Advances in Methods and Practices in Psychological Science, 3(4), 456-465. https://doi.org/10.1177/2515245920952393
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; Hair et al., 2018Hair, J. F., Black, W. C., Babin, B. J., & Anderson, R. E. (2018). Multivariate Data Analysis. Cengage.).

Discussão dos resultados

Os resultados obtidos indicam que o modelo de mensuração do engajamento proposto por Obilo, Chefor e Saleh (2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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) é aplicável no contexto de destinos turísticos, ampliando o rol de ferramentas para mensuração do comportamento de engajamento do turista com locais visitados.

Ao construir um modelo de engajamento baseado na advocacia, cocriação, engajamento de conteúdo e engajamento negativo (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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), buscou-se ampliar as limitações dos modelos anteriores, especialmente o de engajamento de marca (modelo apresentado por Hollebeek et al., 2014Hollebeek, L. D., Glynn, M. S., & Brodie, R. J. (2014). Consumer Brand Engagement in Social Media: Conceptualization, Scale Development and Validation. Journal of Interactive Marketing , 28(2), 149-165. https://doi.org/https://doi.org/10.1016/j.intmar.2013.12.002
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), pois ele apresenta alta similaridade com outros constructos anteriormente mensurados em marketing (Obilo et al., 2021). Os resultados do estudo contribuem na construção e validação do modelo de engajamento de Obilo, Chefor e Saleh (2021), ampliando a solidificação dos itens para a mensuração de serviços e marcas turísticas, sejam marcas de destino, hotéis, restaurantes dentre outros equipamentos que façam parte do cluster turístico. Este estudo contribui também para a validação global da escala, haja vista que é um dos primeiros estudos que aplica quase que integralmente a escala dos autores. Em outros estudos, as dimensões isoladas da escala haviam sido testadas, como no caso da dimensão da advocacia (Orozco-Lara et al., 2022Orozco-Lara, J. F., Rodríguez-Orejuela, A., & Ramírez, G. C. (2022). Compromiso del consumidor como estrategia de comunicación para fomentar la abogacía de marca en fanpages de Facebook. Palabra Clave, 25(3), e2533-e2533. https://doi.org/10.5294/PACLA.2022.25.3.3
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) e as dimensões de engajamento (Cui et al., 2022Cui, X., Xie, Q., Zhu, J., Shareef, M. A., Goraya, M. A. S., & Akram, M. S. (2022). Understanding the omnichannel customer journey: The effect of online and offline channel interactivity on consumer value co-creation behavior. Journal of Retailing and Consumer Services , 65, 102869. https://doi.org/10.1016/J.JRETCONSER.2021.102869
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). Em consonância com a lógica de serviço dominante (Vargo & Lusch, 2004Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2004). Evolving to a new dominant logic for marketing. Journal of Marketing , 68(1), 1-17.), os itens validados contemplam o papel da integração de valor do consumidor e sua função enquanto proponente do valor, juntamente com a organização que presta serviços (no presente estudo, o destino turístico) e demais atores (Vargo & Lusch, 2016). Ademais, contempla a atuação do consumidor enquanto cocriador de valor (Vargo & Lusch, 2016) e codestruidor de valor (Echeverri & Skålén, 2021Echeverri, P., & Skålén, P. (2021). Value co-destruction: Review and conceptualization of interactive value formation. Marketing Theory, 21(2), 227-249. https://doi.org/10.1177/1470593120983390
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), contemplando a construção e elaboração positiva e negativa das experiências do consumidor.

O modelo original (Obilo et al., 2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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) concatena variáveis relevantes e correlacionadas com a lógica de serviço dominante (Vargo & Lusch, 2004Vargo, S. L., & Lusch, R. F. (2004). Evolving to a new dominant logic for marketing. Journal of Marketing , 68(1), 1-17.), apresentados em um modelo para engajamento. Ao utilizar a lógica de serviço dominante como a perspectiva teórica do estudo, validou-se o modelo de engajamento baseado em componentes vinculados à lógica, gerando aplicabilidade do modelo para pesquisadores e gestores de destinos turísticos.

Complementarmente, ao seguir aspectos positivos e negativos do engajamento - não contemplando apenas fatores advindos de experiências positivas e proponentes - amplia-se a análise do constructo de engajamento, aprofundando as dimensões do constructo (Fang et al., 2020Fang, S., Zhang, C., & Li, Y. (2020). Physical attractiveness of service employees and customer engagement in tourism industry. Annals of Tourism Research , 80, 102756. https://doi.org/10.1016/J.ANNALS.2019.102756
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), gerando contraponto e captando mais dimensões do conceito teórico.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nota-se que o engajamento do consumidor está alinhado com a lógica de serviço dominante, focando no papel do consumidor em cocriar valor, valorizar o serviço (conhecimentos e habilidades) e focar no relacionamento.

A revisão de literatura permitiu identificar instrumentos que mensuram o engajamento do consumidor, além de algumas limitações desses modelos. A partir da revisão, se observa a ausência de modelos que considerem experiências negativas na construção do engajamento do consumidor. O objetivo do presente estudo foi a validação da escala de engajamento do consumidor proposta por Obilo, Chefor e Saleh (2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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), ampliando sua aplicabilidade para o Turismo e Hospitalidade, particularmente a adequação do instrumento para verificar o engajamento do consumidor com destinos turísticos.

O processo de adaptação e validação do modelo foi realizado considerando a validade de conteúdo (tradução, avaliação de especialistas e pré-teste), a validade convergente, validação discriminante e validade nomológica, bem como a confiabilidade dos dados. Uma vez que os critérios estabelecidos foram atendidos, o modelo apresenta aplicabilidade para mensuração do engajamento do consumidor no contexto de destinos.

A principal contribuição acadêmica do estudo é validar um novo instrumento para mensurar o engajamento do consumidor, adequando as variáveis para aplicabilidade em destinos turísticos, possibilitando maior aprofundamento do campo de estudo, pois o modelo soma-se a outros já aplicados e acrescenta o viés do engajamento negativo (codestruição de valor).

Complementarmente, os resultados auxiliam na validade externa do estudo original, testando e consolidando a escala proposta em contexto distinto e com base em uma amostra composta por respondentes brasileiros, uma cultura diferente do estudo original.

Ademais, o estudo robustece relações já identificadas (relação nomológica do engajamento com satisfação, lealdade e boca a boca, bem como a confirmação da estrutura originalmente proposta), reforçando o papel explicativo do engajamento do consumidor na lealdade e no boca a boca, bem como corroborando no entendimento que o engajamento do consumidor advém de experiência prévia positiva (nomeadamente, satisfação).

Ao replicar o estudo, optou-se pela construção de um modelo de segunda ordem e reflexivo, ou seja, os constructos de primeira ordem refletem o engajamento. Essa proposição difere do estudo original - o qual optou por estabelecer correlações entre os constructos de primeira ordem - e mostra-se igualmente adequada.

Por fim, os resultados ampliam o papel da lógica de serviço dominante, auxiliando na compreensão do engajamento do consumidor, focando na criação de valor compartilhada entre atores, em conhecimentos e habilidade e no relacionamento entre consumidor e empresa (e outros atores envolvidos no processo de valor).

A escala validada poderá ser utilizada por gestores e empresas em destinos turísticos, buscando identificar o nível de engajamento dos turistas em determinado local e tempo, apontando-se essa como a primeira contribuição gerencial do estudo. A mensuração do engajamento dos consumidores gerará feedbacks aos agentes dos destinos e permitirá ações de melhorias constantes.

Da mesma forma, ao compor as relações nomológicas do engajamento, permite-se identificar que a satisfação do visitante alinha-se com um comportamento de engajamento do consumidor, reforçando a importância da maior satisfação do consumidor em aumentar atitude positiva do turista, reduzindo condutas desfavoráveis - os resultados do estudo apontam para uma correlação negativa entre a satisfação do cliente e o engajamento negativo.

Por fim, o estudo contribui para compreensão do papel do turista como um ator que utiliza e cocria valor, gerando uma perspectiva de colaboração entre marca/cliente, compreendendo o consumidor como um agente proativo e participante da rede de valor do destino.

A despeito dos resultados e contribuições, o estudo apresenta limitações que deverão ser mitigadas em novas pesquisas. A validação baseou-se em uma única amostra de respondentes, não focando em uma categoria única de destino. Novas pesquisas poderão identificar o comportamento do modelo em diferentes tipologias de destino.

Ademais, a coleta de dados ocorreu exclusivamente em ambiente virtual. Além de limitações inerentes do método, observa-se uma restrição a turistas que não utilizam algumas redes sociais (como o Facebook), mas podem ser ativos em mídias voltadas para interação entre turistas (por exemplo, TripAdvisor). Recomenda-se que novas coletas busquem contemplar usuários dessas mídias.

Outra limitação do estudo foi a replicação de uma escala, sem compará-la com outras, a partir de uma amostra homogênea. Sugere-se que futuras pesquisas considerem comparar distintas escalas de engajamento e demonstrar aquela que apresenta melhor desempenho. Ainda, o presente estudo utilizou variáveis de apenas um modelo, novos estudos poderiam considerar compilar e utilizar itens de mais modelos, buscando a identificação de um modelo mais eficiente.

A presente pesquisa limitou-se à replicação de escala e relações já estabelecidas. A validação do modelo permite que novos estudos busquem identificar variáveis exógenas, endógenas, moderadoras e mediadoras do engajamento do turista, avaliando o constructo em novas redes nomológicas.

Ademais, não se utilizou o modelo completo sugerido por Obilo, Chefor e Saleh (2021Obilo, O. O., Chefor, E., & Saleh, A. (2021). Revisiting the consumer brand engagement concept. Journal of Business Research , 126, 634-643. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2019.12.023
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), em função da não adequação de alguns itens. Considera-se o modelo como o mais adequado da literatura, todavia, ele apresenta algumas limitações para estudos voltados com turistas. Sugere-se que novos estudos busquem a construção e consolidação de modelos que atendam ao conjunto do constructo de engajamento dos turistas.

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Editor de seção: Guilherme O. M. da Silva Flores

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    07 Jun 2024
  • Data do Fascículo
    Jan-Dec 2024

Histórico

  • Recebido
    09 Mar 2023
  • Aceito
    10 Jan 2024
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