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Criptógamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algae, 44: Bacillariophyceae (Surirellales: Epithemia)

Cryptogams of the Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algae, 44: Bacillariophyceae (Surirellales: Epithemia)

RESUMO

Foi realizado um levantamento florístico de Epithemia (Bacillariophyceae) na área do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), São Paulo, SP, Brasil, com o objetivo de conhecer a diversidade taxonômica e a variabilidade morfológica do gênero. Ao total, 31 lâminas de diatomáceas foram examinadas das quais cinco foram usadas no presente estudo. Cinco espécies foram identificadas: E. proboscidea Kützing, E. gibba (Ehrenberg) Kützing, E. gibberula (Ehrenberg) Kützing, E. operculata (C. Agardh) Ruck & Nakov e Epithemia sp., com dominância de espécies perifíticas. Um táxon foi registrado pela primeira vez para o Brasil (E. proboscidea Kützing) e dois táxons para a área do PEFI (E. gibba (Ehrenberg) Kützing e E. operculata (C. Agardh) Ruck & Nakov).

Palavras-chave:
diatomáceas; levantamento florístico; perifíton

ABSTRACT

A survey of Epithemia (Bacillariophyceae) was carried out in the Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI), São Paulo, SP, Brazil, in order to know the taxonomic diversity and the morphological variability of the genus. A total of 31 diatoms slides were analyzed of which five were used in this study. Five species were identified: E. proboscidea Kützing, E. gibba (Ehrenberg) Kützing, E. gibberula (Ehrenberg) Kützing, E. operculata (C. Agardh) Ruck & Nakov and Epithemia sp., with the dominance of periphytic species. One taxon was recorded for the first time in Brazil (E. proboscidea Kützing) and two taxa in the PEFI area (E. gibba (Ehrenberg) Kützing and E. operculata (C. Agardh) Ruck & Nakov).

Keywords:
diatom; floristic survey; periphyton

Introdução

Surirellales D.G. Mann inRound et al. (1990Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. 1990. The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge University Press, Cambridge.) é constituída por indivíduos de hábito solitário com uma vasta quantidade de formas e que são, na maioria das vezes, associados a bentos de água doce, salobra ou marinha (Round et al. 1990Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. 1990. The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge University Press, Cambridge., Lowe 2003Lowe, R.L. 2003. Keeled and canalled raphid diatoms. In: J.D. Wehr & R.G. Sheath (eds). Freshwater Algae of North America: ecology and classification. Academic Press, San Diego, pp. 669-684.).

A ordem faz parte de um grupo de diatomáceas que possuem um sistema de rafe elevada em quilhas (Round et al. 1990Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. 1990. The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge University Press, Cambridge.), o que confere uma maior motilidade em substratos (Ruck & Theriot 2011Ruck, E.C. & Theriot, E.C. 2011. Origin and evolution of the canal raphe system in diatoms. Protist 162: 723-737.). A presença de uma rafe quilhada é observada somente entre espécies de Surirellales, Bacillariales Hendey (1937) e Rhopalodiales D.G. Mann (1990) e devido a isso, por muito tempo, foi considerado que essas ordens possuíam uma forte ligação filogenética (Medlin et al. 2000Medlin L.K., Kooistra W.C.H.F. & Schmid A.M.M. 2000. A Review of the Evolution of the Diatoms - aTotal Approach Using Molecules, Morphology and Geology. In: A. Witkowski, J. Sieminska (eds.). The Origin and Early Evolution of the Diatoms: Fossil, Molecular and Biogeographical Approaches. W. Szafer Institute of Botany, Polish Academy of Sciences, Cracow, pp 13-35., Medlin & Kaczmarka 2004Medlin, L.K. & Kaczmarska, I. 2004. Evolution of diatoms, 5: morphological and cytological support for the major clade and a taxonomy revision. Phycologia 43: 245-270.). Em 2011, Ruck & Theriot descobriram que as linhagens de Surirellales e Rhopalodiales eram diretamente relacionadas entre si e que seus sistemas de rafe teriam evoluído em paralelo aos de Bacillariales. Contudo, foi somente em 2016 que Ruck et al. propuseram uma reclassificação parcial do clado Surirellales e Rhopalodiales. Os autores mantiveram o nome Surirellales e transferiram grande parte das espécies de Rhopalodiales para o gênero Epithemia F.T. Kützing (1844) que abrangeria, portanto, indivíduos que possuem fíbulas que se estendem além do canal de rafe e alcançam a face valvar.

O gênero Epithemia é constituído por diatomáceas fortemente dorsiventrais, assimétricas, com sistema excêntrico de rafe (Lowe 2003Lowe, R.L. 2003. Keeled and canalled raphid diatoms. In: J.D. Wehr & R.G. Sheath (eds). Freshwater Algae of North America: ecology and classification. Academic Press, San Diego, pp. 669-684., Fourtanier & Kociolek 2011Kociolek, J.P. 2011. Rhopalodia musculus. In: Diatoms of the United States. Disponível em http://westerndiatoms.colorado.edu/taxa/species/rhopalodia_musculus (acesso em 20-II-2018).
http://westerndiatoms.colorado.edu/taxa/...
). A rafe está situada próximo da margem dorsal e/ou ventral e é interiormente sustentada por costelas transapicais robustas (Spaulding 2010aSpaulding, S. 2010a. Epithemia. In: Diatoms of the United States. Disponível em http://westerndiatoms.colorado.edu/taxa/genus/epithemia (acesso em 18-II-2018).
http://westerndiatoms.colorado.edu/taxa/...
). A face valvar desses indivíduos é usualmente plana e as estrias podem ser uni a multisseriadas (Round et al. 1990Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. 1990. The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge University Press, Cambridge.). Membros deste gênero são encontrados em hábitats de águas duras onde o fósforo é mais disponível (Lowe 2003), porém, pobres em nitrogênio (DeYoe et al. 1992DeYoe, H.R., Lowe, R.L. & Marks, J.C. 1992. Effects of nitrogen and phosphorus on the endosymbiont load of Rhopalodia gibba and Epithemia turgida (Bacillariophyceae). Journal of Phycology 28: 773-777.).

No Brasil, os trabalhos que abordaram espécies e variedades de Epithemia estão concentrados na região sul do país (Flôres et al. 1999Flôres, T.L., Moreira-Filho, H. & Ludwig, T.A.V. 1999. Contribuição ao inventário florístico das diatomáceas (Bacillariophyta) do Banhado do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil, 1: Epithemia Brébisson ex Kützing, Rophalodia O. Müller e Surirella Turpin. Insula 28: 149-166., Lobo et al. 2004Lobo, E.A., Callegaro, V.L.M., Hermany, G., Wetzel, C.A., Oliveira, M.A. 2004. Use of epilithic diatoms as biondicators from lotic systems in southern Brazil, with special emphasis on eutrophication. Acta Limnologica Brasiliensia 16: 25-40., Burliga et al. 2005Burliga, A.L., Torgan, L.C., Nobrega, E.A., Beaumord, A.C., Costa, C.O. & Yamauti, D.V. 2005. Diatomáceas epilíticas do rio Itajaí-Mirim, Santa Catarina, Brasil. Acta Scientiarum: Biological Sciences 4: 415-421., Schneck et al. 2008Schneck, F., Torgan, L.C. & Schwarzbold, A. 2008. Diatomáceas epilíticas em riacho de altitude no sul do Brasil. Rodriguesia 59: 325-338., Silva et al. 2010aSilva, A.M., Ludwig, T.A.V., Tremarim, P.I. & Vercellino, I.S. 2010a. Diatomáceas perifíticas em um sistema eutrófico brasileiro (Reservatório do Iraí, estado do Paraná). Acta Botanica Brasilica 24: 997-1016a., Silva et al. 2010bSilva, J.G., Torgan, L.C. & Cardoso, L.S. 2010b. Diatomáceas (Bacillariophyceae) em marismas no sul do Brasil. Acta Botanica Brasilica 24: 935-947b., Souza-Mosimann et al. 2011Silva, J.G., Torgan, L.C. & Cardoso, L.S. 2010b. Diatomáceas (Bacillariophyceae) em marismas no sul do Brasil. Acta Botanica Brasilica 24: 935-947b., Bes et al. 2012Bes, D., Ector, L., Torgan, L.C. & Lobo, E.A. 2012. Composition of the epilithic diatom flora from a subtropical river, Southern Brazil. Iheringia: Série Botânica 67: 93-125.). Para o Estado de São Paulo, o gênero teve ocorrência no Lago Estância das Águas Claras (Graça et al. 2007Graça, S., Garcia, M.J. & Oliveira, P.E. 2007. Flora diatomácea moderna do Lago da Estância das Águas Claras, Guarulhos (SP), resultados qualitativos. UnG, Geociências 6: 63-78.) e no Reservatório Cabuçu (Moutinho et al. 2007Moutinho, S.O., Garcia, M.J. & Oliveira, P.E. 2007. Flora diatomácea do Reservatório Cabuçu, Município de Guarulhos, (SP): Análise quantitativa. Revista UnG-Geociências 6: 32-62., Ribeiro 2008Ribeiro, F.C.P., Senna, C.S.F. & Torgan, L.C. 2008. Diatomáceas em sedimentos superficiais na planície de maré da Praia de Itupanema, Estado do Pará, Amazônia. Rodriguesia 59: 309-324.), ambos localizados no Município de Guarulhos.

O conhecimento da diversidade de Bacillariophyta do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (PEFI) está reunido nos trabalhos de Morandi et al. (2006Morandi, L.L., Ritter, L.M.O., Moro, R.S. & Bicudo, C.E.M. 2006. Criptógamos do Parque Estadual do Ipiranga, São Paulo, SP. Algas, 20: Coscinodiscophyceae. Hoehnea 33: 115-122.), Carneiro & Bicudo (2007Carneiro, L.A. & Bicudo, D.C. 2007. O gênero Lemnicola (Bacillariophyceae) no Estado de São Paulo, Brasil. Hoehnea 34: 253-259.), Rocha & Bicudo (2008Rocha, A.C.R. & Bicudo, C.E.M. 2008. Criptógamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algas, 25: Bacillariophyceae (Naviculales: Pinnulariaceae). Hoehnea 35: 597-618.), Marquardt & Bicudo (2014Marquardt, G.C. & Bicudo, C.E.M. 2014. Criptógamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algas 36: Bacillariophyceae (Cymbellales). Hoehnea 41: 209-246.) e Ferreira & Bicudo (2017Ferreira, K.S.M. & Bicudo, C.E.M. 2017. Criptógamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algae, 42: Bacillariophyceae (Surirellales). Hoehnea 44: 10-28.). Exclusivamente para o gênero, as contribuições existentes não incluíram ilustrações do material identificado. Com base nessa informação, o objetivo do presente trabalho foi conhecer a diversidade taxonômica e a variabilidade morfológica em populações do gênero Epithemia.

Material e métodos

Área de estudo - O Parque Estadual das Fontes do Ipiranga (Marquardt & Bicudo 2014Marquardt, G.C. & Bicudo, C.E.M. 2014. Criptógamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algas 36: Bacillariophyceae (Cymbellales). Hoehnea 41: 209-246., figura 1) está localizado no Município de São Paulo entre os paralelos 23º38’08”S e 23º40’18”S e os meridianos 46º36’48”W e 46º38’00”W (Bicudo et al. 2002Bertolli, L.M., Tremarin, P.I. & Ludwig, T.A.V. 2010. Diatomáceas perifíticas em Polygonum hydropiperoides Michaux, reservatório do Passaúna, Região Metropolitana de Curitiba, Paraná, Brasil. Acta Botanica Brasilica 24: 1065-1081.). Criado em 1893 com finalidade de proteger a fauna e a flora da bacia do riacho Ipiranga (SMA 1991SMA (Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo). 1991. Vegetação significativa do município de São Paulo. SMA, São Paulo.), o PEFI abriga 24 nascentes e é um dos fragmentos florestais mais importantes inseridos em uma malha urbana do país (Fernandes et al. 2002Fernandes, A.J., Reis, L.A.M. & Carvalho, A. 2002. Caracterização do Meio Físico. In: D.C. Bicudo, M.C. Forti & C.E.M. Bicudo (eds.). Parque Estadual das Fontes do Ipiranga: unidade de conservação que resiste à urbanização de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, São Paulo.).

Figuras 1-12
Representantes de Epithemia. 1-7. Epithemia proboscidea Kützing 8-12. Epithemia gibba (Ehrenberg) Kützing. Barra de escala = 10 µm.
Figures 1-12
Epithemia representatives. 1-7. Epithemia proboscidea Kützing 8-12. Epithemia gibba (Ehrenberg) Kützing. Scale bar = 10 µm.

Amostragem - O Parque Estadual Fontes do Ipiranga (PEFI) possui nascentes, lagos, o riacho Ipiranga e um hidrofitotério ao ar livre com diferentes tipos de macrófitas vivas. A coleção de lâminas permanentes foi feita com amostras obtidas de macrófitas, pedras e da coluna d’água destes ambientes. Ao total, 31 lâminas de diatomáceas foram analisadas das quais 5 foram utilizadas nesse trabalho (tabela 1). Todas as amostras estão depositadas no Herbário Científico do Estado “Maria Eneyda P. Kauffmann Fidalgo” (SP) do Instituto de Botânica da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Os métodos de coleta, fixação e preservação do material estão descritos em Ferreira & Bicudo (2017Ferreira, K.S.M. & Bicudo, C.E.M. 2017. Criptógamos do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP. Algae, 42: Bacillariophyceae (Surirellales). Hoehnea 44: 10-28.).

Tabela 1
Localização dos sítios de coleta de Epithemia no Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP, Brasil.
Table 1
Location of Epithemia sampling sites in the Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, São Paulo, SP, Brazil.

Para as análises taxonômicas, foram utilizadas lâminas permanentes ao microscópio óptico binocular com contraste de fase e ocular micrometrada digital no Laboratório de Ecologia Aquática do Instituto de Botânica de São Paulo. O estudo foi baseado em análises populacionais das espécies, com obtenção de medidas (comprimento e largura) das valvas e contagem do número de costas, estrias e aréolas em intervalos de 10 µm.

Para a identificação taxonômica dos materiais, foram utilizados trabalhos clássicos (ex. Foged et al. 1984Foged, N. 1984. Bibliotheca diatomologica: Freshwater and Littoral Diatoms from Cuba. J. Cramer In der A.R. Gantner Verlag Kommanditgesellschaft., Krammer & Lange-Bertalot 1987Krammer, K. & Lange-Bertalot, H. 1987. Bibliotheca diatomologica: Bacillariaceae, Epithemiaceae, Surirellaceae. J. Cramer in der Gebrüder Borntraeger Verlagsbuchhandlung., 1988) e recentes (ex. Ruck et al. 2016Ruck, E.C., Nakov, T., Alverson, A.J. & Theriot, E.C. 2016. Phylogeny, ecology, morphological evolution, and reclassification of the diatom orders Surirellales and Rhopalodiales. Molecular Phylogenetics and Evolution 103: 155-171., Cantonati et al. 2017Cantonati, M., Kelly, M.G. & Lange-Bertalot, H. 2017. Freshwater benthic diatoms of Central Europe: over 800 common species used in ecological assessment. English edition with update taxonomy and added species. Schmitten-Oberreifenberg: Koeltz Botanical Books, pp. 1-942.), além de outros geograficamente menos abrangentes, mas que contivessem dados métricos, merísticos e/ou ilustrações. Foram consultadas as obras de Moro & Fürstenberger (1997Moro, R.S. & Füstenberger, C.B. 1997. Catálogos dos principais parâmetros ecológicos de diatomáceas não-marinhas. Editora Universidade Estadual de Ponta Grossa.), Lowe (1974Lowe, R.L. 1974. Environmental Requirements and Pollution Tolerance of Freshwater Diatoms. Cincinnati: U.S. Environmental Protection Agency.), van Dam et al. (1994Van Dam, H., Mertens, A. & Sinkeldam, J. 1994. A coded checklist and ecological indicator values of freshwater diatoms from the Netherlands. Netherlands Journal of Aquatic Ecology 28: 117-133.) e Patrick & Reimer (1966Patrick, R.M. & Reimer, C.W. 1966. The Diatoms of the United States exclusive of Alaska and Hawaii, v. 1. Monographs of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 13.; 1975Patrick, R.M., Reimer, C.W. 1975. The diatoms of the United States exclusive of Alaska and Hawaii. Volume 2. Part 2. Entomoneidaceae, Cymbellaceae, Gomphonemaceae, Epithemiaceae. Monographs of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia. 13: 213 pp., 28 pls.) para obtenção da informação ecológica das espécies. O enquadramento dos táxons no presente trabalho baseou-se em Medlin & Kaczmarska (2004Medlin, L.K. & Kaczmarska, I. 2004. Evolution of diatoms, 5: morphological and cytological support for the major clade and a taxonomy revision. Phycologia 43: 245-270.) para as categorias supraordinais e Ruck et al. (2016Ruck, E.C., Nakov, T., Alverson, A.J. & Theriot, E.C. 2016. Phylogeny, ecology, morphological evolution, and reclassification of the diatom orders Surirellales and Rhopalodiales. Molecular Phylogenetics and Evolution 103: 155-171.) para as subordinais.

Resultados e Discussão

As espécies encontradas no PEFI possuem o seguinte enquadramento taxonômico:

Divisão Bacillariophyta Haeckel 1878 (= Diatomea Dumortier 1821 in Adl et al. 2005)

Subdivisão Bacillariophytina Medlin & Kaczmarska 2004Medlin, L.K. & Kaczmarska, I. 2004. Evolution of diatoms, 5: morphological and cytological support for the major clade and a taxonomy revision. Phycologia 43: 245-270.

Classe Bacillariophyceae Haeckel 1878 emend. Medlin & Kaczmarska 2004Medlin, L.K. & Kaczmarska, I. 2004. Evolution of diatoms, 5: morphological and cytological support for the major clade and a taxonomy revision. Phycologia 43: 245-270.

Subclasse Bacillariophycideae D.G. Mann inRound et al. 1990Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. 1990. The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge University Press, Cambridge.

Ordem Surirelalles D.G. Mann inRound et al. 1990Round, F.E., Crawford, R.M. & Mann, D.G. 1990. The diatoms: biology and morphology of the genera. Cambridge University Press, Cambridge.

Epithemia Kützing 1844

Chave para identificação taxonômica das espécies inventariadas

  • 1. Valva dorsiventral, margem dorsal com região mediana intumescida ............................................ Epithemia gibba

  • 1. Valva dorsiventral, margem dorsal côncava a levemente côncava
    • 2. Margem ventral côncava a levemente côncava em indivíduos maiores
      • 3. Ápices capitados a subcaptados, fletidos ventralmente ................................................ Epithemia proboscidea

      • 3. Ápices rostrados, fletidos ventralmente .......................................................................... Epithemia gibberula

    • 2. Margem ventral reta
      • 4. Estrias e costas radiadas, aréolas não visíveis .............................................................................. E. operculata

      • 4. Estrias e costas radiadas, aréolas visíveis ……............................................................................ Epithemia sp.

Epithemia proboscidea Kützing 1844. Die Kieselschaligen. Bacillarien oder Diatomeen. 35, pl. 5, fig. 13, 1844.

Figuras 1-7

Figuras 13-26
Representantes de Epithemia. 13-22. Epithemia gibberula (Ehrenberg) Kützing. 23-24. Epithemia sp. 25-26. Epithemia operculata (C. Agardh) Ruck & Nakov. Barra de escala = 10 µm.
Figures 13-26
Epithemia representatives. 13-22. Epithemia gibberula (Ehrenberg) Kützing. 23-24. Epithemia sp. 25-26. Epithemia operculata (C. Agardh) Ruck & Nakov. Scale bar = 10 µm.

Valvas dorsiventrais, margem dorsal convexa, margem ventral côncava a levemente côncava em indivíduos maiores, ápices capitados a subcaptados, estrias e costas convergentes no centro e radiadas nos ápices, rafe posicionada ventralmente, 2-arqueada; 36,7-56,4 µm compr., 7,3-10,0 µm larg., 12-14 estrias em 10 µm, 3-4 costas em 10 µm, 10-12 aréolas em 10 µm, 2-6 estrias entre costas.

Hábitat: epifítico.

Material examinado: BRASIL. São Paulo: São Paulo, Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Jardim Botânico, hidrofitotério, 12-IV-2017, S.A. Oliveira, K.S. Morais & C.E.M. Bicudo (SP469783).

Epithemia proboscidea Kützing difere de Epithemia porcellus Kützing ilustrada em Patrick & Reimer (1975Patrick, R.M., Reimer, C.W. 1975. The diatoms of the United States exclusive of Alaska and Hawaii. Volume 2. Part 2. Entomoneidaceae, Cymbellaceae, Gomphonemaceae, Epithemiaceae. Monographs of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia. 13: 213 pp., 28 pls.) por apresentar ápices capitados, margem ventral levemente côncava e espécimes de menor comprimento e largura (E. porcellus: 40-125 µm compr., 8-14 µm larg.). Essa espécie é primeira citação para o país.

Informações ecológicas: espécie perifítica, encontrada em águas alcalinas (Patrick & Reimer 1975Patrick, R.M., Reimer, C.W. 1975. The diatoms of the United States exclusive of Alaska and Hawaii. Volume 2. Part 2. Entomoneidaceae, Cymbellaceae, Gomphonemaceae, Epithemiaceae. Monographs of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia. 13: 213 pp., 28 pls.).

Epithemia gibba (Ehrenberg) Kützing 1844. Die Kieselschaligen Bacillarien oder Diatomeen. 35, pl. 4, fig. 22. 1844 ≡ Navicula gibba Ehrenberg, Abhandlungen der Königlichen Akademie der Wissenschaften zu Berlin, Physikalische Klasse 1831: 80. 1832.

Figuras 8-12

Valvas dorsiventrais, lineares, alongadas, margem dorsal com região mediana intumescida, nódulo central conspícuo, margem ventral reta, ápices largamente arredondados, fletidos ventralmente, estrias e costas paralelas entre si na região central da valva, gradativamente radiadas nos ápices, rafe localizada na margem dorsal; 57,0-89,3 µm compr., 7,5-10,0 µm larg., 14-31 estrias em 10 µm, 6-8 aréolas em 10 µm, 6-8 costas em 10 µm, 1-3 estrias entre costas.

Hábitat: planctônico e epifítico.

Material examinado: BRASIL. São Paulo: São Paulo, Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Jardim Botânico, hidrofitotério, 7-VI-2011, P.D.A. Silva, G.C. Marquardt, S.W. Ribeiro & B. Pelegrini (SP427341); hidrofitotério (material sobre musgos e tronco de árvore), 7-VI-2011, P.D.A. Silva, G.C. Marquardt, S.W. Ribeiro & B. Pelegrini (SP427343).

Epithemia gibba (Ehrenberg) Kützing possui características singulares e difere das demais espécies do gênero pela presença de valva linear, intumescida, com uma reentrância no nódulo central e ápices totalmente fletidos para a margem ventral (Kociolek 2011Kociolek, J.P. 2011. Rhopalodia musculus. In: Diatoms of the United States. Disponível em http://westerndiatoms.colorado.edu/taxa/species/rhopalodia_musculus (acesso em 20-II-2018).
http://westerndiatoms.colorado.edu/taxa/...
).

A espécie foi identificada de amostras de perifíton coletadas na região Sul do país por Flôres et al. (1999Flôres, T.L., Moreira-Filho, H. & Ludwig, T.A.V. 1999. Contribuição ao inventário florístico das diatomáceas (Bacillariophyta) do Banhado do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil, 1: Epithemia Brébisson ex Kützing, Rophalodia O. Müller e Surirella Turpin. Insula 28: 149-166.) para o Banhado do Taim, Estado do Rio Grande do Sul; e por Bertolli et al. (2010Bertolli, L.M., Tremarin, P.I. & Ludwig, T.A.V. 2010. Diatomáceas perifíticas em Polygonum hydropiperoides Michaux, reservatório do Passaúna, Região Metropolitana de Curitiba, Paraná, Brasil. Acta Botanica Brasilica 24: 1065-1081.) para a região metropolitana de Curitiba, Estado do Paraná. Ambos os trabalhos mencionam Epithemia gibba como Rophalodia gibba (Ehrenberg) O. Müller.

Os presentes materiais oriundos do PEFI concordaram com os valores métricos e merísticos fornecidos pelos referidos autores (Bertolli et al. (2010Bertolli, L.M., Tremarin, P.I. & Ludwig, T.A.V. 2010. Diatomáceas perifíticas em Polygonum hydropiperoides Michaux, reservatório do Passaúna, Região Metropolitana de Curitiba, Paraná, Brasil. Acta Botanica Brasilica 24: 1065-1081.): 60,83-83,74 µm compr., 5,53-8,69 µm larg., 15-17 estrias em 10 µm, 7-8 costelas em 10 µm e Flôres et al. (1999Flôres, T.L., Moreira-Filho, H. & Ludwig, T.A.V. 1999. Contribuição ao inventário florístico das diatomáceas (Bacillariophyta) do Banhado do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil, 1: Epithemia Brébisson ex Kützing, Rophalodia O. Müller e Surirella Turpin. Insula 28: 149-166.): 31,5-101,2 µm compr., 7,3-12,3 µm larg., 32-36 aréolas em 10 µm) embora alguns táxons ilustrados por Flôres et al. (1999Flôres, T.L., Moreira-Filho, H. & Ludwig, T.A.V. 1999. Contribuição ao inventário florístico das diatomáceas (Bacillariophyta) do Banhado do Taim, Rio Grande do Sul, Brasil, 1: Epithemia Brébisson ex Kützing, Rophalodia O. Müller e Surirella Turpin. Insula 28: 149-166.) possuam uma região dorsal mais larga.

Informações ecológicas: espécie α-mesossapróbica a oligossapróbica (Lowe 1974Lowe, R.L. 1974. Environmental Requirements and Pollution Tolerance of Freshwater Diatoms. Cincinnati: U.S. Environmental Protection Agency.), alcaliófila (Bradbury & Dieterich-rup 1993Bradbury, J.P. & Dieterich-Rurup, K.V. 1993. Holocene diatom paleoliminology of Elke Lake, Minnesota. In: J.P. Bradbury & W.E. Dean (ed.). Elke Lake, Minesota: evidence for rapid climate change in the North. Central United States. Geological Society of America, Boulder, Special Paper 276.), perifítica (Lowe 1974Lowe, R.L. 1974. Environmental Requirements and Pollution Tolerance of Freshwater Diatoms. Cincinnati: U.S. Environmental Protection Agency., Patrick & Reimer 1966Patrick, R.M. & Reimer, C.W. 1966. The Diatoms of the United States exclusive of Alaska and Hawaii, v. 1. Monographs of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 13.), encontrada em ambientes eutróficos (van Dam et al. 1994Van Dam, H., Mertens, A. & Sinkeldam, J. 1994. A coded checklist and ecological indicator values of freshwater diatoms from the Netherlands. Netherlands Journal of Aquatic Ecology 28: 117-133., Lowe 1974Lowe, R.L. 1974. Environmental Requirements and Pollution Tolerance of Freshwater Diatoms. Cincinnati: U.S. Environmental Protection Agency.) de condutividade alta a moderada (Patrick & Reimer 1966Patrick, R.M. & Reimer, C.W. 1966. The Diatoms of the United States exclusive of Alaska and Hawaii, v. 1. Monographs of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 13.).

Epithemia gibberula (Ehrenberg) Kützing 1844. Die Kieselschaligen Bacillarien oder Diatomeen. 35: 1844 ≡ Eunotia gibberula Ehrenberg, Abhandlungen der Königlichen Akademie der Wissenschaften zu Berlin 1841: 414, pl. 3-4, fig. 8. 1843.

Figuras 13-22

Valvas dorsiventrais, elípticas, margem dorsal convexa, nódulo na região central, margem ventral reta, ápices rostrados, fletidos ventralmente, estrias e costas paralelas entre si no centro da valva e radiada nos ápices, rafe localizada na margem dorsal (visualização possível somente com mudança de foco do microscópio); 18,5-31,0 µm compr., 5,5-6,5 µm larg., 16-24 estrias em 10 µm, 3-6 costas em 10 µm, 1-8 estrias entre costas.

Hábitat: planctônico e epifítico.

Material examinado: BRASIL. São Paulo: São Paulo, Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Jardim Botânico, hidrofitotério, 7-VI-2011, P.D.A. Silva, G.C. Marquardt, S.W. Ribeiro & B. Pelegrini (SP427341, SP427342); hidrofitotério (material sobre musgos e tronco de árvore), 7-VI-2011, P.D.A. Silva, G.C. Marquardt, S.W. Ribeiro & B. Pelegrini (SP427343, SP427344).

Epithemia gibberula (Ehrenberg) Kützing difere de Epithemia musculus Kützing pelos menores valores de comprimento e largura (onde E. musculus possui: 12-60 µm compr., 10-16 µm larg.), pelo valor e padrão de estriação (14-18 em 10 µm) e pelas aréolas delicadamente visíveis (Krammer & Lange-Bertalot 1988Krammer, K. & Lange-Bertalot, H. 1988. Süβwasserflora von Mitteleuropa, 2: Bacillariaceae, Epithemiaceae, Surirellaceae. Gustav Fischer, Stuttgart., Kociolek 2011Kociolek, J.P. 2011. Rhopalodia musculus. In: Diatoms of the United States. Disponível em http://westerndiatoms.colorado.edu/taxa/species/rhopalodia_musculus (acesso em 20-II-2018).
http://westerndiatoms.colorado.edu/taxa/...
).

Para o Brasil, Silva et al. (2010aSilva, A.M., Ludwig, T.A.V., Tremarim, P.I. & Vercellino, I.S. 2010a. Diatomáceas perifíticas em um sistema eutrófico brasileiro (Reservatório do Iraí, estado do Paraná). Acta Botanica Brasilica 24: 997-1016a.) ilustraram uma variedade da espécie (Rhopalodia gibberula var. vanheurckii 22-40,8 µm compr., 4,8-8 µm larg., 15-20 estrias em 10 µm, 3-4 costelas transapicais em 10 µm) em amostras do perifíton do reservatório do Iraí, Estado do Paraná, embora semelhantes, a variedade descrita por Silva et al. possui valores de comprimento e largura maiores, ápices ligeiramente mais finos e aréolas visíveis. Em Santa Catarina, Burliga et al. (2005Burliga, A.L., Torgan, L.C., Nobrega, E.A., Beaumord, A.C., Costa, C.O. & Yamauti, D.V. 2005. Diatomáceas epilíticas do rio Itajaí-Mirim, Santa Catarina, Brasil. Acta Scientiarum: Biological Sciences 4: 415-421.) e Souza-Mosimann et al. (2011) encontraram a espécie em amostras do perifíton e de plâncton do rio Itajaí-Mirim e da Baía do Sul, respectivamente. Em comparação com as amostras coletadas no PEFI, as espécies encontradas por Burliga et al. são maiores em comprimento e largura (ca. 37,8 µm compr., ca. 7,5 µm larg.) enquanto que as examinadas por Souza-Mosimann et al. (19-28 µm compr., 7-8 µm larg.) possuem extremidades mais arredondadas e os ápices não fletidos ventralmente. No Estado do Rio Grande do Sul, a espécie foi ilustrada por Hermany et al. (2013Hermany, G., Souza, P.A. & Torgan, L.C. 2013. Paleoecologia do sistema Pinguela-Palmital-Malvas, Holoceno da Bacia de Pelotas, RS, Brasil: uma abordagem focada na utilização de análises multivariadas para obtenção de diatomáceas descritoras. Pesquisa em Geociências, 40: 31-49.) em sedimentos holocênicos da Bacia de Pelotas.

Em São Paulo, a espécie foi citada pioneiramente por Barbosa (2012Barbosa, V.S. 2012. Ecologia de diatomáceas do reservatório Cabuçu, Guarulhos, SP- Qualidade da água, sazonalidade e correlação com parâmetros físicos e químicos. Revista UNG-Geociências 11: 5-18.) em amostras do perifíton para reservatório Cabuçu, Município de Guarulhos; entretanto, a ilustração não foi acompanhada de dados de medidas nem descrição. Em todos os trabalhos mencionados acima, Epithemia gibberula é citada como Rhopalodia gibberula.

Informações ecológicas: a espécie é halófila e geralmente encontrada em ambientes de baixa condutividade (Patrick & Reimer 1966Patrick, R.M. & Reimer, C.W. 1966. The Diatoms of the United States exclusive of Alaska and Hawaii, v. 1. Monographs of the Academy of Natural Sciences of Philadelphia 13.) e pH > 7 (van Dam et al. 1994).

Epithemia operculata (C. Agardh) Ruck & Nakov 2016Ruck, E.C., Nakov, T., Alverson, A.J. & Theriot, E.C. 2016. Phylogeny, ecology, morphological evolution, and reclassification of the diatom orders Surirellales and Rhopalodiales. Molecular Phylogenetics and Evolution 103: 155-171.. Notulae algarum pp.1-4. 10: 2016:1≡ Frustulia operculata C. Agardh, Flora oder Botanische Zeitung 10 (nº 40 do segundo volume): 627. 1827.

Figuras 25-26

Valvas dorsiventrais, margem ventral reta, ápices rostrados, fletidos ventralmente, estrias e costas paralelas entre si no centro da valva, gradativamente radiadas nos ápices, rafe localizada na margem dorsal (visualização possível somente com mudança de foco do microscópio); 20,0-25,5 µm compr., 5,5-6,0 µm larg., 17-20 estrias em 10 µm, 4-6 costas em 10 µm, 27-30 aréolas em 10 µm, 2-7 estrias entre costas.

Hábitat: epifítico.

Material examinado: BRASIL. São Paulo: São Paulo, Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Jardim Botânico, hidrofitotério (material sobre musgos e casca de árvore), 7-VI-2011, P.D.A. Silva, G.C. Marquardt, S.W. Ribeiro & B. Pelegrini (SP427343).

Esta espécie lembra Epithemia gibberula (Ehrenberg) Kützing ilustrada em Krammer & Lange-Bertalot (1988Krammer, K. & Lange-Bertalot, H. 1988. Süβwasserflora von Mitteleuropa, 2: Bacillariaceae, Epithemiaceae, Surirellaceae. Gustav Fischer, Stuttgart.) devido às semelhanças presentes nos ápices, densidade de estrias e pela margem ventral levemente linear nos indivíduos de menor tamanho. Difere, entretanto, por apresentar o centro da margem dorsal linear.

A espécie foi citada por Schneck et al. (2008Schneck, F., Torgan, L.C. & Schwarzbold, A. 2008. Diatomáceas epilíticas em riacho de altitude no sul do Brasil. Rodriguesia 59: 325-338.) como Rhopalodia operculata em amostras epilíticas no Rio das Antas, Rio Grande do Sul. Os autores observaram exemplares menores (17-18 µm compr.) do que os encontrados no PEFI.

A espécie é citada pioneiramente para o Estado de São Paulo.

Informações ecológicas: espécie alcalibiôntica ocorrendo somente em pH > 7, comum em ambientes eutróficos (van Dam et al. 1994Van Dam, H., Mertens, A. & Sinkeldam, J. 1994. A coded checklist and ecological indicator values of freshwater diatoms from the Netherlands. Netherlands Journal of Aquatic Ecology 28: 117-133.).

Epithemia sp.

Figuras 23-24

Valvas dorsiventrais, semicirculares, margem ventral reta; ápices arredondados, fletidos ventralmente, estrias e costas radiadas, aréolas perceptíveis, com formato arredondado a elíptico, rafe situada na margem dorsal (visualização possível somente com mudança de foco do microscópio); 26,5-27,0 µm compr., ca. 8,0 µm larg., ca. 18 estrias em 10 µm, 3-4 costas em 10 µm, 14-24 aréolas em 10 µm, 4-6 estrias entre costas.

Hábitat: planctônico.

Material examinado: BRASIL. São Paulo: São Paulo, Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, Jardim Botânico, hidrofitotério, 7-VI-2011, P.D.A. Silva, G.C. Marquardt, S.W. Ribeiro & B. Pelegrini (SP427341).

Epithemia sp. possui caracteres morfológicos semelhantes aos da ilustração original de Epithemia musculus (=Rhopalodia musculus O. Müller Taf XI, figs. 8, 16) em Krammer & Lange-Bertalot (1988Krammer, K. & Lange-Bertalot, H. 1988. Süβwasserflora von Mitteleuropa, 2: Bacillariaceae, Epithemiaceae, Surirellaceae. Gustav Fischer, Stuttgart.) como forma da valva semicircular, margem ventral levemente reta e margem dorsal fortemente convexa, bem como ápices rostrados fletidos ventralmente. Entretanto estes dois táxons se diferenciam pelas características métricas, onde E. musculus possui maiores dimensões de comprimento e largura (62-68 µm e 14 µm, respectivamente) e ápices mais estreitos que Epithemia sp.

Considerações finais

Das 31 lâminas permanentes que compõe o acervo diatomológico do PEFI, apenas cinco abrangeram táxons do gênero, todas pertencentes ao Hidrofitotério, que consiste de uma coleção ao ar livre, com diferentes tipos de macrófitas, destinadas à estudos do Instituto de Botânica, e também à expansão do conhecimento para a comunidade que visita o parque.

Ao total, foram catalogados cinco táxons do gênero Epithemia: Epithemia proboscidea, Epithemia gibba, Epithemia gibberula, Epithemia operculata e Epithemia sp. Das quais, Epithemia proboscidea é primeira citação para o Brasil, e Epithemia gibba e Epithemia operculata são novos registros para o Estado de São Paulo.

Agradecimentos

Os autores agradecem a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior) pela bolsa de Doutorado concedida a KSM e SAO; ao CNPq (Conselho Nacional de Pesquisa) pela bolsa de pesquisa concedida a CEMB; e a FAPEAM (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas) para as bolsas de Doutorado de AMSL (EDITAL N. 003/2015 RH-INTERIORIZAÇÃO) e de EAL (EDITAL N. 010/2015 PROPG - AM). Os autores também agradecem aos dois revisores anônimos pelas contribuições.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    10 Jun 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    13 Mar 2018
  • Aceito
    11 Mar 2019
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