Resumos
Objetivou-se aplicar as experiências musicais para avaliação dos efeitos terapêuticos em náuseas e vômitos associados à quimioterapia antineoplásica e identificar alterações nos parâmetros vitais dos pacientes que participaram da experiência. Estudo descritivo, transversal, nível II, de abordagem quantitativa, realizado com treze pacientes de um ambulatório de quimioterapia de um hospital particular no município de São Paulo. Foram utilizados dois instrumentos, sendo um deles proposto pela MASCC (Multinational Association on Supportive Care in Cancer). A maior parte da amostra foi composta por pacientes do sexo feminino, com idade entre 40 a 60 anos, casadas e com câncer de mama. Reduziu-se a frequência cardíaca em 77% da amostra; a náusea diminuiu em 100% dos pacientes após a primeira experiência musical, e em 85% após a segunda. Concluiuse ter havido houve redução estatisticamente significativa dos sintomas de náusea e vômito após as experiências musicais.
Quimioterapia; Musicoterapia; Náusea; Vômito; Enfermagem Oncológica
The study aimed to evaluate the therapeutic effects of musical experiments in nausea and vomiting associated with antineoplastic chemotherapy, and to identify changes in vital parameters of the patients who participated in the experience. This is a descriptive, transversal study, level II, which used a quantitative approach, conducted with thirteen patients from an outpatient chemotherapy unit, of a private hospital in São Paulo City. Two instruments were used, one of them proposed by MASCC (Multinational Association on Supportive Care in Cancer). The participants were predominantly females, aged 40 to 60 years, married and with breast cancer. Heart rate has decreased in 77% of the sample, and the reduction of nausea occurred in 100% of patients after the first musical experience, and in 85% after the second one. Patients reported disbelief in music in relieving nausea and vomiting before the sessions, and relief of nausea after them. It was concluded that there was a statistically significant reduction of the symptoms nausea and vomiting after the musical experiences.
Drug therapy; Music therapy; Nausea; Vomiting; Oncologic Nursing
Objetivó-se evaluar los efectos terapéuticos de experimentos musicales en las náuseas y los vómitos asociados con la quimioterapia del cáncer, e identificar cambios en los parámetros vitales de los pacientes sometidos a esa experiencia. Estudio descriptivo, exploratorio, transversal, nivel II, con enfoque cuantitativo, llevado a cabo con 13 pacientes de un ambulatorio de quimioterapia, en un hospital privado en São Paulo. En la recopilación de datos, utilizó-se dos instrumentos, uno que fue propuesto por la MASCC (Multinational Associationon Supportive Care in Cancer). Lla mayoría de los participantes estaba compuesta por pacientes de sexo femenino, con edades entre 40 y 60 años, casados y con cáncer de mama. Con respecto a los signos vitales, hubo reducción de la frecuencia cardíaca en 77%; e de las náuseas en el 100% de los pacientes después de la primera experiencia musical, y en el 85% después de la segunda. Antes de las sesiones, los pacientes reportaron falta de fe en la música para el alivio de las náuseas y los vómitos; y alivio de las náuseas después de las sesiones. En conclusión, hubo una reducción estadísticamente significativa en las puntuaciones de náuseas y vómitos después de las experiencias musicales.
Quimioterapia; Musicoterapia; Náusea; Vómito; Enfermería Oncológica
INTRODUÇÃO
A incidência do câncer vem crescendo a cada dia no Brasil e no mundo, e estima-se que, em 2020, o número de casos anuais seja da ordem de 15 milhões(11. Ministério da Saúde (BR), Instituto Nacional do Câncer (BR). Ações de enfermagem para controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. Rio de Janeiro (RJ): INCA; 2008.).
A quimioterapia (QT) constitui uma das modalidades de maior opção para o tratamento do câncer. De acordo com sua finalidade, a QT pode ser classificada em: curativa, que objetiva a erradicação de evidências das células cancerosas; paliativa, que visa minimizar sintomas decorrentes da proliferação tumoral aumentando a sobrevida. Pode ainda ser classificada de acordo com o período do tratamento em que é realizada, podendo ser adjuvante, ou seja, realizada depois de um tratamento principal, como por exemplo, a cirurgia e; neoadjuvante, quando é realizada previamente ao tratamento principal(11. Ministério da Saúde (BR), Instituto Nacional do Câncer (BR). Ações de enfermagem para controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço. 3. ed. Rio de Janeiro (RJ): INCA; 2008.-22. Johnston PG, Spence RAJ. Oncologia. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 2003.).
As principais toxicidades da quimioterapia são: mielodepressão, náuseas e vômitos,
alopecia, toxicidade renal, cardiotoxicidade, toxicidade pulmonar, neurotoxicidade,
lesão gonadal e esterilidade, de acordo com a droga ou a dose(33. Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e
farmacêuticos. 4. ed. São Paulo (SP): Atheneu; 2011.-44. Ballatori E, Roila F. Impact of nausea and vomiting on quality of
life in cancer patients during chemotherapy. Health Qual Life Outcomes [Internet].
2003 [cited 2012 december 12];1:46. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14521717
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14521...
).
Entre os pacientes em tratamento quimioterápico, as náuseas e os vômitos estão entre os
efeitos colaterais mais temidos, pois desencadeiam grande desconforto, além de
prejudicarem a condição nutricional, o equilíbrio hidroeletrolítico e a qualidade de
vida do indivíduo. Muitas vezes, esses efeitos tornam-se fonte de intensa ansiedade e
estresse e, não raro, contribuem para o abandono do tratamento(33. Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e
farmacêuticos. 4. ed. São Paulo (SP): Atheneu; 2011.,55. Bergkvist K, Wengstrom Y. Symptom experiences during chemotherapy
treatment-with focus on nausea and vomiting. Eur J Oncol Nurs [Internet]. 2006 [cited
2012 december 12];10:21-9. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15908274
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15908...
6. Soriano García JL, Lima Pérez M, González González J, Barbán Suárez
R, García Diéguez R, Batista Albuerne N. Náuseas y vómitos inducidos por
quimioterapia antineoplásica. Rev Cuba Med. 2006;45(2):112-22.-77. Giglio A, Mota A. Novos avanços no controle da náusea pós
quimioterapia antineoplásica. Rev Bras Mastologia.
1998;8(4):196-203.).
A náusea pode ser definida como uma sensação subjetiva de incômodo gástrico, período anterior ao ato de vomitar, compreende vários outros sinais autônomos característicos como: salivação, palidez, dilatação pupilar, bradicardia ou taquicardia, variações da pressão arterial, ventilação profunda, rápida e irregular. O vômito é conceituado como a expulsão do conteúdo gástrico através da boca, geralmente é precedido por náusea e frequentemente associado com ânsia (contrações repetitivas da parede abdominal sem expulsão de conteúdo gástrico)(33. Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos. 4. ed. São Paulo (SP): Atheneu; 2011.,66. Soriano García JL, Lima Pérez M, González González J, Barbán Suárez R, García Diéguez R, Batista Albuerne N. Náuseas y vómitos inducidos por quimioterapia antineoplásica. Rev Cuba Med. 2006;45(2):112-22.).
Visto o impacto negativo que as náuseas e os vômitos podem trazer aos pacientes oncológicos em QT, pretendeu-se com esse estudo aplicar as experiências musicais para avaliação dos efeitos terapêuticos desse método nos sintomas de náuseas e vômitos associados à quimioterapia antineoplásica, e identificar as mudanças ocasionadas nos parâmetros vitais (frequência cardíaca, respiratória e pressão arterial antes e após a intervenção musical terapêutica) desse grupo de pacientes.
A música como uma estratégia de cuidado
A música é um elemento que faz parte das diferentes sociedades, desde as mais antigas às atuais. Cada uma destas sociedades utiliza a música de diversas maneiras dando a ela funções específicas. Os escritos relacionados à civilização egípcia nos mostram que a música era utilizada como recurso terapêutico(88. Benenzon RO. Musicoterapia: de la teoría a la práctica. Buenos Aires (AR): Paidós; 2000.).
Efeitos fisiológicos e psicológicos com a utilização da música são descritos no decorrer dos séculos. Durante a Idade Média, artistas menestréis tocavam para as pessoas doentes para acelerar o processo de cura. No século XVIII, Browne afirmou que o canto implica no sistema respiratório, aumenta a pressão na expiração, exercita o pulmão para os asmáticos e é prejudicial para qualquer pessoa acometida de inflamações pulmonares(99. Taets GGC, Barcellos LRM. Música no cotidiano de cuidar: um recurso terapêutico para enfermagem. Rev Pesqui Cuid Fundam. 2010;2(3):1009-16.).
Já no século XIX, Dogiel publicou os efeitos fisiológicos gerados pela música de forma determinante; concluindo que a música altera a pressão sanguínea, os batimentos cardíacos, o sistema respiratório e o circulatório, através das alterações dos elementos musicais: altura, intensidade e timbre. Tarchanoff divulgou também em 1894 que as melodias alteram a força muscular do homem(99. Taets GGC, Barcellos LRM. Música no cotidiano de cuidar: um recurso terapêutico para enfermagem. Rev Pesqui Cuid Fundam. 2010;2(3):1009-16.).
O controle integral da náusea e vômitos pode variar para cada indivíduo, uma vez que outros fatores podem induzir ou potencializar esses efeitos colaterais, como: fatores psicológicos, comportamentais, idade, gênero, índice de massa corpórea (IMC) elevado, quadros de ansiedade e experiência prévia com QT implicando, assim, na necessidade de ações individualizadas e adaptadas para cada pessoa(88. Benenzon RO. Musicoterapia: de la teoría a la práctica. Buenos Aires (AR): Paidós; 2000.).
Os quimioterápicos são classificados em quatro níveis de intensidade emetogênica, de acordo com a frequência dos episódios de vômito. As consideradas nível 4 são altamente emetogênicas, onde a incidência de vômitos é superior a 90%. Nas consideradas de nível 3, a incidência de êmese varia de 30 a 90%, e nas de nível 2, aquelas com baixa incidência de êmese, em torno de 30%. Consideradas como nível 1 estão aquelas que causam muito baixa incidência de êmese (menos que 10%)(33. Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos. 4. ed. São Paulo (SP): Atheneu; 2011.,66. Soriano García JL, Lima Pérez M, González González J, Barbán Suárez R, García Diéguez R, Batista Albuerne N. Náuseas y vómitos inducidos por quimioterapia antineoplásica. Rev Cuba Med. 2006;45(2):112-22.).
A análise de alguns estudos evidencia a associação dos saberes e práticas de
utilização da música para a saúde com práticas médicas associadas às experiências
musicais, trazendo efeitos fisiológicos que envolvem mudanças no metabolismo,
liberação de adrenalina, regulação de frequência respiratória, variações na pressão
arterial sanguínea, redução da fadiga, do tônus muscular e aumento do limiar dos
estímulos sensoriais, melhorando a atenção e a concentração. Este método pode ser
usado como um recurso terapêutico complementar no manejo e no controle dos sintomas,
inclusive advindos do tratamento oncológico(1010. Santos M, Pinho M, Silva S, Dias V. Estudo sobre emese aguda e
tardia em doentes a efectuar quimioterapia, alta e moderadamente emetizantes em
internamento. Onco News [Internet]. [acesso em 12 de dezembro de 2012]. Disponível
em: www.aeop.net/sgc/.../DOCS/bc4c2b62176e8d9818fa088d886747f2.pdf
www.aeop.net/sgc/.../DOCS/bc4c2b62176e8d...
11. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ):
Enelivros; 2000.-1212. Karagozoglu S, Tekyasar F, Yilmaz FA. Effects of music therapy and
guided visual imagery on chemotherapy-induced anxiety and nausea-vomiting. J Clin
Nurs [Internet]. 2012 [cited 2012 december 12[;22(1-2):39-50. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134272
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134...
). Sendo assim, questiona-se: as experiências musicais podem
aliviar os sintomas de náuseas e vômitos associados à quimioterapia
antineoplásica?
A musicoterapia é o campo da medicina que estuda o complexo som-ser humano-som, para utilizar o movimento, o som e a música com o objetivo de abrir canais de comunicação no ser humano, para produzir efeitos terapêuticos. A música e/ou seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) são utilizados, em geral, por um musicoterapeuta qualificado, com um cliente ou grupo, que objetiva desenvolver potenciais ou restabelecer funções do indivíduo para que ele possa alcançar uma melhor qualidade de vida(1111. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ): Enelivros; 2000.).
No contexto da Enfermagem, a música tem sido utilizada como recurso complementar no cuidado ao ser humano, em todas as idades, objetivando restaurar o equilíbrio e o bem estar possível, além de favorecer a comunicação e, muitas vezes, a ampliação da consciência individual no processo saúde/doença(99. Taets GGC, Barcellos LRM. Música no cotidiano de cuidar: um recurso terapêutico para enfermagem. Rev Pesqui Cuid Fundam. 2010;2(3):1009-16.,1111. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ): Enelivros; 2000.).
A musicoterapia não se vale apenas da utilização da música, mas, sim, das
experiências musicais do indivíduo, ou seja, não é somente a música (elemento externo
ao indivíduo) que atua na terapia, mas toda forma de interação entre essa pessoa e a
experiência que tem com a música, incluindo a interação entre pessoas, processos,
produtos e contextos. Na música, existem diferentes tipos de experiências e cada um
desses tipos tem seus potencias específicos e suas aplicações
terapêuticas(1111. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ):
Enelivros; 2000.-1212. Karagozoglu S, Tekyasar F, Yilmaz FA. Effects of music therapy and
guided visual imagery on chemotherapy-induced anxiety and nausea-vomiting. J Clin
Nurs [Internet]. 2012 [cited 2012 december 12[;22(1-2):39-50. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134272
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134...
).
A partir desses pressupostos lançou-se a hipótese de que as experiências musicais são capazes de minimizar náuseas e vômitos apresentados por pacientes submetidos à quimioterapia antineoplásica.
O presente estudo teve como objetivo aplicar as experiências musicais para avaliação dos efeitos terapêuticos em náuseas e vômitos associados à quimioterapia antineoplásica, e identificar se ocorrem alterações nos parâmetros vitais dos pacientes que participam dessas experiências.
MÉTODO
Trata-se de um estudo descritivo, transversal, nível II, que utilizou os recursos da abordagem quantitativa. O estudo foi realizado em um ambulatório de quimioterapia de um hospital geral, particular, de grande porte, localizado no município de São Paulo. Com base em amostragem de conveniência, adotou-se como critério de seleção, pacientes oncológicos admitidos no referido ambulatório de quimioterapia que fizeram uso de quimioterápicos com moderado ou alto potencial emetogênico, no período de julho a dezembro de 2010, e que concordaram em participar da pesquisa preenchendo e assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Treze pacientes participaram do estudo.
Os critérios para inclusão na pesquisa foram pacientes com idade superior a 18 anos que
estavam sendo submetidos à quimioterapia antineoplásica com as seguintes drogas
consideradas de alto ou moderado potencial emetogênico: carmustine, cisplatina,
ciclofosfamida (com dose menor ou maior que 1500mg/m2, via oral e em dias
consecutivos), dacarbazina, mecloretamina, carboplatina, epirrubicina (dose inferior que
90mg/m2), idarrubicina, ifosfamida, irinotecano, citarabina (dose maior
1000mg/m2), dactinomicina, mitoxantrona (dose superior
12mg/m2), daunorrubicina, oxaliplatina, doxorrubicina e procarbazina (via
oral)(33. Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e
farmacêuticos. 4. ed. São Paulo (SP): Atheneu; 2011.,55. Bergkvist K, Wengstrom Y. Symptom experiences during chemotherapy
treatment-with focus on nausea and vomiting. Eur J Oncol Nurs [Internet]. 2006 [cited
2012 december 12];10:21-9. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15908274
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15908...
) e conscientes, sendo verificado o
nível de consciência mediante a aplicação da Escala de Coma Glasgow, com escore igual a
15.
Para a coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos: o primeiro, elaborado pelas autoras da pesquisa, composto por questões sobre os dados sociodemográficos, a pontuação da Escala de Coma Glasgow, a doença oncológica e as associadas, o protocolo quimioterápico, os antieméticos em uso, os hábitos sociais (consumo de álcool e/ou tabaco), e a verificação de parâmetros vitais - pressão arterial (PA), frequência cardíaca (FC) e frequência respiratória (FR), feita antes e após as sessões de musicoterapia. O outro instrumento utilizado foi um formulário elaborado pela Multinational Association of Supportive Care in Cancer (MASCC) adaptado pelas autoras para atender aos objetivos da pesquisa (Anexo A).
O estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein sob o protocolo número10/1385. Previamente à coleta, foi realizada uma solicitação formal de autorização para a coleta dos dados à responsável pelo ambulatório de quimioterapia.
Também, seguindo protocolo formal para testagem da pesquisa, foi realizado contato com a enfermeira do campo de estudo para verificar quais pacientes atendiam aos critérios de inclusão e agendamento para realização das sessões de musicoterapia.
A seguir, os pacientes oncológicos selecionados, foram orientados quanto aos objetivos do estudo e entregue o TCLE. Posteriormente, para aqueles que manifestaram o desejo de participar da pesquisa, foram verificados os sinais vitais e aplicados os instrumentos de coleta.
Para a intervenção musical terapêutica foram trabalhados os elementos fundamentais da música (melodia, harmonia e ritmo) e sua relação com a natureza humana dos pacientes (vida fisiológica, vida mental/emocional, vida mental/cognitiva e social).
Os aportes teóricos que fundamentaram a pesquisa buscaram referências terapêuticas em Edgard Willems(1313. Willems E. Las bases psicológicas de la educación musical. Buenos Aires: Eudeba; 1961.) e da musicoterapia de Benenzon(88. Benenzon RO. Musicoterapia: de la teoría a la práctica. Buenos Aires (AR): Paidós; 2000.) e Bruscia(1111. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ): Enelivros; 2000.).
Ao término de cada sessão, foi realizada novamente a aferição dos sinais vitais, bem como entregue ao entrevistado o instrumento da MASCC. O participante foi orientado quanto ao preenchimento do mesmo e a trazê-lo no segundo dia de quimioterapia preenchido.
Para a comparação dos efeitos das experiências musicais nas náuseas e vômitos associados à quimioterapia antes e após as sessões foi utilizado o teste de Wilcoxon que consiste em um teste não paramétrico, equivalente ao T student, e foi utilizado para comparar a diferença entre os escores de náuseas antes e após as duas experiências musicais. O teste de Wilcoxon compreende um teste usado quando os dados não atendem às suposições básicas do teste T student.
RESULTADOS
Caracterização da amostra
Foram coletados dados de 13 pacientes, sendo que oito fizeram duas sessões de musicoterapia e cinco apenas uma, pois, no decorrer da pesquisa, alguns pacientes foram internados por motivos outros que não náusea e vômito.
A maior parte da população foi composta por pacientes do sexo feminino (61%), com idade entre 40 a 60 anos (60%), casados (77%) e com câncer de mama (31%).
No Quadro 1 visualizam-se os quimioterápicos utilizados em cada paciente e as medicações coadjuvantes para controle de náusea e vômito. Houve uma combinação de drogas de alto nível emetogênico, moderado e baixo.
Distribuição dos quimioterápicos, antieméticos e medicações adjuvantes para náusea e vômito por paciente participante do estudo. São Paulo-SP, 2010
Os pacientes nº 2, 3, 4, 6, 7 e 11 utilizaram quimioterápicos de moderado risco emetogênico, representando a maioria (46%) da amostra. Dois pacientes (nº 12 e 13) receberam quimioterápicos com moderado e baixo risco emetogênico concomitantemente, representando 15% amostra. Outros dois pacientes (nº 8 e 10) receberam quimioterápicos com alto potencial emetogênico (15%). Um paciente (nº 9) recebeu uma combinação de drogas de alto e moderado nível emetogênico.
Todos os pacientes estavam fazendo uso de, pelo menos, uma droga quimioterápica de alto ou moderado potencial emetogênico, com exceção do paciente nº 5 que estava em tratamento com gencitabina, droga classificada de baixo potencial emetogênico. No entanto, esse paciente foi incluído, pois apresentava queixa de êmese constante e foi indicado pela nutricionista do ambulatório para a sessão de musicoterapia.
Os pacientes fizeram uso de antieméticos antes da infusão do quimioterápico, conforme os guidelines propostos internacionalmente pela National Comprehensive Cancer Network (NCCN) e pela American Society of Clinical Oncology (ASCO), inclusive o fármaco aprepitante, medicação inibidora de neuroquinina (NK1), preconizada para protocolos quimioterápicos de moderado e alto potencial emetogênico.
Com relação aos sinais vitais, não houve alterações significativas na pressão arterial da maioria dos pacientes. Contudo, houve redução da frequência cardíaca em 77% da amostra (pacientes nº 1, 2, 4, 5, 6, 8, 10, 11, 12, 13); e redução da frequência respiratória na maioria dos pacientes, com exceção do paciente nº 7, após as sessões de musicoterapia.
Visualiza-se na Tabela 1 que não houve significância estatística na variação dos sinais vitais antes e após as sessões de musicoterapia, utilizando-se o teste T de Student, onde o p foi sempre maior que 0,05.
Correlação entre as médias de sinais vitais antes e após as sessões de musicoterapia. São Paulo-SP, 2010
Observa-se na Tabela 2 que houve redução significativa de náuseas antes e após as sessões de musicoterapia. Antes e após a primeira sessão houve significância no Teste de Wilcoxon de 0,001, e antes e após a segunda experiência musical, a significância foi de 0,005.
Comparação entre as médias de náuseas antes e após as experiências musicais pelo Teste de Wilcoxon. São Paulo-SP, 2010
DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo aplicar as experiências musicais para avaliação dos efeitos terapêuticos em náuseas e vômitos associados à quimioterapia antineoplásica e identificar alterações nos parâmetros vitais.
Todos os pacientes na presente pesquisa utilizavam antieméticos de primeira geração como antagonistas de 5HT3 (ondasentrona, granisentrona, entre outros), e de segunda geração (palonosentrona e antagonistas de NK1 - aprepitante) que permitem um ótimo controle de náusea e vômito causados pela quimioterapia(22. Johnston PG, Spence RAJ. Oncologia. Rio de Janeiro (RJ): Guanabara Koogan; 2003.). No entanto, o número de pacientes que apresentavam náuseas ou vômitos na primeira experiência musical sugere que, somente a terapia farmacológica, não controla totalmente os sintomas em 100% dos casos de pacientes submetidos à quimioterapia de alto ou moderado potencial emetogênico.
Em grande ensaio clínico randomizado, cerca de 50% dos doentes em tratamento com
quimioterapia de elevado risco emético tiveram vômitos, e 58% experienciaram náuseas,
apesar de submetidos à terapia antiemética(1414. Waar DG. Chemotherapy and cancer related nausea and vomiting. Curr
Oncol [Internet]. 2008 [cited 2012 december 12];15(1):1-9. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2216421/
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles...
).
Neste estudo, foi possível observar que não houve alterações estatisticamente
significativas com relação aos parâmetros vitais. Em um estudo sobre os efeitos
terapêuticos da música após cirurgia cardíaca em 79 crianças, em uma Unidade de Terapia
Intensiva, foi verificado uma contribuição importante da música no controle da dor, da
ansiedade e na redução dos sinais vitais, principalmente na frequência cardíaca e
respiratória(1515. Hatem TP, Lira PI, Mattos SS. The therapeutic effects of music in
children following cardiac surgery. J Pediatr [Internet]. 2006 [cited 2012 december
12];82(3):186-92. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680285
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680...
).
Já com relação ao escore de náusea e vômito houve redução estatisticamente
significativa, assim como em outro estudo que utilizou também técnica não farmacológica
para controle desses sintomas, evidenciando que apenas a abordagem farmacológica não é
suficiente para o controle total dos mesmos em pacientes submetidos à quimioterapia de
alto e moderado potencial emético(1616. Mandel SE, Hanser SB, Ryan LJ. Effects of a music-assisted
relaxation and imagery compact disc recording on health-related outcomes in cardiac
rehabilitation. Music Ther Perspect [Internet]. 2010 [cited 2012 december
12];28(1):11-21. Available from:
http://mtp.oxfordjournals.org/content/28/1/11.short?rss=1&ssource=mfr
http://mtp.oxfordjournals.org/content/28...
), confirmando a hipótese dos autores de que tais efeitos
poderiam ser reduzidos com as experiências musicais. Pesquisa realizada nos Estados
Unidos da América afirmou que a música reduziu significativamente a incidência de
náuseas e vômitos induzida por quimioterapia, e que pode ser usada como um abordagem de
apoio no processo de quimioterapia para o paciente(1717. Gimeno MM. The effect of music and imagery to induce relaxation and
reduce nausea and emesis in patients with cancer undergoing chemotherapy treatment.
Music Medicine [Internet]. 2010 [cited 2012 december 12];2(3):174-81. Available from:
http://mmd.sagepub.com/content/2/3/174.abstract
http://mmd.sagepub.com/content/2/3/174.a...
).
Em uma reflexão teórica sobre a importância das intervenções não farmacológicas
direcionadas a procedimentos de enfermagem para pacientes com câncer, discute-se e
enfatiza-se a musicoterapia como recurso relevante na área de
enfermagem(1818. Lee YY, Chan MF, Mok E. Effectiveness of music intervention on the
quality of life of older people. J Adv Nurs [Internet]. 2010 [cited 2012 december
12];66(12):2677-87. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20831571
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20831...
). Assim,
torna-se necessária a inserção de programas de educação permanente em serviço de saúde
com treinamento para o uso de terapias complementares, a fim de aumentar o interesse e a
sensibilidade das equipes de profissionais que trabalham nessa área(1919. Caminha LB, Silva MJP, Leão ER. The influence of musical rhythms on
the perception of subjetive states of adult patients on dialysis. Rev Esc Enferm USP
[Internet]. 2009 [cited 2012 december 12];43(4):923-9. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20085165
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20085...
-2020. Burns JL, Labbé E, Arke B, Capeless K, Cooksey B, Steadman A, et al.
The effects of different types of music on perceived and physiological measures of
stress. J Music Ther [Internet]. 2002 [cited 2012 december 12];39(2):101-16.
Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12213081
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12213...
), especialmente em setores de oncologia.
Destarte, os estudos supracitados reforçam e corroboram os achados da presente pesquisa, que mostrou que o uso de técnica não farmacológica é uma alternativa para o controle de náuseas e vômitos. O presente estudo, dentro das limitações da amostra, demonstrou que a musicoterapia foi uma importante ferramenta para minimizar a náusea e vômito associados à quimioterapia antineoplásica, visto que houve uma diferença estatística significativa (p<0,005) na percepção dos participantes da pesquisa depois das experiências musicais.
Pode-se verificar que a musicoterapia vem sendo utilizada para diferentes tipos de população e com diferentes objetivos, como redução de ansiedade e dor. No entanto, houve dificuldade na obtenção de estudos sobre a utilização desta terapia em pacientes oncológicos com náusea e vômito.
Ressalta-se que, para se obter uma intervenção musical eficiente, foi considerado neste estudo, aspectos importantes de acordo com os aportes teóricos(88. Benenzon RO. Musicoterapia: de la teoría a la práctica. Buenos Aires (AR): Paidós; 2000.,1111. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ): Enelivros; 2000.,1313. Willems E. Las bases psicológicas de la educación musical. Buenos Aires: Eudeba; 1961.) como a preferência musical, o tempo de intervenção, os atributos e natureza da música, o desejo do indivíduo em participar de atividades envolvendo música, a idade e os efeitos fisiológicos desencadeados pela música.
Diversos autores orientam sobre a estratégia de se considerar a preferência musical do
paciente para a eficácia da terapia(88. Benenzon RO. Musicoterapia: de la teoría a la práctica. Buenos Aires
(AR): Paidós; 2000.,1111. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ):
Enelivros; 2000.-1212. Karagozoglu S, Tekyasar F, Yilmaz FA. Effects of music therapy and
guided visual imagery on chemotherapy-induced anxiety and nausea-vomiting. J Clin
Nurs [Internet]. 2012 [cited 2012 december 12[;22(1-2):39-50. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134272
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134...
,1515. Hatem TP, Lira PI, Mattos SS. The therapeutic effects of music in
children following cardiac surgery. J Pediatr [Internet]. 2006 [cited 2012 december
12];82(3):186-92. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680285
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680...
16. Mandel SE, Hanser SB, Ryan LJ. Effects of a music-assisted
relaxation and imagery compact disc recording on health-related outcomes in cardiac
rehabilitation. Music Ther Perspect [Internet]. 2010 [cited 2012 december
12];28(1):11-21. Available from:
http://mtp.oxfordjournals.org/content/28/1/11.short?rss=1&ssource=mfr
http://mtp.oxfordjournals.org/content/28...
-1717. Gimeno MM. The effect of music and imagery to induce relaxation and
reduce nausea and emesis in patients with cancer undergoing chemotherapy treatment.
Music Medicine [Internet]. 2010 [cited 2012 december 12];2(3):174-81. Available from:
http://mmd.sagepub.com/content/2/3/174.abstract
http://mmd.sagepub.com/content/2/3/174.a...
), pois o
êxito do tratamento complementar depende do prazer despertado pela música, fazendo com
que o cérebro da pessoa privilegie sensações prazerosas em detrimento dos efeitos do
tratamento quimioterápico.
Em relação à natureza e aos atributos da música, como o ritmo, a harmonia, a melodia e o
volume, esses precisam ser levados em consideração de acordo com os efeitos que se
almeja alcançar com a intervenção musical(1111. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ):
Enelivros; 2000.,1616. Mandel SE, Hanser SB, Ryan LJ. Effects of a music-assisted
relaxation and imagery compact disc recording on health-related outcomes in cardiac
rehabilitation. Music Ther Perspect [Internet]. 2010 [cited 2012 december
12];28(1):11-21. Available from:
http://mtp.oxfordjournals.org/content/28/1/11.short?rss=1&ssource=mfr
http://mtp.oxfordjournals.org/content/28...
-1717. Gimeno MM. The effect of music and imagery to induce relaxation and
reduce nausea and emesis in patients with cancer undergoing chemotherapy treatment.
Music Medicine [Internet]. 2010 [cited 2012 december 12];2(3):174-81. Available from:
http://mmd.sagepub.com/content/2/3/174.abstract
http://mmd.sagepub.com/content/2/3/174.a...
). Músicas com ritmo e melodia mais
calmas e com tons mais graves são as mais indicadas quando se deseja proporcionar
sensações de tranquilidade, pois estes componentes podem reduzir a agitação, a ansiedade
e promover relaxamento e prazer(88. Benenzon RO. Musicoterapia: de la teoría a la práctica. Buenos Aires
(AR): Paidós; 2000.,1212. Karagozoglu S, Tekyasar F, Yilmaz FA. Effects of music therapy and
guided visual imagery on chemotherapy-induced anxiety and nausea-vomiting. J Clin
Nurs [Internet]. 2012 [cited 2012 december 12[;22(1-2):39-50. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134272
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134...
).
Segundo Lee e colaboradores, os profissionais acreditam nos efeitos benéficos da
musicoterapia(1818. Lee YY, Chan MF, Mok E. Effectiveness of music intervention on the
quality of life of older people. J Adv Nurs [Internet]. 2010 [cited 2012 december
12];66(12):2677-87. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20831571
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20831...
). Esse
talvez seja o primeiro passo no sentido de aplicação dessa terapia, dentre outras
possíveis, nas diferentes áreas(1818. Lee YY, Chan MF, Mok E. Effectiveness of music intervention on the
quality of life of older people. J Adv Nurs [Internet]. 2010 [cited 2012 december
12];66(12):2677-87. Available from:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20831571
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20831...
) de saúde. Acredita-se que muitos profissionais da saúde não
utilizam essa forma de terapia, provavelmente, por não se sentirem preparados para
tal.
Destarte, deve-se frisar que a intervenção musical traz benefícios tanto fisiológicos
quanto psicológicos para pessoas em qualquer faixa etária(88. Benenzon RO. Musicoterapia: de la teoría a la práctica. Buenos Aires
(AR): Paidós; 2000.,1111. Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ):
Enelivros; 2000.,1717. Gimeno MM. The effect of music and imagery to induce relaxation and
reduce nausea and emesis in patients with cancer undergoing chemotherapy treatment.
Music Medicine [Internet]. 2010 [cited 2012 december 12];2(3):174-81. Available from:
http://mmd.sagepub.com/content/2/3/174.abstract
http://mmd.sagepub.com/content/2/3/174.a...
) e pode-se
constituir em um recurso eficaz para qualificar o cuidado ao paciente oncológico, além
de ser uma intervenção de baixo custo, não farmacológica e não invasiva.
O enfermeiro pode ser um facilitador do processo do uso da musicoterapia, expandindo sua atuação através da implantação da intervenção musical nos serviços de saúde, participando não só como executor do projeto, mas também da avaliação de sua eficácia. Assim, possibilitará a amenização do sofrimento de pacientes, especialmente os oncológicos em tratamento quimioterápico. Mas, para isso, o profissional precisará buscar conhecimentos específicos para saber como atuar, avaliar e orientar os pacientes e demais membros da equipe de saúde sobre os benefícios dessa terapia complementar.
CONCLUSÃO
Embora a música tenha influenciado minimamente nas modificações dos parâmetros vitais, houve redução estatisticamente significativa de náuseas e vômitos antes e após as experiências musicais. Assim, apesar de não permitir generalizações, em razão do número de pacientes estudados, pode-se concluir que a utilização da música diminuiu e proporcionou alívio nas náuseas e vômitos dos participantes.
Ressalta-se que o estudo apresenta como limitação o reduzido tamanho amostral, decorrente de ter sido realizado em uma única unidade ambulatorial com os pacientes submetidos a quimioterapia antineoplásica em uso de drogas consideradas de alto ou moderado potencial emetogênico, apesar de estar de acordo com os critérios estipulados no método. Contudo, essa limitação serve como orientação para estudos futuros mais aprofundados que ratifiquem os resultados positivos e estimulem a continuidade desse tipo de avaliação com grupos maiores de pacientes e em diferentes espaços hospitalares para uma possível confirmação desses resultados preliminares.
Os dados apresentados sinalizam para a utilização da musicoterapia como abordagem terapêutica adjuvante no tratamento quimioterápico para portadores de câncer, pois contribui para a redução de náusea e vômito e, consequentemente, para a melhoria da qualidade de vida do indivíduo em uso de drogas antineoplásicas.
Pretende-se que os resultados deste estudo incentivem o uso de terapias complementares na prática da Enfermagem. Entretanto, é necessário que o profissional esteja motivado, seja qualificado e treinado para realizar as intervenções com segurança, de acordo com os princípios éticos, respeitando as preferências do ser humano e apropriando-se do domínio da terapia a ser utilizada.
ANEXO A- FORMULÁRIO ADAPTADO DE INSTRUMENTO ANTIEMÉTICO MASCC (MULTINATIONAL ASSOCIATION ON SUPORTIVE CARE IN CANCER)
REFERÊNCIAS
-
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-
3Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e farmacêuticos. 4. ed. São Paulo (SP): Atheneu; 2011.
-
4Ballatori E, Roila F. Impact of nausea and vomiting on quality of life in cancer patients during chemotherapy. Health Qual Life Outcomes [Internet]. 2003 [cited 2012 december 12];1:46. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14521717
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» http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15908274 -
6Soriano García JL, Lima Pérez M, González González J, Barbán Suárez R, García Diéguez R, Batista Albuerne N. Náuseas y vómitos inducidos por quimioterapia antineoplásica. Rev Cuba Med. 2006;45(2):112-22.
-
7Giglio A, Mota A. Novos avanços no controle da náusea pós quimioterapia antineoplásica. Rev Bras Mastologia. 1998;8(4):196-203.
-
8Benenzon RO. Musicoterapia: de la teoría a la práctica. Buenos Aires (AR): Paidós; 2000.
-
9Taets GGC, Barcellos LRM. Música no cotidiano de cuidar: um recurso terapêutico para enfermagem. Rev Pesqui Cuid Fundam. 2010;2(3):1009-16.
-
10Santos M, Pinho M, Silva S, Dias V. Estudo sobre emese aguda e tardia em doentes a efectuar quimioterapia, alta e moderadamente emetizantes em internamento. Onco News [Internet]. [acesso em 12 de dezembro de 2012]. Disponível em: www.aeop.net/sgc/.../DOCS/bc4c2b62176e8d9818fa088d886747f2.pdf
» www.aeop.net/sgc/.../DOCS/bc4c2b62176e8d9818fa088d886747f2.pd -
11Bruscia KE. Definindo musicoterapia. 2. ed. Rio de Janeiro (RJ): Enelivros; 2000.
-
12Karagozoglu S, Tekyasar F, Yilmaz FA. Effects of music therapy and guided visual imagery on chemotherapy-induced anxiety and nausea-vomiting. J Clin Nurs [Internet]. 2012 [cited 2012 december 12[;22(1-2):39-50. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134272
» http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23134272 -
13Willems E. Las bases psicológicas de la educación musical. Buenos Aires: Eudeba; 1961.
-
14Waar DG. Chemotherapy and cancer related nausea and vomiting. Curr Oncol [Internet]. 2008 [cited 2012 december 12];15(1):1-9. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2216421/
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15Hatem TP, Lira PI, Mattos SS. The therapeutic effects of music in children following cardiac surgery. J Pediatr [Internet]. 2006 [cited 2012 december 12];82(3):186-92. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680285
» http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16680285 -
16Mandel SE, Hanser SB, Ryan LJ. Effects of a music-assisted relaxation and imagery compact disc recording on health-related outcomes in cardiac rehabilitation. Music Ther Perspect [Internet]. 2010 [cited 2012 december 12];28(1):11-21. Available from: http://mtp.oxfordjournals.org/content/28/1/11.short?rss=1&ssource=mfr
» http://mtp.oxfordjournals.org/content/28/1/11.short?rss=1&ssource=mfr -
17Gimeno MM. The effect of music and imagery to induce relaxation and reduce nausea and emesis in patients with cancer undergoing chemotherapy treatment. Music Medicine [Internet]. 2010 [cited 2012 december 12];2(3):174-81. Available from: http://mmd.sagepub.com/content/2/3/174.abstract
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18Lee YY, Chan MF, Mok E. Effectiveness of music intervention on the quality of life of older people. J Adv Nurs [Internet]. 2010 [cited 2012 december 12];66(12):2677-87. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20831571
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19Caminha LB, Silva MJP, Leão ER. The influence of musical rhythms on the perception of subjetive states of adult patients on dialysis. Rev Esc Enferm USP [Internet]. 2009 [cited 2012 december 12];43(4):923-9. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20085165
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20Burns JL, Labbé E, Arke B, Capeless K, Cooksey B, Steadman A, et al. The effects of different types of music on perceived and physiological measures of stress. J Music Ther [Internet]. 2002 [cited 2012 december 12];39(2):101-16. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12213081
» http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12213081
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
Jul-Aug 2014
Histórico
-
Recebido
12 Dez 2012 -
Aceito
26 Jun 2014