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Controle da podridão-parda e características físico-químicas de pêssegos 'Magnum' submetidos a tratamentos pós-colheita com elicitores abióticos

Control of brown rot and physical-chemical characteristics in 'Magnum' peaches postharvesttreated with abiotic elicitors

Resumos

Este trabalho objetivou avaliar as características físico-químicas em pêssegos cultivar Magnum e fazer o controle pós-colheita da podridão-parda dos frutos submetidos a elicitores abióticos durante o armazenamento refrigerado. Os tratamentos foram: testemunha (sem tratamento), irradiação UV-C de 254 nm, ozônio, na concentração de 0,03 μL L-1, fosfito-K (40% de P2O5 e 20% de K2O) e acibenzolar-S-metil (50% de i.a.). Os frutos foram armazenados sob refrigeração a -0,5 °C durante 30 dias, sendo avaliados na saída da câmara e após cinco dias a 20 °C. Somente houve redução do crescimento da lesão causada pelo fungo Monilinia fructicola com o tratamento com ozônio; entretanto, os frutos deste tratamento apresentaram escurecimento na epiderme. Os demais elicitores não apresentaram efeitos na redução do crescimento da lesão.

Prunus persica L. Batsch; conservação; Monilinia fructicola; armazenamento refrigerado


The aims of this work to evaluate the physico-chemical and control of post-harvest brown rot in 'Magnum' peaches subjected to abiotic elicitors during cold storage. The treatments were: 1-) control, 2-) UV-C irradiation of 254 nm, 3-) ozone, concentration of 0,03 μL L-1, 4-) phosphate-K (40% of P2O5 and 20% of K2O), and 5-) Acibenzolar-S-methyl (BION®, 50% of a.i). Fruits were stored at - 0.5 ° C for 30 days, being evaluated at the opening of chamber and five days at 20 ° C. Only ozone treatments reduced the growth of the lesion caused by the fungus Monilinia fructicola, however, it caused browning on the skin of the fruit. The other elicitors had no effect in reducing fungal growth.

Prunus persica L. Batsch; conservation


FITOSSANIDADE

Controle da podridão-parda e características físico-químicas de pêssegos 'Magnum' submetidos a tratamentos pós-colheita com elicitores abióticos

Control of brown rot and physical-chemical characteristics in 'Magnum' peaches postharvesttreated with abiotic elicitors

Cláudia Kaehler SautterI; Auri BrackmannII; Rogério de Oliveira AneseIII; Anderson WeberIV; Mara Regina RizzattiV; Elizandra Pivotto PavanelloVI

IFarmacêutica, Pós-Doutoranda em Ciência e Tecnologia de Alimentos. Departamento de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal de Santa Maria, Av. Roraima, 1.000, Cidade Universitária, Bairro Camobi, 97105‑900 Santa Maria - RS- Brasil. kaehler@terra.com.br

IIEng.Agrônomo, Doutor em Agronomia. Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Santa Maria. Av. Roraima, 1000, prédio 77, sala 22, Bairro Camobi, 97105-900, Santa Maria - RS Brasil. auribrackmann@gmail.com IIIAcadêmico do Curso de Agronomia. Universidade Federal de Santa Maria. Av. Roraima, 1000, prédio 77, sala 22, Bairro Camobi, 97105-900, Santa Maria - RS Brasil.rogerio_anese@yahoo.com.br IVEngenheiro Agrônomo, Doutorando em Agronomia. Universidade Federal de Santa Maria. Av. Roraima, 1000, prédio 77, sala 22, Bairro Camobi, 97105-900, Santa Maria - RS Brasil. anweba@yahoo.com.br VFísica, Doutora em Física. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Centro de P&D em Física/GFR. Avenida Ipiranga, 6681, prédio 96A‑104, 90619‑900, Porto Alegre - RS Brasil. marar@pucrs.br VIEngenheira Agrônoma, Mestranda em Agronomia. Universidade Federal de Santa Maria. Av. Roraima, 1000, prédio 77, sala 22, Bairro Camobi, 97105-900, Santa Maria - RS Brasil. elizandra_pavanello@yahoo.com.br.

RESUMO

Este trabalho objetivou avaliar as características físico-químicas em pêssegos cultivar Magnum e fazer o controle pós-colheita da podridão-parda dos frutos submetidos a elicitores abióticos durante o armazenamento refrigerado. Os tratamentos foram: testemunha (sem tratamento), irradiação UV-C de 254 nm, ozônio, na concentração de 0,03 μL L-1, fosfito-K (40% de P2O5 e 20% de K2O) e acibenzolar-S-metil (50% de i.a.). Os frutos foram armazenados sob refrigeração a -0,5 °C durante 30 dias, sendo avaliados na saída da câmara e após cinco dias a 20 °C. Somente houve redução do crescimento da lesão causada pelo fungo Monilinia fructicola com o tratamento com ozônio; entretanto, os frutos deste tratamento apresentaram escurecimento na epiderme. Os demais elicitores não apresentaram efeitos na redução do crescimento da lesão.

Palavras-chave: Prunus persica L. Batsch, conservação, Monilinia fructicola, armazenamento refrigerado.

ABSTRACT

The aims of this work to evaluate the physico-chemical and control of post-harvest brown rot in 'Magnum' peaches subjected to abiotic elicitors during cold storage. The treatments were: 1-) control, 2-) UV-C irradiation of 254 nm, 3-) ozone, concentration of 0,03 μL L-1, 4-) phosphate-K (40% of P2O5 and 20% of K2O), and 5-) Acibenzolar-S-methyl (BION®, 50% of a.i). Fruits were stored at - 0.5 ° C for 30 days, being evaluated at the opening of chamber and five days at 20 ° C. Only ozone treatments reduced the growth of the lesion caused by the fungus Monilinia fructicola, however, it caused browning on the skin of the fruit. The other elicitors had no effect in reducing fungal growth.

Key words: Prunus persica L. Batsch, conservation, Monilinia fructicola, cold storage.

INTRODUÇÃO

A cultura do pessegueiro apresenta grande expressão na região Sul do Brasil. Um dos problemas da persicultura está na fase pós-colheita, em que ocorrem grandes perdas decorrentes do ataque de patógenos causadores de podridões, como o fungo Monilinia fructicola, causador da podridão parda. Atualmente, o controle dessa doença é feito com fungicidas aplicados na pré-colheita, uma vez que na pós-colheita o uso é restringido pela legislação brasileira. A utilização excessiva desses produtos pode resultar na resistência do patógeno ao ingrediente ativo, causando desequilíbrio ambiental e consequente redução do controle biológico, além de deixar resíduos no fruto (Nascimento, 2008), trazendo risco à saúde dos consumidores. Atualmente, tem-se buscado métodos de controle alternativos que diminuam esses impactos.

Um dos métodos viáveis, de baixo custo e que não compromete a saúde humana, é a utilização de elicitores abióticos que induzem uma resposta de defesa no fruto. Dente esses, um dos possíveis métodos para o controle de podridões é a irradiação ultravioleta tipo C (UV-C) (Gonzalez-Aguilar et al., 2004). Um dos mecanismos de ação da irradiação é a geração de radicais livres no patógeno através da radiólise da água, os quais podem danificar e/ou causar mutações no DNA do microrganismo, inviabilizando o seu metabolismo (Fan & Sokorai, 2005). A irradiação em tomates proporcionou menor atividade da enzima poligalacturonase e manteve a firmeza da polpa (Stevens et al., 2004). Por outro lado, Gonzalez-Aguilar et al. (2004), trabalhando com pêssego cultivar Jefferson, reportam que essa técnica causou redução na firmeza, aumento na taxa respiratória e síntese de etileno. A resposta dos produtos à irradiação é específica para cada espécie e variedade (Fan et al., 2008), fato comprovado em alfaces, em que distintos cultivares apresentaram diferentes respostas à irradiação (Niemira et al., 2002).

Outro mecanismo que induz a resposta de defesa no fruto ocorre pela geração de radicais livres no fruto que, por sua vez, induz o metabolismo secundário pela ativação da fenilalanina-amonialiase (PAL), enzima-chave no metabolismo secundário, que, com isso, aumenta o teor de fenóis no fruto (Fan et al., 2008), possibilitando aumento da resistência contra patógenos. A aplicação de ozônio é outra técnica promissora, por inativar os microrganismos que reagem com enzimas intracelulares, ácidos nucléicos e lipídios insaturados (Khadre et al., 2001; Sharpe et al., 2009), além de ativar mecanismos de defesa da célula do fruto (Langebartels et al., 2002). Essa técnica, segundos alguns estudos, é importante alternativa no combate a podridões na substituição dos defensivos químicos (Khadre et al., 2001). O ozônio reduziu a incidência de Monilinia fructicola em pêssegos Elegant Lady (Palou et al., 2002), o que contraria os resultados de Spalding (1966). Em outros frutos como caqui (Salvador et al., 2006), tomate (Rodoni et al., 2010) e morango (Nadas et al., 2003), o ozônio apresentou efeito positivo na conservação. O efeito do ozônio parece ser altamente dependente do tipo de fruto, sendo, portanto, necessários estudos para cada espécie de fruta e cultivar (Liew & Prange, 1994).

O fosfito, proveniente da neutralização do ácido fosforoso com uma base, também atua no controle de fungos. Seu modo de ação pode ser de forma direta no patógeno; ou indireta, estimulando respostas de defesa no hospedeiro (Guest & Grant, 1991). O uso do fosfito reduziu a incidência de podridões em maçãs cultivares Gala (Brackmann et al., 2004) e Fuji (Sautter et al., 2008). Em pêssegos, as informações na literatura sobre o uso do fosfito como elicitor são escassas.

Um dos mecanismos de defesa das plantas é a resistência sistêmica adquirida (RSA), essa tem o ácido salicílico (AS) como molécula fundamental na sinalização da resposta, o qual induz a biosíntese de enzimas que atuam na formação de compostos de defesa vegetal, como polifenóis e alcalóides, e também proteínas relacionadas à patogenicidade (proteínas-RP) (Taiz & Zeiger, 2004a). Um composto análogo ao AS é o Acibenzolar-S-metil (ASM), esse atua ativando o mecanismo de resistência contra fungos, vírus e bactérias (Cole et al., 1999). O ASM induziu a resistência contra algumas doenças fúngicas em pera, pepino (Ishii et al., 1999), tabaco (Cole, 1999), morangos (Mazaro et al., 2008) e em pêssegos (Danner et al., 2008). O efeito benéfico desse elicitor já foi comprovado em pêssegos cultivar Conserva 861, podendo contribuir no manejo integrado da podridão-parda (Danner et al., 2008). No entanto, estes autores sugerem que seja testado em outras variedades e também em condições de desenvolvimento do fungo, como no armazenamento refrigerado.

O objetivo deste trabalho foi avaliar as características físico-químicas e o controle pós-colheita da podridão-parda em pêssegos cultivar Magnum submetidos a diferentes elicitores abióticos durante o armazenamento refrigerado.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em 2005, no Núcleo de Pesquisa em Pós-colheita da Universidade Federal de Santa Maria. Os pêssegos cultivar Magnum foram colhidos em um pomar comercial em Canguçu, RS, e selecionados quanto à ausência de dano mecânico ou fitopatológico. Os frutos foram colhidos quando apresentavam firmeza de polpa de 45,1 N, acidez titulável de 12,4 g ml-1 e sólidos solúveis totais de 16,9 °Brix. A amostragem foi constituída por 20 frutos representativos. Para a avaliação dos tratamentos quanto às características físicas e químicas dos frutos, foram usadas quatro repetições, em delineamento inteiramente casualizado. Foram usadas outras quatro repetições no mesmo delineamento para a avaliação da podridão-parda.

Os cinco tratamentos estudados foram: 1) testemunha (sem tratamento), 2) irradiação ultravioleta do tipo C (UV-C), 3) ozônio, 4) fosfito e 5) acibenzolar-S-metil (ASM), todos os frutos armazenados a -0,5 °C.

A irradiância UV-C foi obtida por meio de espectrorradiômetro, modelo IL 2000, da marca International Light, e as doses foram calculadas por intermédio da integração da irradiância pelo tempo de exposição, segundo procedimento técnico do ANALI 087/GFR (Rizzatti, 2006). O regime de exposição de 254 nm na dose de 2,4 kJ m2 foi aplicado à temperatura de 30 ºC em uma câmara de irradiação dotada de quatro fontes, com acionamento independente.

O ozônio foi aplicado durante o armazenamento em minicâmaras de 400 m3, equipadas com purificador de ar, modelo OTB10W.C, que produziu ozônio com a concentração de 0,03 μL L-1 (Sautter et al., 2008) no interior dessas minicâmaras. A aplicação de fosfito foi feita por imersão, por 3 min, em uma solução de fosfito (Fitofos®), o qual apresentava 40% de P2O5 e 20% de K2O, com água destilada e deionizada na concentração de 1,27 g L-1 de P2O5 e 1,18 g L-1 de K2O e espalhante adesivo Silwet L77® (0,05% v/v). A aplicação de ASM (BION®, 50% de i.a) também foi feita por imersão, por 3 min, juntamente com o espalhante adesivo Silwet L77® (0,05% v/v).

Oito repetições com 20 frutos foram separadas para cada tratamento, tendo quatro delas sido inoculadas com o fungo Monilinia fructicola para avaliação da incidência de podridão-parda. Posteriormente, todas as repetições foram mantidas em câmara fria a -0,5 ºC, por 30 dias.

O fungo Monilinia fructicola, coletado dos tecidos de frutos contaminados, foi identificado por sua estrutura morfológica e isolado pelo método de isolamento monospórico (Santos et al., 2009). A estirpe isolada foi cultivada em meio batata-dextrose-ágar (BDA) e Mathur. Posteriormente, foi feita diluição dos esporos para 2,4.105 esporos mL-1 com auxílio da câmara de Neubauer. Cada fruto foi perfurado na região equatorial, em dois pontos opostos, com auxílio de uma ponteira com 3 mm de diâmetro e 5 mm de profundidade. Em cada ponto, foram inoculados 30 μL da suspensão de esporos. Após a secagem a 20 °C da alíquota inoculada, os frutos foram armazenados em câmaras assépticas nas mesmas condições previamente determinadas para as amostras não inoculadas. Após 30 dias de armazenamento refrigerado, os frutos foram expostos a 20 °C por sete dias e as lesões foram medidas com auxílio de paquímetro.

Após 30 dias de armazenamento ou depois de mais cinco dias de exposição a 20 ºC, os frutos não inoculados foram analisados para as seguintes características físico-químicas: 1) sólidos solúveis totais, 2) acidez titulável, 3) firmeza de polpa, 4) concentração de polifenóis totais e 5) açúcares redutores e não redutores. Os SST foram determinados com o auxílio de um refratômetro manual com correção da temperatura. A acidez titulável foi determinada por meio da titulação de 10 mL de suco diluídos em 100 mL de água destilada, com uma solução de NaOH 0,1N até pH 8,1. A firmeza de polpa foi determinada na porção equatorial do fruto, com um penetrômetro manual e uma ponteira de 7,9 mm de diâmetro. Para a determinação da concentração de polifenóis totais foi utilizado o método colorimétrico (Singleton & Rossi Junior, 1965). Em tubo de ensaio, adicionaram-se 200 μL de amostra diluída (1:10) em solução etanol/ácido clorídrico/água, na proporção de 70/1/30 (V/V/V), 1.000 μL de reagente de Folin-Ciocalteu, diluído (1:10) em água destilada e deionizada. Entre 3' s e 8", adicionaram-se 800 μL de Na2CO3 7,5%. Após duas horas ao abrigo da luz, foi lida a absorbância a 765 nm em espectrofotômetro da marca FEMTO, modelo 600S (mono feixe). Para a curva de calibração foi utilizada como padrão uma solução de ácido gálico nas concentrações: 50, 100, 150, 250 e 500 mg L-1. A concentração de polifenóis totais foi expressada em mg 100 g-1.

Os frutos inoculados foram analisados nas eguintes caracteristicas: 1) coloração da epiderme e 2) diâmetro da lesão causada pelo Monilinia fructicola. A coloração da epiderme foi determinada com colorímetro (Minolta), sendo expressa pelo valor de "L", o que vai de zero a 100, sendo o valor zero totalmente preto e 100 totalmente branco. O diâmetro das lesões desenvolvidas após a inoculação com Monilinia fructicola foi medido com auxílio de paquímetro, sendo o resultado expresso em cm.

Os resultados foram submetidos à análise da variância, sendo as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O teor de polifenóis e a firmeza dos frutos não apresentaram diferenças significativas entre os tratamentos, tanto 30 dias após armazenamento a -0,5 ºC quanto depois de mais cinco dias à temperatura de 20 °C (Tabela 1). Para o teor de sólidos solúveis totais, na análise na saída da câmara não se constataram diferenças entre os tratamentos (Tabela 1). Após cinco dias de exposição à temperatura de 20 °C, os frutos submetidos ao ozônio e ASM apresentaram menor teor de sólidos solúveis comparado à testemunha. A acidez titulável, quando comparada à testemunha, foi maior nos tratamentos com fosfito nos dois períodos de avaliação, e com ozônio aos cinco dias a 20 °C (Tabela 1). A acidez é um atributo de qualidade do fruto e sua perda está relacionada ao processo natural de maturação, em que os ácidos orgânicos são usados como substratos no ciclo dos ácidos tricarboxílicos da atividade respiratória (Taiz & Zeiger, 2004b).

Os açúcares totais, redutores e não redutores, foram influenciados pela aplicação dos elicitores (Tabela 1). Quanto aos açúcares totais, aos cinco dias de exposição a 20 °C todos os elicitores resultaram em redução no teor comparado à testemunha, tendo sido constatada com os tratamentos com fosfito e ASM a maior redução. Quanto aos açúcares redutores e não redutores, diferença significativa, comparada à testemunha, somente ocorreu com a aplicação de ozônio na saída da câmara e fosfito e ASM após cinco dias a 20 °C para os açúcares redutores. De forma semelhante, os teores de açúcares não redutores não diferiram da testemunha na saída da câmara, já após cinco dias todos os elicitores resultaram em menor teor desses açúcares. No tratamento com ozônio, houve aumento no teor de açúcares redutores durante a exposição a 20 °C, os não redutores permaneceram constantes com esse tratamento. Esse resultado também foi encontrado em cenoura por Hildebrand et al. (2008). O aumento da resistência de cenouras a Botritis cinera foi correlacionado com a diminuição do teor do açúcar não redutor sacarose (Forney et al., 2007).

O crescimento da lesão causada por Monilinia fructicula foi menor nos frutos tratados com ozônio, visto que não atingiu diâmetro de 1 cm durante os sete dias de avaliação; já os outros elicitores não foram eficientes no controle do fungo, tendo os frutos sob irradiação e da testemunha apresentado aumento da lesão superior a 3 cm de diâmetro (Figura 1A). Palou et al. (2002) também encontraram redução de Monilinia fructicula com o ozônio. Esse elicitor também reduziu a infecção de Sclerotinia sclerotiorum e Botrytis cinera (Hildebrand et al., 2008). A ação do ozônio no controle do crescimento da lesão causada pelo fungo pode ter ocorrido pelo efeito direto do ozônio no fungo, inativando os microrganismos pela reação desse com enzimas intracelulares, ácidos nucléicos e lipídios insaturados do fungo (Khadre et al., 2001), provalmente não ativando os mecanismos de defesa do fruto, pelo fato de não ser observada diferença entre os tratamentos no conteúdo de polifenóis totais. O fosfito e ASM apresentaram efeito intermediário entre o ozônio e a testemunha no controle da podridão; entretanto, sem apresentar diferença significativa. Em morangos, o ASM atuou na redução de podridões de forma semelhante a fungicidas recomendados para a cultura (Mazaro et al., 2008).


Apesar do ozônio ter apresentado considerável controle de Monilinia fructicola em pêssegos, esse tratamento causou dano na epiderme do fruto em forma de escurecimento (Figura 1B). Provavelmente o escurecimento seja devido à morte das células da epiderme provocada pelo ozônio, visto que ele está envolvido na resposta de hipersensibilidade (RH) (Langebartels et al., 2002). As células afetadas provavelmente são as dos estômatos, pois é por onde o ozônio entra no tecido do fruto. A resposta de hipersensibilidade ocorre quando a célula sofre um estresse biótico ou abiótico; por exemplo, após o ataque por patógeno ocorre morte celular da célula infectada e das células adjacentes a ela (Langebartels et al., 2002). Para que isso ocorra, são formadas espécies reativas de oxigênio (ERO), como H2O2 e OH-. As EROs provocam a morte da célula por causarem peroxidação de lipídios, danos no DNA e oxidação de proteínas (Gille & Sigler, 1995). Efeito fitotóxico do ozônio também foi reportado por Salvador et al. (2006) em caqui, Nadas et al. (2003) em morangos e Forney et al. (2007) em cenouras. Os últimos autores afirmam que os efeitos deletérios encontrados em cenouras estão relacionados ao estresse oxidativo causado por esse elicitor. Neste trabalho, provavelmente, a alta dose de ozônio utilizada tenha sido o fator que acarretou tal dano, sendo de suma importância a condução de novos trabalhos visando obter a dosagem adequada de ozônio para pêssego cultivar Magnum e também para outras variedades que, além de controlar a podridão-parda, não causem danos aos frutos.

CONCLUSÕES

A luz UV-C, no regime de exposição utilizado neste trabalho, o fosfito e o acibenzolar-S-metil não foram eficientes na redução da podridão causada por Monilinia fructícola em pêssegos cultivar Magnum.

O ozônio controlou o aumento da lesão de Monilinia fructícola, mas causou danos na epiderme dos frutos quando utilizado na concentração de 0,03 μL L-1.

Recebido para publicação em agosto de 2010 e aprovado em março de 2011

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    09 Jun 2011
  • Data do Fascículo
    Abr 2011

Histórico

  • Recebido
    Ago 2010
  • Aceito
    Mar 2011
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